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PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
Leonardo Castro
Sumário
Crimes contra a Pessoa – Parte II................................................................................................ 4
1. Atualização Legislativa – 2020/2021...................................................................................... 4
1.1. Lei n. 13.964/2019...................................................................................................................... 4
1.2. Lei n. 14.132/2021...................................................................................................................... 4
1.3. Lei n. 14.155/2021...................................................................................................................... 5
2. Legislação Comentada............................................................................................................... 6
2.1. Crimes de Periclitação da Vida e da Saúde. . ........................................................................ 6
2.2. Crime de Rixa. . ..........................................................................................................................15
2.3. Crimes contra a Honra.. ..........................................................................................................16
2.4. Crimes contra a Liberdade Individual................................................................................ 26
3. Sinopse.........................................................................................................................................49
3.1. Perigo de Contágio Venéreo (CP, Art. 130)..........................................................................49
3.2. Perigo de Moléstia Grave (CP, Art. 131)...............................................................................51
3.3. Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem (CP, Art. 132).................................................... 53
3.4. Abandono de Incapaz (CP, Art. 133).................................................................................... 54
3.5. Exposição ou Abandono de Recém-Nascido (CP, Art. 134).. ........................................... 56
3.6. Omissão de Socorro (CP, Art. 135)....................................................................................... 58
3.7. Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial (CP, Art.
135-A)................................................................................................................................................ 59
3.8. Rixa (CP, Art. 137).................................................................................................................... 62
3.9. Crimes contra a Honra.. ......................................................................................................... 63
3.10. Difamação (CP, Art. 139).. .....................................................................................................68
3.11. Injúria (CP, Art. 140)............................................................................................................... 69
3.12. Constrangimento Ilegal (CP, Art. 146). . .............................................................................. 71
3.13. Ameaça (CP, Art. 147)............................................................................................................ 73
3.14. Perseguição (CP, Art. 147-A)............................................................................................... 74
3.15. Sequestro e Cárcere Privado (CP, Art. 148)...................................................................... 75
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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A Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime) adicionou nova causa de aumento aos crimes con-
tra o patrimônio, quando praticada a conduta em quaisquer modalidades das redes sociais
da rede mundial de computadores, hipótese em que a pena será aplicada em triplo. Em um
primeiro momento, o dispositivo havia sido vetado pelo Presidente da República, decisão não
mantida pelo Congresso Nacional, que decidiu pela derrubada do veto.
Perseguição
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,
ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe
a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º. A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
Sem
I – contra criança, adolescente ou idoso;
correspondente.
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos
do § 2º-A do art. 121 deste Código;
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego
de arma.
§ 2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
§ 3º. Somente se procede mediante representação.
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A Lei n. 14.155/21 tem por objetivo punir com maior rigor a prática de crimes virtuais.
Foram promovidas alterações nos artigos 154-A, 155 e 171 do CP e no artigo 70 do CP. No
dispositivo em estudo, adicionado pela Lei n. 12.737/12 – Lei Carolina Dieckmann -, a nova re-
dação do caput afastou algumas amarras que dificultavam a ocorrência do crime. Antes, para
que a conduta fosse considerada típica, o invasor tinha de violar indevidamente mecanismo
de segurança. A lei não amparava quem decidia por não utilizar senha, firewall ou outro meio
de proteção do dispositivo. A nova redação deu fim à exigência, bastando a conduta de invadir
para que se faça presente a tipicidade formal. A pena foi aumentada de forma considerável:
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antes, crime de menor potencial ofensivo, punido com detenção, passou a ser punido com re-
clusão, de um a quatro anos.
2. Legislação Comentada
2.1. Crimes de Periclitação da Vida e da Saúde
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
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Obs.: 1. O crime do artigo 131 não se confunde com o do artigo 130, o perigo de contá-
gio venéreo. No delito visto no artigo anterior, por meio de relação sexual ou qualquer
ato libidinoso, o agente expõe a vítima à contaminação de doença sexualmente trans-
missível. A execução do delito se dá por relação sexual ou qualquer ato libidinoso.
No crime do artigo 131, a lei fala em moléstia grave, enfermidade que provoque séria
perturbação à saúde. A execução pode se dar de qualquer forma, desde que, é claro,
capaz de transmitir a doença.
2. O elemento subjetivo é o dolo direto (com o fim de transmitir). Portanto, não é admi-
tido o dolo eventual.
3. A consumação independe da efetiva transmissão (crime formal). Caso a vítima seja
contaminada, o agente será responsabilizado pelo mal causado – lesão corporal leve,
grave, gravíssima, seguida de morte ou, até mesmo, por homicídio.
4. É possível o concurso de crimes entre o perigo de moléstia grave e a epidemia (CP,
art. 267), desde que a conduta dê causa à epidemia.
5. Crime de médio potencial ofensivo, admite suspensão condicional do processo (Lei
n. 9.099/95, art. 89).
Obs.: 1. No artigo 132, o perigo não decorre de transmissão de enfermidades, como nos dois
artigos anteriores, mas de qualquer conduta que coloque em risco a vida ou a saúde
de alguém, desde que o fato não constitua crime mais grave – delito expressamente
subsidiário, como se constata da leitura do preceito secundário.
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Abandono de incapaz
Art. 133. Abandonar1-2 pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade3,
e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono4:
Pena – detenção, de seis meses a três anos.5
§ 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:6
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º Se resulta a morte:7
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:8
I – se o abandono ocorre em lugar ermo;
II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Obs.: 1. Abandonar significa desamparar, deixar à própria sorte. Não precisa ser, necessa-
riamente, em local diverso do imóvel onde a vítima mora. Exemplo: deixar sozinho
em casa alguém que, por qualquer motivo, não tenha capacidade de se defender dos
riscos decorrentes do desamparo.
2. É crime instantâneo, embora de efeitos permanentes. Portanto, a consumação não
se prolonga no tempo, enquanto persistir a situação de abandono.
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Obs.: 1. O dispositivo traz dois verbos: expor, no sentido de deixar desprotegido, e abando-
nar, quando o recém-nascido fica desassistido.
2. O crime é instantâneo de efeitos permanentes. Portanto, a consumação não se pro-
longa enquanto perdurar a exposição ou abandono.
3. Crime de perigo concreto, a consumação ocorre no instante em que o recém-nasci-
do é submetido a efetivo risco.
4. A qualidade de recém-nascido existe logo após o parto. Não há um limite temporal,
devendo ser aferida a condição no caso concreto.
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5. Elemento normativo do tipo, a ocultação de honra própria deve ser avaliada pelo
magistrado ao decidir o caso concreto. Exemplo comumente trazido é o do recém-nas-
cido gerado a partir de relação extraconjugal.
6. Crime de menor ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal. Admite
transação penal e suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76
e 89).
7. Forma qualificada do delito, aplicável quando, por culpa (crime preterdoloso), o
recém-nascido sofre lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º
ou § 2º). A pena máxima de três anos afasta a competência do Juizado Especial Cri-
minal, mas permanece possível a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95,
art. 89).
8. Também forma qualificada do crime, presente na hipótese em que a vítima, por
culpa (crime preterdoloso), morre. Não admite suspensão condicional do processo
(crime de alto potencial ofensivo).
Omissão de socorro
Art. 135. Deixar de prestar assistência1, quando possível fazê-lo sem risco pessoal2, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave
e iminente perigo3; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública4:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.5
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.6
Obs.: 1. Crime omissivo próprio, quando a conduta de deixar de fazer é descrita no tipo penal.
Não admite tentativa, afinal, não há meio-termo: se oferecido a assistência, a conduta
é atípica; se, todavia, oferecida, consuma-se.
2. Pratica o crime quem, podendo prestar assistência, nada faz. Entretanto, não comete
o crime quem se omite por existir risco pessoal – por exemplo, deixar de prestar assis-
tência em região perigosa.
3. O dispositivo estabelece quem pode ser sujeito passivo do delito: (a) criança aban-
donada ou extraviada; (b) pessoa inválida e ao desamparo; (c) pessoa ferida e ao
desamparo; (d) pessoa em grave e iminente perigo.
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Criança extraviada: é a pessoa com menos de doze anos perdida, que não sabe
como retornar ao local onde estaria segura.
Pessoa ferida e ao desamparo: é aquela que sofreu lesão corporal que a impossibilita
de se afastar da situação de perigo por conta própria, sem assistência.
Pessoa em grave e iminente perigo: a pessoa não precisa ser inválida ou estar
ferida. Basta que esteja em situação de perigo grave (ex.: alguém em afogamento).
Obs.: 4. Quem não pode prestar assistência deve, ao menos, pedir socorro da autorida-
de pública (ex.: ligar para a polícia), sob pena de responder pelo crime de omissão
de socorro.
5. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal,
cujo processo deve correr pelo rito sumaríssimo (Lei n. 9099/95, art. 61, e CPP, art. 394,
§ 1º, III). É compatível com os institutos de não aplicação de pena da transação penal
e da suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 74, 76 e 89).
6. O parágrafo único descreve duas causas de aumento de pena: (a) se a vítima sofrer
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º), a pena deve
ser aumentada de metade; (b) se morrer, a pena é triplicada.
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Obs.: 1. Quando o Código Penal fala em exigir, significa que a vítima não tem opção. Caso
não se submeta ao que o criminoso quer, algum mal grave será por ela suportado. No
crime do artigo 135, não atender a exigência tem por consequência o não atendimento
médico a alguém que necessita de atendimento médico emergencial.
2. O sujeito ativo é o funcionário de hospital particular ou médico que exige, como
garantia de que os gastos com o atendimento serão pagos, cheque-caução, nota pro-
missória ou qualquer garantia equivalente, bem como o preenchimento de formulário
administrativo.
FORMULÁRIO Pode ser qualquer documento exigido pelo hospital que demande o
ADMINISTRATIVO fornecimento de dados como condição de atendimento.
3.1.8. Maus-Tratos
Maus-tratos
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde1 de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigi-
lância2, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia3, quer privando-a de alimentação
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Obs.: 1. O verbo nuclear é expor, no sentido de deixar desprotegido, sem barreiras que impe-
çam o perigo. A situação de perigo deve ser comprovada (perigo concreto).
2. Crime próprio, o dispositivo exige relação de autoridade, guarda ou vigilância entre o
sujeito ativo e o sujeito passivo.
Obs.: 3. A autoridade, guarda ou vigilância deve decorrer de uma das finalidades descritas no
dispositivo: (a) educação; (b) ensino; (c) tratamento; (d) custódia.
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Obs.: 4. Crime de forma vinculada, o dispositivo estabelece a forma como deve se dar a exe-
cução: (a) pela privação de alimentos ou cuidados indispensáveis; (b) pela sujeição a
trabalho excessivo ou inadequado; (c) pelo abuso dos meios de correção ou disciplina.
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2.2.1. Rixa
Rixa
Art. 137. Participar de rixa1-2-3, salvo para separar os contendores4:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.5
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato
da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.6
Obs.: 1. A rixa é o confronto desorganizado, em que não se consegue identificar lados opos-
tos. Os envolvidos são, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo. Difere, por
exemplo, de briga entre duas torcidas rivais, quando fica caracterizado o denominado
crime de multidão, onde, apesar da multiplicidade de envolvidos, é facilmente identifi-
cável a posição no confronto de cada um dos envolvidos.
2. Embora a lei não estabeleça um número mínimo de envolvidos, não é possível a
rixa com menos de três indivíduos, afinal, se houver apenas dois, podemos identificar
quem agride quem. Portanto, o artigo 137 do CP é crime plurissubjetivo, que depende
da presença demais de uma pessoa para que fique caracterizado.
3. A rixa se consuma no instante em que tem início as agressões. A tentativa é possível
quando existir premeditação (rixa preordenada).
4. Não pratica o delito quem se envolve no confronto com o objetivo de separar os
envolvidos.
5. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal.
Todos os institutos de não aplicação de pena da Lei n. 9.099/95 são compatíveis com
o delito.
6. Forma qualificada da rixa, deve ser aplicado o disposto no parágrafo único quando
o confronto resulte em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima ou a morte de
alguém. Dispositivo de constitucionalidade questionável, pois atribui resultado agra-
vador a todos os envolvidos na rixa, em aparente hipótese de responsabilidade penal
objetiva.
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CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
2.3.1. Calúnia
Calúnia
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 1-2-3-4
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.5-6
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.7
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.8
Exceção da verdade
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:9
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado
por sentença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
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Obs.: 1. A calúnia tem por conduta a falsa imputação a alguém de fato definido como crime.
Portanto, o sujeito ativo sabe que está mentindo em relação ao fato, quando inventa
crime que não existiu, ou à autoria, se o crime existiu, mas o acusado não teve envol-
vimento. Não ocorre o delito quando quem acusa não sabe que está mentindo – caso
contrário, ninguém teria coragem de registrar ocorrência policial, pois eventual senten-
ça absolutória faria com que ficasse caracterizada a calúnia.
2. Se o agente leva a falsa imputação à autoridade pública, dando causa à instauração
de inquérito policial ou de alguns outros procedimentos (veja o art. 339 do CP), o crime
será o de denunciação caluniosa, e não o de calúnia.
3. A falsa imputação deve consistir em prática de crime (ou delito). Se a acusação con-
figurar contravenção penal, o crime será o de difamação (CP, art. 139).
INFRAÇÃO PENAL
(Gênero)
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples
ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Quando a lei fala em infração penal, devemos considerar crimes (ou delitos) e contravenções.
Exemplo: no crime de lavagem de dinheiro, a artigo 1º da Lei n. 9.613/98 usa a expressão
infração penal, o que nos faz concluir pela possibilidade de lavagem de dinheiro de crimes
e de contravenções. No artigo 138 do CP, no entanto, o texto legal menciona apenas
crime, não sendo possível a ampliação a contravenções penais, afinal, é vedada a analogia
in malam partem.
Obs.: 4. Por ter por bem jurídico tutelado a honra objetiva, a calúnia se consuma no instan-
te em que terceiro toma ciência da falsa imputação. A tentativa é possível quando o
crime é praticado por meio escrito. Exemplo: enviado um e-mail com a falsa imputa-
ção, o servidor de destino bloqueia a mensagem, que não alcança seus destinatários.
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III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Seja o crime de ação penal pública ou privada – embora o dispositivo mencione apenas a
pública -, aceitar a exceção da verdade quando existente sentença absolutória faria com
que os fatos voltassem a ser discutidos, em inegável afronta à coisa julgada.
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2.3.2. Difamação
Difamação
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:1-2
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.3
Exceção da verdade
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.4
Obs.: 1. Na difamação, também há atribuição de fato, como ocorre na calúnia (CP, art. 138),
mas é irrelevante a veracidade do relato – exceto na hipótese do parágrafo único. Ade-
mais, o fato não pode caracterizar crime, quando o delito será o do artigo 138 do CP. No
entanto, se a acusação consistir em contravenção penal, o agente deverá ser respon-
sabilizado pela difamação, afinal, é inegável o teor ofensivo do fato imputado.
2. Como tem por bem jurídico tutelado a honra objetiva, a consumação da difamação
ocorre no instante em que terceiro toma ciência do fato ofensivo. A tentativa é possível
quando executado o delito por meio escrito (ex.: carta, e-mail etc.).
3. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal,
devendo ser processado sob o rito sumaríssimo. É compatível com os institutos de
não imposição de pena da Lei n. 9.099/95 – composição civil dos danos, transação
penal e suspensão condicional do processo. Em regra, crime de ação penal privada.
4. Em regra, a difamação não admite exceção da verdade. É irrelevante discutir sobre a
veracidade do fato ofensivo à reputação imputado. Contudo, há uma exceção: quando
o fato for atribuído a funcionário público e a ofensa for relativa ao exercício de suas
funções, hipótese em que há interesse público em apurar a veracidade do relato. Exem-
plo: afirmar que o funcionário público utiliza veículo pertencente à administração públi-
ca, em horário de expediente, para seus encontros amorosos em motéis.
2.3.3. Injúria
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:1-2
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.3
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:4
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes:5
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Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:6
Pena – reclusão de um a três anos e multa.
Obs.: 1. Na injúria, não há fato, mas ofensa à dignidade ou ao decoro. Por essa razão, não é
admitida, em hipótese alguma, exceção da verdade, ainda que a ofensa decorra de fato
verdadeiro. Entenda:
a) Se digo que alguém é ladrão, não atribuo fato.
b) Para explicar o porquê afirmei que alguém é ladrão, tenho, necessariamente, de
fazer incursão em algum fato. Exemplo: afirmei que fulano é ladrão porque, no dia 21 de
março, ele praticou um roubo na lotérica do bairro.
c) Portanto, veja que o termo ofensivo ladrão não comporta questionamentos que
podem ser feitos em relação ao fato (quando, como, onde).
2. Por atentar contra a honra subjetiva, a injúria se consuma no instante em que a
vítima toma ciência da ofensa. A tentativa é possível quando praticado o delito por
escrito (carta, e-mail etc.).
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Obs.: 5. É possível a prática do crime de injúria pelo emprego de violência ou vias de fato
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes, humilhan-
tes. Basta imaginar o exemplo em que, com o objetivo de ridicularizar a vítima, e não
de lesioná-la, o agente desfere leve tapa em seu rosto. A injúria real, expressão adota-
da em referência ao § 2º, consiste em forma qualificada do delito, punida com pena
máxima de um ano. Portanto, o delito permanece de menor potencial ofensivo, de
competência do Juizado Especial Criminal (Lei n. 9.099/95, art. 61). Além da pena
pelo crime de injúria, o agente também responde pela pena correspondente à violência
(lesão corporal, homicídio etc.).
6. Forma qualificada do delito, faz da injúria crime de médio potencial ofensivo – a
competência deixa de ser do Juizado Especial Criminal, mas admite suspensão condi-
cional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61 e 89). O dispositivo é aplicável quando a
injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem
ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Disposições comuns
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos
crimes é cometido:1
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no
caso de injúria.
§ 1º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro.2
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Obs.: 1. O artigo 141 prevê causas de aumento aplicáveis a todos os crimes contra a honra –
a calúnia, a difamação e a injúria. A pena é aumentada um terço, sem variação, quando
presente hipótese listada no dispositivo.
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Exclusão do crime
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:1
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívo-
ca a intenção de injuriar ou difamar;
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação
que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem
lhe dá publicidade.2
Obs.: 1. O dispositivo traz hipóteses de exclusão do delito na injúria e na difamação, não apli-
cáveis à calúnia. A decisão do legislador em trazer a exceção se deu, provavelmente,
em razão do interesse público em apurar a prática de crimes.
A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.
O inciso I busca assegurar a imunidade judiciária das partes em suas alegações em juízo. Na discussão de
uma causa, é aceitável que, ao sustentar alguma tese, as partes imputem fato desonroso ou se ofendam
mutuamente. Todavia, para que seja reconhecida a excludente da ilicitude, tem de existir relação de
causalidade entre a ofensa e o exercício da defesa.
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O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste
no cumprimento de dever do ofício.
Em algumas atribuições, o funcionário público pode se ver obrigado, no exercício das funções, a difamar ou
injuriar alguém. Basta imaginar o exemplo do oficial de justiça que, em sua certidão, relata que o destinatário
de um mandado estava, no momento da diligência, embriagado, ou o membro do Ministério Público que, ao
oferecer denúncia, afirma que o réu é ladrão. É obvio, a exclusão da ilicitude é aplicável somente quando a
conduta for praticada no contexto do exercício da função pública.
Obs.: 2. A excludente da ilicitude não se estende a terceiros. Portanto, responde pela difama-
ção ou injúria quem, ao tomar ciência da certidão do oficial de justiça (último exemplo),
dá publicidade ao fato ou à ofensa.
Retratação
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difa-
mação, fica isento de pena.1
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido,
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.2
Obs.: 1. Ocorre a retratação quando, antes da sentença, o agente admite estar equivocado a
respeito do fato imputado ao querelante (vítima). Não é possível na injúria, afinal, não
há como se retratar de mera ofensa, quando já atingida a honra subjetiva. Trata-se de
causa de extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, VI, do CP.
RENÚNCIA RETRATAÇÃO
Obs.: 2. Se assim desejar o ofendido (querelante), a retratação deve se dar no mesmo meio
utilizado para a prática do crime, quando cometido por meio de comunicação (jornal,
televisão etc.).
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem
se julga ofendido pode pedir explicações em juízo1-2-3. Aquele que se recusa a dá-las ou, a cri-
tério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa4.
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Obs.: 1. É possível exigir, em juízo, que alguém explique declaração feita, caso exista dúvida
sobre a ocorrência de crime contra a honra. O requerimento também é possível quando
não se sabe ao certo quem foi a vítima. Exemplo: afirmar que uma determinada empre-
sa não tem sucesso porque há um sócio passando a mão nos lucros, mas sem definir
a qual deles a imputação faz referência.
2. O procedimento não é condição de procedibilidade para o oferecimento de queixa-
-crime pela prática de crime contra a honra. Portanto, é facultativo. Evidentemente, o
requerimento deve ser feito antes do oferecimento da queixa-crime, afinal, não faria
sentido sua propositura quando existe ação penal em trâmite para aferir o que, de fato,
aconteceu.
3. O juiz não julga as explicações. Não há tentativa de conciliação ou produção de
provas, afinal, não se trata de ação penal pela prática de delito contra a honra, mas de
simples pedido de explicação.
4. O juiz não profere sentença de mérito ao final do procedimento, que tem por único
objetivo oportunizar a manifestação do possível autor de crime contra a honra. No
entanto, na hipótese de recusa em explicar, o dispositivo afirma que o requerido res-
ponde pela ofensa. Isso não significa, contudo, que haverá a condenação, se ajuizada
queixa-crime.
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso
I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso
II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.1
Obs.: 1. Em regra, os crimes contra a honra são de ação penal privada. As exceções estão
dispostas no artigo 145, caput e parágrafo único.
REGRA
Ação penal privada na calúnia, na difamação e na injúria. Portanto, depende do
oferecimento de queixa-crime, pela vítima ou por quem a represente (CPP, art. 30), para
que tenha início a persecução penal contra o ofensor.
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EXCEÇÕES
1. Ação penal pública incondicionada
Na injúria real, se da violência resulta lesão corporal (CP, art. 129). Se tiver por resultado
apenas vias de fato (LCP, art. 21), a ação penal será privada.
2. Ação penal pública condicionada à representação
Na injúria qualificada do artigo 140, § 3º – se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência.
Se praticado crime contra a honra contra do Presidente da República ou de chefe de
governo estrangeiro, a ação penal será pública e dependerá de representação do Ministro
da Justiça. O parágrafo único do artigo 145 fala em requisição (ordem, determinação),
mas a expressão deve ser interpretada como representação, afinal, não existe relação
de hierarquia entre o Ministro da Justiça (e Segurança Pública) e o Ministério Público.
3. Ação penal privada e ação penal pública condicionada à representação
Hipótese sui generis, é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por
crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. É o
teor da Súmula 714 do STF.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
CAPÍTULO VI
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
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Constrangimento Ilegal
Constrangimento ilegal
Art. 146. Constranger1 alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe ha-
ver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência2, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda3-4:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.5
Aumento de pena
§ 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime,
se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.6
§ 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.7
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:8
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu repre-
sentante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II – a coação exercida para impedir suicídio.
Obs.: 1. No artigo 146 do CP, o verbo constranger é utilizado no sentido de coagir, obrigar,
forçar alguém a algo.
Obs.: 2. São meios de execução do delito: (a) a violência; (b) a grave ameaça; (c) qualquer
meio que reduza a capacidade de resistência da vítima (violência imprópria).
VIOLÊNCIA
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Obs.: 3. O criminoso constrange a vítima: (a) a não fazer o que a lei permite (ex.: transitar
em determinada via); (b) a fazer o que a lei não manda (ex.: membro de facção crimi-
nosa que exige dos moradores apresentação de identidade). O constrangimento ilegal
afronta diretamente o artigo 5º, II, da CF: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
4. Crime material, consuma-se quando a vítima faz ou deixa de fazer algo em virtu-
de da coação empregada pelo agente. A tentativa é possível: basta que a vítima não
cumpra a imposição do criminoso.
5. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal. A
pena deve ser aplicada caso não fique caracterizado crime mais grave (subsidiarieda-
de tácita). A multa é pena alternativa, não cumulativa (ou), exceto na hipótese do § 1º.
6. Causa de aumento de pena aplicável para a execução do delito: (a) se reúnem mais
de três pessoas; (b) há emprego de arma.
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Ameaça
Ameaça
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico,
de causar-lhe mal injusto e grave:1-2-3
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.4-5
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.6
Obs.: 1. O delito consiste em atemorizar a vítima, fazendo-a acreditar que sofrerá mal injusto
e grave. O mal injusto não precisa ser, necessariamente, ilícito. Basta que não exista
um justo motivo para que a vítima o suporte. O mal prometido deve ser grave, capaz
de provocar sérios danos. Evidentemente, deve ser algo verossímil, que o agente real-
mente possa cumprir.
2. Crime de forma livre, admite qualquer meio de execução, inclusive gestos – por
exemplo, simular arma de fogo com a mão, dando a entender que efetuará disparos
contra a vítima.
3. Crime formal, a consumação independe de efetiva intimidação. Basta que a vítima
tome conhecimento. A tentativa é possível, desde que a ameaça não seja verbal.
4. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal.
É compatível com os institutos de não aplicação de pena da Lei n. 9.099/95 (arts. 74,
76 e 89).
5. Delito de subsidiariedade tácita, a pena é aplicável quando a ameaça não for empre-
gada para a prática de crime mais grave (roubo, extorsão, estupro etc.).
6. Crime de ação penal pública condicionada à representação, ainda que praticado
contra mulher em contexto de violência doméstica e familiar (Lei n. 11.340/06). A
Súmula 542 do STJ é aplicada apenas na hipótese de lesão corporal leve ou lesão cor-
poral culposa (CP, art. 129, caput e § 6º).
Perseguição
Perseguição1-2
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a in-
tegridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer
forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.3-4
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Obs.: 1. Artigo adicionado ao Código Penal por meio da Lei n. 14.132, em vigor desde o dia
1º de abril de 2021. Por se tratar de novatio legis incriminadora, não retroage a fatos
anteriores. A nova lei revogou a contravenção de molestamento (LCP, art. 65).
2. A conduta é conhecida em inglês por stalking, expressão também popular em nosso
país. O legislador optou por palavra do vernáculo.
3. O crime consiste em perseguir alguém, de forma habitual (reiteradamente). Pode
ser praticado por qualquer meio (forma livre), até mesmo pela internet. A perseguição
deve se dar no contexto de, pelo menos, uma das seguintes condutas: (a) ameaçando
a integridade física ou psicológica da vítima; (b) restringindo a capacidade de locomo-
ção da vítima; ou (c) invadindo ou perturbando, de qualquer forma, a esfera de liberda-
de ou privacidade da vítima.
4. Por se tratar de crime habitual, cuja existência depende da reiteração da conduta,
não admite tentativa.
5. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal,
salvo se presente causa de aumento de pena do § 1º.
6. A pena do crime de perseguição é aumentada de metade quando: (a) praticado
contra criança, adolescente ou idoso; (b) praticado contra mulher por razões da condi-
ção de sexo feminino, nos termos do artigo 121, § 2º-A, do CP, que trata do feminicídio;
(c) mediante o concurso de duas ou mais pessoas; ou (d) com o emprego de arma
(própria, imprópria, de fogo ou branca).
7. O § 2º impõe o concurso material obrigatório de crimes quando houver emprego de
violência (lesão corporal, homicídio etc.).
8. Crime de ação penal pública condicionada à representação, ainda que praticado em
situação de violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n. 11.340/06).
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Obs.: 1. O delito consiste em impedir, total ou parcialmente, a livre locomoção de alguém por
meio de sequestro ou cárcere privado (enclausuramento em local fechado).
2. Crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo. Portanto, enquanto per-
sistir a privação da liberdade, o sequestrador poderá ser preso em flagrante, ainda que
perdure por meses ou anos (CPP, art. 303).
3. Não é crime hediondo. Para concursos públicos, é interessante saber distingui-lo de
outros delitos em que a liberdade da vítima é atingida.
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Obs.: 4. O legislador parece não compreender o delito como algo a ser punido com rigor.
Além de não ser hediondo, o sequestro é crime de médio potencial ofensivo, compatí-
vel com a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89). Se primário o
réu, ainda que imposta a pena máxima, de três anos, o regime inicial a ser imposto será
o aberto (CP, art. 33, § 2º, “c”).
5. Na forma qualificada, o crime passa a ser de alto potencial ofensivo, não compatível
com a suspensão condicional do processo.
Obs.: 6. Outra qualificadora do delito, mais grave do que a anterior, do § 1º. A pena é de reclu-
são, de dois a oito anos, se, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, a
vítima sofrer grave sofrimento físico ou moral.
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Obs.: 1. Reduzir é sinônimo de submeter, subjugar. O criminoso faz com que a vítima expe-
rimente condição análoga à vivida por escravos. A expressão escravo deve ser objeto
de valoração pelo magistrado ao julgar o caso concreto (elemento normativo do tipo).
2. Crime de forma vinculada, o caput do artigo 149 estabelece as formas de execução
do delito: (a) submeter alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva; (b) sujeitar
alguém a condições degradantes de trabalho; (c) restringir, por qualquer meio, a loco-
moção de alguém e razão de dívida contraída com empregador ou preposto.
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Obs.: 3. É preciso ter cuidado para não se deixar enganar pela tradicional imagem que temos
de escravidão. Dois pontos que foram cobrados em provas: (1) o crime não ocorre,
necessariamente, em área rural; (2) a vítima não precisa ser privada de sua liberdade. E
por que, então, a vítima não foge? A depender do contexto, pode ser que ela não queira.
Em caso veiculado há algum tempo, foram encontrados trabalhadores estrangeiros
confinados em cômodo minúsculo no interior de uma confecção de roupas, em jorna-
das de trabalho muito superiores às permitidas por lei. Podiam fugir? Sim, mas aquele
era seu ganha-pão, fato que não influencia na ilicitude da conduta.
4. O preceito secundário prevê, de forma expressa, o concurso material obrigatório
com o delito correspondente à violência (ex.: lesão corporal). Portanto, não há absor-
ção pelo delito do artigo 149 do CP.
5. Crime de ação penal pública incondicionada, compete à Justiça Federal o processo
e julgamento.
6. O § 1º prevê figuras equiparadas de prática do delito: (a) pelo cerceamento de uso
de meio de transporte; (b) pela vigilância ostensiva do local de trabalho; (c) pela reten-
ção de documentos ou objetos pessoais do trabalhador. Todas as condutas têm por
objetivo impedir que a vítima deixe o local de trabalho.
FIGURAS EQUIPARADAS
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FIGURAS EQUIPARADAS
Obs.: 7. A pena é aumentada de metade se praticado o crime: (a) contra criança ou adoles-
cente; (b) por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Tráfico de Pessoas
Tráfico de Pessoas
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pes-
soa , mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso2, com a finalidade de:3
1
Obs.: 1. O dispositivo possui sete verbos nucleares: agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
transferir, comprar e alojar.
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Agenciar: quem agencia atua como intermediário, representando os interesses de alguém em troca de
contraprestação. O agente é a pessoa que se dispõe a conseguir, nesse caso, a vítima a ser traficada.
Observação: não se preocupe caso tenha dificuldade em distinguir um verbo do outro. Em prova, não cairá
questionamento nesse sentido. Basta memorizá-los. Da análise do dispositivo, extraímos a conclusão de que o
legislador teve por objetivo punir os envolvidos em todas as fases do tráfico de pessoas, desde o aliciamento.
Violência: é a violência contra a pessoa, e não contra coisa. Consiste em empregar violência
física contra a vítima.
Grave ameaça: é a promessa de mal grave, apresentado como consequência caso a vítima
não ceda à imposição do criminoso.
Coação: condição presente tanto na violência quanto na grave ameaça, quando a vítima
se vê obrigada a atender a vontade do sujeito ativo. Portanto, em nada acrescenta ao
dispositivo em estudo.
Fraude: consiste no emprego de artifício capaz de fazer com que a vítima tenha uma
percepção equivocada da realidade. Suas manifestações de vontade são viciadas, pois são
resposta a algo distorcido ou inexistente.
Abuso: ocorre quando, havendo relação de superioridade entre a vítima e o ofensor, este
abusa do poder que lhe é atribuído.
Obs.: 3. Para que fique caracterizado o delito, não basta o dolo de praticar um dos núcleos
(agenciar, aliciar etc.). Deve o indivíduo agir em busca de uma das finalidades específi-
cas elencadas no artigo 149-A do CP.
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A tipicidade não depende apenas do dolo de praticar uma das condutas descritas no caput
do artigo 149-A. O criminoso tem de agir em busca de uma das finalidades específicas
descritas em rol trazido no dispositivo. No entanto, a consumação independe da produção
do resultado desejado.
IV – adoção ilegal; ou
Ainda que presente eventual nobreza na conduta, o responsável pelo tráfico será
responsabilizado – por exemplo, promover a adoção ilegal para que a criança não viva em
situação de penúria. A adoção é tratada a partir do artigo 39 do ECA.
V – exploração sexual.
É o que ocorre quando enviada pessoa ao exterior para que seja submetida à prostituição.
O consentimento da vítima não exclui o crime. Isso ocorre porque, em nossa legislação,
não é crime a conduta de oferecer favores sexuais em troca de contraprestação financeira.
Entretanto, ninguém pode tirar proveito disso, como acontece no favorecimento da
prostituição, do artigo 228 do CP, ou no tráfico de pessoas para fins de exploração sexual.
Obs.: 4. A elevada pena, de quatro a oito anos, impede a incidência de institutos de não
aplicação de pena (ex.: suspensão condicional do processo). A ação penal é pública
incondicionada, sem exceção.
5. O § 1º prevê causas de aumento de pena, de um terço até metade.
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Obs.: 6. A pena do crime é diminuída, de um a dois terços, se o agente for primário e não inte-
grar organização criminosa. Pode parecer estranha a hipótese imaginada pelo legis-
lador, mas há uma razão: a Lei n. 13.344/16, que adicionou o artigo 149-A ao CP, tem
por alvo organizações criminosas dedicadas ao tráfico de pessoas – algumas com
atuação global, em operações que envolvem quantias inestimáveis. Portanto, o obje-
tivo do § 2º é a punição daquele que pratica o delito, mas sem ligação com essas
organizações.
SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
Violação de Domicílio
Violação de domicílio1
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade ex-
pressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:2-3-4
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.5
§ 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violên-
cia ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:6
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.7
§ 2º (Revogado pela Lei n. 13.869, de 2019)
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Obs.: 1. A inviolabilidade de domicílio tem amparo constitucional, no artigo 5º, XI: a casa
é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial.
2. O dispositivo possui dois núcleos: entrar, conduta comissiva, e permanecer, conduta
omissiva (crime omissivo próprio). O primeiro é compatível com a tentativa; o segun-
do, não. Tipo penal misto alternativo, caso, em um mesmo contexto fático, o agente
entre e, em seguida, permaneça, um único crime será praticado, e não duas violações
de domicílio, em concurso.
3. A conduta deve ser praticada de forma clandestina, de forma oculta, ou astuciosa,
fraudulenta, quando se presume a ausência de autorização para entrar ou permanecer,
ou contra a vontade, expressa ou tácita, de quem de direito.
4. O crime é praticado em casa alheia ou em suas dependências. Veja os comentários
ao § 4º.
5. Crime de menor potencial ofensivo, compete ao Juizado Especial Criminal o proces-
so e julgamento. O delito é compatível com todos os institutos de não aplicação da
pena da Lei n. 9.099/95 (arts. 74, 76 e 89).
6. Forma qualificada do delito, quando praticada a conduta durante a noite ou em lugar
ermo, ou com emprego de violência ou de arma, ou, ainda, quando presente o concurso
de duas ou mais pessoas.
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Crime cometido durante a noite ou em lugar ermo: a lei não define noite. Vários conceitos
podem ser adotados: o critério físico-astronômico, que considera diurno o período entre a aurora
e o crepúsculo, ou o horário estabelecido no artigo 22, § 1º, III, da Lei n. 13.869/19, a nova Lei de
Abuso de Autoridade, ao conceituar o que seria durante o dia, expressão presente no artigo 5º, XI,
da CF. Em concursos públicos, não há com o que se preocupar, pois as bancas não podem exigir
um conceito exato. Lugar ermo é o local abandonado, sem vigilância.
Crime cometido com emprego de violência: a violência pode ser tanto contra a pessoa quanto
contra a coisa.
Crime cometido com emprego de arma: a lei não define qual seria a arma apta a qualificar
o delito. Portanto, temos de considerar as armas próprias e as impróprias, aquelas criadas para
destinação diversa de ferir alguém (ex.: machado).
Crime cometido em concurso de pessoas: o delito é punido com maior rigor quando praticado
por duas ou mais pessoas, em comunhão de vontades, como acontece em vários outros crimes
(ex.: furto).
Obs.: 8. O § 3º traz causas excludentes da ilicitude, em consonância com o artigo 5º, XI, da CF.
Em qualquer horário: quando a entrada ou permanência quando algum crime está sendo
praticado, em situação de flagrância (CPP, art. 302), ou na iminência de ser.
Durante o dia: para efetuar prisão decretada por mandado (prisão preventiva, temporária ou
decorrente de inadimplemento de alimentos) ou outra diligência.
Obs.: 9/10. Para concluir ter havido a violação de domicílio, é imprescindível conhecer o con-
ceito de casa. No § 4º, norma penal interpretativa, o Código Penal define como casa,
para fins de incidência do artigo 150, o lugar privado e habitado. Por outro lado, o § 5º
hipóteses em que o conceito de casa deve ser afastado.
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SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Violação de Correspondência
Violação de correspondência
Art. 151. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a ou-
trem:1-2-3-4
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.5
Sonegação ou destruição de correspondência6
§ 1º Na mesma pena incorre:
I – quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no
todo ou em parte, a sonega ou destrói;
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
II – quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;7
III – quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;8
IV – quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de dispo-
sição legal.9
§ 2º As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.10
§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, ra-
dioelétrico ou telefônico:11
Pena – detenção, de um a três anos.
§ 4º Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.12
Obs.: 1. Em consonância com o artigo 5º, XII, da CF: é inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal.
2. Devassar significa invadir, corromper, ter acesso a algo íntimo. Na redação do artigo
151 do CP, o verbo é utilizado no sentido de conhecer o conteúdo de correspondência.
Para que fique caracterizado o delito, deve ser indevida, sem permissão de quem de
direito.
3. Tema pouco cobrado em concursos públicos, pode cair em conjunto com o erro de
tipo essencial (CP, art. 20, caput), quando o indivíduo, por equívoco, imaginando ser o
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Correspondência Comercial
Correspondência comercial
Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou
industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou
revelar a estranho seu conteúdo:1
Pena – detenção, de três meses a dois anos.2
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
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SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
Divulgação de Segredo
Divulgação de segredo
Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de cor-
respondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir
dano a outrem:1
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis.2
§ 1º. Somente se procede mediante representação.3
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em
lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública:4
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.5
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incon-
dicionada.6
Obs.: 1. Crime próprio, pratica o crime do artigo 153 do CP o indivíduo que torna público
(divulga) o conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, por
ele recebido na qualidade de destinatário ou do qual detém a posse legítima. No entan-
to, não basta a divulgação: a conduta deve ser capaz de produzir dano a outrem.
2. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal,
compatível com a composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão con-
dicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
3. Em regra, é crime de ação penal pública condicionada à representação.
4. Forma qualificada do delito, pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).
Não se trata, portanto, de crime funcional, hipótese tratada em dispositivo próprio –
violação de sigilo funcional, do artigo 325 do CP. A conduta consiste em divulgar (tornar
público), injustificadamente, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em
lei (norma penal em branco).
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Obs.: 1. Crime próprio, tem por sujeito ativo quem toma ciência do segredo em razão de
função, ministério, ofício ou profissão. É atípica a revelação de segredo obtido de
forma ocasional, acidental, sem nexo de causalidade com as hipóteses descritas no
caput do artigo 154 do CP.
Atividade
Exercício de Atividade
decorrente de lei,
atribuição oriunda Ocupação, função especializada,
ordem judicial ou
de situação de fato, exercida de forma executada de
relação contratual,
e não de direito, remunerada. Ex.: forma não eventual.
remunerada ou
a exemplo do serviços domésticos. Ex.: dentistas,
não. Ex.: depositário
sacerdócio. advogados etc.
judicial.
Obs.: 2. O crime se dá, exclusivamente, nas relações privadas. Se praticado por funcioná-
rio público, pode ficar caracterizado o delito do artigo 325 do CP (violação de sigilo
funcional).
3. Crime formal, a consumação independe da efetiva produção de dano.
4. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal,
compatível com a composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão con-
dicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
5. Crime de ação penal pública condicionada à representação.
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Obs.: 1. Crime adicionado ao Código Penal pela Lei n. 12.737/12, conhecida por Lei Caroli-
na Dieckmann, em razão da invasão sofrida pela atriz em seu telefone celular, quando
vários nudes seus, armazenados no aparelho, foram compartilhados na internet.
2. Invadir significa adentrar, ter acesso não autorizado a dispositivo informático (celu-
lar, tablet etc.). Pela antiga redação, anterior à Lei n. 14.155/21, a invasão consistia em
acesso mediante violação indevida de mecanismo de segurança, exigência não mais
existente para que fique caracterizado o delito.
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3. O artigo 154-A tem por objeto material dispositivos informáticos em geral (pendri-
ves, por exemplo), e não apenas telefones celulares ou computadores. Estão abrangi-
dos pelo conceito os dispositivos físicos (hardware) e os não físicos (softwares), bem
como demais equipamentos (impressoras, HD portátil etc.).
4. Na redação anterior, era falado em dispositivo alheio, de propriedade de pessoa
diversa do agente. Não havia invasão quando o sujeito tinha acesso ao próprio dispo-
sitivo, mas em uso por outra pessoa. Ou seja, a lei não protegia o sigilo das informa-
ções do mero usuário em relação ao dono do dispositivo informático. Para solucionar
o problema, a Lei n. 14.155/21 alterou o dispositivo, substituindo a expressão alheio
por de uso alheio.
5. Para que ocorra o crime, o dispositivo não precisa estar conectado a redes de com-
putadores. Basta imaginar o exemplo de um pendrive, que pode ser utilizado ainda
que off-line. Em uma primeira leitura, a redação do artigo 154-A pode nos remeter às
invasões pela internet realizadas por crackers, indivíduos com amplo conhecimento
em informática. Contudo, pratica o delito qualquer pessoa que tenha acesso indevido
a dispositivo informático de uso alheio, o que pode ser feito, até mesmo, por leigos,
desde que saibam utilizar o equipamento violado (telefone celular, HD portátil, tablet
etc.).
6. Crime doloso, deve estar presente elemento subjetivo específico, uma finalidade
especial, consistente em obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autori-
zação expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para
obter vantagem ilícita. Para a consumação, no entanto, é suficiente a invasão (crime
formal), ainda que não seja alcançado o resultado naturalístico.
7. É atípica a conduta quando quem acessa o dispositivo tem autorização expressa ou
tácita do usuário do dispositivo para fazê-lo. É o que acontece, por exemplo, quando
permitido acesso remoto para a manutenção do equipamento, possível por aplicativos
destinados a esse fim (TeamViewer, AnyDesk etc.). Aqui, temos outra modificação pro-
movida pela Lei n. 14.155/21: na antiga redação, a autorização tinha de ser dada pelo
titular do dispositivo.
8. A invasão pode ter por objetivo a instalação de vulnerabilidades para obtenção de
vantagem indevida – os denominados malwares. É o que acontece, por exemplo, pela
instalação de keyloggers, aplicativos que registram, de forma oculta, tudo o que for
digitado pelo usuário do dispositivo.
9. A nova redação do caput do artigo 154-A ampliou as hipóteses de prática do crime.
Por se tratar de novatio legis in pejus, não pode retroagir a condutas anteriores ao dia
em que a Lei n. 14.155 entrou em vigor, no dia 28 de maio de 2021.
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Obs.: 10. A pena do crime sofreu substancial alteração pela Lei n. 14.155/21. Antes, o crime
era punido com pena de detenção, de três meses a um ano, e multa. Pela nova redação,
a pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa. São vários os impactos provoca-
dos pela mudança.
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Obs.: 11. O § 1º descreve figura equiparada. É punido com a mesma pena do crime do caput
quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de compu-
tador com o intuito de permitir a prática da invasão. Exemplo: um site que oferece apli-
cativo espião, para monitoras as atividades em um telefone celular de uso alheio, sem
que a vítima perceba o que está acontecendo.
12. O § 2º traz causa de aumento de pena, aplicável quando da conduta resultar preju-
ízo econômico. A redação foi alterada pela Lei n. 14.155/21: antes, o aumento era de
um sexto a um terço. Agora, a pena é aumentada de um a dois terços.
13. Forma qualificada do delito, punida com pena de reclusão, de dois a cinco anos,
reconhecida quando da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações ele-
trônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim defi-
nidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido.
O agente obtém, por O agente obtém, por Norma penal em Por meio de
exemplo, conteúdo exemplo, o projeto branco, depende controle remoto, o
de e-mail ou de de um produto em de complemento invasor consegue
conversas em redes desenvolvimento. normativo para assumir a posição
sociais. conceituar quais de usuário do
informações são dispositivo. A
sigilosas. qualificadora é
aplicável apenas
quando o controle
remoto é feito sem
autorização do
usuário.
Obs.: 14. A pena da forma qualificada do delito foi alterada pela Lei n. 14.155/21. Antes, era
punida com pena de reclusão, de seis meses a dois anos, e multa. Portanto, crime de
menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61). Agora, a pena é de reclusão, de dois
a cinco anos, e multa. Muito mais gravosa do que a pena anterior, a atual não é com-
patível com suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89) e admite, até
mesmo, a decretação de prisão preventiva (CPP, art. 313, I). Portanto, tornou-se crime
de alto potencial ofensivo – a pena anterior fazia da qualificadora delito de menor
potencial ofensivo.
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3. Sinopse
3.1. Perigo de Contágio Venéreo (CP, Art. 130)
Conduta
É imprescindível o contato físico para que fique caracterizado o delito – é crime de forma vin-
culada (o oposto de forma livre, que admite qualquer meio de execução). Não haverá o delito
quando o perigo de contágio for oriundo de qualquer outro tipo de ação ou omissão (ex.: inges-
tão de alimentos).
Bem Jurídico
Objeto Material
É a pessoa que tem relação sexual ou qualquer ato libidinoso com o indivíduo contaminado
por moléstia venérea.
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Sujeitos do Crime
Crime próprio, deve ser praticado por quem está contaminado por moléstia grave. Como
não é possível que o contaminado delegue a conduta a alguém, trata-se de crime de mão pró-
pria, compatível com o concurso de pessoas na condição de terceiro partícipe. A ausência de
contaminação torna o crime impossível, ainda que o sujeito acredite estar contaminado. O sujei-
to passivo pode ser qualquer pessoa, desde que passível de contaminação – portanto, alguém
imune ou já contaminado pode fazer com que se reconheça o crime impossível (CP, art. 17).
Elemento Subjetivo
É o dolo, não admitida a modalidade culposa. É compatível tanto com o dolo direto (de que
sabe) como com o dolo eventual (deve saber).
Consumação e Tentativa
Na modalidade do caput, o crime se consuma com a prática do ato sexual, pouco impor-
tando a efetiva contaminação. Na forma qualificada (§ 1º), a consumação também ocorre com
a relação sexual ou ato libidinoso diverso, mas a contaminação pode fazer com que o agente
responda por lesão corporal (veja quadro abaixo). A tentativa é possível.
Se Resultar Em Se Resultar Em
Se Resultar Em Se Resultar Em Lesão
Lesão Corporal Morte Em Razão
Lesão Corporal Corporal Seguida De
Grave Ou De Dolo Direto
Leve Morte (Preterdoloso)
Gravíssima Ou Eventual
Responde pela
Responde pelo lesão corporal Responde pelo
Responde pelo crime do
crime do artigo qualificada, grave ou crime do artigo
artigo 129, § 3º, do CP.
130, § 1º, do CP. gravíssima (CP, art. 121 do CP.
129, § 1º ou § 2º).
Naturalmente, ao estudar o crime do artigo 130 do CP, não tem como não pensar no HIV. Em-
bora não se trate, necessariamente, de moléstia venérea, pois pode ser transmitida por meio
diverso da relação sexual, alguns sustentam que aquele que faz sexo ciente da contaminação
deve ser responsabilizado pelo delito em estudo. Outros entendem pela prática do homicídio,
consumado ou tentado, se houver dolo de transmissão do vírus. Ao julgar o HC 98.712, o STF
entendeu que não caracteriza o crime do artigo 121 do CP, mas também não disse qual seria a
correta tipificação. Em prova, o assunto não tem como ser cobrado em prova objetiva (exceto
se pedido o posicionamento da Corte Suprema).
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Ação Penal
Qualificadoras
Na forma simples do delito, o indivíduo sabe (ou deveria saber) estar contaminado, mas
mantém a relação sexual ou pratica ato libidinoso. A pena é de detenção, de três meses a um
ano, ou multa. Na modalidade qualificada, o indivíduo tem a intenção de transmitir a moléstia
venérea, devendo ser punido com pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Próprio: o sujeito ativo deve ser pessoa contaminada com moléstia venérea.
Simples: tutela um único bem jurídico.
De perigo abstrato: na figura do caput, quando não precisa ser demonstrado o efetivo
risco ao bem jurídico tutelado.
De perigo com dolo de dano: na conduta do § 1º. Embora exista a intenção de causar o
dano, a consumação independe da efetiva contaminação.
De forma vinculada: a lei define como deve ser executada a conduta – por relação sexual
ou qualquer ato libidinoso.
Comissivo: a conduta se dá por um fazer.
Unissubjetivo: não é necessário o concurso de pessoas.
Plurissubsistente: a conduta pode ser fracionada, fazendo com que seja possível a
tentativa.
Instantâneo: a consumação ocorre em momento específico, não se prolongando no
tempo.
O crime consiste em praticar ato capaz de transmitir a outrem moléstia grave. Se a mo-
léstia for doença venérea e a exposição se der por relação sexual ou ato libidinoso diverso, o
delito será o do artigo 130 do CP. Crime de forma livre, pode ser cometido por qualquer meio,
desde que, é claro, idôneo a provocar a transmissão da moléstia.
Bem Jurídico
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Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime próprio, tem de ser praticado por quem estiver contaminado por moléstia grave, incu-
rável ou não. O sujeito passivo tem de ser alguém passível de contaminação – caso contrário,
crime impossível (CP, art. 17).
Elemento Subjetivo
É o dolo de expor a vítima ao perigo. Deve ser direto, acrescido de especial fim de agir (com o fim
de transmitir). O tipo penal não é compatível com o dolo eventual. Não é típica a modalidade culposa.
Consumação e Tentativa
Crime formal, consuma-se com a prática do ato, ainda que não ocorra a transmissão da
moléstia grave. A tentativa é possível. Para o caso de contaminação, deve ser adotada a expli-
cação trazida no artigo anterior (tabela).
Ação Penal
A ação penal é pública incondicionada. A pena mínima de um ano admite suspensão con-
dicional do processo, embora não seja crime de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95,
arts. 61 e 89).
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Próprio: o sujeito ativo deve ser pessoa contaminada com moléstia grave.
Simples: tutela um único bem jurídico.
Formal: consuma-se independentemente de efetiva transmissão da moléstia.
De perigo com dolo de dano: o sujeito ativo age com vontade de transmitir, mas a
consumação independe da efetiva contaminação da vítima.
Comissivo: é praticado por meio de uma conduta positiva, um fazer.
Unissubjetivo: não precisa ser praticado em concurso de pessoas.
Plurissubsistente: a conduta pode ser fracionada, tornando possível a tentativa. No
entanto, caso cometido o delito por omissão imprópria (CP, art. 13, § 2º), a tentativa não
será admitida em razão da unissubsistência.
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Pratica o crime quem expõe a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. Delito
expressamente subsidiário, surge como opção após a exclusão de qualquer delito violento ou
que ofereça risco, a exemplo do disparo de arma de fogo (Lei n. 10.826/03, art. 15).
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Também não se exige qualquer
qualidade especial da vítima.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Ação Penal
Aumento de Pena
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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Comete o crime que abandona, deixa desprotegida pessoa que está sob seu cuidado, guar-
da, vigilância ou autoridade, incapaz de se defender dos riscos resultantes do abandono. Crime
de forma livre, admite qualquer meio de execução, desde que provoque real perigo à vítima
(crime de perigo concreto).
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime próprio, tem por sujeito ativo quem tem o incapaz sob seu cuidado, guarda, vigilân-
cia ou autoridade. O sujeito passivo é o incapaz sob a responsabilidade de quem o tem nas
mencionadas condições. Cuidado, todavia, pois a incapacidade mencionada não é a civil, mas
a real, a efetiva impossibilidade de se defender, por conta própria, da situação de perigo.
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É a relação de
O incapaz está sob
É a assistência superioridade do
assistência eventual
oferecida por aquele sujeito ativo em
do sujeito ativo. Ex.: O sujeito ativo deve
que assegura relação ao incapaz.
pessoa contratada oferecer assistência
proteção ao incapaz. Ex.: chefe de setor
para cuidar de idoso de maneira
Ex.: instrutor onde se desenvolve
que o abandona duradoura. Ex.: pais
de atividade atividade perigosa
em vez de oferecer- em relação ao filho
potencialmente que, responsável
lhe o necessário criança, abandonado
perigosa abandona pela integridade dos
cuidado do qual e exposto a risco.
o incapaz durante a seus subordinados,
não consegue se
prática. os abandona à
defender.
própria sorte.
Elemento Subjetivo
É o dolo, direto ou eventual, sem qualquer finalidade especial. Não é admitida da modali-
dade culposa.
Consumação e Tentativa
Consuma-se quando o abandono faz com que o incapaz fique exposto a risco, decorrente
do abandono, do qual não consegue se defender. Embora transmita a ideia de consumação
que se prolonga no tempo, enquanto perdurar o abandono, trata-se, em verdade, de crime ins-
tantâneo, mas de efeitos permanentes. Em razão disso, não se aplica, por exemplo, o artigo
303 do CPP ou a Súmula 711 do STF. A tentativa é possível quando o crime se dá por ação
(comissivo), mas não por omissão.
Ação Penal
Qualificadoras
Se, em razão da prática delituosa, por culpa (crime preterdoloso), a vítima sofrer lesão
de natureza grave (CP, art. 129, § 1º e § 2º), a pena será de reclusão, de um a cinco anos. Se
morrer, a pena será de reclusão, de quatro a doze anos. Na primeira hipótese (§ 1º), admite-se
suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Aumento de Pena
O § 3º traz algumas majorantes, aplicáveis na terceira fase da dosimetria, que podem fazer
com que a pena fique acima do máximo previsto no caput, § 1º ou § 2º. A pena é aumentada
de um terço se: (a) o abandono ocorre em lugar ermo, distante de onde se possa pedir socorro
a outras pessoas; (b) o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador
da vítima. Tios, sobrinhos e a relação decorrente de união estável foram deixados de fora do
dispositivo; (c) a vítima for maior de sessenta anos (igual ou superior).
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pratica o crime quem expõe, no sentido de retirá-lo do local onde está seguro, bem assis-
tido, ou abandona recém-nascido. O dispositivo reclama uma finalidade específica, consis-
tente em ocultar desonra própria – conceito não definido em lei, cabendo ao magistrado, no
caso concreto, avaliar sua presença (elemento normativo do tipo). Crime de forma livre, admite
qualquer forma de execução. Ademais, é crime de perigo concreto. Ou seja, para que fique ca-
racterizado, tem de ser demonstrado o efetivo risco ao bem jurídico tutelado, não bastando a
simples presunção.
Bem Jurídico
Objeto Material
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Sujeitos do Crime
Crime próprio, tem por sujeito ativo a mãe ou o pai do recém-nascido. No entanto, vale
destacar que o delito reclama uma finalidade especial: o indivíduo age para ocultar desonra
própria, algo facilmente perceptível em uma gravidez resultante de adultério. O concurso de
pessoas é possível. O sujeito passivo é o recém-nascido.
Elemento Subjetivo
O crime é compatível apenas com o dolo direto, acrescido de um especial fim de agir – para
ocultar desonra própria. Não se pune a modalidade culposa.
Consumação e Tentativa
Ação Penal
A ação penal é sempre pública incondicionada. Crime de menor potencial ofensivo, deve
ser processado e julgado no Juizado Especial Criminal (Lei n. 9.099/95, art. 61). É compatível
com transação penal e com suspensão condicional do processo (idem, arts. 76 e 89).
Qualificadoras
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Crime omissivo próprio, cuja prática se dá por deixar de fazer algo, a omissão de socorro
é praticada por quem deixa de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal
(elemento normativo do tipo). Portanto, não fica caracterizado o crime quando a assistência
não é prestada por estar a vítima em região notoriamente perigosa. A lei não impõe uma forma
como o delito deve ser praticado (crime de forma livre).
Bem Jurídico
Além de tutelar a vida e a saúde da pessoa humana, o dispositivo tem por objetivo proteger
a solidariedade entre os humanos, fazendo com que exista a necessidade de ajuda mútua.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A lei não exige alguma qualidade
especial do sujeito ativo. O sujeito passivo tem de ostentar uma das condições descritas no
tipo penal: (a) criança em abandono; (b) criança extraviada; (c) pessoa inválida e ao desampa-
ro; (d) pessoa ferida e ao desamparo; (e) pessoa em grave e iminente perigo.
Cuidado, pois é distinta a aferição do perigo em relação às vítimas. Na hipótese de pessoa
em grave e iminente perigo, deve ser demonstrado o efetivo risco produzido (perigo concreto).
Para as demais, a omissão de socorro é crime de perigo abstrato. Ou seja, a própria condição da
vítima faz com que se presuma presente o risco ao bem jurídico tutelado.
Elemento Subjetivo
É o dolo de perigo, direto ou eventual. Não se exige qualquer finalidade especial a ser bus-
cada. Não é admitida a modalidade culposa.
Consumação e Tentativa
Ação Penal
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pratica o crime quem exige cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimen-
to médico-hospitalar. Crime de forma vinculada, afinal, a lei determina como deve ser praticado.
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é a contra quem
a exigência é feita.
Elemento Subjetivo
É o dolo, direto ou eventual, acrescido de um especial fim de agir (como condição para o
atendimento médico hospitalar emergencial).
Consumação e Tentativa
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Ação Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Conduta
Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuida-
dos indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de
meios de correção ou disciplina.
Não confunda com o crime de tortura, do artigo 1º, II, da Lei n. 9.455/97, que consiste em sub-
meter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ame-
aça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo. Dica: se a questão falar em intenso, diga que é tortura.
Bem Jurídico
Objeto Material
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Sujeitos do Crime
Crime próprio, pode ser praticado por quem tem relação de autoridade, guarda ou vigilância
em relação à vítima. O sujeito passivo deve ser, naturalmente, quem está ligado ao sujeito ativo
nas hipóteses mencionadas.
Elemento Subjetivo
É o dolo, direto ou eventual. Tem de estar presente o especial fim de agir: expor a vítima a
perigo por meio dos maus-tratos. A modalidade culposa é atípica.
Consumação e Tentativa
Se dá no momento em que a vítima é exposta a efetivo perigo, ainda que nenhum dano seja
provocado. A tentativa é possível.
Ação Penal
Qualificadoras
Na modalidade simples, o crime é punido com pena de detenção, de dois meses a um ano,
ou multa. Se a vítima sofrer lesão corporal grave ou gravíssima, a pena é de reclusão, de um a
quatro anos; se morrer, a pena é de reclusão, de quatro a doze anos.
A pena é aumentada de um terço se o crime for praticado contra pessoa menor de ca-
torze anos.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Próprio: tem de existir situação de autoridade, guarda ou vigilância entre o sujeito ativo e
o sujeito passivo.
De perigo concreto: deve ser demonstrado o efetivo risco ao bem jurídico tutelado.
De forma vinculada: a lei estabelece como deve se dar a execução.
Comissivo ou omissivo: a conduta pode ser praticada tanto por uma ação quanto por
uma omissão, um deixar de fazer.
Unissubjetivo: não é necessário o concurso de pessoas.
Plurissubsistente: a conduta pode ser fracionada, fazendo com que seja possível a
tentativa.
Instantâneo: a consumação ocorre em momento específico, não se prolongando no tempo.
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Participar de rixa. Rixa é o tumulto violento, em que várias pessoas – no mínimo, três –
agridem-se. É atípica a conduta de quem se envolve na rixa para separar os contendores.
Bem Jurídico
Objeto Material
Os participantes da rixa.
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Como todos os envolvidos agri-
dem-se reciprocamente, todos são, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo. Crime
plurissubjetivo, exige a presença de, no mínimo, três pessoas.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Ação Penal
Qualificadoras
A pena da rixa é de detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Contudo, se ocorrer
morte ou lesão corporal de natureza grave ou gravíssima de alguém, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
CALÚNIA (CP, ART. 138) DIFAMAÇÃO (ART. 139) INJÚRIA (CP, ART. 140)
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CALÚNIA (CP, ART. 138) DIFAMAÇÃO (ART. 139) INJÚRIA (CP, ART. 140)
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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CALÚNIA (CP, ART. 138) DIFAMAÇÃO (ART. 139) INJÚRIA (CP, ART. 140)
Informações importantes:
(i) O art. 140, § 1º, do CP prevê
duas hipóteses de perdão judicial
aplicável somente à injúria, quando
a punibilidade será extinta.
(ii) O art. 142 do CP prevê
situações em que a injúria não
Informações importantes:
será considerada crime em razão
(i) A atribuição de contravenção
da exclusão da ilicitude.
Informações importantes: penal configura o crime de
(iii) É qualificada a injúria, com
(i) É punível a calúnia praticada difamação. Isso porque o art. 138,
pena de 3 meses a 1 ano, quando
contra os mortos (art. 138, § 2º). ao tipificar a calúnia, fala apenas
consistir em violência ou vias de
(ii) Responde pela calúnia quem, em “crime”.
fato que, por sua natureza ou pelo
sabendo falsa a imputação, a (ii) O art. 142 do CP dispõe de
meio empregado, se considerem
propala ou divulga (art. 138, § 1º). hipóteses em que a difamação
aviltantes – é a denominada injúria
não será considerada crime por
real, do art. 140, § 3º.
exclusão da ilicitude.
(iv) Também é qualificada, com
pena de 1 a 3 anos, a injúria
consistente na utilização de
elementos referentes a raça,
cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência.
Conduta
Caluniar alguém (atingir alguém em sua reputação), imputando-lhe falsamente fato defini-
do como crime. Quem pratica a conduta sabe que está mentindo.
• Fato é o evento que pode ser posicionado em algum momento do tempo. Exemplo: se
digo que João praticou um roubo, é possível dizer quando e onde ocorreu.
• Se o fato consistir em contravenção penal, o crime será o de difamação (CP, art. 139).
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Bem Jurídico
A honra objetiva.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo é qualquer
pessoa natural, desde que determinada. A pessoa jurídica pode ser vítima apenas em crimes
ambientais (Lei n. 9.605/98). Os menores de dezoito anos podem ser vítimas do crime, ainda
que não pratiquem crime, mas ato infracional. Até mesmo pessoa morta pode ser objeto da
calúnia, mas as vítimas são o cônjuge e seus familiares.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime que atinge a honra objetiva (a forma como a pessoa é vista pela coletividade), con-
suma-se no momento em que terceiro, diverso da vítima, toma ciência dos fatos caluniosos. A
tentativa é possível apenas quando a calúnia for executada por escrito, quando a mensagem
pode ser interceptada antes de alcançar alguém.
Ação Penal
Em regra, é crime de ação penal privada. Será de ação penal pública condicionada à requi-
sição do Ministro da Justiça se praticado contra o Presidente da República ou contra chefe de
governo estrangeiro. Também dependerá de representação quando praticada a calúnia contra
funcionário público, em razão das suas funções.
Exceção da Verdade
É possível que a pessoa que praticou a conduta alegue, em sua defesa, que os fatos são
verdadeiros – a calúnia consiste em imputação falsa de crime. A denominada exceção da
verdade não é admitida se: (a) constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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não foi condenado por sentença irrecorrível; (b) o fato é imputado ao Presidente da República
a chefe de governo estrangeiro; (c) do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.
A pena da calúnia é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, devendo ser aumenta-
da de um terço se qualquer dos crimes é cometido: (a) contra o Presidente da República, ou con-
tra chefe de governo estrangeiro; (b) contra funcionário público, em razão de suas funções; (c)
na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação
ou da injúria; (d) contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto
no caso de injúria. Ademais, se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompen-
sa, aplica-se a pena em dobro. Por fim, a pena é aplicada em triplo se o delito for cometido ou
divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores.
Retratação
Pedido de Explicações
Procedimento judicial facultativo, a possível vítima de calúnia ou difamação pode pedir expli-
cação em juízo do que foi dito. A medida é importante quando há duplo sentido no que foi falado
– o esclarecimento serve para definir se houve, afinal, a prática de um dos dois delitos. Se o re-
querido se recusar a dar explicação – ou se não for satisfatória -, deve responder pelo(s) delito(s).
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
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Bem Jurídico
A honra objetiva.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime que atinge a honra objetiva (a forma como a pessoa é vista pela coletividade), con-
suma-se no momento em que terceiro, diverso da vítima, toma ciência dos fatos difamantes. A
tentativa é possível quando a ofensa se der por escrito.
Ação Penal
Em regra, é crime de ação penal privada. É de ação penal pública condicionada à requisi-
ção do Ministro da Justiça se praticado contra o Presidente da República ou contra chefe de
governo estrangeiro.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Exceção da Verdade
Em regra, não é admitida, exceto quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é re-
lativa ao exercício de suas funções.
Exclusão da Ilicitude
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Injuriar (ofender) alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. O sujeito ativo não apon-
ta fato, como ocorre na calúnia e na difamação.
Bem Jurídico
A honra subjetiva.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima também pode ser qual-
quer pessoa, desde que natural (física).
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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A/O esposa/marido tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de mensagem
que insinua que o/a seu/sua marido/esposa mantém uma relação extraconjugal. No caso con-
creto, julgado pelo STF, uma pessoa afirmou que um indivíduo casado mantém relação ho-
mossexual extraconjugal com outro homem. A Suprema Corte entendeu pela legitimidade da
esposa deste indivíduo para ajuizar queixa-crime por injúria. (STF, Pet 7.417 AgR/DF)
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Por atingir a honra subjetiva (a percepção que a pessoa tem dela própria), o crime se con-
suma quando a ofensa alcança a vítima. A tentativa é admitida apenas quando a prática se der
por escrito.
Perdão Judicial
O juiz pode deixar de aplicar a pena: (a) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria; (b) no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Exclusão da Ilicitude
Injúria Real
Se o crime consistir em violência ou vias de fato que, por sua natureza ou pelo meio em-
pregado, se considerem aviltantes (ex.: um tapa no rosto, dado com intenção de humilhar a
vítima), a pena será de detenção, de três meses a um ano, e multa, sem prejuízo da pena cor-
respondente à violência (ex.: lesão corporal). Na forma simples, o crime é punido com pena de
detenção, de um a seis meses, ou multa.
Injúria Discriminatória
Se a injúria consistir na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem
ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, a pena será de reclusão, de um a
três anos, e multa.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Ação Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer
o que ela não manda.
Bem Jurídico
A liberdade individual para decidir o que fazer ou deixar de fazer dentro dos limites legais.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima pode ser qualquer pessoa,
desde que dotada de autodeterminação.
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
Leonardo Castro
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime material, consuma-se no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer. A tentativa
é possível.
Ação Penal
Punido com pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa, que deve ser dobrada
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
Se da violência resultar em lesão corporal ou morte, deve o agente responder pelo constran-
gimento ilegal em concurso material com o delito correspondente ao resultado (ex.: homicídio).
Exclusão da Ilicitude
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de cau-
sar-lhe mal injusto e grave.
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima também pode ser qual-
quer pessoa, desde que certa e determinada.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime formal, consuma-se no momento em que a vítima toma ciência da ameaça. A tenta-
tiva é possível quando a execução se dá por escrito ou por gestos.
Ação Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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O verbo é perseguir, vigiar a rotina, seguir alguém. Há um único verbo nuclear, mas várias
formas de praticá-lo. O crime tem de ser praticado contra pessoa determinada e de forma
reiterada – portanto, crime habitual. Um único evento de perseguição não caracteriza o delito.
É delito de forma livre, que pode ser praticada por qualquer meio, presencial ou remota (por
internet, por exemplo).
Bem Jurídico
O tipo penal tutela a liberdade individual, atingida pelo ataque à privacidade, ao direito de
locomoção, à integridade psíquica da vítima.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. No entanto, presente o concurso
de agentes, a pena será aumentada de metade (art. 147-A, § 2º, III) – crime acidentalmente ou
eventualmente coletivo. Além disso, a pena também será aumentada se praticado contra víti-
ma criança, adolescente, idoso ou contra mulher, quando tiver por motivo razões da condição
de sexo feminino (§ 1º, I e II).
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Ação Penal
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Se houver emprego de violência, o sujeito será punido tanto pelo stalking quanto pelo crime
violento (ex.: lesão corporal), em concurso.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Conduta
Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado. Cuidado para não
confundir o delito do artigo 148 do CP com outros em que há restrição ou privação da liberdade
da vítima. Veja o esquema a seguir.
Bem Jurídico
A liberdade de locomoção.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Na execução do crime de
roubo, o agente restringe
a liberdade da vítima. O
objetivo do criminoso O agente pratica o crime
é a subtração de coisa de extorsão, mas precisa
móvel, mas a restrição restringir a liberdade da O agente sequestra
da liberdade da vítima vítima para ter êxito na pessoa e só a liberta
O agente priva a vítima se faz necessária para prática delituosa. Ex.: se recebida vantagem
de sua liberdade. a prática do roubo. Ex.: manter a vítima refém por ele exigida como
ao assaltar uma casa, enquanto a leva a caixas condição ou preço do
ladrões mantém a vítima eletrônicos espalhados resgate.
refém até que consigam pela cidade, para fazê-la
subtrair-lhe os bens, efetuar saques.
afinal, se fosse solta,
provavelmente pediria
socorro.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime material, consuma-se com a privação da liberdade da vítima. Ademais, crime perma-
nente, cuja consumação se prolonga no tempo. Como consequência, o sequestrador pode ser
preso a qualquer momento, enquanto a vítima estiver privada de sua liberdade (CPP, art. 303).
A tentativa é possível.
Ação Penal
Qualificadoras
Na forma simples, o crime é punido com pena de reclusão, de um a três anos. O artigo 148
elenca algumas qualificadoras, como se vê na tabela que segue.
Hipótese Pena
Se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. Reclusão, de dois a cinco anos.
Se o crime é praticado contra menor de dezoito anos. Reclusão, de dois a cinco anos.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte II
Leonardo Castro
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A lei também não exige condição
especial para que alguém seja vítima.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
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Leonardo Castro
Ação Penal
Se, em virtude da violência empregada, for obtido mais gravoso (ex.: lesão corporal), o
agente responderá pelo crime do artigo 149 em concurso material com o outro delito praticado
(ex.: artigo 129 do CP).
Figuras Equiparadas
São punidos com as mesmas penas (reclusão, de dois a oito anos, e multa) quem: (a) cer-
ceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
local de trabalho; (b) mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de docu-
mentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
O crime consiste em agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou aco-
lher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
(a) remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (b) submetê-la a trabalho em condições
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análogas à de escravo; (c) submetê-la a qualquer tipo de servidão; (d) adoção ilegal; ou (e)
exploração sexual.
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime formal, consuma-se com a prática de qualquer os verbos nucleares agenciar, ali-
ciar, recrutar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa. A tentativa
é possível.
Ação Penal
A pena do delito, que é de reclusão, de quatro a oito anos, e multa, deve ser aumentada
de um terço até a metade se: (a) o crime for cometido por funcionário público no exercício de
suas funções ou a pretexto de exercê-las; (b) o crime for cometido contra criança, adolescen-
te ou pessoa idosa ou com deficiência; (c) o agente se prevalecer de relações de parentesco,
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de
superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou; (d) a vítima
do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
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A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização
criminosa.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Bem Jurídico
Objeto Material
É o domicílio invadido.
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa – até mesmo pelo proprietário do
imóvel, se alugada a alguém. O sujeito passivo não é, necessariamente, o proprietário, afinal,
como exemplificado, pode ser, inclusive, o inquilino.
Elemento Subjetivo
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Consumação e Tentativa
Ação Penal
Qualificadora
Exclusão da Ilicitude
Conceito de Casa
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Bem Jurídico
O sigilo da correspondência.
Objeto Material
A correspondência violada.
Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Há dois sujeitos passivos: o reme-
tente e o destinatário.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
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Ação Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Bem Jurídico
A inviolabilidade da correspondência.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Crime formal, consuma-se no momento em que o agente desvia, sonega, subtrai ou supri-
me a correspondência comercial. A tentativa é possível.
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Ação Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Bem Jurídico
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Ocorre no momento em que o segredo é divulgado. Crime formal, nenhum dano precisa ser
produzido. A tentativa é possível.
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Ação Penal
Em regra, crime de ação penal pública condicionada à representação, salvo quando resul-
tar prejuízo para a administração pública, quando a ação penal será incondicionada.
Qualificadora
Na forma simples, o crime é punido com pena de detenção, de um a seis meses, ou multa.
Presente a qualificadora, a pena é de detenção, de um a quatro anos, e multa. A modalidade
mais gravosa de prática do delito está caracterizada ao se divulgar, sem justa causa, informa-
ções sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de infor-
mações ou banco de dados da Administração Pública.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, minis-
tério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem
Bem Jurídico
Objeto Material
O segredo revelado.
Sujeitos do Crime
O sujeito ativo tem de ser quem tem teve conhecimento do segredo em razão de sua fun-
ção, ministério, ofício ou profissão (crime próprio). Prejudicados pela violação do segredo são
os sujeitos passivos do delito.
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Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Ação Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Próprio: tem de ser praticado por quem obteve o segredo em razão de função, ministério,
ofício ou profissão.
Formal: a consumação independe da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a execução pode se dar por qualquer meio.
Unissubjetivo: não é necessário o concurso de pessoas.
Unissubsistente ou plurissubsistente: em regra, unissubsistente, exceto quando
praticado por escrito, hipótese em que a conduta poderá ser fracionada.
Instantâneo: a consumação ocorre em momento específico, não se prolongando no tempo.
Bem Jurídico
A liberdade individual em relação à inviolabilidade dos segredos. Não é crime contra o pa-
trimônio, que tem por objetivo a tutela do dispositivo informático, em si.
Objeto Material
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Sujeitos do Crime
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima não precisa ser a dona do
dispositivo. Basta que seja a usuária do dispositivo.
Elemento Subjetivo
Crime doloso, demanda um especial fim de agir para que a conduta seja típica (com o fim
de obter, adulterar...). É atípica a modalidade culposa.
Consumação e Tentativa
Ação Penal
Em regra, crime de ação penal pública condicionada, que se procede mediante represen-
tação. Exceção: se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de
qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas
concessionárias de serviços públicos, a ação penal é pública incondicionada.
Figura Equiparada
Também pratica o delito quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou
programa de computador com o intuito de permitir a prática de invadir dispositivo informático.
Qualificadora
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invadido. Em razão da elevada pena, é crime de alto potencial ofensivo, não compatível com a
suspensão condicional do processo.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
4. Informativos
Omissão de Socorro
Para que fique caracterizado o crime de omissão de socorro, é irrelevante o fato de a vítima
ter falecido imediatamente, tendo em vista que não cabe ao condutor do veículo, no instante
do acidente, supor que a gravidade das lesões resultou na morte para deixar de prestar socorro
(STJ, AgRg no Ag n. 1.140.99/MG).
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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Com fundamento no artigo 140, § 1º, II, do CP, não deve ser punido Deputado Federal que
profere palavras injuriosas contra adversário político que também o ofendeu imediatamente
antes (STF, AP 926/AC).
É possível que se impute, de forma concomitante, a prática dos crimes de calúnia, de difa-
mação e de injúria ao agente que divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar os
referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime
de calúnia forem diversos dos empregados para demonstrar a prática do crime de difamação
(STJ, RHC 41.527/RJ).
A manifestação do advogado em juízo para defender seu cliente não configura crime de
calúnia se emitida sem a intenção de ofender a honra (STJ, Rcl 15.574/RJ).
Configura o crime de violação de domicílio (art. 150 do CP) o ingresso e a permanência,
sem autorização, em gabinete de Delegado de Polícia, embora faça parte de um prédio ou de
uma repartição públicos (STJ, HC 298.763/SC).
Para configurar o delito do art. 149 do Código Penal, redução a condição análoga à de
escravo, é prescindível a restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores (STJ, CC
127.937/GO).
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
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QUESTÕES DE CONCURSO
Atualização
A calúnia é crime de menor potencial ofensivo (CP, art. 138, caput), de competência do Juizado
Especial Criminal (Lei n. 9.099/95, art. 61). Todavia, o Pacote Anticrime adicionou uma nova cau-
sa de aumento ao artigo 141, § 2º, do CP, fazendo com que o delito contra a honra tenha a pena
aplicada em triplo quando cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais
da rede mundial de computadores. Por se tratar de majorante, influencia na aferição da compe-
tência, o que não acontece em relação às circunstâncias agravantes (veja a Súmula 231 do STJ).
Causas de aumento
Agravantes e atenuantes
podem fazer com que a
têm de respeitar os limites
pena seja elevada além do
da pena. Ainda que o
Pena – detenção, de seis máximo. Portanto, em tese,
agente tenha, em seu
meses a dois anos, e multa é possível que a pena da
desfavor, duas, três ou
(CP, art. 138, caput). calúnia ultrapasse dois anos
mais agravantes, a pena
quando presente alguma
da calúnia (art. 138, caput)
das hipóteses do artigo 141
permanecerá em dois anos.
do CP.
002. (INÉDITA/2021) No crime de invasão de dispositivo informativo (CP, art. 154-A), a pena é
aumentada de um terço a dois terços se da invasão resulta prejuízo econômico.
A resposta pode ser extraída do § 2º do artigo 154-A do CP. No entanto, cuidado: a resposta
corresponde à redação dada ao dispositivo pela Lei n. 14.155, em vigor desde o dia 28 de
maio de 2021.
Certo.
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003. (INÉDITA/2021) No crime de perseguição (CP, arr. 147-A), a pena é aplicada em dobro
quando a conduta é praticada em redes sociais, hipótese em que o delito deixa de ser de menor
potencial ofensivo.
A pena do delito é aumentada quando cometido: (a) contra criança, adolescente ou idoso; (b)
contra mulher, por razões da condição de sexo feminino; (c) mediante concurso de duas ou
mais pessoas; (d) com emprego de arma.
Errado.
A nova redação do artigo 154-A do CP, alterada pela Lei n. 14.155, não mais possui como ele-
mentar a violação indevida de mecanismo de segurança. Por se tratar de novatio legis in pejus,
não deve retroagir a fatos anteriores à data de vigência da nova lei (28-5-2021).
Certo.
Súmulas e Informativos
No informativo n. 687, de março de 2021, o STJ publicou julgado em que foi decidido que
a retratação da calúnia, feita antes da sentença, acarreta a extinção da punibilidade do agen-
te independente de aceitação do ofendido (APn 912/RJ). A retratação está prevista no artigo
143 do CP.
Errado.
006. (INÉDITA/2021) Embora sejam crimes diversos, que não se confundem, é possível que
se impute de forma concomitante a prática dos crimes de calúnia, de difamação e de injúria ao
agente que divulga em uma única carta dizeres aptos a configurar os referidos delitos, sobre-
tudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime de calúnia forem diversos
dos empregados para demonstrar a prática do crime de difamação.
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Por equívoco, algumas pessoas utilizam as expressões calúnia, difamação e injúria como se
fossem sinônimas, mas os três crimes não se confundem: basta a leitura dos artigos 138, 139
e 140 do CP para perceber as diferenças. No entanto, isso não significa que os três não pos-
sam ser praticados por um mesmo indivíduo, em uma única conduta, hipótese em que deve ser
reconhecido o concurso de crimes. É o que entende o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
É possível que se impute de forma concomitante a prática dos crimes de calúnia, de difa-
mação e de injúria ao agente que divulga em uma única carta dizeres aptos a configurar
os referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o
crime de calúnia forem diversos dos empregados para demonstrar a prática do crime de
difamação (RHC 41.527/RJ).
CALÚNIA (CP, ART. 138) DIFAMAÇÃO (CP, ART. 139) INJÚRIA (CP, ART. 140)
Exemplo: em uma carta, Ricardo afirmou, falsamente, que Francisco furtou produtos
de uma loja (calúnia). Disse também que Francisco mantém relação extraconjugal
(difamação) e que é um bêbado e um vagabundo (injúria). Pelas condutas, Ricardo deve
ser responsabilizado pelos três crimes, em concurso.
Certo.
007. (INÉDITA/2021) Durante conversa telefônica, Sérgio disse a Charles que “Guilherme é
burro e picareta”, em referência a um colega de trabalho em comum. No entanto, para o azar
de Sérgio, Guilherme ouviu a conversa por meio de extensão telefônica, fato desconhecido por
ambos os interlocutores. Pela ofensa proferida, Sérgio deve ser responsabilizado pela prática
de injúria.
JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assenta que o momento da consumação
do delito de injúria acontece quando a vítima toma conhecimento da ofensa. Ademais,
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o tipo penal em questão exige que a ofensa seja dirigida ao ofendido com a intenção de
menosprezá-lo, ofendendo-lhe a honra subjetiva. No caso, as palavras injuriosas foram
proferidas por meio telefônico, não sendo previsível que a vítima estivesse ouvindo o teor
da conversa pela extensão telefônica. Como a injúria se consuma com a ofensa à honra
subjetiva de alguém, não há falar em dolo específico no caso em que a vítima não era o
interlocutor na conversa telefônica e, acidentalmente, tomou conhecimento do seu teor
(REsp 1.765.673/SP).
Errado.
De fato, é crime contra a liberdade individual, mas prescinde de restrição à liberdade, como já
decidiu o STJ: Para configuração do delito de “redução a condição análoga à de escravo” (art.
149 do CP) – de competência da Justiça Federal – é desnecessária a restrição à liberdade de
locomoção do trabalhador (CC 127.937/GO).
Errado.
010. (INÉDITA/2021) Durante reunião de uma CPI, o ex-deputado federal J. W. disse a seguin-
te frase: tem um imaginário impregnado, sobretudo nos agentes das forças de segurança, de
que uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa
branca de classe média. Esse é um imaginário que está impregnado na gente. Pouco depois, o
também deputado federal E. M. publicou, em uma rede social, apenas trecho da fala, registrada
em vídeo, onde foi dito: uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa
do que uma pessoa branca de classe média, dando a entender que o deputado J. W. havia feito
declaração preconceituosa.
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Ao decidir o caso, após propositura de queixa-crime pelo deputado J. W., o STF entendeu que
o deputado E. M. cometeu o crime de difamação.
Na oportunidade, o STF entendeu que a difamação pode ser praticada mediante a publicação
de vídeo no qual o discurso da vítima seja editado, como aconteceu no exemplo trazido
(Pet 5.705/DF).
Certo.
Legislação e Doutrina
Em regra, é possível exceção da verdade em calúnia, exceto nas hipóteses trazidas no artigo
138, § 3º, do CP. Na difamação, a situação é oposta: em regra, não é possível a exceção da
verdade, salvo na situação descrita no artigo 139, parágrafo único. Quanto à injúria, jamais será
aceita a exceção da verdade, tanto pela natureza do delito, que atenta contra a honra subjetiva,
quanto por falta de amparo legal.
Certo.
012. (INÉDITA/2021) Depende de representação a ação penal pela prática do delito de ame-
aça (CP, art. 147), exceto quando cometido o crime em situação de violência doméstica e fa-
miliar contra a mulher.
O crime de ameaça é de ação penal pública condicionada à representação (CP, art. 147, parágrafo
único). A exceção trazida na Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha) diz respeito, exclusivamente, à
ação penal pelos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa (CP, art. 129, caput e § 6º).
Errado.
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É o teor do artigo 135-A, parágrafo único, do CP: a pena é aumentada até o dobro se da negativa
de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Certo.
014. (INÉDITA/2021) A rixa é crime plurissubjetivo. Ou seja, para que fique caracterizado o
delito, deve haver, no mínimo, três rixosos, situação intitulada crime de multidão.
Embora o artigo 137 do CP nada diga a respeito, tem de haver, no mínimo, três indivíduos
envolvidos na rixa. Isso porque, na rixa, não é possível distinguir quem está atacando quem.
Todos são, ao mesmo tempo, sujeitos ativo e passivo, agressores e vítimas. Quando há ape-
nas dois indivíduos, fica evidente a posição de cada um no confronto. Pelo mesmo motivo,
não se trata de crime de multidão, quando os indivíduos direcionam seus esforços em um
sentido comum. Exemplo: torcedores de um time atacando pessoas vestidas com o unifor-
me do time adversário.
Errado.
015. (INÉDITA/2021) É qualificado o crime de tráfico de pessoas quando a conduta tem por
finalidade a exploração sexual da vítima.
A exploração sexual é uma das finalidades específicas descritas no caput do artigo 149-A do
CP. Portanto, não se trata de forma qualificada do delito. Em verdade, não há forma qualificada
do crime de tráfico de pessoas.
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Todos serão responsabilizados por omissão de socorro (CP, art. 135), de forma autônoma,
e não em concurso de pessoas. No exemplo do enunciado, foram praticados três crimes de
omissão de socorro, um por cada omisso.
Errado.
018. (INÉDITA/2021) O crime de perseguição (CP, art. 147-A) tem a pena aumentada de me-
tade se o crime é cometido mediante emprego de arma de fogo. Por omissão legislativa, e
vedada a analogia in malam partem, não é aumentada a pena quando o agente utiliza arma
branca (ex.: faca).
A redação do artigo 147-A, § 1º, III, in fine, do CP fala em arma, sem especificar se é de fogo ou
branca. Logo, a causa de aumento de pena é também aplicável quando houver emprego de faca.
Vários dispositivos do Código Penal falam do emprego de arma em seu teor, mas o tratamento
diverge entre os dispositivos. Por ser tema comumente cobrado em provas, decidi pela publicação
deste quadro como complemento ao seu estudo.
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Errado.
Defensor Público
Trata-se de hipótese sui generis de legitimidade concorrente. Ou seja, a ação pode ser pro-
posta tanto pelo servidor público, por meio de queixa-crime (ação penal privada), quando pelo
Ministério Público, por denúncia (ação penal pública condicionada à representação). É o que
estabelece a Súmula 714 do STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa,
e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
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DENUNCIAÇÃO
CALÚNIA DIFAMAÇÃO INJÚRIA DESACATO
CALUNIOSA
CP, art. 138. CP, art. 139. CP, art. 140. CP, art. 331. CP, art. 339.
O erro: a
ofensa não
foi dirigida ao
funcionário
O erro: a
O erro da público, mas à
alternativa A alternativa
alternativa: o CP instituição que A alternativa
descreve a está de
fala apenas de ele integra. descreve o crime
denunciação acordo com
calúnia contra Além disso, do artigo 340 do
caluniosa, do o artigo 140,
os mortos (CP, houve mera CP.
artigo 339 do § 3º, do CP.
art. 138, § 2º). exposição
CP.
de opinião,
ausente
o dolo de
desacatar.
Letra d.
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Crimes contra a Pessoa – Parte II
Leonardo Castro
(A)(B) Em verdade, o enunciado descreve hipótese de crime impossível (CP, art. 17). Não havia
como contaminar Priscila, afinal, ela já estava contaminada pela doença venérea.
(C)(D) O enunciado fala, de forma expressa, que se trata de doença venérea, e que a execução
se deu por meio de relação sexual. Portanto, prevalece o crime de perigo de contágio venéreo
(CP, art. 130) em detrimento do delito de perigo de contágio de moléstia grave (CP, art. 131).
e) Em caso de contaminação, poderia ficar caracterizada lesão corporal grave ou gravíssima
(CP, art. 129, § 1º ou § 2º). No entanto, como explicado, não havia como Jonas alcançar seu
objetivo, pois Priscila já estava contaminada pela doença.
Letra b.
022. (UFMT/2016/DPE/MT) A respeito dos crimes contra a honra, insculpidos no Código Pe-
nal, assinale a afirmativa correta.
a) Configura o crime de injúria imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação.
b) Configura o crime de difamação ofender a dignidade ou o decoro de alguém.
c) A calúnia somente admite a exceção da verdade em caso de o ofendido ser funcionário pú-
blico, em exercício de suas funções.
d) Configura o crime de calúnia imputar a alguém falsamente fato definido como crime.
e) A calúnia contra os mortos não é punível.
023. (FCC/2012/DPE/PR) Maria reside sozinha com sua filha de 5 meses de idade e encon-
tra-se em benefício previdenciário de licença maternidade de 6 meses. Todas as tardes a filha
de Maria dorme por cerca de duas horas, momento no qual Maria realiza as atividades domésticas.
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Em determinado dia, neste horário de dormir da filha, Maria foi até ao supermercado próximo
de sua casa, uma quadra de distância, para comprar alguns mantimentos para a alimentação
de sua filha. Normalmente esta saída levaria de 10 a 15 minutos, mas neste dia houve uma
queda no sistema informatizado do supermercado o que atrasou o retorno à sua casa por 40
minutos. Ao chegar próximo à sua casa, Maria constatou várias viaturas da polícia e corpo de
bombeiros na frente de sua residência, todos acionados por um vizinho que percebeu o choro
insistente de uma criança por 15 minutos, acionando os órgãos de segurança. Ao prestarem
socorro à criança, com o arrombamento da porta de entrada da casa, os agentes dos órgãos
de segurança verificam que a criança estava sozinha em casa, mas apenas assustada e sem
qualquer lesão. A conduta de Maria é caracterizada como
a) crime de abandono de incapaz.
b) crime de abandono de incapaz majorado.
c) crime de abandono de recém-nascido.
d) atípica
e) contravenção penal.
Magistratura
024. (FCC/2020/TJMS) Quanto aos crimes contra a honra, correto afirmar que
a) não constitui difamação ou calúnia punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
sa, pela parte ou por seu procurador.
b) cabível a exceção da verdade na difamação e na injúria.
c) há isenção de pena se o querelado, antes da sentença, se retrata cabalmente da difamação
ou da injúria.
d) a ação penal é pública incondicionada na injúria com preconceito.
e) possível a propositura de ação penal privada no caso de servidor público ofendido em razão
do exercício de suas funções.
a) Errada. O artigo 142, I, do CP é aplicável apenas à injúria e à difamação, mas não à calúnia.
b) Errada. Não se admite exceção da verdade em injúria.
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026. (CEBRASPE/2019/TJ-SC) Com relação a crimes contra a honra, assinale a opção correta.
a) O crime de calúnia se consuma no momento em que o ofendido toma conhecimento da
imputação falsa contra si.
b) Calúnia contra indivíduo falecido não se enquadra como crime contra a honra.
c) A exceção da verdade é admitida em caso de delito de difamação contra funcionário público
no exercício de suas funções.
d) A retratação cabal do agente da calúnia ou da difamação após o recebimento da ação penal
é causa de diminuição de pena.
e) O delito de injúria racial se processa mediante ação penal pública incondicionada.
a) Errada. Na calúnia e na difamação, o sujeito tem sua honra objetiva atingida (como o mundo
o vê). Portanto, a consumação depende da ciência de terceiros.
b) Errada. Há expressa previsão em sentido oposto, no artigo 138, § 2º, do CP.
c) Certa. A resposta é letra de lei: artigo 139, parágrafo único, do CP.
d) Errada. Se a retratação se der antes da sentença, isenta de pena (CP, art. 143, caput).
e) Errada. A ação penal é pública condicionada à representação (CP, art. 145, parágrafo único).
Letra c.
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a) Certa. Embora tenha apenas um verbo nuclear (reduzir), o artigo 149 do CP descreve três
formas de ser cometido do delito. Todavia, há crime único, e não concurso de crimes, quando
praticada mais de uma em um mesmo contexto fático. Por se tratar de crime contra a orga-
nização do trabalho, a competência é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, VI, da CF.
b) Certa. O artigo 149 do CP não exige que a prática se dê em área rural ou em locais longínquos.
c) Certa. É a redação do artigo 149 do CP.
d) Errada. O aumento é de metade (CP, art. 149, § 2º, I e II). Ademais, o dispositivo menciona
apenas crianças e adolescentes.
Letra d.
a) Certa. Alternativa extraída do § 1º do artigo 150 do CP: se o crime é cometido durante a noi-
te, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas.
b) Certa. É crime comissivo na conduta de entrar e omissivo na de permanecer: entrar ou per-
manecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de
direito, em casa alheia ou em suas dependências (CP, art. 150, caput).
c) Errada. Na conduta comissiva, é possível a tentativa. Basta que o agente não consiga entrar
no imóvel.
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d) Certa. A alternativa traz a transcrição do artigo 150, § 4º, III do CP: A expressão “casa” com-
preende: I – qualquer compartimento habitado; II – aposento ocupado de habitação coletiva;
III – compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Letra c.
a) Errada. Crime plurissubsistente, admite a tentativa (CP, art. 14, II) – embora constrangida, a
vítima não se comporta conforme determinação do criminoso, que a obriga a fazer deixar de
fazer algo.
b) Errada. O constrangimento ilegal é crime-meio para uma porção de outros delitos (extorsão,
estupro etc.). Portanto, é errado afirmar que sempre será punido autonomamente.
c) Errada. A imposição deve ser determinada: a vítima tem de fazer ou deixar de fazer algo
específico.
d) Certa. Crime subsidiário, o artigo 146 do CP deve der aplicável apenas quando não constituir
outro tipo penal.
Letra d.
Ministério Público
d) A coação exercida para impedir o suicídio não configura o delito de constrangimento ilegal,
sendo expressa no Código Penal a causa de exclusão da tipicidade (entretanto, parte da dou-
trina considera como causa excludente da ilicitude).
a) Certa. A exceção à ação penal pública condicionada ocorre, na hipótese de violência domés-
tica e familiar contra a mulher, apenas em relação aos delitos de lesão corporal leve e lesão
corporal culposa (CP, art. 129, caput e § 6º). Isso acontece porque a Lei n. 11.340/06 (Maria da
Penha) veda, em seu artigo 41, a incidência da Lei n. 9.099/95 na situação de violência domés-
tica e familiar contra a mulher. Ademais, em relação à retratação da representação, a Lei Maria
da Penha tem regra própria, em seu artigo 16, diversa daquela prevista no artigo 25 do CP.
RETRATAÇÃO
b) Certa. Em regra, o crime de sequestro e cárcere privado é material, que se consuma com a
efetiva privação da liberdade de alguém por tempo juridicamente relevante. Na forma qualifica-
da do delito, quando praticado com fins libidinosos (CP, art. 148, § 1º, V), a consumação tam-
bém acontece quando privada a vítima de sua liberdade, pouco importando que seja alcançado
o fim almejado (ex.: estupro). Portanto, crime formal.
c) Errada. Memorize: não existe forma qualificada do crime de tráfico de pessoas (CP, art.
149-A). Há, em verdade, causa de aumento de pena quando praticado o delito por funcionário
público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las (CP, art. 149-A, § 1º, I).
d) Certa. Segundo o artigo 146, § 3º, II, do CP, não há crime de constrangimento ilegal quando
a coação é exercida para impedir suicídio. Alguns entendem que se trata de causa especial de
exclusão da ilicitude. Outros, no entanto, defendem se tratar de causa excludente da tipicidade.
Letra c.
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I – Na injúria racial (CP, art. 140, § 3º), a ação penal é pública condicionada à representação
(art. 145, parágrafo único, in fine).
II – O enunciado traz a transcrição do artigo 138, § 2º e § 3º, do CP.
III – Mais uma vez, mera transcrição da redação legal: artigo 140, § 1º, I e II, do CP.
IV – Não é admitida exceção da verdade no crime de injúria. Na difamação, é possível em si-
tuação excepcional, quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
de suas funções.
V – É a redação do artigo 141, IV, do CP. No contexto da injúria, a ofensa preconceituosa pode
caracterizar a forma qualificada do delito (CP, art. 140, § 3º).
Letra b.
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Em seu § 3º, o artigo 146 do CP descreve duas causas de exclusão do delito de constrangi-
mento ilegal, quando: (1ª) a conduta é praticada em intervenção médica ou cirúrgica, sem o
consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de
vida; (2ª) a coação é exercida para impedir suicídio.
Certo.
A resposta é óbvia: é considerado tentado o crime que não se consuma por razões alheias à
vontade do agente, conceito extraído do artigo 14, II, do CP. Alguém pode ter dúvida em relação
à possibilidade de tentativa no crime de rixa (CP, art. 137). Contudo, note que as cinco alterna-
tivas apontam pela viabilidade.
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a) Errada. Em uma rixa com apenas três envolvidos, a saída de um deles faz com que cesse a
prática delituosa. Todavia, o crime já se consumou.
b) Errada. O fato de os rixosos decidirem pelo fim do confronto não muda o fato de que o delito
se consumou.
c) Certa. A afirmativa vale para qualquer crime compatível com a tentativa (homicídio, roubo,
estupro etc.).
d) Errada. Se, antes de iniciado o confronto, os pretensos rixosos desistem do combate, não há
crime, afinal, somente se fala em tentativa quando iniciada a execução do delito (CP, art. 14, II),
o que não aconteceu na hipótese trazida na alternativa. Também não se fala em desistência
voluntária antes de iniciada a execução (CP, art. 15).
e) Errada. Se abandonado o local antes da execução do delito, não houve a prática de delito. Se,
no entanto, o abandono foi após o confronto, a rixa se consumou.
Letra c.
035. (VUNESP/2008/MP-SP) Com relação ao crime de rixa, descrito no art. 137, caput, do
Código Penal (“Participar de rixa, salvo para separar os contendores”), assinale a alternativa
incorreta.
a) É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário.
b) Há presunção de perigo, que decorre da simples existência material da contenda.
c) É possível uma pessoa ser sujeito ativo e passivo do mesmo crime.
d) É infração de forma livre, podendo ser cometida por qualquer meio eleito pelo agente.
e) Quem provoca a rixa por imprudência, sem dela participar, responde também pelo crime.
a) Certa. Não há como praticar o crime de rixa sozinho (CP, art. 137). Portanto, crime plurissub-
jetivo ou de concurso necessário. Embora o dispositivo nada diga, não há como imaginar uma
rixa com menos de três pessoas.
b) Certa. A rixa é crime de perigo abstrato, que não demanda a comprovação de efetivo risco
provocado pela conduta.
c) Certa. Na rixa, não se sabe quem está lutando contra quem. É diferente da hipótese em
que duas gangues rivais se enfrentam, quando há concurso de pessoas entre os integrantes
de cada um dos lados. Na rixa, não há lados. Por isso, é possível que alguém seja, ao mesmo
tempo, agressor e vítima, sujeito ativo e passivo.
d) Certa. A lei não determina a maneira como deve se dar a execução do crime. Logo, crime de
forma livre, não vinculada.
e) Errada. Não há previsão em lei para a rixa culposa.
Letra e.
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Cebraspe
Não há como praticar o crime de rixa sozinho (CP, art. 137). Embora a lei nada diga quanto ao
número mínimo, parece correto concluir pelo envolvimento de, pelo menos, três pessoas. O
motivo: na rixa, todos os envolvidos são, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo do
delito. Não há lados bem definidos no confronto. Para que essa construção seja viável, tem de
haver, no mínimo, três pessoas, afinal, quando há apenas duas, identificamos com facilidade
quem está em confronto contra quem.
Certo.
038. (CEBRASPE/2018) Julgue o item seguinte, relativos aos tipos penais dispostos no Códi-
go Penal e nas leis penais extravagantes.
O crime de omissão de socorro, tipificado na parte especial do Código Penal, somente se con-
suma com a ocorrência de um resultado naturalístico, o qual, dependendo de sua gravidade,
poderá constituir, ainda, causa qualificadora da conduta.
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A injúria racial é conduta mais gravosa, que prevalece em razão do princípio da especialidade.
O desacato é punido com pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa (CP, art. 331).
A injúria racial é punida com pena de reclusão, de um a três anos, e multa.
Errado.
FCC
041. (FCC/2017) No que concerne aos crimes contra a honra, considere as afirmativas abaixo:
I – Não é admissível a exceção da verdade para o delito de injúria.
II – A retratação somente é admissível nos casos de calúnia e difamação.
III – O juiz pode deixar de aplicar a pena na difamação no caso de retorsão imediata, que con-
sista em outra difamação.
Está correto o que se afirma em
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, apenas.
e) I e II, apenas.
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043. (FCC/2013) Sobre a exigência de nota promissória como garantia para a realização de
procedimento de emergência em hospital em virtude de grave acidente, é correto afirmar que
a) caracteriza crime de omissão de socorro.
b) caracteriza crime de condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial.
c) caracteriza crime de extorsão.
d) caracteriza crime de prevaricação.
e) não caracteriza crime.
Novamente, a banca exigiu do candidato a literalidade do artigo 135-A do CP, transcrito na res-
posta à questão anterior.
Letra b.
FGV
044. (FGV/2017) Lucas é empregador dos trabalhadores Manuel, Francisco e Pedro em sua
fazenda na zona rural.
Analise as três situações apresentadas:
I – Lucas retém a carteira de identidade de Manuel, único documento deste, impedindo que
deixe o local de trabalho.
II – Lucas autoriza que Francisco gaste apenas 15 minutos todo dia para horário de almoço, de
modo que Francisco somente pode comprar uma refeição na pequena cantina de Lucas que
funciona dentro da fazenda. Em razão dos altos preços dos produtos, Francisco contrai dívida
alta e é impedido de deixar a fazenda antes do pagamento dos valores devidos.
III – Lucas instala diversas câmeras e outros mecanismos de vigilância ostensiva na fazenda
com o fim de reter Pedro em seu local de trabalho.
Considerando as situações apresentadas, o comportamento de Lucas em relação a Manuel,
Francisco e Pedro configura, respectivamente, o(s) crime(s) de:
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I – Descreve a conduta do artigo 149, § 1º, II, do CP: mantém vigilância ostensiva no local de
trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-
-lo no local de trabalho.
II – A conduta de restringir a locomoção da vítima em razão de dívida contraída com o empre-
gador ou preposto está prevista no caput do artigo 149 do CP.
III – A conduta de manter vigilância ostensiva com o objetivo de reter a vítima em seu local de
trabalho está tipificada no artigo 149, § 1º, II, do CP.
Letra a.
045. (FGV/2017) Insatisfeito com o comportamento de seu empregador Juca, Carlos escreve
uma carta para a família daquele, afirmando que Juca seria um estelionatário e torturador.
Lacra a carta e a entrega no correio, adotando todas as medidas para que chegasse aos desti-
natários. No dia seguinte, porém, Carlos se arrepende de seu comportamento e passa a adotar
conduta para evitar que a carta fosse lida por qualquer pessoa e o crime consumado. Carlos
vai até a casa de Juca, tenta retirar a carta da caixa do correio, mas vê o exato momento em
que Juca e sua esposa pegam o envelope e leem todo o escrito. Ofendido, Juca procura seu
advogado e narra o ocorrido.
Considerando a situação apresentada, o advogado de Juca deverá esclarecer que a conduta
de Carlos configura crime de:
a) injúria, consumado;
b) tentativa de injúria, pois houve arrependimento eficaz, devendo Carlos responder apenas
pelos atos já praticados;
c) tentativa de calúnia, pois houve desistência voluntária, devendo Carlos responder apenas
pelos atos já praticados;
d) tentativa de calúnia, pois houve arrependimento eficaz, devendo Carlos responder apenas
pelos atos já praticados;
e) calúnia, consumado.
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Apesar do esforço de Carlos para evitar a consumação – o que poderia fazer com que se reco-
nhecesse o arrependimento eficaz (CP, art. 15) -, a carta acabou alcançando o destinatário, Juca,
fazendo com que o crime se consumasse (CP, art. 140, caput). Quanto à possível prática de calú-
nia (CP, art. 138), note que Carlos não atribuiu fato a Juca, mas apenas o ofendeu, embora tenha
adotado expressões que fazem com que se conclua pela possível prática de crimes pela vítima.
DESISTÊNCIA ARREPENDIMENTO
TENTATIVA
VOLUNTÁRIA EFICAZ
Letra a.
Vunesp
046. (VUNESP/2020/ADAPTADA) Com relação aos crimes contra a pessoa, previstos no Có-
digo Penal, é correto afirmar que a omissão de socorro é considerada um crime essencialmen-
te doloso que, excepcionalmente, admite a modalidade culposa.
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O crime de omissão de socorro é exclusivamente doloso (CP, art. 135). Não há previsão legal
em relação à modalidade culposa.
Errado.
047. (VUNESP/2020) Segundo o artigo 132 do Código Penal brasileiro, um empreiteiro res-
ponsável por uma obra de construção civil, que expõe a vida ou a saúde de algum funcionário
a perigo direto e iminente, e se o fato não constitui crime mais grave, estará sujeito à pena de
a) detenção, de um mês a dois meses.
b) detenção, de três meses a um ano.
c) detenção, de dois anos a cinco anos.
d) reclusão, de um ano a dois anos e multa.
e) reclusão, de dois anos a cinco anos e multa.
Por ser mera transcrição do preceito secundário do artigo 132 do CP, não há muito o que co-
mentar, exceto que se trata de tipo penal expressamente subsidiário – o dispositivo afirma
que a pena prevista é aplicável quando o fato não constitui crime mais grave. Ademais, pelo
quantum de pena, é crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial
Criminal, compatível com todos os institutos de não aplicação de pena da Lei n. 9.099/95.
Letra b.
048. (VUNESP/2019) O Código Penal estabelece que o crime de ameaça é aquele em que o
agente ameaça alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
causar-lhe mal injusto e grave. Esse é um tipo de crime contra
a) a honra.
b) a vida e a saúde.
c) a privacidade.
d) a dignidade.
e) a liberdade pessoal.
Previsto no artigo 147 do CP, o crime de ameaça é um dos crimes contra a liberdade pessoal
– seção que integra o capítulo denominado dos crimes contra a liberdade individual. Também
são delitos contra a liberdade pessoal: o constrangimento ilegal, a perseguição, o sequestro e
cárcere privado, a redução a condição análoga à de escravo e o tráfico de pessoas.
Letra e.
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049. (VUNESP/2013) A respeito dos crimes contra a honra, insculpidos no Código Penal, as-
sinale a alternativa correta.
a) Configura o crime de injúria imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação.
b) Configura o crime de calúnia imputar a alguém falsa– mente fato definido como crime.
c) Configura o crime de difamação ofender a dignidade ou o decoro de alguém.
d) A calúnia somente admite a exceção da verdade em caso de o ofendido ser funcionário pú-
blico, em exercício de suas funções.
e) A calúnia contra os mortos não é punível.
a) Errada. No crime de injúria, não há imputação de fatos, como acontece na calúnia e na difa-
mação (CP, art. 140).
b) Certa. A alternativa praticamente transcreve o artigo 138 do CP.
c) Errada. A alternativa descreve o crime de injúria (CP, art. 140).
d) Errada. A alternativa descreve ressalva em relação à difamação, não à calúnia (CP, art. 139,
parágrafo único).
e) Errada. A alternativa afirma o oposto do que é dito no artigo 138, § 2º, do CP.
Letra b.
050. (VUNESP/2015) O crime de maus-tratos tem pena aumentada de 1/3 (art. 136,
§3º do CP) se
a) praticado contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge.
b) resulta em lesão corporal, ainda que leve.
c) o agente prevalece-se de relações familiares ou domésticas.
d) praticado contra pessoa menor de 14 anos.
e) praticado por agente público.
Todas as alternativas podem ser respondidas com a redação do artigo 136, § 3º, do CP.
Letra d.
051. (VUNESP/2015) O filho de João tem grave problema de saúde e precisa realizar custoso
procedimento cirúrgico, que a família não tem condição de pagar. Imagine que Pedro empresta
R$ 50.000,00 a João, mas como garantia de tal dívida exige que João, de próprio punho e em
documento escrito, confesse ter traído a própria esposa, bem como ter fraudado a empresa em
que ambos trabalham, desviando recursos em proveito próprio. João cede à exigência a fim de
obter o empréstimo. A conduta de Pedro
a) é isenta de pena, por incidir causa supralegal que afasta a culpabilidade, qual seja, o consen-
timento da vítima.
b) configura exercício arbitrário das próprias razões.
c) é atípica, por ausência de previsão legal.
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O enunciado descreve o crime de extorsão indireta, do artigo 160 do CP. O motivo de ter trazido
a questão é uma possível confusão com o crime do artigo 135-A do CP, condicionamento de
atendimento médico-hospitalar emergencial, distinção que não foi exigida na questão, mas que
poderá cair em provas futuras.
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO
EXTORSÃO INDIRETA
MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL
Letra e.
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GABARITO
1. E 37. E
2. C 38. E
3. E 39. a
4. C 40. E
5. E 41. e
6. C 42. e
7. E 43. b
8. C 44. a
9. E 45. a
10. C 46. E
11. C 47. b
12. E 48. e
13. C 49. b
14. E 50. d
15. E 51. e
16. E
17. E
18. E
19. E
20. d
21. b
22. d
23. d
24. e
25. a
26. c
27. d
28. c
29. d
30. c
31. b
32. C
33. C
34. c
35. e
36. C
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