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Aula 01- Introdução ao crime de homicídio-art. 121,CP. Atenção
Subtítulos
Aula 01
Homicídio simples: ( caput). 2) Arrependimento eficaz: ( Art. 15; II parte)
— Matar alguém. Esgota a fase executória?
— Reclusão: 6 a 20 anos.
— Animus necandi/occidendi= intento de matar.
sa
consumação.
3) Crime impossível/crime oco/crime inidônea :
nn
– Exaurimento: significa esgotamento. No campo penal, – Art.17;CP- Não se pune a tentativa quando, por
demonstra a fase do crime após a consumação, ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
quando o bem jurídico já foi afetado pela conduta do impropriedade do objeto, é impossível consumar-se
e5
sequestro (art. 159, CP), vê-se que a privação da II- Absoluta impropriedade do objeto;
liberdade da vítima é suficiente para a consumação do – Natureza jurídica: excludente de tipicidade.
delito. Entretanto, se o agente, além disso, consegue
por as mãos no dinheiro do resgate, diz-se 4) Concurso de crimes:
gm
§ 1° Homicídio privilegiado:
– Matar alguém. Obs. Feminicídio não é crime
– Causa de redução/diminuição de pena. autônomo. No caso brasileiro, o
– Natureza jurídica: causa de diminuição de pena= incide na 3° feminicídio foi inserido como
fase da dosimetria\9causa de aumento e diminuição de qualificadora em relação ao delito de
penal). homicídio não se criando, portanto
– Diminui a pena de 1/6 a 1/3,podendo a pena final ficar um tipo autônomo de feminicídio.
abaixo do mínimo legal.
– Hipóteses:
sociedade/proteger).
2. Motivo de relevante valor moral;(motivo ligado ao próprio
agente).
ra
Aula 02
Crime progressivo x progressão criminosa: Princípio da consunção:
A) Quando um crime é meio necessário para ou
– No crime progressivo a intenção ab- initio já é
normal fase de preparação ou de execução de
sa
para o crime mais grave, porém passa pelo menos outro crime.
grave. B) Nos caso de antefato ou pós-fato impuníveis.
ra
porrada/lesiona.
– Com relação a progressão criminosa o agente, pressupõe que haja um delito-meio ou fase normal
de execução de outro delito.
ya
principal.
Principio da alternatividade:
– Crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
e5
– Plurinuclear.
Em ambos os institutos aplica-se – Punido uma única vez.
8@
Princípio da subsidiariedade:
– De acordo com Hungria, é considerada na expressão – Motivos determinantes do
"soldado reserva" . crime: I;II;V e VI.
– Na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma – Circunstâncias subjetivas: VII.
principal mais grave. – Circunstâncias objetivas
– Aplica-se a norma menos grave. (meios e modos): III e IV.
– Lex primaria derrogat legi subsidiariae.
– Expressa ou tácita.
– Exs. (tipificados)= Arts.238; 238;249 e 307; CP.
– Pode se aplicar como residuum.
I- Mediante paga ou promessa de recompensa ou por motivo Possuir relevância para o cometimento da infração penal.
torpe:
– Mediante paga= antecipado. c) liame subjetivo entre os agentes;
– Promessa= ainda vai receber.
– Motivo torpe: é o motivo vil, repugnante, desprezível que vai Isto é, o vínculo psicológico que une os agentes para a
em desencontro com o sentimento de coletividade. prática da mesma infração penal.
– Natureza da recompensa: há uma divergência doutrinária se ela
é ampla ou taxativa? De acordo com o professor ela é d) identidade de infração penal.
ampla/aberta; pode ser financeira, patrimonial, moral e até
mesmo sexual. Unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a
– A qualificadora "recompensa" comunica-se/estende-se ao mesma infração penal.
mandante segundo o STF e STJ( não tratar de maneira
absoluta), é regra mais possui exceção.
sa
–
SE/ ESTENDE-SE AOS CONCORRENTES, SALVO-SE
prática de uma mesma infração penal. SOUBEREM OU ACEITAREM(EXCEÇÃO).
– Colaboração reciproca..
om
automobilístico, em que não havia nenhuma relação entre o intenção criminosa e voluntariedade. A vontade do homem
autor do delito e a vítima. A vítima nem era quem praticava aplicada à ação ou inação constitutivas da infração penal é a
o "racha" com o agente do crime. Ela era um terceiro que voluntariedade; a vontade do agente aplicada às
ra
trafegava por perto naquele momento e que, por um dos consequências lesivas do direito é intenção criminosa. Em
azares do destino, viu-se atingido pelo acidente que envolveu todas as infrações penais encontram-se voluntariedade. Em
ra
o agente do delito. Quando o legislador quis se referir a todos, porém, não se vislumbra a intenção criminosa. Os
motivo fútil, fê-lo tendo em mente uma reação crimes em que não se encontra a intenção criminosa são os
ya
desproporcional ou inadequada do agente quando cotejado culposos e os praticados com dolo indireto, não obstante a
com a ação ou omissão da vítima; uma situação, portanto, voluntariedade da ação nas duas modalidades". Destaque-se
nn
que pressupõe uma relação direta, mesmo que tênue, que, em situações semelhantes, já decidiu desse modo tanto
entre agente e vítima. No caso não há essa relação. Não o STJ (REsp 1.277.036-SP, Quinta Turma, DJe10/10/2014)
havia nenhuma relação entre o autor do crime e a vítima. O quanto o STF (HC 111.442-RS, Segunda Turma, DJe
e5
agente não reagiu a uma ação ou omissão da vítima (um 17/9/2012; e HC 95.136, Segunda Turma, Dje 30/3/2011),
esbarrão na rua, uma fechada de carro, uma negativa a um sendo que a única diferença foi a qualificadora excluída: no
8@
pedido). Não há aqui motivo fútil, banal, insignificante, diante caso em análise, a do inciso II, § 2º, do art. 121, já nos
de um acidente cuja causa foi um comportamento referidos precedentes, a do inciso IV do mesmo parágrafo
imprudente do agente, comportamento este que não foi e artigo. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para
resposta à ação ou omissão da vítima. Na verdade, não há acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016,
gm
nenhum motivo. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. DJe 16/5/2016.
para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
19/4/2016, DJe 16/5/2016.
ai
l.c
om
sofre com o ciúme, nem sempre sua simples constatação (DOC. LEGJUR 103.1674.7472.2400)
será repugnante a ponto de qualificar ou agravar o delito, STJ. Homicídio. Meio cruel. Reiterados golpes de faca.
devendo ser analisado cada caso concreto.
ra
-
defesa, sobretudo para alegar no plenário do júri. «... O meio cruel, previsto no CP, art. 121, § 2º, III, é
aquele em que o agente, ao praticar o delito, provoca
nn
- Todavia, o STJ entende que “cabe ao Tribunal do Júri um maior sofrimento à vítima. Vale dizer, quando se leva
decidir, no caso em concreto, se o ciúme, pelo à efeito o crime com evidente instinto de maldade,
inconformismo de estar a vítima se relacionando objetivando impor à vítima um sofrimento
e5
amorosamente com a antiga companheira do agravante, desnecessário. Dessa maneira, a multiplicidade de atos
configura ou não a qualificadora de motivo torpe” (STJ, executórios (in casu, reiteração de facadas), por si só,
8@
Quinta Turma, AgRg no AREsp 827875/MG, Rel. Min. não configura a qualificadora do meio cruel. Como bem
Ribeiro Dantas, julgado em 22/09/2016). Basicamente, o asseverado no v. acórdão vergastado, «o fato de haver
fundamento é que, se a situação fática descrita na o réu desferido repetidas facadas no ofendido Jânio,
denúncia quanto à qualificadora está minimamente matando-o, não basta para a caracterização da
gm
provada por meio da instrução, essa qualificadora deve qualificadora do meio cruel, já que esta não pode ser
ser submetida aos jurados. reconhecida, tão-só, à vista da continuidade dos golpes
que, por certo, eram direcionadas somente em face do
ai
Aula03
- Os meios possuem natureza objetiva e, em regra, Inciso V: (fins).
comunicam-se com os concorrentes, salvo se não
souberem ou não aceitarem. - Natureza subjetiva:
sa
então, decide o matar torturando. Neste caso, por - Para assegurar a ocultação, impunidade ou
se tratar de exceção a qualificadora "tortura" não vantagem de outro crime= conexão
ra
CRIME (PASSADO).
- Dissimulação: fingimento/disfarce ou outro
l.c
aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou
8@
artigo anterior.
ai
isoladamente.
- Aplicação da pena: havendo desígnios autônomos
(intenções diferentes) na conduta do agente, as
penas devem ser somadas de acordo coma regra do
artigo.
Aula 04
Homicídio privilegiado/ qualificado:
É importante consignar que, embora a doutrina use as duas Assevera Fernando Capez:
sa
-
expressões – qualificado- privilegiado e privilegiado- “Reconhecida a figura híbrida do homicídio privilegiado-
qualificado –, não podemos considerá-las, ambas, como qualificado, fica afastada a qualificação de hediondo do
ra
corretas, mas tão somente uma delas, vale dizer, a que homicídio
intitula o homicídio de qualificado-privilegiado. qualificado, pois, no concurso entre as circunstâncias
ra
- haja vista que as causas de diminuição de pena estão objetivas (qualificadoras que convivem com o privilégio)
consignadas anteriormente às qualificadoras. e as subjetivas
(privilegiadoras), estas últimas serão preponderantes,
ya
homicídio qualificado goza do status de infração penal de alguma, não incide a qualificadora, nada
natureza hedionda. O chamado privilégio não é, nada mais, do impedindo que responda por outra,
que uma simples causa de redução de pena, a ser analisada como é o caso do motivo torpe.”
no terceiro momento do critério trifásico, previsto pelo art.
68 do Código Penal.
- Como se percebe, a infração penal não deixa de ser - Com a devida vênia das posições em contrário, não
qualificada em razão da existência de uma minorante podemos compreender a coerência desse
(privilégio). Contudo, majoritariamente, a doutrina repele a raciocínio. Assim, a título de ilustração, se o agente
natureza hedionda do homicídio qualificado-privilegiado, haja pratica o homicídio valendo-se de um motivo
vista que – é o argumento – não se compatibiliza a essência insignificante, qualifica-se o crime; se não tem
do delito objetivamente qualificado, tido como hediondo, com qualquer motivo, ou seja, menos ainda que o motivo
o privilégio de natureza subjetiva. (Rogério Greco). insignificante, o homicídio é simples.
STJ
CORRETA A INCIDÊNCIA DA AGRAVANTE
DO MOTIVO FÚTIL, POIS É
DESPROPORCIONAL EFETUAR DISPAROS
DE ARMA DE FOGO EM RAZÃO DE
ACIDENTE DE TRÂNSITO.
"2. Como é sabido, fútil é o motivo
insignificante, apresentando
desproporção entre o crime e sua causa
sa
(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças poderemos aplicar a qualificadora do inciso VII
degenerativas que acarretem condição limitante ou de do § 2º do art. 121° do Código Penal, tendo em
e5
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência - Em sede de crimes culposos, vige o princípio da
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente excepcionalidade, ou seja, a regra é que todo
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: crime seja doloso, somente sendo punido a título de
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. culpa se houver previsão expressa nesse
- Vítima certa/própria. sentido, como é o caso do § 3º do art. 121 do Código
- Art. 142° e 144° CF/88. Penal, que diz: Se o homicídio é culposo.
Art. 142°. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, - Art.18°;PU:CP=
pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
permanentes e regulares, organizadas com base na punido por fato previsto como crime, senão quando
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do o pratica dolosamente.
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
A sentença que conceder perdão judicial não será considerada c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
para efeitos de reincidência. ocorrência do resultado.
ra
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um do art. 13 do Código Penal, respondendo o agente pela sua
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de inação, como se tivesse feito alguma
8@
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar coisa. Por essa razão, o crime é também reconhecido
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as como comissivo por omissão
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em - Dessa forma, podemos concluir que as normas existentes
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 nas omissões próprias são de
gm
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 natureza mandamental, sendo que as normas constantes
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos nos tipos penais que preveem as
omissões impróprias serão sempre proibitivas.
ai
1) homicídio culposo:
Ex.: a baba ( alínea B) ou bombeiro militar ( alínea A) caso
a) se o crime resulta de inobservância de não hajam, desejando o resultado responderam por
regra técnica de profissão, arte ou ofício;
om
Aula 04
Participação em suicídio: - Também merece destaque o fato de que o sujeito passivo
Art. 122°;cp= Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou deve ser determinado, podendo, contudo, tratar-se de
mais de uma pessoa ou, mesmo um grupo considerável de
sa
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. - Ao contrário, conclamações genéricas do tipo todos
- Crime do tipo misto/conteúdo variado/ plurinuclear/de ação devemos morrer em sinal de protesto à negligência do
ra
múltipla= várias formas de conduta; incide o princípio da governo não se prestam para fins de reconhecimento da
alternatividade, ou seja, praticando uma ou todas condutas infração penal em estudo.
- INDUZIR= PLANTAR A IDEIA.
ya
será cuidada, dependendo da infração penal, como elemento do - PRESTAR AUXÍLIO= EMPRESTAR A ARMA/CORDA.
tipo, ou mesmo como condição objetiva de punibilidade, quando - participação moral e material no mencionado delito.
e5
são fundamentais, a saber: demonstra que a ideia de eliminar a própria vida já existia,
a) proibição de incriminações que digam respeito a uma atitude sendo que o agente, dessa forma, reforça, estimula essa
interna do agente; ideia já preconcebida.
gm
b) proibição de incriminações de comportamentos que não - Na participação material o agente auxilia materialmente a
excedam ao âmbito do próprio vítima a conseguir o seu intento, fornecendo, por exemplo,
autor; o instrumento que será utilizado na execução do autocídio
ai
c) proibição de incriminações de simples estados ou condições (revólver, faca, corda para a forca etc.), ou mesmo
existenciais; simplesmente esclarecendo como usá-lo.
l.c
d) proibição de incriminações de condutas desviadas que não - Com isso estamos querendo afirmar que se o agente vier
afetem qualquer bem jurídico. a praticar qualquer ato de execução deverá responder
- nulla lex poenalis sine injuria/Nenhuma lei penal sem ferimentos. pelo delito de homicídio, conforme analisaremos mais
om
- O delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio pode ser adiante ao estudarmos algumas situações específicas,
praticado por qualquer pessoa, uma vez que o tipo penal não como na hipótese do suicídio conjunto.
especifica o sujeito ativo. - Tem-se discutido a respeito dessa capacidade de
- O sujeito passivo, da mesma forma, poderá ser qualquer discernimento. Os inimputáveis por doença mental, de
pessoa, desde que a vítima tenha capacidade de discernimento, forma geral, não a possuem. Assim, aquele que induz um
de autodeterminação, pois, caso contrário, estaremos diante do portador de doença mental a se matar não responde pelo
delito de homicídio. delito de induzimento ao suicídio, mas, sim, pelo crime de
- aquele que induz, instiga ou auxilia materialmente homicídio. No que diz respeito aos menores, tem-se
alguém que não possua capacidade de discernimento deve ser raciocinado com o limite de 14 anos, fazendo-se um
considerado autor mediato do delito de homicídio. paralelo, atualmente, com a idade constante do caput do
art. 217°-A, que prevê o chamado estupro de vulnerável.
CUIDADO
O homem liga o gás:
ai
3) Os dois sobrevivem:
o Ele responderá pelo 121, tentado.
o Se ele sofreu lesão grave, ela responderá pelo 122°;CP.
o Se não sofreu lesão alguma, o FATO É ATÍPICO.
4) Testemunha de Jeová que, ferida gravemente, se recusa a
fazer transfusão de sangue:
a) Se do maior de idade e o médico não intervém: o médico
responde pelo artigo 122°;CP, por era GARANTIDOR (não é
pacífico)
b) Os pais impede a transmissão: Eles respondem por
HOMICÍDIO.
Aula 04
Infanticídio: - Classificação doutrinária:
Art.123°;CP= - Crime próprio (pois somente pode ser cometido pela mãe,
Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, que atua influenciada pelo estado
durante o parto ou logo após: puerperal); simples; de forma livre; doloso, comissivo e
omissivo impróprio (uma vez que o sujeito ativo goza do
sa
-
deve ser praticado durante o parto ou logo após. após o parto, incluindo-se nesse raciocínio o período do
- O ideal seria, como veremos mais adiante, que o delito de parto e também o sobreparto.3 Durante esse período, a
nn
infanticídio fosse tratado como uma espécie de homicídio parturiente sofre abalos de natureza psicológica que a
privilegiado, ficando, dessa forma, umbilicalmente ligado ao influenciam para que decida causar a morte do próprio
caput do art. 121 do Código Penal por meio de um parágrafo, filho.
e5
- Crime próprio, a seu turno, é aquele cujo tipo penal exige uma a lei penal mais do que a existência do estado puerperal,
qualidade ou condição especial dos sujeitos ativos ou passivos. comum em quase todas as parturientes, algumas em
Veja-se, por exemplo, o que ocorre com o delito de infanticídio, menor e outras em maior grau. O que o Código Penal
previsto no art. 123° do Código Penal. A lei penal indica o sujeito requer, de forma clara, é que a parturiente atue
ativo, ou seja, a mãe, que atua influenciada pelo estado puerperal, influenciada por esse estado puerperal.
- Assim, o critério adotado não foi o puramente biológico,
bem como o sujeito passivo, vale dizer, seu próprio filho. André
Stefam, em: “Crime bipróprio quando a lei exigir qualidade especial físico, mas, sim, uma fusão desse
tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. É o caso do crime critério com outro, de natureza psicológica, surgindo daí
de maus-tratos, do art. 136° do CP, em que o agente deve ser o critério chamado fisiopsíquico ou biopsíquico.
uma pessoa legalmente qualificada como detentora de autoridade, - ADMITE CONCURSO DE PESSOAS.
guarda ou vigilância sobre o sujeito passivo. Este, por óbvio, - Tratando-se de crime próprio, como veremos a seguir,
somente poderá ser a pessoa que, segundo a lei, figurar na o infanticídio admite as duas espécies de concurso de
condição de indivíduo sujeito à autoridade etc. do autor do fato.” pessoas, vale dizer, a coautoria e a participação.
- HIPÓTESES:
1) Mãe mata(autora) e o terceiro auxilia(partícipe):
AMBOS RESPONDEM POR INFANTICÍDIO Art. 29°=. Quem, de qualquer modo, concorre
2) Mãe(autora) e o terceiro matam(coautor). para o crime incide nas penas a este
AMBOS RESPONDEM POR INFANTICÍDIO cominadas, na medida de sua culpabilidade.
3) EXCEÇÃO: mãe manda e o terceiro executa. Art. 30°=. Não se comunicam as circunstâncias
sa
MÃE RESPONDE POR INFANTICÍDIO EO TERCEIRO RESPONDE e as condições de caráter pessoal, salvo
POR HOMICÍDIO. quando elementares do crime.
ra
estado puerperal, vá até o berçário, logo após o parto, e, - A regra geral determina, assim, que não se comuniquem
querendo causar a morte do próprio filho, por erro, acabe ao coparticipante, salvo nos casos em que figurarem
ya
A parturiente, portanto, matou o filho de terceira pessoa, todos aqueles dados indispensáveis à
supondo-o seu. Pergunta-se: No caso em questão, deverá a definição típica, sem os quais o fato se torna atípico ou
parturiente responder pelo delito de homicídio ou pelo há, no mínimo, desclassificação. Se, por exemplo, a
e5
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é ausência dessa elementar (sob a influência do estado
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, puerperal) fará com que seja responsabilizada pelo
as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa resultado morte a título de homicídio. Haverá, portanto,
contra quem o agente queria praticar o crime. uma desclassificação do delito de infanticídio para o
gm
sobre a pessoa, devendo ser responsabilizada pelo infanticídio. considerada mera circunstância, mas, sim, elementar do
- CONCURSO DE PESSOAS NO INFANTICÍDIO: tipo do art. 123°;CP, que tem vida autônoma
l.c
- Dissemos que o delito de infanticídio é, na verdade, um comparativamente ao delito do art. 121° ambos do Código
homicídio especializado por vários elementos, sendo um deles Penal.
om
a influência do estado puerperal. Dessa forma, - Em razão disso, nos termos do art. 30° do Código Penal,
comparativamente, o infanticídio é menos severamente se for do conhecimento do terceiro que, de alguma
punido do que o homicídio, mesmo que em sua modalidade forma, concorre para o crime, deverá a ele se
fundamental. comunicar.
Será possível o concurso de pessoas no crime de
infanticídio?
a) a parturiente e o terceiro executam a conduta núcleo do
tipo do art. 123°; Código Penal,ou
seja, ambos praticam comportamentos no sentido de causar
a morte do recém-nascido;
b) somente a parturiente executa a conduta de matar o
próprio filho, com a participação do
Terceiro.
Aula 05
Introdução: - As espécies dolosas são aquelas previstas nos arts. 124°
(autoaborto ou aborto provocado com o consentimento da
- Aníbal Bruno preleciona:
gestante), 125° (aborto provocado por terceiro sem o
“Segundo se admite geralmente, provocar aborto é
consentimento da gestante) e 126° (aborto provocado por
interromper o processo fisiológico da gestação, com a
terceiro com o consentimento da gestante).
sa
-
a) natural ou espontâneo; participação, como atividade acessória, quando o partícipe se
b) provocado (dolosa ou culposamente). limita a instigar, i:J.duzir ou auxiliar a gestante tanto a
- Ocorre o chamado aborto natural ou espontâneo quando o praticar o autoaborto como a consentir que terceiro lho
próprio organismo materno se encarrega de expulsar o provoque. Contudo, se o terceiro for além dessa mera
produto da concepção. atividade acessória, intervindo na realização propriamente
- Para fins de aplicação da lei penal, não nos interessa o dos atos executórios, responderá não como coautor, que a
chamado aborto natural ou espontâneo, haja vista que o natureza do crime não permite, mas como autor do crime
próprio organismo, de acordo com um critério natural, se do art. 126°. O aborto só é punível a título de dolo,
encarrega de levar a efeito a seleção dos óvulos fecundados consistente na consciente vontade de interromper a
que terão chances de vingar. gravidez (ou consentir para tanto). NÉLSON Hungria admite
- Por outro lado, temos o aborto provocado, sendo esta também o dolo eventual, exemplificando com o caso da
provocação subdividida em: dolosa e culposa, também mulher que, sabendo-se grávida, tenta suicidar-se,
reconhecida como acidental. resultando o aborto.
Art. 125°;CP= Provocar aborto, Art. 127°;CP= As penas cominadas nos dois
sem o consentimento da artigos anteriores são aumentadas de um
gestante: terço, se, em consequência do aborto ou dos
Pena - reclusão, de três meios empregados para provocá-lo, a
a dez anos. gestante sofre lesão corporal de natureza
grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
- Essa modalidade de abono (abortamento sofrido) espelha a
forma mais grave do crime, verificando-se quando o abono é a) se, em consequência do aborto ou das manobras abortivas,
sa
provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante a gestante sofre Lesão corporal
( dissenso real ou expresso). de natureza grave (art. 129, §§ 1° e 2°, do CP);
ra
Em virtude da pena cominada, não são cabíveis os benefícios h) se, por qualquer dessas causas (aborto ou meios
da Lei 9.099/95. empregados), Lhe sobrevém a morte.
ra
- É imprescindível para responder pelos arts. 125° e 126°, que Porque o direito penal não pune a autolesão nem o ato
o agente pratique manobras abortivas(ATOS de matar-se.
Trata-se de crime prterdoloso,ou seja, o resultado(lesão
e5
Art. 126°;CP= Provocar aborto com o resultado morte ou assumir o risco, se assim for
consentimento da gestante: responderá por dois crimes em concurso formal
Pena - reclusão, de um a quatro anos. impróprio.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do
gm
Aborto necessário
▪ A vítima for menor de 14 anos, consentimento obtido mediante I - se não há outro meio de
fraude, grave ameaça ou violência. salvar a vida da gestante;
▪ Cabe suspensão condicional do processo. Aborto no caso de gravidez
▪ .Se durante a operação (porém antes da interrupção da resultante de estupro
gravidez) a gestante desistir do intento criminoso, responderá II - se a gravidez resulta de
por aborto não consentido o terceiro que insistir em provocá- estupro e o aborto é precedido de
lo. A gestante, em face do arrependimento ineficaz, consentimento da gestante ou, quando
responderá pelo art. 124° do incapaz, de seu representante legal.
CP, não se aplicando o disposto no art. 15° do CP, mas
circunstância atenuante do art. 66°.
▪ Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
embora não prevista expressamente em lei.
apesar de o faro ser típico, estará o agente acobertado pela representante legal: de preferência, que esse
descriminante do estado de necessidade (art. 24), aplicando- consentimento seja o mais formal possível
ya
se a mesma solução se a própria gestante pratica o aborto (acompanhado de boletim de ocorrência), inclusive
movida pelo espírito de salvar a própria vida; com testemunhas.
b) o perigo de vida da gestante: não basta o perigo para a
nn
o médico escolher o meio mais cômodo, pois se houver outra - Trata-se do aborto do anencéfalo (bebe que nasce sem
maneira, que não a interrupção da gravidez, para salvar a vida cérebro ou má formação dele.
- Natureza jurídica: segundo o STF é excludente de
8@
Aula 06
- Crime comum quanto ao sujeito ativo, bem como, em regra, - Bens juridicamente protegidos, segundo o art. 129 do
quanto ao sujeito passivo, à exceção, neste último caso, das Código Penal, são a integridade corporal e a saúde do ser
hipóteses previstas no inciso IV do § 1º, no inciso V do § 2º,
ra
-
crime de lesões corporais, razão pela qual qualquer pessoa
pode gozar desse status, não se exigindo nenhuma Art. 168°. Em caso de lesões corporais, se o primeiro
8@
art. 129° do Código Penal, que preveem, respectivamente, ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
como resultado qualificador das lesões corporais a § 1º No exame complementar, os peritos terão presente o
aceleração de parto e o aborto, bem como do § 9º, que auto de corpo de delito, a
ai
prevê também a modalidade qualificada relativa à violência fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
doméstica, qualquer pessoa pode assumir essa posição. § 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do
l.c
algum dano ao seu corpo, alterando-se interna ou infração penal de menor potencial ofensivo dizendo,
externamente, podendo, ainda, abranger qualquer verbis:
ra
comprometedores".
. Consideram-se infrações penais de menor
Explica ANÍBAL BRUNO que: potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei,
nn
"O bem jurídico protegido é a incolumidade da pessoa na sua as contravenções penais e os crimes a que a
realidade corporal-anímica, como fonte e suporte da vida e lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
e5
de todas as implicações individuais e sociais que esta anos, cumulada ou não com multa.
comporta".
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transação penal.
Art. 129°;CP=
Ofender a integridade corporal ou a O animus laedendi ou animus nocendi é o elemento
ai
-
saúde de outrem: subjetivo integrante do tipo legal do crime de lesão
Pena – detenção, de 3 (três) meses corporal. É a consciência do fato de que sua conduta
l.c
Transação penal:
aceita cumprir uma pena restritiva de direito ou pagar uma . Nos crimes de ação pública, esta será
multa e, “em troca”, não será submetida à ação penal (art. 76 promovida por denúncia do Ministério
ra
da Lei n° 9.099/95).
Público, mas dependerá, quando a lei o
exigir, de requisição do Ministro da
ra
representá-lo.
Havendo representação ou tratando-se
de crime de ação penal pública
nn
- II - perigo de vida;
considerada culpada? NÃO!! ! III - debilidade permanente de membro,
Diferentemente do que muitas pessoas acham aceitar a transação sentido ou função;
om
penal não significa que a pessoa investigada reconhece sua culpa. IV - aceleração de parto:
Na verdade, é um “acordo”, vantajoso à ambas as partes. Para o Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Autor da ação a vantagem consiste na eliminação rápida de um
processo. Parece um pouco “sincero demais” dizer isso, mas a - Ação penal pública incondicionada.
realidade é que no sistema brasileiro a grande maioria das ações - Deixa de ser crime de menor potencial ofensivo,
penais é de autoria do Ministério Público, que tem uma quantidade entretanto cabe SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
infindável de processos sob sua responsabilidade. Assim sendo, para PROCESSO(art. 89° Lei n° 9009/95).
a instituição, mostra-se muito mais útil solucionar um caso simples de
maneira rápida e eficiente do que deixar o processo se arrastar por
anos.
- Ação penal pública condicionada e
incondicionada:
A suspensão condicional do processo é uma forma de solução dissertamos em tópico próprio, realizar um
alternativa para problemas penais, que busca evitar o início do prognóstico antevendo aquilo que com ela acontecerá
ya
a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao para suas ocupações habituais por mais de 30 (trinta)
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, dias, deverão determinar o seu retorno, para fins de
e5
por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo submissão a um novo exame pericial, decorrido o
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, período de 30 (trinta) dias, a fim de que seja levado a
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão efeito o chamado exame complementar, sem o qual
8@
Hipóteses: -
- Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta)
dias: Art. 168°;CPP=
ai
qualificação das lesões corporais Código Penal, deverá ser feito logo que decorra
pretendidas inicialmente pelo agente pode ter sido produzido a o prazo de 30 (trinta) dias, contado da
título de dolo, ou mesmo culposamente. Essa modalidade de crime
om
data do crime.
qualificado pelo resultado permite as duas formas de raciocínio.
Quando a lei penal utiliza a expressão incapacidade para as
ocupações habituais, que tipo de ocupação está abrangida pelo II- Perigo de vida:
mencionado inciso? Estaria a lei penal se referindo às ocupações - para que o perigo de vida qualifique o
ligadas diretamente ao trabalho da vítima, ou aqui também se crime de lesões corporais, esse resultado não
incluiriam quaisquer atividades, mesmo as de lazer? pode ter sido querido pelo agente, isto é, não
Na verdade, o Código Penal não faz distinção. Qualquer ocupação pode ter agido com dolo de causar perigo à vítima
de natureza habitual está abrangida pelo inciso I. Assim, aquele contra a qual eram praticadas as lesões
que fica impedido de trabalhar por um período superior a corporais.
30 (trinta) dias se amolda à modalidade qualificada de lesão
corporal, da mesma forma que aquele que deixa de praticar suas
atividades esportivas. ( Rogério Greco).
-
Greco). PROCESSO. (pena mínima, maior que 1 ano).
- AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
- Nesse sentido, Luiz Regis Prado afirma: - O CP NÃO DIFERENCIA LESÃO CORPORAL GRAVE E
gm
IV- Aceleração de parto: Esse resultado qualificador pode ter sido produzido
- Embora a lei penal se valha da expressão aceleração de dolosa ou culposamente. Admite-se tanto o dolo direto
om
parto para qualificar a lesão corporal, teria sido melhor a quanto o eventual; na modalidade culposa, como já
utilização da expressão antecipação de parto, uma vez que temos alertado nos estudos
somente se pode acelerar aquilo que já teve início. anteriores, faz-se mister seja o resultado previsível
- Se o agente atuava no sentido de interromper a gravidez para o agente.
com a consequente expulsão do feto, o seu dolo era o de
aborto, e não o de lesão corporal qualificada pela aceleração
de parto. Se o feto sobrevive, mesmo após o
comportamento do agente dirigido finalisticamente à
interrupção da gravidez, com a sua consequente expulsão,
deverá ser responsabilizado pela tentativa de aborto.
ter sofrido lesão corporal, ficar permanentemente incapacitado III- Perda ou inutilização de membro, sentido ou função:
para qualquer espécie de trabalho. - O que não se admite, como frisamos, é a
- Se a vítima exercia uma atividade intelectual e, em razão
ra
normalmente para o trabalho.(Rogerio Greco). impedindo a função reprodutora); inutilização quer dizer
falta de utilidade, ainda que fisicamente esteja presente
8@
é a doença cuja curabilidade não é conseguida no atual debilidade, mais do que o simples enfraquecimento, a
estágio da Medicina, pressupondo um processo patológico qualificadora em exame exige a perda, isto é, a ablação
que afeta a saúde em geral. A incurabilidade deve ser de qualquer membro, superior ou inferior, ou mesmo
ai
conformada com dados da ciência atual, com um juízo de sua completa inutilização.
probabilidade.
l.c
qualifique as lesões corporais sofridas pela vítima, tal resultado haja vista tratar-se de tipo penal
não poderá ter sido querido, direta ou eventualmente, pelo aberto.(Rogerio Greco).
agente, sendo, portanto, um resultado qualificador que Caso as lesões corporais de natureza culposa tenham sido
ra
somente poderá ser atribuído a título de culpa. produzidas pelo agente que se encontrava na direção de
- Trata-se, outrossim, de crime preterdoloso. A conduta deve seu veículo automotor, em virtude do princípio da
ya
ter sido dirigida finalisticamente a produzir lesões corporais na especialidade, terá aplicação o art. 303 do Código de
vítima, cuja gravidez era conhecida pelo agente. Contudo, o Trânsito Brasileiro, que diz:
nn
do feto, seja esse dolo direto ou eventual, o fato será de veículo automotor:
classificado como delito de aborto (art. 125 do CP). Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 2
8@
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
§ 3°;=
ai
Aula 07
Bem jurídico protegido:
- Bem juridicamente protegido pelo tipo é a vida e a
Art. 130°;CP=
sa
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) deva saber –que está contaminado.
ano, ou multa.
ya
texto legal, a definição de moléstia venérea compete à cabendo apenas transação condicional do processo,
medicina". pois a pena mínima não passa de 1 ano.
A AIDS, que não é moléstia venérea e que não se transmite
8@
agente, mas nunca o crime de perigo de contágio venéreo. 9.099/95, a exemplo da suspensão condicional do
- crime de perigo, pois não exige o dano ao bem juridicamente processo.
tutelado, que ocorreria com a efetiva transmissão da - A ação penal, em ambas as modalidades – simples e
moléstia venérea. Assim, basta que a vítima tenha sido
ai
venérea de que o agente sabia, ou pelo menos devia saber daquele que foi efetivamente exposto à situação de
estar contaminado.(Rogerio Greco). perigo, conforme se dessume do § 2º do art. 130 do
om
diploma repressivo.
O art. 130° do Código Penal determina os meios em
Classificação doutrinária:
-
virtude dos quais poderá ser praticado o
comportamento que se traduza em perigo de
- Crime próprio quanto ao sujeito ativo (uma vez que somente contágio de moléstia venérea, a saber: relações
a pessoa contaminada é que poderá praticá-lo), sendo sexuais ou qualquer ato libidinoso.(necessidade de
comum quanto ao sujeito passivo (pois qualquer pessoa pode contato pessoal).
figurar como vítima deste crime); - na forma simples (caput) não a necessidade do
- Crime de forma vinculada (pois a lei penal exige, para fins de agente ter a intenção de transmitir a doença.
reconhecimento de sua configuração, a prática de relações
sexuais ou atos libidinosos.
- Crime de perigo abstrato ou presumido.
- condicionado à representação.(Rogerio Greco).
Modalidade qualificada:
sa
ra
§ 1º - Se é intenção do agente
transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a
ra
mediante representação.
nn
contaminar.
Se a vítima se contamina, poderemos raciocinar com esse
om
Aula 07
Classificação doutrinária:
-Crime próprio ou especial quanto ao sujeito ativo (pois
sa
crimes de perigo (da periclitação da vida e da saúde), o art. 131 integridade corporal ou a saúde da vítima.
do Código Penal, da mesma forma que o § 1º do art. 130 do
8@
mesmo diploma repressivo, narra um delito de dano. - Cezar Roberto Bitencourt quando afirma:
- Na verdade, a conduta do agente é dirigida finalisticamente à
produção de um dano, qual seja,a transmissão de moléstia grave “Não nos parece que a ‘vida’ também integre o bem
de que está contaminado. Contudo, como veremos em tópico jurídico protegido pelo art. 131°, como alguns autores
gm
próprio, a lei penal se satisfaz simplesmente com a chegam a sustentar. Tanto é verdade que,
exteriorização do comportamento dirigido a esse fim, se sobrevier a morte da vítima, eventual punição por
independentemente da efetiva produção desse resultado. esse dano deslocará a tipificação da conduta para
ai
Levando-se a efeito uma análise do tipo, podemos concluir que o outro dispositivo que poderá ser o 121° ou 129°, § 3º,
legislador se satisfaz com a prática do comportamento numa clara demonstração de que a vida não está
l.c
destinado à transmissão de moléstia grave, mesmo que esta protegida por este artigo legal, pelo menos
não ocorra efetivamente, tratando-se, pois, de crime de imediatamente.”
natureza formal. Ao contrário do que determina o art. 130° do
om
Código Penal, que somente se configura se houver a prática de Pena e suspensão do processo:
atos de natureza sexual, o delito do art. 131° pode ser
considerado como de forma livre, podendo o agente praticar - A pena cominada no preceito secundário do art. 131
atos de qualquer natureza que possuam eficácia para a do Código Penal é de reclusão, de 1 (um)
transmissão da moléstia de que está contaminado. a 4 (quatro) anos, e multa.
- Dessa forma, pode o agente valer-se de meios diretos ou - Em virtude da pena mínima cominada, torna-se
indiretos à consecução da transmissão da moléstia grave. Meios perfeitamente admissível a suspensão
diretos dizem respeito àqueles em que houver um contato condicional do processo, presentes os requisitos
pessoal do agente, a exemplo do aperto de mão, beijo, abraço exigidos pelo art. 89 da Lei nº 9.099/95.
etc. Indiretos são aqueles que decorrem da utilização de A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.
quaisquer instrumentos capazes de transmitir a moléstia grave,
a exemplo de seringas, bebidas etc.( Rogerio Greco).
Consumação e tentativa:
- Consuma-se o delito com a prática dos atos destinados à
transmissão da moléstia grave, independentemente do fato de
ter sido a vítima contaminada ou não. Sendo um crime de
natureza formal, o legislador se contenta com a prática da
conduta núcleo do tipo, ou seja, a prática dos atos tendentes à
transmissão da moléstia grave que, se efetivamente vier a
ocorrer, será considerada mero exaurimento do crime, sendo de
observância obrigatória no momento da aplicação da pena-base,
quando da análise das circunstâncias judiciais, especificamente no
que diz respeito às consequências do crime. Admite-se a
tentativa, uma vez que podemos fracionar o iter criminis,
sa
Observações:
- Consumação ocorre com a pratica do ato capaz de transmitir a
ra
moléstia.
- É imprescindível a intenção de transmitir, do contrário é fato
ya
atípico.
- Praticar o ato= dolo genérico.
nn
objeto.
ai
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om
Aula 07
Art. 133°; CP= Classificação doutrinária:
Abandonar pessoa que está sob seu
Crime próprio (pois o tipo penal aponta quem pode ser
sa
do abandono: = bipróprio.
De perigo concreto (não basta demonstrar o ato de
ra
- - Doloso;
infrações penais de perigo, previstas - De forma livre;
no Capítulo III do Título I do Código Penal. - Comissivo ou omissivo impróprio;
nn
agente, com a conduta de abandonar, não poderá ter por - O delito de abandono de incapaz tem por finalidade
finalidade causar a morte ou mesmo lesão corporal na vítima, proteger a vida e a saúde daquela pessoa que se
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pois seu dolo, necessariamente, deverá ser o dolo de perigo, encontra sob os cuidados, guarda, vigilância ou
e não o dolo de dano. autoridade de outrem.
- Assim, se o abandono, por exemplo, é dirigido finalisticamente
a causar a morte da vítima, o Nesse sentido:
gm
-
agente, gozando do status de garantidor, deverá responder ainda acrescenta Noronha: “Objetividade jurídica,
pelo homicídio, consumado ou portanto, é o interesse relativo à segurança do indivíduo
tentado. que, por si, não se pode defender ou proteger,
ai
- Em segundo lugar, temos de interpretar o art. 133° do preservando sua incolumidade física”.
Código Penal de modo que se possa visualizar o
l.c
abandono, por si, já se configura na infração penal em em que o abandono produz efetiva
estudo, mas, sim, que o ato de abandonar, nas condições em situação de perigo concreto para a vítima.
que foi levado a efeito, trouxe, efetivamente, perigo para a Isso significa que o perigo deve ser demonstrado caso a
vida ou saúde da vítima caso. Por outro lado, a prática da conduta prevista no
- Assim, o abandono de incapaz deverá ser entendido como
núcleo do tipo, ou seja, o ato de abandonar,
um delito de perigo concreto, a ser demonstrado caso a quando não se configura na hipótese de consumação,
caso, sob pena de conduzir à atipicidade do poderá dar ensejo à responsabilização penal do agente a
fato. título de tentativa.
- Dessa forma, podemos destacar os seguintes elementos
- Nosso raciocínio inicial, contudo, já pressupõe que tenha
constantes da redação típica: a) o ato de abandonar; b) havido o efetivo ato de abandonar,
pessoa que está sob o cuidado, guarda, vigilância ou sendo que esse comportamento, naquele momento,
autoridade do agente; c) incapaz de defender-se dos riscos ainda não criava uma situação de perigo
resultantes do abandono.(Rogerio Greco). concreto para a vítima. (Rogerio Greco).
§ 1º= Se do abandono resulta lesão III- A última causa especial de aumento de pena foi
corporal de natureza grave: inserida no § 3º do art. 133° do Código Penal
por meio da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
ra
-
eles não poderá ser responsabilizado criminalmente, conforme Penal prevê uma pena de detenção, de 6 (seis) meses
a regra contida no art. 19° do Código Penal.(Rogerio Greco). a 3 (três) anos; se do abandono resultar lesão
corporal de natureza grave, a pena será de reclusão,
de 1 (um) a 5 (cinco) anos; e se resultar a morte, será
gm
Aula 07
Bem jurídico protegido:
- Os bens juridicamente protegidos pelo art. 134° do
Art. 134°=
sa
- O art. 134° do Código Penal, ao definir o crime de exposição - O delito de exposição ou abandono de recém-nascido
ou abandono de recém-nascido, cria, na verdade, uma pode ser praticado comissiva ou omissivamente. Assim,
modalidade especial de abandono de incapaz, uma vez que, a mãe, ao parir o seu filho, pode deixá-lo no lugar onde
e5
não se pode negar, o recém-nascido goza do status de ocorreu o parto oculto, bem como pode levá-lo a outro
incapaz exigido pelo art. 133° do mesmo estatuto lugar, a fim de abandoná-lo para ocultar desonra
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repressivo. própria.
- Assim, o art. 134° do Código Penal pune aquele que expõe
ou abandona recém-nascido para ocultar desonra própria. Modalidades qualificadas:
Podemos destacar, por meio da redação típica, os
gm
§ 2º Se resulta a morte:
própria.(Rogerio Greco).
Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Classificação doutrinária:
- Crime próprio no que diz respeito ao sujeito ativo e ao - Esse fato se deve ao especial fim de agir com que
sujeito passivo; de perigo concreto; atua a mãe, ou seja, sua especial motivação, que é a
- doloso; de ocultar desonra própria.
- de forma livre;
- comissivo ou omissivo impróprio;
- instantâneo; monossubjetivo; plurissubsistente;
- verifica a lesão corporal de natureza grave ou a morte do
recém-nascido).
- Crime de menor potencial ofensivo/ Lei n° 9099/95.