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2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª Georgia Fontoura
Profª Liliani Carolini Thiesen
340.0202
F677b Fontoura, Georgia
Biodireito / Georgia Fontoura; Liliani Carolini Thiesen.
Indaial: UNIASSELVI, 2018.
187 p. : il.
ISBN 978-85-515-0142-9
Bons estudos!
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA..................................................1
VII
2 PESQUISA COM SERES HUMANOS............................................................................................63
2.1 HISTÓRICO.....................................................................................................................................64
2.2 PRINCÍPIOS ÉTICO-JURÍDICOS.................................................................................................69
2.3 ASPECTOS LEGAIS NO ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL................................71
2.4 RESPONSABILIDADE CIVIL EM FACE DAS PESQUISAS EM SERES HUMANOS:
EFEITOS DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................................................74
3 MÉTODOS ALTERNATIVOS...........................................................................................................74
4 COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA.............................................................................................75
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................77
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................78
VIII
2 REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA.......................................................................................129
2.1 CONCEITO......................................................................................................................................129
2.2 HISTÓRICO ....................................................................................................................................131
2.3 EVOLUÇÃO NO BRASIL..............................................................................................................133
3 ASPECTOS BIOÉTICOS DA REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA.................................134
4 ESTERILIZAÇÃO HUMANA ARTIFICIAL..................................................................................137
4.1 TIPOS DE ESTERILIZAÇÃO........................................................................................................137
4.2 QUESTÃO DA PATERNIDADE...................................................................................................139
5 PERSPECTIVAS E DEBATES ATUAIS SOBRE REPRODUÇÃO
HUMANA ASSISTIDA......................................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................142
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................144
IX
X
UNIDADE 1
BIOÉTICA, BIODIREITO E
BIOTECNOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
BIOÉTICA E O NASCIMENTO
DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO,
CONCEITO E PRINCÍPIOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a esta caminhada para estudar
e compreender os principais temas que envolvem os debates bioéticos, o
desenvolvimento do Biodireito face às relações advindas das descobertas
científicas e biotecnológicas, bem como os dilemas contemporâneos acerca dos
impactos e riscos do desenvolvimento tecnológico para a humanidade.
2 BIOÉTICA
O desenvolvimento das ciências biomédicas, da engenharia genética e
da biotecnologia provocou uma série de mudanças nas perspectivas da vida.
Neste sentido, compreende-se que, na medida em que essas tecnologias vêm
avançando, os paradigmas em torno da ética na vida humana, bem como os riscos
ao ecossistema, são questões fundamentais a serem refletidas atualmente.
3
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
2.1 ORIGEM
A bioética, enquanto ciência, tem sua origem em meio às profundas
mudanças sociais, políticas e culturais ocorridas principalmente após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). O desenvolvimento científico e tecnológico, por um
lado, provocou imensos progressos para a época, e por outro, abusos e ações
cruéis, especialmente nas pesquisas envolvendo seres humanos.
4
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
DICAS
5
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
FIGURA 2 – VAN RENSSELAER POTTER E SUA OBRA “BIOETHICS: BRIGET TO THE FUTURE”
6
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
Potter justificou que a escolha do termo radical bios (vida) se refere aos seres
vivos e às ciências biológicas, e ethos (ética) se refere ao conjunto de valores humanos.
Em sua obra, caracterizou a bioética como uma ponte, estabelecendo uma interface
entre as ciências e a humanidade que garantiria a possibilidade do futuro, considerando
a Bioética como uma “ciência da sobrevivência”. Para ele, a participação do homem
na evolução biológica poderia garantir sua sobrevivência na Terra. “Eu proponho o
termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para
se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento
biológico e valores humanos” (POTTER, 1971, p. 2).
7
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
Hans-Martin Sass (2011) reúne uma coletânea dos ensaios escritos por
Jahr e apresenta um escrito sobre seu imperativo bioético de forma sistematizada,
apontando sua visão bioética e a expansão das ideias de Kant. Nesse sentido, Sass
(2011, p. 273-275) identifica alguns aspectos sobre o imperativo bioético de Jahr:
8
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
2.2 CONCEITO
Em especial a partir dos anos 1970, a bioética tomou forma enquanto campo
da ciência. É uma área interdisciplinar, complexa e sistemática, que visa aplicar os
fundamentos éticos à biociência e biomedicina. Trata, essencialmente, dos grandes
dilemas da humanidade, na reflexão de parâmetros mínimos éticos capazes de
garantir a preservação da biodiversidade e da sobrevivência humana digna.
NOTA
9
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
Reich (1995, p. 21) define a bioética como o “[...] estudo sistemático das
dimensões morais – incluindo visão moral, decisões, conduta e políticas – das
ciências da vida e atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias
éticas em um cenário interdisciplinar”.
E
IMPORTANT
10
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
2.3 PRINCÍPIOS
Os princípios bioéticos remontam aos fundamentos envolvendo a
pesquisa com seres humanos do Relatório de Belmont. Este relatório, publicado
em 1978, definiu três princípios básicos orientadores para a ética da pesquisa
envolvendo seres humanos: o respeito pelas pessoas, a beneficência e a justiça.
Embora o relatório se refira apenas às pesquisas envolvendo seres humanos, os
estudos desenvolvidos acabaram se aplicando ao conjunto do campo bioético.
11
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
Princípio da Autonomia
Princípio da Beneficência
Segundo Diniz (2008), são regras dos atos de beneficência não causar dano
e maximizar os benefícios, minimizando possíveis agravos. Assim, esse princípio
incute uma obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar o prejuízo.
12
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
Princípio da Justiça
2.4 CLASSIFICAÇÃO
A bioética pode ser classificada segundo dois campos de atuação: a bioética
das situações emergentes e a bioética das situações persistentes. Volnei Garrafa
(2006) sinaliza que a Cátedra UNESCO de Bioética da Universidade de Brasília
tem utilizado esta classificação como forma de sistematização e compreensão de
seu estudo da seguinte forma:
3 BIODIREITO
O avanço tecnológico na área da biomedicina e biotecnologia deu origem
ao que chamamos de bioética. Como vimos, a bioética é a ciência que estuda
os aspectos de interação com a vida, seja ela humana ou não, e visa estabelecer
valores e critérios éticos relacionados à sobrevivência e qualidade de vida na
Terra. Os novos aspectos jurídicos decorrentes dessas relações deram origem ao
biodireito, que é o ramo do direito que regula as relações decorrentes da inovação
tecnológica e os aspectos que envolvem a proteção da vida humana e das espécies.
3.1 CONCEITO
O biodireito é um novo ramo do conhecimento em que se intercruzam a
bioética e o direito, ou seja, a bioética é o estudo dos valores éticos relacionados
à biomedicina e à biotecnologia, e o biodireito é a regulamentação jurídica da
problemática da bioética, a consolidação normativa desses valores. Este ramo
possui como escopo o estudo das relações jurídicas entre o direito e os avanços
tecnológicos conectados à medicina e à biotecnologia; peculiaridades relacionadas
ao corpo e à dignidade da pessoa humana (MALUF, 2015).
14
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
O biodireito, por ser uma construção recente, não possui suas normas
organizadas ou codificadas, ou mesmo estruturadas em uma única lei. No
ordenamento jurídico brasileiro, o biodireito está disposto de forma esparsa
em diversos princípios constitucionais, códigos e em legislações que abordam
os temas bioéticos e da biociência, tanto em nível nacional quanto internacional,
recepcionados pela legislação brasileira.
15
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
3.2 PRINCÍPIOS
Estudamos anteriormente os princípios basilares da bioética, sua definição
e construção histórica. O biodireito, diferentemente da bioética, não possui um
documento que defina seus princípios orientadores, ou mesmo que englobe
temas já pacificados na doutrina ou na jurisprudência. A fonte dos princípios do
biodireito, além dos princípios fundamentais da bioética, deve compor princípios
globais já pacificados em documentos que envolvam a bioética, e também os que
envolvem os direitos humanos.
16
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
Princípio da Precaução
Princípio da Autonomia
17
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
Princípio da Responsabilidade
Princípio da Dignidade
Princípio da Justiça
18
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E O NASCIMENTO DO BIODIREITO: EVOLUÇÃO, CONCEITO E PRINCÍPIOS
Princípio da Ubiquidade
Assim, toda vez que uma política for elaborada ou uma atividade realizada
neste sentido, deverá levar em consideração esse princípio, bem como a proteção
constitucional da vida e da qualidade de vida e o direito das futuras gerações.
20
AUTOATIVIDADE
a) ( ) justiça
b) ( ) razoabilidade
c) ( ) precaução
d) ( ) autonomia
21
22
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Estudaremos, neste tópico, a bioética e os direitos humanos, a importância
da inter-relação entre essas duas áreas como fundamento e parâmetro para
solução de conflitos bioéticos, assim como a ampliação do conceito de bioética a
partir de uma leitura dos direitos humanos.
24
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
25
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
26
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
27
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
28
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
DICAS
29
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
DICAS
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
DICAS
31
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
32
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
E
IMPORTANT
33
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
De acordo com Farias e Rosenvald (2013, p. 177), são “os direitos essenciais
ao desenvolvimento da pessoa humana, em que se convertem as projeções
físicas, psíquicas e intelectuais do seu titular, individualizando-o de modo a lhe
emprestar segura e avançada tutela jurídica”.
NOTA
34
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
35
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
DICAS
Você já assistiu ao filme “De quem é a vida, afinal?” (1981)? Nele é retratado
o debate ético sobre o direito à vida e a morte com dignidade, na qual propõe reflexões
acerca dos limites da interferência do Estado nas decisões e na liberdade humana.
Há um pequeno trecho extraído do filme que retrata bem esses dilemas, e você pode
assistir em: <https://www.youtube.com/watch?v=aEaevgKjitQ>.
37
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR
38
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
39
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
40
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
41
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
42
TÓPICO 2 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
FONTE: Trecho do artigo: BARRETO, Vicente de Paulo. Bioética, Biodireito e Direitos Humanos.
Disponível na íntegra em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas_textos/v_
barreto.html#8>. Acesso em: 12 set. 2017.
43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
44
AUTOATIVIDADE
Com base no que estudamos neste tópico, como você a relaciona com os
acontecimentos históricos e atuais em torno dos direitos humanos e a bioética?
45
46
UNIDADE 1
TÓPICO 3
BIODIREITO E
BIOTECNOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
A finalidade deste estudo é discutir o impacto da biotecnologia nos dias
atuais, e os principais desafios bioéticos e do biodireito decorrentes dos avanços
tecnológicos e seu impacto sobre a vida.
2 BIOTECNOLOGIA
A Organização das Nações Unidas definiu biotecnologia como “qualquer
aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus
derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização
específica” (ONU, 1992, p. 9).
NOTA
47
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
A engenharia genética
Biopirataria e a bioviolência
A bionanotecnologia
49
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
50
TÓPICO 3 | BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
51
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
52
TÓPICO 3 | BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
Estabelece que o genoma humano não pode ser objeto de lucro financeiro
e ampara o respeito aos direitos humanos daqueles envolvidos na pesquisa
científica. Resguarda a autonomia do indivíduo de poder optar por participar ou
não da pesquisa científica, com a imputação da obrigatoriedade da obtenção do
consentimento livre e esclarecido da pessoa.
53
UNIDADE 1 | BIOÉTICA, BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
54
TÓPICO 3 | BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR
Por outro lado, a recente Resolução CFM 2.121/2015 permite que, nos
procedimentos de reprodução assistida, “embriões submetidos a diagnóstico de
alterações genéticas causadoras de doenças” podem ser doados para pesquisa.
A mesma resolução estabelece que o tempo máximo de desenvolvimento de
embriões in vitro é de 14 dias. Antes disso, a Lei de Biossegurança já havia aberto
a possibilidade de que embriões congelados em 2005, ou que já estivessem
congelados há três anos quando da aprovação da lei, em março de 2005, pudessem
ser doados à pesquisa.
As pesquisas não devem ser banidas, o método não deve ter seu uso
impedido, mas é fundamental e necessária uma reflexão para verificar a sua
adequação às diferentes situações de pesquisa que estão sendo propostas.
Estabelecer uma moratória para as pesquisas envolvendo edição de DNA em
linhagens celulares germinativas é uma alternativa prudente para que sejam
estabelecidos critérios mínimos e comuns de adequação. Esses critérios deverão
ser utilizados internacionalmente, para evitar que a realização das pesquisas seja
direcionada para países com menor rigor na avaliação ética.
57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
58
AUTOATIVIDADE
59
60
UNIDADE 2
BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES
CIENTÍFICAS EM SERES
HUMANOS E ANIMAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a esta caminhada para estudar e
compreender questões relacionadas com a pesquisa com seres humanos e
aspectos ético-jurídicos.
2.1 HISTÓRICO
A partir de agora, entraremos na história da ética em pesquisa com
seres humanos. Veremos que a história da pesquisa envolvendo seres humanos
percorreu diversos caminhos, sendo muitas vezes perversos e duvidosos,
apresentando episódios cercados de misticismo e crueldade. Ainda assim, houve
momentos de consciência e justiça humanitária, em que se tentou estabelecer
padrões adequados para o estudo em humanos.
DICAS
65
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
Existiu também o caso do Dr. Albert Neisser (1900), cientista que estudou
e teve papel relevante no diagnóstico diferencial entre a sífilis e a gonorreia, foi
autor do mais abrangente trabalho experimental sobre sífilis publicado na história.
Relatam que ele injetou soro de um paciente com sífilis por via subcutânea em
quatro pacientes do gênero feminino com idade entre 10 a 24 anos. E também
injetou por via endovenosa em quatro prostitutas de idades entre 17 a 20 anos.
Todas desenvolveram sífilis, entretanto a metodologia adotada por ele é citada
como infração à bioética (LIGON, 2005).
66
TÓPICO 1 | PESQUISA COM SERES HUMANOS E ASPECTOS ÉTICO-JURÍDICOS
67
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
DICAS
68
TÓPICO 1 | PESQUISA COM SERES HUMANOS E ASPECTOS ÉTICO-JURÍDICOS
ATENCAO
69
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
E
IMPORTANT
Você já viu o que diz o art. 22 da Declaração Universal dos Direitos Humanos?
O art. 22 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz: “Todo ser humano, como
membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional,
pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado,
dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento da sua personalidade”.
70
TÓPICO 1 | PESQUISA COM SERES HUMANOS E ASPECTOS ÉTICO-JURÍDICOS
71
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
72
TÓPICO 1 | PESQUISA COM SERES HUMANOS E ASPECTOS ÉTICO-JURÍDICOS
DICAS
73
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
3 MÉTODOS ALTERNATIVOS
O Código de Nuremberg demonstrou a necessidade de uma fase pré-
clínica em animais antes de se efetuar testes em seres humanos, a partir disso
começou-se a utilizar animais na pesquisa, os principais candidatos para as
pesquisas aplicadas à saúde humana são os roedores (ratos, camundongos),
devido à sua semelhança no funcionamento do organismo.
No Brasil, em 1979, foi elaborada a Lei nº 6.638, revogada pela Lei nº 11.794,
de 2008, conhecida como a Lei Arouca, que regulamenta o uso de animais na
área científica. A partir disso, foi criado o Conselho Nacional de Experimentação
Animal (CONCEA), que é responsável por credenciar as instituições que utilizam
animais em seus trabalhos, além de fixar as normas brasileiras de criação e uso de
74
TÓPICO 1 | PESQUISA COM SERES HUMANOS E ASPECTOS ÉTICO-JURÍDICOS
DICAS
75
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
ATENCAO
76
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Em sua maioria, as pesquisas médicas, até parte do século XX, foram antiéticas.
Pesquisadores utilizavam entes da própria família, vizinhos, crianças,
prisioneiros da Segunda Guerra Mundial, prostitutas, pessoas com deficiência
mental para realizar as pesquisas, muitas vezes sem o consentimento dos
mesmos.
77
AUTOATIVIDADE
2 Toda pesquisa em seres humanos deve ser realizada de acordo com três
princípios éticos básicos, assinale a alternativa que não apresenta um desses
princípios:
a) ( ) Autonomia.
b) ( ) Beneficência.
c) ( ) Justiça.
d) ( ) Igualdade.
78
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Vivemos numa época de transição e incertezas. A possibilidade da eugenia,
clonagem de seres humanos, a cura de doenças de origem genética e patentes de
genes humanos são questionamentos que surgiram à tona com a revolução das
técnicas de engenharia genética, tendo seu ápice com o Projeto Genoma Humano.
Bons estudos!
79
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
E
IMPORTANT
A molécula de DNA
A célula: unidade básica de todas as formas de vida. Em seu núcleo ficam os cromossomos,
contendo o conjunto completo de todos os nossos genes (o chamado genoma). Cada
célula do nosso corpo carrega essa coleção genética, que é hereditária.
O cromossomo: É como um pacote de DNA todo enrolado, que, se esticado, estender-
se-ia por mais de 1,8 metro. Cada célula do organismo humano contém 23 pares de
cromossomos.
O Gene: É um trecho do DNA que contêm as informações necessárias para sintetizar
proteínas ou moléculas que formam o organismo e controlam o seu funcionamento. São
os genes que controlam a transmissão de características hereditárias.
A dupla hélice: Esse é o nome que se dá à estrutura do DNA, feito de tiras de moléculas de
açúcar e fosfato, com base de nucleotídeos unidas por ligações de hidrogênio. As bases
nitrogenadas: adenina (A), timina (T), citosina (C) e guanina (G) são as “letras” do código
genético, ou genoma.
As bases: Os pares de bases se formam sempre da mesma maneira: A com T e G com C.
As sequências de pares ao longo da molécula variam para codificar diferentes informações
genéticas.
Códons: São formados por uma trinca de bases (ex.: GCA) e traduzidos no ribossomo
das células em aminoácidos. As diferentes sequências de códons traduzidos formam
diferentes cadeias de aminoácidos, dessa forma fazendo a síntese de proteínas que
formam o organismo e controlam seu funcionamento. Chamamos isso de expressão
gênica (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2008).
80
TÓPICO 2 | ENGENHARIA GENÉTICA E PESQUISAS COM GENOMA HUMANO
81
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
Há ainda a terapia gênica, que consiste no uso de genes para obter efeitos
terapêuticos. É conhecida a capacidade que os vírus possuem para infectar
as células humanas. A terapia gênica tira bom proveito disso ao modificar a
composição genética desses agentes, removendo seus genes patológicos e inserindo
neles o gene humano terapêutico. Dessa maneira, o vírus atua como vetor,
transportando o material genético de que o indivíduo necessita. “As pesquisas
também procuram garantir que os vetores virais não sejam replicativos”, explica
Maurício Rodrigues (ano, p. 5), do Centro Interdisciplinar em Terapia Gênica
da Universidade Federal de São Paulo. Isso deve ser feito para que, assim que
for introduzido no organismo humano, o vírus não readquira a habilidade de se
replicar e causar infecção (CIB, 2017).
82
TÓPICO 2 | ENGENHARIA GENÉTICA E PESQUISAS COM GENOMA HUMANO
83
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
3.1 HISTÓRICO
O grupo que se propôs a sequenciar o genoma humano consistiu em
um consórcio público internacional, liderado pelo National Human Genome
Research Institute (NHGRI), subordinado ao National Institute of Health (NIH) dos
Estados Unidos. Reunindo equipes de pesquisa e laboratórios de vários países,
seu principal objetivo era o sequenciamento completo do genoma humano. Um
dos projetos mais ambiciosos no campo das ciências biomédicas, sua proposta
foi lançada pelo Department of Energy (DOE) na década de 1980, estimulada
por um ímpeto de investimento em pesquisas genéticas, a fomentar pesquisas
relacionadas à Biologia molecular. No caso do sequenciamento, a meta era
construir uma base informacional que contribuísse para a medicina no campo
das síndromes relacionadas à exposição e à radiação (GOES; OLIVEIRA, 2014).
sequenciar todo o genoma humano até 2001, contra o final então previsto pelo
consórcio público para 2003 (PORCIONATTO, 2007). Com uma tecnologia
inovadora, a whole genome shotgun, empregada com sucesso no sequenciamento
do genoma da mosca Drosophila melanogaster, a Celera realizou o procedimento
com o genoma humano em aproximadamente 13 meses (VENTER et al., 2001).
86
TÓPICO 2 | ENGENHARIA GENÉTICA E PESQUISAS COM GENOMA HUMANO
87
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
as intervenções. Com textos em inglês e francês, em seu capítulo IV, arts. 11 a 14,
dissertou a respeito do genoma humano. Ficou proibida qualquer discriminação
da pessoa em virtude de seu patrimônio genético (art. 11º); condicionou os testes
preditivos de doenças genéticas ou propensão a elas, ao propósito da saúde ou da
pesquisa ligada a essa finalidade e com assessoramento genético adequado (art.
12º); intervenções no genoma humano foram permitidas somente para finalidades
terapêuticas, de prevenção ou de diagnóstico, desde que não alterem o genoma
de qualquer descendente (art. 13º). A escolha do sexo das futuras crianças só
foi consentida nos casos em que há riscos de transmissão de graves doenças
hereditárias ligadas ao sexo (art. 14º) (NAVES; NAVES, 2008; SANTOS, 2001).
88
TÓPICO 2 | ENGENHARIA GENÉTICA E PESQUISAS COM GENOMA HUMANO
DICAS
89
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
[...]
Art. 18. Não são patenteáveis:
[...]
III- o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade – novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial – previstos no art. 8º e que
não sejam mera descoberta.
90
TÓPICO 2 | ENGENHARIA GENÉTICA E PESQUISAS COM GENOMA HUMANO
91
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
92
TÓPICO 2 | ENGENHARIA GENÉTICA E PESQUISAS COM GENOMA HUMANO
93
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O PGH tem por objetivo mapear e identificar todos os genes humanos, além de
sequenciar os cerca de 3 bilhões de pares de base.
• Não há legislação específica no Brasil que aborde o tema dos dados genéticos.
Por esse motivo, a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos
Humanos, e a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos
são as mais importantes regulamentações no âmbito internacional.
94
AUTOATIVIDADE
95
96
UNIDADE 2
TÓPICO 3
CLONAGEM E BIODIREITO
1 INTRODUÇÃO
As extraordinárias descobertas biotecnológicas no campo da engenharia
genética, estudadas no tópico anterior, colocam um fato apreciável e
completamente avançado na história da humanidade: a clonagem humana.
A partir disso, este tópico irá abordar subsídios sobre o complexo tema
da possibilidade da clonagem humana, a partir do histórico, conceitos, aspectos
ético-jurídicos e princípios constitucionais e de normativas internacionais que
visam assegurar a proteção da dignidade, inviolabilidade e identidade do ser
humano.
2 CLONAGEM HUMANA
Caro acadêmico, você já ouviu falar de uma ovelha chamada Dolly?
Dolly foi símbolo tanto de destaque como de controvérsias, pois foi o primeiro
mamífero a ser clonado. Em 1996, o escocês Ian Wilmut, do Instituto Roslin, de
Edimburgo, com a colaboração da empresa de biotecnologia PPL Therapeutics,
conseguiu mostrar ao mundo que era possível, a partir de uma célula somática
diferenciada, clonar um mamífero (LEITE, s.d.).
97
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
Eles isolaram uma célula mamária congelada de uma ovelha da raça Finn
Dorset de seis anos de idade. Foi retirado o ovócito de uma outra ovelha, da
raça Scottish Blackface, desse ovócito foi retirado o núcleo, transformando-o em
ovócito sem núcleo. A partir de um processo de eletrofusão ocorreu a união do
núcleo da ovelha da raça Finn Dorset com o ovócito sem núcleo da ovelha da raça
Scottish Blackface, dando início à divisão celular. O blastocisto então foi colocado
no útero de uma outra ovelha da raça Scottish Blackface, que funcionou como
"barriga de aluguel". Dolly nasceu idêntica ao primeiro animal citado, porém,
foram necessárias 277 tentativas desse processo para obter-se com sucesso a
clonagem (LEITE, s.d.).
98
TÓPICO 3 | CLONAGEM E BIODIREITO
DICAS
99
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
NOTA
2.1 CONCEITO
De acordo com Webber (1903 apud ZATZ, 2004), um clone é um conjunto
de células, moléculas ou organismos descendentes de uma célula e que são
geneticamente idênticos à célula original. Desta forma, a clonagem humana é um
processo de reprodução assexuada, em que são obtidos indivíduos geneticamente
iguais a partir de uma célula ou um conjunto de células, geneticamente
manipuladas ou não.
100
TÓPICO 3 | CLONAGEM E BIODIREITO
2.2 HISTÓRICO
A ideia de clonagem é antiga, essa técnica de reprodução assexuada
mediante transplante nuclear de célula vem sendo utilizada na área de agronomia
desde a década de 60 (DINIZ, 2009).
101
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
102
TÓPICO 3 | CLONAGEM E BIODIREITO
103
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
4 ASPECTOS ÉTICO-JURÍDICOS
Conforme abordamos em itens anteriores, a Clonagem Humana
Terapêutica apresenta vantagens através da obtenção de células-tronco visando
à produção de tecidos e órgãos. Todavia, na Clonagem Humana Reprodutiva,
segundo a declaração do próprio Ian Wilmut, criador da ovelha Dolly, não há
nenhum tipo de vantagem.
• O ser humano tem o direito de não ser programado geneticamente. Donum Vittae
já retrata que “A origem de uma pessoa humana, na realidade, é o resultado de
uma doação. O concebido deverá ser fruto do amor de seus pais. Não pode ser
querido e concebido como produto de uma intervenção de técnicas médicas e
104
TÓPICO 3 | CLONAGEM E BIODIREITO
• O ser humano é responsável pela sua carga genética e ninguém poderia passá-
la a outra pessoa sem seu consentimento. Se houver esse consentimento, quem
se responsabilizará pelo clone e por seus atos enquanto for menor de idade? O
próprio clone? O cientista? O doador do gene? O poder público? O fato de o
portador do patrimônio genético duplicável ter dado seu consentimento para
a manipulação genética que conduzira à clonagem tornaria, por si só, lícita a
conduta do cientista? (DINIZ, 2009).
• O material genético de um clone é típico de uma pessoa mais velha, por ser
impossível existir um doador e clone num mesmo estágio da vida. Qual efeito
ocorre na longevidade de uma pessoa que se desenvolveu a parir de uma célula
cujo núcleo inicial já estava com seu telômero diminuído, ou seja, com seu
marcador de tempo adiantado? O clone estará propenso ao desenvolvimento
de câncer, degeneração de órgãos e até mesmo ao envelhecimento precoce.
Devido a essas características, não seria uma irresponsabilidade realizar a
clonagem de um ser humano? (DINIZ, 2009).
105
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
106
TÓPICO 3 | CLONAGEM E BIODIREITO
DICAS
107
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ovelha Dolly foi o primeiro mamífero a ser clonado a partir de uma célula
somática diferenciada e essa descoberta representou um enorme e ousado
avanço na ciência, possibilitando a clonagem de seres humanos.
108
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Cachorro
b) ( ) Ovelha
c) ( ) Gato
d) ( ) Vaca
109
110
UNIDADE 2
TÓPICO 4
ORGANISMOS GENETICAMENTE
MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
1 INTRODUÇÃO
O uso da biotecnologia, como abordamos nos tópicos anteriores, vem
sendo empregada em várias áreas da atividade humana, como sua utilização na
medicina, na área farmacêutica e agora teremos como enfoque sua aplicabilidade
no setor da agricultura via alimentos transgênicos.
2 ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
Caro acadêmico, todos nós já ouvimos falar sobre alimentos transgênicos
e suas controvérsias. As controvérsias que cercam os alimentos transgênicos
apresentam viés econômico, social e ambiental. Seus defensores alegam que
a biotecnologia aumenta a produção de alimentos, enquanto que os críticos
argumentam que seu impacto na saúde e no meio ambiente é desconhecido.
Grupos de defesa dos consumidores, entre os países da União Europeia, exigem
a rotulagem dos produtos e colocam na mão da população a decisão de consumir
ou não os alimentos transgênicos.
111
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
2.1 CONCEITO
Os alimentos transgênicos, também conhecidos por Organismos Gene-
ticamente Modificados (OGM), ocorrem através do processo de modificação
do código genético de uma espécie pela inserção de uma ou mais sequências
de genes oriundos de outra espécie, mediante o emprego de técnicas de enge-
nharia genética.
E
IMPORTANT
112
TÓPICO 4 | ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
2.2 HISTÓRICO
As primeiras plantas geneticamente modificadas foram desenvolvidas
a partir de 1983, quando um gene codificante para resistência a
um antibiótico foi introduzido em plantas de fumo. As primeiras
autorizações para plantio experimental de culturas GMs ocorreram na
China, em 1990, e se referiam ao tabaco e ao tomate resistentes a vírus.
Entre os países desenvolvidos, no entanto, a primeira aprovação para
uso comercial de plantas geneticamente modificadas só ocorreu em
1992, nos Estados Unidos, com o tomate Flavr Savr e, posteriormente,
em 1994 com a soja Roundup ready (GUERRANTE, 2003, p. 47).
113
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
114
TÓPICO 4 | ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
116
TÓPICO 4 | ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
117
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
NOTA
3.1 EVOLUÇÃO
Como visto anteriormente, as pesquisas com plantas transgênicas
chegaram no Brasil na década de 80, quando foi montada a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Porém, só em 1995 foi criada a Lei de
Biossegurança e criada a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança),
órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia com a função de examinar a segurança
dos organismos geneticamente modificados (MASCARIN, 2006).
118
TÓPICO 4 | ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
119
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
120
TÓPICO 4 | ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
3.2 PERSPECTIVA
As altas taxas de adoção nos maiores mercados do mundo para a
biotecnologia agrícola indicam que, nos próximos anos, haverá pouco espaço para
crescimento. Esse cenário representa uma oportunidade para o Brasil. “Dentre os
países em que a biotecnologia está mais presente, o Brasil é o único que consegue
expandir área sem avançar sobre áreas de preservação, por meio da recuperação
de áreas degradadas” (CIB, 2016, s.p.).
4.1 ROTULAGEM
Caro acadêmico, você sabe identificar no rótulo de uma embalagem se o
produto possui alimentos transgênicos?
121
UNIDADE 2 | BIODIREITO E EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS E ANIMAIS
122
TÓPICO 4 | ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: A QUESTÃO DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
LEITURA COMPLEMENTAR
123
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os produtos transgênicos no Brasil são regidos por leis e existem debates que
englobam a rotulagem dos alimentos transgênicos na PLC 34/2015 e a PLC
4908/16.
124
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Decreto 4.898/16
b) ( ) Decreto 4.680/03
c) ( ) Decreto 3871/01
d) ( ) Lei 8.574/95
125
126
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
127
128
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a esta caminhada para estudar e entender
o contexto da reprodução humana assistida e suas consequências ético-jurídicas.
Bons estudos!
2.1 CONCEITO
Segundo Genival Veloso de França (2001, p. 225), a reprodução humana
assistida é o: “[...] conjunto de procedimentos tendentes a contribuir na resolução
dos problemas da infertilidade humana, facilitando o processo de procriação
129
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
130
TÓPICO 1 | REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ÉTICO-JURÍDICAS
2.2 HISTÓRICO
Até o final do século XV, apenas a mulher era considerada estéril, sendo
inconcebível a admissão de esterilidade do homem. Somente no século XVII foi
admitido que o homem também pudesse ser estéril (GIMENES, 2009).
131
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
NOTA
Ainda sobre o casal que teve o primeiro bebê de proveta, após alguns
anos, o casal Brown teve uma segunda filha, Natalie, também por meio da
fertilização in vitro. E em maio de 1999, Natalie tornou-se o primeiro bebê de
proveta a ter um filho por meios tradicionais. A concepção da criança foi natural,
tranquilizando certas preocupações de que bebês de proveta femininos seriam
incapazes de engravidar normalmente. Em dezembro de 2006, Louise Brown, o
bebê de proveta pioneiro, deu à luz um menino, Cameron John Mullinder, que
também foi concebido naturalmente (OPERAMUNDI, 2011).
133
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
134
TÓPICO 1 | REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ÉTICO-JURÍDICAS
135
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
136
TÓPICO 1 | REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ÉTICO-JURÍDICAS
137
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
138
TÓPICO 1 | REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ÉTICO-JURÍDICAS
familiar, em mulheres com capacidade civil plena, desde que maiores de 25 anos
de idade ou que tenham pelo menos dois filhos vivos, observando-se o prazo
mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período
no qual será propiciado à pessoa interessada acesso ao serviço de regulação da
fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando
desencorajar a esterilização precoce. As secretarias estaduais e municipais de Saúde
deverão credenciar hospitais para realização de laqueadura tubária e vasectomia
ou de outro método cientificamente aceito, sendo vedadas a histerectomia e a
ooforectomia (DINIZ, 2009).
139
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
Além disso, o direito à busca pela identidade genética não está de forma
expressa na Constituição Federal, não obstante dele ser um direito fundamental, já
que o direito à origem genética se insere no grupo dos direitos da personalidade,
além de ser fundamentado na dignidade do ser humano (ENEIAS; SILVA, 2004).
140
TÓPICO 1 | REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ÉTICO-JURÍDICAS
141
RESUMO DO TÓPICO 1
142
• O art. 227 da Constituição Federal, como o art. 4º do Estatuto da Criança e do
Adolescente, fazem alusão ao direito à convivência familiar saudável que a
criança, o adolescente e o jovem possuem, sendo este um direito fundamental.
143
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Esterilização eugênica.
b) ( ) Esterilização cosmetológica.
c) ( ) Esterilização terapêutica.
d) ( ) Esterilização por motivo socioeconômico.
144
UNIDADE 3
TÓPICO 2
BIODIREITO E OS TRANSPLANTES
DE ÓRGÃOS E TECIDOS
1 INTRODUÇÃO
O transplante de órgãos e tecidos é tema de importantíssima relevância
nos dias atuais, sendo uma das mais notáveis conquistas científicas, apesar de
ainda existirem muitos obstáculos a serem vencidos pelos enormes problemas de
natureza ético-jurídica (BITTENCOURT; TORMIN, 2016).
145
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
Transplante de órgãos
Partes do corpo Córnea
humano que podem
ser transplantadas Rosto
Pulmão
Válvulas
Coração do coração
Rins Veias e
Fígado artérias
Pâncreas Mão e
antebraço
Intestino
Tendão
Osso
Células
(medula
espinhal etc.)
Pele
146
TÓPICO 2 | BIODIREITO E OS TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS E TECIDOS
147
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
O transplante de órgãos e tecidos, apesar de ter sido uma das mais notáveis
conquistas científicas, apresenta muitos obstáculos a serem vencidos, pelos
enormes problemas ético-jurídicos que causa, não obstante, constitui uma técnica
de suma relevância para salvar miríades de vidas humanas e restaurar a saúde
de incontáveis pessoas. Em virtude disso, não se pode desconhecer ou diminuir
sua relevância, devendo-se repensar as questões ético-jurídicas desencadeadas
pelo extraordinário impacto que essa intervenção cirúrgica causou na realidade
social, para uma futura revisão das disposições legais que o contemplam, pois
há necessidade de adequarem-se as normas à evolução dessa modalidade de
investigação (DINIZ, 2009).
Post mortem:
Art. 3º Deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica,
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes
de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e
tecnológicos definidos pela Resolução nº 1.480/97 do Conselho Federal
de Medicina (CFM).
Art. 6º É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do
corpo de pessoas não identificadas.
Em vida:
Art. 9º É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente
de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos
ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o
quarto grau, inclusive, na forma do § 4º deste artigo, ou em qualquer
outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em
relação à medula óssea.
§ 4º O doador deverá autorizar, preferencialmente por escrito e diante
de testemunhas, especificamente o tecido, órgão ou parte do corpo
objeto da retirada.
149
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
150
TÓPICO 2 | BIODIREITO E OS TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS E TECIDOS
mil e os rins não são vendidos a menos de 20 mil dólares. Várias crianças são
sequestradas nos shoppings centers e devolvidas a seus familiares sem um dos
órgãos (CALDEIRAS, 2014).
151
RESUMO DO TÓPICO 2
• No Brasil, a Lei nº 9.434/97, art. 1º, e a Constituição Federal, art. 199, requerem
gratuitamente na disposição de órgãos e tecidos em vida ou post mortem para
fins de transplante e tratamento.
152
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Lei nº 9.434/97
b) ( ) Lei nº 11.045/05
c) ( ) Lei nº 1.480/97
d) ( ) Lei nº 466/96
153
154
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O avanço da medicina quanto às tecnologias ao dispor do médico é um
acontecimento que tem provocado não apenas benefícios à saúde das pessoas,
mas, não obstante, em alguns momentos, toda essa tecnologia pode acabar
afetando a dignidade humana, como é o caso da eutanásia (BORGES, 2001).
2 EUTANÁSIA
A morte pode significar, para algumas pessoas, o término da vida. A
diferença entre a vida e a morte tornou-se mais tênue, havendo divergência de
opiniões. Cada indivíduo é provido de um padrão moral intrínseco, formando
a própria visão da morte e do corpo humano. Há também quem acredite que a
morte seja o cessar de todas as atividades fisiológicas. No entanto, há pessoas
que, em virtude do estado de saúde em que se encontram, acreditam não ter
mais vida, a despeito da persistência de sua dinâmica fisiológica, muitas vezes
assegurada com auxílio de medicamentos e aparelhos, pois estão impedidas de
desfrutá-la de uma forma crida digna (OLIVEIRA, 2012).
2.1 CONCEITO
A palavra eutanásia foi criada no século XVII, pelo filósofo inglês Francis
Bacon, derivada dos vocábulos gregos eu, que literalmente significa bem, bom,
belo, e thanasia, equivalente à morte, significando boa morte, morte tranquila,
sem dor nem sofrimento (SANTOS, 2001).
156
TÓPICO 3 | EUTANÁSIA E DIREITO À MORTE DIGNA
2.2 HISTÓRICO
A partir de agora abordaremos um pouco da história da eutanásia.
157
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
158
TÓPICO 3 | EUTANÁSIA E DIREITO À MORTE DIGNA
DICAS
3 BIOÉTICA DA EUTANÁSIA
O desenvolvimento da medicina possibilitou a cura de várias enfermidades
e um prolongamento da vida. Não obstante, este desenvolvimento pode levar
a um impasse quando se trata da busca da cura e de salvar vidas, com todo o
empenho possível, num contexto de missão impossível: manter uma vida na qual
a morte já está presente. Esta atitude de tentar preservar a vida a todo custo é
responsável por um dos maiores temores da humanidade, que é o de ter a sua
vida prolongada às custas de muito suplício, solitário num quarto de hospital,
tendo por companhia somente tubos e máquinas (KOVÁCS, 2003).
159
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
Nesse novo contexto, enfrentamos sérias questões éticas, tais como: deve
a vida humana, independentemente de sua qualidade, ser sempre preservada? É
dever do médico manter, indefinidamente, a vida de uma pessoa com encéfalo
irreversivelmente lesado através de respiração artificial e alimentação parenteral?
Até quando será admitido sedar a dor, ainda que isso signifique um abreviamento
de vida? Devem-se utilizar todos os aparelhos da medicina atual para acrescer
umas poucas semanas, dias ou mesmo horas à vida de um paciente terminal,
ou se deve interromper o tratamento? Deve um tratamento ativo ser empregado
em crianças nascidas com graves defeitos congênitos, para as quais o futuro será
um contínuo suplício ou uma mera existência vegetativa? Essas questões nos
inquietam. À medida que se podem sustentar vidas nessas circunstâncias, devem
tais vidas ser mantidas? E, se não, por quê? (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014).
160
TÓPICO 3 | EUTANÁSIA E DIREITO À MORTE DIGNA
em virtude disso contradizer a lei natural e divina, pois a vida humana não é
um objeto, mas sim uma criação de Deus. A Igreja Católica também se opõe à
distanásia, o Papa Paulo VI defende que o dever do médico consiste em atenuar
o sofrimento e não em prolongar o máximo possível, por qualquer meio que seja,
sob qualquer condição, uma vida que se dirige naturalmente para o seu término
(SGRECCIA, 2009).
161
RESUMO DO TÓPICO 3
• No Brasil, o atual Código Penal não classifica a eutanásia como crime, não faz
referência à eutanásia. Entretanto, o médico que mata seu paciente é punido
pelo crime de homicídio, previsto no Código Penal Brasileiro, em seu artigo
121. O suicídio assistido também é crime. E é previsto no Código Penal no Art.
122. Apenas a ortotanásia não configura ilícito penal.
162
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Brasil
b) ( ) Argentina
c) ( ) Bélgica
d) ( ) Estados Unidos
a) ( ) art. 121
b) ( ) art. 122
c) ( ) art. 123
d) ( ) art. 124
163
164
UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Com o progresso da biotecnologia, descobriu-se a capacidade de
transformação das células-tronco adultas e embrionárias, as quais podem ser
usadas para a regeneração de órgãos e tecidos lesionados. As possibilidades de se
usar embriões criopreservados em laboratórios suscitaram indagações de ordens
ética, moral e religiosa mundialmente, com o desenvolvimento de pesquisas e a
constatação de que enfermidades que afligem milhares de pessoas poderão ser
sanadas utilizando a terapia de células-tronco.
Bons estudos!
2.1 CONCEITO
O termo célula-tronco, do inglês stem cell, compreende as células precursoras
que possuem a capacidade de diferenciação e autorrenovação, podendo então se
dividir e originar uma variedade de tecidos (células nervosas, células cardíacas
165
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
etc.). Elas podem ser designadas para desenvolver funções específicas, uma vez
que se encontram em um estágio em que ainda não estão totalmente especializadas
(SOUZA et al., 2003).
Células-Tronco
166
TÓPICO 4 | ASPECTOS BIOÉTICOS DA TERAPIA COM CÉLULAS-TRONCO
Célula somática
pele
induced pluripotent
Biópsia stem cells IPS.
Paciente
músculo cardíaco
células
Oct4 Sox2 neurônios sanguíneas
fígado
Kif4 c-Myc
ilhotas células
pancreáticas intestinais
2.2 HISTÓRICO
No início de 1900, pesquisadores europeus constataram a existência
de vários tipos de células do sangue, por exemplo, glóbulos brancos, glóbulos
vermelhos e plaquetas, todas originavam de uma célula-mãe "célula-tronco"
(CÉLULAS-TRONCO, s.d.).
167
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
Por essa razão, no Brasil somente é lícita a terapia gênica para corrigir
defeitos físicos graves, vedando-se a manipulação genética de células germinativas
humanas, a intervenção de material genético humano in vivo e o manejo in vitro
de ADN/ARN natural ou recombinante, salvo para fins terapêuticos (Lei nº
11.105/2005, art. 6º, II e III).
169
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
nenhum benefício para pacientes com mal de Alzheimer. A ciência ainda não
conhece completamente as propriedades das células-tronco embrionárias, tanto
em relação à sua capacidade regenerativa de tecidos lesados, quanto ao seu
potencial em causar teratocarcinomas (SOARES; SANTOS, 2002).
170
TÓPICO 4 | ASPECTOS BIOÉTICOS DA TERAPIA COM CÉLULAS-TRONCO
LEITURA COMPLEMENTAR
Ana Teixeira
171
UNIDADE 3 | BIODIREITO E O DIREITO À VIDA: NOVAS TÉCNICAS CIENTÍFICAS E IMPACTOS ÉTICO-JURÍDICOS
172
RESUMO DO TÓPICO 4
173
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Células-tronco
b) ( ) Células cancerígenas
c) ( ) Células L929
d) ( ) Células hepatócitos
174
REFERÊNCIAS
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transgenic crops. Nature, London, v. 389, n. 6654, 1997.
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Universidade de São Paulo, 2002.
DINIZ, Maria Helena. O Estado atual do biodireito. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
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