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EXTENSÃO IMPERATRIZ
BACHAREL EM TEOLOGIA
PROF. Pr. Isvaldo Macedo Rodrigues
ALUNO (A) _________________________________
ÉTICA CRISTÃ
2022
FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ
1 – INTRODUÇÃO
Cada um de nós tem uma ética. Cada um de nós, por mais influenciado que seja pelo
relativismo e pelo pluralismo de nossos dias, tem um sistema de valores interno que consulta
no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse
sistema, mas eles estão lá, influenciando decisivamente nossas opções.
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o
seu princípio orientador fundamental. As principais são: humanística, natural e religiosa.
Hedonismo
Uma forma de ética humanística é o hedonismo. Esse sistema ensina que o certo é aquilo
que é agradável. A palavra "hedonismo" vem do grego e significa "prazer". Como movimento
filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus discípulos, cuja máxima famosa
era "comamos e bebamos porque amanhã morreremos". O epicurismo era um sistema de ética
que ensinava, em linhas gerais, que para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada
indivíduo deveria buscar acima de tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade. Os hedonistas
mais radicais chegavam a ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o que dá prazer ao
próximo.
Como consequência de sua ética, os hedonistas se abstinham da vida política e pública,
preferiam ficar solteiros, censurando o casamento e a família como obstáculos ao bem maior,
que é o prazer individual. Alguns chegavam a defender o suicídio, visto que a morte natural era
dolorosa.
Como movimento filosófico, o hedonismo passou, mas certamente a sua doutrina central
permanece em nossos dias. Somos todos hedonistas por natureza. Frequentemente somos
motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. A ética natural do homem é o
hedonismo. Instintivamente, ele toma decisões e faz escolhas tendo como princípio controlador
buscar aquilo que lhe dará maior prazer e felicidade. O individualismo exacerbado e o
materialismo moderno são formas atuais de hedonismo.
O hedonismo não tem muitos defensores modernos, mas podemos mencionar Gustav
Fechner, o fundador da psicofísica, com sua interpretação do prazer como princípio psíquico
de ação, a qual foi depois desenvolvida por Sigmund Freud como sendo o princípio operativo
do nível psicanalítico do inconsciente.
Muito embora o cristianismo reconheça a legitimidade da busca do prazer e da felicidade
individuais, considera a ética hedonista essencialmente egoísta, pois coloca tais coisas como o
princípio maior e fundamental da existência humana.
Utilitarismo
Outro exemplo de ética humanística é o utilitarismo, sistema ético que tem como valor
máximo o que considera o bem maior para o maior número de pessoas. Em outras palavras, "o
certo é o que for útil". As decisões são julgadas, não em termos das motivações ou princípios
morais envolvidos, mas dos resultados que produzem. Se uma escolha produz felicidade para
as pessoas, então é correta. Os principais proponentes da ética utilitarista foram os filósofos
ingleses Jeremy Bentham e John Stuart Mill.
A ética utilitarista pode parecer estar alinhada com o ensino cristão de buscarmos o bem
das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo deve sacrificar seu prazer pelo da
coletividade (ao contrário do hedonismo). Entretanto, é perigosamente relativista: quem vai
determinar o que é o bem da maioria? Os nazistas dizimaram milhões de judeus em nome do
bem da humanidade. Antes deles, já era popular o adágio "o fim justifica os meios". O perigo
do utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num pragmatismo frio e impessoal:
decisões certas são aquelas que produzem soluções, resultados e números.
Pessoas influenciadas pelo utilitarismo escolherão soluções simplesmente porque elas
funcionam, sem indagar se são corretas ou não. Utilitaristas enfatizam o método em detrimento
do conteúdo. Eles querem saber como e não por que.
Talvez um bom exemplo moderno seja o escândalo sexual Clinton/Lewinski. Numa
sociedade bastante marcada pelo utilitarismo, como é a americana, é compreensível que as
pessoas se dividam quanto a um impeachment do presidente Clinton, visto que sua
administração tem produzido excelentes resultados financeiros para o país.
Existencialismo
Ainda podemos mencionar o existencialismo, como exemplo de ética humanística.
Defendido em diferentes formas por pensadores como Kierkegaard, Jaspers, Heiddeger, Sartre
e Simone de Beauvoir, o existencialismo é basicamente pessimista. Existencialistas são céticos
quanto a um futuro róseo ou bom para a humanidade; são também relativistas, acreditando que
o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou
espirituais absolutos. Para eles, o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar
inerte.
Sartre, um dos mais famosos existencialistas, disse: "O mundo é absurdo e ridículo.
Tentamos nos autenticar por um ato da vontade em qualquer direção". Pessoas influenciadas
pelo existencialismo tentarão viver a vida com toda intensidade, e tomarão decisões que levem
a esse desiderato. Aldous Huxley, por exemplo, defendeu o uso de drogas, já que as mesmas
produziam experiências acima da percepção normal. Da mesma forma, pode-se defender o
homossexualismo e o adultério.
O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna. Sua
influência percebe-se em todo lugar. A sociedade atual tende a validar eticamente atitudes
tomadas com base na experiência individual. Por exemplo, um homem que não é feliz em seu
casamento e tem um romance com outra mulher com quem se sente bem, geralmente recebe a
compreensão e a tolerância da sociedade.
Ética Naturalística
Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo e as leis
da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa
primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes,
velhos e debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida que a natureza evolui. Logo, tudo
que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo
o que dificultar é errado e mau.
Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista,
contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente, Nietzsche e
alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley.
A ética naturalística tem alguns pressupostos acerca do homem e da natureza baseados
na teoria da evolução: (1) a natureza e o homem são produtos da evolução; (2) a seleção natural
é boa e certa. Nietzsche considerava como virtudes reais a severidade, o egoísmo e a
agressividade; vícios seriam o amor, a humildade e a piedade.
Pode-se perceber a influência da ética naturalística claramente na sociedade moderna.
A tendência de legitimar a eliminação dos menos aptos se observa nas tentativas de legalizar o
aborto e a eutanásia em quaisquer circunstâncias. Os nazistas eliminaram doentes mentais e
esterilizaram os "inaptos" biologicamente. Sade defendia a exploração dos mais fracos
(mulheres, em especial). Nazistas defenderam o conceito da raça branca germânica como uma
raça dominadora, justificando assim a eliminação dos judeus e de outros grupos. Ainda hoje
encontramos pichações feitas por neonazistas nos muros de São Paulo contra negros,
nordestinos e pobres. Conscientemente ou não, pessoas assim seguem a ética naturalística da
sobrevivência dos mais aptos e da destruição dos mais fracos.
Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser legítima,
visto que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente desvirtuados como resultado
do afastamento da humanidade do seu Criador. A natureza como a temos hoje se afasta do
estado original em que foi criada. Não pode servir como um sistema de valores para a conduta
dos homens.
A Ética Cristã
Á ética cristã é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que
retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus preceitos.
Como as demais éticas já mencionadas acima, a ética cristã opera a partir de diversos
pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas Escrituras Sagradas pelo único Deus
verdadeiro. São estes:
2. A humanidade está num estado decaído, diferente daquele em que foi criada. A
ética cristã leva em conta, na sistematização e sintetização dos deveres morais e práticos das
pessoas, que as mesmas são incapazes por si próprias de reconhecer a vontade de Deus e muito
menos de obedecê-la. Isso se deve ao fato de que a humanidade vive hoje em estado de
afastamento de Deus, provocado inicialmente pela desobediência do primeiro casal. A ética
cristã não tem ilusões utópicas acerca da "bondade inerente" de cada pessoa ou da intuição
moral positiva de cada uma para decidir por si própria o que é certo e o que é errado. Cegada
pelo pecado, a humanidade caminha sem rumo moral, cada um fazendo o que bem parece aos
seus olhos. As normas propostas pela ética cristã pressupõem a regeneração espiritual do
homem e a assistência do Espírito Santo, para que o mesmo venha a conduzir-se eticamente
diante do Criador.
Assim, muito embora a ética cristã se utilize do bom senso comum às pessoas, depende
primariamente das Escrituras na elaboração dos padrões morais e espirituais que devem reger
nossa conduta neste mundo. Ela considera que a Bíblia traz todo o conhecimento de que
precisamos para servir a Deus de forma agradável e para vivermos alegres e satisfeitos no
mundo presente. Mesmo não sendo uma revelação exaustiva de Deus e do reino celestial, a
Escritura, entretanto, é suficiente naquilo que nos informa a esse respeito. Evidentemente não
encontraremos nas Escrituras indicações diretas sobre problemas tipicamente modernos como
a eutanásia, a AIDS, clonagem de seres humanos ou questões relacionadas com a bioética.
Entretanto, ali encontraremos os princípios teóricos que regem diferentes áreas da vida humana.
É na interação com esses princípios e com os problemas de cada geração, que a ética cristã se
e contextualiza-se atualiza, sem jamais abandonar os valores permanentes e transcendentes
revelados nas Escrituras.
É precisamente por basear-se na revelação que o Criador nos deu que a ética cristã se
estende a todas as dimensões da realidade. Ela pronuncia-se sobre questões individuais,
religiosas, sociais, políticas, ecológicas e econômicas. Desde que Deus exerce sua autoridade
sobre todas as dimensões da existência humana, suas demandas nos alcançam onde nos
acharmos – inclusive e principalmente no ambiente de trabalho, onde exercemos o mandato
divino de explorarmos o mundo criado e ganharmos o nosso pão.
É nas Escrituras Sagradas, portanto, que encontramos o padrão moral revelado por Deus.
Os Dez Mandamentos e o Sermão do Monte proferido por Jesus são os exemplos mais
conhecidos. Entretanto, mais do que simplesmente um livro de regras morais, as Escrituras são
para os cristãos a revelação do que Deus fez para que o homem pudesse vir a conhecê-lo, amá-
lo e alegremente obedecê-lo. A mensagem das Escrituras é fundamentalmente de reconciliação
com Deus mediante Jesus Cristo. A ética cristã fundamenta-se na obra realizada de Cristo e é
uma expressão de gratidão, muito mais do que um esforço para merecer as benesses divinas.
A ética cristã, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado
nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta neste mundo, diante de
Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem poderá
chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu.
Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são a vontade
de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas.
É correto mentir a fim de salvar uma vida? A pergunta postula um conflito em normas
éticas. Contar a verdade é mais importante do que salvar vidas? O que você faria? As várias
respostas a esta pergunta podem ser usadas para ilustrar seis abordagens básicas à ética. Todos
os pontos de vista éticos têm a ver com perguntas éticas fundamentais: existem normas éticas
válidas? Se existem, quantas são? E se existirem muitas normas éticas, o que se faz quando
duas delas entram em conflito? A pessoa conta uma mentira para salvar uma vida, ou sacrifica
uma vida para salvar a verdade?
O Antinomismo - A primeira alternativa no que diz respeito às normas éticas é que não existe
norma alguma ou pelo menos nenhuma norma objetiva. Ou seja: estamos literalmente sem lei
(anti-nomos) para guiar ações éticas relevantes. Neste caso o comandante Bucher não está
errado nem certo, pois não existem normas para se avaliar. Mentir não é certo e nem errado,
depende do ponto de vista de cada um.
O Generalismo – Esta afirma que: Não há normas universais. Reconhece que existem
muitas normas éticas de aplicação geral, mas não universal. O valor de uma ação não é
julgado pelo valor intrínseco e universal, mas pelo resultado da ação. Para este caso o
comandante Bucher é absolvido porque sua ação resultou na salvação de muitas outras vidas.
Mentir é errado, mas salvar vidas justifica o erro.
O Situacionismo – Esta posição afirma que há uma só norma universal. De modo contrário
àquilo que a palavra “situacionismo” talvez parece subentender, ela não é usada para representar
uma ética completamente sem normas. O situacionismo está localizado entre os extremos do
legalismo e do antinomismo. Os antinomistas não têm leis, os legalistas têm leis para tudo, e o
situacionismo tem uma só lei. Essa lei é o amor. O comandante Bucher deve ser julgado por
sua motivação. O que o levou a mentir? Foi um ato de egoísmo ou de amor ao proximo? Mentir
é errado, mas mentir por amor, o torna desculpável.
O Absolutismo Não-Conflitante – Os absolutistas tradicionais sustentam ou entendem que há
muitas normas absolutas que nunca entram realmente em conflito. Cada norma abrange
sua própria área de experiência humana e nunca entra em conflito real com outra norma
absoluta. Neste caso, o comandante Bucher, não tinha realmente um conflito. Não existia a
possibilidade entre mentir ou salvar vidas. Ele não podia mentir. Poderia ter se calado? Poderia
ter falado a verdade? A continuidade da história a partir deste ponto pertence a Deus. Quem
poderia afirmar com precisão absoluta que os coreanos matariam toda a tripulação?
O Absolutismo Ideal – Estes compreendem que há muitas normas universais
conflitantes. Neste quando normas éticas entram em conflitos se deve optar por aquela que
trará menos danos ou que causará menor mal. Neste caso se erra por desobedecer a uma norma,
mas se é desculpável por causa do dilema trágico em que a pessoa se acha. O comandante
Bucher errou ao mentir, mas pode ser considerado perdoado porque escolheu o caminho que
causaria menor mal.
O Hierarquismo – Esta posição afirma que há normas universais hierarquicamente
ordenadas. Embora as normas universais possam entrar em conflito, a decisão ética deve ser
tomada sempre em favor da posição ética superior, isto é, a pessoa está moralmente com a razão
ao quebrar a norma inferior a fim de guardar a superior. O comandante Bucher acertou ao
mentir, embora mentir seja errado, escolhendo sacrificar sua vida em prol de sua tripulação.
4 – PRINCÍPIOS BÍBLICOS DE ÉTICA CRISTÃ
Deus não quer homens e mulheres conformados com este mundo (Rm 12. 2); é preciso
ir além e não tomar a forma dada por uma vida paganizada. Antes devemos, convertendo-nos
para o Senhor, e, deixar renovar a nossa mente. Essa é a única maneira de discernir a vontade
de Deus. Todo aquele que assume a Fé em Jesus, deve assumi-la incondicionalmente “Aquele
que vive e crê em mim jamais morrerá” (Jo 11, 26) Se somos cristãos, devemos seguir o
exemplo de Jesus. "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou." (1
Jo 2, 6).
Assim, a Ética Cristã não exclui a razão, mas aplica-se à obediência a Cristo. Na sua
essência é normativa, enquanto a Ética secular é descritiva. A Ética Cristã é também ensino,
mandamento, diretriz, enquanto os costumes são variáveis e flexíveis. Os Dez Mandamentos
constituem o primeiro tratado de ética dado pelo Senhor com o propósito de regular o
comportamento humano no cumprimento dos seus deveres para com Deus, para com o próximo
e para consigo próprio. A Ética Cristã é normativa porque se baseia em normas estabelecidas
pelo Criador.
Há costumes dos povos que se desatualizam: as modas passam, e até outros aspectos
que caem em desuso devido à sua pouca expressividade. Porém, as nossas reações, a maneira
de proceder, o comportamento, a apresentação e muitos outros valores próprios de quem vai
viver com Jesus por toda a Eternidade, não devem passar de moda. Os cristãos ficam abismados
e indignados ao ver que essa sociedade de padrões morais supostamente flexíveis, a qual se
recusa a aceitar parâmetros de certo e errado, tende a condenar veementemente os cristãos que
desafiam as suas ideias. “O Deus de vocês só sabe condenar”, dizem muitos por aí.
Um cristão deverá ser diferente dos não-cristãos? Sim. Refiro-me a ser diferente para
melhor. Não a chamar a atenção imediata por vestir algo muito antigo ou extravagante, mas
pela sua postura. O cristão deverá deixar uma boa impressão, o bom cheiro de Cristo, como a
Bíblia refere. Não basta ser cristão; é preciso parecer também que o é. Não é suficiente ter uma
boa moral; é necessário não deixar dúvidas a esse respeito. Como deverá ser a atitude de um
cristão face à guerra? E quanto à responsabilidade social? E o sexo? A
Homossexualidade? Como deverá ser visto o controle de natalidade? Qual a posição de
um cristão quanto à eutanásia, suicídio, pena capital e aborto? Ecologicamente como
estamos? Como procedemos? Atendemos às normas sociais? Agimos segundo as condutas
bíblicas?
Para compreender o fervor moral dos cristãos, os não-cristãos precisam entender que a
nossa moral começa não por uma lista de mandamentos, mas pelo relacionamento com Deus.
Em consequência de ter fé em Cristo e de conhecê-lo, é claro que tentamos segui-lo em nossos
atos. As suas leis ajudam a segui-lo com maior fidelidade e de maneira mais inteligente. Elas
dão uma referência objetiva quando somos assaltados por dúvidas ou desviados pelos desejos.
Como nem sempre queremos obedecer a Deus, as suas leis morais (normativas) evitam que
vivamos segundo os caprichos dos sentimentos
5 – O CRISTÃO E O SEXO
Casamento - Conforme a Bíblia, o meio ordenado por Deus de dirigir e regular o poder bom e
grande do sexo, é chamado casamento.
5.2 – Casamento
O papel do sexo antes do casamento – No que diz respeito à Bíblia, não há papel algum para
as relações sexuais antes do casamento. A relação sexual já é um tipo de casamento. Portanto
não é aceito na Bíblia sem que aja um compromisso vitalício de amor. Sexo fora do casamento
é fornicação (Gl 5.19; 1 Co 6.18) e, portanto, é pecado.
O papel do sexo no casamento – Há três funções básicas do sexo no casamento, são:
o Unificação - Levar a efeito uma unidade íntima sem igual entre duas pessoas;
o Recreação - Fornecer êxtase ou prazer para as pessoas envolvidas neste relacionamento sem
igual;
o Reprodução - Produzir novos seres humanos
O papel do sexo fora do casamento – Tendo em mente os propósitos do casamento podemos
compreender mais facilmente as proibições fortes na Escritura acerca das relações extra-
conjugais ilícitas. O adultério, a fornicação, a prostituição, a sodomia (a homossexualidade) são
todos fortemente condenados. Cada um destes pecados, da sua própria maneira, viola um
relacionamento interpessoal divinamente instituído.
o O adultério e a prostituição são errados porque são casamentos múltiplos, isto é, alguém casado
se casando novamente, sem assumir um compromisso.
Casamento Múltiplos (Poligamia) – A Bíblia não defende a poligamia, embora Deus não
tenha declarado ser contra as várias esposas adquiridas por Abraão, Jacó, Davi, Salomão, etc.
Todos estes tiveram duas ou mais mulheres. O problema verdadeiro não é se Deus permitiu a
poligamia, mas se Ele a planejou. A Bíblia é muita clara que desde o principio Deus desejou
que o homem tivesse uma só mulher. A poligamia, como o divórcio, era algo que Deus tolerou,
mas realmente nunca o desejou para seu povo.
5.3 – Divórcio
O divórcio é permitido por Deus? Antes de responder a esta pergunta gostaria de afirmar
que a vontade de Deus é que os casados não se separem jamais. Uma vez afirmada esta verdade,
podemos dizer que o divórcio “nos foi dado por causa da dureza de nossos corações”. O divórcio
só é aceito por Deus quando um dos cônjuges trai a unicidade do casal por meio do adultério
(praticando ato sexual com outra pessoa de sexo oposto ou do mesmo sexo).
Muitos casais têm se separado por não conseguirem se ajustar um ao outro. Tal motivo
não é razão para se separar.
“Eu (Jesus), porém, vos digo: Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de
relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada
comete adultério] – Mt 19.9.
“Eu, porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher exceto em caso de relações
sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete
adultério” – Mt 5.32.
Em ambos os textos, Jesus nos ensina que o divórcio só é aceito quando houve relações
sexuais ilícitas, e aquele que cometeu o ato ilícito não pode mais se casar; e quem casar com
este (a) comete adultério.
5.5 – Preservativos
A igreja deve incentivar o uso de preservativos?
6 – ABORTO
O ensino bíblico
O assunto é particularmente agudo para os cristãos comprometidos com a Palavra de
Deus. É verdade que não há um preceito legal na Bíblia proibindo diretamente o aborto, como
"Não abortarás". Mas a razão é clara. Era tão inconcebível que uma mulher israelita desejasse
um aborto que não havia necessidade de proibi-lo explicitamente na lei de Moisés. Crianças
eram consideradas como um presente ou herança de Deus (Gn 33.5; Sl 113.9; 127.3). Era Deus
quem abria a madre e permitia a gravidez (Gn 29.33; 30.22; 1 Sm. 1.19-20). Não ter filhos era
considerado uma maldição, já que o nome de família do marido não poderia ser perpetuado (Dt
25.6; Rt 4.5). O aborto era algo tão contrário à mentalidade israelita que bastava um
mandamento genérico, "Não matarás" (Êx 20.13). Mas os tempos mudaram. A sociedade
ocidental moderna vê filhos como empecilho à concretização do sonho de realização pessoal
do casal, da mulher em especial, de ter uma boa posição financeira, de aproveitar a vida, de ter
lazer, e de trabalhar. A Igreja, entretanto, deve guiar-se pela Palavra de Deus, e não pela ética
da sociedade onde está inserida.
A humanidade do feto
Há dois pontos cruciais em torno dos quais gira as questões éticas e morais relacionadas
com o aborto provocado. O primeiro é quanto à humanidade do feto. Esse ponto tem a ver com
a resposta à pergunta: quando é que, no processo de concepção, gestação e nascimento, o
embrião se torna um ser humano, uma pessoa, adquirindo assim o direito à vida? Muitos que
são a favor do aborto argumentam que o embrião (e depois o feto), só se torna um ser humano
depois de determinado período de gestação, antes do qual abortar não seria assassinato. Por
exemplo, o aborto é permitido na Inglaterra até 7 meses de gestação. Outros são mais radicais.
Em 1973 a Suprema Corte dos Estados Unidos passou uma lei permitindo o aborto,
argumentando que uma criança não nascida não é uma pessoa no sentido pleno do termo, e,
portanto, não tem direito constitucional à vida, liberdade e propriedades. Entretanto, muitos
biólogos, geneticistas e médicos concordam que a vida biológica se inicia desde a concepção.
As Escrituras confirmam este conceito ensinando que Deus considera sagrada vida de crianças
não nascidas. Veja, por exemplo, Êx 4.11; 21.21-25; Jó 10.8-12; Sl 139.13-16; Jr. 1.5; Mt 1.18;
e Lc 1.39-44. Apesar de algumas dessas passagens terem pontos de difícil interpretação, não é
difícil de ver que a Bíblia ensina que o corpo, a vida e as faculdades morais do homem se
originam simultaneamente na concepção.
Os Pais da Igreja, que vieram logo após os apóstolos, reconheceram esta verdade, como
aparece claramente nos escritos de Tertuliano, Jerônimo, Agostinho, Clemente de Alexandria e
outros. No Império Romano pagão, o aborto era praticado livremente, mas os cristãos se
posicionaram contra a prática. Em 314 o concílio de Ancira (moderna Ankara) decretou que
deveriam ser excluídos da ceia do Senhor durante 10 anos todos os que procurassem provocar
o aborto ou fizesse drogas para provocá-lo. Anteriormente, o sínodo de Elvira (305-306) havia
excluído até a morte os que praticassem tais coisas. Assim, a evidência biológica e bíblica é que
crianças não nascidas são seres humanos, são pessoas, e que matá-las é assassinato.
A santidade da vida
O segundo ponto tem a ver com a santidade da vida. Ainda que as crianças fossem
reconhecidas como seres humanos, como pessoas, antes de nascer, ainda assim, suas vidas
estariam ameaçadas pelo aborto. Vivemos em uma sociedade que perdeu o conceito da
santidade da vida. O conceito bíblico de que o homem é uma criatura especial, feita à imagem
de Deus, diferente de todas as demais formas de vida, e que possui uma alma imortal, tem sido
substituído pelo conceito humanista do evolucionismo, que vê o homem simplesmente como
uma espécie a mais, o Homo sapiens, sem nada que realmente o faça distinto das demais
espécies. A vida humana perdeu seu valor. O direito para continuar existindo não é mais
determinado pelo alto valor que se dava ao homem por ser feito à imagem de Deus, mas por
fatores financeiros, sociológicos e de conveniência pessoal, geralmente, utilitarista e egoísta.
Em São Paulo, por exemplo, um médico declarou "Faço aborto com o mesmo respeito com que
faço uma cesárea. É um procedimento tão ético como uma cauterização". E perguntado se faria
aborto em sua filha, respondeu: "Faria, se ela considerasse a gravidez inoportuna por algum
motivo. Eu mesmo já fiz sete abortos de namoradas minhas que não podiam sustentar a
gravidez" (A Folha de São Paulo, 29 de agosto de 1997).
Conclusão
Esses pontos devem ser encarados por todos os cristãos. Evidentemente, existem
situações complexas e difíceis, como no caso da gravidez de risco e do estupro. Meu ponto é
que as soluções sempre devem ser a favor da vida. C. Everett Koop, ex-cirurgião geral dos
Estados Unidos, escreveu: "Nos meus 36 anos de cirurgia pediátrica, nunca vi um caso em que
o aborto fosse a única saída para que a mãe sobrevivesse". Sua prática nestes casos raros era
provocar o nascimento prematuro da criança e dar todas as condições para sua sobrevivência.
Ao mesmo tempo, é preciso que a Igreja se compadeça e auxilie os cristãos que se vêem diante
deste terrível dilema. Condenação não irá substituir orientação, apoio e acompanhamento. A
dor, a revolta e o sofrimento de quem foi estuprada não se resolverá matando o ser humano
concebido em seu ventre. Por outro lado, a Igreja não pode simplesmente abandonar à sua sorte
as estupradas grávidas que resolvem ter a criança. É preciso apoio, acompanhamento e
orientação.
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Tipos de aborto
Da definição surge uma primeira distinção: há abortos espontâneos, ou seja, que surgem
por efeitos naturais, exteriores à vontade humana, geralmente por doença da mãe ou por
deficiências cromossômicas do feto; e os provocados, quando o aborto é intencionalmente
criado. Relativamente ao primeiro tipo de aborto, não se põe qualquer problema ético ou
bíblico, na medida em que ele surge, geralmente, contra a vontade da mãe e em circunstâncias
naturais. Mas já se põem problemas quanto ao segundo, sendo dele que importa fazer uma
análise bíblica.
Por outro lado, é importante saber quais as razões que geralmente são apresentadas para
recorrer ao aborto provocado - violação, incesto, proteção física da mãe, defeitos físicos da
criança. Diremos, porém, e desde já que segundo as recentes estatísticas em Portugal e nos
EUA, 95% dos abortos são feitos por razões de conveniência e não pelas anteriores referidas.
Devemos por outro lado notar que mesmo que um bebé seja concebido através de violação, a
sua destruição não apagará o trauma da mulher nem tão pouco dissuadirá o criminoso de
cometer outra violação. Além disso, o argumento de que o aborto é um direito da mulher, tem
como contrapartida o direito à vida do bebé, o qual é tão válido como aquele. Finalmente, é de
considerar que quanto mais nova é a mãe, maior é a probabilidade de que ela fique estéril se
fizer um aborto (no Canadá, 30% das meninas de idade entre 15 e 17 anos que fizeram abortos
ficaram estéreis).
Planejamento familiar
Suponhamos que há um casal, de parcos rendimentos económicos, com 7 filhos e a
mulher se encontra grávida. Deverá aceitar-se o aborto nesse caso? A resposta já foi dada. É
contrário à Palavra de Deus em qualquer caso. Já problema diferente é se deve haver
planeamento familiar. Antigamente, os casais tinham muitos filhos, os quais tinham uma função
de auxílio (agricultura, por exemplo). Não encontramos na Palavra de Deus nenhuma passagem
que condena o planeamento familiar. Alguns tentam usar a passagem de Génesis 38:7-10,
porém sendo certo que Onã fez planeamento familiar, tinha por motivo o seu pensamento que
se gerasse, o filho seria imputado ao seu irmão já falecido. Mas Onã morreu, não porque fez
«planeamento», mas porque desobedeceu a uma ordem de Deus.
Naturalmente que o planeamento familiar não contraria o mandamento do Senhor - aliás,
tudo deve ser planeado com o Senhor, quer na oração, quer na informação sexual, no
conhecimento do corpo humano dado pelo Senhor. Se Deus fosse contra o planeamento familiar
não teria dado à mulher períodos férteis em que pode conceber e outros em que tal é impossível.
Questões subsidiárias
Surgindo uma jovem solteira grávida, qual deve ser a posição da Igreja?
É um facto que 70% das mulheres que recorrem ao aborto não são casadas. Na situação
em que uma jovem solteira se encontre grávida, evidentemente que não se deve aconselhar o
aborto, antes o mal deve ser remediado na medida do possível. Em primeiro lugar, a jovem deve
arrepender-se do pecado cometido e, se possível, casar-se para evitar outros problemas. A Igreja
neste ponto tem um papel importante no aconselhamento com a Palavra de Deus e com
informações das mulheres casadas experientes e ainda no conforto e acompanhamento.
Deus é soberano acima de tudo. E se determinou que criar é uma iniciativa dele e que
o homem foi criado para o louvor de sua glória, este homem jamais encontrará sucesso, paz, e
perfeição enquanto insistir em sua maneira egoísta, pessoal e insistente de tentar mudar o padrão
natural das coisas, crendo da inconcebível ideia de assimilar-se ao Criador. Somos pessoas e
devemos tratarmo-nos como tal. Não podemos assumir o extremo de excedermo-nos além de
nossa limitação de criaturas de Deus, tampouco tentar manipular a ética afim de controlar
pessoas como objetos, como tivéssemos o direito de "Confeccionar" um ser humano como
quem fabrica um automóvel, classificando modelo, padrão, preço, etc.
Se, como seres humanos, queremos contar com o pleno sucesso da ciência, acerquemo-
nos aos ensinos e conceitos morais e éticos deixados na Sagrada Escritura, afim de que o avanço
desta ciência tenha a Perfeita bênção de Deus no decorrer de seu desenvolvimento, o que, como
já comentei, já foi profetizado. De outra maneira seremos envergonhados agora e depois. Que
clonagem humana seja encarada como possível meio ao desenvolvimento terapêutico e, tão
somente assim, teremos uma continuação de ÉTICA e moral. Caso contrário, seguiremos a
irreverência causada pela queda do homem, e conduziremos tal assunto a um mero ABSURDO!