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penal
(III)

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Art./Súmulas
Observações
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Aula 01- Introdução ao crime de homicídio-art. 121,CP. Atenção
Subtítulos

Aula 01
Homicídio simples: ( caput). 2) Arrependimento eficaz: ( Art. 15; II parte)
— Matar alguém. Esgota a fase executória?
— Reclusão: 6 a 20 anos.
— Animus necandi/occidendi= intento de matar.
— Forma livre= matar de qualquer forma.
— Forma vinculada= institutos da parte geral aplicáveis
Art.15;II parte ;CP -
ao delito de homicídio. impede que o resultado se
produza, só responde
1) Desistência voluntária: (Art.15; I parte; CP). pelos atos já praticados.
– Ele podia continuar?
– Iter criminis: cogitação; preparação; execução;
consumação.
3) Crime impossível/crime oco/crime inidônea :
– Exaurimento: significa esgotamento. No campo penal, – Art.17;CP- Não se pune a tentativa quando, por
demonstra a fase do crime após a consumação, ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
quando o bem jurídico já foi afetado pela conduta do impropriedade do objeto, é impossível consumar-se
agente, mas ainda há outros prejuízos evidenciados. o crime.
Quando se toma por exemplo a extorsão mediante 1- Ineficácia absoluta;
sequestro (art. 159, CP), vê-se que a privação da II- Absoluta impropriedade do objeto;
liberdade da vítima é suficiente para a consumação do – Natureza jurídica: excludente de tipicidade.
delito. Entretanto, se o agente, além disso, consegue
por as mãos no dinheiro do resgate, diz-se 4) Concurso de crimes:
estar exaurido o delito. – Cumulo material: ( Art.65; CP).
– Os crimes formais: (aqueles que se consumam – Cumulo formal: ( Art.70; CP);
mediante a prática da conduta, independente de – Crime continuado:( Art.71; CP).
qualquer resultado naturalístico) admitem o – Súmula 605- Não se admite continuidade delitiva
exaurimento. Afinal, além da lesão ao bem jurídico nos crimes contra a vida.
primário, pode ocorrer mais prejuízos, levando a
danos ainda maiores.

Art. 15; I parte ;CP - O no parágrafo único do artigo 71°,


agente que, voluntariamente, seja aplicada a continuidade delitiva
desiste de prosseguir na também nos crimes dolosos contra a
execução.. vida. Essa norma, resultado da
reforma penal de 1984, é posterior à
edição da Súmula 605/STF.

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Continuação

§ 1° Homicídio privilegiado:
– Matar alguém. Obs. Feminicídio não é crime
– Causa de redução/diminuição de pena. autônomo. No caso brasileiro, o
– Natureza jurídica: causa de diminuição de pena= incide na 3° feminicídio foi inserido como
fase da dosimetria\9causa de aumento e diminuição de qualificadora em relação ao delito de
penal). homicídio não se criando, portanto
– Diminui a pena de 1/6 a 1/3,podendo a pena final ficar um tipo autônomo de feminicídio.
abaixo do mínimo legal.
– Hipóteses:

1. Motivo de relevante valor social;( ligado a


sociedade/proteger).
2. Motivo de relevante valor moral;(motivo ligado ao próprio
agente).
3. Sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta
provocação da vítima( na hora/ imediatidade).

Obs. O motivo de valor moral quando passado muito tempo,


pode se tornar vingança. fazendo com que deixe de ser um
privilégio, podendo assim caracterizar vingança, motivo
torpe( homicídio qualificado).

O homicídio privilegiado diferencia-se da


atenuante genérica prevista no Ar.65;II; CP;
parte final., pois no privilégio o agente age
sob o ( domínio) enquanto na atenuante age
sobre a (influência), no privilégio exige a
imediatidade,devendo agir logo em seguida e
a provocação deve ter sido na (hora);
segundo o STF e STJ é possível o
reconhecimento da atenuante ainda que o
ator injusto tenha sido no (passado).

– A natureza do privilégio é subjetiva.


– É possível o homicídio privilegiado ser qualificado? Sim,
quando a qualificadora for de natureza objetiva, em regra,
meios e modos, incisos III e IV;
– Apesar da doutrina de forma unânime, entender que o
feminicídio possui natureza subjetiva o StJ entendeu em
sentido contrário, reconhecendo o feminicídio,como tendo
natureza objetiva, nesse sentido, é possível, então o
reconhecimento concomitante do feminicídio como homicídio
privilegiado e também com as qualificadoras
subjetivas(motivo fútil e torpe

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Art./Súmulas
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Continuação Títulos
Atenção
Aula 02- Continuação ao crime de homicídio Subtítulos

Aula 02
Crime progressivo x progressão criminosa: Princípio da consunção:
A) Quando um crime é meio necessário para ou
– No crime progressivo a intenção ab- initio já é
normal fase de preparação ou de execução de
para o crime mais grave, porém passa pelo menos outro crime.
grave. B) Nos caso de antefato ou pós-fato impuníveis.
– Crimes de ação de passagem. – Minus a plus;
Ex: A com intenção de matar B, o mata na – Necessários para que cometa o delito fim.
porrada/lesiona. – De acordo com o STJ, o princípio da consunção
– Com relação a progressão criminosa o agente, pressupõe que haja um delito-meio ou fase normal
inicialmente, não tem a intenção de praticar o crime de execução de outro delito.
mais grave, porém decide praticar. – De acordo com Fragoso o pós-fato impunível pode
Ex: A lesiona B e depois mata o mesmo. ser considerado mero exaurimento do crime
principal.
Principio da alternatividade:
– Crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
– Plurinuclear.
Em ambos os institutos aplica-se – Punido uma única vez.
um dos princípios solucionadores
do conflito aparente de normas- § 2° Homicídio qualificado:
princípio da consunção;
especialidade. Alternatividade e – Reclusão 12 a 30 anos.
subsidiariedade. – Homicídio qualificado é delito etiquetado como crime
hediondo, conforme a lei 8.072/90.
– A progressão de regime nos crimes hediondos é;
Principio da especialidade: se primário 2/5 e se for reincidente 3/5.
– A norma especial afasta a aplicabilidade da norma geral.
– Lex especialis derrogat generali.
– Lei especial tem um plus/ um detalhe a mais.
Princípio da subsidiariedade:
– De acordo com Hungria, é considerada na expressão – Motivos determinantes do
"soldado reserva" . crime: I;II;V e VI.
– Na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma – Circunstâncias subjetivas: VII.
principal mais grave. – Circunstâncias objetivas
– Aplica-se a norma menos grave. (meios e modos): III e IV.
– Lex primaria derrogat legi subsidiariae.
– Expressa ou tácita.
– Exs. (tipificados)= Arts.238; 238;249 e 307; CP.
– Pode se aplicar como residuum.

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Continuação b) relevância causal de cada conduta;

I- Mediante paga ou promessa de recompensa ou por motivo Possuir relevância para o cometimento da infração penal.
torpe:
– Mediante paga= antecipado. c) liame subjetivo entre os agentes;
– Promessa= ainda vai receber.
– Motivo torpe: é o motivo vil, repugnante, desprezível que vai Isto é, o vínculo psicológico que une os agentes para a
em desencontro com o sentimento de coletividade. prática da mesma infração penal.
– Natureza da recompensa: há uma divergência doutrinária se ela
é ampla ou taxativa? De acordo com o professor ela é d) identidade de infração penal.
ampla/aberta; pode ser financeira, patrimonial, moral e até
mesmo sexual. Unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a
– A qualificadora "recompensa" comunica-se/estende-se ao mesma infração penal.
mandante segundo o STF e STJ( não tratar de maneira
absoluta), é regra mais possui exceção.
– Exceção: quando o mandante tem motivo de relevante valor
social ou moral ou violenta emoção (homicídio privilegiado).
– Quando quem mandou matar tiver reconhecido em seu favor
uma das hipóteses do privilegiado. Nesse caso somente o autor Interpretação analógica e analogia: é de fácil
executor responderá pela qualificada e o mandante pelo observação e expressamente autorizada no
privilegiado. dispositivo legal, ao agente que interpreta uma
fórmula casuística e forma genérica, por meio
– Concurso de pessoas: da fórmula genérica, se faça uma extensão in
malam partem ou in bonam partem.
Por sua vez, a integração analógica (analogia),
difere da interpretação analógica, pois analogia
tem o sentido de suprir as lacunas que a lei
acaba deixando. Nesse caso, é possível
Art. 29,CP= analogia in bonam partem, mas jamais, em
Quem, de qualquer modo, hipótese alguma, in malam partem.
concorre para o crime,
incide nas penas a este II- Motivo fútil:
cominadas, na medida de – É aquele insignificante, desproporcional.
sua culpabilidade. – Motivo torpe e fútil são plenamente compatíveis com
o dolo eventual.
– MOTIVO FÚTIL E TORPE POSSUEM NATUREZA-
– Crime plurisubjetivo/ concurso necessário ORDEM SUBJETIVA; EM REGRA NÃOSE COMUNICAM-
– duas ou mais pessoas concorrem para a SE/ ESTENDE-SE AOS CONCORRENTES, SALVO-SE
prática de uma mesma infração penal. SOUBEREM OU ACEITAREM(EXCEÇÃO).
– Colaboração reciproca..
– Requisitos para o concurso de pessoas:

a) pluralidade de agentes e de condutas;


Dolo eventual e o motivo fútil ou torpe são figuras
No mínimo, duas pessoas que, envidando esforços penais diversas e, em tese, compatíveis, ou seja, elas
conjuntos, almejam praticar determinada infração penal. não se excluem: uma é elemento subjetivo do tipo,
enquanto a outra, circunstância que se relaciona com
a ação nuclear de matar alguém, tornando o tipo
qualificado. O dolo do agente, direto ou indireto, não
se confunde com o motivo que ensejou a conduta.

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Continuação

- Informativo 583° STJ: - Informativo 583° STJ:


DIREITO PENAL. HIPÓTESE DE INEXISTÊNCIA DE MOTIVO É incompatível com o dolo eventual a qualificadora de motivo
FÚTIL EM HOMÍCIDIO DECORRENTE DA PRÁTICA fútil (art. 121, § 2°, II, do CP).
DE "RACHA". Conforme entendimento externado pelo Min. Jorge Mussi,
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2°, II, do ao tempo que ainda era Desembargador, "os motivos de um
CP), na hipótese de homicídio supostamente praticado por crime se determinam em face das condicionantes do
agente que disputava "racha", quando o veículo por ele impulso criminógeno que influem para formar a intenção de
conduzido - em razão de choque com outro automóvel cometer o delito, intenção que, frise-se, não se compatibiliza
também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da com o dolo eventual ou indireto, onde não há o elemento
vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. No caso volitivo" (TJSC, HC 1998.016445-1, Dj 15/12/1998).
em análise, o homicídio decorre de um acidente Ademais, segundo doutrina, "Não são expressões sinônimas -
automobilístico, em que não havia nenhuma relação entre o intenção criminosa e voluntariedade. A vontade do homem
autor do delito e a vítima. A vítima nem era quem praticava aplicada à ação ou inação constitutivas da infração penal é a
o "racha" com o agente do crime. Ela era um terceiro que voluntariedade; a vontade do agente aplicada às
trafegava por perto naquele momento e que, por um dos consequências lesivas do direito é intenção criminosa. Em
azares do destino, viu-se atingido pelo acidente que envolveu todas as infrações penais encontram-se voluntariedade. Em
o agente do delito. Quando o legislador quis se referir a todos, porém, não se vislumbra a intenção criminosa. Os
motivo fútil, fê-lo tendo em mente uma reação crimes em que não se encontra a intenção criminosa são os
desproporcional ou inadequada do agente quando cotejado culposos e os praticados com dolo indireto, não obstante a
com a ação ou omissão da vítima; uma situação, portanto, voluntariedade da ação nas duas modalidades". Destaque-se
que pressupõe uma relação direta, mesmo que tênue, que, em situações semelhantes, já decidiu desse modo tanto
entre agente e vítima. No caso não há essa relação. Não o STJ (REsp 1.277.036-SP, Quinta Turma, DJe10/10/2014)
havia nenhuma relação entre o autor do crime e a vítima. O quanto o STF (HC 111.442-RS, Segunda Turma, DJe
agente não reagiu a uma ação ou omissão da vítima (um 17/9/2012; e HC 95.136, Segunda Turma, Dje 30/3/2011),
esbarrão na rua, uma fechada de carro, uma negativa a um sendo que a única diferença foi a qualificadora excluída: no
pedido). Não há aqui motivo fútil, banal, insignificante, diante caso em análise, a do inciso II, § 2º, do art. 121, já nos
de um acidente cuja causa foi um comportamento referidos precedentes, a do inciso IV do mesmo parágrafo
imprudente do agente, comportamento este que não foi e artigo. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para
resposta à ação ou omissão da vítima. Na verdade, não há acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016,
nenhum motivo. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. DJe 16/5/2016.
para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
19/4/2016, DJe 16/5/2016.

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Continuação 2- HIPOTESE= a QUERENDO MATAR, MAS CAUSANDO
SOFRIMENTO FÍSICO ACABA MATANDO A VÍTIMA-
 CIUMES QUALIFICA? POR SI SÓ NÃO QUALIFICA, NÃO É RESPONDE POR HOMICÍDIO POR MEIO DE TORTURA.
AUTOMATICAMENTE TRATADO COMO MOTIVO FUTIL OU 3- A QUERENDO OBTER UMA INFORMAÇÃ,TORTURA b E
TORPE.9CONFLITO DOUTRINÁRIO) POR NÃO OBTÉ-LA RESOLVE MATÁ-LO=RESPONDE
- Um debate muito importante diz respeito às situações POR DOIS CRIMES- TORTURA + HOMICIDIO EM
fáticas que configurariam o motivo torpe. Nessa linha, CONCURSO MATERIAL(SOMAM AS PENAS).
pergunta-se: o ciúme, isoladamente, configura motivo
torpe? Noutras palavras, o ciúme é capaz de causar essa - INSIDUIOSO:
sensação de repugnância na sociedade/coletividade? - CRUEL: é aquele que causa sofrimento desnecessário na
- Já foi decidido que o ciúme, sem outras circunstâncias, vitima; meio cruel segundo o STF é compatível com o
não caracteriza motivo torpe (STJ, AgRg no AREsp domínio de violenta emoção, pois os agentes deve agir
569047/PR, Rel. Min. Ericson Maranho, julgado em sempre nesses casos com vontade deliberada de
28/04/2015). causar sofrimento na vitima.
- A MULTIPLICIDADE DE FACADAS,POR SI SÓ SEGUNDO
- Assim, ainda que seja um sentimento doloroso para quem O STF E STJ, NÃO QUALIFICA POR MEIO CRUEL:
sofre com o ciúme, nem sempre sua simples constatação (DOC. LEGJUR 103.1674.7472.2400)
será repugnante a ponto de qualificar ou agravar o delito, STJ. Homicídio. Meio cruel. Reiterados golpes de faca.
devendo ser analisado cada caso concreto. Exclusão de qualificadora manifestamente
improcedente. Precedentes do STJ. Considerações do
- Trata-se, em suma, de um relevante entendimento para a Min. Félix Fischer sobre o tema. CP, art. 121, § 2º, III.
defesa, sobretudo para alegar no plenário do júri. «.. O meio cruel, previsto no CP, art. 121, § 2º, III, é
aquele em que o agente, ao praticar o delito, provoca
- Todavia, o STJ entende que “cabe ao Tribunal do Júri um maior sofrimento à vítima. Vale dizer, quando se leva
decidir, no caso em concreto, se o ciúme, pelo à efeito o crime com evidente instinto de maldade,
inconformismo de estar a vítima se relacionando objetivando impor à vítima um sofrimento
amorosamente com a antiga companheira do agravante, desnecessário. Dessa maneira, a multiplicidade de atos
configura ou não a qualificadora de motivo torpe” (STJ, executórios (in casu, reiteração de facadas), por si só,
Quinta Turma, AgRg no AREsp 827875/MG, Rel. Min. não configura a qualificadora do meio cruel. Como bem
Ribeiro Dantas, julgado em 22/09/2016). Basicamente, o asseverado no v. acórdão vergastado, «o fato de haver
fundamento é que, se a situação fática descrita na o réu desferido repetidas facadas no ofendido Jânio,
denúncia quanto à qualificadora está minimamente matando-o, não basta para a caracterização da
provada por meio da instrução, essa qualificadora deve qualificadora do meio cruel, já que esta não pode ser
ser submetida aos jurados. reconhecida, tão-só, à vista da continuidade dos golpes
que, por certo, eram direcionadas somente em face do
com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
III- inequívoco «animus necandi» que movia o acusado e não
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar para causar sofrimento além do necessário à vítima»
perigo comum: (fl. 332). . .» (Min. Félix Fischer).»
- AXFIXIA= É a supressão da respiração, ou seja,
enforcamento, esganadura , afogamento, soterramento
etc.
EX.: A atira em B; achando que o mesmo já estava morto,
enterra o corpo. B morre soterrado. A responde somente
por homicídio simples sem a incidência da qualificadora
asfixia.
- TORTURA: 3 CONCEITOS/ANALISARO ANIMUS NECANDI
DO AGENTE( INTENÇÃO.
1- HIPÓTESE= a QUERENDO UMA INFORMAÇÃO TORTURA b
E ACABA VINDO Á ÓBITO. A RESPONDE POR TORTURA
COM RESULTADO MORTE/LEI N° 9455/97(Art. 1°;§ 3°)=
crime preterdoloso.

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Atenção
Aula 03- Homicídio ( meios, modos e feminicídio). Subtítulos

Aula03
- Os meios possuem natureza objetiva e, em regra, Inciso V: (fins).
comunicam-se com os concorrentes, salvo se não
souberem ou não aceitarem. - Natureza subjetiva:
Ex: A contrata B para matar C. B ao chegar no - Para assegurar a execução de outro
local descobre que C é irmão do seu inimigo e, crime=conexão teleológica.
então, decide o matar torturando. Neste caso, por - Para assegurar a ocultação, impunidade ou
se tratar de exceção a qualificadora "tortura" não vantagem de outro crime= conexão
se estenderá para A. consequencial.
- Não é necessário que seja o mesmo agente
Inciso IV: (modos). praticando os dois crimes.
- Traição: matar pelas costas # golpe nas costas. - É imprescindível que o outro fato seja crime,
- Emboscada: tocaia = não podendo ser "contravenção penal".

TELEOLÓGICA= HOMICÍDIO PRATICADO


Para o STJ/STF a PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO DE
OUTRO CRIME(FUTURO).
emboscada é incompatível com
o dolo eventual. CONSEQUENCIAL= QUANDO O HOMICIDIO
VISA ASSEGURAR A OCULTAÇÃO, A
IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO
CRIME (PASSADO).
- Dissimulação: fingimento/disfarce ou outro
Inciso VI: Feminicídio e femicídio.
recurso que dificulte ou torne impossível defesa
do ofendido= ou outra interpretação analógica. - Femicídio= matar uma mulher.
- Para Damásio de jesus: a premeditação não - A lei do feminicídio 13.104 de 9 de março de
constitui qualificadora do homicídio, mas pode 2015, é uma novatio legis in pejus=
agravá-lo nos termos do Art.59°;CP(circunstâncias Também conhecida como lex gravior, trata-se de
judiciais/desfavorável da dosimetria da pena-base: uma situação na qual uma lei posterior adota
poderá ainda, a depender do modo escolhido pelo penas mais graves, não podendo,assim,retroagir
agente recair na interpretação analógica/ Parte para prejudicar e alcançar fatos praticados
final do inciso IV.). anteriormente a publicação da lei.
- Natureza jurídica dos modos: é objetiva, posto - Feminicídio: significa matar uma mulher por ser
isso, em regra, comunicam-se com os mulher ou nas condições de violência doméstica
concorrentes salvo se não souber. ou familiar.

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Continuação

- Aumenta-se a pena feminicídio de 1/3 a metade


quando: durante a gestação ou nos 3 meses após § 7°
I.
- A mata B, sua amante que estava gravida: responderá
por feminicídio com a causa de aumento de pena de
1/3 a metade + aborto praticado por terceiro sem o
consentimento da gestante Art.125°;CP=, em concurso
formal impróprio/imperfeito e portanto as penas
serão somadas.

Art. 70°CPC= Quando o agente,


mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de
um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no
artigo anterior.

- Concurso formal imperfeito ou impróprio: ocorre


quando há autonomia de desígnios, ou seja, o agente
pretende cometer vários crimes tendo consciência e
vontade em relação a cada um deles, considerando
isoladamente.
- Aplicação da pena: havendo desígnios autônomos
(intenções diferentes) na conduta do agente, as
penas devem ser somadas de acordo coma regra do
artigo.

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Observações
Continuação Títulos
Atenção
Aula 04- finalzinho do homicídio; participação em suicídio e infanticídio. Subtítulos

Aula 04
 Homicídio privilegiado/ qualificado:
- É importante consignar que, embora a doutrina use as duas Assevera Fernando Capez:
expressões – qualificado- privilegiado e privilegiado- “Reconhecida a figura híbrida do homicídio privilegiado-
qualificado –, não podemos considerá-las, ambas, como qualificado, fica afastada a qualificação de hediondo do
corretas, mas tão somente uma delas, vale dizer, a que homicídio
intitula o homicídio de qualificado-privilegiado. qualificado, pois, no concurso entre as circunstâncias
- haja vista que as causas de diminuição de pena estão objetivas (qualificadoras que convivem com o privilégio)
consignadas anteriormente às qualificadoras. e as subjetivas
Dessa forma, o homicídio, por ser qualificado, deverá assim (privilegiadoras), estas últimas serão preponderantes,
ser reconhecido, para, em momento posterior, ser nos termos do art. 67
adjetivado de privilegiado, razão pela qual, tecnicamente, do CP, pois dizem respeito aos motivos determinantes
estaremos, sempre, diante de um homicídio qualificado- do crime
privilegiado, e não privilegiado-qualificado.( Rogério Greco).
 Motivo fútil e ausência de motivo:
- O homicídio qualificado- privilegiado como Enfim, motivo fútil é aquele no qual há um abismo entre a
crime hediondo: motivação e o comportamento extremo levado a efeito
pelo agente. A doutrina aponta, ainda, para o fato de
- A segunda parte do inciso I do art. 1º da Lei nº 8.072/90 crime sem motivo não configurar motivo fútil. Nesse
aponta o homicídio qualificado, em todas as suas modalidades sentido, afirma Damásio de Jesus:
(art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII), como infração de
natureza hedionda.
- A possibilidade de coexistência de um homicídio qualificado-
privilegiado, o privilégio teria o condão de afastar a natureza
hedionda das qualificadoras?
- Tecnicamente, a resposta teria de ser negativa, pois a Lei “O motivo fútil não se confunde com a
nº 8.072/90 não faz qualquer tipo de ressalva que nos ausência de motivo. Assim, se o
permita tal ilação. Na verdade, diz textualmente que o sujeito pratica o fato sem razão
homicídio qualificado goza do status de infração penal de alguma, não incide a qualificadora, nada
natureza hedionda. O chamado privilégio não é, nada mais, do impedindo que responda por outra,
que uma simples causa de redução de pena, a ser analisada como é o caso do motivo torpe.”
no terceiro momento do critério trifásico, previsto pelo art.
68 do Código Penal.
- Como se percebe, a infração penal não deixa de ser - Com a devida vênia das posições em contrário, não
qualificada em razão da existência de uma minorante podemos compreender a coerência desse
(privilégio). Contudo, majoritariamente, a doutrina repele a raciocínio. Assim, a título de ilustração, se o agente
natureza hedionda do homicídio qualificado-privilegiado, haja pratica o homicídio valendo-se de um motivo
vista que – é o argumento – não se compatibiliza a essência insignificante, qualifica-se o crime; se não tem
do delito objetivamente qualificado, tido como hediondo, com qualquer motivo, ou seja, menos ainda que o motivo
o privilégio de natureza subjetiva. (Rogério Greco). insignificante, o homicídio é simples.

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Continuação

STJ
CORRETA A INCIDÊNCIA DA AGRAVANTE
DO MOTIVO FÚTIL, POIS É
DESPROPORCIONAL EFETUAR DISPAROS
DE ARMA DE FOGO EM RAZÃO DE
ACIDENTE DE TRÂNSITO.
"2. Como é sabido, fútil é o motivo
insignificante, apresentando
desproporção entre o crime e sua causa
moral. Dessa forma, configura motivo
fútil o fato de o crime ter sido cometido
em virtude de uma simples colisão de
trânsito." (AgRg no AREsp 152.705/PR)

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Continuação Art. 144°. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
- STJ da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
AUSÊNCIA DE MOTIVO NÃO SE CONFUNDE COM MOTIVO FÚTIL. patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO. II - polícia rodoviária federal;
PRONÚNCIA. MOTIVO FÚTIL. QUALIFICADORA MANIFESTAMENTE III - polícia ferroviária federal;
IMPROCEDENTE. AUSÊNCIA DE MOTIVO NÃO SE EQUIPARA À IV - polícias civis;
EXISTÊNCIA DE FUTILIDADE. PRECEDENTES. EXCLUSÃO. V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
REGIMENTAL DESPIDO DE ARGUMENTOS NOVOS E IDÔNEOS PARA
REBATER AS RAZÕES EM QUE SE FUNDOU A DECISÃO AGRAVADA. - Como a lei utilizou a palavra consanguíneo, como ficaria a
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. situação do filho adotivo, mesmo que a Constituição
(AgRg no REsp 1.289.181/SP). Federal, em seu art. 227°, § 6º, tenha proibido quaisquer
designações discriminatórias?
Art. 1.593°;CC=. O parentesco é natural ou civil, conforme
 Feminicídio: resulte de consanguinidade ou outra origem.
- Art.121°; § 7°;CP=
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço)
até a metade se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores Dessa forma, infelizmente, se


ao parto; o homicídio for praticado contra o filho adotivo
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 de um policial, em razão dessa condição, não
(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças poderemos aplicar a qualificadora do inciso VII
degenerativas que acarretem condição limitante ou de do § 2º do art. 121° do Código Penal, tendo em
vulnerabilidade física ou mental; vista que, caso assim fizéssemos, estaríamos
III - na presença física ou virtual de descendente ou de utilizando a chamada analogia in malam partem
ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da - A Constituição Federal equipara os filhos adotivos
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº aos filhos
13.771, de 2018). consanguíneos, vide o § 6º do artigo 227°, in verbis:
‘Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
 Homicídio funcional/ policídio: adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
- Art.121°;§2°;VII:CP= proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
Contra autoridade ou agente descrito filiação.
nos Arts. 142° e 144° da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de  Homicídio culposo:
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência - Em sede de crimes culposos, vige o princípio da
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente excepcionalidade, ou seja, a regra é que todo
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: crime seja doloso, somente sendo punido a título de
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. culpa se houver previsão expressa nesse
- Vítima certa/própria. sentido, como é o caso do § 3º do art. 121 do Código
- Art. 142° e 144° CF/88. Penal, que diz: Se o homicídio é culposo.
Art. 142°. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, - Art.18°;PU:CP=
pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
permanentes e regulares, organizadas com base na punido por fato previsto como crime, senão quando
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do o pratica dolosamente.
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.

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b) A pena ainda é aumentada em um terço no homicídio
Continuação culposo quando o agente deixa de
prestar o imediato socorro à vítima, não procura diminuir
- O legislador pode legislar sobre o tipo penal aberto e o fechado. as consequências do seu ato ou foge
- Art.121°;§3°= para evitar a prisão em flagrante.
§ 3º= Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos. - AÇÃO= COMISSIVO.
- É a única hipótese de homicídio que permite o perdão judicial - OMISSÃO= IMPRÓPRIA COMISSIVA POR OMISSÃO.
- .( § 5°/Art.121°/Art.107°;IX/Art.120°;CP ). - Art.13°;§2°;CP=
- Art.107°;IX:CP(EXTINGUE-SE A PUNIBILIDADE)= Relevância da omissão:
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
- Art.121°; § 5°CP= omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de dever de agir incumbe a quem:
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se vigilância;
torne desnecessária. b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir
- Art.120°;CP= o resultado;
A sentença que conceder perdão judicial não será considerada c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
para efeitos de reincidência. ocorrência do resultado.
- Por outro lado, temos os crimes omissivos impróprios,
- SÚMULA 18/STJ=
também chamados de comissivos por
Enunciado da Súmula 18 STJ: “A sentença concessiva do perdão
omissão ou omissivos qualificados. Neles, a norma
judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo
constante do tipo penal é de natureza
qualquer efeito condenatório.”
proibitiva, ou seja, contém uma proibição, prevê um
comportamento comissivo. Entretanto, em
- CASO DE AUMENTO DE PENA( Art.121;§4°;CP)= virtude de o agente gozar do status de garantidor, aplica-
- Art.121;§4°;CP= se a norma de extensão prevista no § 2º
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um do art. 13 do Código Penal, respondendo o agente pela sua
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de inação, como se tivesse feito alguma
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar coisa. Por essa razão, o crime é também reconhecido
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as como comissivo por omissão
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em - Dessa forma, podemos concluir que as normas existentes
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 nas omissões próprias são de
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 natureza mandamental, sendo que as normas constantes
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos nos tipos penais que preveem as
omissões impróprias serão sempre proibitivas.
- Caso o omitente tendo o dever de agir, não age porque
1) homicídio culposo: não quer, irá responder por homicídio doloso.
Ex.: a baba ( alínea B) ou bombeiro militar ( alínea A) caso
a) se o crime resulta de inobservância de não hajam, desejando o resultado responderam por
regra técnica de profissão, arte ou ofício; homicídio por homicídio doloso por omissão imprópria( esse
b) se o agente deixa de prestar imediato delito admite tentativa).
socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para
evitar a prisão em flagrante.

a) Esse substancial aumento se deve ao fato de que o agente,


mesmo tendo os conhecimentos das técnicas exigidas ao
exercício de sua profissão, arte ou ofício, não os utiliza por
leviandade, sendo maior, portanto, o juízo de reprovação
que deve recair sobre o seu comportamento.
- só se aplica quando se trata de um profissional.
- INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA x IMPERÍCIA.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Aula 04- Participação em suicídio e infanticídio. Atenção
Subtítulos

Aula 04
 Participação em suicídio: - Também merece destaque o fato de que o sujeito passivo
Art. 122°;cp= Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou deve ser determinado, podendo, contudo, tratar-se de
prestar-lhe auxílio para que o faça: mais de uma pessoa ou, mesmo um grupo considerável de
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se pessoas.
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. - Ao contrário, conclamações genéricas do tipo todos
- Crime do tipo misto/conteúdo variado/ plurinuclear/de ação devemos morrer em sinal de protesto à negligência do
múltipla= várias formas de conduta; incide o princípio da governo não se prestam para fins de reconhecimento da
alternatividade, ou seja, praticando uma ou todas condutas infração penal em estudo.
responde por um único crime. - INDUZIR= PLANTAR A IDEIA.
- crime condicionado, vale dizer, aquele que, para que possa se - INSTIGAR= INCENTIVAR/JÁ POSSUI A IDEIA
configurar, exige a ocorrência de determinada condição, que PLANTADA/PARTICIPE.
será cuidada, dependendo da infração penal, como elemento do - PRESTAR AUXÍLIO= EMPRESTAR A ARMA/CORDA.
tipo, ou mesmo como condição objetiva de punibilidade, quando - participação moral e material no mencionado delito.
extrínseca a ele. - Ocorre a participação moral nas hipóteses de induzimento
- De acordo com o enfoque do princípio da lesividade, podemos ou instigação ao suicídio. Induzir significa fazer nascer,
trabalhar, segundo Nilo Batista,2 com quatro vertentes que lhe criar a ideia suicida na vítima. Instigar, a seu turno,
são fundamentais, a saber: demonstra que a ideia de eliminar a própria vida já existia,
a) proibição de incriminações que digam respeito a uma atitude sendo que o agente, dessa forma, reforça, estimula essa
interna do agente; ideia já preconcebida.
b) proibição de incriminações de comportamentos que não - Na participação material o agente auxilia materialmente a
excedam ao âmbito do próprio vítima a conseguir o seu intento, fornecendo, por exemplo,
autor; o instrumento que será utilizado na execução do autocídio
c) proibição de incriminações de simples estados ou condições (revólver, faca, corda para a forca etc.), ou mesmo
existenciais; simplesmente esclarecendo como usá-lo.
d) proibição de incriminações de condutas desviadas que não - Com isso estamos querendo afirmar que se o agente vier
afetem qualquer bem jurídico. a praticar qualquer ato de execução deverá responder
- nulla lex poenalis sine injuria/Nenhuma lei penal sem ferimentos. pelo delito de homicídio, conforme analisaremos mais
- O delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio pode ser adiante ao estudarmos algumas situações específicas,
praticado por qualquer pessoa, uma vez que o tipo penal não como na hipótese do suicídio conjunto.
especifica o sujeito ativo. - Tem-se discutido a respeito dessa capacidade de
- O sujeito passivo, da mesma forma, poderá ser qualquer discernimento. Os inimputáveis por doença mental, de
pessoa, desde que a vítima tenha capacidade de discernimento, forma geral, não a possuem. Assim, aquele que induz um
de autodeterminação, pois, caso contrário, estaremos diante do portador de doença mental a se matar não responde pelo
delito de homicídio. delito de induzimento ao suicídio, mas, sim, pelo crime de
- aquele que induz, instiga ou auxilia materialmente homicídio. No que diz respeito aos menores, tem-se
alguém que não possua capacidade de discernimento deve ser raciocinado com o limite de 14 anos, fazendo-se um
considerado autor mediato do delito de homicídio. paralelo, atualmente, com a idade constante do caput do
art. 217°-A, que prevê o chamado estupro de vulnerável.

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Continuação
- Só haverá punição se a vítima tenta se matar e não consegue,
mas sofre lesão corporal grave-reclusão de 1 a 3 anos, e se a
vitima morrer reclusão de 2 a 6 anos.
- Se a vítima tenta se matar e não consegue, mas sofre lesão
leve ou não sofre nada é fato atípico, pois esse crime não
admite tentativa(vítima).
- A expressão se da tentativa de suicídio tem um destinatário
certo: a vítima que tentou se matar, e não aquele que a induziu,
instigou ou auxiliou no ato frustrado.
- A conduta deve ser sempre paralela/acessória ou secundária,
se for principal para a morte, responderá por homicídio.
Ex.: A ajuda B a subir no banco para se enforcar e depois A
chuta o banco= responderá por homicídio.
- A pena será duplicada quando:
a) Por motivo egoístico.
b) Vítima menor ou por qualquer causa tem diminuída a capacidade
de resistência.

- Outras hipóteses de responsabilização:


1) Duelo Americano: Duas armas, A e B, apenas uma tem
munição, não se sabe qual é, na hora em que tocar o sino cada
um pega a arma e cada um atira na sua própria cabeça, quem
ganha é quem sobrevive. Nesse caso, aquele que sobreviver,
responderá pelo art. 122°.;CP
2) Roleta Russa: Numa única arma coloca-se um único projétil.
Em seguida, cada participante atira contra a própria cabeça.
Nesse caso, o sobrevivente responde pelo artigo 122.
3) Ambicídio (Pacto de Morte): É um pacto de morte. Um casal
combina a morte de ambos, conjuntamente.

CUIDADO
O homem liga o gás:
1) Ele sobrevive e ela morre, pois ele praticou atos
executórios, sendo acusado de homicídio.
2) Agora ele morre e ela sobrevive. Como a mulher não
praticou atos executórios, responderá pelo art. 122.°;CP
3) Os dois sobrevivem:
o Ele responderá pelo 121, tentado.
o Se ele sofreu lesão grave, ela responderá pelo 122°;CP.
o Se não sofreu lesão alguma, o FATO É ATÍPICO.
4) Testemunha de Jeová que, ferida gravemente, se recusa a
fazer transfusão de sangue:
a) Se do maior de idade e o médico não intervém: o médico
responde pelo artigo 122°;CP, por era GARANTIDOR (não é
pacífico)
b) Os pais impede a transmissão: Eles respondem por
HOMICÍDIO.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Atenção
Aula 04- Infanticídio. Subtítulos

Aula 04
 Infanticídio: - Classificação doutrinária:
Art.123°;CP= - Crime próprio (pois somente pode ser cometido pela mãe,
Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, que atua influenciada pelo estado
durante o parto ou logo após: puerperal); simples; de forma livre; doloso, comissivo e
Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. omissivo impróprio (uma vez que o sujeito ativo goza do
- Analisando a figura típica do infanticídio, percebe-se que se status de garantidor); de dano; material; plurissubsistente;
trata, na verdade, de uma modalidade especial de homicídio, monossubjetivo; não transeunte; instantâneo de efeitos
que é cometido levando-se em consideração determinadas permanentes.
condições particulares do sujeito ativo, que atua influenciado - Estado puerperal:
pelo estado tem-se entendido que o chamado estado
- puerperal, em meio a certo espaço de tempo, pois o delito puerperal não é tão somente aquele que se desenvolve
deve ser praticado durante o parto ou logo após. após o parto, incluindo-se nesse raciocínio o período do
- O ideal seria, como veremos mais adiante, que o delito de parto e também o sobreparto.3 Durante esse período, a
infanticídio fosse tratado como uma espécie de homicídio parturiente sofre abalos de natureza psicológica que a
privilegiado, ficando, dessa forma, umbilicalmente ligado ao influenciam para que decida causar a morte do próprio
caput do art. 121 do Código Penal por meio de um parágrafo, filho.
coisa que não acontece atualmente, fazendo com que seja
entendido como uma infração penal autônoma.
José da Costa Júnior, analisando o estado
puerperal, diz:
traços marcantes: “A mulher, abalada pela dor obstétrica,
a) que o delito seja cometido sob a fatigada, sacudida pela emoção,
influência do estado puerperal; sofre um colapso do senso moral, uma
b) que tenha como objeto o próprio filho da liberação de instintos perversos, vindo
parturiente; a matar o próprio filho.”
c) que seja cometido durante o parto ou,
pelo menos, logo após.

- Crime próprio/Crime bipróprio: - Entretanto, para que se caracterize o infanticídio, exige


- Crime próprio, a seu turno, é aquele cujo tipo penal exige uma a lei penal mais do que a existência do estado puerperal,
qualidade ou condição especial dos sujeitos ativos ou passivos. comum em quase todas as parturientes, algumas em
Veja-se, por exemplo, o que ocorre com o delito de infanticídio, menor e outras em maior grau. O que o Código Penal
previsto no art. 123° do Código Penal. A lei penal indica o sujeito requer, de forma clara, é que a parturiente atue
ativo, ou seja, a mãe, que atua influenciada pelo estado puerperal, influenciada por esse estado puerperal.
- Assim, o critério adotado não foi o puramente biológico,
bem como o sujeito passivo, vale dizer, seu próprio filho. André
Stefam, em: “Crime bipróprio quando a lei exigir qualidade especial físico, mas, sim, uma fusão desse
tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. É o caso do crime critério com outro, de natureza psicológica, surgindo daí
de maus-tratos, do art. 136° do CP, em que o agente deve ser o critério chamado fisiopsíquico ou biopsíquico.
uma pessoa legalmente qualificada como detentora de autoridade, - ADMITE CONCURSO DE PESSOAS.
guarda ou vigilância sobre o sujeito passivo. Este, por óbvio, - Tratando-se de crime próprio, como veremos a seguir,
somente poderá ser a pessoa que, segundo a lei, figurar na o infanticídio admite as duas espécies de concurso de
condição de indivíduo sujeito à autoridade etc. do autor do fato.” pessoas, vale dizer, a coautoria e a participação.

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Continuação c) somente o terceiro executa a conduta de matar
o filho da parturiente, contando com o auxílio
- o delito pode ser cometido tanto contra o nascente, isto é, desta.
aquele que está nascendo, que ainda se encontra no processo - Para que as hipóteses sejam resolvidas
de expulsão, quanto contra o neonato, ou seja, aquele que corretamente, mister se faz alertar para as
acabou de nascer, já se encontrando desprendido da mãe. determinações contidas nos arts. 29 e 30 do
Código Penal, que dizem, respectivamente:

- HIPÓTESES:
1) Mãe mata(autora) e o terceiro auxilia(partícipe):
AMBOS RESPONDEM POR INFANTICÍDIO Art. 29°=. Quem, de qualquer modo, concorre
2) Mãe(autora) e o terceiro matam(coautor). para o crime incide nas penas a este
AMBOS RESPONDEM POR INFANTICÍDIO cominadas, na medida de sua culpabilidade.
3) EXCEÇÃO: mãe manda e o terceiro executa. Art. 30°=. Não se comunicam as circunstâncias
MÃE RESPONDE POR INFANTICÍDIO EO TERCEIRO RESPONDE e as condições de caráter pessoal, salvo
POR HOMICÍDIO. quando elementares do crime.

- ERRO SOBRE A PESSOA:


- Imagine-se a hipótese em que a parturiente, influenciada pelo - As condições da mãe tem caráter pessoal.
estado puerperal, vá até o berçário, logo após o parto, e, - A regra geral determina, assim, que não se comuniquem
querendo causar a morte do próprio filho, por erro, acabe ao coparticipante, salvo nos casos em que figurarem
estrangulando o filho de sua colega de enfermaria, causando- como elementos do tipo.
lhe a morte. - Por elementos ou elementares devemos considerar
A parturiente, portanto, matou o filho de terceira pessoa, todos aqueles dados indispensáveis à
supondo-o seu. Pergunta-se: No caso em questão, deverá a definição típica, sem os quais o fato se torna atípico ou
parturiente responder pelo delito de homicídio ou pelo há, no mínimo, desclassificação. Se, por exemplo, a
infanticídio? parturiente mata o próprio filho, logo após o parto, sem
Preconiza o § 3º do art. 20 do Código Penal: que tenha agido influenciada pelo estado puerperal, a
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é ausência dessa elementar (sob a influência do estado
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, puerperal) fará com que seja responsabilizada pelo
as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa resultado morte a título de homicídio. Haverá, portanto,
contra quem o agente queria praticar o crime. uma desclassificação do delito de infanticídio para o
Considerando-se que a parturiente almejava causar a morte crime de homicídio.
do próprio filho e, por erro, acabou matando o filho de sua - No caso em exame, como já deixamos antever, a
colega de quarto, aplica-se a regra correspondente ao erro influência do estado puerperal não pode ser
sobre a pessoa, devendo ser responsabilizada pelo infanticídio. considerada mera circunstância, mas, sim, elementar do
- CONCURSO DE PESSOAS NO INFANTICÍDIO: tipo do art. 123°;CP, que tem vida autônoma
- Dissemos que o delito de infanticídio é, na verdade, um comparativamente ao delito do art. 121° ambos do Código
homicídio especializado por vários elementos, sendo um deles Penal.
a influência do estado puerperal. Dessa forma, - Em razão disso, nos termos do art. 30° do Código Penal,
comparativamente, o infanticídio é menos severamente se for do conhecimento do terceiro que, de alguma
punido do que o homicídio, mesmo que em sua modalidade forma, concorre para o crime, deverá a ele se
fundamental. comunicar.
Será possível o concurso de pessoas no crime de
infanticídio?
a) a parturiente e o terceiro executam a conduta núcleo do
tipo do art. 123°; Código Penal, ou
seja, ambos praticam comportamentos no sentido de causar
a morte do recém-nascido;
b) somente a parturiente executa a conduta de matar o
próprio filho, com a participação do
Terceiro.

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Continuação

- As observações feitas por Noronha são precisas. O


infanticídio, ao contrário do que afirma a doutrina, permissa
vênia, não é modalidade de homicídio privilegiado. Seria se
figurasse como
um parágrafo do art. 121° do Código Penal. Cuida-se, portanto,
de verdadeiro delito autônomo, razão pela qual tudo aquilo que
estiver contido em seu tipo será considerado elementar, e
não
circunstância, devendo, pois, nos termos da determinação
contida no art. 30 do Código Penal, ser comunicado ao
coparticipante, desde que todos os elementos sejam de seu
conhecimento.
- A última hipótese seria aquela em que somente o terceiro
praticasse os atos de execução, com o auxílio e a mando da
parturiente, que atua influenciada pelo estado puerperal.
Damásio, com precisão, alerta:
“Se o terceiro mata a criança, a mando da mãe, qual o fato
principal determinado pelo induzimento? Homicídio ou
infanticídio? Não pode ser homicídio, uma vez que, se assim
fosse, haveria outra incongruência: se a mãe matasse a
criança, responderia por delito menos grave (infanticídio); se
induzisse ou instigasse o terceiro a executar a morte do
sujeito passivo, responderia por delito mais grave (coautoria
no homicídio)". O PROFESSOR COLOCOU DE MANEIRA DIVERSA.
- É POSSÍVEL O INFANTICÍDIO NA MODALIDADE CULPOSA?
NÃO,POIS HÁ AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Atenção
Aula 05- Aborto. Subtítulos

Aula 05
Introdução: - As espécies dolosas são aquelas previstas nos arts. 124°
(autoaborto ou aborto provocado com o consentimento da
- Aníbal Bruno preleciona:
gestante), 125° (aborto provocado por terceiro sem o
“Segundo se admite geralmente, provocar aborto é
consentimento da gestante) e 126° (aborto provocado por
interromper o processo fisiológico da gestação, com a
terceiro com o consentimento da gestante).
consequente morte do feto.
- Tem-se admitido muitas vezes o aborto ou como a expulsão
prematura do feto, ou como a interrupção do processo de
gestação. Mas nem um nem outro desses fatos bastará ART.124°;CP=
isoladamente para caracterizá-lo Provocar aborto em si mesma ou consentir
- o aborto é a interrupção voluntária da gravidez, com a que outrem lho provoque:
morte do produto da concepção. Pena - detenção, de um a três anos.
- Caso a própria gestante execute as manobras tendentes à
expulsão do feto, praticará o crime de autoaborto. Se for
um terceiro que o realiza, devemos observar se o seu - Crime dela;
comportamento se deu com ou sem o consentimento da - Crime da gestante/crime de mão própria ou de atuação
gestante, pois as penas são diferentes para cada uma pessoal;
dessas situações. - É crime de mão-própria e não crime próprio ou especial.
Classificação doutrinária: - Não admite coautoria, apenas participe.
- Não é possível se valer de terceiro pela prática do crime.
- Crime de mão própria, quando realizado pela própria
- Exceção a teoria monista/art.29°;CP.
gestante (autoaborto), sendo comum nas demais hipóteses
- Em virtude da pena mínima cominada (um ano de detenção),
quanto ao sujeito ativo; considera-se próprio quanto ao
é cabível a suspensão condicional do processo, observando-
sujeito passivo, pois somente o feto e a mulher grávida
se os demais requisitos do art. 89° da Lei 9.099/95.
podem figurar nessa condição; pode ser comissivo ou Para Bittencourt, trata-se de crime
-
omissivo (desde que a omissão seja imprópria); doloso; de
de mão própria , admitindo a participação de terceiros, mas
dano; material; instantâneo de efeitos permanentes (caso não a coautoria, respondendo o terceiro provocador nas
ocorra a morte do feto, consumando o aborto); não
penas do art. 126° do CP.
transeunte; monossubjetivo; plurissubsistente; de forma livre.
Vejamos sua lição: "Trata-se, nas duas modalidades, de crime
Espécies de aborto: de mão própria, isto é, que somente a gestante pode
- Podem ocorrer duas espécies de aborto, a saber: realizar. Mas, como qualquer crime de mão própria, admite a
a) natural ou espontâneo; participação, como atividade acessória, quando o partícipe se
b) provocado (dolosa ou culposamente). limita a instigar, i:J.duzir ou auxiliar a gestante tanto a
- Ocorre o chamado aborto natural ou espontâneo quando o praticar o autoaborto como a consentir que terceiro lho
próprio organismo materno se encarrega de expulsar o provoque. Contudo, se o terceiro for além dessa mera
produto da concepção. atividade acessória, intervindo na realização propriamente
- Para fins de aplicação da lei penal, não nos interessa o dos atos executórios, responderá não como coautor, que a
chamado aborto natural ou espontâneo, haja vista que o natureza do crime não permite, mas como autor do crime
próprio organismo, de acordo com um critério natural, se do art. 126°. O aborto só é punível a título de dolo,
encarrega de levar a efeito a seleção dos óvulos fecundados consistente na consciente vontade de interromper a
que terão chances de vingar. gravidez (ou consentir para tanto). NÉLSON Hungria admite
- Por outro lado, temos o aborto provocado, sendo esta também o dolo eventual, exemplificando com o caso da
provocação subdividida em: dolosa e culposa, também mulher que, sabendo-se grávida, tenta suicidar-se,
reconhecida como acidental. resultando o aborto.

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- Aborto majorado pelo resultado:
Continuação

Art. 125°;CP= Provocar aborto, Art. 127°;CP= As penas cominadas nos dois
sem o consentimento da artigos anteriores são aumentadas de um
gestante: terço, se, em consequência do aborto ou dos
Pena - reclusão, de três meios empregados para provocá-lo, a
a dez anos. gestante sofre lesão corporal de natureza
grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
- Essa modalidade de abono (abortamento sofrido) espelha a
forma mais grave do crime, verificando-se quando o abono é a) se, em consequência do aborto ou das manobras abortivas,
provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante a gestante sofre Lesão corporal
( dissenso real ou expresso). de natureza grave (art. 129, §§ 1° e 2°, do CP);
Em virtude da pena cominada, não são cabíveis os benefícios h) se, por qualquer dessas causas (aborto ou meios
da Lei 9.099/95. empregados), Lhe sobrevém a morte.
- Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo (crime comum),
admitindo-se o .concurso de agentes. Trata-se de crime de - Pela simples redação do artigo percebe-se que as
dupla subjetividade passiva, figurando como vítimas o produto causas de aumento somente se aplicam
da concepção (óvulo, embrião ou feto) e a gestante aos crimes definidos nos arts. 125 e 126 ("dois artigos
anteriores"). Mas por que não em relação ao art. 124?
- É imprescindível para responder pelos arts. 125° e 126°, que Porque o direito penal não pune a autolesão nem o ato
o agente pratique manobras abortivas(ATOS de matar-se.
EXECUTÓRIOS),do contrário será partícipe. - Trata-se de crime prterdoloso,ou seja, o resultado(lesão
grave ou morte) é atribuído ao agente de forma
culposa, portanto jamais o agente poderá desejar o
Art. 126°;CP= Provocar aborto com o resultado morte ou assumir o risco, se assim for
consentimento da gestante: responderá por dois crimes em concurso formal
Pena - reclusão, de um a quatro anos. impróprio.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do
artigo anterior, se a gestante não é maior
de quatorze anos, ou é alienada ou débil
- Aborto legal: excludente de ilicitude:
mental, ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência

Art. 128°;CP= Não se pune o aborto


- Art.126°( PU)= Responde pelas penas do artigo anterior praticado por médico:
guando.. Aborto necessário
▪ A vítima for menor de 14 anos, consentimento obtido mediante I - se não há outro meio de
fraude, grave ameaça ou violência. salvar a vida da gestante;
▪ Cabe suspensão condicional do processo. Aborto no caso de gravidez
▪ .Se durante a operação (porém antes da interrupção da resultante de estupro
gravidez) a gestante desistir do intento criminoso, responderá II - se a gravidez resulta de
por aborto não consentido o terceiro que insistir em provocá- estupro e o aborto é precedido de
lo. A gestante, em face do arrependimento ineficaz, consentimento da gestante ou, quando
responderá pelo art. 124° do incapaz, de seu representante legal.
CP, não se aplicando o disposto no art. 15° do CP, mas
circunstância atenuante do art. 66°.
▪ Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
embora não prevista expressamente em lei.

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Continuação - Aborto no caso de gravidez resultante de estupro:(A
exclusão do crime depende de três condições):
- O dispositivo prevê, no seu primeiro inciso, o aborto :1ecessário
(ou terapêutico), e, no segundo, o aborto sentimental (ou a) que o aborto seja praticado por médico: caso
humanitário ou ético), ambos espécies do aborto legal ou realizado por pessoa sem habilitação legal, haverá o
permitido. crime, não se ajustando qualquer causa legal (ou
- A razão da permissão está tratada na Exposição de Motivos extralegal) de justificação. Não existindo situação de
"Mantém o projeto a incriminação do aborto, mas declara perigo para a vida da gestante, diferente da indicação
penalmente lícito, quando praticado por médico. habilitado, o do inc. I, parece
aborto necessário, ou em ·caso de prenhes resultante de incabível estado de necessidade ou qualquer outra
estupro. Militam em favor da exceção razões de ordem social e descriminante. Quando praticado pela própria gestante
individual, a que o legislador penal não pode deixar de atender". (Autoaborto), a depender das circunstâncias, pode
- Para o primeiro caso (aborto necessário), indispensável o caracterizar hipótese de inexigibilidade de conduta
preenchimento de três condições: diversa (causa supralegal de exclusão da culpabilidade).
b) que a gravidez seja resultante de estupro: ames da
a) aborto praticado por médico: não é necessário que o médico Lei 12.015/2009 discutia-se se a permissão abrangia o
seja especialista na área de ginecologia-obstetrícia. Caso seja estupro com violência presumida (art. 224 CP),
necessária a realização do aborto por pessoa sem a entendendo a maioria que sim.
habilitação profissional do médico (parteira, farmacêutico etc.), c) prévio consentimento da gestante ou seu
apesar de o faro ser típico, estará o agente acobertado pela representante legal: de preferência, que esse
descriminante do estado de necessidade (art. 24), aplicando- consentimento seja o mais formal possível
se a mesma solução se a própria gestante pratica o aborto (acompanhado de boletim de ocorrência), inclusive
movida pelo espírito de salvar a própria vida; com testemunhas.
b) o perigo de vida da gestante: não basta o perigo para a
saúde;
Aborto eugênico/ eugenésio:
c) a impossibilidade do uso de outro meio para salvá-la.· não pode
o médico escolher o meio mais cômodo, pois se houver outra - Trata-se do aborto do anencéfalo (bebe que nasce sem
maneira, que não a interrupção da gravidez, para salvar a vida cérebro ou má formação dele.
da gestante, o agente responderá pelo crime. - Natureza jurídica: segundo o STF é excludente de
tipicidade.
- Entende a melhor doutrina que não há necessidade do - Aborto Honoris causa: aquele para ocultar desonra
consentimento da gestante para a realização do aborto. Basta própria-adultério.
que o profissional entenda ser indispensável fazê-lo.
Desnecessário, ainda, autorização judicial.
OBS.: não há crime(fato atípico)= aborto culposo; aborto
acidental e aborto espontâneo.

OBS: A prática o aborto em B; o bebe nasce com vida, mas


morre dois dias depois= continua respondendo por aborto.

OBS.: Caso o bebe nasça com vida e, ato contínuo, sufoque o


neonato-responde por homicídio consumado, e a tentativa de
aborto fica absorvida.

OBS: ANUNCIAR MÉTODOS ABORTIVOS, É CONTRAVENÇÃO


PENAL.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Atenção
Aula 06- Lesão corporal. Subtítulos

Aula 06

 Classificação doutrinária:  Objeto material e bem jurídico protegido:


- Crime comum quanto ao sujeito ativo, bem como, em regra, - Bens juridicamente protegidos, segundo o art. 129 do
quanto ao sujeito passivo, à exceção, neste último caso, das Código Penal, são a integridade corporal e a saúde do ser
hipóteses previstas no inciso IV do § 1º, no inciso V do § 2º, humano. Objeto material é a pessoa humana, mesmo que
bem como no § 9º todos do art. 129° do Código Penal; crime com vida intrauterina, sobre a qual recai a
material; de forma livre; comissivo; omissivo impróprio; conduta do agente no sentido de ofender-lhe a integridade
instantâneo (em algumas situações, a exemplo da perda de corporal ou a saúde.
membro, quando pode ser considerado como instantâneo de
efeitos permanentes); de dano; monossubjetivo;  Exame pericial:
plurissubsistente; não transeunte. Sendo um crime que deixa vestígios, há necessidade de ser
produzida prova pericial, comprovando-se a natureza das
 Sujeito ativo e sujeito passivo: lesões, isto é, se leve, grave ou gravíssima. O art. 168° do
- A lei penal não individualiza determinado sujeito ativo para o Código de Processo Penal determina expressamente:
crime de lesões corporais, razão pela qual qualquer pessoa
pode gozar desse status, não se exigindo nenhuma Art. 168°. Em caso de lesões corporais, se o primeiro
qualidade exame pericial tiver sido
especial. incompleto, proceder-se-á a exame complementar por
No que diz respeito ao sujeito passivo, à exceção do inciso determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício,
IV do § 1º e do inciso V do § 2º do ou a requerimento do Ministério Público, do
art. 129° do Código Penal, que preveem, respectivamente, ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
como resultado qualificador das lesões corporais a § 1º No exame complementar, os peritos terão presente o
aceleração de parto e o aborto, bem como do § 9º, que auto de corpo de delito, a
prevê também a modalidade qualificada relativa à violência fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
doméstica, qualquer pessoa pode assumir essa posição. § 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do
Nas exceções apontadas – aceleração de parto e delito no art. 129, § 1º, I, do
aborto –, somente a gestante pode ser considerada Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de
30 (trinta) dias, contado
sujeito passivo, bem como aquele que seja ascendente,
da data do crime.
descendente, irmão, cônjuge
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido,
pela prova testemunhal.
ou, ainda, quando se prevalece o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, sendo os
crimes, nesses
casos, entendidos como próprios com relação ao sujeito
passivo, pois os tipos penais os identificam.

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- Há doutrinadores, ainda, que, em casos de levíssimas
Continuação lesões corporais, aplicam a teoria da insignificância,
excluindo a tipicidade penal. PIERANGELI ensina: "O
Lesão corporal( art.129°;CP). princípio da insignificância ou da bagatela exclui o
- Analisando o caput do art. 129° e seus parágrafos, beliscão, a pequena arranhadura, a dor de cabeça
percebemos que o crime de lesão corporal pode ocorrer por passageira. Em tais situações, não existe ofensa a um
meio de seis modalidades diferentes, a saber: bem juridicamente tutelado, como assinala Heleno
a) lesão corporal leve – art. 129, caput, do CP; Fragoso." Nesse sentido: JUTACRIM 88/407.
b) lesão corporal grave – art. 129, § 1º, do CP;
c) lesão corporal gravíssima – art. 129, § 2º, do CP; Crime de menor potencial ofensivo:
d) lesão corporal seguida de morte – art. 129, § 3º, do CP;
e) lesão corporal culposa – art. 129, § 6º, do CP. - Atendendo ao disposto no inciso X do art. 24° da
Constituição Federal, foi editada a Lei nº 9.099, de 26
- Como bem alerta Nucci: de setembro de 1995, dispondo sobre os Juizados
"não se enquadra neste tipo penal qualquer ofensa moral. Especiais Cíveis e Criminais. O art. 61° da mencionada
Para a configuração do tipo é preciso que a vítima sofra lei, em sua redação original, definiu o conceito de
algum dano ao seu corpo, alterando-se interna ou infração penal de menor potencial ofensivo dizendo,
externamente, podendo, ainda, abranger qualquer verbis:
modificação prejudicial à sua saúde, transfigurando-se
qualquer função orgânica ou causando-lhe abalos psíquicos
comprometedores". Art. 61°/Lei n° 9.099/96=
. Consideram-se infrações penais de menor
Explica ANÍBAL BRUNO que: potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei,
"O bem jurídico protegido é a incolumidade da pessoa na sua as contravenções penais e os crimes a que a
realidade corporal-anímica, como fonte e suporte da vida e lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
de todas as implicações individuais e sociais que esta anos, cumulada ou não com multa.
comporta".
- Por sua vez, as infrações penais de menor potencial
 Lesão corporal leve- art.129; caput: ofensivo também darão origem a um processo penal.
Entretanto existe uma “vantagem” que é oferecida
aos investigados nesse tipo de situação. É a chamada
transação penal.
Art. 129°;CP=
Ofender a integridade corporal ou a - O animus laedendi ou animus nocendi é o elemento
saúde de outrem: subjetivo integrante do tipo legal do crime de lesão
Pena – detenção, de 3 (três) meses corporal. É a consciência do fato de que sua conduta
a 1 (um) ano. poderá produzir a lesão à integridade ou o dano à
saúde do outro ser humano, e a vontade livre de
realizá-la com o fim de produzir esse resultado.
(TELES, 2006, p. 5).
- O conceito de lesão leve é formulado por exclusão, isto é, não
chegando a nenhum dos resultados previstos nos§§ 1°, 2° e 3°
(lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte,
respectivamente), configura-se o tipo básico trazido pelo Significado de animus laedendi:
caput.(Rogério Sanches).
- mal infligido à inteireza anatômica da pessoa. "Intenção de prejudicar/lesionar".

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Continuação

Transação penal:

- Por sua vez, as infrações penais de menor potencial ofensivo


também darão origem a um processo penal. Entretanto existe
uma “vantagem” que é oferecida aos investigados nesse tipo
de situação. É a chamada transação penal.
- Transação penal é um “acordo” oferecido pelo Autor da ação
penal (via de regra o Ministério Público) à(s) pessoa(s) que
será(ão) investigada(s) naquele processo.
- O “acordo” funciona da seguinte maneira: a pessoa acusada
Art. 24°;CPP=
aceita cumprir uma pena restritiva de direito ou pagar uma . Nos crimes de ação pública, esta será
multa e, “em troca”, não será submetida à ação penal (art. 76
promovida por denúncia do Ministério
da Lei n° 9.099/95). Público, mas dependerá, quando a lei o
exigir, de requisição do Ministro da
Justiça, ou de representação do ofendido
ou de quem tiver qualidade para
Art. 76°; Lei. n°9.099/95= .
representá-lo.
Havendo representação ou tratando-se
de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público - Chamamos a primeira de Ação Penal Pública
poderá propor a aplicação imediata de Incondicionada (PPI) e a segunda de Ação Penal
pena restritiva de direitos ou multas, a Pública Condicionada (PPC).
ser especificada na proposta.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério § 1° Lesão corporal grave:
Público aceita pelo autor da infração, o
Juiz aplicará a pena restritiva de direitos
ou multa, que não importará em
reincidência, sendo registrada apenas
Lesão corporal de natureza grave:
para impedir novamente o mesmo § 1º Se resulta:
benefício no prazo de cinco anos. I - Incapacidade para as ocupações
habituais, por mais de trinta dias;
- Obs. Isso quer dizer que a pessoa concorda em ser II - perigo de vida;
considerada culpada? NÃO!!!! III - debilidade permanente de membro,
Diferentemente do que muitas pessoas acham aceitar a transação sentido ou função;
penal não significa que a pessoa investigada reconhece sua culpa. IV - aceleração de parto:
Na verdade, é um “acordo”, vantajoso à ambas as partes. Para o Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Autor da ação a vantagem consiste na eliminação rápida de um
processo. Parece um pouco “sincero demais” dizer isso, mas a - Ação penal pública incondicionada.
realidade é que no sistema brasileiro a grande maioria das ações - Deixa de ser crime de menor potencial ofensivo,
penais é de autoria do Ministério Público, que tem uma quantidade entretanto cabe SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
infindável de processos sob sua responsabilidade. Assim sendo, para PROCESSO(art. 89° Lei n° 9009/95).
a instituição, mostra-se muito mais útil solucionar um caso simples de
maneira rápida e eficiente do que deixar o processo se arrastar por
anos.
- Ação penal pública condicionada e
incondicionada:

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- Nesse sentido, trazemos à colação as lições de Álvaro
Continuação Mayrink da Costa:
Suspensão condicional do processo “A lei brasileira fala em ocupações habituais, o que significa
x que não se limita ao trabalho da vítima, mas a toda atividade
Suspensão condicional da pena laborativa, não entendida só a atividade de natureza
lucrativa, pois o conceito é funcional e não econômico.
- Suspensão condicional da pena: Entenda-se como atividade corporal, física ou intelectual,
O Sursis ou Suspensão Condicional da Pena consiste na suspensão razão pela qual pode ser sujeito passivo tanto o ancião,
da execução da pena por um período determinado, desde que o como a criança ou o adolescente incapacitado de continuar
sujeito se disponha a cumprir determinados requisitos. Se o sua preparação profissional. Outrossim, é necessário que a
condenado cumprir as condições impostas pelo período de tempo atividade não seja juridicamente ilícita, podendo ser
pré-determinado restará extinta a pena. eticamente desvalorada (a prostituta que teve seu braço
Art.77°;CP= fraturado pode ser sujeito passivo do tipo agravado).”
A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 - Para que se possa configurar a qualificadora, há
(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, necessidade de realização do exame de corpo
desde que: de delito. Quando a vítima se submete a exame
pericial, devem os expertus concluir por um
- Suspensão condicional do processo: determinado diagnóstico, não podendo, conforme
A suspensão condicional do processo é uma forma de solução dissertamos em tópico próprio, realizar um
alternativa para problemas penais, que busca evitar o início do prognóstico antevendo aquilo que com ela acontecerá
processo em crimes cuja pena mínima não ultrapassa 1 ano. no futuro
Art.89°; Lei n° 9099/95=95,7789 - Assim, para que os peritos possam atestar que as
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior lesões corporais sofridas pela vítima a incapacitaram
a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao para suas ocupações habituais por mais de 30 (trinta)
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, dias, deverão determinar o seu retorno, para fins de
por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo submissão a um novo exame pericial, decorrido o
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, período de 30 (trinta) dias, a fim de que seja levado a
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão efeito o chamado exame complementar, sem o qual
condicional da pena. se torna inviável a aplicação da mencionada
qualificadora ao delito de lesão corporal.(Rogério
Greco).
 Hipóteses: -
- Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta)
dias: Art. 168°;CPP=
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a
- Ab initio, merece ser destacado que o resultado que conduz à classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do
qualificação das lesões corporais Código Penal, deverá ser feito logo que decorra
pretendidas inicialmente pelo agente pode ter sido produzido a o prazo de 30 (trinta) dias, contado da
título de dolo, ou mesmo culposamente. Essa modalidade de crime data do crime.
qualificado pelo resultado permite as duas formas de raciocínio.
Quando a lei penal utiliza a expressão incapacidade para as
ocupações habituais, que tipo de ocupação está abrangida pelo II- Perigo de vida:
mencionado inciso? Estaria a lei penal se referindo às ocupações - para que o perigo de vida qualifique o
ligadas diretamente ao trabalho da vítima, ou aqui também se crime de lesões corporais, esse resultado não
incluiriam quaisquer atividades, mesmo as de lazer? pode ter sido querido pelo agente, isto é, não
Na verdade, o Código Penal não faz distinção. Qualquer ocupação pode ter agido com dolo de causar perigo à vítima
de natureza habitual está abrangida pelo inciso I. Assim, aquele contra a qual eram praticadas as lesões
que fica impedido de trabalhar por um período superior a corporais.
30 (trinta) dias se amolda à modalidade qualificada de lesão
corporal, da mesma forma que aquele que deixa de praticar suas
atividades esportivas. ( Rogério Greco).

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- Dessa forma, somente se pode classificar o
Continuação comportamento praticado pelo agente como lesão
corporal qualificada mediante aceleração de parto se o seu
dolo era tão somente o de produzir lesão em uma mulher que
- Trata-se, portanto, de qualificadora de natureza culposa, sabidamente se encontrava grávida e que, dada sua particular
sendo as lesões corporais qualificadas pelo perigo de vida um condição de gestante, veio dar à luz prematuramente ao feto,
crime eminentemente preterdoloso, ou seja, havendo dolo no antecipando o parto.
que diz respeito ao cometimento das lesões corporais e - Merece destaque tal raciocínio porque o dolo do agente
culpa quanto ao resultado agravador. era o de ofender a integridade corporal da gestante,
- Se o agente, quando agredia a vítima, atuava com dolo no sendo que daí adveio um resultado agravador, que lhe
sentido de causar-lhe perigo de vida, na verdade agia com o era perfeitamente previsível
dolo do delito de homicídio, razão pela qual, sobrevivendo
a vítima, deverá responder por tentativa de homicídio, e não
por lesão corporal qualificada pelo perigo de vida. § 2° lesão gravíssima:
Aqui, também, vale o alerta levado a efeito na qualificadora
anterior de que os peritos não podem realizar prognósticos,
mas, sim, diagnósticos. Devem afirmar que, no momento em
que avaliaram a vítima, em virtude da natureza e sede das
lesões, por exemplo, estas lhe trouxeram perigo de § 2° Se resulta:
vida.(Rogério Greco). I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III- Debilidade permanente de membro, sentido ou função: III perda ou inutilização do membro, sentido ou
- A qualificadora da debilidade permanente de membro, sentido função;
ou função permite que tal resultado possa ser atribuído ao IV - deformidade permanente;
agente a título de dolo, direto ou eventual, ou mesmo V - aborto:
culposamente, desde que tal resultado tenha sido previsível, Pena - reclusão, de dois a oito anos.
em atenção ao art. 19° do diploma repressivo.
- A debilidade, no sentido empregado pela lei penal, significa
enfraquecimento ou redução da capacidade funcional.(Rogerio - Não cabe SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
Greco). PROCESSO. (pena mínima, maior que 1 ano).
- AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
- Nesse sentido, Luiz Regis Prado afirma: - O CP NÃO DIFERENCIA LESÃO CORPORAL GRAVE E
GRAVÍSSIMA SOMENTE DOUTRINA E
“Exige-se que a debilidade seja permanente, o que não implica JURISPRUDÊNCIA.
perpetuidade. A debilidade permanente é, portanto, a
redução duradoura da plena capacidade de um membro,
sentido ou função.
 Hipóteses:
I- Incapacidade permanente para o trabalho:
IV- Aceleração de parto: Esse resultado qualificador pode ter sido produzido
- Embora a lei penal se valha da expressão aceleração de dolosa ou culposamente. Admite-se tanto o dolo direto
parto para qualificar a lesão corporal, teria sido melhor a quanto o eventual; na modalidade culposa, como já
utilização da expressão antecipação de parto, uma vez que temos alertado nos estudos
somente se pode acelerar aquilo que já teve início. anteriores, faz-se mister seja o resultado previsível
- Se o agente atuava no sentido de interromper a gravidez para o agente.
com a consequente expulsão do feto, o seu dolo era o de
aborto, e não o de lesão corporal qualificada pela aceleração
de parto. Se o feto sobrevive, mesmo após o
comportamento do agente dirigido finalisticamente à
interrupção da gravidez, com a sua consequente expulsão,
deverá ser responsabilizado pela tentativa de aborto.

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Síntese da decisão:
Para a 5ª Turma do STJ, trata-se de lesão corporal grave a
Continuação transmissão consciente da síndrome da imunodeficiência
adquirida (vírus HIV).
- Damásio de Jesus, corroborando as lições de Hungria,
afirma:
A decisão foi unânime, acompanhando o voto da Min. Laurita
“Devemos considerar o trabalho genérico. Suponha-se que um Vaz, de acordo com quem a AIDS enquadra-se perfeitamente
violinista, em consequência de lesão corporal, fique incapacitado no conceito de doença incurável, como previsto no
permanentemente para o trabalho. Responde o autor da lesão artigo 129°, § 2º, II, do CP. Não havendo, assim, que se cogitar
corporal pela qualificadora da incapacidade permanente para o de tipificar a conduta como sendo crime de perigo de contágio
trabalho? Cremos que não, uma vez que, embora não possa venéreo (art. 130°, CP) ou perigo de contágio de moléstia
exercer a profissão de violinista, pode exercer outro trabalho. grave (art. 131°, CP).
Assim, só funciona a qualificadora quando o ofendido, em face de
ter sofrido lesão corporal, ficar permanentemente incapacitado III- Perda ou inutilização de membro, sentido ou função:
para qualquer espécie de trabalho. - O que não se admite, como frisamos, é a
- Se a vítima exercia uma atividade intelectual e, em razão responsabilização puramente objetiva, sem que, ao
das lesões sofridas, não mais poderá trabalhar em menos, tenha o agente incorrido em culpa, conforme
atividades dessa natureza, entendemos ser cabível a determinação contida no art. 19 do diploma
qualificadora. Mesmo que só pudesse, agora, depois das penal.(Rogério Greco).
lesões sofridas, exercer atividades braçais, ainda assim
deveríamos - Perda, como destaca Guilherme de Souza Nucci:
entender pelas lesões qualificadas.
- A incapacidade deve ser permanente, isto é, duradoura, “Implica em destruição ou privação de algum membro
mas não necessariamente perpétua. É possível que a vítima, (ex.: corte de um braço), sentido (ex.: aniquilamento dos
algum tempo depois de sofrida a lesão, volte a se capacitar olhos) ou função (ex.: ablação da bolsa escrotal,
normalmente para o trabalho.(Rogerio Greco). impedindo a função reprodutora); inutilização quer dizer
falta de utilidade, ainda que fisicamente esteja presente
II- Enfermidade incurável: o membro ou o órgão humano. Assim, inutilizar um
Cezar Roberto Bitencourt esclarece que enfermidade: membro seria a perda de movimento da mão ou a
impotência para o coito, embora sem remoção do órgão
“É um processo patológico em curso. Enfermidade incurável sexual. Comparativamente à lesão grave que importe em
é a doença cuja curabilidade não é conseguida no atual debilidade, mais do que o simples enfraquecimento, a
estágio da Medicina, pressupondo um processo patológico qualificadora em exame exige a perda, isto é, a ablação
que afeta a saúde em geral. A incurabilidade deve ser de qualquer membro, superior ou inferior, ou mesmo
conformada com dados da ciência atual, com um juízo de sua completa inutilização.
probabilidade.
IV- Deformidade permanente:
Problema que hoje envolve muita discussão diz respeito à - Deformar significa, aqui, modificar esteticamente a
transmissão do vírus HIV. Imagine-se a hipótese em que o forma anteriormente existente. Grande parte de
agente, querendo, efetivamente, transmitir o vírus HIV à nossos doutrinadores entende que, para que se possa
vítima, nela aplique uma injeção contendo sangue aplicar a qualificadora em estudo, há necessidade de que
contaminado. Pergunta-se: Qual seria o delito imputado ao a deformidade seja aparente, causando
agente uma vez que, embora contaminada, a vítima ainda se constrangimento à vítima perante a sociedade.( Rogério
encontra viva? Poderíamos raciocinar em termos de lesão Greco).
corporal qualificada pela enfermidade incurável? - Além do mais, a lei penal não exige que o dano seja
Entendemos que não. Mais do que uma enfermidade visível, isto é, que esteja ao alcance de todos. Pode, em
incurável, a AIDS é considerada uma doença mortal, cuja muitas situações, ser visto tão somente por um número
cura ainda não foi anunciada expressamente.(Rogério Greco) limitado de pessoas, a exemplo dos danos ocorridos em
partes do corpo da vítima que somente serão
percebidos pelo seu marido.

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- Não é julgado pelo tribunal do júri.
Continuação - Somente responde por lesão corporal seguida de morte se
o agente não deseja o resultado nem assume o risco de
Não se deve entender a permanência no sentido de
-
produzir- lo
perpetuidade, ou seja, sem possibilidade de retorno à
capacidade original. A melhor ilação do inciso em estudo é § 6° lesão corporal culposa:
aquela que entende a permanência num sentido duradouro, - Isso significa que se a vítima, em virtude das lesões
mesmo que reversível, por exemplo, com o recurso à cirurgia corporais sofridas, ficou paralítica, uma vez concluído que o
plástica, pois, conforme corretamente afirmam Calderón fato se subsume ao delito de lesão corporal culposa, tal
Cerezo e Choclán Montalvo, a “enfermidade é apreciável resultado terá repercussão quando da aplicação da pena,
penalmente ainda que sua correção posterior seja possível não modificando, contudo, a natureza do delito. O que se
mediante exige, na verdade, para a caracterização do § 6º do art.
tratamento cirúrgico". 129 do Código Penal é que
estejam presentes todos os requisitos necessários à
V- Aborto: configuração do delito culposo, devendo o
- Tal como a hipótese de aceleração de parto, para que o aborto julgador realizar um trabalho de adequação à figura típica,
qualifique as lesões corporais sofridas pela vítima, tal resultado haja vista tratar-se de tipo penal
não poderá ter sido querido, direta ou eventualmente, pelo aberto.(Rogerio Greco).
agente, sendo, portanto, um resultado qualificador que Caso as lesões corporais de natureza culposa tenham sido
somente poderá ser atribuído a título de culpa. produzidas pelo agente que se encontrava na direção de
- Trata-se, outrossim, de crime preterdoloso. A conduta deve seu veículo automotor, em virtude do princípio da
ter sido dirigida finalisticamente a produzir lesões corporais na especialidade, terá aplicação o art. 303 do Código de
vítima, cuja gravidez era conhecida pelo agente. Contudo, o Trânsito Brasileiro, que diz:
resultado aborto não estava abrangido pelo seu dolo, direto ou
eventual, sendo-lhe, entretanto, previsível. Art. 303°;CTB=
- Caso o agente tenha atuado com dolo de produzir a expulsão Praticar lesão corporal culposa na direção
do feto, seja esse dolo direto ou eventual, o fato será de veículo automotor:
classificado como delito de aborto (art. 125 do CP). Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para
§ 3° lesão corporal seguida de morte: dirigir veículo automotor.

Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
§ 3°;= de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
risco de produzi-lo: Substituição da pena
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil
réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
- Cuida-se, no caso, de crime eminentemente preterdoloso. A anterior;
conduta do agente deve ter sido II - se as lesões são recíprocas.
finalisticamente dirigida à produção das lesões corporais, tendo o Aumento de pena
resultado morte sido produzido a título de culpa. § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se
- A redação da lei penal é clara no sentido de que o agente, para ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121
que seja responsabilizado pelo delito de lesão corporal seguida deste Código.
de morte, não pode ter querido o resultado, agindo, portanto, § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
com dolo direto ou mesmo assumindo o risco de produzi-lo, atuando 121.
com dolo eventual.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Atenção
Aula 07- Perigo de contágio de moléstia venérea ,art.130°;CP. Subtítulos

Aula 07
Bem jurídico protegido:
- Bem juridicamente protegido pelo tipo é a vida e a
Art. 130°;CP= saúde, conforme nos informa o Capítulo III do Título I
Expor alguém, por meio de relações sexuais do Código Penal, onde está inserido o art. 130°;CP.
ou qualquer ato libidinoso, a - O art. 130 do Código Penal exige, para a configuração
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou do delito de perigo de contágio venéreo, que o agente,
deve saber que está contaminado: no momento do contato sexual, saiba – ou pelo menos
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) deva saber – que está contaminado.
ano, ou multa.

Suspensão condicional do processo:


Introdução: - Cabe transação pena, salvo quando há a intenção de
- “O texto legal fala, genericamente, em moléstia venérea, transmitir a moléstia, em que se torna forma
sem qualquer outra definição ou limitação. Ante a omissão do qualificada e a pena será reclusão de 1 a 4 anos
texto legal, a definição de moléstia venérea compete à cabendo apenas transação condicional do processo,
medicina". pois a pena mínima não passa de 1 ano.
- A AIDS, que não é moléstia venérea e que não se transmite - Como regra, a modalidade fundamental de perigo de
somente por atos sexuais, poderá tipificar o crime do art. contágio venéreo se amolda ao conceito de infração
131, lesão corporal seguida de penal de menor potencial ofensivo, sendo-lhe
morte ou até mesmo homicídio, dependendo da intenção do aplicados todos os institutos previstos pela Lei nº
agente, mas nunca o crime de perigo de contágio venéreo. 9.099/95, a exemplo da suspensão condicional do
- crime de perigo, pois não exige o dano ao bem juridicamente processo.
tutelado, que ocorreria com a efetiva transmissão da - A ação penal, em ambas as modalidades – simples e
moléstia venérea. Assim, basta que a vítima tenha sido
exposta ao perigo de contágio, mediante a prática de qualificada –, é de iniciativa pública
relações sexuais ou qualquer ato de libidinagem, de moléstia condicionada à representação do ofendido, ou seja,
venérea de que o agente sabia, ou pelo menos devia saber daquele que foi efetivamente exposto à situação de
estar contaminado.(Rogerio Greco). perigo, conforme se dessume do § 2º do art. 130 do
diploma repressivo.
- O art. 130° do Código Penal determina os meios em
Classificação doutrinária: virtude dos quais poderá ser praticado o
comportamento que se traduza em perigo de
- Crime próprio quanto ao sujeito ativo (uma vez que somente contágio de moléstia venérea, a saber: relações
a pessoa contaminada é que poderá praticá-lo), sendo sexuais ou qualquer ato libidinoso.(necessidade de
comum quanto ao sujeito passivo (pois qualquer pessoa pode contato pessoal).
figurar como vítima deste crime); - na forma simples (caput) não a necessidade do
- Crime de forma vinculada (pois a lei penal exige, para fins de agente ter a intenção de transmitir a doença.
reconhecimento de sua configuração, a prática de relações
sexuais ou atos libidinosos.
- Crime de perigo abstrato ou presumido.
- condicionado à representação.(Rogerio Greco).

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Continuação

Ney Moura Teles, a seu turno, complementa o raciocínio


dizendo:

“Se do contágio resultarem apenas lesões corporais leves,


prevalece o crime do art. 130. Se resultarem lesões corporais
graves ou gravíssimas, responderá o agente pelo crime do art.
129, § 1º ou § 2º. Se resultar morte, responderá por lesão
corporal seguida de morte".

Modalidade qualificada:

§ 1º - Se é intenção do agente
transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a
quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede
mediante representação.

- Como se percebe pela redação do mencionado parágrafo, o


agente atua com dolo de dano, ou seja, o dolo de,
efetivamente, transmitir a moléstia de que é portador,
produzindo, dessa forma, lesão à integridade corporal ou à
saúde da vítima
- Merece ser ressaltado que, na hipótese em estudo, o que se
exige à configuração da qualificadora é tão somente o dolo do
agente em transmitir a doença, e não a efetiva transmissão.
Assim, o agente deverá responder pelo delito em sua
modalidade qualificada se tiver, por exemplo, mantido relação
sexual com a vítima, com a intenção de transmitir-lhe a
moléstia venérea, mesmo que essa não venha a se
contaminar.
Se a vítima se contamina, poderemos raciocinar com esse
resultado de duas formas distintas: ou entendendo-o como
mero exaurimento da figura típica qualificada do art. 130 do
Código Penal, ou desclassificando-o para o delito de lesões
corporais, conforme veremos quando da discussão das
questões que se seguirão.(Rogerio Greco).

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Art./Súmulas
Observações
Continuação
Títulos
Atenção
Aula 07- Perigo de contágio de moléstia grave. Subtítulos

Aula 07
Classificação doutrinária:
- Crime próprio ou especial quanto ao sujeito ativo (pois
Art. 131°= somente aquele que está contaminado por uma
Praticar, com o fim de transmitir a moléstia grave pode praticá-lo).
outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir - Comum quanto ao sujeito passivo.
- Formal (uma vez que o tipo penal não exige a efetiva
o contágio:
contaminação, mas, sim, a conduta dirigida
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 finalissimamente a transmitir a moléstia grave) =
(quatro) anos, e multa. Rogerio Greco.
- Crime de perigo concreto ou efetivo = Bruno Mello.

Introdução: Bem jurídico protegido:


- Apesar de sua localização no capítulo correspondente aos - Bem juridicamente protegido pelo tipo penal é a
crimes de perigo (da periclitação da vida e da saúde), o art. 131 integridade corporal ou a saúde da vítima.
do Código Penal, da mesma forma que o § 1º do art. 130 do
mesmo diploma repressivo, narra um delito de dano. - Cezar Roberto Bitencourt quando afirma:
- Na verdade, a conduta do agente é dirigida finalisticamente à
produção de um dano, qual seja,a transmissão de moléstia grave “Não nos parece que a ‘vida’ também integre o bem
de que está contaminado. Contudo, como veremos em tópico jurídico protegido pelo art. 131°, como alguns autores
próprio, a lei penal se satisfaz simplesmente com a chegam a sustentar. Tanto é verdade que,
exteriorização do comportamento dirigido a esse fim, se sobrevier a morte da vítima, eventual punição por
independentemente da efetiva produção desse resultado. esse dano deslocará a tipificação da conduta para
Levando-se a efeito uma análise do tipo, podemos concluir que o outro dispositivo que poderá ser o 121° ou 129°, § 3º,
legislador se satisfaz com a prática do comportamento numa clara demonstração de que a vida não está
destinado à transmissão de moléstia grave, mesmo que esta protegida por este artigo legal, pelo menos
não ocorra efetivamente, tratando-se, pois, de crime de imediatamente.”
natureza formal. Ao contrário do que determina o art. 130° do
Código Penal, que somente se configura se houver a prática de Pena e suspensão do processo:
atos de natureza sexual, o delito do art. 131° pode ser
considerado como de forma livre, podendo o agente praticar - A pena cominada no preceito secundário do art. 131
atos de qualquer natureza que possuam eficácia para a do Código Penal é de reclusão, de 1 (um)
transmissão da moléstia de que está contaminado. a 4 (quatro) anos, e multa.
- Dessa forma, pode o agente valer-se de meios diretos ou - Em virtude da pena mínima cominada, torna-se
indiretos à consecução da transmissão da moléstia grave. Meios perfeitamente admissível a suspensão
diretos dizem respeito àqueles em que houver um contato condicional do processo, presentes os requisitos
pessoal do agente, a exemplo do aperto de mão, beijo, abraço exigidos pelo art. 89 da Lei nº 9.099/95.
etc. Indiretos são aqueles que decorrem da utilização de A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.
quaisquer instrumentos capazes de transmitir a moléstia grave,
a exemplo de seringas, bebidas etc.( Rogerio Greco).

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Continuação

Consumação e tentativa:
- Consuma-se o delito com a prática dos atos destinados à
transmissão da moléstia grave, independentemente do fato de
ter sido a vítima contaminada ou não. Sendo um crime de
natureza formal, o legislador se contenta com a prática da
conduta núcleo do tipo, ou seja, a prática dos atos tendentes à
transmissão da moléstia grave que, se efetivamente vier a
ocorrer, será considerada mero exaurimento do crime, sendo de
observância obrigatória no momento da aplicação da pena-base,
quando da análise das circunstâncias judiciais, especificamente no
que diz respeito às consequências do crime. Admite-se a
tentativa, uma vez que podemos fracionar o iter criminis,
tratando-se, portanto, de um delito plurissubsistente.

Observações:
- Consumação ocorre com a pratica do ato capaz de transmitir a
moléstia.
- É imprescindível a intenção de transmitir, do contrário é fato
atípico.
- Praticar o ato= dolo genérico.
- Crime de forma livre( a depender da doença).
- Ação penal publica incondicionada(pois não falou nada).
- Admite tentativa.
- MP tem que provar.
- O ato praticado se for absolutamente incapaz de transmitir a
doença será crime impossível. Em ambos os delitos se a vitima já
possui a doença também será crime ímpossível, porém não por
ineficácia absoluta, mas sim por absoluta impropriedade do
objeto.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Aula 07 -Abandono de incapaz,art.133°;CP. Atenção
Subtítulos

Aula 07
Art. 133°; CP= Classificação doutrinária:
Abandonar pessoa que está sob seu
cuidado, guarda, vigilância ou - Crime próprio (pois o tipo penal aponta quem pode ser
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz considerado como sujeito ativo, bem
de defender-se dos riscos resultantes como aqueles que poderão figurar como sujeito passivo);
do abandono: = bipróprio.
De perigo concreto (não basta demonstrar o ato de
Introdução: abandono, mas sim que esse comportamento trouxe
perigo para a vida ou saúde da vítima)
- O delito de abandono de incapaz encontra-se no rol das - Doloso;
infrações penais de perigo, previstas - De forma livre;
no Capítulo III do Título I do Código Penal. - Comissivo ou omissivo impróprio;
- Não é crime de menor potencial ofensivo.
- Considerando esse fato, a primeira conclusão a que devemos
chegar, quando do estudo do mencionado delito, é de que o Bem jurídico protegido:
agente, com a conduta de abandonar, não poderá ter por - O delito de abandono de incapaz tem por finalidade
finalidade causar a morte ou mesmo lesão corporal na vítima, proteger a vida e a saúde daquela pessoa que se
pois seu dolo, necessariamente, deverá ser o dolo de perigo, encontra sob os cuidados, guarda, vigilância ou
e não o dolo de dano. autoridade de outrem.
- Assim, se o abandono, por exemplo, é dirigido finalisticamente
a causar a morte da vítima, o - Nesse sentido:
agente, gozando do status de garantidor, deverá responder ainda acrescenta Noronha: “Objetividade jurídica,
pelo homicídio, consumado ou portanto, é o interesse relativo à segurança do indivíduo
tentado. que, por si, não se pode defender ou proteger,
- Em segundo lugar, temos de interpretar o art. 133° do preservando sua incolumidade física”.
Código Penal de modo que se possa visualizar o
comportamento do agente como um produtor concreto da Consumação e tentativa:
situação de perigo, ou seja, não se poderá presumir que o - Consuma-se o delito de abandono de incapaz no instante
abandono, por si, já se configura na infração penal em em que o abandono produz efetiva
estudo, mas, sim, que o ato de abandonar, nas condições em situação de perigo concreto para a vítima.
que foi levado a efeito, trouxe, efetivamente, perigo para a Isso significa que o perigo deve ser demonstrado caso a
vida ou saúde da vítima caso. Por outro lado, a prática da conduta prevista no
- Assim, o abandono de incapaz deverá ser entendido como
núcleo do tipo, ou seja, o ato de abandonar,
um delito de perigo concreto, a ser demonstrado caso a quando não se configura na hipótese de consumação,
caso, sob pena de conduzir à atipicidade do poderá dar ensejo à responsabilização penal do agente a
fato. título de tentativa.
- Dessa forma, podemos destacar os seguintes elementos
- Nosso raciocínio inicial, contudo, já pressupõe que tenha
constantes da redação típica: a) o ato de abandonar; b)
havido o efetivo ato de abandonar,
pessoa que está sob o cuidado, guarda, vigilância ou
sendo que esse comportamento, naquele momento,
autoridade do agente; c) incapaz de defender-se dos riscos ainda não criava uma situação de perigo
resultantes do abandono.(Rogerio Greco).
concreto para a vítima. (Rogerio Greco).

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I- A primeira das causas de aumento de pena diz
Continuação respeito ao fato de o abandono ter sido levado
a efeito em lugar ermo. Por lugar ermo tem-se
entendido aquele por onde passam poucas
Modalidades comissiva e omissiva: pessoas, normalmente abandonado, deserto, tendo o
- Nesse sentido, esclarece Fragoso: abandono, realizado nessas condições, maior
“A ação envolverá, todavia, em regra, um deslocamento no probabilidade de resultar em dano para a vida ou
espaço, podendo o crime ser praticado por ação (levar a saúde da vítima.
vítima a determinado lugar e dela afastar-se) ou por II- A segunda causa especial de aumento de pena diz
omissão (deixar a vítima no lugar onde se encontra)". respeito ao fato de o agente ser ascendente
ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da
Modalidades qualificada: vítima. Essa especial relação entre eles faz
com que o abandono seja mais reprovável, isto é,
requeira maior juízo de censura.
§ 1º= Se do abandono resulta lesão III- A última causa especial de aumento de pena foi
corporal de natureza grave: inserida no § 3º do art. 133° do Código Penal
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) por meio da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
anos. que dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Vale
§ 2º= Se resulta morte: ressaltar que, à primeira vista, não há qualquer
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 incompatibilidade em serem conjugadas mais de
(doze) anos. uma causa de aumento de pena, como pode
acontecer na hipótese em que a vítima seja
ascendente do agente, além de contar com mais de
60 (sessenta) anos.
- Faz-se mister ressalvar que, para fins de aplicação dos
mencionados parágrafos, que, como dissemos, preveem
delitos de natureza preterdolosa, é fundamental que os Pena e suspensão condicional do processo:
resultados narrados tenham sido previstos ou, ao menos,
sejam previsíveis para o agente, pois, caso contrário, por - Em sua modalidade fundamental, o art. 133° do Código
eles não poderá ser responsabilizado criminalmente, conforme Penal prevê uma pena de detenção, de 6 (seis) meses
a regra contida no art. 19° do Código Penal.(Rogerio Greco). a 3 (três) anos; se do abandono resultar lesão
corporal de natureza grave, a pena será de reclusão,
de 1 (um) a 5 (cinco) anos; e se resultar a morte, será
Causa de aumento de pena: de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. A ação
penal, em todas as modalidades do delito de abandono
de incapaz, vale dizer, simples ou qualificadas, é de
iniciativa pública incondicionada. Na sua modalidade
I – se o abandono ocorre em lugar ermo; fundamental, bem como na forma qualificada pela
II – se o agente é ascendente ou lesão corporal de natureza grave, será possível a
descendente, cônjuge, irmão, tutor ou proposta de suspensão condicional do processo,
curador da exceto, nessa última hipótese, se houver a aplicação
vítima; da majorante prevista no § 3º do art. 133° do Código
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) Penal.
- Abandono de incapaz não admite perdão judicial.
anos.

- Inicialmente, deve ser frisado que as causas de aumento de


pena apontadas são aplicadas a todas as modalidades de
abandono de incapaz, vale dizer, para os delitos tipificados no
caput e §§ 1º e 2º do art. 133 do Código Penal.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Atenção
Aula 07- abandono de recém nascido para ocultar. Subtítulos

Aula 07
Bem jurídico protegido:
- Os bens juridicamente protegidos pelo art. 134° do
Art. 134°= Código Penal são a vida e a saúde do recém-nascido,
Expor ou abandonar recém-nascido, haja vista que o mencionado delito se encontra
para ocultar desonra própria: previsto no capítulo correspondente à periclitação da
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a vida e da saúde. Busca-se, portanto, mediante
2 (dois) anos. proteção penal, resguardar a vida e a saúde do
recém-nascido exposto ou abandonado. Objeto material
é o recém-nascido, sobre o qual recai o abandono.
Introdução: Modalidades comissiva e omissiva:
- O art. 134° do Código Penal, ao definir o crime de exposição - O delito de exposição ou abandono de recém-nascido
ou abandono de recém-nascido, cria, na verdade, uma pode ser praticado comissiva ou omissivamente. Assim,
modalidade especial de abandono de incapaz, uma vez que, a mãe, ao parir o seu filho, pode deixá-lo no lugar onde
não se pode negar, o recém-nascido goza do status de ocorreu o parto oculto, bem como pode levá-lo a outro
incapaz exigido pelo art. 133° do mesmo estatuto lugar, a fim de abandoná-lo para ocultar desonra
repressivo. própria.
- Assim, o art. 134° do Código Penal pune aquele que expõe
ou abandona recém-nascido para ocultar desonra própria. Modalidades qualificadas:
Podemos destacar, por meio da redação típica, os
seguintes elementos: a) a situação de exposição ou
abandono; b) a condição de recém-nascido; c) o especial fim
de agir com que atua a
agente, que procura, com o seu comportamento, ocultar
desonra própria. § 1º Se do fato resulta lesão corporal de
- Não se pode conceber como recém-nascido aquele que, natureza grave:
com alguns meses de vida, é abandonado Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
pela mãe, que tinha por finalidade ocultar desonra § 2º Se resulta a morte:
própria.(Rogerio Greco).
Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Classificação doutrinária:
- Crime próprio no que diz respeito ao sujeito ativo e ao - Esse fato se deve ao especial fim de agir com que
sujeito passivo; de perigo concreto; atua a mãe, ou seja, sua especial motivação, que é a
- doloso; de ocultar desonra própria.
- de forma livre;
- comissivo ou omissivo impróprio;
- instantâneo; monossubjetivo; plurissubsistente;
- verifica a lesão corporal de natureza grave ou a morte do
recém-nascido).
- Crime de menor potencial ofensivo/ Lei n° 9099/95.

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Continuação

- Caso a mãe, por exemplo, tenha querido abandonar o


recém-nascido com a finalidade de causar-lhe a morte, tal
fato será considerado meio de execução do crime de
homicídio. O resultado morte, outrossim, somente poderá
qualificar o delito de exposição ou abandono de recém-
nascido se tiver ocorrido culposamente. Isso quer dizer que
o dolo da agente diz respeito tão somente ao abandono do
recém-nascido, com o fim de ocultar desonra própria, ou
seja, dolo de perigo. Caso tenha agido com dolo de dano,
responderá pelo resultado pretendido – lesão corporal de
natureza grave ou morte (tentado ou consumado).(Rogerio
Greco).

Pena e suspensão condicional do processo:

A pena prevista no caput do art. 134° do Código Penal é de


detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; se do fato
resultar lesão corporal de natureza grave, nos termos do §
1º do art. 134 do diploma repressivo, a pena será de
detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos; sendo que, se advier a
morte do recém-nascido, conforme determina o § 2º do
mesmo artigo, a pena será de detenção,
de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
- Na modalidade fundamental, a competência para julgamento
do delito em exame será do
Juizado Especial Criminal, sendo possível a proposta de
suspensão condicional do processo não somente nesse
caso, mas também na forma qualificada prevista pelo § 1º
do art. 134° do Código Penal.
- Em todas as modalidades – simples ou qualificadas –, a ação
penal será de iniciativa pública
incondicionada.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação Títulos
Aula01-Crimes contra a honra.Arts. 138° ao 145°; CP. Atenção
Subtítulos

Aula01
Introdução: Obs.: esses dois conceitos, por mais que pareçam estar
separados e fragmentados , são constituídos e considerados
- A honra é considerada um bem inviolável, conforme dispõe de maneira única e interligada.
o dispositivo constitucional, Art.5°; inciso X da CF. - Atingir por exemplo a honra subjetiva, pode afeta e
atingir perante a honra objetiva( socialmente, a
imagem portanto do meio social). Portanto só podemos
Art.5°;CF;X= considerar essa distinção entre honra objetiva e
são invioláveis a intimidade, a subjetiva para identificar a classificação da
vida privada, a honra e a figura típica, bem como para poder apontar, com
imagem das pessoas, mais segurança, o momento de consumação da
assegurado o direito a infração penal pretendida pelo agente.
- O Código Penal catalogou três delitos contra a honra,
indenização pelo dano material e
moral decorrente da sua a saber: calúnia (art. 138°), difamação
violação. (art. 139°) e injúria (art. 140°).
- Os dois primeiros, calúnia e difamação, na divisão
acima proposta, maculam a honra objetiva
do agente, sendo que o último, a injúria, atinge sua
honra de natureza subjetiva.(Rogério Greco).
- Embora o dispositivo constitucional fale apenas da
reparação civil pelo dano material e moral, o Código Penal, Meios de execução nos crimes contra a honra:
evidencia a importância que esse bem merece, criando
figuras típicas de crime contra a honra. (Rogério Greco).

- Muñoz Conde ressalta:


“A honra é um dos bens jurídicos mais sutis e mais Hungria esclarece que o crime
difíceis de apreender desde o ponto de vista jurídico- contra a honra:
penal. Isso se deve, sobretudo, a sua relativização. A “É praticado mediante a linguagem
existência de um ataque a honra depende das mais falada (emitida diretamente ou
diversas situações, da sensibilidade, do grau de formação, reproduzida por meio mecânico),
da situação tanto do sujeito passivo como do ativo, e escrita (manuscrito, datilografado
também das relações recíprocas entre ambos, assim ou impresso) ou mímica, ou por
como das circunstâncias do fato. meio simbólico ou figurativo. Verbis,
- Na doutrina, os doutrinadores dividem a honra e objetiva scriptis, nutu
e subjetiva, sendo portanto analisada no momento da et facto.”
repercussão prática, entretanto existe críticas quanto
essa determinação.
- Honra objetiva: é o juízo que os demais formam da nossa
personalidade. - Dependendo do meio utilizado pelo agente, poderá
- Honra subjetiva: é o conceito que a pessoa tem de si ser eliminada ou afirmada a possibilidade de
mesma, é portanto sua auto validação moral, configurado tentativa.
por suas atribuições comportamentais.(Rogério Greco). - unissubsistência ou da plurissubsistência do crime.

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a saber:
Continuação a) a imputação de um fato;
b) esse fato imputado à vítima deve, obrigatoriamente,
Imunidades dos senadores, deputados e vereadores: ser falso;
- Determina o art. 53 da Constituição Federal: c) além de falso, o fato deve ser definido como crime.

Art. 53°,CF= Calúnia significa


Os Deputados e Senadores portanto imputar um
são invioláveis, civil e fato que seja crime; se
penalmente, por quaisquer de for contravenção e
suas opiniões, palavras e difamação
votos.

- Houve, portanto, previsão da chamada imunidade material


para os deputados e senadores que, na defesa de seu Esse fato deve ser falso,
mandato, poderão, sem temer qualquer retaliação civil ou devendo o agente,
penal, emitir livremente opiniões e votar de acordo com a obrigatoriamente, ter o
sua consciência. Rogerio Greco). conhecimento da falsidade,
- A constituição também dispos sobre a imunidade formal em ocorrendo aqui o erro de
seu Art.53°; §1°;2° e 3°. tipo ,que tem o condão de
- É válido lembrar que a imunidade dos vereadores é apenas afastar o dolo.
material entretanto com algumas restrições, pois deve ser
durante o mandato e nos limites de seu município
(circunscrição).

Calúnia:

Art. 138°;CP=
Caluniar alguém,
Bem juridicamente
imputando-lhe falsamente
protegido pelo tipo penal
fato definido como crime:
que prevê o delito de
Pena – detenção, de 6 calúnia é a honra, aqui
(seis) meses a 2 (dois) Concebi da objetivamente.
anos, e multa.

- A calúnia é o mais grave dos crimes contra honra, pois


em seu dispositivo aduz sobre a imputação false de fato
definido como CRIME.
- São crimes de menor potencial ofensivo, salvo o crime de
calúnia quando incide a causa de aumento.

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 Consumação e tentativa:
Continuação - Atinge a honra objetiva, e o crime de calúnia se
consuma quando um terceiro que não o sujeito
 Classificação doutrinária: passivo tem conhecimento da imputação falsa do
fato definido como crime.
- Crime comum (uma vez que o tipo penal não exige - Quanto a tentativa alguns doutrinadores apontam e
qualquer qualidade ou condição especial afirmam a necessidade de verificar a possibilidade
tanto para o sujeito ativo como para o sujeito passivo); de tentativa no delito de calúnia, como em geral em
- Formal (uma vez que a sua consumação qualquer outra infração penal, que se aponte, com
ocorre mesmo que a vítima não tenha sido, segurança os atos iniciais de execução.
efetivamente, maculada em sua honra objetiva, - Mas, não admite tentativa, por se tratar de crime
bastando que o agente divulgue, falsamente, a terceiro, unissubsistente, salvo quando for praticado por
fato definido como crime); escrito, já que agora há um iter criminis, não se
- Doloso; tratando mais de uni mas plurissubsistente, que
- De forma livre; pode ser racionado ou divido - segundo
- instantâneo; entendimento do STF.
- Comissivo (podendo ser, também, omissivo impróprio,
desde que o agente goze do status de garantidor).  Elemento subjetivo:
- O delito de calúnia admite apenas na modalidade
 Sujeito passivo e ativo: dolosa( animus calumniandi), que há vontade e
consciência de ofender a honra do sujeito passivo,
- O Art.138°,não especifica, apenas narra CALUNIAR aceitando ainda o dolo direto e eventual. Se não há
ALGUÉM, portanto não qualifica quem pode participar essa intenção, restará, certamente, afastado o
no polo ativo ou passivo, entretanto algumas discussões necessário elemento subjetivo do crime.
apontam nos caso de inimputáveis e pessoas jurídicas
no polo passivo da relação.  Agente que propala ou divulga a calúnia:
- ao que se refere ao inimputáveis, seja aqueles que - Diz o § 1º do art. 138 do Código Penal:
possuem doença mental ou a menoridade do agente,
partindo do pressuposto de não cometerem crime, não
podem ser colocados no polo passivo pela prática de § 1º Na mesma pena
calúnia, por lhes faltar culpabilidade, entretanto de incorre quem, sabendo
acordo com alguns doutrinadores os mesmos só podem falsa a imputação, a
ser sujeitos passivos nos casos de difamação e injúria. propala ou divulga.
- Entretanto Rogerio Greco entende de maneira diversa
pois o tipo penal estabelece e atribui tão somente a
prática de um fato tido como crime, independente de
sua idade, o mesmo pode ter praticado a conduta,
levando em conta o princípio da razoabilidade, pois um
recém nascido não teria capacidade para tanto, mas - Diferente do caput do artigo, o §1°, admite apenas
um jovem de 17 anos em tese o pratique. o dolo direito e não eventual, pois o agente deve ter
- Outro fator importante é a indagação quanto a pessoa consciência e ciência que propala ou divulga a
jurídica, se a mesma poderia figurar no polo passivo? E calúnia, devendo conhecer a falsidade da
a resposta é positiva, pois sua honra objetiva precisa imputação.
ser preservada, entretanto apenas de acordo com a - A dúvida com relação à veracidade dos fatos
Lei nº 9.605/98.(lei ambiental),pois nas demais deverá poderá desclassificar a infração penal para aquela
ser considerada difamação. prevista pelo art. 139° do Código Penal, vale
dizer, a difamação.

PROPALAR X DIVULGAR

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Continuação
§ 3º Admite-se a prova da verdade,
 Calúnia contra os mortos: salvo:
I – se, constituindo o fato imputado
crime de ação privada, o ofendido não
foi
condenado por sentença irrecorrível;
§ 2º É punível a
II – se o fato é imputado a qualquer das
calúnia contra os
mortos. pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de
ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.

- Certo é que o morto não goza mais do status de pessoa,


como também é certo que não mais se subsume ao
conceito de alguém, previsto no caput do art. 138° do I- A lei penal prevê a impossibilidade de arguição da
diploma repressivo. exceção da verdade quando, constituindo o
- Contudo, sua memória merece ser preservada, fato imputado crime de ação privada, o ofendido
impedindo-se, com a ressalva feita no § 2º acima não foi condenado por sentença irrecorrível.
mencionado, que também seus parentes sejam, mesmo E claro que quando a suposta vítima do crime de
que indiretamente, atingidos pela força da falsidade do calúnia não tiver sido processada
fato definido como crime, que lhe é imputado. Rogerio criminalmente não haverá decisão condenatória
Greco). transitada em julgado. Contudo, isso impediria a
- O único crime contra a honra, punível contra mortos. arguição da exceção da verdade, com a finalidade
de demonstrar que os fatos a ele imputados são
 Exceção a verdade: verdadeiros, o que conduziria à atipicidade com
relação ao delito de calúnia?(Rogerio Greco).
- É a faculdade atribuída ao autor do crime de calúnia, ao II- O inciso II do § 3º do art. 138 do Código Penal
demonstrar que os fatos narrados são efetivamente também não admite a exceção da verdade se o
verdadeiros afastando-se, portanto, com essa fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas
comprovação, a infração penal a ele atribuída. no nº I do art. 141, vale dizer, o Presidente da
- Art.523°;CPP:O momento oportuno para se erigir a República ou chefe de governo estrangeiro.
exceptio veritatis. III- No inciso III do § 3º do art. 138 do Código Penal,
proíbe-se a prova da verdade quando o
ofendido tiver sido absolvido em sentença
Art.523°; CPP= irrecorrível do crime que lhe atribuiu o agente.
Quando for oferecida a exceção da
verdade ou da notoriedade do fato
imputado, o querelante poderá
contestar a exceção no prazo de
2(dois) dias, podendo ser inquiridas as
testemunhas arroladas na queixa, ou
outras indicadas naquele prazo, e
substituição ás primeiras, ou para
completar o máximo legal.

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- A ação penal será de iniciativa privada, conforme
Continuação determina o art. 145 do Código Penal, sendo,
contudo, de iniciativa pública condicionada à
 Pena; ação penal; competência para julgamento e requisição do Ministro da Justiça, quando o delito
suspensão condicional do processo: for praticado contra o Presidente da República ou
chefe de governo estrangeiro, ou de iniciativa
pública condicionada à representação do ofendido,
quando o crime for cometido contra funcionário
A pena cominada ao delito de público, em razão de suas funções.
calúnia é a de detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa, aplicando-a também
àquele que, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga, Súmula nº 714; STF=
conforme determina o § 1º do . É concorrente a legitimidade do
art. 138° do Código Penal. ofendido, mediante queixa, e do
Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido, para
a ação penal por crime
contra a honra de servidor
público em razão do exercício de
suas funções.
A pena será aumentada de um terço, nos
termos do caput do art. 141° do Código
Penal, se a
calúnia for cometida:
I – contra o Presidente da República, ou
contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de
suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por
meio que facilite a sua divulgação;
IV – contra pessoa maior de 60 anos ou
portadora de deficiência.

Art.141°; CP= Parágrafo único -


Se o crime é cometido mediante
paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena
em dobro.

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Continuação
A honra objetiva é o bem
Difamação: juridicamente protegido pelo tipo
penal que prevê o delito de
difamação, sendo nesse caso
visualizada por meio da
Art. 139°;CP= reputação da vítima no seu meio
. Difamar alguém, imputando-lhe fato social.
ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a
1 (um) ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único. A exceção da verdade
somente se admite se o ofendido é - Crime comum quanto ao sujeito ativo, a difamação
funcionário público e a ofensa é pode ser praticada por qualquer pessoa. Da
relativa ao exercício de suas funções. mesma forma, qualquer pessoa pode ser
considerada sujeito passivo do delito em estudo,
não importando se física ou jurídica.(mesmo
entendimento que dispomos na calúnia).

Consumação e tentativa:
- É preciso que o agente impute fatos que seja ofensivo à sua
reputação.
- É importante apontar que a difamação possui muitas - Por se tratar fato que atinja a honra objetiva,
diferenças com a calúnia. tem-se portanto consumada a partir do momento
- O primeiro importante que diferencia calunia da difamação é em que terceiros que não a vítima, passam a ter
que na difamação o fato não podem ser considerado crime, conhecimento dos fatos ofensivos.
portanto se trata de crime de menor potencial ofensivo e - Arts. 38° e 111° CPP=
de menor gravidade, entretanto se for contravenção penal
pode sim ser considerado difamação.
- Na difamação não se discute se o fato é verdade ou Art. 38°;CPP=
mentira. Salvo disposição em contrário, o
- Atinge a honra objetiva.( conceito que o agente tem perante ofendido, ou seu representante legal,
a sociedade). decairá no direito de queixa ou de
- Reprovação ético-social. representação, se não o exercer dentro
- Fofoca. do prazo de seis meses, contado do dia
- Fatos determinados, sendo eles verdade ou mentira. em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em
 Classificação doutrinária: que se esgotar o prazo para o
- Crime comum com relação ao sujeito ativo, bem oferecimento da denúncia.
como quanto ao sujeito passivo;
- formal;
- doloso; de forma livre;
- comissivo (podendo, sendo garantidor o agente, ser
praticado via omissão imprópria);
- instantâneo;

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Continuação

Dessa forma, de nada


adiantaria comprovar que os
Art. 111°;CP= fatos divulgados pelo agente
- A prescrição, antes de são
transitar em julgado a sentença verdadeiros, uma vez que, ainda
final, começa a assim, se consubstanciariam na
correr: (Redação dada pela Lei infração penal tipificada no art.
nº 7.209, de 11.7.1984) 139 do Código Penal.
I - do dia em que o crime
se consumou;

- Assim como estabelecemos no caso de ocorrência da - Contudo, o parágrafo único do mencionado art.
calúnia, a tentativa é admitida desde observados os meios 139 ressalvou admitir a exceptio veritatis se o
utilizados pelo agente para a prática do delito, sendo ela ofendido é funcionário público e se a ofensa é
monossubsistente ou plurissubsistente. relativa ao exercício de suas funções.

Pena, Ação penal, competência para


julgamento e suspensão condicional do processo:
Se monossubsistente, não se
admite tentativa, pois os atos - A pena cominada ao delito de difamação é de
que integram o iter criminis detenção, de 3 (três) meses a
não 1 (um) ano, e multa.
podem ser fracionados. Se
plurissubsistentes, torna-se
perfeitamente admissível a
tentativa.
A pena será aumentada de um terço, nos
termos do caput do art. 141 do Código
Penal, se a
difamação for cometida:
I – contra o Presidente da República, ou
DIFAMAÇÃO VERBAL x DIFAMAÇÃO ESCRITA contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão
de suas funções;
 Elemento subjetivo: III – na presença de várias pessoas, ou por
meio que facilite a divulgação da calúnia,
- O delito de difamação admite apenas a modalidade dolosa, seja da difamação ou da injúria;
ela direta ou eventual, ou seja, o agente que prática a conduta IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta)
precisa querer e se dirigir finalisticamente a divulgar os fatos anos ou portadora de deficiência, exceto
que atingiram a honra objetiva da vítima. no caso de injúria.
- e agindo em animus jocandi (em tom de brincadeira, não é
considerado um delito por não ter figura típica no Código.

 Exceção da verdade:
- Como regra no delito de difamação não admite a exceção da
verdade

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- é a considerada menos grave.
Continuação - Entretanto a injúria se transforma na mais grave
infração penal contra a honra quando consiste na
utilização de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa
Art.141°; CP= Parágrafo único - idosa ou portadora de deficiência, sendo
Se o crime é cometido mediante denominada, aqui, de injúria preconceituosa.
paga ou promessa de - a injuria pode ser dividida assim:
recompensa, aplica-se a pena em
dobro. a) injúria simples, prevista no caput do art. 140;
b) injúria real, consignada no § 2º do art. 140;
c) injúria preconceituosa, tipificada no § 3º do art.
140.

- A ação penal será de iniciativa privada, conforme - Diferente das duas primeiras, a injuria busca
determina o art. 145 do Código Penal, sendo, proteger a honra subjetiva
contudo, de iniciativa pública condicionada à - Esclarece Aníbal Bruno:
requisição do Ministro da Justiça, quando o delito “Injúria é a palavra ou gesto ultrajante com que o
for praticado contra o Presidente da República ou agente ofende o sentimento de dignidade da
chefe de governo estrangeiro, ou de iniciativa vítima. O Código distingue, um pouco ociosamente,
pública condicionada à representação do ofendido, dignidade e decoro.
quando o crime for cometido contra funcionário
público, em razão de suas funções.  Classificação doutrinária:
- Crime comum com relação ao sujeito ativo, bem
como quanto ao sujeito passivo;
doloso;
- formal; de forma livre; comissivo (podendo ser
Súmula nº 714; STF= praticado omissivamente, se o agente gozar do
. É concorrente a legitimidade do status de garantidor);
ofendido, mediante queixa, e do - instantâneo;
Ministério Público, condicionada à - monossubjetivo; unissubsistente ou
representação do ofendido, para plurissubsistente (dependendo do meio utilizado na
a ação penal por crime prática do delito);
contra a honra de servidor
público em razão do exercício de
suas funções.
A honra subjetiva é o bem
juridicamente protegido pelo tipo
penal que prevê o delito de
Injúria.
Injuria: Com a tipificação do delito de injúria,
busca-se proteger, precipuamente,
as qualidades, os
sentimentos, enfim, os conceitos que
Art. 140°;CP= o agente faz de si próprio.
Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis)
meses, ou multa.

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“Variadíssimos são os meios pelos quais se pode
Continuação cometer a injúria.
- Tendo em vista tratar-se de crime comum, qualquer
 Perdão judicial:
pessoa física pode ser sujeito ativo do delito de injúria.

 Consumação e tentativa:
§ 1º O juiz pode deixar de
aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de
Considerando que o delito forma reprovável, provocou
atinge a honra subjetiva, diretamente a injúria;
consuma-se a injúria no II – no caso de retorsão
momento em que imediata, que consista em
a vítima toma conhecimento outra injúria.
das palavras ofensivas à sua
dignidade ou decoro.

- Estudos de vitimologia comprovam que, em


determinadas situações, o comportamento da
vítima é fundamental como fator estimulador ao
- Entretanto, não se faz necessária a presença da vítima no delito por ela sofrido.Rogerio Greco.
momento em que o agente profere, por exemplo, as palavras
que são ofensivas à sua honra subjetiva.  Modalidades qualificadas:
- Dependendo do meio utilizado na execução do crime de injúria,
será perfeitamente possível o reconhecimento da tentativa.

 Elemento subjetivo: § 2º - Se a injúria consiste em violência


- Elemento subjetivo do delito de injúria é o dolo, seja ele direto ou vias de fato, que, por sua natureza
ou mesmo eventual. ou pelo meio empregado, se considerem
- Há necessidade, aqui, de ter o agente a intenção de atingir a aviltantes:
honra subjetiva da vítima, ofendendo-lhe a dignidade ou o Pena - detenção, de três meses
decoro. a um ano, e multa, além da pena
- animus injuriandi; correspondente à violência.
- Assim, as palavras, por exemplo, ditas com animus jocandi, ou § 3o Se a injúria consiste na
seja, com a intenção de brincar utilização de elementos referentes a
com a vítima, mesmo que essa última seja extremamente raça, cor, etnia, religião, origem ou a
sensível, não poderão configurar o condição de pessoa idosa ou portadora
delito de injúria. de deficiência:

- Injúria real:
Assim, as palavras, por - Na injúria real, a violência ou as vias de fato são
exemplo, ditas com animus utilizadas não com a finalidade precípua de ofender
jocandi, ou seja, com a intenção a integridade corporal ou a saúde de outrem, mas,
de brincar sim, no sentido de humilhar, desprezar, ridicularizar
com a vítima, mesmo que essa a vítima, atingindo-a em sua honra subjetiva.
- além de ser responsabilizado pela injúria real,
última seja extremamente
sensível, não poderão também deverá responder pela prática do delito de
configurar o lesão corporal – leve, grave ou gravíssima – por
delito de injúria. ele levado a efeito como meio de execução da
injúria.

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Continuação
- Discute-se, aqui, a natureza do concurso de Retratação
crimes a ser adotado, vale dizer, se o concurso Art. 143°;CP=
material, previsto no art. 69 do Código Penal, ou o O querelado que, antes da sentença,
concurso ideal de crimes, que encontra previsão se retrata cabalmente da calúnia ou da
no art. 70 do mesmo diploma repressivo. Rogerio difamação, fica isento de pena.
Greco. Parágrafo único. Nos casos em
- Injúria preconceituosa:
que o querelado tenha praticado a
O § 3º do art. 140 do Código Penal, com a nova calúnia ou a difamação utilizando-se de
redação determinada pela Lei nº 10.741, de 1º meios de comunicação, a retratação
de outubro de 2003, comina uma pena de dar-se-á, se assim desejar o ofendido,
reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa, se a pelos mesmos meios em que se
injúria consiste na utilização de elementos praticou a ofensa.
referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência.
- A pena será aumentada de um terço, nos termos
do caput do art. 141 do Código Penal, se a
injúria for cometida:
I – contra o Presidente da República, ou contra
chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas
funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio
que facilite a divulgação da calúnia,
da difamação ou da injúria.
O inciso IV do art. 141 não se aplica à injúria em
virtude do art. 140, § 3º.
- Poderá, ainda, vir a ser dobrada se a injúria for
cometida mediante paga ou promessa de
recompensa, conforme determina o parágrafo
único do art. 141 do diploma repressivo.

Súmula nº 714;STF=
. É concorrente a legitimidade do
ofendido, mediante queixa, e do
Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido,
para a ação penal por crime
contra a honra de servidor
público em razão do exercício
de suas funções.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação
Títulos
Aula 02- Crimes contra o patrimônio- Furto. Atenção
Subtítulos

Aula 02
Escusas absolutórias:
- O Capítulo VIII do Título II do Código Penal- imunidades penais. De acordo com o que já estudamos em
- Absolutas ou relativas. direito internacional, acerca da filiação, o
a) Imunidade Absoluta: isenta o agente de pena, reconhecidas dispositivo constitucional, Art. 227°;CF,
como escusas absolutórias e dependem de ação de devem ser considerados os filhos, havidos
representação do ofendido ou de seu representante legal. ou não do casamento, ou por adoção, terão
- Interesse familiar em detrimento da persecução penal, em os mesmos direitos e qualificações
razão do sentimento deixado no seio familiar.
- A reprovação da conduta é entendida como suficiente para
resolver tais conflitos, sendo portanto o direito penal
afastados de tais condutas.
- Busca a harmonia familiar.
- Motivos de ordem política. - A autoridade policial não poderá, sequer, instaurar
- sine vi aut minis= sem força ou ameaças inquérito policial a fim de apurar, por exemplo, um
delito de furto praticado entre cônjuges, ou se
estiver diante de uma relação entre ascendentes e
descendentes, a não ser se houver terceiros
envolvidos.
Art. 181°;CP=
É isento de pena quem comete qualquer
dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da Não se pode esquecer que há
sociedade conjugal; existência da infração penal em si, pois
II - de ascendente ou descendente, continua sendo considerado típico, ilícito
seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja e culpável, afastando-se, somente a
civil ou natural. punibilidade, por questões de política
criminal.

Tendo em vista o inciso I, discute-se a questão


da união estável, figurar como sociedade
conjugal , o que causa certa dualidade de b) Imunidade relativa:
pensamento entre os doutrinadores. Alguns - Não ocorre o afastamento de punibilidade, como
não concordam, outros entendem que o ocorre no Art.181°,CP.
objetivo do artigo deve ser preservado, que é - Possui um prazo decadencial de 6 meses para
a" harmonia familiar", sob o prisma do uso da oferecer representação, permitindo assim a abertura
analogia, em razão do princípio da legalidade. do inquérito policial por autoridade competente bem
Sendo necessária apenas a comprovação da como o início da ação penal de iniciativa pública que
união e relação de proximidade ao tempo do estava a ela condicionada.
fato

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- subtração patrimonial não violenta.
Continuação - O verbo subtrair é empregado no artigo sub
examen no sentido de retirar, tomar, sacar do
- No primeiro inciso trata-se de separado judicialmente, poder de alguém coisa alheia móvel.
conhecido pela legislação passada por dequitado.
- A segunda hipótese é em caso de irmão, lembrando que nossa
lei maior, não faz discriminação e diferenciação entre
quaisquer deles. A finalidade do agente, tem que ser no
- No terceiro inciso , não basta comprovar a relação de sentido de subtrair e possuir a coisa para
parentesco colateral, haja vista que o mencionado inciso si e para outrem "animus furandi-vontade
somente se aplica se houver a coabitação, isto é, devem de furtar".
residir juntos quando da prática do crime contra o patrimônio. a subtração ocorra com a finalidade de
ter o agente a res furtiva "coisa furtada"
para si ou para outrem.
Não basta a subtração, o arrebatamento
meramente
Art. 182°;CP= temporário, com o objetivo de devolver a
Somente se procede mediante representação, se coisa alheia móvel logo em seguida.
o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I – do cônjuge desquitado ou judicialmente
separado; QUALQUER COISA MÓVEL PASSÍVEL DE
II – de irmão, legítimo ou ilegítimo; REMOÇÃO ,LOCOMOÇÃO E MOBILIZAÇÃO.
III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. ENTENDIMENTO DIFERENTE DO CÓDIGO CIVIL.

- A coisa obrigatoriamente precisa ser coisa de


alguém, ou seja, pertencente a alguém.
 Ressalves as imunidades penais absolutas e relativas: - há doutrinadores que ampliam o entendimento de
coisa alheia, para aquela na posse de terceiro

 Classificação doutrinária:
Art. 183°;CP= - Crime comum, tanto com relação ao sujeito ativo
Não se aplica o disposto nos dois artigos quanto ao sujeito passivo;
anteriores: - material;
I – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, - de dano;
em geral, quando haja emprego de - de forma livre:
grave ameaça ou violência à pessoa; - comissivo (em que pese a possibilidade de ser
II – ao estranho que participa do crime; praticado omissivamente, nos casos em que o agente
III – se o crime é praticado contra pessoa com vier a gozar do status de garantidor);
idade igual ou superior a 60 - não transeunte (como regra, pois que será possível,
(sessenta) anos. na maioria dos casos, o exame pericial).

Furto:
Quanto ao bem jurídico tutelado, há
Art. 155°;CP= uma divergência doutrinária, em
Subtrair, para si ou para outrem, determinar se o bem tutelado é a
coisa alheia móvel: propriedade, ou a propriedade e a
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) posse
anos, e multa.

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Continuação
- Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de furto,
desde que não seja o proprietário ou mesmo o possuidor da Ney Moura Teles preleciona:
coisa. “Haverá furto consumado no exato momento
- Sujeitos passivos são o proprietário e o possuidor da coisa em que o ofendido não
alheia móvel, podendo, nesse caso, figurar tanto a pessoa puder mais dela dispor, em que deixa de
física, quanto a pessoa jurídica. sobre ela exercer o poder que
exercia quando em sua posse. É óbvio que se
 Consumação e tentativa: o agente consegue ter a posse
- O crime de furto ganhou diversas teorias para explicar o tranquila o furto é consumado, mas o foi
momento de sua consumação. antes disso, quando a coisa saiu da
a) Teoria da contrectatio: entendia como consumado o furto esfera de disponibilidade da vítima.”
quando o agente simplesmente tocava na coisa com a
finalidade de subtraí-la, mesmo que não conseguisse removê-la
do local em que se encontrava.(Rogerio Greco)
b) Teoria da illactio: que entendia que a consumação do furto
exigia, para a sua configuração, o fato de conseguir o agente - Nossos tribunais superiores tem entendido e
levar o objeto ao lugar que era destinado. Rogerio Greco) descartado a necessidade de posse tranquila.
c) As teorias da amotio e da ablatio: ocupavam posição
intermediária às teorias citadas anteriormente. Conforme
esclarece Damásio de Jesus: “Nos termos da teoria da amotio,
o momento consumativo do furto ocorre com a deslocação do
objeto material. Para a teoria da ablatio, a consumação exigia “Os tribunais superiores adotaram a teoria da
dois requisitos: apreensão e deslocação do objeto material.” apprehensio, também denominada de
amotio, segundo a qual o crime de roubo, assim
- Na atualidade a doutrina entra em choque entre duas teorias como o de furto, consuma-se no momento
e orientações: em que o agente se torna possuidor da coisa
a) O furto se consuma no momento em que a res é retirada da alheia móvel, pouco importando se por longo
esfera de posse e disponibilidade da vítima, ingressando, ou breve espaço temporal, sendo prescindível a
consequentemente, na do agente, ainda que não tenha ele a posse mansa, pacífica, tranquila e/ou
posse tranquila sobre a coisa; desvigiada” (STJ, HC 222.888/MG, Habeas
b) a consumação somente ocorre quando a res é retirada da Corpus 2011/0255837-9, 5ª T., Rel. Min.
esfera de posse e disponibilidade da vítima, ingressando, Gurgel
consequentemente, na do agente, que, obrigatoriamente, de Faria, DJe 02/02/2015).
deverá exercer, mesmo que por curto espaço de tempo, a
posse tranquila sobre a coisa.
São, portanto, duas correntes que divergem, basicamente,
sobre a necessidade ou não de o agente exercer a posse - O delito de furto somente pode ser praticado
tranquila sobre a coisa, depois de tê-la retirado da esfera de dolosamente, não havendo previsão legal para a
disponibilidade da vítima. modalidade culposa.
- Caso a subtração da res não ocorra motivada por
essa finalidade especial, o fato será atípico,
como na hipótese do equivocadamente denominado
Súmula 582-STJ= furto de uso, onde o agente subtrai a coisa,
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da momentaneamente, para usá-la, sendo sua
posse do bem mediante emprego de violência ou intenção devolvê-la posteriormente.
grave ameaça, ainda que por breve tempo e em - Admite a modalidade comissiva, que é por ação do
seguida à perseguição imediata ao agente e agente, bem a omissiva se tratar de agente que
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a tinha o dever de garantir a proteção da coisa.
posse mansa e pacífica ou desvigiada.

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“Ao contrário do afirmado, a decisão agravada está sim em
Continuação absoluta consonância com a linha de raciocínio desenvolvida
por esta Corte na apreciação do recurso especial
 Institutos da parte geral aplicáveis ao crime de furto: representativo da controvérsia 1.193.194/MG, ocasião em
- Desistência voluntária(Art.15°;primeira parte)= se o agente que se decidiu pela compatibilidade do privilégio do art. 155,
voluntariamente desiste de continuar com os atos, por § 2º, do Código Penal com as hipóteses objetivas
exemplo entrar em uma residência, mas desiste, aplica-se o de furto qualificado. Desse modo, seguindo, mutatis mutandi,
Art.150°;CP. a linha do raciocínio jurídico adotado por este Superior
- Não cabe o arrependimento eficaz., pois já houve a Tribunal de Justiça e pela Suprema Corte, verifica-se não
consumação. haver, também nesta hipótese, incompatibilidade entre o
- Arrependimento posterior(Art.16°;CP)= cabe o furto qualificado e a causa de aumento relativa ao seu
arrependimento posterior, pois o crime de furto não ocorre cometimento no período noturno” (STJ, AgRg no AREsp
com violência e grave ameaça, como ocorre no caso de 741482/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T.,
roubo, se antes do recebimento da denúncia ou da queixa, DJe 14/09/2015). Ora, não podemos confundir as duas
por ato voluntário do agente. situações apontadas
- Crime impossível: (Art.17°;CP)= quando a vítima do possível
furto não possuir nada, para ser furtado, trata-se de
crime impossível.
Dessa forma, deve haver uma
 Causa de aumento de pena relativa ao repouso noturno:
situação de repouso e, além
Art.155°;§1°; CP. disso, o fato deve ocorrer,
obrigatoriamente, à noite.
(Rogerio Greco).
§ 1º - A pena aumenta-se de um
terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.

Se discutia ao longo dos anos se a


majorante no crime de furto referente
ao repouso noturno poderia se aplicar
- Há várias divergências doutrinária e na jurisprudência, ao crimes de furto qualificado. Nesse
acerca do repouso noturno, se necessariamente haveria sentido o StJ entende ser possível
de ser durante à noite, se entraria no furto simples e seguindo, mutatis mutandi
qualificado, ou apenas no simples, se os proprietários e
moradores deveriam estar realmente repousando enfim.
- A pena aumenta em 1/3.
- Incide na terceira fase da dosimetria.  Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
- Deve ser analisado os costumes: não significando estar coisa furtada: Furto privilegiado.
anoite.
- Observar o critério psicossociológico.
- Aplica-se ao furto qualificado. (de acordo com o mutatis
mutandi) . Art. 155°;§ 2º; CP=
- Doutrinadores, como Hungria entende que se aproveita o Se o criminoso é primário, e é de
momento que os bens estão menos guarnecidos. pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão
pela de detenção, diminuí-la de um a
dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.

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- Qualquer energia que tenha valor econômico poderá
Continuação ser objeto de subtração, nos moldes preconizados pelo
mencionado parágrafo.
- A conjugação da primariedade com o pequeno valor da - Para o STJ o sinal de TV a cabo é crime, para o STF é
coisa furtada permite ao julgador que: fato atípico, tratando-se de analogia in mallam partem.
a) substitua a pena de reclusão pela de detenção; (REsp 1.123.747/RS, DJe 16/12/2010).
b) diminua-a de um a dois terços;
c) aplique somente a pena de multa.  Espécies de furto:
- Famulato: espécie de furto em que o sujeito ativo é um
- Reincidente X maus antecedentes. funcionário e o passivo é o patrão. Art155° §4°;II; CP
- A coisa subtraída de pequeno valor ( critério objetivo, ( abuso de confiança).- furto qualificado.
pois: até um salário mínimo vigente na data do fato: não - Para o STJ a simples relação empregatícia ,por si só,
se analisa a capacidade econômica da vítima. não constitui furto qualificado por abuso de confiança.
- Outro ponto importante é em relação a possibilidade de - Abigeato: furto de gado- semovente.
furto qualificado-privilegiado. - Art.155°; §6°.
- Furto famélico: Art. 23° e 24°; CP=
- praticado no estado de necessidade.
- Furtar para come, para não morrer.
- Furtar remédio/medicamento.
Súmula nº 511/ STJ - Furtar um carro para levar alguém ao hospital.
É possível o reconhecimento do privilégio - Excludente de ilicitude/ estado necessidade.
previsto no § 2º do art. 155 do - Não é crime
CP nos casos de crime de furto qualificado, - Furto de uso: subtração porém sem a intenção de
se estiverem presentes a primariedade do querer para si .
agente, o pequeno valor da coisa e a
- Excludente de tipicidade (não há crime).
qualificadora for de ordem objetiva.
- Elemento do tipo.
- Formal.
- Furto bagatelar: é a incidência do princípio da
insignificância .
- Não é crime
Entende-se que tal dispositivo trata - Excludente de tipicidade.
de direito público subjetivo, mesmo
que a letra da lei diz PODE, o juiz  Furto qualificado: Art. 155°; § 4°; 4 A; 5° ; 6°; 7°; CP.
deve aplicar, se o réu preencher § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se
tais requisitos . o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
 Furto de energia: Art. 155°; §3°; CP. escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
Art. 155°; § 3º;CP= e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato
Equipara-se à coisa móvel a análogo que cause perigo comum.
energia elétrica ou qualquer § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
outra que tenha valor subtração for de veículo automotor que venha a ser
econômico. transportado para outro Estado ou para o exterior.

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- Diferença entre abuso e fraude:
Continuação - Abusa o agente da confiança que nele foi
depositada, o qual aproveita dessa relação de
§ 6° A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a fidelidade existente anteriormente para praticar a
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que subtração, a qual havia uma real relação de
abatido ou dividido em partes no local da subtração. fidelidade.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e - Entretanto, se o agente, ardilosamente,
multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de insidiosamente construir essa relação de confiança
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua com a vítima para o fim de praticar a subtração,
fabricação, montagem ou emprego. fazendo com que a vítima incorra em erro no que
diz respeito a essa fidelidade recíproca, o furto será
- Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da qualificado pela fraude, e não pelo abuso de
coisa: confiança. Na fraude é utilizada pelo agente a fim de
facilitar a subtração
- Diferencia-se o furto mediante fraude do
estelionato: no estelionato, a vítima é enganada e
em sede doutrinária, considera-se entrega o bem; no furto qualificado o agente após
obstáculo tudo aquilo que enganar espera a vítima se desvigiar do bem, e
tenha a finalidade precípua de então subtrai.
proteger a coisa e que também não - Escalada :em termos de escalada, é preciso que o
seja a ela naturalmente ingresso do agente se dê por via anormal, que
inerente. demande esforço também anormal, a exemplo
daquele que, a fim de ingressar na residência da
vítima, salta um muro com três metros de
- Violência exercida contra um obstáculo exterior à coisa. altura.( Rogerio Greco).
- Rompimento de obstáculo devem ser levados a efeito antes da
subtração da coisa alheia móvel, ou se é possível, mesmo - Com emprego de chave falsa:
depois do seu apossamento, também para fim de subtração?
Possui duas correntes, uma que compreende que o
rompimento de obstáculo deve ocorrer antes da obtenção/
poder sobre a coisa, e a outra que entende que ocorre a
qualquer momentos da fase executiva, o que se parece lógico Considera-se chave falsa qualquer
já que pela simples res furtiva já estar sobre seu poder, que instrumento – tenha ou não aparência
antes, durante ou posteriormente, pois o furto restará ou formato de chave
consumado. – destinado a abrir fechaduras, a
exemplo de grampos, gazuas, mixa,
- Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza:

- Qualquer chave desde que não seja a verdadeira.


Isso significa que, para haver abuso de - Divergência doutrinária quanto a necessidade de ser
confiança, é preciso que, antes, tenha uma chave falsa, ou se seria também possível a
havido uma relação de confiança entre chave verdadeira, em caso de obtenção.
o agente e a vítima.

- Para o STJ a simples relação empregatícia ,por si só,


não constitui abuso de confiança.
- Confiança é cultivada ao longo do tempo.

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- Não importa se apenas um dos envolvidos tenha
Continuação sido descoberto, bastando apenas que se
comprove o envolvimento de mais pessoas, para
que aplique a qualificadora.
- Há uma divergência doutrinaria a respeito da
necessidade de que os envolvidos façam parte ou
“São também falsas as chaves verdadeiras não da fase executória( execução material).
furtadas ou perdidas. Não há
como excluí-las da disposição legal. Se o que a COMETIMENTO x CONCORRÊNCIA PARA
lei veda é a abertura ilícita da DO CRIME O CRIME
coisa que representa a custódia, maior razão
existe contra o emprego da - Pode ainda responder pelo Art. 288°;
chave subtraída ou achada, pois já é obtida CP( Associação criminosa), se tiver a partir de 3 3
criminosamente, quer por ter sido não cai na hipótese de bis in idem. Esse
furtada, quer por não ter sido devolvida ao entendimento também possui divergência
dono.” doutrinária.
Magalhães Noronha.

- Entretanto grande parte da doutrina, passou a entender


que o uso de chave verdadeira trata-se de fraude, não Súmula nº 442/ STJ
aplicando assim o furto qualificado do emprego de chave É inadmissível aplicar, no furto
falsa. qualificado, pelo concurso de
agentes, a majorante do roubo.

Art. 25°; Lei das Contravenções Penais=


Ter alguém em seu poder, depois de - § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10
condenado, por crime de furto ou roubo, ou (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando ou de artefato análogo que cause perigo comum.
conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, - § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se
chaves falsas ou alteradas ou instrumentos a subtração for de veículo automotor que venha a
empregados usualmente na prática de crime de ser transportado para outro Estado ou para o
furto, desde que não prove destinação legítima: exterior.
Pena – prisão simples, de dois meses a - Lei nº 9.426, de 24 de dezembro de 1996, foi
um ano, e multa de duzentos mil réis a dois acrescentado o § 5º ao art. 155 do Código Penal.
contos de réis. - O objeto material da nova qualificadora é o veículo
automotor (automóveis, caminhões, lanchas,
motocicletas etc.).
- Mediante o concurso de duas ou mais pessoas: - Essa qualificadora possui um problema sério de
interpretação, sobre o momento consumativo do
delito, podendo apresentar dois momentos
Para se aplicar a referida qualificadora basta que consumativos, o momento da subtração e o do
um dos envolvidos seja imputável, não importando momento de transportar o veículo para outro
se os demais participantes possuam esse status. Estado.
Assim, se três pessoas resolvem praticar a - É impossível aplicar a tentativa, quando o individuo
subtração, sendo que duas delas são menores de ainda se encontrar no mesmo Estado.
18 anos, ainda assim estaremos diante da - Se transportar para o DF não aplica a qualificadora ,
possibilidade de aplicação da qualificadora. e sim o furto simples.

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Continuação
- § 6° A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
se a subtração for de semovente domesticável de
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração.

RES = COISA
FURTIVA= COISA FURTADA
DERELICTA= COISA ABANDONADA
DESPERDICTA=COISA PERDIDA(Art. 169°;II;CP)
NULLIUS=COISA DE NINGUÉM.
COMUMEON= COISA COMUM À TODOS

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Art./Súmulas
Continuação Observações
Títulos
Aula 03- Roubo Atenção
Subtítulos

Aula03
Introdução: - E nesse caso a voz da vítima tem valor, pois a doutrina
- O crime de roubo é uma figura típica, composta pela e jurisprudência entende a grave ameaça como um
subtração, característica comum no crime de furto, elemento subjetivo, pois dependerá do que a vitima
entretanto no roubo temos a ameaça e violência à pessoa. considera como ameaça.
- entendido por alguns doutrinadores como um crime de - A grave ameaça, portanto pode ser utilizada de maneira
furto acrescido algumas características e de forma livre.
- NÚCLEO: subtrair. - O roubo também possui essa divisão doutrinária , própria
- O FIM DE AGIR: para si e para outrem. e imprópria.
- A COISA MÓVEL ALHEIA. - O roubo próprio é aquele cometido com violência/grave
- O EMPREGO DE VIOLÊNCIA: própria e imprópria. ameaça empregada antes ou durante a
subtração(Art.157°; Caput; primeira parte ;CP).
- Já o roubo impróprio, é aquele cometido com
violência/grave ameaça empregada após a subtração.

O que torna o roubo especial em


relação ao furto é justamente o
emprego da violência à Art. 157°;CP=
pessoa ou da grave ameaça, com Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
a finalidade de subtrair para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez
anos, e multa.
- A violência contida dentro do dispositivo, e dividida em duas, a § 1º - Na mesma pena incorre
da primeira parte do Art. 157°; CP, trata-se da violência quem, logo depois de subtraída a coisa,
própria ou ainda real, que ocorre com violência emprega violência contra pessoa ou
física/corpórea(vis absoluta), que é praticado pelo agente grave ameaça, a fim de assegurar a
contra a pessoa para chegar na finalidade de obter o impunidade do crime ou a detenção da
objeto; a segunda é entendida como violência imprópria, na coisa para si ou para terceiro.
parte final do caput, em que se utiliza meios para dificulta a
possibilidade de resistência da vítima.
- Não confundir: - De acordo com o parágrafo primeiro depois de
subtraído( roubo impróprio) a coisa, e empregado
GRAVE AMEÇA X CRIME DE AMEAÇA( Art147°; CP). violência contra pessoa e grave ameaça(violência
(temor) própria), podemos concluir que o dispositivo não
- Não há a necessidade do agente verbalizar suas ações e admite a possibilidade de roubo impróprio e violência
intenções de pratica o roubo, por exemplo no caso, do impropria. Entendimento já interpretado pelo STJ.
individuo colocar a mão dentro da camisa, dando a entender
que sacaria uma arma, essa atitude, por si só indicaria e
caracterizaria o crime de roubo, pois houve ameaça
suficiente .

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Continuação
 Classificação doutrinaria: Súmula nº 582/STJ.
- Crime comum, tanto com relação ao sujeito ativo quanto ao Consuma-se o crime de roubo com a
sujeito passivo; inversão da posse do bem mediante
- doloso (não havendo previsão para a modalidade culposa); emprego de violência ou grave ameaça,
ainda que por breve tempo e em
- material;
seguida à perseguição imediata ao
- comissivo (podendo ser praticado omissivamente, caso o agente e recuperação da coisa roubada,
agente goze do status de garantidor); de forma livre; sendo prescindível a posse mansa e
- instantâneo (podendo também, em alguns casos, ser pacífica ou desvigiada.
considerado como instantâneo de efeito permanente, caso
haja destruição da res furtiva);
- de dano;
- monossubjetivo; - Será possível a tentativa, a partir do instante em
- plurissubsistente (podendo-se fracionar o iter criminis, que, iniciada a execução, não conseguir retirar o bem
razão pela qual é possível o raciocínio da tentativa). da esfera de disponibilidade da vítima, por
circunstâncias alheias à sua vontade. Já no roubo
impróprio não será possível, pois o agente já terá
possuído a coisa, causando a violência depois da
subtração, para garantir a impunidade e detenção da
O bem jurídico protegido pelo coisa.
dispositivo, é referente ao título II, - “O crime previsto no art. 157, § 1º, do Código Penal
capítulo II dos crimes contra ao consuma -se no momento em que, após o agente
patrimônio, portanto o bem jurídico tornar-se possuidor da coisa, a violência é
protegido é o patrimônio e a posse. empregada, não se admitindo, pois, a tentativa (REsp
Entretanto, pelo fato de ser um 1.025.162/SP, Recurso Especial 2008/0014351-8,
crime que incorre de violência e 5ª T., Rel. Min. Felix Fischer, DJe 10/11/2008)
grave ameaça a pessoa, o roubo .
pode ser entendido como um crime  Roubo majorado/circunstanciado:
complexo, que busca proteger a
integridade corporal, a saúde e a
 § 2º A pena aumenta-se de
vida.
1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
- Crime pluriofensivo, no qual busca proteger vários bens.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
 Consumação e tentativa: e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a
- É necessário fazer distinção entre o roubo próprio e
ser transportado para outro Estado ou para o
impróprio.
exterior;
- “De acordo com a jurisprudência consolidada deste Superior V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
Tribunal de Justiça, reafirmada no recente julgamento do restringindo sua liberdade.
Recurso Especial Repetitivo 1.499.050/RJ pela Terceira
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
Seção, deve ser adotada a teoria da aprehensio ou amotio
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
no que se refere à consumação do delito de roubo, que
fabricação, montagem ou emprego.
ocorre no momento em que o agente se torna possuidor da
res furtiva, ainda que a posse não seja de forma mansa e
pacífica, não sendo necessário que o objeto subtraído saia
da esfera de vigilância da vítima” (STJ, AgRg no REsp
1.201.491/RJ, Rel.ª Min.ª Maria Thereza de Assis Moura, 6ª
T., DJe 12/04/2016).

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- Se a vítima está em serviço de transporte de valores
Continuação e o agente conhece tal circunstância:
- Nesse sentido, adverte corretamente Rogério
- Influência no terceiro momento do critério Sanches Cunha que:
trifásico(dosimetria da pena) previsto pelo Art. 68°; do “Certamente o vendedor que distribui mercadoria,
mesmo diploma legal. recebe o preço e retorna à base, também transporta
- Aumenta-se a pena de /3 até metade. valores. Sem razão, assim, aqueles que buscam limitar
- Majorante é diferente de qualificadora. o aumento de pena aos casos de transporte de
valores das casas bancárias”
- Outro ponto é que o agente precisa ter conhecimento
de tal circunstância
- Estando a vitima a serviço, parte da doutrina entende
Súmula nº 443/ STJ que não caberia ao proprietário dos valores.
O aumento na terceira fase de
aplicação da pena no crime de - Se a subtração for de veículo automotor que venha a
roubo ser transportado para outro Estado
circunstanciado exige - ou para o exterior:
fundamentação concreta, não - O referido dispositivo possui o mesmo conteúdo do
sendo suficiente para a sua crime de furto: subtração de veículo automotor que
exasperação a mera indicação do venha a ser transportado para outro Estado ou para
número de majorantes. o exterior –, somente modificando a natureza
jurídica da punição, pois no furto tal fato qualifica a
infração penal e no roubo considera-se como uma
majorante, a ser avaliada no terceiro momento de
- Violência ou ameaça exercida com o emprego de arma: aplicação da pena, previsto pelo art. 68° do Código
- Revogado pela (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018). Penal, tomamos a liberdade, evitando-se
desnecessária repetição, de remeter o leitor ao
- Hoje a pen aumenta-se somente se for com o uso de arma
tópico próprio, quando do estudo do delito de furto
de fogo, aumentando a pena em 2/3, de acordo com o Art.
.
155°; § 2° A; CP.
- Se o agente mantém a vítima em seu poder,
- Para o uso de arma de fogo a lei não retroagirá.
restringindo sua liberdade:
- Se for com o uso de faca, a lei vai retroagir. - Inserido no § 2º do art. 157 do Código Penal pela Lei
- NÃO INCIDE A MAJORANTE: nº 9.426, de 24 de dezembro de 1996:
a) Simulacro: - Antes da reforma no texto do artigo 157° de Código
b) Arma desmuniciada: Penal, a solução era por meio do concurso de crimes
c) Arma inepta a efetuar disparos entre o roubo e o sequestro, caso houvesse, além da
subtração patrimonial violenta, a privação da liberdade
- Porte ilegal de arma: fica absorvido pelo crime de roubo, da vítima.
sendo prescindível a apreensão da arma para perícia, onde a - Esse instituto foi inserida no Código Penal,
voz da vítima tem valor. basicamente, em virtude do chamado sequestro ( Art.
- Lei 10.826/03/ Arts. 12° e 14°; e Art.69°;CP 158°; §3°;CP) relâmpago, no qual durante, por exemplo,
a prática do crime de roubo, a vítima é colocada no
- Concurso de duas ou mais pessoas: porta-malas do seu próprio veículo e ali permanece
- Ao contrário do crime de furto, no qual o concurso de por tempo não prolongado, até que os agentes
pessoas torna a infração qualificada, no crime de roubo o tenham completo sucesso na empresa criminosa,
concurso de pessoas encontra-se no rol das causas especiais sendo libertada logo em seguida.(Rogerio Greco).
de aumento de pena, gozando, aqui, do status de majorante,
e não de qualificadora.
- Todas as discussões feitas no crime de furto valem aqui,
menos as penas.
- Pode ainda responder pelo Art. 288°; CP
- Considerado o concurso de pessoas mesmo quando praticado
por menor.

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 Roubo qualificado:
Continuação

- A doutrina ultimamente, tem feito uma divisão, para


identificar a incidência da majorante,a saber: § 3º Se da violência resulta:
a) quando a privação da liberdade da vítima for um meio de
I – lesão corporal grave, a pena
execução do roubo;
é de reclusão de 7 (sete) a 18
b) quando essa mesma privação de liberdade for uma garantia,
(dezoito) anos, e multa;
em benefício do agente, contra a ação policial.
II – morte, a pena é de reclusão
- Vale o alerta feito por Cezar Roberto Bitencourt, quando de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e
afirma: multa.
“Quando o ‘sequestro’ (manutenção da vítima em poder do
agente) for praticado concomitantemente com o roubo de
veículo automotor ou, pelo menos, como meio de execução do
roubo ou como garantia contra ação policial, estará - A lei exige que o resultado seja causado em
configurada a majorante aqui prevista. Agora, quando eventual função da violência empregada .
- Vis corporalis.
‘sequestro’ for praticado depois da consumação do roubo de
veículo automotor, sem nenhuma conexão com sua execução - Se, por exemplo, durante a execução de um crime
ou garantia de fuga, não se estará diante da majorante de roubo, cometido com o emprego de grave
especial, mas se tratará de concurso de ameaça, a vítima vier a sofrer um colapso
crimes, podendo, inclusive, tipificar-se, como já referimos, a cardíaco, falecendo durante a ação criminosa, o
extorsão mediante sequestro: o extorquido é o próprio agente não poderá responder pelo fato a título de
‘sequestrado’.” latrocínio, porque o resultado morte da vítima não
foi decorrente da violência por ele empreendida,
mas, sim, de sua grave ameaça.(Rogerio Greco).

LESÃO CORPORAL x MORTE


Devemos lembrar que a causa GRAVE
especial de aumento em estudo é - Os dois resultados/modalidades admitem tanto a
benéfica ao agente, pois evita título de dolo quanto culpa.
a imposição do concurso de crimes, - Assim, segundo a posição majoritária da doutrina, o
razão pela qual deverá ser criteriosa § 3º cuida de um crime qualificado pelo resultado
a sua aplicação, para não (lesão corporal grave ou morte) que poderá ser
se chegar a conclusões absurdas, imputado ao agente a título de dolo ou culpa.
em detrimento das vítimas dessas - Em hipótese alguma o agente poderá ser
infrações penais. responsabilizado pela ocorrência de um resultado
que não lhe era previsível.

- Portanto não é sequestro relâmpago do Art. 158°; §3°; CP.


Agravação pelo resultado
- VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de Art. 19°; CP=
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua Pelo resultado que agrava
fabricação, montagem ou emprego. especialmente a pena, só
- Mesma ideia trazida no art. 155°; do crime de furto. responde o agente que o
houver causado ao menos
culposamente.

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- Nesse tipo, vislumbramos pelo menos três figuras
Continuação que, de forma isolada, são previstas pela lei penal: a
- Ambos resultados podem ocorrer no roubo próprio bem subtração (art. 155°), a violência à pessoa (art.
como no roubo impróprio. 129°) e a ameaça (art. 147°). Nesse caso, consuma-
- O resultado morte no crime de roubo é comumente chamada se o crime quando o agente preenche o tipo penal
de latrocínio, embora não se utilize nesses termos no levando a efeito as condutas que, unidas, formam a
dispositivo penal. unidade complexa.
-
- Israel Domingos Jorio, em monografia específica sobre o
tema, traçando um paralelo entre diversos delitos que
preveem a morte como qualificadora do crime, preleciona: Súmula 610/STF
“Se o agente quis o estupro e quis o homicídio, não há razão Há crime de latrocínio, quando o
para se apenar apenas um dos crimes e desconsiderar o homicídio se consuma, ainda
outro. Praticou dois crimes e deve responder por ambos, um que não realize o agente a
e outro. A morte, como resultado, não é exaurimento de subtração de bens da vítima.
conduta dolosa tendente ao estupro; é resultado provocado
por ação consciente, que preenche todos os requisitos
necessários à tipificação do crime de homicídio. Não se trata,
pois, de uma ação, com uma única finalidade, e dois
resultados diversos, mas, sim, de duas ações, duas
finalidades e dois resultados perseguidos pelo agente"
- Para essa corrente, basta que tenha ocorrido o
- .De acordo com as interpretações doutrinárias, conclui-se, as resultado morte para que se possa falar em
majorantes previstas no § 2º do mesmo artigo somente são latrocínio consumado, mesmo que o agente não
aplicadas àquilo que as antecede, isto é, às duas modalidades consiga levar a efeito a subtração patrimonial
de roubo simples, seja ele próprio (caput) ou mesmo - Entretanto ainda há divergência doutrinária quanto
impróprio (§ 1º), e não incidem nas qualificadoras. a consumação e tentativa no crime de latrocínio,
pois parte afirma que tal decisão do STF, afronta o
- “Prevalece, no Superior Tribunal de Justiça, o entendimento disposto no Art.14°;CP.
no sentido de que, nos delitos de latrocínio – crime complexo,
cujos bens jurídicos protegidos são o patrimônio e a vida –,
havendo uma subtração, porém mais de uma morte, resta
configurada hipótese de concurso formal impróprio de
crimes e não crime único” (HC 185.101/SP, Habeas Corpus
2010/0170000-5, 6ª T., Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe Rogerio Greco, define que para a
16/4/2015). consumação de um crime complexo, é
preciso que se verifiquem
todos os elementos que integram o tipo,
ousando discordar das posições de
Hungria e do STF e
O latrocínio encontra-se se filiando à posição de Frederico
previsto no rol das infrações Marques, concluindo que, havendo
penais consideradas hediondas homicídio consumado e
pela Lei subtração tentada, deve o agente
nº 8.072/90. responder por tentativa de latrocínio, e
não por homicídio
qualificado ou mesmo por latrocínio
consumado.

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Continuação

Súmula 603
A competência para o
processo e julgamento
de latrocínio é do juiz
singular e não do tribunal
do júri.

- No caso de concurso de pessoas, todos respondem por


latrocínio independente de estar armado ou ter atirado na
vítima.
- Se o agente atira a vítima e acerta terceiro. Continua
respondendo por latrocínio,por erro de execução. Art.74°; CP.
- A morte não precisa ser do titular do patrimônio, desde que
esteja no contesto fático do roubo, para garantir a posse,
detenção e impunidade.

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Art./Súmulas
Observações
Continuação
Títulos
Aula03- Extorsão. Atenção
Subtítulos

Aula03
Introdução:
- O crime de extorsão possui muitas similaridades com o
crime de roubo, chegando em alguns casos a levar a erro e O constrangimento, seja exercido
confusão entre ambos. com o emprego de violência ou de
- O núcleo do tipo é o CONSTRANGIMENTO. grave ameaça, deve ter
- O agente deve agir com a finalidade e o intento de obter sempre uma finalidade especial: a
para si e para outrem, VANTAGEM ECONÔMICA. obtenção de indevida vantagem
- A vantagem econômica deve ser entendida aqui em econômica, para si ou para
SENTIDO AMPLO, ABARCANDO COISA MÓVEL COMO NO outrem.
CRIME DE ROUBO. (Rogerio Greco)
Os elementos que integram o delito de extorsão, a saber:
a) constrangimento, constituído pela violência física (vis
corporalis) ou grave ameaça (vis compulsiva), obrigando a
vítima a fazer, tolerar que se faça ou a deixar de fazer
alguma coisa;
b) especial fim de agir, caracterizado pela finalidade do agente
em obter indevida vantagem econômica, para si ou para
outrem. Analisando portanto o crime de
furto, roubo e extorsão Art. 158 é
- É imprescindível que esses elementos estejam conectados bem mais amplo haja vista que
para que o crime não caia no delito tipificado no Art. abrange não só a coisa móvel
146°;CP (CONSTRANGIENTO ILEGAL). corpórea de outrem, mas
todo interesse ou direito patrimonial
alheio, tratando-se, de crime
contra o patrimônio em geral.

Constrangimento ilegal
Art. 146°;CP=
Constranger alguém, mediante violência  Classificação doutrinária:
ou grave ameaça, ou depois de lhe - Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito
haver reduzido, por qualquer outro ativo quanto ao sujeito passivo;
meio, a capacidade de resistência, a não - De dano (embora Fragoso concluísse que “o crime se
fazer o que a lei permite, ou a fazer o consuma com o resultado do constrangimento, isto é,
que ela não manda: com a ação ou omissão que a vítima é constrangida a
Pena - detenção, de três meses fazer, omitir ou tolerar que se faça e, por isso,
a um ano, ou multa. pode-se dizer que, em relação ao patrimônio, este
crime é de perigo”);
- Doloso;
- Formal;

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- Entende-se portanto que a obtenção de vantagem é
Continuação mero exaurimento do crime, tendo repercussão e
importância no momento da dosimetria da pena, nas
circunstâncias judicias elencadas no Art. 59°; CP.

O bem jurídico protegido pelo


dispositivo, é analisado como no
delito de rouco, sendo considerado
complexo, pois abrange mais de um Súmula nº 96/ STJ
bem jurídico; figuras típicas. Assim O crime de extorsão consuma-se
o primeiro deles é a liberdade independentemente da obtenção da
individual, a integridade física e vantagem indevida.
psíquica da vítima, e por fim o
patrimônio em um sentido geral e
mais amplo,

Art. 158°;CP= Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes


Constranger alguém, mediante e Rogério Sanchez Cunha
violência ou grave ameaça, e com o prelecionam que:
intuito de obter para si ou para “A tentativa é perfeitamente
outrem indevida vantagem possível, pois a extorsão não se
econômica, a fazer, tolerar que se perfaz num
faça ou deixar de fazer alguma único ato, apresentando um
coisa: caminho a ser percorrido (delito
Pena - reclusão, de quatro a dez plurissubsistente).”
anos, e multa.

 Consumação e tentativa: - No crime de extorsão é imprescindível o


- O delito de extorsão trata-se de crime formal, no qual o comportamento da vítima, para que o agente
crime se consuma-se no momento em que o agente consiga o que pretende, diferente do crime de
pratica a conduta núcleo do tipo CONSTRANGER a vítima, roubo, onde, se a vítima não quer/não der, você
obrigando a fazer, tolerar que se FAÇA OU DEIXA DE subtraia ou mata.
FAZER ALGUMA COISA. - Ou seja, O AGENTE PRECISA DA VÍTIMA.

ROUBO X EXTORSÃO
- PRTATICADO A TÍTULO DE DOLO, NÃO EXISTINDO
PREVISÃO LEGAL DE CULPA.
Isto é, quando a vítima assume um
comportamento positivo ou negativo,
contra a sua vontade, impelida que
pela conduta violenta ou ameaçadora
do agente, tem-se
por consumado o delito.

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- Sequestro relâmpago:
Continuação - Na atualidade ainda há discussão doutrinaria
em relação a ação da vítima, para que o
agente tenha a obtenção da vantagem
 Causas de aumento de pena:
indevida.
- Art. 158; §2°;CP - A Lei nº 11.923, de 17 de abril de 2009, como
- As causa de aumento é divida em duas: dissemos, criou outra modalidade qualificada de
- Aumenta-se a pena de 1/3 até metade. extorsão, acrescentando o § 3º do art. 158°
1- Concurso de duas ou mais pessoas no cometimento do do Código Penal, tipificando o delito de
crime: sequestro relâmpago.
- Tem a mesma ideia trazida e já discutida na majorante do - Há necessidade de que a vítima tenha sido
crime de roubo e do furto. privada de sua liberdade, e essa condição seja
- Nas hipóteses de roubo e extorsão, será exigida a necessária para obtenção da vantagem
presença dos agentes durante a prática dos atos materiais econômica.
de execução das respectivas infrações penais. - Tempo razoável.
2- Se o crime é cometido com o emprego de arma:
- Arma, de que cuida também o § 1º do art. 158 do Código
Penal, pode ser tanto a própria, que é a precipuamente
destinada ao ataque ou à defesa, bem como a imprópria,
que, embora não tendo essa finalidade precípua, serve Por outro lado, a privação da
também a esse fim. liberdade da vítima deve ser
- A simples demonstração de estar armado já é motivo um meio, ou seja, uma
suficiente para caia nas hipóteses de aumento de pena no condição
crime de extorsão. necessária para que o agente
tenha sucesso na obtenção da
vantagem econômica.

Art. 158°; CP;§1º=


Se o crime é cometido por
duas ou mais pessoas, ou com
emprego de arma, aumenta-
se a pena de um terço até
metade. Art. 158°; § 3°; CP=
Se o crime é cometido mediante a
restrição da liberdade da vítima, e
essa condição é necessária para a
 Modalidades qualificadas: obtenção da vantagem econômica, a
pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se
resulta lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas
Art.158°;§ 2º;CP= previstas no art. 159°, §§ 2° e 3°
Aplica-se à extorsão praticada respectivamente
mediante violência o disposto no
§ 3º do artigo anterior.
Crime de roubo

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Continuação

- Diferencia-se da ESTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO


(Art.159°;CP), pois nele o agente priva a liberdade da vítima e
exige dinheiro para lhe devolver a liberdade da vítima e exige
dinheiro para lhe devolver a liberdade, já no sequestro
relâmpago priva a liberdade da vitima para alcançar a
vantagem indevida.
- Sequestro relâmpago quando resulta morte não é crime
hediondo(2° parte; §3°).

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Art./Súmulas
Observações
Continuação
Títulos
Aula 03- Extorsão mediante sequestro. Atenção
Subtítulos

Aula03
- Forma qualificada:
- Quando o sequestro dura mais de 24 horas.
Art. 159°;CP= - Quando a vítima for menor de 18 anos.
Sequestrar pessoa(dolo - Quando a vítima for maior de 60 anos.
genérico) com o fim de - Quando cometido por quadrilha ou bando.
obter(dolo específico), para - Quando resulta lesão corporal ou morte.
si ou para outrem, qualquer - Na delação premiada do =4° do dispositivo é
vantagem, como condição ou imprescindível facilitar a libertação do sequestrado.
preço do
resgate: § 1° -Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
Pena - reclusão, de oito a horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
quinze anos.. de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por
bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
- A ausência do de dolo específico o delito insculpido do Art. grave:
148°; CP(sequestro ou cárcere privado). Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta
Art. 148°;CP= anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente
Privar alguém de sua liberdade, que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
mediante sequestro ou cárcere sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
privado: terços.
Pena - reclusão, de um a três
anos.

- Crime permanente; flagrante enquanto não cessar a


permanência.
- Crime hediondo em qualquer modalidade, seja simples ou
qualificada.
- Consumação: coma privação da liberdade(arrebatamento da
vítima independente da obtenção da vantagem( deve ser
financeira/econômica/patrimonial.
- Crime formal.
- Nos crimes de extorsão mediante sequestro, a obtenção da
vantagem é mero exaurimento do crime, possibilitando o
juiz a aplicar uma pena acima do mínimo legal.- 1° fase da
dosimetria.

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