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LINGUAGENS A-01

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
a) têm sentido figurado.
b) revelam preocupação com o estilo.
Texto 1:
c) constituem termos técnicos da área da comunicação.
d) remetem a um uso alheio.
e) são sinônimas entre si.

Texto: Cascas de barbatimão


Eu ia para Araxá, isto foi em 1936, ia fazer uma reportagem para um
jornal de Belo Horizonte. O trem parou numa estação, ficou parado muito
tempo, ninguém sabia por quê.
Saltei para andar um pouco lá fora. Fazia um mormaço chato. Vi uma
porção de cascas de árvores. Perguntei o que era aquilo, e me
responderam que eram cascas de barbatimão que estavam ali para
secar. Voltei para o meu assento no trem e ainda esperei parado algum
(Bill Watterson, A essência de Calvin e Haroldo) tempo. A certa altura peguei um lápis e escrevi no meu caderno: “Cascas
de barbatimão secando ao sol”.
Questão 01 Perguntei a algumas pessoas para que serviam aquelas cascas. Umas
As palavras: missa – padre – altar – santo pertencem a um mesmo não sabiam; outras disseram que era para curtir couro, e ainda outras
campo semântico. Indique a opção em que todas as palavras também explicaram que elas davam uma tinta avermelhada muito boa.
pertencem ao mesmo campo semântico: Como repórter, sempre tomei notas rápidas, mas nunca formulei uma
frase assim para abrir a matéria – “cascas de barbatimão secando ao
a) Pai – vida – votos – casos sol.” Não me lembro nunca de ter aproveitado esta frase. Ela não tem
b) Mandato – termos – expira – vida nada de especial, não é de Euclides da Cunha, meu Deus, nem de
c) Hora – nomeado – vida – mãe Machado de Assis. (...) Ela me surgiu ali, naquela estaçãozinha da Oeste
d) Mandato – votos – impugnação – constituição de Minas, não sei se era Divinópolis ou Formiga.
e) Hora – mandato – impugnação – constituição Um dia, quando eu for chamado a dar testemunho sobre a minha jornada
na face da terra, que poderei afirmar sobre os homens e as coisas do
Texto 2: A novela que todos amam detestar meu tempo? Talvez me ocorra apenas isto, no meio de tantas fatigadas
lembranças: “cascas de barbatimão secando ao sol”. (Rubem Braga,
Há uma espécie de campanha contra a novela das oito. A heroína é Recado de primavera)
chata, dizem. A malvada é ridícula, também dizem. A trama é cheia de
falhas e absurdos, afirmam. O incômodo talvez venha do fato de que Questão 05
Gilberto Braga se coloque numa posição excessivamente “autoral”, o que Afirma o cronista que, quando chamado a dar testemunho sobre os
deixa o espectador à mercê dos seus caprichos, sem o menor domínio homens e as coisas de seu tempo na terra, talvez lhe ocorra apenas esta
sobre a história. É como se ele se arrogasse liberdade demais para frase: “cascas de barbatimão secando ao sol”. Depreende-se do texto
manejar os elementos que compõem a trama – o perfil psicológico dos que essa frase ocorreria ao cronista porque ela
personagens, os ardis, os equívocos, as justificativas, as guinadas, os
erros de julgamento –, sem muita consideração ao que parece ser a) formula com objetividade a razão pela qual todas as coisas e seres
“razoável”. existem.
Cobra-se da ficção que ela vá ao encontro de uma série de expectativas b) explica o funcionamento simples dos fenômenos da natureza.
e que não exija muito da imaginação. Há uma preguiça, uma c) já lhe teria sido bastante útil, numa outra circunstância.
desconfiança e, por vezes, uma certa dificuldade de compreensão em d) sugere a dificuldade de explicar a razão de ser de muitas coisas da
relação à ficção que faz com que se estabeleça uma fronteira algo rígida vida.
entre aquilo que se permite ou não ao autor. e) expressa uma certa falta de finalidade da ciência e da tecnologia.
(Adaptado de Bia Abramo, Folha de S. Paulo)
Questão 06
Questão 02 Essa crônica constitui um texto narrativo. Isso significa que, na base da
É como se ele se arrogasse liberdade demais (...) construção textual, há, necessariamente,
A expressão acima indica que a autora do comentário manifesta uma a) uma visualização minuciosa de detalhes do cenário, como em “cascas
a) posição inequívoca a respeito do assunto. de barbatimão secando ao sol”.
b) interpretação do que o espectador estaria pensando. b) a explicitação de que há alguém anotando, em “peguei um lápis e
c) comparação entre a visão do espectador e a de Gilberto Braga. escrevi no meu caderno”.
d) dúvida proveniente do desenrolar da novela. c) um encadeamento temporal de ações, como em “ia”, “saltei, “vi”,
e) posição de Gilberto Braga sobre sua própria novela. “perguntei”.
d) a formulação de um tempo fantasioso, como em “quando eu for
Questão 03 chamado a dar testemunho”.
Cobra-se da ficção que ela vá ao encontro de uma série de e) o desenvolvimento de conceitos, como em “nada de especial” e
expectativas. “fatigadas lembranças”.
A expressão grifada pode ser substituída, sem que haja alteração de
sentido, por Questão 07
O provérbio “Devagar com o andor que o santo é de barro” diz
a) se apoie em respeito à cautela. Identifique o provérbio que diz respeito ao egoísmo.
b) se confronte com
c) contrarie a) Farinha pouca, meu pirão primeiro.
d) se distancie de b) A cavalo dado, não se olham os dentes.
e) corresponda a c) Devagar se vai ao longe.
d) Nem tudo o que reluz é ouro.
Questão 04 e) De grão em grão, a galinha enche o papo.
No texto, a utilização de aspas em "autoral" e "razoável" indica que
essas palavras

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Texto: Para o autor, o acatamento da incompatibilidade entre lazer e trabalho,
Tempos houve em que o cidadão que ligasse para alguma empresa ou dentro do modo de vida burguês, implica a
para uma repartição pública (públicas eram quase todas) com a a) autodisciplina repressiva.
finalidade de reclamar de algum serviço ou solicitar algum favor (com b) liberdade intelectual.
polidez) ouvia em 90% das vezes: “não posso fazer nada”. Para c) autogratificação do trabalho.
amenizar, às vezes o “nada” era “naaaaada”. Agora a pessoa que atende d) liberdade absoluta no descanso.
costuma dizer "vou estar fazendo isto, vou estar fazendo aquilo". Pois e) dignidade do ócio.
bem: quem era impolido no infinitivo hoje é polido no gerúndio.
(Adaptado de José Walter Rossi, discussão sobre "gerundismo" – Questão 13
Internet) O sentido da frase o trabalho é um prazer mesmo nos momentos de
esforço mais desesperado está preservado nesta outra redação:
Questão 08 a) ainda quando é um prazer, todo trabalho exige um esforço mais do
Na frase “quem era impolido no infinitivo hoje é polido no que desesperado.
gerúndio”, o autor faz uso da ironia, como ocorre em: b) não obstante traga algum prazer, o trabalho pode levar a um momento
de esforço mais desesperado.
a) Suporta-se com paciência a cólica do próximo. c) nem quando implica o mais desesperado esforço, o trabalho deixa de
b) A vida, se bem aproveitada, rende encantos inimagináveis. ser prazeroso.
c) Ser amado mas não ser ouvido por todos é seu grande drama. d) embora pareça prazeroso, o trabalho passa por momentos de
d) Dinheiro e negócios são indissociáveis na vida moderna. desesperado esforço.
e) Não se educa batendo ou xingando. e) é nos momentos de esforço mais desesperado que o trabalho sabe se
revelar um real prazer.
Questão 09
“Um momento, vou estar fazendo o seu pedido”. Texto:
“Vou estar passando o seu recado quando o Dr. José chegar". Medo e ceticismo
Nas frases acima, o emprego abusivo do gerúndio supõe uma ação que Diversos fatores têm conspirado para o dramático quadro da segurança
pública no Brasil, do qual o Rio de Janeiro é uma das faces mais visíveis
a) se prolonga indefinidamente no tempo. e chocantes. O acelerado processo de urbanização por que passou o
b) possui continuidade no passado. Brasil não tem mais encontrado na expansão da economia uma válvula
c) se sucede a uma outra no futuro. de escape. Num período alongado de baixo crescimento econômico, as
d) transcorre em um curto espaço de tempo. periferias e favelas aumentam sem que seus habitantes contem com
e) é simultânea a uma outra no presente. mecanismos básicos de inclusão social.
Diante dessa situação social calamitosa, amplificada pela violência
Texto: urbana, era de esperar que o poder público formulasse planos de ação
O Exame de curto, médio e longo prazos, contemplando os diversos aspectos do
A uma pergunta do médico, esclarece a mulher: problema. Não é o que se vê. A cada momento de pânico, o que vem à
– Dói meio um pouco bastante. cena são o oportunismo e a improvisação. São as promessas de
(Dalton Trevisan, Arara bêbada) sempre, as disputas políticas e os apelos salvacionistas por intervenções
federais.
Questão 10 Passada a crise, acaba-se voltando à rotina até que um novo surto de
violência ecloda e a indignação mais uma vez tenha lugar. Eis uma
A resposta da mulher não corresponde à expectativa criada pelo termo
dinâmica extremamente perigosa, que apenas fomenta o ceticismo e a
a) exame.
descrença da sociedade em relação às instituições e aos homens
b) pergunta.
públicos.
c) médico.
(Adaptado de Folha de S.Paulo)
d) esclarece.
e) mulher.
Questão 14
Texto: A consequência mais visível do círculo vicioso descrito no último
Horário parágrafo é
Poucas coisas diferenciam tão profundamente o modo de vida a) a fragilização do mercado de trabalho.
conveniente ao intelectual do modo de vida burguês quanto o fato de que b) o ceticismo em relação ao poder público.
o primeiro não reconhece a alternativa entre trabalho e divertimento. O c) o agravamento das desigualdades sociais.
trabalho não necessita primeiro infligir ao sujeito todo o mal que este d) a deterioração das condições de sociabilidade.
deverá mais tarde infligir a outros; o trabalho é um prazer mesmo nos e) a infiltração da violência no cotidiano.
momentos de esforço mais desesperado. O sentido de liberdade que ele
guarda é o mesmo que a sociedade burguesa reserva apenas às horas Questão 15
de descanso e que ela mesma retoma, por conta dessa Observe as representações a seguir:
compartimentação. Quem conhece a liberdade acha insuportável todo
divertimento tolerado por essa sociedade, e fora do seu trabalho – no
tempo em que se inclui tudo aquilo que os burgueses elegem como
“cultura para as horas de lazer” – recusa-se a se entregar a qualquer
prazer do tipo compensatório. Work while you work, play while you play
(*) – esta é uma das regras fundamentais da autodisciplina repressiva.
_____________
* Trabalhe enquanto trabalha, divirta-se enquanto se diverte.
(Theodor Adorno, Minima moralia)

Questão 11
A afirmação de que é preciso trabalhar e divertir-se em períodos bem
definidos evidencia
a) uma divisão de tempos e de atividades que o intelectual sabe
administrar melhor do que os outros trabalhadores.
b) como o modo de vida burguês opõe trabalho e divertimento, numa
relação em que o segundo compensa o primeiro.
c) uma alternativa entre dois tipos de liberdade que se oferecem à
escolha do trabalhador intelectual.
d) como o trabalho e o prazer tendem a se confundir, no modo de vida
burguês.
e) uma relação entre trabalho e prazer que se torna espontânea para o
trabalhador intelectual.

Questão 12

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e) ela pretende alertar o leitor, utilizando linguagem híbrida e
Tais imagens são motivadoras de um processo de compreensão que se humor (por meio dos homófonos “enxadas” e “inchadas”),
dá por uma associação que pode melhor ser definida pela seguinte sobre problemas sociais graves.
afirmação:
Não há vagas
a) Os símbolos (realidade visível) designam um elemento
representativo que está em lugar de algo (realidade invisível) O preço do feijão
que tanto pode ser um objeto como um conceito ou uma ideia. não cabe no poema. O preço
b) As imagens representam metonimicamente (parte pelo todo) do arroz
um ideal que deve ser exclusivamente nacional, sendo não cabe no poema.
reconhecido por apenas um meio cultural. Não cabem no poema o gás
c) Há a busca pela representação semiótica por meio dessas a luz o telefone
imagens, entretanto o fato de uma estar ligada ao a sonegação
nacionalismo restringe a compreensão da mesma. do leite
d) A estratégia de comunicação ocorre por meio de uma relação da carne
entre as cores e a simbologia a que se pretende representar. do açúcar
e) Os símbolos representam um objeto que não pode ser do pão.
mostrado devido ao seu tamanho ou magnitude.
O funcionário público
não cabe no poema
Questão 16 com seu salário de fome
Veja a tirinha: sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,


está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

Questão 17
Assinale a alternativa que contenha o comentário mais pertinente acerca
do mesmo:

a) O poema, impregnado de negativismo, dúvida e desilusão,


possui como principal característica a insatisfação do eu-
lírico com a sua individualidade. É possível, então, relacioná-
lo ao barroco brasileiro.
b) As tensões típicas de uma sociedade moderna estão
denunciadas no poema. Isso o faz ser um texto engajado e
por isso é possível relacioná-lo à produção da terceira
geração do romantismo.
c) Pode-se dizer que o texto transmite a intenção de crítica
social, entretanto há uma preocupação maior com a
estrutura do mesmo do que com a temática abordada,
fazendo-o ser próximo ao parnasianismo.
d) O eu-lírico rejeita a sua obra ao afirmar que o poema não
Para além de sua condição de eficiente estratégia persuasiva, fede nem cheira. Ele o faz com a intenção de menosprezar a
deve-se reconhecer também como função social da charge a sua temática retratada e valorizar a visão corrente sobre os
capacidade de mobilização. A esse respeito admitimos que: [...] a mecanismos sociais. Relaciona-se, portanto, ao realismo.
charge pretende não somente dissertar sobre um determinado e) A linguagem figurada e objetiva dá a entender que o eu-lírico
assunto, mas levar o seu receptor ao convencimento, objetivando está em confronto com a realidade social vigente. Essa é
inclusive uma mudança de consciência e de atitude. A charge se uma característica típica da segunda geração do
converte, por influência da instituição que a produz e dissemina, romantismo.
num verdadeiro discurso de convencimento. (MIANI, 2005, p. 33).
Questão 18
Pode-se dizer sobre a charge acima, lido o excerto sobre a função Sobre a estrutura do texto, é possível afirmar que:
social deste meio comunicacional, que:
a) O título, apesar da relação direta com a temática abordada,
a) ela pretende demonstrar, utilizando linguagem não-verbal, uma não é retomado durante todo o poema, e assim a coesão do
realidade que muitas vezes é ignorada pela sociedade. mesmo fica prejudicada.
b) ela pretende demonstrar, utilizando linguagem verbal e humor b) A ausência de rimas possui função expressiva. A leitura do
(por meio dos homógrafos “enxadas” e “inchadas”), uma texto fica mais truncada, e isso corrobora a intenção do
realidade que muitas vezes é ignorada pela sociedade. autor.
c) ela pretende persuadir o leitor, utilizando elementos verbais e c) A estratégia coesiva de manutenção temática por meio de
não-verbais, de uma realidade conhecida, porém ignorada por substantivos que pertencem fundamentalmente a um campo
todos. semântico único é a principal forma de estruturação do texto.
d) ela pretende alertar o leitor, utilizando linguagem híbrida e d) A repetição enfática da estrutura “cabe no poema” contribui
humor (por meio dos parônimos “enxadas” e “inchadas”), sobre diretamente para a progressão temática do texto e reafirma
um problema social grave. o sentido do título.
e) O funcionário público e o operário são, segundo o texto, o
oposto do homem sem estômago e da mulher de nuvens.

@clubedeaprendizagem_
Só se conformemos quando o Joca falou:
Questão 19 "Deus dá o frio conforme o cobertor"
Sobre a função de linguagem predominante no texto, é correto dizer que: E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim
E prá esquecê nóis cantemos assim:
a) há predomínio da função poética, principalmente no trecho Saudosa maloca, maloca querida,
“O funcionário público/não cabe no poema.” Que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida
b) há predomínio da função emotiva, já que as impressões do Adoniran Barbosa (http://letras.terra.com.br/adoniran-barbosa/43969/)
eu-lírico acerca da realidade estão presentes no texto.
c) há predomínio da função metalinguística, portanto o texto Questão 21
pode ser chamado de metapoema.
A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes.
d) há predomínio da função referencial, isso é confirmado pela
Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme.
apresentação, quase jornalística, do que cabe e do que não
Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes
cabe no poema.
variedades de uma só forma da língua. O texto acima apresenta um tipo
e) há predomínio da função conativa, já que a intenção do texto
de variação linguística chamada de:
é denunciar certa realidade ao interlocutor.
a) Variação diafásica, relacionada aos diferentes momentos de
Questão 20 comunicação e aos fatores de natureza pragmática e
O texto a seguir pertence ao livro Infância (1945), de Graciliano Ramos. discursiva, principalmente em função do contexto.
b) Variação diastrática, uma variedade linguística partilhada por
Leia-o e assinale a alternativa correta sobre ele. um grupo social que o demarca em relação a outros.
O ponto de reunião e fuxicos era a sala de jantar, que, por duas portas, c) Variação diacrônica, relacionada aos equívocos linguísticos
em épocas diferentes.
olhava o alpendre e a cozinha. Como falavam muito alto, as pessoas se d) Variação de idioleto, relacionada com o modo estilizado de se
entendiam facilmente de uma peça para outra. Nos feixes de lenha comunicar.
e) Variação sintática, marcada pelos erros de produção do
arrumados junto ao fogão, na prensa de farinha, nos bancos duros que falante.
ladeavam a mesa, a gente se sentava e ouvia as emboanças do criado,
Questão 22
um caboclo besta e palrador. Rosenda lavadeira cachimbava e Ainda sobre a linguagem do texto, não é possível afirmar que:
engomava roupa numa tábua. (…) Vivíamos todos em grande mistura —
a) A linguagem enquanto meio de comunicação supera e iguala
e a sala de visitas era inútil, com as cadeiras pretas desocupadas, uma as diferenças entre o coloquial e o culto, na medida em que
litografia de S. João Batista e uma do inferno, o pequeno espelho de cumpre o seu papel: comunicar.
b) É a linguagem de identificação de um tipo social e transmite a
cristal que Amâncio, afilhado de meu pai, trouxera do Rio ao deixar o imagem de um indivíduo simples.
exército no posto de sargento. c) Não se trata de uma forma a ser ensinada, mas não deve ser
ignorada, pois é falada no Brasil.
d) Do ponto de vista da comunicação, é tão válida quanto à forma
A) No trecho, o narrador estabelece uma relação contrastante entre dois culta.
e) É uma linguagem incorreta que trunca a comunicação, e o
espaços domésticos distintos. autor só utilizou a mesma por se tratar de uma música popular.
B) Ao afirmar que a sala de jantar “olhava o alpendre e a cozinha”, o
narrador cria uma metáfora da vigilância opressiva e autoritária sobre
Questão 23
empregados. Leia a tira:
C) A inutilidade atribuída à sala de visitas se explica pela condição de
comunhão em que vive a família do narrador e todos que viviam na casa.
D) O narrador se coloca em uma postura objetiva, estabelecendo um
distanciamento em relação ao espaço retratado.
E) A separação nítida entre espaços de patrões e de empregados
funciona como evidência e denúncia do elitismo característico da família
patriarcal nordestina.
Malvados (www.malvados.com.br)

Saudosa Maloca A tira faz uma crítica sobre uma das consequências das novas
tecnologias de informação. A principal crítica recai sobre:
Si o senhor não está lembrado
Dá licença de contá a) a possibilidade do anonimato na internet.
Que aqui onde agora está b) a precariedade de informações acerca da fonte real de
Esse edifício alto determinado conteúdo.
Era uma casa velha c) a possibilidade de apropriação da produção intelectual de
Um palacete abandonado autoria alheia.
Foi aqui seu moço d) o uso indevido da internet para propagar conteúdo falso e
Que eu, Mato Grosso e o Joca desinteressante.
Construímos nossa maloca e) a possibilidade de aprendizado de determinada linguagem em
Mais, um dia contexto digital.
Nem quero me lembrar
Veio os homens cas ferramentas Texto:
O dono mandô derrubá
Peguemo tudo a nossas coisas Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas
E fumos pro meio da rua voam faíscas e lascas como aços espalhados.
Apreciar a demolição Ah que medo de começar e ainda nem sequer sei o nome da
Que tristeza que eu sentia moça. Sem falar que a história me desespera por ser simples demais. O
Cada táuba que caía que me proponho contar parece fácil e à mão de todos. Mas a sua
Duia no coração elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase
Mato Grosso quis gritá apagado e que mal vejo. Com mãos de dedos duros enlameados apalpar
Mas em cima eu falei: o invisível na própria lama. (Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de
Os homis tá cá razão Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 25.)
Nós arranja outro lugar
@clubedeaprendizagem_
ou não quisesse, lá estava pronta, livre de desejos, tranqüila, para o
rápido amor dos brutos. Malícia nenhuma.
Questão 24
No trecho do romance A hora da Estrela, de Clarice Lispector, (Graciliano Ramos – Angústia)
apresenta-se uma concepção do fazer literário, segundo a qual a
literatura é Observando a caracterização de Trajano e Sinha Germana no trecho
acima, podemos afirmar que Graciliano Ramos só não denuncia:
a) uma forma de resolver os problemas sociais abordados pelo
escritor ao escrever suas histórias. a) o respeito das massas à figura do coronel;
b) uma forma de, pelo trabalho do escritor, tornar sensível o que b) a dicotomia entre a entrega ao amor romântico e a traição em
não está claramente disponível na realidade. seu mais alto teor naturalista;
c) um dom do escritor, que, de forma espontânea e fácil, alcança o c) a submissão da mulher aos mandos do marido-senhor;
indizível e o mistério graças a sua genialidade. d) o autoritarismo nas políticas familiares do início do século;
d) o resultado do trabalho árduo do escritor, que transforma e) a frigidez dos relacionamentos sexuais dos casamentos
histórias complexas em textos simples e interessantes. arranjados.
e) um modo mágico de expressão, por meio do qual se de
abandona a realidade histórica em favor da pura beleza estética Questão 28
graças à sensibilidade do escritor.
Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa
Questão 25 significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de
Ao escolher a protagonista de sua obra, a narradora parece deparar-se saudação de John (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os
com dificuldades para construí-la, devido a ser sua vida “simples oxímoros.
demais”. A poetização do segmento social a que ela pertence constitui
traço marcante

a) do Romantismo, tendo em vista o apreço que mantinha com


personagens femininos singelos e indefesos.
b) do Arcadismo, no qual se valoriza a vida humilde e medíocre no
campo.
c) do Realismo, dado o profundo apego à realidade do país, no
qual predominam personagens de classe média.
d) do Modernismo, porque tratou de abrir o espaço literário aos
mais humildes, rompendo estigmas literários.
e) do Barroco, que explorou a complexidade espiritual,
desconsiderando a posição social do sujeito lírico.

Questão 26

Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O


operário em construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:

a) Era ele que erguia casas


A tela acima retrata a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em Onde antes só havia chão.
1808. Sob a perspectiva visual da obra, o Geoffrey Hunt

a) não insere o elemento nativo, o brasileiro, dada sua b) A casa que ele fazia
inferioridade ante o europeu.
b) assume o ponto de vista daqueles que, em terra, Sendo a sua liberdade
contemplaram a chegada. Era a sua escravidão.
c) destaca a posição privilegiada do português que ocupa terra
alheia.
d) deixa implícito o repúdio dos brasileiros devido à chegada c) Naquela casa vazia
repentina das naus.
e) sugere a importância de manter o apego a pátria, ainda que Que ele mesmo levantara
sob influência externa. Um mundo novo nascia
Questão 27 De que sequer suspeitava.
Durante o dia passava muitas vezes pela porta de Marina,
desejando reconciliar-me com ela. Faltava-me coragem, a vergonha
baixava-me o rosto, esquentava-me as orelhas. d) O operário faz a coisa
Que me importava que Marina fosse de outro? As mulheres não E a coisa faz o operário.
são de ninguém, não têm dono. Sinha Germana fora de Trajano Pereira
de Aquino Cavalcante e Silva, só dele, mas há que tempo! Trajano
possuíra escravos, prendera cabras no tronco. E os cangaceiros, vendo- e) Ele, um humilde operário
o, varriam o chão com a aba do chapéu de couro.
Tudo agora diferente. Sinha Germana nunca havia trastejado: ali no Um operário que sabia
duro, as costas calejando a esfregar-se no couro cru do leito de Trajano. Exercer a profissão.
- "Sinha Germana!" E Sinha Germana, doente ou com saúde, quisesse
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2. B
Texto: 3. E
Transforma-se o amador na cousa amada, 4. D
por virtude do muito imaginar; 5. D
não tenho, logo, mais que desejar, 6. C
pois em mim tenho a parte desejada. 7. A
8. A
Se nela está minh’alma transformada, 9. A
que mais deseja o corpo de alcançar? 10. D
Em si somente pode descansar, 11. B
pois consigo tal alma está liada. 12. A
13. C
Mas esta linda e pura semideia, 14. B
que, como um acidente em seu sujeito, 15. A
assi co a alma minha se conforma, 16. E
17. B
está no pensamento como ideia: 18. D
e o vivo e puro amor de que sou feito, 19. C
como a matéria simples busca a forma. 20. C
21. B
Camões, ed. A.J. da Costa Pimpão 22. E
23. C
Questão 29 24. B

O estudo sintaxe é muitas vezes permeado de detalhes no que tange à 25. D

análise dos elementos que constituem uma oração. Sob esse prisma, ao 26. B

observar o verso: “não tenho, logo, mais que desejar”, podemos 27. B

entender que o eu lírico extrai uma conclusão. A mesma intenção 28. B

conclusiva pode ser evidenciada no período 29. C


30. E

a) Não se lembrou de ter um retrato do menino. E logo o retrato que


tanto desejara.
b) Acendia, tão logo anoitecia, um candeeiro de querosene.
c) É um ser humano, logo merece nosso respeito.
d) E era logo ele que chegava a esta conclusão.
e) Adoeceu, e logo naquele mês, quando estava cheio de
compromissos.

Questão 30
A partir da leitura do poema, podemos inferir do primeiro terceto que

a) apresentar uma síntese das ideias contidas nos quartetos, que


funcionam como tese e antítese.
b) opor à satisfação expressa nos quartetos a insatisfação trazida por
uma ideia incompleta e pelo conformismo.
c) substituir o conectivo e, assumindo valor aditivo, já que não há
oposição entre os quartetos e os tercetos.
d) iniciar um pensamento conclusivo, podendo ser substituí- do pelo
conectivo portanto.
e) introduzir uma ressalva em relação às ideias que foram expressas nos
quartetos.

GABARITO
1. D

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