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CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI N.º 4.046, DE 2020


(Do Sr. Paulo Ramos)

Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)


para acrescentar meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática para causar dano à honra ou imagem como
agravante de pena.

DESPACHO:
APENSE-SE À(AO) PL-215/2015.

APRECIAÇÃO:
Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário

PUBLICAÇÃO INICIAL
Art. 137, caput - RICD

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PROJETO DE LEI Nº DE 2020


(Do Sr. Paulo Ramos)

Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 (Código Penal) para
acrescentar meio de comunicação de massa
ou sistema de informática ou telemática para
causar dano à honra ou imagem como
agravante de pena.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)


passa a vigorar com a nova redação ao inciso III do Art. 141 e acrescido do novo § 3º :

“Art.141 ........................................................................................................:
....................................................................................................................
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria, observado o disposto no § 3º.
....................................................................................................................
§ 3º Se o crime é cometido com o uso da rede mundial de computadores,
sistema de informação ou telemática que facilite o compartilhamento de
conteúdo calunioso, injurioso ou difamatório, aplica-se a pena em dobro.”
(NR).

Art. 2º Esta lei entra em vigor imediatamente após a data da sua publicação.

JUSTIFICATIVA

Este Projeto de Lei visa acrescentar ao Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848,


de 7 de dezembro de 1940), como circunstância que agrava a pena, o uso da internet
para aumento do dano à honra ou da vítima. Objetiva-se, com isto, penalizar a
disseminação de informação caluniosa, difamatória ou injuriosa, ou ainda uma
informação real desprovida do devido contexto, que resulte em prejuízo à honra de outra
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pessoa. Diminuindo o alcance da informação criminosa e os eventuais prejuízos que


dela ocorram.
O potencial de dano à honra, com o uso da Internet, alcança proporções
catastróficas. Desde 2019, o Congresso Nacional, por meio da “CPMI das Fake News”,
identificou variadas práticas sistemáticas de ataques à honra por meio da internet. O
motor propagação das notícias falsas é a falta de hábito do brasileiro de avaliar a
veracidade da informação antes de compartilhar.
Um caso notório da gravidade do compartilhamento de notícias caluniosas,
difamatórias e injuriosas pela internet foi o linchamento da dona de casa Fabiane Maria
de Jesus, em 3 de maio de 2014, em Guarujá (SP). Dias antes, um boato circulou em
redes sociais, afirmando que Fabiane sequestrava crianças para usar em rituais de
magia negra.
O Código Penal define como crimes contra a honra a calúnia, difamação e
a injúria, nos artigos 138, 139 e 140, respectivamente. Apesar do Código penal ter
dispositivos que já criminalização o ato de faltar com a verdade, ofender a reputação de
terceiro ou atribuir a alguém qualidade negativa não há dispositivo ligando esses atos
as mesmas condutas quando praticadas por meio de comunicação de massa ou sistema
de informática ou telemática.
A introdução do novo dispositivo proposto ao Código Penal visa abranger os
casos em que a criação ou compartilhamento de conteúdo danoso à honra seja feito de
forma intencional ou quando o autor do crime assume o risco de fazê-lo sabendo do
potencial aumento do dano.
Não se trata de punir todo e qualquer compartilhamento feito de forma
impensada, mas sim a criação e compartilhamento de conteúdo danoso que esteja
associado a um crime contra a honra protegidos pela legislação penal.
Portanto, com o intuito de aprimorar o Código Penal e agravar penas por
publicações e compartilhamentos danosos à honra por meio de comunicação de massa
ou sistema de informática ou telemática, peço aos pares a aprovação deste Projeto de
Lei.

Sala das Sessões, em de agosto de 2020.

PAULO RAMOS
Deputado Federal - PDT/RJ

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LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA


Coordenação de Organização da Informação Legislativa - CELEG
Serviço de Tratamento da Informação Legislativa - SETIL
Seção de Legislação Citada - SELEC

DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940


Código Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art.


180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:

CÓDIGO PENAL
.......................................................................................................................................................
PARTE ESPECIAL
(Canceladas na Parte Especial quaisquer referências a valores de multas, substituindo-se a
expressão "multa de" por "multa", de acordo com o art. 2º da Lei nº 7.209, de 11/7/1984,
publicada no DOU de 13/7/1984, em vigor 6 meses após a publicação)

TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
.......................................................................................................................................................
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, se considerem aviltantes:

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Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à


violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997, e com redação dada pela Lei nº 10.741, de
1º/10/2003, publicada no DOU de 3/10/2003, em vigor 90 dias após a publicação)
Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Pena acrescida pela Lei nº 9.459, de
13/5/1997)
Disposições comuns
Art. 141. As penas cominadas neste capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer
dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia,
da difamação ou da injúria;
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto
no caso de injúria. (Inciso acrescido pela Lei nº 10.741, de 1º/10/2003, publicada no DOU de
3/10/2003, em vigor 90 dias após a publicação)
§ 1º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a
pena em dobro. (Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019)
§ 2º (VETADO na Lei nº 13.964, de 24/12/2019)
Exclusão do crime
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação
quem lhe dá publicidade.
......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................

FIM DO DOCUMENTO

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