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Direito Penal

Prof.ª Walkyria Carvalho


Conteúdo Programático

• Conceito, Divisões e Funções do Direito Penal


• Fontes da Lei Penal
• Interpretação do Direito Penal e Analogia no Direito Penal
• Princípios do Direito Penal

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Estatística dos assuntos mais cobrados
de Direito Penal – Regra Geral

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Estatística dos assuntos mais cobrados de
Direito Penal – banca FGV

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Direito Penal – conceito, divisões e
funções.
O Direito Penal é um ramo do direito público, suas normas são
indisponíveis, impostas e dirigidas a todas as pessoas.

Conceito: O Direito Penal é o conjunto de normas (regras: rígidas,


fechadas; e princípios: abertos, admitem flexibilização) destinadas a
combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de
uma sanção penal que poderá ser uma pena (1ª via do Direito Penal)
ou uma medida de segurança (2ª via do Direito Penal).
Divisões do Direito Penal
1. Direito Penal Fundamental (Primário) x Direito Penal Complementar (Secundário)
DIREITO PENAL FUNDAMENTAL OU PRIMÁRIO DIREITO PENAL COMPLEMENTAR OU SECUNDÁRIO
É o Código Penal, porque nele se encontram as regras São as leis penais especiais, a exemplo da lei de drogas, lei
básicas/gerais de direito penal. É, basicamente, a parte de lavagem de capitais
geral do CP. Contudo, algumas normas da parte especial
estão incluídas, a exemplo do conceito de funcionário
público.

2. Direito Penal Geral x Direito Penal Especial


Direito Penal – Parte Geral Direito Penal – Parte Especial
É aquele aplicável a todas as pessoas É a parte do Direito Penal que visa à
indistintamente, com os princípios e as tipificação dos crimes. A previsão dos tipos
normas de conceito, classificação. penais se encontra no Código Penal, a partir
do Art. 121, e nas leis esparsas.
• Funções:

FUNÇÃO MEDIATA FUNÇÃO IMEDIATA


Controle Social e Limitação do Poder de Punir do Proteção de bens jurídicos indispensáveis à
Estado convivência dos homens, valendo-se das medidas de
políticas criminais;
Assegurar o ordenamento jurídico, ou seja, a vigência
da norma.
Funções do Direito Penal - Masson

Proteção dos Bens Jurídicos

Instrumento de Controle Social

Garantia

Função Ético-social

Função Simbólica

Função Motivadora

Função Redutora

Função Promocional
Fontes da Lei Penal

• As Fontes das ciências são a indicação da sua origem, bem como da sua
aplicabilidade. São as Fontes que geram o conhecimento inserido no
contexto da ciência.

• No caso de Direito Penal, existem fontes que o originam (Fontes de


Produção) e fontes que indicam sua aplicabilidade (Fontes Cognitivas).
Fontes Materiais, Substanciais ou de
Produção
A fonte de produção, também chamada substancial, refere-se à gênese da norma
penal, com respeito ao órgão encarregado de sua elaboração. Fonte de produção é o
Estado, órgão criador do Direito Penal. No Brasil, diz a Constituição Federal, em seu
art. 22, I, que compete à União legislar sobre Direito Penal.

As fontes formais se dividem em:

a) fonte formal imediata; e


b) fontes formais mediatas.

A fonte formal imediata é a lei, em sentido genérico. As fontes formais mediatas são
os costumes e os princípios gerais do direito.
Lei Penal
• A lei é a única fonte imediata de conhecimento. Como diz Mezger, só
a lei abre as portas da prisão.

• A norma penal obedece a peculiar técnica legislativa. O legislador não


diz expressamente que matar é crime, que é proibido matar, e sim
que a ocisão da vida de uma pessoa por outra enseja a aplicação de
determinada pena. Assim, o preceito imperativo que deve ser
obedecido não se contém de maneira expressa na norma penal. A
sanção e o comportamento humano ilícito é que são expressos.
(Damásio de Jesus)
Classificação das Normas Penais
As normas penais se classificam da seguinte forma:

1) Normas Penais Incriminadoras;


2) Normas Penais Permissivas;
3) Normas Penais Finais, complementares ou explicativas.
Normas Penais Incriminadoras Normas Penais Permissivas Normas Penais Finais

Normas penais incriminadoras Normas penais permissivas são Normas penais complementares
são as que descrevem condutas as que determinam a licitude ou ou explicativas são as que
puníveis e impõem as respectivas a impunidade de certas esclarecem o conteúdo das
sanções. Ex.: arts. 121, caput; condutas, embora estas sejam outras, ou delimitam o âmbito de
155, caput; 172; 213 etc. típicas em face das normas sua aplicação. Ex.: normas dos
incriminadoras. Ex.: normas dos arts. 4º; 5º; 7º ; 10 a 12; 33; 327
arts. 20 a 27; 28, § 1º ; 128; 140, etc.
§ 1º; 142; 150, § 3º; 156, § 2º;
181 etc.
Normas Penais Incriminadoras
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Normas Penais Permissivas
Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:


I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Normas Penais Finais, explicativas
Tempo do crime

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.

Territorialidade

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Fontes Formais Mediatas
1. Costumes: O costume consiste no conjunto de normas de
comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e
constante pela convicção de sua obrigatoriedade.

O costume possui dois elementos:

1) elemento objetivo: a constância e uniformidade da prática de


determinados atos;
2) elemento subjetivo: o convencimento geral da necessidade jurídica
da conduta repetida (opinio juris et necessitatis).
• Classificação dos costumes:
Contra legem Secundum legem Praeter legem
Pode caracterizar o desuso da Regras sobre a uniforme É o costume que supre uma
norma, mas jamais será interpretação e aplicação da lacuna na lei. Só pode ser
suficiente para revogar a lei. lei. Auxiliam a lei na usado nas normas não-
interpretação. Ex.: Ato incriminadoras. Ex.:
Obsceno. Circuncisão
• 2. Princípios Gerais do Direito

• 3. Tratados Internacionais

• 4. Jurisprudência

• 5. Doutrina
Interpretação da Lei Penal
• Interpretar é inter pretare, que deriva de inter press, corretor,
intermediário, mediador. Intérprete é o mediador entre o texto da lei
e a realidade.

• A interpretação consiste em extrair o significado e a extensão da


norma em relação à realidade. é uma operação lógico-jurídica que se
dirige a descobrir a vontade da lei, em função de todo o ordenamento
jurídico e das normas superiores de cultura, a fim de aplicá-las aos
casos concretos da vida real. (Damásio de Jesus)
Formas de Interpretação
1. Quanto ao sujeito que faz 2. Quanto aos meios empregados 3. Quanto ao resultado
A interpretação se divide A interpretação se divide em: a) Declarativa - quando a eventual
em: dúvida se resolve pela
a) Gramatical, literal ou sintática - correspondência entre a letra e a
a) Autêntica - procede do Trata-se do ponto de partida vontade da lei, sem conferir à
próprio órgão de que necessário para a atuação do fórmula um sentido mais amplo ou
emana. é a interpretação intérprete, pois é da linguagem mais estrito;
que parte do próprio que se vale o texto legal; b) Restritiva - diz mais do que desejava
sujeito que elaborou o b) Lógica ou teleológica - é a que dizer. Surge, então, a interpretação
preceito interpretado; consiste na indagação da vontade restritiva, que restringe o alcance
b) Doutrinária - feita pelos ou intenção objetivada na lei . Na das palavras da lei até o seu sentido
escritores de direito, em maioria dos casos, a simples real.
seus comentários às leis; perquirição gramatical não é c) Extensiva - quando o caso requer
c) Judicial - é a que deriva suficiente para exteriorizar a seja ampliado o alcance das palavras
dos órgãos judiciários extensão e compreensão da da lei para que a letra corresponda à
(juízes e tribunais). norma. vontade do texto. Ex: Art. 130
(exposição doença venérea)
Uso da Analogia
• Uso da Analogia x Interpretação Analógica

• Não pode a analogia criar figura delitiva não prevista expressamente,


ou pena que o legislador não haja determinado. Contra ela vige a
regra de reserva legal em relação aos preceitos primário e secundário
das normas definidoras de condutas puníveis. O juiz criminal não
pode lançar mão do suplemento analógico para admitir infração que
não esteja expressamente definida.
• Analogia in bonan partem

• Analogia in malam partem


Lacunas da lei

• Integração da Norma Penal:


• A integração só pode ocorrer em relação às normas penais não incriminadoras,
porque, em relação às que descrevem crimes e impõem sanções, vigora o
princípio da legalidade.
• Conclui-se que a analogia, o costume e os princípios gerais de direito não
podem criar condutas puníveis nem impor penas: nesse campo, a norma penal
não possui lacunas.
• Daí por que dizia José Frederico Marques que onde o art. 4º encontra aplicação
plena e cabal é em relação aos casos de licitude excepcional e de isenção de
culpabilidade. As omissões do legislador, nesse terreno, autorizam o juiz a
cobrir as falhas da lei com os processos de integração jurídica
Princípios do Direito Penal
• Proteção ao bem jurídico em todas as áreas do Direito
• Principiologia jurídica
• Análise de comparação dos bens juridicamente protegidos pela
lei penal:

• Ex: Vida x Patrimônio


• Ex: Vida x Vida
• Ex: Ser humano x animal

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• A lei comporta diretrizes para a escola do bem jurídico a ser
protegido com preponderância.
• São aferidos nessa balança:
• 1. A importância do bem jurídico para as partes;
• 2. A necessidade sobre o bem jurídico;
• 3. O valor do bem jurídico;
• 4. O contexto social das partes;
• 5. O Iter Criminis.

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O que é um Princípio?
• Princípios são alicerces que orientam a elaboração e a aplicação das normas.

• Núcleo essencial da matéria penal, criando os limites para atuação do


Estado.

• Regis Prado: “são os pilares sobre os quais se assentam as instituições


jurídico-penais: penas, medidas de segurança, delitos, contravenções (...)”

• Ao aplicar uma norma, não basta ler a lei seca. Ao utilizar uma determinada
regra, deve-se ter os princípios em mente, para evitar interpretações que não
estejam de acordo com sua razão de ser.

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•PRINCÍPIO É NORMA?

•EXISTE HIERARQUIA ENTRE


OS PRINCÍPIOS?
Dos princípios do Direito Penal em
espécie
• Princípio da Subsidiariedade*
• Princípio da Legalidade Penal
• Princípio da Fragmentariedade*
• Princípio da Pessoalidade ou da Intranscendência da Pena
• Princípio da Ofensividade (Nullum Crimen sine Iniuria)*
• Princípio da Adequação Social
• Princípio da Humanidade
• Princípio da Proporcionalidade
• * (Intervenção Mínima)
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Dos princípios do Direito Penal em
espécie

• Princípio da Insignificância
• Princípio da Culpabilidade
• Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos
• Princípio da Intervenção Mínima
• Princípio da Materialização ou Exteriorização do Fato
• Princípio da Individualização da Pena

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Princípio da Subsidiariedade
• O Direito Penal deve ser referenciado em último caso (a chamada ultima
ratio), pois suas sanções são as mais pesadas, e só devem ser utilizadas
se não houver alternativa.

• Ex.: Colisão de trânsito e Crime de dano

• O Direito provê diversas formas de controle social capazes de coagir o


indivíduo, não apenas as sanções penais. Ex.: multa de inadimplemento,
multa de trânsito, desconto em folha de pagamento da pensão
alimentícia etc.

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Princípio da Legalidade Penal
• Constituição Federal Art. 5º XXXIX – Não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

• Previsto tanto na Constituição quanto no Código Penal, tem como


principal objetivo limitar o poder do estado. A premissa é básica: para
que o Estado defina crimes e comine penas, deve editar uma lei, a ser
aprovada pelo Congresso.

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“Nullum crimen, nulla poena, sine praevia lege”

Não pode haver crime, nem pena que não


resultem de uma lei prévia, escrita, estrita e certa!

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Fundamentos
1. Proibição do arbítrio do Estado no uso da pena;

2. A criação dos tipos penais deve ser atribuída a um dos Poderes do


Estado;

3. Através de uma lei previamente concebida, o efeito repressor da ideia


de uma pena surte maior efeito.
• O Princípio da Legalidade é importante pois existem outros atos
normativos que podem ser editados pelo Governo.

• Ex: um Presidente da República pode editar uma Medida Provisória, ato


normativo que não é lei, mas que tem força de lei. No entanto, não pode
criar crime através de MP.

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• Apenas a lei em sentido estrito, aprovada pelo Congresso Nacional, pode ser
utilizada para tal finalidade (criar crimes e cominar penas).

• Lei em sentido estrito:


• Lei Ordinária
• Lei Complementar

• Como consequência da restrição da criação de crimes a apenas estas espécies


de lei, o princípio da legalidade também é chamado de princípio da legalidade
estrita ou da reserva legal.

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PODEM CRIAR CRIMES E COMINAR PENAS NÃO PODEM CRIAR CRIMES E COMINAR PENAS
Leis Ordinárias Medidas Provisórias
Leis Complementares Decretos
Resoluções
Leis Delegadas
Costumes

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Desdobramentos do Princípio da
Legalidade
• Por força do princípio da legalidade, é vedada a utilização de analogias que
prejudiquem o réu (as chamadas analogias in malam partem).

• Exemplos:
• Aborto necessário
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
• Omissão de notificação de doença
Art. 269. Deixar o MÉDICO de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória.
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Consequências do Princípio da
Legalidade
• a) Não há crime sem lei anterior. Consequência -> princípio da
anterioridade (para a criação de crimes e cominação de penas existe LEI
ANTERIOR, vedando-se a existência de retroatividade em prejuízo do
acusado).

• b) Não há crime sem lei ESCRITA. Traduz-se na EXCLUSÃO da


possibilidade de que os COSTUMES (na figura do chamado direito
consuetudinário) sejam base para a criminalização de condutas.

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• c) Não há crime sem lei CERTA. Trata-se do princípio da
taxatividade ou determinação, que veda a criação de tipos
penais obscuros ou vagos. Tipos penais devem ser CLAROS e
não deixar margem de dúvidas.

• d) Não há crime sem lei NECESSÁRIA. Por fim, verificamos uma


influência do chamado princípio da intervenção mínima no
próprio princípio da legalidade: Quando se fala em direito
penal, não se admite a criação de tipos penais desnecessários.

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Princípio da Fragmentariedade
• Não é razoável que o Estado utilize o Direito Penal para tutelar
qualquer bem jurídico. Apenas os bens mais relevantes para a
sociedade devem ser protegidos pela norma penal.

• O foco do princípio da fragmentariedade está no fato praticado


e nos bens protegidos; o foco do princípio da subsidiariedade
está na norma utilizada e no tipo de sanção aplicado.

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Princípio da Pessoalidade ou da
Intranscendência da Pena
• CF Art. 5º XLV – Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido.

• SOMENTE O AUTOR DO FATO É RESPONSÁVEL PELO TIPO PENAL PRATICADO.

• Se o autor de um fato for condenado ao perdimento de bens ou a reparar o


dano e vier a falecer antes da execução da sentença, ela poderá ser executada
contra os herdeiros, até o limite da herança recebida

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Princípio da Ofensividade
(Nullum Crimen sine Iniuria)

• “Não há crime sem ofensa ao bem jurídico.”


• O princípio da ofensividade também pode ser chamado de princípio da
lesividade. Basicamente, determina que apenas condutas que causem
dano ou pelo menos perigo de dano podem ser consideradas ilícitas pelo
Direito Penal!
• Ex: Ninguém pode responder criminalmente por causar lesões corporais a
si próprio (autolesão).
• Obs: Fraude contra seguradoras

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Princípio da Adequação Social
• Condutas socialmente aceitas e adequadas não podem ser
criminalizadas. Está é a premissa do chamado princípio da adequação
social.

• Ex: lesões de UFC.

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Princípio da Humanidade
• “É por força do princípio da humanidade que qualquer pena que
desconsidere o homem como pessoa está proscrita” (Rogério Greco –
Direito Penal).

• O princípio da humanidade garante que os infratores da lei não sejam


submetidos a penas cruéis ou degradantes, o que causaria o desrespeito à
dignidade da pessoa humana.

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• A Constituição Federal, em seu Art. 5º, XLVII, proíbe penas:

• de morte, salvo em caso de guerra declarada;


• de caráter perpétuo;
• de trabalhos forçados;
• de banimento;
• cruéis.

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Princípio da Proporcionalidade
• Não basta aplicar a lei ao caso concreto para que se atue com
justiça. É necessário comparar a lesão causada pelo crime
praticado e a gravidade da sanção, para se garantir que a
medida imposta ao autor é adequada.

• Trata-se, portanto, de um juízo de ponderação sobre a relação


existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo
(gravidade do fato) e o bem deque pode alguém ser privado
(gravidade da pena).

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• Avaliem:

• Pena de 5 anos de reclusão por furto de alimentos;


• Pena de 10 anos de reclusão por furto de coisa de pequeno
valor;

• Obs: Dolo eventual em direção mediante embriaguez.

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Princípio da Insignificância (!!)
• “Segundo o princípio da insignificância, que se revela por
inteiro por sua própria denominação, o direito penal, por sua
natureza fragmentária, só vai aonde seja necessário para a
proteção do bem jurídico. Não deve ocupar-se de bagatelas”.
Autores: Rogério Greco/Assis Toledo

• Mas o que é insignificância?

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CRIME

TIPICIDADE CULPABILIDADE

ANTIJURIDICIDADE

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O princípio da insignificância tem o poder
de excluir o próprio crime, atuando sobre
o primeiro elemento deste: o fato típico.

• Furto Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel […]
• Subtrair um shampoo é crime.

• Adequação entre o tipo penal e a conduta praticada é o que chamamos de


tipicidade formal. O comportamento do autor é compatível com o que está
escrito na norma penal.
• A tipicidade material, por sua vez, é a avaliação do desvalor da conduta e do
prejuízo causado. Ou seja: só existe tipicidade material se o ato praticado
produzir um prejuízo RELEVANTE.

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Jurisprudência sobre aplicação
do Princípio da Insignificância
• Crime Ambiental: Aplicável;
• Ato infracional: Aplicável;
• Furto de celular: Aplicável;
• Lei Maria da Penha (Violência doméstica): Não aplicável;
• Moeda Falsa: Não aplicável;
• Porte de Drogas: Não aplicável;
• Furto em unidade penitenciária: Não aplicável;
• Furto qualificado: Não aplicável;
• Descaminho: Aplicável até R$ 20.000,00 (STF & STJ).
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Para o STF, são requisitos para o
Princípio da Insignificância:
• 1) Mínima ofensividade da conduta;
• 2) Ausência de periculosidade social da ação;
• 3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
• 4) Inexpressividade da lesão jurídica.

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Súmula n. 599/STJ

O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes


contra a Administração Pública.

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• Para Rogério Greco, Culpabilidade diz respeito ao juízo de censura, ao juízo
de reprovabilidade que se faz sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo
agente. Reprovável ou censurável é aquela conduta levada a efeito pelo
agente que, nas condições em que se encontrava, podia agir de
outro modo.

• A culpabilidade está relacionada ao conceito do chamado “homem médio”,


que nada mais é do que o se espera que um homem comum faria diante de
determinada situação. Entende-se dessa forma, que há um
comportamento normal a ser esperado de uma pessoa. Uma das
consequências desse princípio é a vedação à chamada responsabilidade
penal objetiva.

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Responsabilidade Objetiva Responsabilidade Subjetiva
• Responsabilidade originária de • Responsabilidade que
uma prática de ato ilícito ou depende de análise de dolo ou
violação de direito. Para se culpa para a sua aplicação,
provar, não precisa avaliar sendo o dolo a vontade do
dolo ou culpa na prática do agente e a culpa uma das suas
fato. modalidades (negligência,
imprudência e imperícia).

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Princípio da Exclusiva Proteção dos
Bens Jurídicos
• A norma penal deve ser criada apenas para tutelar bens
jurídicos cuja relevância mereça a proteção que o Direito Penal
oferece.
• É vedada a “proibição pela proibição”, ou a criminalização
como “instrumento de mera obediência”, como nos ensina
Rogério Sanches em seu Manual de Direito Penal.

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Princípio da Intervenção Mínima
• Aplicação do Direito Penal apenas quando estritamente necessário:
a doutrina entende que os casos de estrita necessidade são aqueles em
que outras esferas do direito fracassaram no controle social
(subsidiariedade) e nos quais a lesão é relevante o suficiente para
ensejar a utilização do Direito Penal (fragmentariedade).

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Princípio da Materialização ou
Exteriorização do Fato
• O Estado só pode criminalizar condutas, humanas e
voluntárias, e não condições externas ou estados existenciais.

• A exteriorização do fato é utilizada para demonstrar a adoção


da teoria do Direito Penal do Fato em nosso país, em
detrimento do chamado Direito Penal do Autor, no qual o
indivíduo é punido em razão de seus pensamentos ou no seu
estilo de vida, e não por seus atos.

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Princípio da Individualização da Pena
• Por fim, temos o princípio da individualização da pena, previsto no art. 5º, XLVI,
da Constituição Federal:

• XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,


as seguintes:
• a) privação ou restrição da liberdade;
• b) perda de bens;
• c) multa;
• d) prestação social alternativa;
• e) suspensão ou interdição de direitos;

• Trata-se de princípio que cuida de que cada cidadão terá uma avaliação
individualizada sobre o fato criminoso praticado.
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Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o


próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.


Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

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