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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLVEIRA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

SÉRGIO ROBERTO DA CUNHA ALCÂNTARA JÚNIOR - MÁTRICULA: 600396006

ADRIELLE PEREIRA RODRIGUES - MÁTRICULA: 600892354

SARAH CRISTINA BEZERRA GODOI - MÁTRICULA: 600895782

POLYANA NOGUEIRA DOS SANTOS - MÁTRICULA: 600885225

JOSÉ CARLOS RODRIGUES CECILIANO - MÁTRICULA: 600861420

COLABORAÇÃO PREMIADA

NITERÓI
2023
SÉRGIO ROBERTO DA CUNHA ALCÂNTARA JÚNIOR - MÁTRICULA: 600396006

ADRIELLE PEREIRA RODRIGUES - MÁTRICULA: 600892354

SARAH CRISTINA BEZERRA GODOI - MÁTRICULA: 600895782

POLYANA NOGUEIRA DOS SANTOS - MÁTRICULA: 600885225

JOSÉ CARLOS RODRIGUES CECILIANO - MÁTRICULA: 600861420

COLABORAÇÃO PREMIADA

Trabalho apresentado a Universidade Salgado


de Oliveira – UNIVERSO, Campus Niterói,
como requisito para obtenção da nota de VT.

Professor: Marco Antônio

NITERÓI
2023

Orientador: Prof.______________________

Co-orientador: Prof.____________________
Introdução.

A colaboração premiada é uma ferramenta jurídica que tem ganhado cada


vez mais destaque no cenário do direito penal ocidental. Recomendada pela Organi-
zação das Nações Unidas (ONU) e incorporada por sucessivas leis no Brasil, essa
abordagem atingiu seu ponto máximo de regulamentação com a promulgação da Lei
da Criminalidade Organizada (Lei nº 12.850/2013), a qual estabeleceu limites, com-
petências e procedimentos específicos.

Com base nessa evolução legislativa, surgem critérios sólidos e princípios


orientadores que direcionam a interpretação desse instituto, cuja aplicação continua
sendo necessária nos dias de hoje.

Em um momento em que a sociedade brasileira demanda maior eficiência


no combate à corrupção, a colaboração premiada se revela como um instrumento po-
deroso para reforçar a obrigação do Estado de provar a culpa.

No entanto, é crucial que, em tempos de pressão por eficiência, a demo-


cracia mantenha intactas as garantias fundamentais, evitando a redução das prote-
ções do devido processo legal por exceções e impulsos momentâneos.

Portanto, a discussão sobre os limites da colaboração premiada e seus me-


canismos de controle se torna um elemento central no debate sobre o futuro da per-
secução penal, buscando equilibrar eficiência e respeito às garantias individuais em
um sistema irreversível.
Princípios básicos e requisitos da Colaboração Premiada

A Colaboração Premiada é um negócio jurídico processual personalíssimo


e um meio de obtenção de prova que encontra a previsão legal na lei 12.850 de 2013.
Seus requisitos são:

• A Voluntariedade

• A Assistência Integral do Defensor ou Advogado

• A Renúncia ao Direito de Silêncio

• O Sigilo

• A Homologação pelo Juízo Competente

• A Efetiva Colaboração.

O colaborador irá fornecer informações relevantes ao processo as quais


necessariamente deverão consistir:

• Na identificação dos demais coautores e partícipes da organização crimi-


nosa e nas infrações penais por eles praticadas, OU
• Revelar a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização crimi-
nosa, OU
• O teor das suas informações previna infrações penais decorrentes das ati-
vidades da organização criminosa, OU
• Que resulte na recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das
infrações penais praticadas, OU
• Acerca da localização de eventual vítima desde que sua integridade física
esteja preservada.

A colaboração e suas exceções

Apesar da colaboração ser permitida a todos os crimes em concurso de


agentes, há a exceção de pessoa. A Lei 14.365/22 adicionou ao advogado que é ve-
dado esse acordo contra alguém que já foi seu cliente, podendo esse sofrer um pro-
cesso disciplinar e ter seu registro cassado. Além disso há uma interpretação nesse
sentido no art. 154 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 do Código
Penal.
Há também, por entendimento da lei em julgados, que “não pode ser usada
para poderosos culparem o baixo escalão por seus delitos, pois, se fosse assim, os
criminosos confessos obteriam benefícios por revelar ilegalidades que eles mesmos
mandaram cometer. Pelo contrário: o instrumento serve para “peixes pequenos” de-
nunciarem os ilícitos de “tubarões”. juiz Ali Mazloum.

No julgamento do RHC 154.979, em agosto deste ano, a Sexta Turma do


STJ estabeleceu que as pessoas jurídicas não têm capacidade nem legitimidade para
firmar o acordo de colaboração previsto na Lei 12.850/2013.

E em 2017, a Quinta Turma, no RHC 80.888, entendeu que, na colabora-


ção premiada, "a simples menção a nomes de autoridades com foro por prerrogativa
de função, nos fatos sob investigação, não tem o condão de fixar a competência do
órgão hierarquicamente superior para o processo e o julgamento da causa "

Em troca o juiz poderá conceder o perdão judicial ou reduzir em até dois


terços a pena privativa de liberdade do colaborador ou substituir por pena restritiva de
direitos.

A concessão e acordo

A concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador,


a natureza a gravidade e as circunstâncias do crime, sua repercussão social bem
como a eficácia da colaboração o acordo de colaboração premiada e poderá ser ce-
lebrado no âmbito da investigação criminal, durante o processo penal e até mesmo
após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Para a celebração do acordo é indispensável que a colaboração seja vo-


luntária e efetiva, ou seja, não pode o colaborador apresentar informações que já são
conhecidas pelos órgãos oficiais. Na celebração do acordo, o colaborador deverá re-
nunciar, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio devendo, portanto, firmar
compromisso de dizer somente a verdade.

O acordo de colaboração premiada será realizado por escrito entre o dele-


gado de polícia e o colaborador acompanhado de seu defensor, e com a manifestação
do Ministério Público, ou conforme o caso, diretamente entre o Ministério Público e o
colaborador acompanhado do seu defensor. Nenhuma tratativa pode ser realizada
sem que haja presença de um profissional técnico, isto é, do advogado ou defensor,
e em caso de conflito de interesses o celebrante deverá solicitar a presença de outro
profissional.

O juiz não participa da fase de tratativas e sim apenas da homologação do


acordo em momento posterior.

Durante as tratativas, o recebimento da proposta de acordo irá demarcar o


início das negociações e constituirá um marco de confidencialidade, de modo que a
sua divulgação ou a de outros documentos configurará a violação de sigilo e quebra
da confiança e da boa-fé, assim as partes firmarão termo de confidencialidade para
prosseguimento das tratativas que vinculará os órgãos envolvidos na negociação.
Ressalta-se que a proposta de colaboração ou o termo de confidencialidade não im-
plicam por si só na suspensão das investigações.

Os termos da proposta da colaboração e de confidencialidade serão elabo-


rados pelo celebrante e o acordo será assinado por ele pelo colaborador e pelo advo-
gado ou Defensor Público com poderes específicos e assim, o colaborador deverá
narrar no acordo acerca de todos os fatos ilícitos para os quais concorreu.

Chancelada a proposta de acordo entre as partes o juiz receberá os termos


do acordo, as declarações do colaborador, e cópia da investigação. O magistrado
também deverá ouvir sigilosamente o colaborador acompanhado de seu defensor.

O pedido de homologação do acordo será distribuído sigilosamente con-


tendo apenas informações que não identificam o colaborador e o seu objeto.

Neste cenário o juiz deverá observar a regularidade e a legalidade do ne-


gócio, a adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração aos
resultados exigidos em Lei e confirmará a voluntariedade na manifestação de vontade
e após a análise da proposta o magistrado poderá homologar ou recusar o acordo de
colaboração premiada.

Se entender que a proposta não atende aos requisitos Legais irá proceder
a devolução do acordo as partes para as adequações necessárias. Mas em caso de
homologação, o acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador
serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa crime.
O acordo homologado poderá ser reincidido em caso de omissão dolorosa
sobre os fatos pertinentes a colaboração por fim as partes poderão se retratar da pro-
posta neste caso as provas auto incriminatórias que forem produzidas pelo colabora-
dor não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.

Conclusão.

Em um cenário atual de expansão alarmante das organizações criminosas,


a necessidade de uma abordagem eficaz no combate a essas ameaças se torna pre-
mente. Nesse contexto, a colaboração premiada emerge como uma ferramenta cru-
cial, permitindo que indivíduos envolvidos revelem detalhes sobre crimes cometidos,
incluindo aqueles realizados em cooperação. Esta confissão durante a fase de inves-
tigação desempenha um papel fundamental na prevenção de futuros delitos.

À medida que as organizações criminosas continuam a evoluir, o Estado


se volta para o direito penal como um meio de atender às demandas da sociedade e
resolver problemas complexos de maneira ágil. O modelo de justiça negocial se des-
taca como uma abordagem que oferece atalhos para acelerar o processo judicial, de-
monstrando à sociedade a eficácia e responsabilidade do sistema legal, ao eliminar a
sensação de impunidade.

No entanto, é imperativo que o Direito não ceda à influência da política cri-


minal e que as colaborações premiadas não sejam aceitas sem evidências suficientes.
O Estado não pode resolver um problema criando outro, desrespeitando os princípios
e normas da Constituição, mesmo que o objetivo seja a elucidação de crimes.

Em busca de aprimorar os processos, é fundamental respeitar a Constitui-


ção e seus princípios. A justiça criminal negocial tem ganhado destaque não apenas
no Brasil, mas também no âmbito internacional. A colaboração premiada não se limita
à repressão de crimes já ocorridos, mas pode ser oferecida antes da persecução pe-
nal, reduzindo assim os trâmites legais morosos. Esse instrumento é proposto pelo
Ministério Público e permite a intervenção enquanto o crime ainda está em anda-
mento.

A Constituição estabelece mecanismos para proteger os direitos funda-


mentais, e essas garantias não devem ser sacrificadas em troca da eficácia estatal na
resolução de crimes. Os acordos celebrados pelo Ministério Público impõem obriga-
ções ao colaborador em troca de depoimentos, informações e provas que contribuam
para desmantelar as organizações criminosas.

A premiação da colaboração é justificável, dada a coragem que os colabo-


radores demonstram ao denunciar comparsas, frequentemente colocando suas vidas
em risco. Nesse contexto, o Supremo Tribunal Federal deve rejeitar quaisquer acordos
que não respeitem as garantias fundamentais.

Do ponto de vista ético, o Estado não está promovendo a corrupção ou


incentivando a delação, mas sim enfrentando o crime organizado. Os criminosos mui-
tas vezes não respeitam um código de ética, e é essencial que todas as partes envol-
vidas estabeleçam limites claros para evitar prejuízos.

A colaboração premiada é uma ferramenta valiosa que contribui para a re-


dução da morosidade nos processos criminais e para o combate eficaz das organiza-
ções criminosas. Isso possibilita a responsabilização dos verdadeiros culpados, em
especial os líderes dessas organizações, que frequentemente pareciam intocáveis.
Com as garantias oferecidas pelo Estado, esse mecanismo se torna uma peça crucial
na desarticulação das entranhas do crime organizado e no combate efetivo a essa
ameaça.
Referências Bibliográficas.

CONJUR. 41% dos condenados na "lava jato" em primeira instância fizeram delação.
Revista Consultor Jurídico. 15 de abril de 2019. Disponível em: https://www.con-
jur.com.br/2019-abr-15/41-condenados-lava-jato-instancia-fizeram-delacao. Acesso
em: 20 de outubro de 2023.

GUSTAVO, Jader. Evolução da delação premiada como meio de persecução penal.


Revista Jus Navigandi, 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/40461/evolu-
cao-dadelacao-premiada-como-meio-de-persecucao-penal/1. Acesso em: 21 de outu-
bro de 2023

JESUS, Damásio E. de. Estágio atual da "delação premiada" no Direito Penal brasi-
leiro. Teresina: Revista Jus Navigandi, 2005. Disponível em: https://jus.com.br/arti-
gos/7551. Acesso em: 21 de outubro de 2023.

COSTA, Marcos Dangelo da. Delação Premiada. 89 f. Monografia (Bacharelado em


Direito) – UDF Centro Universitário, Brasília, 2008. Disponível em: http://www.conteu-
dojuridico.com.br/monografia-tcc-tese,delacao-premiada,22109.html. Acessado em:
22 de outubro de 2023.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Delação Premiada é favor legal, mas antiético. Revista
Consultor Jurídico, 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jun-10/ce-
zar-bitencourt-delacao-premiada-favor-legal-antietico?utm_source=dlvr.it&utm_me-
dium=twitter. Acessado em: 23 de outubro de 2023.

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