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Interpretação de texto |Liellen – treinamento para concursos | JULHO/2023

d) expressa que elementos vistos como corriqueiros


podem ser indispensáveis.
Texto I
2) A crônica é um gênero textual que faz uso de
Meu reino por um pente estratégias que buscam a aproximação com o leitor. A
(Paulo Mendes Campos) interlocução é uma delas. Nesse sentido, assinale a
passagem em que essa estratégia não é observada.
Filhos – diz o poeta – melhor não tê-los. Já o
Professor Anibal Machado me confiou gravemente que a) “Você vai se rir de mim ao saber” (5º§)
a vida pode ter muito sofrimento, o mundo pode não b) “Pois se ria a valer” (5º§)
ter explicação alguma, mas, filhos, era melhor tê-los.
c) “Quando isso acontece (sempre)” (6º§)
A conclusão parece simples, mas não era; Anibal tinha
ido às raízes da vida, e de lá arrancara a certeza d) “Ridículo? Sim, ridículo” (7º§)
imperativa de que a procriação é uma verdade animal,
uma coisa que não se discute, fora do alcance do
radar filosófico. “Eu não sei por que, Paulo, mas fazer Considere o fragmento abaixo para responder às
filhos é o que há de mais importante.” questões 3 e 4 seguintes.
Engraçado é que, depois dessa conversa, fui “a certeza imperativa de que a procriação é uma
descobrindo devagar a melancólica impostura verdade animal, uma coisa que não se discute, fora do
daquelas palavras corrosivas do final de Memórias alcance do radar filosófico.” (2º§).
Póstumas: “não transmiti a nenhuma criatura o legado
da nossa miséria”. 3) Nessa perspectiva, a procriação passa a ser
entendida como uma:
Filhos, melhor tê-los, aliás, o mesmo poeta corrige
antiteticamente o pessimismo daquele verso, quando a) obrigação dotada de sentido filosófico em todas
pergunta: mas, se não os temos, como sabê-lo?
as espécies animais.
Resumindo: filhos, melhor não tê-los, mas é de todo
indispensável tê-los para sabê-lo; logo, melhor tê-los. b) ação quase instintiva desprovida de análise crítica e
de reflexões.
Você vai se rir de mim ao saber que comecei a crônica
desse jeito depois de procurar em vão meu bloco de c) exigência sistêmica necessária à produção de
papel. Pois se ria a valer: o desaparecimento de certos necessidades materiais.
objetos tem o dom de conclamar, por um rápido edital,
todas as brigadas neuróticas alojadas nas províncias d) prática indiscutível, mas afetiva e motivada pela
de meu corpo. Sobretudo instrumentos de trabalho. experiência animal.
Vai-se-me por água a baixo o comedimento quando
não acho minha caneta, meu lápis-tinta, meu papel,
minha cola...Quando isso acontece (sempre) até 4) Em “uma coisa que não se discute”, destaca-se um
taquicardia costumo ter; vem-me a tentação de pronome que cumpre o papel de:
demitir-me do emprego, de ir para uma praia deserta,
de voltar para Minas Gerais, renunciar... a) indeterminar o sujeito da oração.

Ridículo? Sim, ridículo, mas nada posso fazer. Creio b) formar a voz passiva sintética.
que seria capaz (talvez seja presunção) de aguentar c) indicar reciprocidade dos agentes.
com relativa indiferença uma hecatombe que
destruísse de vez todos os meus pertences. O que d) constituir-se parte integrante do verbo.
não suporto é a repetição indefinida do
desaparecimento desses objetos sem nenhum valor,
mas sem os quais, a gente não pode seguir adiante, 5) Nas orações “Filhos, melhor não tê-los” e “como
tem de parar, tem de resolver primeiro. [...] sabê-lo” (4º§), notam-se pronomes oblíquos átonos
que apresentam semelhanças e distinções entre si.
Responda de acordo com o texto I:
Quanto a eles, é correto afirmar que:
1) O título da crônica dialoga com a frase “Meu reino
a) o primeiro está enclítico ao verbo e o segundo em
por um cavalo”, atribuída a Ricardo III, em uma obra
posição proclítica.
produzida por William Shakespeare. Embora o texto
não esteja completo, com base nessa informação, b) o primeiro exerce a função de objeto direto e o
pode-se inferir que o enunciador: segundo, de objeto indireto.
a) confere mais valor às coisas materiais do que às c) o primeiro faz uma referência anafórica e o
experiências afetivas. segundo, catafórica.
b) indica seu senso de organização a partir da d) o primeiro tem um substantivo como referente e o
identificação de objetos perdidos. segundo, uma ideia ou oração.
c) revela o desapego em relação aos pertences,
metaforizados pelo vocábulo “reino”.
6) A significação de uma palavra deve ser observada
considerando o contexto em que se encontra. Nesse
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sentido, em “Anibal Machado me confiou gravemente” brinquedos colecionáveis para a classe oligárquica",
(1º§), o vocábulo destacado é um advérbio que afirmou Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade
manteria seu sentido caso fosse substituído pela de Edimburgo, acrescentando que os restos fósseis
seguinte locução: deveriam estar em museus.
a) com seriedade. Thomas Carr, um paleontólogo americano, afirmou
que essas vendas são "inquestionavelmente
b) com desespero. prejudiciais à ciência", pois não há garantia de que um
c) com dor profunda. fóssil privado possa ser estudado novamente. Belin
espera "que o novo proprietário, seja uma instituição
d) com voz alta. ou um indivíduo, garanta que o público o veja".
(Disponível em: https://www1.folha.uol.
com.br/ciencia/2022/10
7) Em “Creio que seria capaz (talvez seja presunção)
de aguentar” (7º§), ainda que pertençam ao modo
Indicativo e ilustrem tempos distintos,
semanticamente, os verbos destacados conferem ao Responda de acordo com o texto II:
enunciado um valor de:
a) revolta. 9) O texto II é uma notícia, gênero textual que se
b) incerteza. destaca por seu caráter informativo. Embora
apresente várias informações, entende-se que sua
c) negação. ideia central consiste:
d) imposição. a) no impacto causado nos pesquisadores ao se
depararem com fósseis de 4,6 metros de altura e 12
metros de comprimento.
8) As orações presentes em “vem-me a tentação de
b) na necessidade de expor que o fóssil foi
demitir-me do emprego” (6º§) são estruturadas por
desenterrado, em 2020, em terras privadas na
uma relação de subordinação através da qual:
formação Hell Creek, em Montana, Estados Unidos.
a) a segunda exerce a função de complemento
c) na insatisfação de mostrar que nenhum dos 20
nominal de “tentação”.
tiranossauros rex existentes no mundo pertencem a
b) a primeira oração exerce a função de sujeito da uma instituição ou colecionador da Ásia.
segunda.
d) na preocupação dos cientistas em relação a leilões
c) a segunda é o objeto indireto da primeira oração. que tornam privadas descobertas como fósseis de
dinossauros.
d) a primeira é um adjunto adverbial para o verbo
“demitir-me”.
10) A oração “essas vendas são inquestionavelmente
prejudiciais à ciência" pode ser reescrita de outras
Texto II formas sem que haja mudança significativa de sentido.
Um esqueleto de tiranossauro rex foi exposto em A única reescritura em que se nota real alteração
Singapura nesta sexta-feira (28) antes de seu leilão no semântica é:
próximo mês, um negócio que especialistas dizem ser a) Inquestionavelmente, essas vendas prejudicam a
"prejudicial à ciência". O esqueleto de 1.400 quilos, ciência.
composto de cerca de 80 ossos, será o primeiro do
tipo a ser leiloado na Ásia, disse a casa de leilões b) Prejudica-se a ciência, inquestionavelmente, com
Christie's. essas vendas.

Apelidado de Shen, que significa divindade, ficará em c) Essas vendas são, inquestionavelmente,
exibição por três dias antes de ser enviado para Hong prejudicadas pela ciência.
Kong. Será vendido em novembro. "Nenhum dos 20
d) Inquestionavelmente, a ciência é prejudicada por
tiranossauros rex existentes no mundo pertence a uma
essas vendas.
instituição asiática ou a um colecionador asiático",
comentou Francis Belin, presidente da Christie's Ásia-
Pacífico.
Texto III
Acredita-se que o dinossauro, um adulto de 4,6 metros
de altura e 12 metros de comprimento e que viveu há É proibido chorar
cerca de 67 milhões de anos, seja do sexo masculino. Em um dos meus textos em que eu falava sobre as
Foi desenterrado em 2020 em terras privadas na dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo,
formação Hell Creek, em Montana, Estados Unidos. de suportar as dores diárias da sobrevivência, muita
Nos últimos anos, vários dinossauros foram leiloados, gente se identificou com a minha luta.
uma tendência que preocupa vários especialistas. "É Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos
triste que os dinossauros estejam se tornando as pedras espreitam nosso caminho.
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E a briga pelo leite, o choro, já era o nosso grito de


que não aceitaríamos tudo calados.
13) Na construção “Em um dos meus textos em que
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, eu falava sobre as dificuldades” (1º§), a preposição
choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho destacada precede o pronome relativo por uma
raiva de quem faz sofrer. questão de regência. Assinale a alternativa em que há
o emprego incorreto da preposição nesse contexto.
Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o
nosso respeito: são os quixotes da periferia. a) Encontrei o ingrediente de que falara.
b) O apartamento em que moro foi reformado.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que c) O material de que precisamos esgotou-se.
vivem no centro do esquecimento da humanidade, d) Vejamos o aluno em quem dei o livro.
quer seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste
país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por
que tem tanta gente metida a besta só por conta disso.
14) Em “Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, quem faz sofrer.” (4º§), a vírgula separa duas ideias
correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, que se relacionam sem uma conjunção explícita. Caso
sou um deles também, nunca deixei de sonhar, fosse explicitada, não haveria alteração de sentido
coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo com a presença do seguinte conectivo:
e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os
em silêncio e penso no que será que eles estão a) mas também.
pensando, ou como deve ser a casa deles, e, na b) portanto.
maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a c) porque.
única coisa da qual tenho certeza e sei é sobre o que d) mas.
eles comem: poeira e lama. Seja procurando um
emprego no centro da cidade, um CD demo debaixo
do braço, uns poemas numas folhas de sulfite 15) Ao afirmar que “desde que nascemos as pedras
amareladas e sujas ou um simples bico de pedreiro, espreitam nosso caminho” (2º§), o autor:
boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e
a) faz uso da linguagem simbólica para indicar as
não se importa com as portas pesadas que cada vez
dificuldades da vida.
se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem
b) defende que as dificuldades limitam-se a um
as chaves certas e programadas.
só período da vida.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que c) sugere que as dificuldades da vida devem ser
não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...] combatidas como as pedras.
d) detalha quais são as dificuldades enfrentadas
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um no momento do nascimento.
povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora,
2020, p. 39-40)
16) O enunciado “Tristes figuras.”, que inicia o 7º
parágrafo, ilustra um uso expressivo da linguagem
11) O texto apresenta um posicionamento sobre o uma vez que:
trabalho artístico. A esse respeito, é correto afirmar
que o autor: a) se aproxima da oralidade devido à ausência
de concordância nominal.
a) detalha as particularidades dessa categoria b) reforça o sentido atribuído pelo adjetivo em
exigindo privilégios que cabem só a ela. função de sua anteposição.
b) parte de uma experiência pessoal para c) aponta uma caracterização objetiva e sem
denunciar uma desvalorização coletiva da juízo de valor para o substantivo.
profissão. d) emprega o substantivo “figuras” sem um
c) defende que as dificuldades dos artistas referente textual claro.
contribuem como inspiração para os trabalhos.
d) aceita as lutas da profissão, com passividade,
ciente de que o reconhecimento será obtido.
17) Na seguinte sequência de orações “Vejo e me
identifico com a luta, outras vezes, observo-os em
silêncio e penso”(7º§), repete-se um tipo de sujeito
12) O título do texto possui um caráter imperativo. que:
Considerando sua estrutura sintática, pode-se afirmar
que: a) possui um caráter de indeterminação do
agente.
a) a primeira oração apresenta um verbo b) deve ser identificado pela desinência verbal.
transitivo. c) sofre as ações e classifica-se como passivo.
b) o sentido impositivo é apresentado por um d) pode ser entendido como inexistente.
substantivo.
c) a segunda oração exerce a função de sujeito
da primeira.
18) Todos os vocábulos abaixo, retirados do texto,
d) o verbo da primeira oração não está
recebem o acento gráfico em razão da mesma regra
flexionado.
de acentuação, exceto:
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a) diárias. 10 C 20 B
b) sobrevivência.
c) geográfica.
d) privilégio.

Texto IV
Separação (fragmento)
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez,
como quem repete um gesto imemorialmente
irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao
chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a
reincidência daquela cena tantas vezes contada na
história do amor, que é história do mundo. Ela o
olhava com um olhar intenso, onde existia uma
incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao
mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de
ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
(MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 24)

19) O texto aborda o tema da separação. Na


perspectiva do enunciador, trata-se de algo que:
a) limita-se à experiência do casal apresentado
na narrativa.
b) resulta de uma sequência de cenas pouco
complexas.
c) não envolve conflitos em função de ser algo
habitual.
d) é corriqueiro na história do amor e do mundo.

20) Os pronomes oblíquos átonos são largamente


empregado no texto em análise. Considerando o
contexto em que se encontram e a prescrição
gramatical, indique, dentre as alternativas abaixo, um
exemplo desse tipo de pronome na função de objeto
indireto.
a) “mirou-a”.
b) “como a pedir-lhe”.
c) “preferia não tê-lo”.
d) “Ela o olhava”.

LÍNGUA PORTUGUESA
1D 11 B
2C 12 C
3B 13 D
4B 14 D
5D 15 A
6A 16 B
7B 17 B
8A 18 C
9D 19 D

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