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104 Julgados exportados

Tribunal: STF, Ano: 2023,

Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Princípios constitucionais Tema: Dignidade da


Pessoa Humana Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1120

A plena proteção constitucional à liberdade de imprensa é consagrada pelo binômio liberdade


com responsabilidade, vedada qualquer espécie de censura prévia. Admite-se a possibilidade
posterior de análise e responsabilização, inclusive com remoção de conteúdo, por informações
comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas, e em relação a eventuais
danos materiais e morais. Isso porque os direitos à honra, intimidade, vida privada e à própria
imagem formam a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana, salvaguardando um
espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas.

Na hipótese de publicação de entrevista em que o entrevistado imputa falsamente prática de


crime a terceiro, a empresa jornalística somente poderá ser responsabilizada civilmente se: (i) à
época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação; e (ii) o veículo deixou
de observar o dever de cuidado na verificação da veracidadedos fatos e na divulgação da
existência de tais indícios. RE 1.075.412/PE, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão
Ministro Edson Fachin, julgamento finalizado em 29.11.2023 (Tema 995 - Repercussão Geral)
(Info 1120 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Execução contra a Fazenda
Pública Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1120

É aplicável às condenações da Fazenda Pública envolvendo relações jurídicas não tributárias o


índice de juros moratórios estabelecido no art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997, na redação dada pela
Lei n. 11.690/2009, a partir da vigência da referida legislação, mesmo havendo previsão diversa
em título executivo judicial transitado em julgado. RE 1.317.982/ES, relator Ministro Nunes
Marques, julgamento virtual finalizado em 11.12.2023 (segunda-feira), às 23:59. (Tema 1170 -
Repercussão Geral) (Info 1120 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Ascensão funcional


(transposição) Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1119

Desde que preenchidos os requisitos legais, os servidores aposentados em cargo de Assistente


Jurídico da Administração Direta antes do advento da Lei nº 9.028/95 possuem o direito à
transposição ao cargo de Assistente Jurídico do quadro da Advocacia-Geral da União,
transformado no cargo de Advogado da União pela Lei nº 10.549/02, com o apostilamento
dessa denominação ao título de inatividade. RE 682.934/DF, relator Ministro Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-feira), às 23:59. (Tema 553 - Repercussão
Geral) (Info 1119 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Concurso Público Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1119

É inconstitucional a vedação à posse em cargo público de candidato(a) aprovado(a) que,


embora tenha sido acometido(a) por doença grave, não apresenta sintoma incapacitante nem
possui restrição relevante que impeça o exercício da função pretendida (CF, arts. 1º, III, 3º, IV, 5º,
caput, 37, caput, I e II). RE 886.131/MG, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento
finalizado em 30.11.2023. (Tema 1.015 - Repercussão Geral) (Info 1119 - STF)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidade do fornecedor Tema:


Indenização Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1119

Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais


limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as
Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do
Consumidor. O presente entendimento não se aplica às hipóteses de danos extrapatrimoniais.
ARE 766.618 ED/SP, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 30.11.2023.
(Tema 210 - Repercussão Geral) (Info 1119 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1119

A aplicação da LC 190/2022, que regulamentou a cobrança do Diferencial de Alíquotas do ICMS


(Difal), não precisa observar os prazos constitucionais de anterioridade anual e nonagesimal,
porque não houve instituição ou majoração de tributo. No entanto, o legislador complementar
pode determinar prazo de 90 dias para a cobrança do Difal/ICMS de forma a garantir maior
previsibilidade para os contribuintes. ADI 7.066/DF, ADI 7.070/DF e ADI 7.078/CE, relator
Ministro Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 29.11.2023. (Info 1119 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Repartição de competência


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1119
É inconstitucional lei municipal que estabelece a obrigação da implantação, nos shopping
centers, de ambulatório médico ou serviço de pronto-socorro equipado para o atendimento de
emergência. RE 833.291/SP, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em
1º.12.2023 (sexta-feira), às 23:59. ARE 766.618 ED/SP, relator Ministro Luís Roberto Barroso,
julgamento finalizado em 30.11.2023. (Tema 1.051 - Repercussão Geral) (Info 1119 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1118

A cobrança do ICMS-DIFAL de empresas optantes do Simples Nacional deve ter fundamento em


lei estadual em sentido estrito. ARE 1.460.254/GO, relator Ministro Presidente, julgamento virtual
finalizado em 21.11.2023 (Tema 1.284 - Repercussão Geral). (Info 1118 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Foro por prerrogativa de função Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 1117

A instauração de inquérito e demais atos investigativos em desfavor de agentes públicos


detentores de foro por prerrogativa de função depende da prévia autorização do órgão judicial
competente pela supervisão das investigações penais originárias. ADI 7.447/PA, relator Ministro
Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-feira), às 23:59 (Info
1117 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais Tema: Direito a


igualdade Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1117

Encontram-se presentes os requisitos para a concessão da medida cautelar, pois: (i) há


plausibilidade jurídica no direito alegado pelo requerente, visto que o percentual de 10%
reservado às candidatas do sexo feminino é reduzido e parece afrontar os ditames
constitucionais que garantem a igualdade de gênero (CF/1988, art. 3º, IV; art. 5º, I; art. 7º, XXX
c/c o art. 39, § 3º); e (ii) há perigo da demora na prestação jurisdicional, dada a informação de
que está em andamento o concurso público para provimento de vagas no curso de formação de
soldados e que é iminente a reaplicação da prova objetiva, anteriormente anulada por evidência
de fraude. ADI 7.483 MC-Ref/RJ, relator Ministro Cristiano Zanin, julgamento virtual finalizado
em 20.11.2023

(segunda-feira), às 23:59. (Info 1117 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Funções Essenciais à Justiça Tema: Ministério
Público Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1117

A incorporação de vantagens pessoais decorrentes do exercício pretérito de função de direção,


chefia ou assessoramento, bem como o acréscimo de 20% ao cálculo dos proventos de
aposentaria para aqueles que se aposentam no último nível da carreira, afrontam o regime
constitucional de subsídio. 3.834/DF, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 20.11.2023 (segunda-feira), às 23:59. (Info 1117 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Funções Essenciais à Justiça Tema: Ministério


Público Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1116

É formalmente inconstitucional — por não observar a exigência de reserva de lei complementar


(CF/1988, art. 128, § 5º) — lei ordinária estadual, aprovada na vigência da atual ordem
constitucional, que organiza e disciplina as atribuições e regulamenta o Estatuto dos respectivos
membros do Ministério Público. ADI 3.194/RS, relator Ministro Nunes Marques, julgamento
virtual finalizado em 10.11.2023 (sextafeira), às 23:59. (Info 1116 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Competência da União


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1116

É inconstitucional — por conflitar com o modelo estabelecido pela União no exercício de sua
competência para legislar sobre normas gerais referentes à assistência jurídica e à Defensoria
Pública (CF/1988, art. 24, XIII) — norma estadual que prevê a livre nomeação e exoneração, pelo
governador, dos cargos de Defensor Público-Geral e do Subdefensor Público-Geral locais,
escolhidos dentre advogados com reconhecido saber jurídico e idoneidade. ADI 4.982/RN,
relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 10.11.2023 (sextafeira), às
23:59. (Info 1116 - STF)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Direito de Família Tema: Separação e Divórcio Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 1116

Após a promulgação da EC nº 66/2010, a separação judicial não é mais requisito para o divórcio
nem subsiste como figura autônoma no ordenamento jurídico. Sem prejuízo, preserva-se o
estado civil das pessoas que já estão separadas, por decisão judicial ou escritura pública, por se
tratar de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CF). RE 1.167.478/RJ, relator Ministro Luiz Fux,
julgamento finalizado em 8.11.2023. (Info 1116 - STF)
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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Agente público Tema: Servidor Público Civil
Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1113

“I - É constitucional a aplicação do piso salarial nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e


Agentes de Combate às Endemias, instituído pela Lei 12.994/2014, aos servidores estatutários
dos entes subnacionais, em consonância com o art. 198, §5º, da Constituição Federal, com a
redação dada pelas Emendas Constitucionais 63/2010 e 120/2022, cabendo à União arcar com
os ônus da diferença entre o piso nacional e a legislação do ente municipal;

II - Até o advento da Lei 9.646/2022, a expressão ‘piso salarial’ para os Agentes Comunitários de
Saúde e Agentes de Combate às Endemias corresponde à remuneração mínima, considerada,
nos termos do art. 3º, inciso XIX, da Lei 8.629/2014, somente a soma do vencimento do cargo e
da gratificação por avanço de competências.”

RE 1.279.765/BA (Tema 1.132 RG)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra o patrimônio Tema: Apropriação Indébita
Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1113

Não comete o crime de apropriação indébita (CP/1940, art. 168, § 1º, II), pois ausente a
elementar “coisa alheia”, o sócio-administrador, nomeado depositário judicial, que deixa de
transferir o montante penhorado do faturamento da empresa para a conta judicial determinada
pelo juízo da execução. HC 215.102/PR, relator Ministro Dias Toffoli, redator do acordão Ministro
Nunes Marques, julgamento finalizado em 17.10.2023. (Info 1113 - STF)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Legislação Especial Penal Tema: Lei de Drogas (Lei
11.343/06) Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1113

É impositiva a fixação do regime aberto e a substituição da pena privativa de liberdade por


restritiva de direitos quando reconhecida a figura do tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei
11.343/2006) e ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria (art. 59 do CP),
observados os requisitos do art. 33, § 2º, ‘c’, e do art. 44, ambos do Código Penal. PSV 139/DF,
relator Ministro Presidente, julgamento finalizado em 19.10.2023 (Info 1113 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Desapropriação Tema: Indenização Tribunal: STF


Ano: 2023 Informativo: 1113

“No caso de necessidade de complementação da indenização, ao final do processo


expropriatório, deverá o pagamento ser feito mediante depósito judicial direto se

o Poder Público não estiver em dia com os precatórios.”

RE 922.144/MG (Tema 865 RG)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Eleições Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1113

É inconstitucional a omissão do poder público em ofertar, nas zonas urbanas em dias de


eleições, transporte público coletivo de forma gratuita e em frequência compatível com aquela
praticada em dias úteis. ADPF 1.013/DF, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento
finalizado em 18.10.2023. (Info 1113 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Competência da União


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1112

"É inconstitucional — por invadir a competência da União privativa para legislar sobre
telecomunicações (CF/1988, art. 22, IV) e exclusiva para definir a forma e o modo da exploração
desses serviços (CF/1988, art. 21, XI c/c o art. 175) — legislação municipal que estabelece a
obrigatoriedade de condicionantes para a instalação e o funcionamento de antenas, postes,
torres, contêineres e demais equipamentos relacionados às Estações Transmissoras de
Radiocomunicação (ETR)."

ADPF 1063/SP - Informativo 1112 STF

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Controle de Constitucionalidade Tema: Ação Direta


de Inconstitucionalidade - ADI Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1112

"É inconstitucional — por limitar o poder de iniciativa do chefe do Poder Executivo (CF/1988, art.
61, § 1º, II, “b” c/c o art. 165, III) — lei estadual que obriga a inclusão, na lei orçamentária anual,
das escolhas manifestadas pela população, em consulta direta, no que diz respeito à destinação
de parcela voltada a investimentos de interesses regional e municipal."

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Federais Tema: IOF Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1111

É constitucional a incidência do IOF sobre operações de crédito correspondentes a mútuo de


recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física, não se
restringindo às operações realizadas por instituições financeiras.RE 590.186/RS, relator Ministro
Cristiano Zanin, julgamento virtual finalizado em 6.10.2023 (Info 1111 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Concurso Público Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1111

A suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15, III, da Constituição Federal
(‘condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos’) não impede a
nomeação e posse de candidato aprovado em concurso público, desde que não incompatível
com a infração penal praticada, em respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e do
valor social do trabalho (CF, art. 1º, III e IV) e do dever do Estado em proporcionar as condições
necessárias para a harmônica integração social do condenado, objetivo principal da execução
penal, nos termos do artigo 1º da LEP (Lei nº 7.210/84). O início do efetivo exercício do cargo
ficará condicionado ao regime da pena ou à decisão judicial do juízo de execuções, que
analisará a compatibilidade de horários.

RE 1.282.553/RR, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 4.10.2023


(Info 1111 - STF)

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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Dano ambiental Tema: Indenização Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 1110

É constitucional norma estadual que, independentemente da obrigação de reparar o dano,


condicione a exploração de recursos minerais ao pagamento de indenização monetária pelos
danos causados ao meio ambiente. Contudo, viola o texto constitucional o estabelecimento de
fato gerador dessa indenização que se confunda com o da compensação financeira (CF/1988,
art. 20, § 1º), o de taxas relativas ao poder de polícia ou com o de qualquer outra espécie
tributária.ADI 4.031/PA, relatora Ministra Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023
(Info 1110 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Ordem Social Tema: População Indígena Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1110
I – A demarcação consiste em procedimento declaratório do direito originário territorial à posse
das terras ocupadas tradicionalmente por comunidade indígena; II – A posse tradicional
indígena é distinta da posse civil, consistindo na ocupação das terras habitadas em caráter
permanente pelos indígenas, nas utilizadas para suas atividades produtivas, nas imprescindíveis
à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e nas necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições, nos termos do § 1º do
artigo 231 do texto constitucional; III – A proteção constitucional aos direitos originários sobre
as terras que tradicionalmente ocupam independe da existência de um marco temporal em 05
de outubro de 1988 ou da configuração do renitente esbulho, como conflito físico ou
controvérsia judicial persistente à data da promulgação da Constituição; IV – Existindo
ocupação tradicional indígena ou renitente esbulho contemporâneo à promulgação da
Constituição Federal, aplica-se o regime indenizatório relativo às benfeitorias úteis e
necessárias, previsto no § 6º do art. 231 da CF/88; V – Ausente ocupação tradicional indígena
ao tempo da promulgação da Constituição Federal ou renitente esbulho na data da promulgação
da Constituição, são válidos e eficazes, produzindo todos os seus efeitos, os atos e negócios
jurídicos perfeitos e a coisa julgada relativos a justo título ou posse de boa-fé das terras de
ocupação tradicional indígena, assistindo ao particular direito à justa e prévia indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, pela União; e, quando inviável o reassentamento dos
particulares, caberá a eles indenização pela União (com direito de regresso em face do ente
federativo que titulou a área) correspondente ao valor da terra nua, paga em dinheiro ou em
títulos da dívida agrária, se for do interesse do beneficiário, e processada em autos apartados do
procedimento de demarcação, com pagamento imediato da parte incontroversa, garantido o
direito de retenção até o pagamento do valor incontroverso, permitidos a autocomposição e o
regime do § 6º do art. 37 da CF; VI – Descabe indenização em casos já pacificados, decorrentes
de terras indígenas já reconhecidas e declaradas em procedimento demarcatório, ressalvados
os casos judicializados e em andamento; VII – É dever da União efetivar o procedimento
demarcatório das terras indígenas, sendo admitida a formação de áreas reservadas somente
diante da absoluta impossibilidade de concretização da ordem constitucional de demarcação,
devendo ser ouvida, em todo caso, a comunidade indígena, buscando-se, se necessário, a
autocomposição entre os respectivos entes federativos para a identificação das terras
necessárias à formação das áreas reservadas, tendo sempre em vista a busca do interesse
público e a paz social, bem como a proporcional compensação às comunidades indígenas (art.
16.4 da Convenção 169 OIT); VIII – A instauração de procedimento de redimensionamento de
terra indígena não é vedada em caso de descumprimento dos elementos contidos no artigo 231
da Constituição da República, por meio de pedido de revisão do procedimento demarcatório
apresentado até o prazo de cinco anos da demarcação anterior, sendo necessário comprovar
grave e insanável erro na condução do procedimento administrativo ou na definição dos limites
da terra indígena, ressalvadas as ações judiciais em curso e os pedidos de revisão já
instaurados até a data de conclusão deste julgamento; IX – O laudo antropológico realizado nos
termos do Decreto nº 1.775/1996 é um dos elementos fundamentais para a demonstração da
tradicionalidade da ocupação de comunidade indígena determinada, de acordo com seus usos,
costumes e tradições, na forma do instrumento normativo citado; X – As terras de ocupação
tradicional indígena são de posse permanente da comunidade, cabendo aos indígenas o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e lagos nelas existentes; XI – As terras de
ocupação tradicional indígena, na qualidade de terras públicas, são inalienáveis, indisponíveis e
os direitos sobre elas imprescritíveis; XII – A ocupação tradicional das terras indígenas é
compatível com a tutela constitucional do meio ambiente, sendo assegurado o exercício das
atividades tradicionais dos povos indígenas; XIII – Os povos indígenas possuem capacidade civil
e postulatória, sendo partes legítimas nos processos em que discutidos seus interesses, sem
prejuízo, nos termos da lei, da legitimidade concorrente da FUNAI e da intervenção do Ministério
Público como fiscal da lei. RE 1.017.365/SC, relator Ministro Edson Fachin, julgamento finalizado
em 27.9.2023 (Info 1110 - STF)
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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1110

Em decorrência do princípio constitucional tributário da anterioridade anual (CF/1988, art. 62, §


2º c/c o art. 150, III, “b”), a cobrança de aumento da alíquota geral de ICMS de operações
internas estadual, quando decorrer da edição de uma medida provisória, somente produzirá
efeitos no exercício financeiro seguinte ao que ocorrer a conversão em lei.ADI 7.375/TO, relator
Ministro André Mendonça, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023 (Info 1110 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Princípios tributários Tema: Limitação ao Poder de


Tributar Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1109

A majoração escalonada de 11% para 14% da alíquota de contribuição previdenciária de


servidores públicos estaduais ativos, inativos e pensionistas, e de militares, destinada a custear
o Regime Próprio de Previdência Social, revela-se razoável e proporcional, de modo que não
ofende o princípio tributário da vedação ao confiscoADI 5.944/CE, relator Ministro André
Mendonça, julgamento virtual finalizado em 22.9.2023 (Info 1109 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Funções Essenciais à Justiça Tema: Advocacia


Pública Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1109

Não ofende a Constituição Federal a previsão, em ato normativo estadual, de obrigatoriedade de


escolha do Procurador-Geral do Estado entre os integrantes da respectiva carreira.ADI 3.056/RN,
relator Ministro Nunes Marques, redator do acórdão Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 22.9.2023 (Info 1109 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Precatórios Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo:
1109

O deferimento de sequestro de rendas públicas para pagamento de precatório deve se restringir


às hipóteses enumeradas taxativamente na Constituição Federal de 1988.RE 840.435/RS, relator
Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 22.9.2023 (Info 1109- STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Federais Tema: IRPJ Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1109

A majoração da alíquota para o custeio do Regime Próprio de Previdência Social de servidores


públicos estaduais de 10% para 13,50% e, posteriormente, para 14%, revela-se razoável e
proporcional, de modo que não produz efeito confiscatório nem atenta contra o princípio da
irredutibilidade remuneratória.ADI 2.521/PE, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual
finalizado em 22.9.2023 (Info 1109 - STF)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1108

É constitucional — por não violar as regras do sistema constitucional de repartição de


competências — lei estadual que fixa limite de tempo proporcional e razoável para o
atendimento de consumidores em estabelecimentos públicos e privados, bem como prevê a
cominação de sanções progressivas na hipótese de descumprimento.ADI 2.879/SC, relator
Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 15.9.2023 (Info 1108 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Crédito Tributário Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1108

Não se mostra admissível a restituição administrativa do indébito reconhecido na via judicial,


sendo indispensável a observância do regime constitucional de precatórios, nos termos do art.
100 da Constituição Federal.RE 1.420.691/SP, relatora Ministra Presidente, julgamento finalizado
no Plenário Virtual em 21.8.2023 (Info 1108 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1107

É inconstitucional — por violar a proibição da discriminação tributária entre bens e serviços em


razão de sua procedência ou destino (CF/1988, art. 152) — norma estadual que concede
benefícios fiscais de ICMS em operações que envolvam produtos originados em seu próprio
território.ADI 5.363/MG, relator Ministro Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 11.9.2023
(Info 1107 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Municipais Tema: ISS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1107

É constitucional a cobrança do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre a


franquia postal.ADI 4.784/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em
11.9.2023 (Info 1107 - STF)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Aposentadoria Tribunal: STF Ano: 2023


Informativo: 1106

É inconstitucional — por invadir a iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo (CF/1988, art.
61, II, “c” e “e”) e a competência privativa da União legislar sobre seguridade social e sobre
diretrizes e bases da educação nacional (CF/1988, art. 22, XXIII e XXIV), bem como por violar o
núcleo da norma que restringe a aposentadoria especial a funções de magistério (CF/1988, art.
40, § 5º) — lei estadual, de iniciativa parlamentar, que estende essa modalidade de
aposentadoria para atividades administrativas, técnico-pedagógicas e outras que não
propriamente a de professor, inclusive a de representação associativa ou sindical.ADI 856/RS,
relator Ministro Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 1º.9.2023 (Info 1106 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Princípios processuais penais Tema: Juiz das
Garantias Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1106

É constitucional o art. 3º da Lei 13.964/2019 (Lei Anticrime), especificamente quanto à


instituição e à implementação do juiz das garantias no processo penal brasileiro, porquanto trata
de questões atinentes ao processo penal, matéria da competência legislativa privativa da União
(CF/1988, art. 22, I), que tem natureza cogente sobre todos os entes federativos e os Poderes da
República. No entanto, é formalmente inconstitucional — por configurar invasão desarrazoada à
autonomia administrativa e ao poder de auto-organização do Judiciário (CF/1988, art. 96, I) — a
introdução do parágrafo único do art. 3º-D do CPP, que impõe a criação de um “sistema de
rodízio de magistrados” nas comarcas em que funcionar um único juiz.ADI 6.298/DF, relator
Ministro Luiz Fux, julgamento finalizado em 24.8.2023 (Info 1106 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Funções Essenciais à Justiça Tema: Ministério


Público Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1106

É constitucional — pois revela opção política do legislador, adotada em conformidade com a


margem de discricionariedade atribuída pela própria Constituição Federal de 1988 — dispositivo
de lei orgânica estadual que dispensa a formação de lista tríplice para nomeação do Procurador-
Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas estadual.ADI 4.427/AM, relatora Ministra
Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 1º.9.2023 (Info 1106 - STF)

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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Dano ambiental Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo:
1106

É imprescritível a pretensão de ressarcimento ao erário decorrente da exploração irregular do


patrimônio mineral da União, porquanto indissociável do dano ambiental causado.RE 1.427.694/
SC, relatora Ministra Presidente, julgamento finalizado no Plenário Virtual em 1º.9.2023 (Info
1106 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Poder Judiciário Tema: Conselho Nacional do


Ministério Público Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1106

É constitucional o estabelecimento, por resolução do CNPM, de cautelas procedimentais para


proteção de dados sigilosos e garantia da efetividade dos elementos de prova colhidos via
interceptação telefônica.ADI 5.315/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 1º.9.2023 (Info 1106 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Desapropriação Tribunal: STF Ano: 2023


Informativo: 1106

São constitucionais os artigos 6º e 9º da Lei 8.629/1993, que exigem a presença simultânea do


caráter produtivo da propriedade e da função social como requisitos para que determinada
propriedade seja insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária.ADI 3.865/DF,
relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 1º.9.2023 (Info 1106 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1104

“É inconstitucional, por violação do art. 132 da CF, a criação de órgão ou de cargos jurídicos fora
da estrutura da Procuradoria do Estado, com funções de representação judicial, consultoria ou
assessoramento jurídico de autarquias e fundações públicas estaduais.”ADI 7.380/AM, relator
Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 21.8.2023 (Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Poder Judiciário Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1104

“É constitucional a disposição do Conselho Nacional de Justiça que prevê a facultatividade de


representação por advogado ou defensor público nos Centros Judiciários de Solução de
Conflitos e Cidadania (CEJUSCs).”ADI 6.324/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento
virtual finalizado em 21.8.2023 (Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Juiz e Auxiliares da justiça Tema: Suspeição e
Impedimento Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1104

É inconstitucional — por violar os princípios do juiz natural, da razoabilidade e da


proporcionalidade — o inciso VIII do art. 114 do Código de Processo Civil (CPC/2015), que
estabelece que o magistrado está impedido de atuar nos processos em que a parte seja cliente
do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, ainda que essa mesma parte seja
representada por advogado de escritório diverso.ADI 5.953/DF, relator Ministro Edson Fachin,
redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.8.2023 (Info
1104 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Contratos Administrativos Tema: Concessão


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1104

É inconstitucional — por ultrapassar a prerrogativa pautada na mera reorganização


administrativa (CF/1988, art. 84, VI, “a” e “b”) e ofender o princípio da reserva legal (CF/1988, art.
48, X, c/c o art. 61, § 1º, II, “a”) — norma estadual que autoriza a transformação, mediante
decreto ou outro ato normativo infralegal, de funções de confiança em cargos em comissão ou
vice-versa.ADI 6.180/SE, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 14.8.2023
(Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Responsabilidade Civil do Estado Tema:


Responsabilidsade por Omissão Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1104
Configura omissão normativa quanto às obrigações referentes à ativação do Fundo Amazônia,
em patente inobservância ao art. 225, § 4º, da Constituição Federal de 1988, o inadimplemento
dos deveres constitucionais de tutela do meio ambiente pela União, materializado na ausência
de políticas públicas adequadas para a proteção da Amazônia Legal e na desestruturação
institucional daquelas formuladas em períodos antecedentes.ADO 59/DF, relatora Ministra Rosa
Weber, julgamento finalizado em 3.11.2022 (Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Concurso Público


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1104

É constitucional — por não caracterizar investidura em cargo público nem formação de novo
vínculo jurídico concomitante com a inatividade (CF/1988, arts. 37, II, XVI e § 10; e 42, § 3º) —
norma estadual que permite o aproveitamento transitório e por prazo certo de policiais militares
da reserva remunerada em tarefas relacionadas ao planejamento e assessoramento no âmbito
da Polícia Militar ou para integrarem a segurança patrimonial em órgão da Administração
Pública.ADI 3.663/MA, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 21.8.2023
(Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Lei Maria da Penha Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo:
1104

É inconstitucional o entendimento de que eventual não comparecimento da vítima de violência


doméstica implica “retratação tácita” ou “renúncia tácita ao direito de representação.ADI 7.267/
DF, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 21.8.2023 (Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Poder Executivo Tema: Dupla vacância Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1104

Os Estados possuem autonomia relativa na solução normativa do problema da dupla vacância


da Chefia do Poder Executivo, não estando vinculados ao modelo e ao procedimento federal (art.
81, CF), mas tampouco pode desviar-se dos princípios constitucionais que norteiam a matéria,
por força do art. 25 da Constituição Federal devendo observar: (i) a necessidade de registro e
votação dos candidatos a Governador e Vice-Governador por meio de chapa única; (ii) a
observância das condições constitucionais de elegibilidade e das hipóteses de inelegibilidade
previstas no art. 14 da Constituição Federal e na Lei Complementar a que se refere o § 9º do art.
14; e (iii) que a filiação partidária não pressupõe a escolha em convenção partidária nem o
registro da candidatura pelo partido político; (iv) a regra da maioria, enquanto critério de
averiguação do candidato vencedor, não se mostra afetada a qualquer preceito constitucional
que vincule os Estados e o Distrito Federal.”ADPF 969/AL, relator Ministro Gilmar Mendes,
julgamento virtual finalizado em 14.8.2023 (Info 1104 - STF)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Contrato Individual de Trabalho Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1102

É constitucional — na medida em que privilegia a liberdade de escolha do trabalhador e reforça o


equilíbrio entre os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa — norma da “Reforma
Trabalhista” (Lei 13.467/2017) que permite, por meio de acordo individual escrito entre o
empregador e o trabalhador, a adoção da jornada de 12 horas de trabalho seguidas por 36 horas
ininterruptas de descanso.ADI 5.994/DF, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão
Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 30.6.2023 (Info 1102 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Jurisdição e competência Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1102

A Justiça Comum é competente para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o Poder
Público, em que se pleiteia parcela de natureza administrativa, modulando-se os efeitos da
decisão para manter na Justiça do Trabalho, até o trânsito em julgado e correspondente
execução, os processos em que houver sido proferida sentença de mérito até a data de
publicação da presente ata de julgamento.RE 1.288.440/SP, relator Ministro Roberto Barroso,
julgamento virtual finalizado em 30.6.2023 (Info 1102 - STF)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Aposentadoria Tema: Aposentadoria híbrida


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1102

É possível o reconhecimento do tempo de serviço rural mediante a apresentação de início de


prova material, desde que corroborado por testemunhos idôneos.AgInt no AREsp 2.147.830-SP,
Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 19/6/2023, DJe
30/6/2023.(Info 782 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Causas de Extinção da Punibilidade Tema: Prescrição


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1101

O prazo para a prescrição da execução da pena concretamente aplicada somente começa a


correr do dia em que a sentença condenatória transita em julgado para ambas as partes,
momento em que nasce para o Estado a pretensão executória da pena, conforme interpretação
dada pelo Supremo Tribunal Federal ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII,
da Constituição Federal) nas ADC 43, 44 e 54. ARE 848.107/DF, relator Ministro Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 30.6.2023 (Info 1101 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Empregado Público


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1101

São nulas — por violarem os princípios da separação dos Poderes e da legalidade — as decisões
judiciais que condicionam a rescisão de contratos de trabalho de empregados públicos não
estáveis à prévia conclusão de negociação coletiva, de modo a impedir que o estado federado
realize atos tendentes a descontinuar a atividade das fundações, sociedades de economia mista
e autarquias estaduais.

ADPF 486/RS, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 30.6.2023 (Info
1101 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais Tema: Direitos


Sociais Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1101

1. A intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas voltadas à realização de direitos


fundamentais, em caso de ausência ou deficiência grave do serviço, não viola o princípio da
separação dos Poderes. 2. A decisão judicial, como regra, em lugar de determinar medidas
pontuais, deve apontar as finalidades a serem alcançadas e determinar à Administração Pública
que apresente um plano e/ou os meios adequados para alcançar o resultado; 3. No caso de
serviços de saúde, o déficit de profissionais pode ser suprido por concurso público ou, por
exemplo, pelo remanejamento de recursos humanos e pela contratação de organizações sociais
(OS) e organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP).RE 684.612/RJ, relator
Ministro Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 30.6.2023 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1101 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Improbidade Administrativa Tribunal: STF Ano:


2023 Informativo: 1101

“É constitucional a utilização da colaboração premiada, nos termos da Lei 12.850/2013, no


âmbito civil, em ação civil pública por ato de improbidade administrativa movida pelo Ministério
Público, observando-se as seguintes diretrizes: (1) Realizado o acordo de colaboração premiada,
serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia
da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu
defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: regularidade,
legalidade e voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o
colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares, nos termos dos §§ 6º e 7º do
artigo 4º da referida Lei 12.850/2013; (2) As declarações do agente colaborador,
desacompanhadas de outros elementos de prova, são insuficientes para o início da ação civil
por ato de improbidade; (3) A obrigação de ressarcimento do dano causado ao erário pelo
agente colaborador deve ser integral, não podendo ser objeto de transação ou acordo, sendo
válida a negociação em torno do modo e das condições para a indenização; (4) O acordo de
colaboração deve ser celebrado pelo Ministério Público, com a interveniência da pessoa jurídica
interessada e devidamente homologado pela autoridade judicial; (5) Os acordos já firmados
somente pelo Ministério Público ficam preservados até a data deste julgamento, desde que haja
previsão de total ressarcimento do dano, tenham sido devidamente homologados em Juízo e
regularmente cumpridos pelo beneficiado.

ARE 1.175.650/PR, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em


30.6.2023 (Info 1101 - STF)

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Disciplina: Direito Econômico e Financeiro Assunto: Responsabilidade Fiscal Tribunal: STF


Ano: 2023 Informativo: 1101

As vedações à reposição de vacâncias de cargos públicos durante a vigência do Regime de


Recuperação Fiscal afrontam a autonomia dos estados e municípios, o princípio da
proporcionalidade, bem como o princípio da continuidade do serviço público. Contudo, a
realização de concursos públicos e o provimento de cargos pelos entes aderentes devem
respeitar os requisitos legais usuais: (a) autorização da autoridade estadual ou municipal
competente; (b) avaliação das prioridades do ente político; e (c) existência de viabilidade
orçamentária na admissão.

ADI 6.930/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 30.6.2023 (Info
1101 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Sistema Remuneratório


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1101

É constitucional o art. 23, caput, da Emenda Constitucional 103/2019, que fixa novos critérios de
cálculo para a pensão por morte no Regime Geral e nos Regimes Próprios de Previdência Social.
Em especial, o caput do artigo 23 da EC 103/2019, que determina que a pensão por morte
concedida a dependente de segurado do RGPS ou de servidor público federal será equivalente a
uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria recebida ou daquela a que teria direito se
fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10
pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100%.

ADI 7.051/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 23.6.2023 (Info
1101 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Poderes Administrativos Tema: Poder de Polícia


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1100

É inconstitucional — por invadir a competência privativa da União para dispor sobre normas
gerais de organização dos corpos de bombeiros militares e defesa civil (CF/1988, art. 22, XXI e
XXVIII c/c o art. 144, V e § 5º) — norma estadual que dispõe de forma contrária à legislação
federal vigente sobre esses assuntos e viabiliza a delegação de atividades tipicamente estatais
a organizações voluntárias de natureza privada. (ADI 5.354/SC, relator Ministro Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 23.6.2023)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Poder Executivo Tema: Dupla vacância Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1100

É inconstitucional — por violar o pressuposto da dupla vacância, previsto para o modelo federal e
cuja observância pelos estados-membros é obrigatória —, norma de Constituição estadual que
determina, em caso de vacância, eleição avulsa para o cargo de vice-governador pela
Assembleia Legislativa. .” (ADI 999/AL, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado
em 23.6.2023) (Info 1100 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Fixação de honorários advocatícios Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 1100

“1. É devido o pagamento de honorários sucumbenciais à Defensoria Pública, quando representa


parte vencedora em demanda ajuizada contra qualquer ente público, inclusive aquele que
integra; 2. O valor recebido a título de honorários sucumbenciais deve ser destinado,
exclusivamente, ao aparelhamento das Defensorias Públicas, vedado o seu rateio entre os
membros da instituição.” RE 1.140.005/RJ, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 23.6.2023. (Tema 1.002 - Repercussão Geral)(Info 1100 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais Tribunal: STF


Ano: 2023 Informativo: 1099
É inconstitucional lei estadual que (a) reduza o conceito de pessoas com deficiência previsto na
Constituição, na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de
estatura constitucional, e na lei federal de normas gerais; (b) desconsidere, para a aferição da
deficiência, a avaliação biopsicossocial por equipe multiprofissional e interdisciplinar prevista
pela lei federal; ou (c) exclua o dever de adaptação de unidade escolar para o ensino inclusivo.
ADI 7.028/AP, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 16.6.2023
(sexta-feira), às 23:59. (Info 1099 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Repartição das receitas tributárias Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1099

É inconstitucional, por violar o art. 161, II, da Constituição Federal de 1988, norma de lei
complementar que distribui os recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito
Federal (FPE) entre esses entes da Federação sem a devida promoção do respectivo equilíbrio
socioeconômico.(ADI 5.069/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em
16.6.2023) (Info 1099 - STF)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Regime Próprio de Previdência Social Tema: Regras
de transição Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1098

“Somente os servidores públicos civis detentores de cargo efetivo (art. 40, CF, na redação dada
pela EC 20/98) são vinculados ao regime próprio de previdência social, a excluir os estáveis nos
termos do art. 19 do ADCT e os demais servidores admitidos sem concurso público.” (RE
1.426.306/TO, relatora Ministra Presidente, julgamento finalizado no Plenário Virtual em
13.6.2023) (INFO 1098 - STF)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Concurso Público Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1097

A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui forma de provimento
derivado vedada pelo art. 37, II, da CF/88.ADI 5.510/PR, relator Ministro Roberto Barroso, redator
do acórdão Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 2.6.2023 (sexta-feira), às
23:59 (Info 1097 - STF)

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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Competências Tema: Licenciamento Ambiental
Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1097

É inconstitucional — por violar a competência da União privativa para legislar sobre


telecomunicações (CF/1988, art. 22, IV) e exclusiva para explorar esses serviços (CF/1988, art.
21, XI) — norma estadual que institui a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para a
instalação de Rede de Transmissão de Sistemas de Telefonia e de Estações Rádio Base (ERBs)
e Equipamentos de Telefonia sem Fio em seu território local.ADI 7.321/AL, relator Ministro
Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 2.6.2023 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1097 -
STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Extinção da punibilidade Tema: Graça Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1094

É inconstitucional — por violar os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa


(CF/1988, art. 37, “caput”) e por incorrer em desvio de finalidade — decreto presidencial que, ao
conceder indulto individual (graça em sentido estrito), visa atingir objetivos distintos daqueles
autorizados pela Constituição Federal de 1988, eis que observa interesse pessoal ao invés do
público - ADPFs 964/DF, 965/DF, 965/DF e 967/DF, todas de relatoria da Ministra Rosa Weber e
julgamentos finalizados em 10.5.2023 ( Info 1074 - STF).

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Repartição de competência


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1093

É constitucional – formal e materialmente – lei municipal que proíbe a soltura de fogos de


artifício e artefatos pirotécnicos produtores de estampidos.RE 1.210.727/SP, relator Ministro
Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 8.5.2023 (segunda-feira), às 23:59 (Info 1093 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Competência territorial


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1092

É inconstitucional a regra de competência que autoriza que entes subnacionais sejam


demandados em qualquer comarca do País, pois a fixação do foro deve se restringir aos seus
respectivos limites territoriais.

Deve ser conferida interpretação conforme a Constituição aos artigos 46, § 5º, e 52, parágrafo
único, ambos do CPC/2015, no sentido de que a competência seja definida nos limites
territoriais do respectivo estado ou do Distrito Federal, nos casos de promoção de execução
fiscal e de ajuizamento de ação em que qualquer deles seja demandado.

É inconstitucional a obrigatoriedade de os depósitos judiciais e de valores de RPVs serem


realizados somente em bancos oficiais (CPC/2015, arts. 535, § 3º, II; e 840, I). Essa
determinação viola os princípios da eficiência administrativa, da livre concorrência e da livre
iniciativa, assim como cerceia os entes federados, notadamente as justiças estaduais, quanto
ao exercício de suas autonomias.

É constitucional presunção de repercussão geral de recurso extraordinário que impugna acórdão


que tenha declarado inconstitucionalidade de tratado ou lei federal (CPC/2015, art. 1.035, § 3º,
III).

É constitucional a determinação de vincular a Administração Pública à efetiva aplicação de tese


firmada no julgamento de casos repetitivos relacionados à prestação de serviço delegado
(CPC/2015, arts. 985, § 2º; e 1.040, IV). Ao ampliar os diálogos institucionais entre as entidades
públicas, essa medida assegura maior efetividade no cumprimento de decisão judicial ao
mesmo tempo em que densifica direitos garantidos constitucionalmente..

ADI 5.492/DF e ADI 5.737/DF - ADI 5.492/DF, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual
finalizado em 24.4.2023 (segundafeira), às 23:59 ADI 5.737/DF, relator Ministro Dias Toffoli,
redator do acórdão Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 24.4.2023
(segunda-feira), às 23:59 (Info 1092 - STF).

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Competência Legislativa


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1091

É inconstitucional, por violação à competência legislativa privativa da União, a lei estadual que
autoriza a seus órgãos de segurança pública a alienação de armas de fogo a seus integrantes,
por meio de venda direta.ADI 7.004/AL, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 24.4.2023 (segunda-feira-feira), às 23:59 (Info 1091- STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais Tema: Liberdade


de expressão Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1090

É compatível com o sistema normativo-constitucional vigente, norma estadual que veda a


promoção ou a participação de policiais em manifestações de apreço ou desapreço a quaisquer
autoridades ou contra atos da Administração Pública em geral. (ADPF 734/PE, relator Ministro
Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 12.4.2023) (Info – 1090 – STF)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Ação de Investigação Judicial (AIJE) Tema: Condutas
Vedadas Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1089

É constitucional o entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) segundo o


qual é: (i) cabível a utilização da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) para apuração de
fraude à cota de gênero; e (ii) imperativa a cassação do registro ou do diploma de todos os
candidatos beneficiados por essa fraude. ADI 6.338/DF, relatora Ministra Rosa Weber,
julgamento virtual finalizado em 31.3.2023 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1089 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Prisões Tema: Prisão Especial Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 1089

É incompatível com a Constituição Federal de 1988 — por ofensa ao princípio da isonomia


(CF/1988, arts. 3º, IV; e 5º, “caput”) — a previsão contida no inciso VII do art. 295 do Código de
Processo Penal (CPP) que concede o direito a prisão especial, até decisão penal definitiva, a
pessoas com diploma de ensino superior - ADPF 334 (Info 1089 - STF).

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Responsabilidade Civil do Estado Tema:


Responsabilidade objetiva Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1089

No caso de vítima atingida por projétil de arma de fogo durante uma operação policial, é dever
do Estado, em decorrência de sua responsabilidade civil objetiva, provar a exclusão do nexo
causal entre o ato e o dano, pois ele é presumido.ARE 1.382.159 AgR/RJ, relator Ministro Nunes
Marques, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes (Info 1089 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Controle de Constitucionalidade Tema: Ação Direita


de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1089

Não configura inconstitucionalidade por omissão — por alegada ofensa aos princípios do
contraditório e da ampla defesa quanto à participação da sociedade civil no processamento das
ações declaratórias de constitucionalidade — o veto presidencial aos textos constantes do art.
17 e dos §§ 1º e 2º do art. 18 do projeto de lei convertido na Lei 9.868/1999. (ADI 2.154/DF,
relator Ministro Dias Toffoli, redatora do acórdão Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual
finalizado em 31.3.2023 e ADI 2.258/DF, relator Ministro Dias Toffoli, redatora do acórdão
Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 31.3.2023) (INFO - 1089 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Servidores Públicos Tema: nomeação Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1088

O candidato estrangeiro tem direito líquido e certo à nomeação em concurso público para
provimento de cargos de professor, técnico e cientista em universidades e instituições de
pesquisa científica e tecnológica federais, nos termos do art. 207, § 1º, da Constituição Federal,
salvo se a restrição da nacionalidade estiver expressa no edital do certame com o exclusivo
objetivo de preservar o interesse público e desde que, sem prejuízo de controle judicial,
devidamente justificada. (RE 1.177.699/SC, Rel. Ministro Edison Fachin, julgamento finalizado
em 24.3.2023, DJe em 08/03/2023 - Tema 1.032 RG) (Info - 1088 - STF).

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1088

O diferimento do ICMS relativo à saída do álcool etílico anidro combustível (AEAC) das usinas ou
destilarias para o momento da saída da gasolina C das distribuidoras (Convênios ICMS 80/1997
e 110/2007) não gera o direito de crédito do imposto para as distribuidoras. RE 781.926/GO,
relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 24.3.2023 (sexta-feira), às 23:59.
(Info 1088 - STF).

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Norma Penal em Branco Tema: Norma Penal em Branco
Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1088

O art. 268 do Código Penal veicula norma penal em branco que pode ser complementada por
atos normativos infralegais editados pelos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), respeitadas as respectivas esferas de atuação, sem que isso implique ofensa à
competência privativa da União para legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I) - ARE 1.418.846/
RS (Tema 1.246 - Repercussão Geral). (Info 1088 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Competência Legislativa


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1088

É inconstitucional, por violação à competência da União para legislar sobre direito civil e seguros
(CF/1988, art. 22, I e VII), lei estadual que estabelece obrigações contratuais para operadoras de
planos de saúde (ADI 7.208/MT, Rel. Ministro Roberto Barroso, julgamento em 24/03/2023, DJe
em 06/03/2023) (Info - 1088 - STF)
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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Extinção do crédito tributário Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1087

Repercussão Geral Tema 736. Tese fixada: “É inconstitucional a multa isolada prevista em lei
para incidir diante da mera negativa de homologação de compensação tributária por não
consistir em ato ilícito com aptidão para propiciar automática penalidade pecuniária.”

RE 796.939/RS, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 17.3.2023 (sexta-
feira), às 23:59.

Débito tributário: multa isolada pela não homologação de declaração de compensação. É


inconstitucional — por violar o direito fundamental de petição e o princípio da proporcionalidade
— a aplicação de multa isolada pela mera não homologação de declaração de compensação
quando não caracterizados má-fé, falsidade, dolo ou fraude.

ADI 4.905/DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 17.3.2023 (sexta-
feira), às 23:59. (Info 1087 - STF).

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1087

Exercício da advocacia em causa própria por policiais e militares. É inconstitucional — por


ofensa aos princípios da isonomia, da moralidade e da eficiência administrativa — norma que
permite o exercício da advocacia em causa própria, mediante inscrição especial na OAB, aos
policiais e militares da ativa, ainda que estritamente para fins de defesa e tutela de direitos
pessoais. ADI 7.272/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em
17.3.2023 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1087 - STF).

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Funções Essenciais à Justiça Tema: Advocacia


Pública Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1086

É inconstitucional norma de Constituição estadual que, após o advento da Constituição Federal


de 1988, cria órgão de assessoramento jurídico auxiliar (“Assessoria Jurídica estadual”) em
caráter permanente e vinculado expressamente à Procuradoria-Geral do estado, às quais
compete o exercício de atividades de representação judicial, consultoria e assessoramento
jurídico.ADI 6.500/RN, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 10.3.2023
(sexta-feira), às 23:59 (Info 1086 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Funções Essenciais à Justiça Tema: Defensoria
Pública Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1086

Ofende a autonomia administrativa das Defensorias Públicas decisão judicial que determine a
lotação de defensor público em localidade desamparada, em desacordo com os critérios
previamente definidos pela própria instituição, desde que observados os critérios do art. 98,
caput e § 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.RE 887.671/CE, relator
Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Ricardo Lewandowski, julgamento finalizado
em 8.3.2023 (Info 1086 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Inquérito Policial Tema: Competência Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1086

É inconstitucional norma estadual que confere à Defensoria Pública o poder de requisição para
instaurar inquérito policial.ADI 4.346/MG, relator Ministro Roberto Barroso, redator do acórdão
Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 10.3.2023 (sexta-feira), às 23:59
(Info 1086 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Servidores Públicos Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1085

São incompatíveis com a Constituição Federal de 1988 a concessão e, ainda, a continuidade do


pagamento de pensões mensais vitalícias não decorrentes do RGPS a dependentes de prefeitos
e vice-prefeitos, em razão do mero exercício do mandato eletivo.ADPF 783/ES, relator Ministro
Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 3.3.2023 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1085 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Remição da pena
Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1084

1. A revogação ou modificação do ato normativo em que se fundou a edição de enunciado de


súmula vinculante acarreta, em regra, a necessidade de sua revisão ou cancelamento pelo
Supremo Tribunal Federal, conforme o caso.

2. É constitucional a previsão legislativa de perda dos dias remidos pelo condenado que comete
falta grave no curso da execução penal. RE 1.116.485/RS, relator Ministro Luiz Fux julgamento
virtual finalizado em 28.2.2023 (terça-feira), às 23:59 (Info 1084 - STF)
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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais Tema: Sigilos


(telefônico, bancário, correspondências, etc.) Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1084

As empresas de tecnologia que operam aplicações de internet no Brasil sujeitam-se à jurisdição


nacional e, como tal, devem cumprir as determinações das autoridades nacionais do Poder
Judiciário — inclusive as requisições feitas diretamente — quanto ao fornecimento de dados
eletrônicos para a elucidação de investigações criminais, ainda que parte de seus
armazenamentos esteja em servidores localizados em países estrangeiros.ADC 51/DF, relator
Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em 23.2.2023 (Info 1084 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Execução Fiscal Tema: Prescrição Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1083

É constitucional o art. 40 da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal – LEF), tendo natureza
processual o prazo de um ano de suspensão da execução fiscal. Após o decurso desse prazo,
inicia-se automaticamente a contagem do prazo prescricional tributário de cinco anos. RE
636.562/SC, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 17.2.2023 (sexta-
feira), às 23:59. (Tema 390 - Repercussão Geral). (Info 1083 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Juizados Especiais Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 1083

O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não possui natureza investigativa, podendo ser
lavrado por integrantes da polícia judiciária ou da polícia administrativa. ADI 6.264/DF; ADI
6.245/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 17.2.2023 (sexta-
feira), às 23:59. (Info 1083 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Processo Coletivo Tema: Legitimidade Tribunal:
STF Ano: 2023 Informativo: 1082

Não se aplica às associações genéricas — que não representam qualquer categoria econômica
ou profissional específica — a tese firmada no Tema 1.119 da sistemática da repercussão geral,
sendo insuficiente a mera regularidade registral da entidade para sua atuação em sede de
mandado de segurança coletivo, pois passível de causar prejuízo aos interesses dos
beneficiários supostamente defendidos. ARE 1.339.496 AgR/RJ, relator Ministro Edson Fachin,
redator do acórdão Ministro André Mendonça, julgamento em 7.2.2023. (Info 1082 - STF)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Medidas atípicas Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 1082

São constitucionais — desde que respeitados os direitos fundamentais da pessoa humana e


observados os valores especificados no próprio ordenamento processual, em especial os
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade — as medidas atípicas previstas no
CPC/2015 destinadas a assegurar a efetivação dos julgados. ADI 5.941/DF, relator Ministro Luiz
Fux, julgamento finalizado em 9.2.2023. (Info 1082 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Competência Tema: Competência em razão da


matéria Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1082

Norma estadual que, a pretexto de proteger os estudantes, proíbe modalidade de uso da língua
portuguesa viola a competência legislativa da União. ADI 7.019/RO, relator Ministro Edson
Fachin, julgamento virtual finalizado em 10.2.2023 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1082 - STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Controle de Constitucionalidade Tribunal: STF


Ano: 2023 Informativo: 1082

1. As decisões do STF em controle incidental de constitucionalidade, anteriores à instituição do


regime de repercussão geral, não impactam automaticamente a coisa julgada que se tenha
formado, mesmo nas relações jurídicas tributárias de trato sucessivo. 2. Já as decisões
proferidas em ação direta ou em sede de repercussão geral interrompem automaticamente os
efeitos temporais das decisões transitadas em julgado nas referidas relações, respeitadas a
irretroatividade, a anterioridade anual e a noventena ou a anterioridade nonagesimal, conforme a
natureza do tributo. RE 955.227/BA, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento finalizado em
8.2.2023. RE 949.297/CE, relator Ministro Edson Fachin, redator do acórdão Ministro Roberto
Barroso, julgamento finalizado em 8.2.2023. (Temas 885 e 881 - Repercussão Geral). (Info 1082 -
STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Servidores Públicos Tema: Aposentadoria


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1081

É inconstitucional lei estadual que, editada no período entre a promulgação da EC 88/2015


(7.5.2015) e a publicação da Lei Complementar 152/2015 (03.12.2015), estende a idade de
aposentadoria compulsória para cargos que não estejam expressamente indicados na
Constituição Federal de 1988. - ADI 5.378/DF (Info 1081-STF)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Processo Legislativo Tema: Iniciativa de lei


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1081

É constitucional lei estadual que proíbe, no âmbito de seu território, a fabricação, a venda e a
comercialização de armas de brinquedo que simulam armas de fogo reais.- ADI 5.126/SP (Info
1081- STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Contribuições Tema: Outras Contribuições Tribunal:


STF Ano: 2023 Informativo: 1081

É inconstitucional o inciso XXIII do art. 34 da Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia), que prevê
constituir infração disciplinar o não pagamento de contribuições, multas e preços de serviços
devidos à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), depois de regular notificação para fazê-lo.
Também é inconstitucional a aplicação aos advogados inadimplentes do que dispõe o art. 37 da
mesma norma, que institui, como pena, a suspensão, a qual acarreta, por conseguinte, a
interdição do exercício profissional.- ADI 7.020/DF (Info 1081 - STF)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 1081

É constitucional o critério previsto no § 7º do art. 11 da Lei Complementar nº 87/1996, na


redação dada pela Lei Complementar nº 190/2022, que considera como Estado destinatário,
para efeito do recolhimento do diferencial de alíquota do ICMS, aquele em que efetivamente
ocorrer a entrada física da mercadoria ou o fim da prestação do serviço, conforme a Emenda
Constitucional nº 87/2015.- ADI 7.158/DF (Info 1081-STF)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Aplicação do Código de Defesa do Consumidor


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1080

Não se aplicam as Convenções de Varsóvia e Montreal às hipóteses de danos extrapatrimoniais


decorrentes de contrato de transporte aéreo internacional. A tese definida no julgamento do RE
636.331/RJ (Tema 210 RG), restringe-se às hipóteses de indenização por danos materiais. RE
1.394.401/SP, relatora Ministra Presidente, julgamento finalizado no Plenário Virtual em
15.12.2022. (Info 1080 - STF) (Tema 1.240 - Repercussão Geral)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Servidores Públicos Tema: Cumulação de Cargos


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1080

Em se tratando de cargos constitucionalmente acumuláveis, descabe aplicar a vedação de


acumulação de aposentadorias e pensões contida na parte final do art. 11 da Emenda
Constitucional 20/1998, porquanto destinada apenas aos casos de que trata, ou seja, aos
reingressos no serviço público por meio de concurso público antes da publicação da referida
emenda e que envolvam cargos inacumuláveis. RE 658.999/SC, relator Ministro Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 16.12.2022 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1080 - STF) (Tema 627 -
Repercussão Geral)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Tributação e Orçamento Tema: Orçamento


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1080

É vedada a utilização das emendas do relator-geral do orçamento com a finalidade de criar


novas despesas ou de ampliar as programações previstas no projeto de lei orçamentária anual,
uma vez que elas se destinam, exclusivamente, a corrigir erros e omissões (CF/1988, art. 166, §
3º, III, alínea “a”). ADPF 850/DF, ADPF 851/DF, ADPF 854/DF e ADPF 1.014/DF. Relatora Ministra
Rosa Weber, julgamento finalizado em 19.12.2022. (Info 1080 - STF)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Aposentadoria Tema: Aposentadoria por invalidez


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1080

É inconstitucional — por ofensa aos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa


humana — norma que prevê o pagamento da aposentadoria por invalidez decorrente de doença
mental somente ao curador do segurado, condicionado à apresentação do termo de curatela,
ainda que provisório.

Tese fixada: "A enfermidade ou doença mental, ainda que tenha sido estabelecida a curatela, não
configura, por si, elemento suficiente para determinar que a pessoa com deficiência não tenha
discernimento para os atos da vida civil." RE 918.315. /DF, relator Ministro Ricardo Lewandowski,
julgamento virtual finalizado em 16.12.2022 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1080 - STF) (Tema 1.096
- Repercussão Geral)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Licença-prêmio


Tribunal: STF Ano: 2023 Informativo: 1080

Aos servidores públicos estaduais e municipais é aplicado, para todos os efeitos, o art. 98, § 2° e
§ 3°, da Lei 8.112/1990 (horário especial para o servidor pessoa com deficiência). RE 1.237.867/
SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 16.12.2022 (sexta-
feira), às 23:59. (Info 1080 - STF). (Tema 1.241 - Repercussão Geral)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Jurisdição e competência Tribunal: STF Ano:
2023 Informativo: 766

É competência da Justiça trabalhista processar e julgar o cumprimento de sentença por ela


proferida, ainda que tenha ocorrido a cessão a terceiro da titularidade do crédito nela
reconhecido.CC 162.902-SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por
unanimidade, julgado em 2/3/2023. (Info 766 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Violência doméstica Tribunal: STF Ano: 2023
Informativo: 766

A audiência prevista no art. 16 da Lei n. 11.340/2006 tem por objetivo confirmar a retratação,
não a representação, e não pode ser designada de ofício pelo juiz. Sua realização somente é
necessária caso haja manifestação do desejo da vítima de se retratar trazida aos autos antes do
recebimento da denúncia.REsp 1.977.547-MG, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca,
Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 8/3/2023. (Tema 1167) (Info 766 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Responsabilidade Civil Tema: Seguradora Tribunal: STF
Ano: 2023 Informativo: 766

(I) Na modalidade de contrato de seguro de vida coletivo, cabe exclusivamente ao estipulante,


mandatário legal e único sujeito que tem vínculo anterior com os membros do grupo segurável
(estipulação própria), a obrigação de prestar informações prévias aos potenciais segurados
acerca das condições contratuais quando da formalização da adesão, incluídas as cláusulas
limitativas e restritivas de direito previstas na apólice mestre, e (II) não se incluem, no âmbito da
matéria afetada, as causas originadas de estipulação imprópria e de falsos estipulantes, visto
que as apólices coletivas nessas figuras devem ser consideradas apólices individuais, no que
tange ao relacionamento dos segurados com a sociedade seguradora.REsp 1.874.788-SC, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por maioria, julgado em 2/3/2023. (Tema
1112) (Info 766 - STJ)

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10 Julgados exportados
Tribunal: Ano: 2023,

Disciplina: Direito Penal Assunto: Legislação Especial Penal Tema: Lei Maria da Penha - Lei nº
11.340/06 Tribunal: STJ Edição: 211 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 211

JULGAMENTOS COM PERSPECTIVA DE GÊNERO III

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 31/03/2023

Edição disponibilizada em: 20/04/2023

1) Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível
a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso
da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente
de instrução probatória. (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 - TEMA 983)

2) No âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, a indenização por dano moral é
in re ipsa (presumida), ou seja, exsurge da própria conduta típica, independentemente de
produção de prova específica.

3) É admissível a condenação do advogado a reparar os danos morais causados à parte


adversária em virtude do uso, em ação de investigação de paternidade, de ofensas gratuitas
tendentes a desqualificar a conduta, a imagem e a reputação da mãe biológica, dissociadas de
defesa técnica, por meio de um discurso odioso, sexista, machista e misógino.

4) A mulher em situação de violência doméstica pode optar pelo foro de seu domicílio ou de sua
residência para o ajuizamento de ação de reconhecimento e dissolução de união estável.

5) O fator meramente etário, por si só, não é capaz de afastar a competência da vara
especializada, pois, para a incidência do subsistema da Lei n. 11.340/2006, basta verificar se o
crime foi praticado contra a mulher de qualquer idade no âmbito da unidade doméstica, da
família ou de qualquer relação íntima de afeto.

6) É possível a aplicação da Lei Maria da Penha no caso de violência doméstica praticada contra
empregada doméstica.

7) É possível aplicar a Lei Maria da Penha no caso de violência praticada por neto contra avó.

8) A prática de crime em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando


vigente medida protetiva de urgência deferida em favor da vítima, autoriza a exasperação da
pena-base.

9) Nos delitos praticados em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher não é
possível a consunção entre o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência e o
crime de ameaça.

10) A aplicação da agravante prevista no art. 61, II, f, do Código Penal, de modo conjunto com
outras disposições da Lei n. 11.340/2006 não acarreta bis in idem, pois a Lei Maria da Penha
visou recrudescer o tratamento dado para a violência doméstica e familiar contra a mulher.

11) A imputação simultânea das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de


homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar não
caracteriza bis in idem.

12) É inadmissível a utilização da tese da "legítima defesa da honra" como argumento no


feminicídio e nos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, pois se trata de
alegação discriminatória que contribui para a perpetuação da violência de

13) Para a caracterização do crime de estupro de vulnerável, basta que o agente tenha
conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com menina menor de 14 anos, assim, as
questões atinentes ao consentimento da menor, a eventual experiência sexual anterior ou a
existência de relacionamento amoroso entre agressor e vítima não afastam a ocorrência do
crime.

14) Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática de ato
libidinoso com menina menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável,
independentemente da ligeireza ou da superficialidade da conduta, assim não é possível a
desclassificação para o delito de importunação sexual.

15) Os documentos nos quais conste o genitor, o cônjuge ou o companheiro como lavrador são
início de prova material razoável para o reconhecimento da condição de rurícola da mulher, pois
esta funciona como extensão da qualidade de segurado especial daquele.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Pessoas com
Deficiência Tribunal: STJ Edição: 212 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 212

DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA II

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 14/04/2023

Edição disponibilizada em: 05/05/2023

1) O Ministério Público possui legitimidade para ajuizar ação civil pública para garantir o
fornecimento de órteses e próteses às pessoas com deficiência.

2) É possível a concessão de vista ao Ministério Público de processos de natureza


previdenciária que envolvam pessoas com deficiência.

3) O fato de a parte ser pessoa com deficiência, por si só, não é motivo suficiente para
caracterizar relevância social a exigir a intervenção do Ministério Público como custos legis.

4) É devida a reforma de militar de carreira ou temporário quando constatado cegueira


monocular, dispensada a comprovação do nexo de causalidade com o serviço castrense, bem
como a incapacidade para a atividade militar.

Art. 108, V, da Lei n. 6.880/1980.

5) É possível a acumulação de um cargo público de professor com outro de intérprete e tradutor


da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

6) O Poder Judiciário, por meio das serventias judiciais, tem o dever de elaborar e fornecer à
Defensoria Pública relatórios de processos com medidas de segurança aplicadas às pessoas
com deficiência.

7) É possível substituir a pena privativa de liberdade, em regime fechado ou semiaberto, por


prisão domiciliar para genitores de pessoa com deficiência, durante a execução provisória ou
definitiva da pena, desde que demonstrada a imprescindibilidade dos cuidados.

8) Não incide Imposto de Renda - IRPF sobre a pensão especial da Síndrome da Talidomida, pois
se trata de verba de caráter indenizatório.

9) Desde a edição da Lei n. 10.098/2000, a adaptação dos veículos de transporte coletivo às


pessoas com deficiência foi suficientemente regulamentada, o que resulta, a partir da sua
vigência, na caracterização da mora das empresas que não promoveram as adaptações
necessárias.

10) É possível compensação por dano moral decorrente de falha na prestação de serviço de
transporte coletivo público às pessoas com deficiência quando ofertado de forma negligente e/
ou discriminatória, sem condições dignas de acessibilidade.

11) O estacionamento indevido de veículo, sem credencial, em vaga reservada à pessoa com
deficiência não configura dano moral coletivo.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Pessoas com
Deficiência Tribunal: STJ Edição: 213 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 213

DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA III

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 20/04/2023

Edição disponibilizada em: 19/05/2023

1) A associação, cujo estatuto institucional tem por finalidade a atuação em políticas públicas
de interesse social, possui legitimidade ativa para propor demanda que tutela o fornecimento de
transporte público especial municipal para os munícipes com deficiência ou mobilidade
reduzida.

2) O Poder Judiciário não detém competência constitucional para estender, ao transporte aéreo,
o passe livre concedido pela Lei n. 8.899/1994 e respectiva legislação regulamentadora às
pessoas com deficiência, comprovadamente hipossuficientes, no âmbito do transporte coletivo
interestadual.

3) A ausência de condições dignas de acessibilidade de pessoa com deficiência ao interior da


aeronave configura má prestação do serviço e enseja a responsabilidade da empresa aérea pela
reparação dos danos causados.

Art. 14 da Lei n. 8.078/1990.

4) É responsabilidade de todos os fornecedores da cadeia de consumo a disponibilização de


condições adequadas de acesso para participação da pessoa com deficiência em eventos.

5) A criação de comunidade virtual para expor conduta pública inadequada e vexatória de


pessoa com deficiência pode acarretar compensação por dano moral.

6) Os Estatutos da Criança e do Adolescente e da Pessoa com Deficiência asseguram aos seus


tutelados o direito de serem acompanhados pelos pais ou responsáveis em tempo integral
durante tratamento médico-hospitalar, porém, quando comprovado que não lhes promove a
preservação do melhor interesse, é possível sua restrição.

7) A negligência na estimulação precoce de pessoa com deficiência, especialmente no caso de


tratamento fomentado e disponibilizado pelo Estado, impõe a aplicação da medida
sancionadora decorrente do descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar aos
genitores da criança.

8) É possível a manutenção da obrigação de prestar alimentos a filho com doença mental


incapacitante após a maioridade civil, ainda que o alimentando receba benefício assistencial,
caso o montante dos valores auferidos não sejam suficientes para o suprimento de suas
necessidades básicas.

9) É possível suprimir, em caráter excepcional, o exercício do direito à visitação existente entre


avós e neto diagnosticado com Transtorno do Espectro do Autismo - TEA, em observância do
melhor interesse do menor.

10) Até 1º/7/2022, data do início da vigência da Resolução Normativa n. 539/2022 da ANS, o
reembolso integral de tratamento multidisciplinar para beneficiário portador de Transtorno do
Espectro Autista - TEA realizado fora da rede credenciada somente será devido se decorrer de
descumprimento de ordem judicial que determina a cobertura ou de inobservância de prestação
contratualmente assumida.

11) É abusiva a recusa de cobertura pela operadora do plano de saúde de terapia


multidisciplinar, bem como a limitação do número de sessões, aos beneficiários com
diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista - TEA.

12) O fato de a Paralisia Cerebral e a Síndrome de Down não estarem enquadradas na CID-10
F84 (transtornos globais do desenvolvimento) não afasta a obrigação de as operadoras de
planos de saúde fornecerem cobertura de terapia multidisciplinar, sem limite de sessões,
prescrita a beneficiário.

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Princípios do Direito Penal Tema: Princípio da
Insignificância, Bagatela Tribunal: STJ Edição: 220 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 220

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA II

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 18/08/2023

Edição disponibilizada em: 01/09/2023

1) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública (Súmula


n. 599/STJ).

2) É possível, excepcionalmente, afastar a incidência da Súmula n. 599/STJ para aplicar o


princípio da insignificância aos crimes praticados contra a administração pública quando for
ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado.

3) O princípio da insignificância é inaplicável ao crime de estelionato cometido contra a


administração pública, uma vez que a conduta ofende o patrimônio público, a moral
administrativa e a fé pública, e possui elevado grau de reprovabilidade.

4) A obtenção de vantagem econômica indevida mediante fraude ao programa do seguro-


desemprego afasta a aplicação do princípio da insignificância.

5) O princípio da insignificância não se aplica aos crimes de apropriação indébita previdenciária


e de sonegação de contribuição previdenciária, pois esses tipos penais protegem a própria
subsistência da Previdência Social.

Arts. 168-A e 337-A do CP.

6) Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes previstos na Lei n. 7.492/1986, diante
da necessidade de maior proteção à credibilidade, estabilidade e higidez do Sistema Financeiro
Nacional.

7) Nos crimes ambientais, é cabível a aplicação do princípio da insignificância como causa


excludente de tipicidade da conduta, desde que presentes os seguintes requisitos: conduta
minimamente ofensiva, ausência de periculosidade do agente, reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento e lesão jurídica inexpressiva.
8) É inaplicável o princípio da insignificância ao delito de violação de direito autoral.

9) É inaplicável o princípio da insignificância na conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas,


diante da reprovabilidade e ofensividade do delito.

10) Não é possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de dano qualificado ao


patrimônio público, diante da lesão a bem jurídico de relevante valor social, que afeta toda a
coletividade.

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Princípios do Direito Penal Tema: Princípio da


Insignificância, Bagatela Tribunal: STJ Edição: 219 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 219

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 10/08/2023

Edição disponibilizada em: 18/08/2023

1) A aplicação do princípio da insignificância requer a presença cumulativa das seguintes


condições objetivas: a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade
social da ação; c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente; e d)
inexpressividade da lesão jurídica provocada.

2) A reiteração delitiva, a reincidência e os antecedentes, em regra, afastam a aplicação do


princípio da insignificância, por ausência de reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
do agente.

3) É possível aplicar, excepcionalmente, o princípio da insignificância, inclusive nas hipóteses de


reiteração delitiva, reincidência ou antecedentes, se as peculiaridades do caso concreto
evidenciarem inexpressividade da lesão jurídica provocada e reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento do agente.

4) É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados


contra a mulher no âmbito das relações domésticas (Súmula n. 589/STJ).
5) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o
débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do
disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75
e 130, ambas do Ministério da Fazenda (Tese revisada sob o rito do art. 1.046 do CPC/2015 -
TEMA 157).

6) É possível aplicar o parâmetro estabelecido no Tema n. 157/STJ, para fins de incidência do


princípio da insignificância no patamar estabelecido pela União aos tributos dos demais entes
federados, quando existir lei local no mesmo sentido da lei federal.

7) Não se aplica o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

8) Os delitos de porte ou posse de munição, de uso permitido ou restrito, são crimes de mera
conduta e de perigo abstrato, em que se presume a potencialidade lesiva e, por isso, em regra,
não é aplicável o princípio da insignificância.

9) É possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou posse de munição de


uso permitido ou restrito, desde que a quantidade apreendida seja pequena e esteja
desacompanhada de armamento apto ao disparo e as circunstâncias do caso concreto
demonstrem a ausência de lesividade da conduta.

10) Não é possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou posse de
munição, de uso permitido ou restrito, ainda que em pequena quantidade e desacompanhada de
armamento apto ao disparo, se a apreensão acontecer no contexto do cometimento de outro
crime.

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Marco Civil da Internet Tribunal: STJ Edição: 224 Ano: 2023
Informativo: -3

EDIÇÃO 224

MARCO CIVIL DA INTERNET III - LEI N. 12.965/2014

Edição disponibilizada em: 27/10/2023

1) Não é possível obrigar os provedores de pesquisa virtual a eliminar do seu sistema os


resultados derivados da busca de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados
que apontem para uma foto ou texto específico, independentemente da indicação do URL da
página onde estiver inserido o conteúdo ilícito/ofensivo.

2) Os provedores de pesquisa podem ser excepcionalmente obrigados a eliminar de seu banco


de dados resultados incorretos ou inadequados, mesmo que sem potencial ofensivo,
especialmente quando inexistente relação de pertinência entre o conteúdo do resultado e o
critério pesquisado.

3) É responsável civilmente o provedor de aplicação que, após ser notificado, não retira
conteúdo ofensivo que envolva menor de idade, independentemente de ordem judicial, pois o
princípio da proteção integral à criança e ao adolescente prevalece sobre o Marco Civil da
Internet.

4) O direito ao esquecimento, entendido como a possiblidade de obstar, em razão da passagem


do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em
meios de comunicação social, analógicos ou digitais, não é aplicável ao ordenamento jurídico
brasileiro.

5) A desindexação de conteúdos não se confunde com o direito ao esquecimento, pois não


implica a exclusão de resultados, mas tão somente a desvinculação de determinados conteúdos
obtidos por meio dos provedores de busca.

6) Na hipótese de remoção de conteúdo ofensivo mediante simples notificação da vítima ao


provedor (sistema notice and take down), é imprescindível: i) o caráter não consensual da
imagem íntima; ii) a natureza privada das cenas de nudez ou dos atos sexuais disseminados; e
iii) a violação à intimidade.

7) Para o Marco Civil da Internet, a exposição pornográfica sem consentimento não se limita a
nudez total, nem a atos sexuais que somente envolvam conjunção carnal, mas a conduta que
possa gerar dano à personalidade da vítima.

8) Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado
nas fotos de maneira flagrante é irrelevante para a configuração dos danos morais.

9) A divulgação de imagem íntima produzida e cedida com fim comercial não possui natureza
privada, ainda que ausente consentimento da pessoa retratada; assim, a responsabilidade do
provedor pela retirada do conteúdo inicia-se a partir de ordem judicial (regra de reserva de
jurisdição).

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Princípios do Direito Penal Tema: Princípio da


Insignificância, Bagatela Tribunal: STJ Edição: 221 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 221

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA III

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 25/08/2023


Edição disponibilizada em: 15/09/2023

1) Para fins de aplicação do princípio da insignificância na hipótese de furto, é imprescindível


compreender a distinção entre valor irrisório e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o
crime (fato atípico) e o segundo pode caracterizar furto privilegiado.

2) A lesão jurídica resultante do crime de furto, em regra, não pode ser considerada
insignificante quando o valor dos bens subtraídos for superior a 10% do salário mínimo vigente à
época dos fatos.

3) A restituição da res furtiva à vítima não constitui, por si só, motivo suficiente para a aplicação
do princípio da insignificância.

4) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de furto praticado com corrupção de filho
menor, ainda que o bem possua inexpressivo valor pecuniário, pois as características dos fatos
revelam elevado grau de reprovabilidade do comportamento.

5) A prática de furto qualificado, em regra, afasta a aplicação do princípio da insignificância, por


revelar, a depender do caso, maior periculosidade social da ação e/ou elevado grau de
reprovabilidade do comportamento do agente.

6) É possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de furto qualificado quando há, no


caso concreto, circunstâncias excepcionais que demonstrem a ausência de interesse social na
intervenção do Estado.

7) A reiteração delitiva afasta a aplicação do princípio da insignificância no crime de


descaminho.

8) Inaplicável o princípio da insignificância ao crime do art. 273 do CP, qualquer que seja a
quantidade de medicamentos apreendidos, pois a conduta traz prejuízos efetivos à saúde
pública.

9) Não se aplica o princípio da insignificância na hipótese em que o agente introduz no território


nacional medicamentos não autorizados pelas autoridades competentes, diante da potencial
lesividade à saúde pública.

10) É possível, excepcionalmente, aplicar o princípio da insignificância aos casos de importação


não autorizada de pequena quantidade de medicamento para consumo próprio.

11) O princípio da insignificância não se aplica aos delitos do art. 33, caput, e do art. 28 da Lei de
Drogas, pois são crimes de perigo abstrato ou presumido.

12) Não é possível aplicar o princípio da insignificância à importação não autorizada de arma de
pressão, pois configura delito de contrabando, que tutela, além do interesse econômico, a
segurança e a incolumidade pública.

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Marco Civil da Internet Tribunal: STJ Edição: 223 Ano: 2023
Informativo: -3
EDIÇÃO 223

MARCO CIVIL DA INTERNET II - LEI N. 12.965/2014

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 22/09/2023

Edição disponibilizada em: 11/10/2023

1) O Marco Civil da Internet diferencia a proteção dada ao conteúdo das comunicações


mantidas entre indivíduos e às informações de conexão e de acesso a aplicação da internet,
nestas as regras são mais claras, menos rígidas e admitem a prescindibilidade de decisão
judicial em hipóteses específicas.

2) Os provedores de aplicações de internet não são obrigados a guardar e fornecer dados


pessoais dos usuários, pois a apresentação dos registros de número IP (Internet Protocol) é
suficiente para sua identificação.

3) Os provedores de acesso e os de aplicação têm o dever de guarda e armazenamento dos


dados referentes ao IP e à porta lógica de origem, para possibilitar a identificação de usuários
da internet que tenham cometido atos ilícitos de qualquer natureza praticados no âmbito virtual.

4) O requerimento cautelar de guarda dos registros de acesso ou conexão a aplicações de


internet por prazo superior ao legal, feito por autoridade policial, administrativa ou pelo
Ministério Público, prescinde de prévia autorização judicial.

5) Para concessão judicial do fornecimento de registros, além dos requisitos exigidos pela
legislação processual, são necessários os seguintes pressupostos: a) fundados indícios da
ocorrência do ato ilícito; b) justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins
de investigação ou instrução probatória e c) período ao qual se referem os registros.

6) Os provedores de conexão e os de acesso à internet são obrigados a, mediante ordem


judicial, fornecer o número da "porta lógica de origem", associada ao endereço IP.

7) Os dados cadastrais armazenados nos bancos de dados dos provedores possuem caráter
objetivo, assim o acesso direto pelos órgãos de investigação, sem prévia autorização judicial,
não viola a garantia constitucional de proteção à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem.

8) O provedor de aplicação que oferece serviços de e-mail não tem o dever legal de armazenar
as mensagens recebidas ou enviadas pelo usuário e que foram deletadas.

9) O provedor de acesso à internet deverá fornecer, mediante requisição judicial, o teor das
comunicações entre usuários da rede, desde que ainda estejam disponíveis.

10) Nas investigações criminais, o acesso a dados telemáticos armazenados não exige
delimitação temporal.

11) A determinação judicial de quebra de sigilo de dados informáticos estáticos (registros),


relacionados à identificação de usuários que operaram em determinada área geográfica e
período de tempo, com fundamentação suficiente, não se mostra desproporcional, nem ofende a
proteção constitucional à privacidade e à intimidade.

12) Não é possível a quebra de sigilo de dados informáticos estáticos (registros de


geolocalização) nos casos em que haja a possibilidade de violação da intimidade e da vida
privada de pessoas não diretamente relacionadas à investigação criminal.

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Legislação Especial Penal Tema: Lei Maria da Penha - Lei nº
11.340/06 Tribunal: STJ Edição: 206 Ano: 2023 Informativo: -3

EDIÇÃO 206

MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA II - LEI N. 11.340/2006

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 26/01/2023

Edição disponibilizada em: 10/02/2023

1) É desnecessária a demonstração de subjugação feminina para o deferimento de medidas


protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha.

2) As medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do art. 22 da Lei Maria da
Penha têm natureza jurídica de cautelares penais e, por isso, devem ser analisadas à luz do
Código de Processo Penal, logo não há falar em citação do requerido para apresentar
contestação, tampouco em decretação da revelia, nos moldes da lei processual civil.

3) As medidas protetivas deferidas com base no art. 22, incisos I, II e III, da Lei n. 11.340/2006
possuem natureza penal, por essa razão deve ser reconhecida a incompetência das Câmaras
Cíveis para apreciar e julgar recursos propostos contra referidas medidas.

4) A competência para a persecução penal de crimes praticados no âmbito da violência


doméstica e familiar contra a mulher é do Juízo do local dos fatos; se, posteriormente, a vítima
requerer e obtiver medidas protetivas de urgência no Juízo cível de seu novo domicílio, não
ocorrerá prevenção nem modificação de competência para a análise de feito criminal.

5) Compete à Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher julgar


pedido incidental de natureza civil, realizado em medida protetiva de urgência, que envolva
autorização para viagem ao exterior e guarda unilateral de infante.

6) O Código de Processo Penal e a Lei Maria da Penha não fixam prazo para a vigência das
medidas protetivas de urgência, entretanto sua duração temporal deve ser pautada pelo
princípio da razoabilidade, pois não é possível a eternização da restrição a direitos individuais.

7) É indevida a manutenção de medidas protetivas de urgência na hipótese de conclusão do


inquérito policial sem indiciamento do acusado.

8) Não é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime
de descumprimento de medidas protetivas de urgência, haja vista que um dos bens jurídicos
tutelados é a integridade física e psíquica da mulher em favor de quem se fixaram tais medidas.

9) O descumprimento de ordem judicial que impõe medida protetiva de urgência em favor de


vítima de violência doméstica autoriza decretação da prisão preventiva.
10) Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de
urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar,
pois limita a liberdade de ir e vir do paciente.

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Marco Civil da Internet Tribunal: STJ Edição: 222 Ano: 2023
Informativo: -3

EDIÇÃO 222

MARCO CIVIL DA INTERNET - LEI N. 12.965/2014

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 15/09/2023

Edição disponibilizada em: 29/09/2023

1) O provedor de pesquisa constitui uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois esses
sites não incluem, hospedam, organizam ou, de qualquer outra forma, gerenciam as páginas
virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, apenas indicam links onde podem ser
encontrados termos ou expressões de busca fornecidos pelo próprio usuário.

2) Para o Marco Civil da Internet, os sites de intermediação enquadram-se na categoria dos


provedores de aplicações e se sujeitam às normas previstas na Lei n. 12.965/2014, em especial
àquelas aplicadas aos provedores de conteúdo.

3) Para o Marco Civil da Internet, os sites de e-commerce enquadram-se na categoria dos


provedores de conteúdo, os quais são responsáveis por disponibilizar na rede as informações
criadas ou desenvolvidas pelos provedores de informação.

4) Empresas que prestam serviços de aplicação na internet em território brasileiro devem se


submeter ao ordenamento jurídico pátrio independentemente da circunstância de possuírem
filiais no Brasil ou de realizarem armazenamento de dados em nuvem.

5) O provedor de internet deve manter armazenados os registros relativos ao patrocínio de links


em serviços de busca pelo período de 6 meses contados do fim do patrocínio e não da data da
contratação.

6) A utilização da marca de um concorrente como palavra-chave para direcionar o consumidor


do produto ou serviço para links patrocinados (keyword advertising), contratados em provedores
de busca na internet com o fim de obter posição privilegiada em resultado da pesquisa,
configura concorrência desleal.

7) É possível a condenação ao pagamento de compensação por danos morais em razão da


utilização de nome comercial e/ou qualquer marca registrada, como palavra-chave, para a
ativação de links ou anúncios patrocinados em sites de busca na internet.

8) A responsabilidade limitada dos provedores de pesquisa, prevista no art. 19 do Marco Civil da


Internet, não se aplica a sua atuação no mercado de links patrocinados.

9) A responsabilidade dos provedores de aplicação da internet por conteúdo gerado por terceiro
é subjetiva e torna-se solidária quando, após notificação judicial, a retirada do material ofensivo
é negada ou retardada.

10) A motivação do conteúdo divulgado de forma indevida é indiferente para a incidência do art.
19 do Marco Civil da Internet.

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27 Julgados exportados
Tribunal: Ano:

Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Mulheres
Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: Brítez Arce y otros vs. Argentina Ano: 2022
Informativo: -2

BRÍTEZ ARCE Y OTROS VS. ARGENTINA

RESUMO

Segundo a Comissão, o caso está relacionado à alegada responsabilidade internacional da


Argentina pelos fatos relacionados com a morte de Cristina Brítez Arce, a falta de devida
diligência e violação do prazo razoável na investigação e nos processos judiciais sobreo caso. A
suposta vítima estava grávida de nove meses. Em 1º de junho de 1992, apresentou-se no
Hospital Público "Ramón Sardá" da cidade Buenos Aires, onde foi feito um ultrassom que
indicava um feto morto, momento no qual ela foi internada para induzir o parto. De acordo com
o atestado de óbito, a Sra. Brítez Arce morreu no mesmo dia devido a "parada cardiorrespiratória
não traumática". -> ATENÇÃO: Violência obstétrica e relação com o caso ALYNE DA SILVA
PIMENTEL!

Mais detalhes? Temos:

A senhora Brítez realizou sua primeira consulta pré-natal em 25 de novembro de 1991 na Liga
Argentina contra Tuberculose, onde relatava história de hipertensão arterial. Mais tarde,
compareceu a um check-up em 1º de dezembro de 1991, com 15 semanas de gestação, no qual
sugeriram um novo controle em quatro semanas. Em 10 de março de 1992, compareceu pela
primeira vez ao Hospital Público "Ramón Sardá" (doravante também "Maternidad Sardá"), onde
informou a história de hipertensão arterial. No dia seguinte, no mesmo hospital, foi realizada
uma ultrassonografia obstétrica indicando que o diâmetro biparietal do feto era consistente com
31 semanas e o fêmur compatível com 30 semanas de gestação. Nesse dia, ela foi atendida por
um cardiologista, que anotou em sua história clínica: “história de hipertensão arterial”. Mais
tarde, a Sra. Brítez compareceu às consultas na Maternidad Sardá nos dias 6 e 21 de abril e no
dia 5 de maio teve ultrassonografia obstétrica adicional em maio de 1921 e monitoramento fetal
semanal em 27 de abril. Entre 10 de março e 1º de junho, Dona Brítez engordou mais de dez
quilos.

Em 1º de junho de 1992, a senhora Brítez Arce foi para a Maternidad Sardá, perto das nove da
manhã. Relatava desconforto lombar, febre e pouca perda de líquido pelos órgãos genitais. Foi
realizada uma ecografia indicativa de feto morto, pelo que admitida para induzir o parto. A
indução do parto começou às 13h45.

Terminou às 17h15, quando foi transferida para a sala de parto com dilatação total. Durante
esse tempo, ela teve que esperar por duas horas em uma cadeira. De acordo com certificado de
morte, Cristina Brítez Arce morreu no mesmo dia às 18h00 devido a “parada cardiorrespiratória
não traumática”.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. Direitos à vida e à integridade pessoal reconhecidos nos artigos 4.1 e 5.1 da Convenção
Americana, combinado ao Artigo 1.1 dessa Convenção.

2. Direito à saúde reconhecido no artigo 26 da Convenção Americana, combinado com o seu art.
1.1.

3. Direito às garantias judiciais e à proteção judicial reconhecida nos artigos 8.1 e 25.1 da
Convenção, combinado ao artigo 1.1 do mesmo instrumento e artigo 7 da Convenção de Belém
do Pará.

4. Direito à integridade pessoal, o direito à proteção da família e dos direitos das crianças
reconhecidos nos artigos 5.1, 17.1 e 19 da Convenção Americana, combinado ao seu artigo 1.1.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. Publicação da Sentença que constitui, por si só, uma forma de reparação.

2. O Estado deve elaborar uma campanha de divulgação dos direitos relacionados com a
gravidez, trabalho de parto e puerpério e as situações que podem configurar casos de “violência
obstétrica”.

3. O Estado deve pagar as quantias estabelecidas na Sentença, pelas despesas com tratamento
psicológico e/ou psiquiátrico e de indenização por danos patrimoniais e imateriais e pelo
reembolso de custas e despesas.

4. O Estado, no prazo de um ano a partir da notificação da Sentença, deve apresentar relatório à


Corte sobre as providências adotadas para seu cumprimento.

PONTOS IMPORTANTES

1. O Estado reconheceu sua responsabilidade.

2. Mais um caso sobre violência obstétrica reconhecido expressamente assim pela Corte.

3. "Esta Corte se pronunciou especificamente sobre a violência perpetrada durante a gravidez,


parto e pós-parto no acesso aos serviços de saúde, e defendeu que constitui uma violação dos
direitos humanos e uma forma de violência de gênero denominada violência obstétrica, que
“abrange todas as situações de tratamento desrespeitoso, abusivo, negligente ou recusa de
tratamento, durante a gravidez e fase anterior, e durante o parto ou puerpério, em centros de
saúde públicos ou privados”."

4. Utilização da Convenção de Belém do Pará na fundamentação.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Direitos das Pessoas Privadas de Liberdade Tribunal:
Corte IDH (Em construção) Caso: O.C. 29 Ano: 2022 Informativo: -2

OPINIÃO CONSULTIVA Nº 29

A presente consulta, requerida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, tem como
objeto a proteção do direito de pessoas em especial situação de vulnerabilidade, a exigir um
enfoque diferenciado por parte dos Estados na aplicação de normas de Direitos Humanos
quando estes grupos estão em situação de privação de liberdade.

Em caráter geral, antes de adentrar nas especificidades de cada grupo, trabalhou a Corte a
necessidade:

1. Do respeito da dignidade da pessoa humana como princípio geral no trato com pessoas
privadas de liberdade;

2. De proibição e prevenção da tortura e outros tratos cruéis, desumanos e degradantes;

3. De se assegurar o cumprimento da finalidade da execução da pena privativa de liberdade,


tomando atitudes concretas para garantir o gozo e o exercício dos direitos cuja restrição não é
uma consequência inevitável da privação de liberdade;

4. De se exercitar o controle judicial da execução da pena (ATENÇÃO! Corte aqui se filiando a


corrente jurisdicional da execução penal!);

5. Do acesso a serviços básicos para uma vida digna na prisão (destrinchando em direito à
saúde, à alimentação adequada e à àgua potável);

6. De se impedir a superpopulação e superlotação carcerária, uma vez que, nos Estados em que
ocorrem, estas situações agravam a situação de vulnerabilidade e acesso insuficiente aos
serviços básicos;

7. De atenção à gestão penitenciária, uma vez que o pessoal penitenciário (diretores, agentes,
etc.) tem um importante papel na prevenção da tortura e respeito aos direitos humanos;

8. De se apreciar o contexto ocasionado pela pandemia da COVID-19 e afetações particulares a


certos grupos no sistema penitenciário.

No entanto, um dos pontos de caráter geral trabalhados pela Corte gostaria de separar para
tratar aqui, o direito à igualdade e não discriminação, enfoque diferenciado e
interseccionalidade, eis que é o gancho perfeito para adentrarmos nos grupos específicos
abaixo.

Nesse sentido, a Corte decidiu que o direito à igualdade e à não discriminação engloba duas
concepções: uma concepção negativa relacionada à proibição de diferenças de tratamento
arbitrário e uma concepção positiva relacionada à obrigação dos Estados de criar condições de
igualdade real contra grupos historicamente excluídos ou que correm maior risco de serem
discriminados.

Nesta linha, os Estados são obrigados a adotar medidas positivas para reverter ou alterar
situações discriminatórias existentes em seus sociedades, em detrimento de um determinado
grupo de pessoas. Isso implica o dever especial de proteção que o Estado deve exercer em
relação às ações e práticas de terceiros que, sob

sua tolerância ou aquiescência, criam, mantêm ou favorecem situações discriminatórias.

Vamos agora, ponto a ponto, em cada grupo ver o que a Corte decidiu:

MULHERES GRÁVIDAS, EM PERÍODO DE PARTO, PÓS-PARTO E LACTANTES


Necessidade de adotar medidas especiais para fazer efetivos os direitos de mulheres grávidas,
em período de parto, pós-parto, lactantes ou cuidadoras principais, privadas de liberdade, como:

1. Prioridade no uso de medidas alternativas ou substitutivas da pena privativa de liberdade na


execução da pena;

2. Separação entre mulheres e homens e existência de instalações apropriadas, diferenciadas


das dos homens e adaptadas às suas necessidades;

3. Proibição de medidas de isolamento e coação física;

4. Acesso à saúde sexual e reprodutiva sem discriminação;

5. Alimentação adequada e cuidados especializados de saúde física e psicológica durante a


gravidez, parto e pós-parto;

6. Prevenção, investigação e erradicação da violência obstétrica no contexto carcerário;

7. Acesso à higiene e vestimenta adequada;

8. Garantir que os vínculos das mulheres ou cuidadoras principais privadas de liberdade com
seus filhos se desenvolva em um ambiente adequado.

CRIANÇAS QUE VIVEM COM SUAS MÃES NA PRISÃO

1. Repeito ao direito à convivência familiar de meninas e meninos em relação a seus pais,


cuidadores principais e/ou referentes a adultos privados de liberdade significativos;

2. Acesso ao direito à saúde e alimentação para crianças que vivem em centros de detenção;

3. O desenvolvimento adequado e integral de meninos e meninas, com atenção especial à


integração comunitária, socialização, educação e lazer.

PESSOAS LGBT

Em sua jurisprudência, a Corte reconhece que as pessoas LGBTI têm sido historicamente
vítimas de discriminação estrutural, estigmatização, de várias formas de violência e violações
seus direitos fundamentais. As formas de discriminação contra pessoas LGBTI manifestam-se
em inúmeros aspectos nas esferas pública e privada. Na opinião da Corte, uma das formas mais
extrema de discriminação contra pessoas LGBTI é aquela que se materializa em situações de
violência. Segundo a Corte, essa violência se funda no preconceito baseado na orientação
sexual e na identidade ou expressão de gênero percebida ou real de uma pessoa. Esse tipo de
violência pode ser impulsionado pelo “desejo de punir quem considerado para desafiar as
normas de gênero".

Sendo assim, a Corte ressalta entre as obrigações específicas dos Estados com essas pessoas:

1. O princípio da separação e a determinação da localização de uma pessoa LGBTI nas prisões:


Os Estados devem buscar garantir a segurança dessas pessoas, observando sua identidade de
gênero e/ou sua orientação sexual no momento de determinar o local onde as pessoas LGBTI
irão cumprir a pena;
2. A prevenção, investigação e registro da violência contra as pessoas LGBTI privadas de
liberdade;

3. O direito à saúde das pessoas trans privadas de liberdade no que diz respeito à início ou
continuação de um processo de transição;

4. Respeito à visita íntima de pessoas LGBTI privadas de liberdade.

PESSOAS INDÍGENAS

A Corte levou em consideração que a etnia se refere a comunidades de pessoas que


compartilham, entre outras, características de cunho sociocultural, como afinidades origens
culturais, linguísticas, espirituais e históricas e tradicionais. Dentre elas, as pessoas indígenas.

Definiu a Corte como obrigações específicas dos Estados na execução penal desse grupo:

1. A preferência de penas alternativas à prisão;

2. Preservação da identidade cultural dos indígenas privados de liberdade (os próximos 4 pontos
foram tratados pela Corte como subtópicos do presente, mas didaticamente decidimos pela
indicação separada);

3. Quando as condições permitirem, os Estados devem colocar os indígenas privados de


liberdade na localidade mais perto de suas comunidades;

4. A preservação das tradições e costumes indígenas durante a privação de liberdade;

5. Acesso a alimentos culturalmente apropriados durante a privação de liberdade;

6. O uso de práticas e medicinas tradicionais;

7. O uso da língua indígena durante a privação de liberdade e adoção de medidas de


reintegração e integração culturalmente apropriadas;

8. Prevenção da violência contra as pessoas indígenas em cárcere.

PESSOAS IDOSAS

Conforme a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos da Pessoa


Idosa, considera-se pessoa idosa aquela que tenha completado 60 anos, salvo se lei interna
determinar idade distinta, desde que não seja superior a 65 anos. No Brasil, portanto, utiliza-se
60 anos.

Quanto a essas pessoas e a necessidade de se adotar medidas especiais para atender seus
direitos humanos no cárcere, a Corte definiu entre as obrigações específicas dos Estados:

1. A preferência pelas medidas substitutivas ou alternativas à execução das penas privativas de


liberdade;

2. Assegurar os direitos à acessibilidade e mobilidade;

3. Respeito ao direito à saúde e à alimentação adequada a essas pessoas;


4. O direito das pessoas idosas privadas de liberdade ao contato exterior com suas famílias.
Princípio da convivência familiar aplicado também à pessoa idosa;

5. Necessidade de reinserção e reintegração social dessas pessoas.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Defensores de Direitos Humanos Tribunal: Corte IDH
(Em construção) Caso: Sales Pimenta vs. Brasil Ano: 2022 Informativo: -2

SALES PIMENTA VS. BRASIL

RESUMO

Segundo a Comissão, a controvérsia se refere à alegada responsabilidade internacional do Brasil


pela suposta situação de impunidade em que se encontrariam os fatos relacionados à morte de
Gabriel Sales Pimenta, advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá. Devido ao
seu trabalho, a vítima teria recebido várias ameaças de morte e teria solicitado proteção estatal
em várias ocasiões junto à Secretaria de Segurança Pública em Belém, no Estado do Pará.
Finalmente, teria sido morto em 18 de julho de 1982. De acordo com a Comissão, essa morte
teria ocorrido em um contexto de violência relacionada às demandas por terra e reforma agrária
no Brasil. A Comissão concluiu que a investigação dos fatos relacionados à morte de Gabriel
Sales Pimenta, concluída em 2006 com uma decisão que declarou a prescrição, esteve marcada
por omissões do Estado. A Comissão estabeleceu que as autoridades não atuaram com a
devida diligência ou dentro de um prazo razoável. Também concluiu que o Brasil violou o direito
à integridade pessoal dos familiares de Gabriel Sales Pimenta.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O Estado é responsável pela violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial,
estabelecidos nos artigos 8.1 e 25 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em
relação à obrigação de respeito e garantia dos direitos, estabelecida no artigo 1.1 do mesmo
instrumento, em detrimento de Geraldo Gomes Pimenta, Maria da Glória Sales Pimenta, Sérgio
Sales Pimenta, Marcos Sales Pimenta, José Sales Pimenta, Rafael Sales Pimenta, André Sales
Pimenta e Daniel Sales Pimenta. Ademais, o Estado violou o direito à verdade em detrimento dos
referidos familiares de Gabriel Sales Pimenta.

2. O Estado é responsável pela violação do direito à integridade pessoal, reconhecido no artigo


5.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, combinado o seu artigo 1.1 do mesmo
instrumento, em detrimento de Geraldo Gomes Pimenta, Maria da Glória Sales Pimenta, Sérgio
Sales Pimenta, Marcos Sales Pimenta, José Sales Pimenta, Rafael Sales Pimenta, André Sales
Pimenta e Daniel Sales Pimenta.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. A própria sentença constituiu, per se, uma forma de reparação.

2. O Estado deverá criar um grupo de trabalho.

3. O Estado oferecerá tratamento psicológico e/ou psiquiátrico aos irmãos do senhor Sales
Pimenta.

4. O Estado realizará um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional em


relação aos fatos deste caso.

5. O Estado nomeará uma praça pública no município de Marabá, no Estado do Pará, com o
nome de Gabriel Sales Pimenta.

6. O Estado criará um espaço público de memória na cidade de Belo Horizonte, no estado de


Minas Gerais.

7. O Estado criará e implementará um protocolo para a investigação dos crimes cometidos


contra pessoas defensoras de direitos humanos e um sistema de indicadores que permita medir
a efetividade do protocolo.

8. O Estado realizará um plano de capacitação sobre o referido protocolo de investigação


destinado aos funcionários que possam vir a participar na investigação e tramitação de casos
de crimes contra pessoas defensoras de direitos humanos.

9. O Estado revisará e adequará seus mecanismos existentes, em particular o Programa de


Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas.

10. O Estado elaborará e implementará um sistema nacional de coleta de dados e cifras


relacionados a casos de violência contra pessoas defensoras de direitos humanos.

11. O Estado criará um mecanismo que permita a reabertura de processos judiciais.

12. Indenização monetária pelos danos materiais e morais.

PONTOS IMPORTANTES

1. A corte rejeitou, por unanimidade, a exceção preliminar de falta de esgotamento de recursos


internos e a preliminar relativa à "quarta instância".

2. Assim como Gómez Palomino vs. Peru, por exemplo, dentre outros, decidiu a Corte pelos
familiares como vítima também do crime. Aqui, ainda, tivemos o reconhecimento da violação do
direito à verdade em relação aos familiares.

3. A Corte entendeu que o direito à verdade tem uma dimensão coletiva, na medida em que a
falta de esclarecimento sobre as circunstâncias da morte violenta do senhor Sales Pimenta
geraria um efeito amedrontador (lembrar do termo chilling effect) para as pessoas defensoras
de direitos humanos, para os trabalhadores rurais e para a sociedade em seu conjunto.

4. A Corte determinou que o Brasil implementasse um protocolo para a investigação dos crimes
cometidos contra pessoas defensoras de direitos humanos e um sistema de indicadores que
permita medir a efetividade do protocolo criasse um mecanismo que permita a reabertura de
processos judiciais.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Mulheres
Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: Márcia Barbosa e Outros vs. Brasil Ano: 2021
Informativo: -2

CASO MÁRCIA BARBOSA E OUTROS VS. BRASIL

RESUMO

Márcia Barbosa de Souza era uma estudante afrodescendente de vinte anos de idade, em
situação de pobreza, residente na cidade de Cajazeiras, localizada no interior do Estado da
Paraíba, no Brasil. Vivia com seu pai, S.R.S., e sua irmã mais nova, Mt.B.S., e muito próximo da
casa de sua mãe, M.B.S. Em 13 de junho de 1998, Márcia Barbosa e sua irmã Mt.B.S. viajaram a
João Pessoa capital da Paraíba. Em 17 de junho de 1998, aproximadamente às 19 horas, Márcia
Barbosa recebeu uma ligação do então deputado estadual da Paraíba Aércio Pereira de Lima,
quem conhecia desde novembro de 1997. Posteriormente, às 21 horas, Márcia Barbosa e o
senhor Pereira se encontraram no Motel Trevo, de onde Marcia conversou com várias pessoas
através do celular utilizado pelo senhor Pereira. Uma delas inclusive falou com o então
deputado. Em 18 de junho de 1998, um transeunte observou que alguém estava retirando o
corpo de uma pessoa, posteriormente identificada como Márcia Barbosa de Souza, de um
veículo em um terreno baldio, no bairro Altiplano Cabo Branco, próximo à mencionada cidade de
João Pessoa. Quando o corpo foi encontrado, Márcia Barbosa de Souza apresentava
escoriações, hematomas e vestígios de areia. Ademais, a autópsia revelou que a cavidade
craniana, torácica, abdominal e o pescoço apresentavam hemorragia interna e, como causa de
morte, determinou a asfixia por sufocamento, resultante de uma ação mecânica. Por sua vez, o
perito médico-legal que examinou o cadáver determinou que a senhora Barbosa havia sido
agredida antes de morrer.

Em 19 de junho de 1998, iniciou-se formalmente a investigação policial sobre a morte de Márcia


Barbosa. Em 21 de julho de 1998, o Delegado de Polícia encarregado da investigação emitiu um
relatório que indicou a participação direta do então deputado Aércio Pereira de Lima no crime,
além de indícios da participação de outras quatro pessoas: D.D.P.M., L.B.S., A.G.A.M. e M.D.M.

Em 8 de outubro de 1998, em virtude da imunidade parlamentar usufruída pelo então deputado


estadual, o Procurador-Geral de Justiça apresentou a ação penal perante o Tribunal de Justiça
do Estado da Paraíba, com a reserva de que apenas poderia ter seu início se a Assembleia
Legislativa o permitisse. A esse respeito, em 14 de outubro de 1998 e 31 de março de 1999,
solicitou-se a respectiva autorização, a qual foi negada em 17 de dezembro de 1998 e 29 de
setembro de 1999, respectivamente.

A partir de 12 de abril de 2002, o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba realizou diligências


que culminaram com o parecer do Procurador-Geral de Justiça. Este argumentou que, em razão
das modificações introduzidas pela Emenda Constitucional 35/2001 (doravante denominada
“EC 35/2001”), era competência do Poder Judiciário dar continuidade al caso.

Em 14 de março de 2003, o processo penal contra o senhor Pereira teve início formalmente
perante o Juízo de primeira instância de João Pessoa. Em 27 de julho de 2005, foi proferida a
sentença de pronúncia, de modo que se confirmou que o acusado seria submetido ao Tribunal
do Júri, diante da existência de indícios suficientes de autoria do crime de homicídio qualificado
por motivo fútil e mediante asfixia, e por ocultação de cadáver. A defesa do senhor Pereira
recorreu. Em 26 de setembro de 2007, o Primeiro Tribunal do Júri de João Pessoa o condenou a
16 anos de prisão pelos delitos de homicídio e ocultação do cadáver de Márcia Barbosa de
Souza. Em 27 de setembro de 2007, o senhor Pereira recorreu da sentença. Em 12 de fevereiro
de 2008, antes de que tal recurso pudesse ser examinado, Aércio Pereira de Lima morreu de
infarto, extinguindo-se, assim, a punibilidade e arquivando-se o caso.
Quanto às investigações conduzidas pela Polícia Civil com relação a D.D.P.M., M.D.M., L.B.S. e
A.G.A.M, em março de 2003, o Ministério Público recomendou o arquivamento dos autos por
insuficiência de provas, o que foi determinado pelo Juiz.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

Em 7 de setembro de 2021, a Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu sentença


mediante a qual declarou a responsabilidade internacional da República Federativa do Brasil
pelas violações dos direitos às garantias judiciais, à igualdade perante a lei e à proteção judicial,
com relação às obrigações de respeitar e garantir direitos sem discriminação e ao dever de
adotar disposições de direito interno e com a obrigação de atuar com a devida diligência para
prevenir, investigar e sancionar a violência contra a mulher, em prejuízo de M.B.S e S.R.S., mãe e
pai de Márcia Barbosa de Souza. Isso, como consequência da aplicação indevida da imunidade
parlamentar em benefício do principal responsável pelo homicídio da senhora Barbosa de Souza,
da falta de devida diligência nas investigações realizadas sobre os fatos, do caráter
discriminatório em razão de gênero de tais investigações, assim como da violação do prazo
razoável.

Por conseguinte, declarou-se o Estado responsável pelas violações dos artigos 8.1, 24 e 25 da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação aos artigos 1.1 e 2 do mesmo
instrumento e do artigo 7.b da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher.

Ademais, o Tribunal declarou o Estado responsável pela violação do direito à integridade


pessoal, reconhecido pelo artigo 5.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com
relação ao artigo 1.1 do mesmo instrumento, em prejuízo de M.B.S e S.R.S.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. A sentença constitui per se uma forma de reparação;

2. O Estado deve publicar no prazo de seis meses, contado a partir da notificação da Sentença:
a) o resumo oficial da Sentença elaborado pela Corte, por uma única vez, no Diário Oficial, bem
como nas páginas web da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba e do Poder Judiciário da
Paraíba, e em outro jornal de ampla circulação nacional, com um tamanho de letra legível e
adequado, e b) a Sentença na íntegra, disponível por um período de pelo menos um ano, em um
sítio web oficial do Estado da Paraíba e do Governo Federal, de forma acessível ao público e
acessível a partir da página de início do referido sítio eletrônico. O Estado deverá informar de
forma imediata a Corte IDH uma vez que proceda a realizar cada uma das publicações
dispostas, independente do prazo de um ano para apresentar seu primeiro relatório disposto na
parte resolutiva da Sentença;

3. O Estado deve realizar um ato de reconhecimento de responsabilidade internacional em


relação aos fatos do caso;

4. O Estado elaborará e implementará um sistema nacional e centralizado de recopilação de


dados que permita a análise quantitativa e qualitativa de fatos de violência contra as mulheres e,
em particular, de mortes violentas de mulheres;

5. O Estado criará e implementará um plano de formação, capacitação e sensibilização


continuada para as forças policiais responsáveis pela investigação e para operadores de justiça
do Estado da Paraíba, com perspectiva de gênero e raça;
6. O Estado levará a cabo uma jornada de reflexão e sensibilização sobre o impacto do
feminicídio, da violência contra a mulher e da utilização da figura da imunidade parlamentar;

7. O Estado adotará e implementará um protocolo nacional para a investigação de feminicídios;

8. O Estado arcará com as custas processuais e indenizará moral e materialmente os familiares


de Márcia Barbosa;

9. O Estado reembolsará ao Fundo de Assistência Jurídica de Vítimas da Corte Interamericana


de Direitos Humanos a quantia despendida durante a tramitação do caso;

10. O Estado, dentro do prazo de um ano contado a partir da notificação da Sentença,


apresentará ao Tribunal um relatório sobre as medidas adotadas para cumprir a mesma.

PONTOS IMPORTANTES

1. O contexto de violência contra a mulher no Brasil – machismo e racismo estruturais e


institucionais:

A violência contra as mulheres no Brasil era, na data dos fatos do presente caso — e continua
sendo na atualidade — um problema estrutural e generalizado. Entre 2006 e 2010, os dados da
Organização Mundial de Saúde sobre os homicídios de mulheres, coletados em 84 países,
colocaram o Brasil em sétimo lugar. A Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, em
2015, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em 2016,
qualificaram o Brasil como o país com a quinta taxa mais alta do mundo de homicídios de
mulheres por razões de gênero. Por outro lado, no Estado da Paraíba, observa-se que as taxas
de homicídio de mulheres entre os anos 1990 e 2000 não variaram substancialmente. No
entanto, em 2017 o número de mulheres assassinadas por cada 100 mil habitantes quase
duplicou em relação a 1990. Há um significativo recorte de raça nas mortes violentas de
mulheres no Brasil. De forma geral, a taxa de vitimização das mulheres negras no país é 66
vezes superior à de mulheres brancas. O perfil específico de mulheres assassinadas em maior
número no Brasil corresponde a mulheres jovens, negras e pobres. De igual modo, entre os anos
2000 e 2017, o número de mulheres negras assassinadas duplicou. Em 2018, a taxa de mulheres
negras assassinadas no Estado da Paraíba foi quatro vezes maior que a taxa de homicídios de
outras mulheres;

2. A imunidade parlamentar, como garantia de independência no exercício das funções


parlamentares, não pode ser um escudo protetor em caso de responsabilização por atos ilegais;

3. Sobreposição de fatores de discriminação e vulnerabilidade – interseccionalidade:

O caso demonstra de forma vívida como ocorre o entrelaçamento de fatores de discriminação e


vulnerabilidade no Brasil. O gênero, como fator de vulnerabilidade, é agravado pela presença de
outras condicionantes, como raça, pobreza, juventude, origem (periferia), reunidos em Márcia
Barbosa e em tantas outras brasileiras alvos de opressão e discriminação.

A imbricação desses fatores de vulnerabilidade recebe o nome de interseccionalidade, termo


cunhado pela socióloga estadunidense Kimberlé Crenshaw, mas já desenvolvido, em seus
aspectos característicos, pela escritora brasileira Lélia Gonzalez.

4. Obrigação de realizar o controle de convencionalidade da imunidade parlamentar com base


na interpretação realizada pela Corte;
5. Criação de um sistema nacional de compilação de dados sobre a violência contra a mulher
com o perfil das vítimas;

6. Confecção de um plano de capacitação de funcionários públicos responsáveis pelas


investigações, com base na perspectiva de gênero e étnico-racial das vítimas; e

7. Desenvolvimento de um protocolo nacional de diretrizes para investigação de crimes de


feminicídio.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito de Pessoas


LGBTQIA+ Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: O.C. 24 Ano: 2017 Informativo: -2

OPINIÃO CONSULTIVA Nº 24

Obs.: Essa O.C. contou com ampla participação popular, e, além do Brasil em si ter apresentado
suas considerações, tivemos a DPU e a DPE-RJ como instituições apresnetando suas opiniões e
sendo citadas no Parecer!

"Da mesma forma, seguindo instruções do Presidente e de acordo com o estabelecido no artigo
73.311 do referido Regulamento, a Secretaria, mediante notas de 12 de agosto de 2016,
convidou diversas organizações internacionais e instituições da sociedade civil, bem como
instituições acadêmicas da região a enviarem no mesmo prazo suas opiniões escritas sobre os
pontos submetidos à consulta. Finalmente, foi realizado um convite aberto através do sitio web
da Corte Interamericana a todos os interessados em apresentar sua opinião escrita sobre os
pontos submetidos à consulta."

A Corte decidiu, por unanimidade, que

1. É competente para emitir o presente Parecer Consultivo.

2. A mudança de nome e, em geral, a adequação dos registros públicos e dos documentos de


identidade para que estes sejam conforme a identidade de gênero autopercebida constitui um
direito protegido pelos artigos 3°, 7.1, 11.2 e 18 da Convenção Americana, em relação com o 1.1
e 24 do mesmo instrumento, pelo que os Estados estão obrigados a reconhecer, regular e
estabelecer os procedimentos adequados para tais fins, nos termos estabelecidos nos pars. 85
a 116.

3. Os Estados devem garantir que as pessoas interessadas na retificação da anotação do


gênero ou, se este for o caso, às menções do sexo, em mudar seu nome, adequar sua imagem
nos registros e/ou nos documentos de identidade, em conformidade com a sua identidade de
gênero autopercebida, possam recorrer a um procedimento ou um trâmite: a) enfocado na
adequação integral da identidade de gênero autopercebida; b) baseado unicamente no
consentimento livre e informado do requerente, sem exigir requisitos como certificações
médicas e/ou psicológicas ou outras que possam ser irrazoáveis ou patológicas; c) deve ser
confidencial. Além disso, mudanças, correções ou adequações nos registros e nos documentos
de identidade não devem refletir mudanças de acordo com a identidade de gênero; d) deve ser
expedito e, na medida do possível, deve ser gratuito, e e) não deve exigir a acreditação de
operações cirúrgicas e/ou hormonais. O procedimento que melhor se adapta a estes elementos
é o procedimento ou trâmite materialmente administrativo ou cartorial. Os Estados podem
fornecer, ao mesmo tempo, um canal administrativo que permita a eleição da pessoa, nos
termos estabelecidos nos pars. 117 a 161.

4. O artigo 54 do Código Civil da Costa Rica, em sua redação atual, somente é compatível com
as disposições da Convenção Americana se for interpretado, seja em sede judicial ou
regulamentado administrativamente, no sentido de que o procedimento que esta norma
estabelece possa garantir que as pessoas que desejam mudar seus dados de identidade para
que sejam conformes à sua identidade de gênero autopercebida, seja um trâmite materialmente
administrativo que cumpra com os seguintes aspectos: a) deve estar focado na adequação
integral da identidade de gênero autopercebida; b) deve estar baseado unicamente no
consentimento livre e informado do solicitante, sem que se exijam requisitos como certificações
médicas e/ou psicológicas ou outros que possam resultar irrazoáveis ou patologizantes; c) deve
ser confidencial. Além disso, mudanças, correções ou adequações nos registros e documentos
de identidade não devem refletir as mudanças de acordo com a identidade de gênero; d) devem
ser rápidos e, na medida do possível, gratuitos; e e) não devem exigir a acreditação de
intervenções cirúrgicas e/ou tratamentos hormonais. Consequentemente, em virtude do
controle de convencionalidade, o artigo 54 do Código Civil da Costa Rica deve ser interpretado
em conformidade com os parâmetros previamente estabelecidos para que as pessoas que
desejem adequar integralmente os registros e/ou documentos de identidade à sua identidade de
gênero autopercebida possam gozar efetivamente deste direito humano reconhecido nos
artigos 3°, 7°, 11.2, 13 e 18 da Convenção Americana, nos termos estabelecidos nos pars. 162 a
171.

5. O Estado da Costa Rica, com o propósito de garantir de forma mais efetiva a proteção dos
direitos humanos, poderá expedir um regramento mediante o qual incorpore os padrões antes
mencionados ao procedimento de natureza materialmente administrativa, que possa
providenciar em paralelo, em conformidade com o assinalado nos parágrafos anteriores do
presente parecer, nos termos estabelecidos nos pars. 162 a 171.

6. A Convenção Americana, em virtude do direito à proteção da vida privada e familiar (artigo


11.2), assim como o direito à proteção da família (artigo 17), protege o vínculo familiar que
possa derivar de uma relação de um casal do mesmo sexo, nos termos estabelecidos nos pars.
173 a 199.

7. O Estado deve reconhecer e garantir todos os direitos que se derivam de um vínculo familiar
entre pessoas do mesmo sexo, em conformidade com as disposições dos artigos 11.2 e 17.1 da
Convenção Americana e nos termos estabelecidos nos pars. 200 a 218.

E decidiu, por seis votos a favor e um contra, que:

8. De acordo com os artigos 1.1, 2°, 11.2, 17 e 24 da Convenção, é necessário que os Estados
garantam o acesso a todas as figuras já existentes nos ordenamentos jurídicos internos,
incluindo o direito ao matrimônio, para assegurar a proteção de todos os direitos das famílias
formadas por casais do mesmo sexo, sem discriminação com respeito às que estão
constituídas por casais heterossexuais, nos termos estabelecidos nos pars. 200 a 228.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Prisão, Detenção Arbitrária e Tortura Tribunal: Corte
IDH (Em construção) Caso: Ruano Torres e Outros vs. El Salvador Ano: 2015 Informativo: -2

CASO RUANO TORRES E OUTROS VS. EL SALVADOR

RESUMO

Em agosto de 2000, próximo às 19h, enquanto o senhor Marroquín conduzia um ônibus de


transporte coletivo na cidade de San Salvador, três indivíduos entraram e ordenaram que o
veículo fosse estacionado. Após, coagiram o sernhor Marroquín a entrar em uma caminhonete,
que o levou a uma zona rural. O cobrador do ônibus contou aos familiares do senhor Marroquín
o que acontecera e noticiou o caso à Polícia Nacional Civil. Em 23 de agosto, os sequestradores
entraram em contato com os familiares da vítima e exigiram dinheiro em troca da liberação. O
senhor Marroquín foi liberado em 26 de agosto. Nos dias seguintes, devido a ameaças recebidas
por telefone, entregou a quantia de cinquenta mil colones aos sequestradores. A partir da
colaboração premiada de um preso chamado Amaya Villalta, preso pelo sequestro de outra
vítima, mas supostamente também envolvido no sequestro do senhor Marroquín, a Polícia
chegou a José Agapito Ruano Torres, um jovem de 24 anos, que, segundo o colaborador, era
conhecido por El Chopo e teria sido um dos responsáveis pelo sequestro do senhor Marroquín.
Ruano Torres foi preso no dia 17.10.2000, quando se encontrava em seu domicílio junto com
sua esposa e seu filho de dois anos de idade. Ruano Torres alega ter sofrido violência e ameaça
para que em seu interrogatório dissesse ser Chopo. Foi desenvolvido um processo criminal
contra Ruano Torres, que, durante a fase instrutória, foi reconhecido pela vítima Marroquín como
sendo o autor do sequestro. Em março de 2001, Ruano Torres dirigiu uma petição ao juízo
requerendo a substituição da defensora pública que lhe havia sido designada, argumentando
que ela se negava reiteradamente a colaborar com ele. Foi designada, portanto, mais uma
defensora pública para defender Ruano Torres, junto com outros previamente designados. No
entanto, Ruano Torres novamente criticou o trabalho da Defensoria Pública, alegando que a
defensora designada se negou a questionar as irregularidades no procedimento de
reconhecimento de pessoas.

Após sucessivos atos processuais, Ruano Torres foi condenado em outubro de 2001,
juntamente com outras pessoas, como coautor do crime de sequestro contra o senhor
Marroquín, recebendo uma pena de 15 anos de prisão. A Defensoria Pública não recorreu da
sentença condenatória. Em 26 de junho de 2015, Ruano Torres havia cumprido a totalidade da
pena que lhe foi imposta.

O Estado demandado reconheceu a sua responsabilidade internacional pela maioria das


alegações apresentadas pela CIDH e pelos representantes da vítima.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à integridade pessoal e à proibição da tortura (arts. 5.1 e 5.2 da CADH);

2. O direito à liberdade pessoal (arts. 7.1, 7.3 e 7.6 da CADH);

3. Os direitos à presunção de inocência (art. 8.2 da CADH), à defesa e de ser ouvido com as
devidas garantias previstas nos arts. 8.1, 8.2.d e 8.2.e; e

4. O direito à proteção judicial (art. 25.1 da CADH).

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. Que o Estado investigue os policiais responsáveis pelas agressões sofridas por Ruano Torres;
2.Que o Estado apure eventual responsabilidade dos defensores públicos que contribuíram com
sua atuação para a violação dos direitos de Ruano Torres;

3. Que o Estado deixe sem efeito a sentença condenatória proferida contra a vítima;

4.Que o Estado coloque uma placa num lugar visível na sede da Defensoria Pública com o
propósito de despertar a consciência institucional para evitar a repetição de fatos como os
ocorridos neste caso;

5. Que o Estado reforce o sistema de seleção de defensores públicos, que cumpram com os
requisitos de idoneidade moral e capacidade técnica;

6. O Estado deve fornecer, gratuitamente, através das suas instituições de saúde especializadas,
de forma imediata, adequada e eficaz, o tratamento psicológico e/ou psiquiátrico, se solicitado,
com prévio consentimento informado, incluindo o fornecimento gratuito dos medicamentos
eventualmente requeridos, ao senhor Ruano Torres e seus familiares;

7. O Estado deve conceder bolsas de estudo em instituições públicas salvadorenhas, em


benefício do senhor Ruano Torres e seus familiares, para cobrir todos os custos de sua
educação até à conclusão dos seus estudos superiores, sejam eles técnicos ou universitários;

8. Que o Estado publique, em um prazo de 6 meses, a contar da notificação da sentença: a) um


resumo oficial da sentença, uma só vez, no Diário Oficial; b) um resumo oficial da sentença, uma
só vez, em jornal de ampla circulação nacional; e c) além de disponibilizar a integralidade da
sentença, pelo prazo de 1 ano, na página de um site oficial nacional, de maneira acessível ao
público;

9. Que o Estado deve implementar, dentro de um prazo razoável e com a respectiva disposição
orçamental, programas ou cursos obrigatórios e permanenentes sobre os princípios e normas
de proteção dos direitos humanos, em particular as normas internacionais estabelecidas nos
Princípios Relativos à Investigação e Documentação Eficazes da Tortura e outros Tratamentos
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes dirigidos ao pessoal da Polícia Civil Nacional e do
Gabinete do Procuradoria-Geral da República; e

10. O Estado deve garantir o pagamento das custas processuais e indenizar material e
moralmente o senhor Ruano Torres e seus familiares.

PONTOS IMPORTANTES

1. Valor probatório da declaração de corréu colaborador:

Entendeu a Corte IDH que "(...) a limitada eficácia probatória que deve ser atribuída à declaração
de um corréu, para além do seu conteúdo específico, quando é a única proba em que se
fundamenta uma decisão de condenação, pois objetivamente não seria suficiente por si só para
desvirtuar a presunção de inocência". Ademais, concluiu que "(...) fundamentar uma condenação
sobre a base de uma declaração de um corréu, sem que exista outros elementos de
corroboração, viola a presunção de inocência" (Mérito, reparações e custas, § 133).

2. Importância e extensão do direito de defesa:

A Corte IDH reiterou seu entendimento de que o direito à defesa deve acompanhar o indivíduo
desde quando é apontado como possível autor ou partícipe de um crime até a etapa da
execução da pena, assegurando-se as condições para que tanto a defesa pessoal quanto a
defesa técnica sejam regularmente exercidas (Mérito, reparações e custas, § 153).

3. O direito à assistência jurídica no processo penal para quem possui condições financeiras de
constituir advogado:

A CADH estabelece como garantia mínima de toda pessoa acusada de um delito o "direito
irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não,
segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor
dentro do prazo estabelecido pela lei" (art. 8.2.e). Embora o PIDCP e a CEDH admitam o direito a
um defensor proporcionado pelo Estado somente quando o acusado não dispuser de recursos
para remunerar um defensor próprio, não é isso que advoga a CADH e nem a Corte IDH,
apregoando, no presente caso, que "(...) a exigência de contar com um advogado que exerça a
defesa técnica para confrontar adequadamente o processo implica que a defesa proporcionada
pelo Estado não se limite unicamente àqueles casos de falta de recursos" (Mérito, reparações e
custas, § 155).

4. Efetividade da defesa técnica prestada pela Defensoria Pública e autonomia funcional:

A Corte IDH ressaltou no julgamento do Caso Ruano Torres que a defesa técnica prestada pela
Defensoria Pública não deve ser concebida apenas como uma formalidade processual, exigindo-
se, ao contrário, que o defensor público atue de forma diligente com o fim de proteger as
garantias processuais do acusado e evite que seus direitos sejam violados.

5. Responsabilidade internacional do Estado pela atuação deficiente da Defensoria Pública em


matéria penal:

A Corte Interamericana inicia esclarecendo que nem sempre o Estado pode ser responsabilizado
pelas falhas da Defensoria Pública, em especial quando a instituição gozar de autonomia e seus
membros possuírem independência funcional (Mérito, reparações e custas, § 163).
Excepcionalmente, apregoa que isso poderá ocorrer, a exemplo das seguintes hipóteses: a) não
desenvolver uma mínima atividade probatória; b) inatividade argumentativa em favor dos
interesses do acusado; c) carência de conhecimento técnico-jurídico do processo penal; d) falta
de interposição de recursos em detrimento dos direitos do acusado; e) indevida fundamentação
dos recursos interpostos; e f) abandono da defesa (Mérito, reparações e custas, § 166).

Como o membro da Defensoria Pública, no caso, não requereu a nulidade da diligência


defeituosa relativa ao reconhecimento de pessoas e também não interpôs recurso em face da
condenação, a Corte IDH entendeu que foi violado o seu direito de defesa (Mérito, reparações e
custas, § 167), conclusão que a Corte Interamericana alcançou tendo em vista, ainda, que
competia ao Poder Judiciário exercer um controle a respeito da atuação

da Defensoria Pública, pois é sua função assegurar que "(...) o direito à defesa não se tome
ilusório através de uma assistência jurídica ineficaz" (Mérito, reparações e custas, § 168).

6. Medida de reparação simbólica consistente na fixação de uma placa na sede da Defensoria


Pública com o nome de Ruano Torres:

Segundo a Corte IDH, a fixação da placa teria como propósito "(...) despertar a consciência
institucional para evitar a repetição de fatos como os ocorridos no presente caso" (Mérito,
reparações e custas, § 225).

7. Melhoria no sistema de seleção e de capacitação dos defensores públicos


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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Crianças
Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: O.C. 21 Ano: 2014 Informativo: -2

OPINIÃO CONSULTIVA Nº 21

A Corte decidiu, por unanimidade,

1. Conforme exigido pelos Estados requerentes, este Parecer Consultivo então determina, com a
maior precisão possível e de acordo com as normas citadas acima [artigos 1.1, 2, 4.1, 5, 7, 8, 11,
17, 19, 22.7, 22.8, 25 e 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos, artigos I, VI, VII, VIII,
XXV e XXVII da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e artigo 13 da
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura], as obrigações do Estado com
relação a meninas e meninos, associadas à sua situação migratória ou a de seus pais e que,
consequentemente, os Estados devem considerar ao projetar, adotar, implementar e aplicar suas
políticas de migração, incluindo nelas, conforme o caso, tanto a adoção ou aplicação das
normas correspondentes de direito interno, como a subscrição ou aplicação dos tratados
pertinentes e/ou outros instrumentos internacionais.

2. Tendo em mente, para estes fins, que é "menino ou menina" [como a Corte referencia o termo
Criança inúmeras vezes na presente O.C.] qualquer pessoa menor de 18 anos, os Estados devem
priorizar a abordagem dos direitos humanos de um perspectiva que leva em conta de forma
transversal os direitos de meninas e meninos e, em particular, sua proteção e desenvolvimento
integral, os quais devem prevalecer sobre qualquer consideração da nacionalidade ou do status
de migração, a fim de assegurar a plena validade seus direitos, nos termos dos parágrafos [do
inteiro teor da O.C.] 34 a 41 e 51 a 71.

3. Os Estados são obrigados a identificar crianças estrangeiras que requeiram proteção


internacional dentro de suas jurisdições, por meio de uma avaliação com garantia de segurança
e privacidade, a fim de lhes proporcionar o tratamento adequado e individualizado que seja
necessário de acordo com sua condição de criança e, no caso de dúvida sobre idade, avaliar e
determiná-la; determinar se se trata de uma criança desacompanhada ou separada, bem como
sua nacionalidade ou, se for o caso, sua condição de apátrida; obter informações sobre os
motivos de sua saída do país de origem, sua separação familiar se for o caso, das suas
vulnerabilidades e de qualquer outro elemento que evidenciar ou negar sua necessidade de
algum tipo de proteção internacional; e adotar, se necessário e pertinente de acordo com o
melhor interesse da criança, medidas de proteção especial, nos termos dos parágrafos [do
inteiro teor da O.C.] 72 a 107.

4. A fim de garantir a igualdade de acesso à justiça, garantir um processo justo e eficaz e


garantir que o melhor interesse da criança tem sido uma consideração primordial em todas as
decisões que são adotadas, os Estados devem garantir que os processos administrativos ou
judiciais em que se decida sobre direitos das crianças migrantes são adaptados às suas
necessidades e acessíveis para eles, nos termos dos parágrafos [do inteiro teor da O.C.] 108 a
115.

5. As garantias do devido processo legal que, de acordo com o direito internacional dos direitos
humanos, deve reger todo processo migratório, seja ele administrativo ou judicial, que envolva
meninas ou meninos são: o direito de ser notificado da existência de um procedimento e da
decisão adotada no âmbito do processo de migração; o direito a que os processos migratórios
sejam levados a cabo por um funcionário ou juiz especializado; o direito de ser ouvido e de
participar nas diferentes fases processuais; o direito de ser assistido gratuitamente por um
tradutor e/ou intérprete; acesso efetivo à comunicação e assistência consular; o direito ser
assistido por um representante legal e comunicar-se livremente com o referido representante; o
dever de nomear um tutor no caso de crianças desacompanhadas ou separadas; o direito de que
a decisão adotada avalie os melhores interesses da menina ou do menino e seja devidamente
fundamentada; o direito de recorrer da decisão a um juiz ou tribunal superior com efeitos
suspensivos; e a duração razoável do processo, nos termos do parágrafos [do inteiro teor da
O.C.] 116 a 143.

6. Os Estados não podem recorrer à privação de liberdade de meninas ou meninos para


acautelar os efeitos de um processo de migração nem tal medida pode basear-se no
descumprimento dos requisitos de entrada e permanência num país, pelo fato de a criança estar
sozinha ou separada de sua família, ou para garantir a unidade familiar, toda vez que podem e
devem dispor de alternativas menos nocivas e, ao mesmo tempo, proteger de forma prioritária e
integral os direitos da menina ou do menino, nos termos dos parágrafos [do inteiro teor da O.C.]
144 a 160.

7. Os Estados devem conceber e incorporar em seus respectivos sistemas jurídicos internos um


conjunto de medidas não privativas de liberdade a serem aplicadas enquanto se desenvolvem
os processos migratórios, que tendam prioritariamente à proteção integral dos direitos da
criança, com estrito respeito aos seus direitos humanos e ao princípio da legalidade, devendo as
decisões que ordenarem tais medidas serem adotadas por autoridade administrativa ou
judiciária competente em procedimento que respeite certas garantias mínimas, nos termos dos
parágrafos [do inteiro teor da O.C.] 161 a 170.

8. Os espaços de alojamento devem respeitar o princípio da separação e o direito à unidade


familiar, de modo que se forem crianças desacompanhadas ou separadas devem permanecer
em locais diferentes do correspondente aos adultos e, no caso de crianças acompanhadas, ficar
com seus pais, a menos que seja mais conveniente a separação em aplicação do princípio do
melhor interesse da criança e, além disso, garantir condições materiais e um regime adequado
para meninas e meninos em um ambiente privativo de liberdade, nos termos dos parágrafos [do
inteiro teor da O.C.] 171 a 184.

9. Nas situações de restrição da liberdade pessoal que possam constituir ou eventualmente


conduzir, pelas circunstâncias do caso concreto, a uma medida que corresponde materialmente
a uma privação de liberdade, os Estados devem respeitar a garantias que se tornam operativas
nas referidas situações, nos termos dos parágrafos [do inteiro teor da O.C.] 185 a 206.

10. Os Estados estão proibidos de devolver, expulsar, deportar, devolver, rejeitar em fronteira ou
não admitir, ou de qualquer forma transferir ou remover [princípio do non refoulement] uma
menina ou menino para um Estado quando sua vida, segurança e/ou liberdade estiverem em
risco de violação por causa de perseguição ou ameaça de perseguição, violência generalizada
ou violações massivas de direitos humanos, entre outros, bem como quando corre o risco de ser
submetida à tortura ou outro tratamento cruel, desumano ou degradante, ou a um terceiro
Estado de onde possa ser enviado para aquele em que possa correr os referidos riscos [non
refoulement indireto], nos termos dos parágrafos [do inteiro teor da O.C.] 207 a 242.

11. De acordo com as disposições da Convenção sobre os Direitos da Criança e outras normas
de proteção dos direitos humanos, qualquer decisão sobre a devolução de um criança para o
país de origem ou para um terceiro país seguro só pode se basear no seu superior interesse,
considerando que o risco de violação de seus direitos humanos pode adquirir manifestações
particulares e específicas devido à idade, nos termos dos parágrafos [do inteiro teor da O.C.] 207
a 242.

12. A obrigação do Estado de estabelecer e seguir procedimentos justos e eficientes para ser
capaz de identificar potenciais requerentes de asilo e determinar o estatuto de refugiado através
de uma análise adequada e individualizada dos pedidos com as correspondentes garantias,
deve incorporar os componentes específicos desenvolvidos à luz da proteção integral devida a
todas as crianças, aplicando plenamente os princípios orientadores e, em especial, no que diz
respeito aos melhores interesses da criança e sua participação no termos dos parágrafos [do
inteiro teor da O.C.] 243 a 262.

13. Qualquer órgão administrativo ou judicial que deva decidir sobre a separação família por
expulsão motivada pela situação migratória de um ou ambos os pais, deve usar uma análise de
ponderação, que leve em consideração as circunstâncias particulares do caso concreto e
garanta uma decisão individual, priorizando em cada caso o melhor interesse da criança. Nos
casos em que a menina ou o menino tem direito à nacionalidade do país de onde um ou ambos
os pais podem ser expulsos, ou de outra forma atende aos requisitos legais para aí residir
permanentemente, os Estados não podem expulsar um ou ambos os progenitores por infrações
migratórias de natureza administrativa, uma vez que sacrifica de forma irrazoável ou
desproporcional o direito à vida familiar da criança, no termos dos parágrafos [do inteiro teor da
O.C.] 263 a 282.

14. Tendo em vista que as obrigações determinadas acima se referem a um assunto tão próprio,
complexo e mutável da época atual, devem ser entendidos como parte do desenvolvimento
progressivo do Direito Internacional dos Direitos Humanos, um processo no qual,
consequentemente, esta Opinião Consultiva está inserida.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Força excessiva do Estado Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: Comunidades Afrodescendentes Deslocadas da Bacia do Rio Caçarica
(Operação Gênesis) vs. Colômbia Ano: 2013 Informativo: -2

CASO COMUNIDADES AFRODESCENDENTES DESLOCADAS DA BACIA DO RIO CAÇARICA


(OPERAÇÃO GÊNESIS) VS.

COLÔMBIA

RESUMO

O Caso das Comunidades Afrodescendentes Deslocadas da Bacia do Rio Cacarica,


popularmente conhecido como Caso da "Operação Gênesis", se refere às graves violações de
direitos humanos ocorridas no período entre 24 e 27 de fevereiro de 1997, que resultaram na
morte de Marino López Mena e no deslocamento forçado de quase 3.500 pessoas, a grande
maioria pertencente às comunidades afrodescendentes que viviam às margens do rio Cacarica,
situado na Colômbia. Os fatos ocorreram durante a "Operação Gênesis", que foi uma operação
militar realizada na zona do rio Cacarica com o objetivo de capturar membros do movimento de
guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A operação foi realizada em
conjunto por forças paramilitares e forças armadas colombianas. Durante a operação, além do
deslocamento forçado de milhares de pessoas, sendo a grande maioria comunidades
afrodescendentes que viviam no território afetado pela operação, também foram deslocados
cerca de 530 agricultores que possuíam terras na região. Durante o deslocamento forçado da
população afetada, um dos líderes comunitários, o sr. Marino López Mena, foi executado.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à vida (art. 4° da CADH);

2. O direito à integridade pessoal (arts. 5.1 e 5.2 da CADH);

3. O direito à integridade pessoal em relação às crianças deslocadas das comunidades


afrodescendentes da bacia do rio Caçarica (art. 5 c/c art. 19 da CADH);

4. O direito às garantias judiciais (art. 8.1 da CADH);

5. O direito à propriedade coletiva (art. 21 da CADH);

6. O direito de não ser deslocado forçadamente (conteúdo do direito de circulação e residência


(art. 22.1 da CADH);

7. O direito de ter garantida assistência humanitária e um retorno seguro (art. 22.1 c/c art. 5.1 da
CADH); e

8. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH);

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve utilizar todos os meios necessários para continuar eficazmente e abrir
investigações com a maior diligência, bem como abrir as que forem necessárias, com o fim de
identificar, processar e eventualmente punir todos os responsáveis pelos fatos do caso e
remover todos os obstáculos, de fato e de direito, que possam manter a impunidade;

2. Que em um período de seis meses da notificação da sentença, o Estado publique no Diário


Oficial da Colômbia e em um jornal de grande circulação nacional, por uma única vez, o resumo
oficial da mesma elaborado pela Corte e que, da mesma forma, a sentença, em sua integridade,
permaneça disponível por um período de um ano, em um site oficial de instituições e órgãos
estatais colombianos;

3. O Estado deve realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional


para os fatos do caso;

4. O Estado deve fornecer o tratamento médico adequado e prioritário exigido pelas vítimas do
caso, no âmbito dos programas de reparação previstos no regulamentos internos;

5. O Estado deve restabelecer o uso, gozo e posse efetivos dos territórios reconhecidos na
normativa interna para as comunidades afrodescendentes agrupadas no Conselho Comunitário
das Comunidades da Bacia do Rio Caçarica;

6. O Estado deve garantir que as condições dos territórios que são restituídos às vítimas no
caso, bem como o local onde vivem atualmente, sejam adequados para a segurança e a vida
digna tanto dos que já voltaram como dos que ainda não;

7. O Estado deve garantir que todas as pessoas reconhecidas como vítimas da sentença
recebem efetivamente a indenização estabelecida pelos regulamentos internos relevantes;
8. O Estado deve arcar com as custas processuais e indenizar material e moralmente as vítimas
do caso; e

9. O Estado deve apresentar ao Tribunal um relatório sobre as medidas adotadas para cumprir
com o mesmo no prazo de um ano a partir da notificação da sentença.

PONTOS IMPORTANTES

1. Utilização do termo "comunidade afrodescendente" pela Corte Interamericana de Direitos


Humanos:

Pela primeira vez desde o seu funcionamento, a Corte IDH utilizou o termo "comunidade
afrodescendente" em vez de "comunidade tribal". Em outros julgados, a Corte Interamericana
fazia referência às comunidades negras como comunidades tribais, utilizando-se da mesma
expressão para todas as outras comunidades que não pertenciam a etnias indígenas. E uma
mudança de paradigma na jurisprudência da Corte.

2. Extensão dos direitos diferenciados dos povos indígenas para as comunidades


afrodescendentes de maneira direta e imediata: implementação do conceito de propriedade
coletiva diretamente para as comunidades afrodescendentes:

Até o julgamento do Caso "Operação Gênesis", a aplicação de direitos diferenciados aos povos
indígenas era estendida aos mais diversos povos tribais (dentre eles, as comunidades
afrodescendentes). Para que ocorresse essa extensão, a Corte IDH, por meio de uma
interpretação teleológica e sistemática, equiparava as comunidades tribais às comunidades
indígenas a fim de justificar a extensão dos direitos diferenciados das comunidades indígenas
para as outras minorias tribais. Ocorre que, no Caso Comunidades Afrodescendentes
deslocadas da Bacia do Rio Cacarica, a Corte IDH aplicou diretamente os direitos diferenciados
dos povos indígenas para as comunidades afrodescendentes, fazendo isso porque a própria lei
colombiana reconhece direitos diferenciados para as comunidades negras, como a propriedade
coletiva da terra ancestral que ocupam. Assim, a Corte IDH mudou seu entendimento
jurisprudencial e passou a aplicar diretamente às comunidades tribais os direitos diferenciados
dos povos indígenas, direitos esses conferidos na Convenção 169 da OIT. Ao reconhecer a
propriedade coletiva pelas comunidades afrodescendentes, a Corte Interamericana se alinhou à
legislação brasileira, que também reconhece a propriedade coletiva das comunidades
quilombolas, conforme o art. 68 do ADCT.

3. Deslocamento forçado:

Ao proferir sua decisão, a Corte IDH ressaltou que o deslocamento forçado viola normas de
direito internacional humanitário, e isso porque, segundo as Convenções de Genebra que
regulam o direito internacional humanitário, a população civil não pode ser alvo dos conflitos
armados existentes na região. Por conseguinte, a propriedade dessa população deve ser
protegida, o que não ocorreu no caso em análise. No tocante ao deslocamento forçado, é
importante relembrar que o art. 16 da Convenção 169 da OIT prevê uma série de dispositivos
que, como regra, impedem o deslocamento forçado das comunidades tradicionais. O mesmo
artigo também confere o direito à indenização pelos danos ocorridos em virtude do
deslocamento. Sobre o conceito de deslocamento forçado de pessoas, a Corte Interamericana
elucida o seguinte: "se entende por deslocados internos as pessoas ou grupo de pessoas que
tenham sido forçadas ou obrigadas a fugir ou deixar seu local de residência habitual,
especialmente como resultado ou para evitar as consequências de um conflito armado, de
situações de violência generalizada, de violações de direitos humanos (...) e que não tenham
atravessado uma fronteira estatal internacionalmente reconhecida".

4. Participação das vítimas do deslocamento forçado na tomada de decisões que dizem


respeito ao retorno ao local de origem:

Ainda sobre o deslocamento forçado de pessoas, a Corte Interamericana possui entendimento


no sentido de que é uma obrigação do Estado garantir que as pessoas vítimas do deslocamento
forçado participem das tomadas de decisões que envolvam o retomo ao seu local de origem,
(Exceções..., § 220).

5. A prática do deslocamento forçado de pessoas viola a garantia do respeito ao núcleo familiar


prevista na CADH:

No julgamento do Caso "Operação Gênesis", a Corte Interamericana também deixou consignado


que "(...) o direito à proteção da família dos envolvidos, abrange, entre outras funções, a de
favorecer, mais amplamente, o desenvolvimento do núcleo familiar. No presente caso, o Tribunal
considera que há elementos de informação sobre as condições de superlotação, falta de
privacidade dos indivíduos, e o envolvimento de estruturas familiares (par. 118). Dos acima
mencionados é que, durante o período em que durou o deslocamento forçado das comunidades
afrodescendentes deslocadas do Rio Cacarica, o Estado falhou em exarar medidas necessárias
para a proteção adequada da integridade das famílias deslocadas, que foram fragmentadas e
separadas" (Exceções preliminares, mérito e reparações, § 325).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Mulheres
Tribunal: Comitê da CEDAW Caso: Alyne da Silva Pimentel vs. Brasil Ano: 2011 Informativo:
-2

CASO ALYNE DA SILVA PIMENTEL VS. BRASIL

RESUMO

Alyne Pimentel tinha 28 anos, era negra (atenção! interseccionalidade de vulnerabilidades), mãe
de uma filha de cinco anos e gestava uma criança em seu sexto mês. Em 11 novembro de 2002,
buscou assistência na Casa de Saúde Nossa Senhora da Glória de Belford Roxo (Casa de
Saúde), com quadro de náuseas e fortes dores abdominais. Recebeu analgésicos e foi liberada.
Dois dias depois, não teve melhora no quadro e retornou ao hospital, ocasião em que foi
constatada a morte do feto.

Seis horas depois, foi submetida a parto induzido para a retirada do feto e, somente 14 horas
depois, submetida a procedimento de curetagem para retirada da placenta que não havia sido
completamente expelida. A partir daí, seu quadro de saúde se agravou na mesma proporção que
o descaso e negligência no atendimento: os registros médicos do pré-natal não foram
localizados na Casa de Saúde; sendo necessária a transferência da paciente, o hospital de
destino se recusou a encaminhar sua ambulância, o que gerou uma espera de oito horas; após a
transferência, mesmo a paciente apresentando quadro de coagulação intravascular
disseminada, ela permaneceu em um corredor do hospital.

Alyne faleceu no dia 16 de novembro e a autópsia identificou como causa oficial de sua morte
uma hemorragia digestiva que, segundo os médicos, foi resultado do parto do feto natimorto.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO O COMITÊ

Em 2011, o Comitê CEDAW emitiu decisão e declarou o Estado brasileiro responsável por
violações dos artigos 12 (em relação ao acesso à saúde), 2º – c (em relação ao acesso à
justiça), e 2º – e (em relação à obrigação do Estado-parte de regulamentar as atividades dos
prestadores de serviços de saúde privados), em conjunto com o artigo 1º, da Convenção, e as
recomendações gerais n. 24 e n. 285.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. Sobre o autor e a família da senhora da Silva Pimentel Teixeira:

Prestar reparação adequada, incluindo indenização financeira, ao autor e à filha da senhora da


Silva Pimentel Teixeira proporcional à gravidade das violações contra ela.

2. Disposições gerais:

a) Assegurar o direito das mulheres à maternidade segura e ao acesso à assistência médica


emergencial adequada, a preços acessíveis, de acordo com a recomendação geral nº 24 (1999)
sobre as mulheres e a saúde;

b) Proporcionar formação profissional adequada para os trabalhadores da área de saúde,


especialmente sobre os direitos reprodutivos das mulheres à saúde, incluindo tratamento
médico de qualidade durante a gravidez e o parto, bem como assistência obstétrica emergencial
adequada;

c) Assegurar o acesso a medidas eficazes nos casos em que os direitos das mulheres à saúde
reprodutiva tenham sido violados e prover a formação de pessoal do Poder Judiciário e
responsável pela aplicação da lei;

d) Assegurar que as instalações de assistência médica privada satisfaçam as normas nacionais


e internacionais em saúde reprodutiva;

e) Assegurar que as sanções adequadas sejam impostas a profissionais de saúde que violem os
direitos de saúde reprodutiva das mulheres; e

f) Reduzir as mortes maternas evitáveis através da implementação do Acordo Nacional pela


Redução da Mortalidade Materna aos níveis estadual e municipal, inclusive através da criação
de comitês de mortalidade materna em lugares onde tais comitês ainda não existem, de acordo
com as recomendações em suas observações finais para com o Brasil, adotadas em 15 de
agosto de 2007.

PONTOS IMPORTANTES

1. Trata-se do PRIMEIRO CASO em que o Brasil foi responsabilizado no sistema global de


proteção dos direitos humanos (sistema ONUSIANO).

2. Foi, ainda, o primeiro caso sobre mortalidade materna acolhido pelo Comitê da CEDAW.

3. O caso é paradigmático no estudo da VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA.


4. Com o intuito de cumprir as recomendações do Comitê CEDAW, além da indenização paga
para a mãe de Alyne Pimentel, o Brasil realizou duas reparações simbólicas. A UTI da
Maternidade Mariana Bulhões, no Município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, foi batizada com o
nome da vítima, tendo a homenagem sido oficializada com a inauguração de uma placa no local
no dia 3 de abril de 2014. Por fim, no dia 5 de abril, no município de Mesquita, no Rio de Janeiro,
foi inaugurado o espaço de convivência "Alyne da Silva Pimentel" na Maternidade do Hospital
Mãe de Mesquita.

5. Sendo assim, a condenação do Estado brasileiro no Caso Alyne Pimentel é a primeira e única
do país proferida por um órgão do sistema global de proteção dos direitos humanos.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Desaparecimentos Forçados Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: Gomes Lund e Outros ("Guerrilha do Araguaia") vs. Brasil Ano: 2010
Informativo: -2

CASO GOMES LUND E OUTROS (“GUERRILHA DO ARAGUAIA”) VS. BRASIL

RESUMO

O Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil, popularmente conhecido como Caso “Guerrilha do
Araguaia", trata da responsabilidade do Estado brasileiro pela detenção arbitrária, tortura e
desaparecimento forçado de aproximadamente setenta pessoas, dentre elas integrantes do PCB
(Partido Comunista Brasileiro) e camponeses da região do Araguaia, situada no Estado do
Tocantins, entre 1972 e 1975. A maioria das vítimas desaparecidas integrava (ou pelo menos
havia uma suspeita de que o fizessem) o movimento de resistência intitulado “Guerrilha do
Araguaia", conhecido por realizar atos de resistência e oposição aos militares. Naquela época, o
governo do Estado brasileiro implementou ações com o objetivo de exterminar todos os
integrantes do movimento "Guerrilha do Araguaia", no que obteve êxito. Ocorre que, no dia 28 de
agosto de 1979, o Brasil aprovou a Lei Federal 6.683, popularmente conhecida como "Lei da
Anistia". Esse diploma normativo perdoou todos aqueles que haviam cometido crimes políticos
ou conexos com eles no período da ditadura militar, o que acabou gerando a irresponsabilidade
de todos os agentes do Estado brasileiro que participaram dos massacres ocorridos no período
da ditadura, inclusive em relação aos fatos ocorridos na região do Araguaia. A controvérsia
chegou até a CIDH em agosto de 1995. Após o Brasil não ter se manifestado sobre os relatórios
da CIDH, a demanda foi submetida à Corte IDH. A CIDH pugnou pela responsabilização do
Estado brasileiro pela violação dos seguintes dispositivos da CADH: art. 3° (direito ao
reconhecimento da personalidade jurídica), art. 49 (direito à vida), art. 5° (direito à integridade
pessoal), art. 7° (direito à liberdade pessoal), art. 8° (garantias judiciais), art. 13 (liberdade de
pensamento e de expressão) e art. 25 (proteção judicial). A Comissão ainda fez referência à
promulgação da Lei da Anistia no Estado brasileiro, que ocasionou a não realização da
investigação penal e do cumprimento do dever de perseguir e julgar os responsáveis pelos
massacres. No dia 24 de novembro de 2010, a Corte Interamericana sentenciou o Caso Gomes
Lund, responsabilizando o Estado brasileiro pelas violações ocorridas na região do Araguaia, no
período em que vigorava no país o regime militar.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

A Corte IDH declarou, inicialmente, que As disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem
a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a
Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um
obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição
dos responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros
casos de graves violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana
ocorridos no Brasil;

Ato contínuo, considerou violados os seguintes direitos:

1. O direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art. 3° da CADH);

2. O direito à vida (art. 4° da CADH);

3. O direito à integridade pessoal (art. 5° da CADH);

4. O direito à liberdade pessoal (art. 7° da CADH);

5. O direito às garantias judiciais (art. 8° da CADH) e à proteção judicial (art. 25 da CADH), pela
falta de investigação dos fatos do presente caso, bem como pela falta de julgamento e sanção
dos responsáveis, em prejuízo dos familiares das pessoas desaparecidas e da pessoa
executada;

6. Ainda, o direito às garantias judiciais e à proteção judicial, em relação a obrigação de adequar


seu direito interno à Convenção Americana sobre Direitos Humanos como consequência da
interpretação e aplicação que foi dada à Lei de Anistia a respeito de graves violações de direitos
humanos;

7. O direito à liberdade de pensamento e expressão (art. 13 da CADH).

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve conduzir eficazmente, perante a jurisdição ordinária, a investigação penal dos
fatos do presente caso a fim de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades
penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja;

2. O Estado deve realizar todos os esforços para determinar o paradeiro das vítimas
desaparecidas e, se for o caso, identificar e entregar os restos mortais a seus familiares;

3. O Estado deve oferecer o tratamento médico e psicológico ou psiquiátrico que as vítimas


requeiram e, se for o caso, pagar o montante estabelecido;

4. O Estado deve realizar as publicações ordenadas;

5. O Estado deve realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional a


respeito dos fatos do presente caso;

6. O Estado deve continuar com as ações desenvolvidas em matéria de capacitação e


implementar, em um prazo razoável, um programa ou curso permanente e obrigatório sobre
direitos humanos, dirigido a todos os níveis hierárquicos das Forças Armadas;

7. O Estado deve adotar, em um prazo razoável, as medidas que sejam necessárias para tipificar
o delito de desaparecimento forçado de pessoas em conformidade com os parâmetros
interamericanos. Enquanto cumpre com esta medida, o Estado deve adotar todas aquelas ações
que garantam o efetivo julgamento, e se for o caso, a punição em relação aos fatos constitutivos
de desaparecimento forçado através dos mecanismos existentes no direito interno;

8. O Estado deve continuar desenvolvendo as iniciativas de busca, sistematização e publicação


de toda a informação sobre a Guerrilha do Araguaia, assim como da informação relativa a
violações de direitos humanos ocorridas durante o regime militar, garantindo o acesso à mesma;

9. O Estado deve pagar as quantias fixadas na Sentença a título de indenização por dano
material, por dano imaterial e por restituição de custas e gastos;

10. O Estado deve realizar uma convocatória, em, ao menos, um jornal de circulação nacional e
um da região onde ocorreram os fatos do presente caso, ou mediante outra modalidade
adequada, para que, por um período de 24 meses, contado a partir da notificação da Sentença,
os familiares das pessoas indicadas na Sentença aportem prova suficiente que permita ao
Estado identificá-los e, conforme o caso, considerá-los vítimas nos termos da Lei nº 9.140/95 e
da Sentença;

11. O Estado deve permitir que, por um prazo de seis meses, contado a partir da notificação da
presente Sentença, os familiares dos senhores Francisco Manoel Chaves, Pedro Matias de
Oliveira (“Pedro Carretel”), Hélio Luiz Navarro de Magalhães e Pedro Alexandrino de Oliveira
Filho, possam apresentar-lhe, se assim desejarem, suas solicitações de indenização utilizando
os critérios e mecanismos estabelecidos no direito interno pela Lei nº 9.140/95;

12. Os familiares ou seus representantes legais apresentem ao Tribunal, em um prazo de seis


meses, contado a partir da notificação da presente Sentença, documentação que comprove que
a data de falecimento das pessoas indicadas na Sentença;

PONTOS IMPORTANTES

1. O caso "Guerrilha do Araguaia" envolve o tema da justiça de transição e suas quatro


dimensões:

Caso Gomes Lund é mais um caso julgado pela Corte IDH envolvendo Leis de Anistia, Justiça de
transição e suas quatro dimensões. Em uma breve síntese, entende-se por justiça de transição
(ou "transitional justice") um conjunto de mecanismos judiciais ou extrajudiciais utilizados por
uma sociedade como um ritual de passagem à ordem democrática após graves violações de
direitos humanos por regimes autoritários e ditatoriais, de forma que se assegure a
responsabilidade dos violadores de direitos humanos, o resguardo da justiça e a busca da
reconciliação. Assim, a justiça de transição compreende diversas práticas administrativas e
judiciais que visam deslegitimar o regime antidemocrático anterior, como, por exemplo, prover
indenizações aos familiares das vítimas, responsabilizar o Estado pelos abusos cometidos etc.

O Conselho de Segurança da ONU também definiu quatro práticas para lidar com o regime de
exceção. A doutrina costuma chamar essas facetas de "dimensões". São elas: a) direito à
memória e à verdade; b) direito à reparação das vítimas (e seus familiares); c) o adequado
tratamento jurídico aos crimes cometidos no passado; d) e a reforma das instituições para a
democracia.

2. As "Políticas de veto" (vetting) como instrumento de redemocratização das instituições


envolvidas com a ditadura militar:

A redemocratização das instituições envolvidas e aparelhadas pela ditadura militar consiste em


uma das quatro dimensões da justiça de transição. A partir dessa dimensão, a doutrina,
capitaneada por Cherif Bassiouni, e a prática internacional, criaram as "políticas de veto",
também chamadas de "políticas de lustração". Tais políticas estão inseridas no documento
internacional conhecido como Princípios de Chicago, e visam a "proibição daqueles que
participaram do governo anterior, realizando abusos, de fazer parte das Forças Armadas,
agências de inteligência ou outras forças de segurança; dos líderes políticos de se elegerem no
novo governo; o afastamento de membros do judiciário e demais funcionários da administração
pública associados ao regime anterior". Portanto, as políticas de lustração (lustration) possuem
dois objetivos primordiais, quais sejam: a) evitar novos regimes antidemocráticos, uma vez que
as políticas de veto visam afastar dos quadros do Estado os agentes que apoiaram o período
ditatorial; e b) a oxigenação dos quadros do Estado e de seu modus operandi. Assim, é possível
afirmar que as Leis de Anistia não se compatibilizam com as políticas de veto (também
chamadas de depuração ou lustração), uma vez que o perdão concedido pelo Estado por meio
da Lei de Anistia possibilita ao violador de direitos humanos permanecer nos quadros do Estado,
o que vai de encontro a uma das dimensões da justiça de transição.

3. O adequado tratamento jurídico aos crimes cometidos no período democrático e a


responsabilização dos agentes estatais responsáveis pelas violações de direitos humanos:

E a partir desta dimensão que se discute a validade ou não da Lei de Anistia brasileira. O tema é
polêmico e dá ensejo a diversas discussões. Recentemente, o Ministério Público Federal propôs
uma série de ações penais contra agentes militares que supostamente teriam sido autores de
crimes contra a humanidade na época dos anos de chumbo. Nas ações penais, o MPF alegou a
prática de delitos de caráter permanente pelos acusados, assim como a não abrangência
desses crimes pela Lei de Anistia brasileira. Citam-se como exemplos os casos envolvendo o
atentado no Riocentro , a ação penal proposta contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e a
exordial acusatória ajuizada contra o coronel Sebastião Curió.

A ação penal no caso envolvendo os acusados de participar do atentado no Riocentro foi aceita
em primeira instância, mas trancada, via habeas corpus, em segundo grau. Segundo o TRF da 2a
Região, "A jurisprudência brasileira não pode importar normas do Tribunal de Nuremberg sobre a
existência de crimes contra a humanidade, inexistente na legislação brasileira". O relator do
habeas corpus que trancou a ação penal no caso Riocentro, des. fed. Ivan Athié, ainda concluiu
que "não podemos admitir que normas alienígenas sejam usadas como se integrassem o
ordenamento jurídico brasileiro, em nome de um sentimento de justiçamento perigosamente em
voga no nosso país atualmente". Argumentos semelhantes guiaram a decisão do mesmo
Tribunal Federal em relação ao caso Sebastião Curió. Por fim, a ação penal movida contra o
Coronel Ustra foi suspensa pelo STF. O PGR recorreu dessa decisão, alegando que os crimes
cometidos por Ustra não estariam abarcados pela proteção conferida pela Lei de Anistia, ante o
caráter permanente dos delitos imputados ao acusado. Já adiantamos desde já que não é
possível concordar com os argumentos exarados nestas decisões, que refutam a importação de
normas internacionais para a aplicação no ordenamento jurídico interno. Porém, antes de expor
o nosso posicionamento, é importante demonstrarmos as diversas correntes doutrinárias sobre
o tema:

1ª Corrente: a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade é norma de jus cogens e


possui caráter consuetudinário (e também convencional). A existência da Convenção
Internacional sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade,
de 1968, apenas declarou a imprescritibilidade dos crimes de guerra e de crimes contra a
humanidade, ante a existência prévia de um costume internacional no sentido da
imprescritibilidade desses delitos, conforme a Resolução 2.338 da Organização das Nações
Unidas, de 18 de dezembro de 1967. Assim, conforme dito paradoxalmente pelo próprio relator
do habeas corpus que trancou uma das ações penais envolvendo o tema, desde a época do
Tribunal de Nuremberg (ou seja, mesmo antes da Convenção de 1968) já se admitia a
imprescritibilidade desses delitos. É bem verdade que o Brasil não é parte da Convenção
Internacional sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes Contra a
Humanidade; entretanto, tal fato não causa maiores empecilhos para que o Estado brasileiro
reconheça a imprescritibilidade desses delitos, ante o caráter consuetudinário da norma que
regula a questão. Ainda nesse sentido, há mais um argumento a ser sopesado: o caráter de jus
cogens da imprescritibilidade dos crimes de guerra e contra a humanidade, já reconhecido pela
ONU e também pela Corte IDH. Por fim, convém relembrar a previsão da imprescritibilidade para
os delitos em análise no Estatuto de Roma, convenção que regula o Tribunal Penal Internacional.

2ª Corrente: impossibilidade do reconhecimento da imprescritibilidade dos crimes contra a


humanidade e dos crimes de guerra (atualmente adotada pelas cortes nacionais). Não é
possível reconhecer a imprescritibilidade dos delitos contra a humanidade e de guerra; logo, não
é possível promover a persecução penal contra os agentes da ditadura pelos fatos atentatórios
aos direitos hum anos que foram cometidos no período da ditadura militar brasileira, pois estes
estariam prescritos. Outros argumentos, principalmente o sentimento de insegurança jurídica
em uma possível admissão da importação de normas internacionais para o ordenamento
jurídico brasileiro, também são frequentemente invocados pelas cortes domésticas.
Recentemente, o STJ negou a reabertura do célebre Caso Rio Centro, reconhecendo a prescrição
dos crimes ocorridos na ditadura. O STF também enfrentou a questão e, no mesmo sentido do
STJ, adotou a corrente que reconhece a prescritibilidade dos crimes ocorridos durante a ditadura
militar, alegando que apenas a lei interna poderia dispor sobre prescritibilidade ou
imprescritibilidade da pretensão punitiva do Estado.

4. As três fases da Justiça de Transição:

Em que pese muitos autores abordem o tema da transitional justiçe a partir do término do
período ditatorial em países da América Latina, o fenômeno possui origem em período anterior,
qual seja, o fim da Segunda Guerra Mundial. Sobre este ponto, a professora Ruti Teitel, criadora
do termo "justiça de transição", elenca em sua obra Genealogia da Justiça de Transição três
fases no fenômeno da justiça de transição, são elas: 1) justiça de transição pós-guerra, 2) justiça
de transição pós-guerra fria e 3) justiça de transição no estado estacionário.

5. Os quatro níveis da Justiça de Transição:

Ao trabalhar o tema da justiça de transição, a doutrina estrangeira desenvolveu quatro "níveis"


ou "planos", nos quais a justiça de transição se materializa. O primeiro plano pelo qual a justiça
de transição se materializa é o plano individual, no qual as vítimas são reparadas em razão das
violações de direitos humanos perpetradas por agentes do Estado no período ditatorial. Ainda
no plano individual, busca-se a condenação dos responsáveis pelas violações de direitos
humanos. Logo, o primeiro nível da justiça de transição é observado na esfera individual, seja
dos autores, seja das vítimas. Por outro lado, encontra-se o segundo nível da justiça de
transição, qual seja, a dimensão dos Estados-nação, que lida com a definição dos acordos e
arranjos entendidos como necessários para facilitar a transição do período antidemocrático
para a democracia. Ainda sobre o assunto, a doutrina estrangeira elenca um terceiro nível da
justiça de transição, que se materializa por meio dos atores corporativos da sociedade, como,
por exemplo, os partidos políticos, as empresas econômicas, as associações profissionais e os
sindicatos. Segundo a doutrina, essas pessoas jurídicas são de suma importância para a
consolidação da democracia no período de transição, uma vez que dialogam com a sociedade e
ajudam as vítimas do período antidemocrático a obter as reparações devidas. Por fim, o quarto e
último nível da justiça de transição se materializa na atuação dos tribunais internacionais de
direitos humanos que realizam o julgamento dos fatos ocorridos nos períodos ditatoriais de
cada Estado (Corte Interamericana de Direitos Humanos, Corte Europeia de Direitos Humanos,
Tribunal Penal Internacional etc.).
6. Não admissibilidade da Corte IDH como uma "quarta instância":

Logo em sede de exceção preliminar, o Brasil informou à Corte IDH da existência de uma
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal sobre o caso. Assim, para o Estado brasileiro,
caso a Corte decidisse prosseguir no julgamento do caso Gomes Lund, ela acabaria se tomando
uma instância revisora de julgamentos locais, caracterizando-se como uma "quarta instância", o
que seria proibido. A exceção alegada pelo Estado brasileiro não foi acolhida pela Corte IDH, sob
o argumento de que não há qualquer hierarquia entre o Supremo Tribunal Federal e a Corte. O
que deve haver é uma relação de diálogo, complementaridade e reciprocidade, mas jamais de
hierarquia.

7. Dever de investigar e punir os crimes de lesa-humanidade como norma de jus cogens:

As "garantias de não repetição" consistem em uma das formas de reparação por violação de
direitos humanos utilizadas pela Corte IDH para que se assegure que os Estados julgados por
sua jurisdição não tomem a violar direitos humanos previstos na CADH. Dentro dessas garantias
de não repetição, insere-se o dever de investigar e punir, conforme o qual o Estado condenado
pela jurisdição da Corte IDH é sentenciado a investigar e punir os autores das violações de
direitos humanos. Desse modo, evita-se tanto a reincidência da conduta violadora de direitos
humanos quanto a própria impunidade dos responsáveis. O dever de investigar e punir foi
utilizado pela primeira vez no Caso Velásquez Rodriguez vs. Honduras, primeiro caso julgado
pela Corte IDH desde o início de seus trabalhos no ano de 1988. Nesse sentido, a Corte IDH
afirma que "pode e, mais do que isto, tem a obrigação de atribuir natureza de jus cogens àqueles
direitos mais caros à pessoa, componentes do núcleo duro de proteção ('hard core of human
rigths'), de modo a protegê-la e a cumprir a finalidade de proteção aos direitos humanos
agasalhados na Convenção Americana" (Exceções preliminares, mérito, reparações e custas, §
19). O dever de investigar e punir os crimes de lesa-humanidade foi utilizado pela Corte IDH na
sentença proferida contra o Estado brasileiro no Caso Gomes Lund. O tribunal interamericano
ordenou que o Brasil investigasse os fatos e punisse os responsáveis pelas violações de direitos
humanos na região do Araguaia. Nessa linha, a Corte IDH reiterou o caráter de norma de jus
cogens do dever de investigar e punir, ressaltando o caráter cogente e imperativo dessa norma
para a comunidade internacional como um todo. Foi também no Caso Gomes Lund que a Corte
Interamericana reafirmou o caráter de jus cogens do combate ao desaparecimento forçado.

Link direto

Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Mulheres
Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: González e outras ("Campo Algodoeiro") vs. México
Ano: 2009 Informativo: -2

CASO GONZÁLEZ E OUTRAS (“CAMPO ALGODOEIRO”) VS. MÉXICO

RESUMO

Os fatos do presente caso aconteceram em Ciudad Juárez, no México, lugar onde se


desenvolveram diversas formas de delinquência organizada. Desde 1993, registrou-se em
Ciudad Juárez um aumento de homicídios de mulheres influenciado por uma cultura de
discriminação contra a mulher. Laura Berenice Ramos, estudante de 17 anos de idade,
desapareceu em setembro de 2001. Claudia Ivette González, trabalhadora de 20 anos de idade,
desapareceu em outubro de 2001. Esmeralda Herrera Monreal, empregada doméstica de 15
anos de idade, desapareceu também em outubro de 2001. Seus familiares apresentaram
denúncias sobre os desaparecimentos. Porém, não se iniciaram maiores investigações. Consta
da denúncia apresentada pela CIDH, ainda, a informação de que funcionários do Estado teriam
se comportado de forma indiferente e até mesmo discriminatória diante do contexto
evidenciado, eis que haviam feito comentários sobre a vida censurável e o comportamento
sexual das vítimas, deduzindo que poderiam não estar "desaparecidas", mas sim em companhia
de seus namorados ou outros parceiros. As autoridades se limitaram a elaborar os registros de
desaparecimento, os cartazes de busca, a tomada de declarações e o envio de ofício à Polícia.
Em novembro de 2001, foram encontrados numa plantação de algodão os corpos das vítimas,
que apresentavam sinais de violência sexual. Concluiu-se que as três mulheres estiveram
privadas de liberdade antes de morrerem. Apesar dos recursos interpostos pelos familiares, não
se investigou nem se puniu os responsáveis.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O dever de não discriminação (art. 1.1 da CADH);

2. O direito à vida (art. 4.1 da CADH);

3. O direito à integridade pessoal (art. 5.1 e 5.2 da CADH);

4. O direito à liberdade pessoal (art. 7.1 da CADH), em relação aos artigos 1.1 e 2° da CADH;

5. As obrigações contempladas no art. 7.b e 7.c da Convenção Belém do Pará (agir com o
devido zelo para prevenir, investigar e punir a violência contra a mulher e incorporar na sua
legislação interna normas penais, civis, administrativas e de outra natureza, que sejam
necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, bem como adotar as
medidas administrativas adequadas que forem aplicáveis);

6. Os direitos da criança (art. 19 da CADH);

7. O direito às garantias judiciais (art. 8.1 da CADH);

8. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH), em relação aos artigos 1.1 e 2° da CADH;

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deverá conduzir eficazmente o processo penal em curso e, se for o caso, os que
chegarem a ser abertos, para identificar, processar e, se for o caso, punir os responsáveis
materiais e intelectuais pelo desaparecimento, maus-tratos e privação da vida das jovens
González, Herrera e Ramos, em conformidade com as seguintes diretrizes:

1.1. deverão ser removidos todos os obstáculos de jure ou de facto que impeçam a devida
investigação dos fatos e o desenvolvimento dos respectivos processos judiciais, e deverão ser
usados todos os meios disponíveis para fazer com que as investigações e processos judiciais
sejam expeditos a fim de evitar a repetição de fatos iguais ou análogos aos do presente caso;

1.2. a investigação deverá incluir uma perspectiva de gênero; empreender linhas de investigação
específicas em relação à violência sexual, para o que devem ser incluídas as linhas de
investigação sobre os padrões respectivos na região; deve ser realizada em conformidade com
os protocolos e manuais que cumpram as diretrizes desta Sentença; deve ser fornecida
informação regularmente aos familiares das vítimas sobre os avanços na investigação e dar-
lhes pleno acesso aos autos, e deve ser realizada por funcionários altamente capacitados em
casos similares e em atenção a vítimas de discriminação e violência por razão de gênero;

1.3. deverá ser assegurado que os distintos órgãos que participem no procedimento de
investigação e nos processos judiciais contem com os recursos humanos e materiais
necessários para desempenhar as tarefas de maneira correta, independente e imparcial, e que
as pessoas que participem na investigação contem com as devidas garantias de segurança, e

1.4. os resultados dos processos deverão ser divulgados publicamente para que a sociedade
mexicana conheça os fatos objeto do presente caso.

2. O Estado deverá, dentro de um prazo razoável, investigar, por meio das instituições públicas
competentes, os funcionários acusados de irregularidades e, depois de um devido processo,
aplicar as sanções administrativas, disciplinares ou penais correspondentes aos que forem
considerados responsáveis;

3. O Estado deverá realizar, dentro de um prazo razoável, as investigações correspondentes e, se


for o caso, punir os responsáveis pelas perseguições de que foram objeto Adrián Herrera
Monreal, Benita Monárrez Salgado, Claudia Ivonne Ramos Monárrez, Daniel Ramos Monárrez,
Ramón Antonio Aragón Monárrez, Claudia Dayana Bermúdez Ramos, Itzel Arely Bermúdez
Ramos, Paola Alexandra Bermúdez Ramos e Atziri Geraldine Bermúdez Ramos;

4. O Estado deverá, no prazo de seis meses a partir da notificação da presente Sentença,


publicar no Diário Oficial da Federação, em um jornal de ampla circulação nacional e em um
jornal de ampla circulação no Estado de Chihuahua, por uma única vez, os parágrafos 113 a 136,
146 a 168, 171 a 181, 185 a 195, 198 a 209 e 212 a 221 desta Sentença e os pontos resolutivos
da mesma, sem as notas de rodapé correspondentes. Adicionalmente, o Estado deverá, dentro
do mesmo prazo, publicar a presente Sentença integralmente em um sítio web oficial do Estado;

5. O Estado deverá, no prazo de um ano a partir da notificação desta Sentença, realizar um ato
público de reconhecimento de responsabilidade internacional em relação aos fatos do presente
caso, em honra à memória de Laura Berenice Ramos Monárrez, Esmeralda Herrera Monreal e
Claudia Ivette González;

6. O Estado deverá, no prazo de um ano a partir da notificação desta Sentença, erigir um


monumento em memória das mulheres vítimas de homicídio por razões de gênero em Ciudad
Juárez. O monumento será revelado na mesma cerimônia na qual o Estado reconheça
publicamente sua responsabilidade internacional, em cumprimento do ordenado no ponto
resolutivo anterior;

7. O Estado deverá, em um prazo razoável, continuar com a padronização de todos os seus


protocolos, manuais, critérios de investigação, serviços periciais e de aplicação de justiça,
utilizados para investigar todos os crimes que sejam relacionados a desaparecimentos,
violência sexual e homicídios de mulheres, em conformidade com o Protocolo de Istambul, o
Manual sobre a Prevenção e Investigação Efetiva de Execuções Extrajudiciais, Arbitrárias e
Sumárias das Nações Unidas e os padrões internacionais de busca de pessoas desaparecidas,
com base em uma perspectiva de gênero. A esse respeito, deverá ser apresentado um relatório
anual durante três anos;

8. O Estado deverá, em um prazo razoável, adequar o Protocolo Alba, ou, na sua falta,
implementar um novo dispositivo análogo, em conformidade com as seguintes diretrizes,
devendo apresentar um relatório anual durante três anos:
8.1. implementar buscas de ofício e sem nenhuma demora, quando se apresentem casos de
desaparecimento, como uma medida dirigida a proteger a vida, liberdade pessoal e a integridade
pessoal da pessoa desaparecida;

8.2. estabelecer um trabalho coordenado entre diferentes corpos de segurança para encontrar o
paradeiro da pessoa;

8.3. eliminar qualquer obstáculo de fato ou de direito que reduza a efetividade da busca ou que
torne impossível seu início, como exigir investigações ou procedimentos preliminares;

8.4. designar os recursos humanos, econômicos, logísticos, científicos ou de qualquer natureza


que sejam necessários para o êxito da busca;

8.5. confrontar o relatório de desaparecimento com a base de dados de pessoas desaparecidas;

8.6. priorizar as buscas em áreas onde razoavelmente seja mais provável encontrar a pessoa
desaparecida sem rejeitar arbitrariamente outras possibilidades ou áreas de busca. Todo o
anterior deverá ser ainda mais urgente e rigoroso quando a desaparecida for uma criança;

9. O Estado deverá criar, em um prazo de seis meses a partir da notificação desta Sentença, um
site que deverá ser atualizado permanentemente e terá a informação pessoal necessária de
todas as mulheres, jovens e meninas que desapareceram em Chihuahua desde 1993 e que
continuam desaparecidas. Este site deverá permitir que qualquer indivíduo se comunique por
qualquer meio com as autoridades, inclusive de maneira anônima, a fim de proporcionar
informação relevante sobre o paradeiro da mulher ou da menina desaparecida ou, se for o caso,
de seus restos mortais;

10. O Estado deverá, dentro do prazo de um ano a partir da notificação desta Sentença, criar ou
atualizar uma base de dados que contenha:

10.1. a informação pessoal disponível de mulheres e meninas desaparecidas no âmbito


nacional;

10.2. a informação pessoal que seja necessária, principalmente genética e amostras celulares,
dos familiares das pessoas desaparecidas que consintam – ou que assim o ordene um Juiz -
que o Estado armazene esta informação pessoal unicamente com o objetivo de localizar a
pessoa desaparecida, e

10.3. a informação genética e amostras celulares provenientes dos corpos de qualquer mulher
ou menina não identificada que seja privada da vida no Estado de Chihuahua.

11. O Estado deve continuar implementando programas e cursos permanentes de educação e


capacitação em direitos humanos e gênero; perspectiva de gênero para a devida diligência na
condução de investigações prévias e processos judiciais relacionados com discriminação,
violência e homicídios de mulheres por razões de gênero, e superação de estereótipos sobre o
papel social das mulheres dirigidos a funcionários públicos. O Estado deverá informar
anualmente, durante três anos, sobre a implementação dos cursos e capacitações;

12. O Estado deverá, dentro de um prazo razoável, realizar um programa de educação destinado
à população em geral do Estado de Chihuahua, com o fim de superar esta situação. Para esse
fim, o Estado deverá apresentar um relatório anual durante três anos, no qual indique as ações
que foram realizadas para tal fim;
13. O Estado deve oferecer atendimento médico, psicológico ou psiquiátrico gratuito, de forma
imediata, correta e efetiva, através de instituições estatais especializadas de saúde, a Irma
Monreal Jaime, Benigno Herrera Monreal, Adrián Herrera Monreal, Juan Antonio Herrera Monreal,
Cecilia Herrera Monreal, Zulema Montijo Monreal, Erick Montijo Monreal, Juana Ballín Castro,
Irma Josefina González Rodríguez, Mayela Banda González, Gema Iris González, Karla Arizbeth
Hernández Banda, Jacqueline Hernández, Carlos Hernández Llamas, Benita Monárrez Salgado,
Claudia Ivonne Ramos Monárrez, Daniel Ramos Monárrez, Ramón Antonio Aragón Monárrez,
Claudia Dayana Bermúdez Ramos, Itzel Arely Bermúdez Ramos, Paola Alexandra Bermúdez
Ramos e Atziri Geraldine Bermúdez Ramos, se estes assim o desejam;

14. O Estado deverá, dentro do prazo de um ano a partir da notificação desta Sentença, pagar as
quantias fixadas a título de indenizações e compensações por danos materiais e imateriais e o
reembolso de custas e gastos.

PONTOS IMPORTANTES

1. Primeira vez em que a Corte IDH analisou um caso envolvendo situação de violência
estrutural de gênero:

O Caso "Campo Algodoeiro" representa o primeiro precedente da Corte IDH em que este tribunal
analisou um caso envolvendo situação de violência estrutural de gênero. Atenção para não
confundir: o primeiro precedente da Corte IDH sobre violência de gênero foi o Caso do Presídio
Miguel Castro Castro, ficando com o Caso "Campo Algodoeiro" o destaque de ter sido o primeiro
precedente sobre violência estrutural de gênero. O adjetivo estrutural significa, aqui, a difusão da
violência cometida contra mulheres, diferente, portanto, dos atos cometidos no Caso do Presídio
Miguel Castro Castro, em que a ação violenta foi única ou excepcional.

2. Primeira vez em que um tribunal internacional reconheceu a existência de "feminicídio" como


crime:

O Caso “Campo Algodoeiro" também representa a primeira vez em que um tribunal internacional
reconheceu a existência de feminicídio como crime, tratando-se da conduta de matar alguém
dirigida à mulher pela sua própria condição de mulher, no que veicula, portanto, uma violência
contra o gênero feminino.

3. Competência da Corte IDH para analisar violações a respeito da Convenção de Belém do Pará:

Durante o processamento do Caso "Campo Algodoeiro”, o México alegou a incompetência da


Corte IDH para analisar violações a respeito da Convenção de Belém do Pará, aduzindo que a
competência da Corte deve ser estabelecida por "declaração especial" ou por "convenção
especial", ao que a Corte IDH respondeu que "(...) a declaração especial para aceitar a
competência contenciosa da Corte segundo a Convenção Americana, levando em consideração
o artigo 62 da mesma, permite que o Tribunal conheça tanto de violações à Convenção como de
outros instrumentos interamericanos que lhe concedem competência" (Exceção preliminar,
mérito, reparações e custas, § 37). O Estado mexicano arguiu, ainda, que o art. 12 da Convenção
de Belém do Pará menciona expressa e exclusivamente a CIDH como o órgão encarregado da
prevenção da Convenção, por meio do procedimento de petições individuais, nada prevendo a
respeito da Corte, que seria incompetente no seu entender. A Corte IDH, porém, considerou
equivocada essa interpretação e afirmou que "(...) o teor literal do artigo 12 da Convenção de
Belém do Pará concede competência à Corte ao não excetuar de sua aplicação nenhuma das
normas e requisitos de procedimento para as comunicações individuais" (Exceção preliminar,
mérito, reparações e custas, § 41), concluindo que "a conjunção entre as interpretações
sistemática e teleológica, a aplicação do princípio do efeito útil, somadas à suficiência do
critério literal no presente caso, permitem ratificar a competência contenciosa da Corte a
respeito de conhecer de violações ao artigo 7S da Convenção de Belém do Pará" (Exceção
preliminar, mérito, reparações e custas, § 77). Para efeito de síntese: a Corte IDH possui
competência para analisar violações de outros tratados que compõem o sistema
interamericano, a exemplo da Convenção de Belém do Pará. Ainda sobre a Convenção de Belém
do Pará, recordemos que: a) a primeira vez que a Corte IDH a aplicou foi no julgamento do Caso
do Presídio Miguel Castro Castro vs. Peru; e b) a primeira vez que a CIDH a aplicou foi na
apreciação do Caso Maria da Penha vs. Brasil.

4. Obrigação do Estado de erguer um monumento em memória das vítimas:

Dentre as medidas de reparação determinadas ao Estado mexicano pela Corte IDH, destacamos
uma interessante medida de natureza simbólica, consistente na obrigação de erguer um
monumento em memória das vítimas. Nas palavras da Corte IDH, "(...) é pertinente que o Estado
levante um monumento em memória das mulheres vítimas de homicídio por razões de gênero
em Ciudad Juárez, entre elas as vítimas deste caso, como forma de dignificá-las e como
recordação do contexto de violência que sofreram e que o Estado se compromete a evitar no
futuro" (Exceção preliminar, mérito, reparações e custas, § 471).

5. Impossibilidade de reconhecer o dano ao projeto de vida quando as vítimas não estiverem


vivas:

Os representantes das vítimas requereram o reconhecimento do dano ao projeto de vida, mas a


Corte IDH não acolheu essa pretensão e afirmou que aquele dano "(...) não procede quando a
vítima tenha falecido, já que é impossível repor as expectativas de realização que razoavelmente
toda pessoa tem" (Exceção preliminar, mérito, reparações e custas, § 589).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Despejos Extrajudiciais Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: Garibaldi vs. Brasil Ano: 2009 Informativo: -2

CASO GARIBALDI VS. BRASIL

RESUMO

Os fatos deste caso aconteceram em 27.11.1998, no contexto de um despejo extrajudicial na


Fazenda São Francisco. Este lugar, situado na cidade de Querência do Norte, no Estado do
Paraná, estava ocupado por cerca de cinquenta famílias. No dia do despejo, um grupo de
aproximadamente vinte homens encapuzados e armados chegou na Fazenda São Francisco
disparando e ordenando aos trabalhadores para que saíssem de suas barracas. Quando Sétimo
Garibaldi, membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), saiu de sua
barraca, foi ferido por um disparo efetuado por um dos homens encapuzados, vindo a falecer
devido a uma hemorragia. A investigação policial e judicial do caso foi marcada por uma série
de irregularidades por parte das autoridades encarregadas. Ao final, determinou-se o
arquivamento do caso, permanecendo impunes os autores da violação de direitos humanos.

A Corte IDH iniciou o julgamento apreciando as preliminares alegadas pelo Estado brasileiro,
tendo rejeitado todas, com exceção da preliminar de incompetência rationi temporis, que foi
parcialmente acolhida. Em razão de a morte de Sétimo Garibaldi ter ocorrido antes do
reconhecimento da jurisdição da Corte, o tribunal interamericano entendeu que poderia julgar
apenas as violações das garantias judiciais dos familiares da vítima. Assim, no mérito, a Corte
Interamericana declarou que o Estado brasileiro violou o direito dos familiares do sr. Sétimo
Garibaldi de que a morte deste fosse investigada e que os responsáveis fossem punidos. Como
medida de reparação, a Corte IDH condenou o Estado brasileiro por ter propiciado uma situação
de violação de direitos humanos, recomendou melhorias no sistema de investigação e o
cumprimento de prazos para a conclusão dos inquéritos policiais e, por fim, além da publicação
da sentença no Diário Oficial como forma de reparação, fixou uma quantia a título de reparação
pelos danos sofridos pelos familiares da vítima.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito às garantias judiciais (art. 8.1 da CADH);

2. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH); e

3. A violação à cláusula federal inserta no art. 28 da CADH.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve publicar no Diário Oficial, em outro jornal de ampla circulação nacional, e em
um jornal de ampla circulação no Estado do Paraná, uma única vez, a página de rosto, os
Capítulos I, VI e VII, sem as notas de rodapé, e a parte resolutiva da Sentença, bem como deve
publicar de forma íntegra a Decisão, por no mínimo um ano, em uma página web oficial
adequada da União e do Estado do Paraná, tomando em conta as características da publicação
que se ordena realizar. As publicações nos jornais e na internet deverão realizar-se nos prazos
de seis e dois meses, respectivamente, contados a partir da notificação da Sentença;

2. O Estado deve conduzir eficazmente e dentro de um prazo razoável o Inquérito e qualquer


processo que chegar a abrir, como consequência deste, para identificar, julgar e, eventualmente,
sancionar os autores da morte do senhor Garibaldi. Da mesma maneira, o Estado deve investigar
e, se for o caso, sancionar as eventuais faltas funcionais nas quais poderiam ter incorrido os
funcionários públicos a cargo do Inquérito;

3. O Estado deve pagar a Iracema Garibaldi, Darsônia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi, Fernando
Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi, os montantes fixados na
Sentença a título de dano material e imaterial, dentro do prazo de um ano, contado a partir da
notificação da mesma;

4. O Estado deve pagar a Iracema Garibaldi o montante fixado na Sentença por restituição de
custas e gastos, dentro do prazo de um ano contado a partir da notificação da mesma.

PONTOS IMPORTANTES

1. O dever de investigar é uma obrigação de meio e não de resultado

2. Princípios que os Estados devem observar na investigação de uma morte violenta:

A Corte IDH também reiterou o seu entendimento de que, diante de uma morte violenta, as
autoridades estatais incumbidas da investigação devem observar os seguintes princípios: a)
identificar a vítima; b) recuperar e preservar o material probatório relacionado com a morte, com
o fim de ajudar em qualquer potencial investigação penal dos responsáveis; c) identificar
possíveis testemunhas e obter suas declarações em relação à morte que se investiga; d)
determinar a causa, a forma, o lugar e o momento da morte, assim como qualquer padrão ou
prática que possa tê-la causado; e e) distinguir entre morte natural, morte acidental, suicídio e
homicídio. E conclui a Corte IDH advertindo, ainda, que "(...) é necessário investigar
exaustivamente a cena do crime, realizar autópsias e análises de restos humanos de forma
rigorosa, por profissionais competentes e empregando os procedimentos mais
apropriados" (Exceções preliminares, mérito, reparações e custas, § 115).

3. Reconhecimento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) como grupo vulnerável:

Ao julgar o Caso Garibaldi vs. Brasil, a Corte IDH reconheceu de forma inédita e paradigmática a
vulnerabilidade dos membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em sua
jurisprudência. Ao analisar a situação dos trabalhadores camponeses integrantes do MST que
faziam parte do conflito fundiário subjacente ao caso, a Corte IDH assentou que "Não pode
deixar de expressar sua preocupação pelas graves falhas e demoras no inquérito do presente
caso, que afetaram vítimas que pertencem a um grupo considerado vulnerável" (§ 141).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Pessoas com
Deficiência Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: Ximenes Lopes vs. Brasil Ano: 2006
Informativo: -2

CASO XIMENES LOPES VS. BRASIL

RESUMO

Os fatos do presente caso se referem a Damião Ximenes Lopes, que, durante a sua juventude,
desenvolveu uma deficiência mental proveniente de alterações no funcionamento do seu
cérebro. Na época dos fatos, Ximenes Lopes tinha 30 anos de idade e vivia com sua mãe numa
pequena cidade, situada a aproximadamente uma hora da cidade de Sobral, sede da Casa de
Repouso Guararapes. Ximenes Lopes foi admitido na Casa de Repouso Guararapes, como
paciente do Sistema Único de Saúde (SUS), em perfeito estado físico, em outubro de 1999. No
momento do seu ingresso não apresentava sinais de agressividade nem lesões corporais
externas. Após dois dias, Ximenes Lopes teve uma crise de agressividade, tendo que ser retirado
do banho à força por um auxiliar da enfermaria e por outros pacientes. Na noite do mesmo dia,
Ximenes Lopes teve outro episódio de agressividade e voltou a ser submetido a contenção
física. No dia seguinte, a mãe de Ximenes Lopes foi visitá-lo na Casa de Repouso Guararapes e o
encontrou sangrando, com hematomas, sujo e fedendo excremento, com as mãos amarradas
para trás, com dificuldade para respirar, num estado agonizante, gritando e pedindo auxílio à
polícia. Ximenes Lopes faleceu no mesmo dia, aproximadamente duas horas depois de ter sido
medicado pelo diretor clínico do hospital, e sem qualquer assistência médica no momento da
sua morte. Seus familiares interpuseram uma série de recursos judiciais, porém, o Estado não
realizou maiores investigações nem puniu os responsáveis.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à vida (art. 4.1 da CADH);

1. O direito à integridade pessoal (art. 5.1, e 5.2 da CADH);


4. O direito às garantias judiciais (art. 8.1 da CADH); e

5. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH).

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve garantir, em um prazo razoável, que o processo interno destinado a investigar e
sancionar os responsáveis pelos fatos deste caso surta seus devidos efeitos;

2. O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro jornal de ampla
circulação nacional, uma só vez, o Capítulo VII relativo aos fatos provados na Sentença, sem as
respectivas notas de pé de página, bem como sua parte resolutiva;

3. O Estado deve continuar a desenvolver um programa de formação e capacitação para o


pessoal médico, de psiquiatria e psicologia, de enfermagem e auxiliares de enfermagem e para
todas as pessoas vinculadas ao atendimento de saúde mental, em especial sobre os princípios
que devem reger o trato das pessoas portadoras de deficiência mental, conforme os padrões
internacionais sobre a matéria e aqueles dispostos na Sentença;

4. O Estado deve indenizar moral e materialmente os familiares do Sr. Damião Ximenes Lopes,
bem como arcar com as custas e gastos processuais;

PONTOS IMPORTANTES

1. Primeiro caso envolvendo violações de direitos humanos de pessoa com deficiência mental, o
que levou a Corte IDH a estabelecer deveres do Estado brasileiro a respeito da elaboração de
uma política antimanicomial;

2. Responsabilidade do Estado derivada de atos cometidos por particulares, no caso, uma


clínica privada:

Afirmou a Corte IDH que "(...) a responsabilidade estatal também pode gerar-se por atos de
particulares em princípio não atribuíveis ao Estado", avançando para dizer que "As obrigações
erga omnes que têm os Estados de respeitar e garantir as normas de proteção, e de assegurar a
efetividade dos direitos, projetam seus efeitos para além da relação entre seus agentes e as
pessoas submetidas à sua jurisdição, pois se manifestam na obrigação positiva do Estado de
adotar as medidas necessárias para assegurar a efetiva proteção dos direitos humanos nas
relações interindividuais" (Mérito, reparações e custas, § 85). Relacionando este entendimento
com o caso concreto, a Corte IDH afirmou que "(...) a ação de toda entidade, pública ou privada,
que está autorizada a atuar com capacidade estatal, se enquadra no compromisso de
responsabilidade por fatos diretamente imputáveis ao Estado, tal como ocorre quando se
prestam serviços em nome do Estado" (Mérito, reparações e custas, § 87), e também que "(...)
considera que os Estados têm o dever de regular e fiscalizar toda a assistência de saúde
prestada às pessoas sob sua jurisdição, como dever especial de proteção à vida e à integridade
pessoal, independentemente de se a entidade que presta tais serviços é de caráter público ou
privado" (Mérito, reparações e custas, § 89).

3. Primeira condenação do Brasil na Corte IDH;

4. Uso da “sujeição” no paciente e direito à integridade pessoal:

Dentre relevante temas sobre o paciente com enfermidade mental, a Corte IDH enfrentou a
questão da sujeição, que significa, nos dizeres da Corte, "(...) qualquer ação que interfira na
capacidade de um paciente de tomar decisões ou que restrinja sua liberdade de
movimento" (Mérito, reparações e custas, § 133). Como exemplos, podemos citar a contenção
física numa cama ou a aplicação de medicamentos que neutralizem o paciente por determinado
tempo. A Corte IDH considera que a sujeição é uma das medidas mais agressivas a que se pode
submeter o paciente em tratamento psiquiátrico, de modo que, para não violar o direito à
integridade pessoal (CADH, art. 5°), "(...) deve ser empregada como medida de último recurso e
unicamente com a finalidade de proteger o paciente, ou também médicos e terceiros, quando o
comportamento da pessoa em questão seja tal que esta represente uma ameaça à segurança
daqueles", ressaltando a Corte que "A sujeição não pode ter outro motivo senão este, e somente
deve ser levada a cabo por pessoal qualificado e não pelos pacientes" (Mérito, reparações e
custas, § 134).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito das Mulheres
Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: PRESÍDIO MIGUEL CASTRO CASTRO VS. PERU
Ano: 2006 Informativo: -2

CASO PRESÍDIO MIGUEL CASTRO CASTRO VS PERU

RESUMO

O caso se refere à execução extrajudicial, torturas e maus tratos de pessoas privadas de


liberdade na Penitenciária “Miguel Castro Castro” – estabelecimento prisional de máxima
seguridade -, condenados na sua maioria por crimes de terrorismo.

O massacre ocorreu em maio de 1992, no âmbito da operação “Operativo Mudanza 1”, durante a
qual os agentes estatais, polícia e exército, utilizaram armas de guerra, bombas lacrimogêneas e
paralisantes contra os internos. A operação teve início durante um dia de visitas femininas à
Penitenciária. Os sobreviventes foram obrigados a permanecer em zonas conhecidas como
“terra de ninguém” e “admissão”, deitados de rosto virado para o chão, desabrigados e sujeitos a
constantes golpes e agressões durante vários dias, até sua transferência a outros
estabelecimentos. Uma vez transferidos, as agressões e as más condições de alimentação
prosseguiram, e muitos feridos não receberam atenção médica adequada e oportuna.

A Corte IDH estabeleceu parâmetros sobre a utilização excessiva de força, pelas torturas e
maus tratos a que foram submetidos os internos. A Corte IDH se referiu, de forma particular, à
violência de gênero, tendo considerado que os atos afetaram as mulheres de forma
diferenciada. Considerou também que a violação de direitos por parte do Estado pode ter como
objetivo provocar um efeito na própria sociedade.

Nessa medida, a Corte IDH considerou que, durante a década de 80 e até finais de 2000, Peru
viveu um conflito entre grupos armados e agentes das forças policiais e militares. Este conflito
se agravou com a prática sistemática de violações de direitos humanos, entre as quais
execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados de pessoas suspeitas de pertencer a
grupos políticos opositores. Tais práticas foram realizadas por agentes estatais e ordenadas por
chefes militares e policiais.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE


1. O direito à vida (art. 4° da CADH);

2. O direito à integridade pessoal (art. 5.1 e 5.2 da CADH) c/c o dever de prevenção da tortura
através de medidas estatais, bem como o direito de que denúncias de tortura sejam examinadas
com imparcialidade (arts. 1°, 6° e 8° da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a
Tortura);

3. O direito às garantias judiciais (art. 8° da CADH); e

4. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH);

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve, num prazo razoável, investigar, efetivamente, os fatos denunciados no


presente caso, identificar e, caso seja pertinente, punir os responsáveis, para o que deve
instaurar os processos pertinentes e conduzir eficazmente os processos penais que se
encontrem em tramitação, bem como os que se venham a instaurar, adotar todas as medidas
necessárias que permitam o esclarecimento de todos os fatos do presente caso, com o
propósito de determinar a responsabilidade intelectual e material dos que participaram dessas
violações, e divulgar publicamente os resultados desses processos penais;

2. O Estado deve estabelecer, num prazo razoável, os meios necessários para assegurar que as
informações e a documentação relacionadas com investigações policiais relativas a fatos muito
graves sejam preservadas de maneira a possibilitar as respectivas investigações;

3. O Estado deve realizar todas as diligências necessárias e adequadas para garantir, de forma
efetiva, a entrega dos restos mortais da vítima Mario Francisco Aguilar Vega a seus familiares,
no prazo de seis meses, bem como financiar todas as despesas em que possam incorrer com
relação à entrega do corpo e ao enterro;

4. O Estado deve adotar, num prazo razoável, todas as medidas necessárias para assegurar que
todos os internos que morreram em consequência do ataque sejam identificados e seus restos
mortais entregues aos familiares, de acordo com sua legislação interna. Caso sejam
identificados outros internos mortos, os familiares poderão apresentar as respectivas
reclamações em conformidade com o direito interno;

5. O Estado deve, no prazo de um ano, realizar um ato público de reconhecimento de


responsabilidade internacional em relação às violações declaradas nesta Sentença, em
desagravo às vítimas e satisfação dos familiares, em cerimônia pública, com a presença de
altas autoridades do Estado e das vítimas e seus familiares, e deve divulgar esse ato através dos
meios de comunicação, inclusive mediante difusão no rádio e na televisão;

6. O Estado deve oferecer, gratuitamente, mediante suas instituições de saúde especializadas, o


tratamento médico e psicológico de que as vítimas e seus familiares necessitem, inclusive
medicamentos, levando em consideração o sofrimento de cada um deles, após uma avaliação
individual;

7. O Estado deve pagar, no prazo de 18 meses, a quantia fixada no parágrafo 450 da presente
Sentença às vítimas que comprovem domicílio no exterior e provem perante os órgãos internos
competentes que, em virtude dos fatos do presente caso, necessitam receber tratamento
médico ou psicológico adequado;

8. O Estado deve conceber e implantar, num prazo razoável, programas de educação em direitos
humanos destinados a agentes das forças de segurança peruanas, sobre as normas
internacionais aplicáveis em matéria de tratamento de presos;

9. O Estado deve assegurar, no prazo de um ano, que todas as pessoas declaradas vítimas
mortas na presente Sentença estejam representadas no monumento denominado “O Olho que
Chora”, para o que deve coordenar com os familiares das referidas vítimas a realização de um
ato em que possam incorporar uma inscrição com o nome da vítima, segundo a forma que se
harmonize com as características do monumento;

10. O Estado deve, no prazo de seis meses, publicar no Diário Oficial e em outro jornal de ampla
circulação nacional, uma só vez, o capítulo relativo aos fatos provados desta Sentença, sem as
notas de rodapé, e a parte resolutiva desta Sentença, bem como divulgar as referidas partes da
presente Sentença por uma emissora de rádio e um canal de televisão, ambos de ampla
cobertura nacional, pelo menos duas vezes, com um intervalo de duas semanas entre cada uma;

11. O Estado deve arcar com as custas, danos materiais e morais devidos aos sobreviventes e
aos familiares dos falecidos;

PONTOS IMPORTANTES

1. Primeiro caso de aplicação da Convenção Belém do Pará pela Corte IDH e também o primeiro
caso sobre a violência de gênero contra a mulher;

Reconheceu-se a violação ao projeto e à vivência da maternidade (pelas violações de direitos


humanos das mulheres grávidas e pelo abandono do projeto de vida de ter filhos por parte de
algumas).

Atenção! O caso González e outras vs. México (Campo Algodoneiro) foi o primeiro caso de
violência ESTRUTURAL de gênero contra a mulher, enquanto que o caso Presídio Miguel Castro
Castro vs. Peru foi o primeiro caso sobre a violência de gênero, sem a extensão necessária para
ser considerado estrutural.

Curiosidade: em recente julgamento do TEDH envolvendo prisão perpétua, em 2017, considerou-


se como válida e compatível com a CEDH uma legislação russa que proibia a pena de prisão
perpétua para mulheres, admitindo-a, porém, para homens entre 18 e 65 anos (Caso do
Khamtokhu e Aksenchik vs. Rússia).

Conexões com o direito brasileiro:

2. Feminismo como instrumento de irresignação contra a violência de gênero

O termo "feminismo" é derivado do francês "feminisme" e foi cunhado pela primeira vez por
Charles Fourier.

Trata-se de um movimento social e político que possui como principal causa ideológica a luta
pela igualdade de gênero e seus consectários, como o combate à violência de gênero.

Há três ondas do feminismo ao longo da história.

- Primeira onda: origem no movimento sufragista durante o século XIX e início do século XX em
todo o mundo;

- Segunda onda: década de 60 nos EUA, mas que se espalhou pelo mundo. Essa segunda onda
ampliou a discussão, abrangendo várias questões, como, por exemplo, a sexualidade, a família,
o mercado de trabalho, os direitos sexuais e reprodutivos, além da igualdade de gênero.
Também realizou discussões sobre o estupro conjugal e a violência doméstica.

- Terceira onda: começo dos anos 1990. Resposta aos defeitos das anteriores. Expande os
temas para incluir um grupo diversificado de mulheres e não apenas mulheres brancas e
abastadas. Temas polêmicos como pornografia, trabalho sexual e prostituição não encontram
consenso entre as feministas dessa onda.

Segundo Nancy Fraser, maior autoridade mundial sobre o feminismo, as situações de


desigualdade e injustiça resultam, basicamente, de dois fronts, a distribuição e o
reconhecimento. Os problemas de reconhecimento estariam atrelados a questões
precipuamente culturais, uma vez que retratam o modo como determinadas minorias são
enxergadas no contexto social. Já os problemas de distribuição dizem respeito à seara
econômica, uma vez que decorrem de uma partilha não equitativa das riquezas e recursos na
sociedade, o que pode vir a causar certa estigmatização nos integrantes dessas minorias.
Recentemente, Fraser acrescentou mais um front para se aferir uma situação de igualdade, qual
seja, a representação, uma vez que, na ampla maioria dos casos, as minorias estigmatizadas
não possuem representantes nos órgãos políticos, o que acaba por ocasionar uma asfixia das
minorias sobre as minorias.

3. Situação prisional de mulheres que ostentam a condição de gestantes, de puérperas ou de


mães com crianças até 12 anos de idade sob sua responsabilidade.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Liberdade de Expressão Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: Palamara Iribarne vs. Chile Ano: 2005 Informativo: -2

CASO PALAMARA IRIBARNE VS. CHILE

RESUMO

O senhor Palamara Iribarne ingressou nas Forças Armadas do Chile em 1972, lá ficando até
1992, período em que desempenhou as funções militares no Departamento de Operações
Navais. Aposentado do cargo de militar, porém na condição de empregado civil contratado para
desempenhar a função de analista no Departamento de Inteligência Naval, com funções
administrativas, Palamara escreveu o livro Ética e Serviços de Inteligência, no qual abordava
aspectos relacionados à inteligência militar e à necessidade de adequá-la a certos parâmetros
éticos. Com base no ordenamento jurídico chileno, autoridades estatais lhe proibiram de
publicar seu livro, apreendendo exemplares que estavam em circulação, os originais do texto e
também o maquinário utilizado na impressão. Palamara tentou resistir à arbitrariedade que
estava sofrendo e manifestou-se publicamente, na imprensa, contrário àquele procedimento.
Como decorrência desse procedimento, Palamara foi denunciado e condenado pelo crime de
desacato, tendo utilizado, na sequência, todos os recursos disponíveis para reverter o cenário
descrito, sem, contudo, obter êxito.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à liberdade pessoal (art. 7.1, 7.2, 7.3, 7.4 e 7.5 da CADH), em relação aos artigos 1.1
e 2° da CADH;

2. O direito às garantias judiciais (art. 8.1, 8.2, 8.2.b, 8.2.c, 8.2.d, 8.2.f e 8.2.g da CADH);

3. O direito à liberdade de pensamento e expressão (art. 13 da CADH), em relação aos artigos


1.1 e 2° da CADH;

4. O direito à propriedade privada (art. 21.1 e 21.2 da CADH), em relação ao artigo 1.1 da CADH;

5. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH), em relação aos artigos 1.1 e 2° da CADH;

6. O Estado descumpriu a obrigação geral de respeitar e garantir os direitos e liberdades


estabelecidos no artigo 1.1 da CADH;

7. O Estado descumpriu a obrigação geral de adotar disposições de direito interno estabelecida


no artigo 2° da CADH.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve conceder ao Sr. Humberto Antonio Palamara Iribarne a publicação de seu livro,
bem como a restituição de todo o material de que foi privado;

2. O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro jornal de
circulação nacional, por uma única vez, o capítulo referente aos fatos da Sentença, sem as
respectivas notas de rodapé, e a parte resolutiva da mesma;

3. O Estado deve publicar a Sentença na íntegra em site oficial do Estado, no prazo de seis
meses;

4. O Estado deve anular, no prazo de seis meses, em todos os seus extremos, as condenações
proferidas contra o Sr. Humberto Antonio Palamara Iribarne;

5. O Estado deve adotar todas as medidas necessárias para revogar e modificar, dentro de um
prazo razoável, quaisquer regras internas que sejam inconsistentes com os padrões
internacionais de liberdade de pensamento e expressão;

6. O Estado deve adequar, em um prazo razoável, o ordenamento jurídico interno aos padrões
internacionais de jurisdição penal militar, de modo que, caso se julgue necessária a existência
de jurisdição penal militar, deve limitar-se apenas ao conhecimento dos crimes de ofício
cometidos pelos militares na ativa. Portanto, o Estado deve estabelecer, por meio de sua
legislação, limites à competência material e pessoal da Justiça Militar, de forma que que sob
nenhuma circunstância um civil deve ser submetido à jurisdição dos tribunais penais militares;

7. O Estado deve garantir o devido processo na jurisdição penal militar e a tutela judicial em
relação à atuação das autoridades militares;

8. Pagamento de indenização moral e material ao senhor Humberto Antonio Palamara Iribarne.

PONTOS IMPORTANTES

1. A incompatibilidade do crime de desacato com a liberdade de expressão:

O Caso Palamara Iribarne se notabilizou por representar um precedente importante da Corte IDH
contra as denominadas leis de desacato, que acabam por autorizar, nos dizeres da Corte, a
utilização da persecução penal de forma desproporcional e desnecessária para inibir o direito à
liberdade de expressão, mais especificamente no que diz respeito às opiniões críticas dos
indivíduos em relação às instituições estatais e aos funcionários públicos

(Mérito, reparações e custas, § 88).

Tem sido comum na doutrina e na litigância por atores jurídicos nacionais a afirmação -
apressada - de que a Corte IDH considera o crime de desacato inconvencional. No entanto,
conforme demonstraremos a seguir, há uma divergência entre a CIDH e a Corte IDH sobre a
convencionalidade do crime de desacato que pode ser resumida da seguinte forma: enquanto a
CIDH se opõe de forma absoluta à criminalização da expressão que ofende, insulta ou ameaça
um funcionário público no exercício de suas funções oficiais - seja qual for o tipo penal
(desacato, difamação, injúria ou calúnia) - por consistir uma censura indireta à liberdade de
expressão, a Corte IDH não chega - pelo menos ainda - a estabelecer claramente a
inconvencionalidade desta criminalização, compreendendo que ela haverá somente quando os
tipos penais mencionados forem utilizados para cercear a liberdade de expressão da forma
como esse direito é concebido no sistema interamericano, isto é, um direito humano que admite
relativização.

O entendimento da CIDH começou a ser construído em 1994, no leading case envolvendo uma
solução amigável com a Argentina (Caso Horacio Verbitsky vs. Argentina), tendo depois sido
documentado no seu Relatório sobre a Compatibilidade das Leis de Desacato com a Convenção
Americana de Direitos Humanos (195) e também na sua Declaração de Princípios sobre
Liberdade de Expressão (2000), cujo art. 11 estabelece que "(...) As leis que punem a expressão
ofensiva contra funcionários públicos, geralmente conhecidas como 'leis de desacato', atentam
contra a liberdade de expressão e o direito à informação".

Por outro lado, não há um precedente da Corte IDH no sentido da compreensão da CIDH, isto é,
que tenha assentado de forma clara a inconvencionalidade do crime de desacato
independentemente do contexto que ensejou a sua aplicação. O que há na jurisprudência da
Corte IDH, sendo o Caso Palamara Iribarne um importante exemplo, é a rejeição da
criminalização do exercício da liberdade de expressão para criticar o trabalho desempenhado
por funcionários públicos. Parece-nos adequado, portanto, diferenciar a crítica da hostilizaçâo,
sendo esta, sim, a nosso ver, objeto do crime de desacato.

2. Proteção do direito à propriedade intelectual dos autores pela CADH:

Estabelece a CADH que "Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei pode
subordinar esse uso e gozo ao interesse local" (art. 21.1). No julgamento do Caso Palamara, a
Corte IDH decidiu que a proteção da propriedade privada pela Convenção Americana abrange
não somente os bens materiais, mas também "(...) todo direito que possa formar parte do
patrimônio de uma pessoa", o que compreende "(...) as obras geradas da criação intelectual de
uma pessoa, quem, pelo fato de haver realizado essa criação, adquire sobre esta direitos de
autor conexos com o uso e o gozo da mesma" (Mérito, reparações e custas, § 102).

3. Incompetência da Justiça Militar para julgar civil:

Foi no julgamento do Caso Castillo Petruzzi, em 1999, que a Corte IDH decidiu pela primeira vez
no sentido da incompetência da Justiça Militar para julgar civis em tempos de paz. O Caso
Palamara, portanto, embora não tenha sido o leading case da matéria, também se notabilizou
pela manutenção desse entendimento da Corte IDH acerca da incompetência da Justiça Militar
para julgar civis, ainda que estes estejam prestando algum tipo de serviço de caráter transitório
para as Forças Armadas (Mérito, reparações e custas, § 128). Para a Corte Interamericana, "A
jurisdição penal militar nos Estados democráticos, em tempos de paz, tem caminhado para ser
reduzida e inclusive a desaparecer, motivo pelo qual, no caso em que o Estado a conserve, deve
ser mínima e se encontrar inspirada nos princípios e garantias que regem o Direito Penal
moderno" (Mérito, reparações e custas, § 132).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito dos Povos
Tradicionais Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: Comunidade Moiwana vs. Suriname
Ano: 2005 Informativo: -2

CASO COMUNIDADE MOIWANA VS SURINAME

RESUMO

O caso se relaciona com a alegação de que, em 29.11.1986, membros das forças armadas de
Suriname teriam atacado a comunidade N'djuka Maroon de Moiwana, destruindo-a e
massacrando mais de quarenta homens, mulheres e crianças. Aqueles que conseguiram
escapar foram exilados ou internamente deslocados. Até a data da apresentação da demanda
na CIDH, não teria havido uma investigação adequada do massacre e tampouco julgamento ou
punição dos envolvidos. Os sobreviventes permaneceram longe de suas terras, incapazes de
retomar seu estilo de vida tradicional.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à integridade pessoal (art. 5.1 da CADH) em relação ao art. 1.1 da Convenção;

2. O direito de circulação e residência (art. 22 da CADH);

3. O direito à propriedade privada (art. 21 da CADH);

4. O direito às garantias judiciais (art. 8.1 da CADH); e

5. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH);

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve cumprir as medidas previstas para sua obrigação de investigar os fatos
denunciados, bem como identificar, processar e punir os responsáveis;

2. O Estado deve, com a maior brevidade possível, recuperar os restos mortais dos membros da
comunidade Moiwana que morreram durante os eventos de 29 de novembro de 1986, além de
entregá-los aos membros sobreviventes da comunidade Moiwana;

3. O Estado deve adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra


natureza necessária para assegurar aos membros da comunidade Moiwana seu direito de
propriedade sobre os territórios tradicionais de onde foram expulsos e garantir, portanto, o uso e
gozo desses territórios. Essas medidas devem incluir a criação de um mecanismo eficaz para
delimitar, demarcar e titular os referidos territórios tradicionais;
4. O Estado deve garantir a segurança dos membros da comunidade Moiwana que decidam
voltar para a aldeia Moiwana;

5. O Estado deve implementar um fundo de desenvolvimento comunitário;

6. O Estado deve realizar um ato público de desculpas e reconhecimento da responsabilidade


internacional;

7. O Estado deve construir um monumento e colocá-lo em local público apropriado; e

8. O Estado deve arcar com as custas processuais e indenizar moral e materialmente as vítimas.

PONTOS IMPORTANTES

1. Do "direito ao projeto de vida" ao "direito a um projeto de pós-vida": sobre o "dano espiritual":

Em excelente voto apresentado no julgamento do Caso Comunidade Moiwana, o juiz Cançado


Trindade fez menção à jurisprudência da Corte IDH sobre o direito ao projeto de vida,
reconhecido, por exemplo, conforme já vimos anteriormente, no Caso Loayza Tamayo, para
abordar a interessante figura do direito a um projeto de pós-vida, que tem em conta os vivos em
suas relações com os mortos, em conjunto. Afirma Cançado Trindade que "O Direito
Internacional em geral e o Direito Internacional de Direitos Humanos em particular não podem
permanecer indiferentes ante as manifestações espirituais do gênero humano, tais como as
expressadas nas atuações iniciadas ante esta Corte no presente caso Comunidade Moiwana" (§
68). Avança Cançado Trindade com a reflexão de que "(...) os N'djukas têm direito a apreciar seu
projeto de pós-vida, o encontro de cada um deles com seus antepassados, a reação harmoniosa
entre os vivos e os mortos. Sua visão de vida e pós-vida abriga valores fundamentais,
largamente olvidados e perdidos pelos filhos e filhas das 'revoluções' industriais e
comunicativas (ou outras involuções, desde a perspectiva espiritual)" (§ 69). Diante desse
cenário, Cançado Trindade propõe uma categoria totalmente nova de dano: o "dano espiritual",
que ele entende como "(...) uma forma agravada do dano moral que tem uma implicação direta
na parte mais íntima do gênero humano, a saber, seu ser interior, suas crenças no destino da
humanidade e suas relações com os mortos. O dano espiritual não é suscetível, por óbvio, de
indenização material, mas existem outras formas de compensação. Aqui é onde se apresenta a
ideia, pela primeira vez na história, a meu entender" (§ 71).

2. Extensão da jurisprudência da Corte Interamericana sobre ligação dos povos indígenas com
suas terras e outras comunidades étnicas:

Outro ponto muito importante do Caso Comunidade Moiwana é a afirmação da Corte IDH sobre
o seu objetivo jurisprudencial de estender o entendimento acerca dos povos indígenas em
relação às suas terras tradicionais a outras comunidades étnicas, como foi o caso do povo tribal
N'djuka.

3. "Greening" e o sistema interamericano de direitos humano:

O tema do esverdeamento dos direitos humanos está cada vez mais presente na jurisprudência
da Corte IDH. Também conhecido por greening, esse fenômeno consiste em proteger direitos de
cunho ambiental nos sistemas regionais de proteção de direitos humanos, que foram
concebidos - inicialmente - para receber denúncias ou queixas sobre violações de direitos civis e
políticos. Assim, é possível afirmar que no Caso Comunidade Moiwana houve um verdadeiro
esverdeamento dos direitos humanos, e isso porque as normas ambientais foram protegidas,
ainda que de forma indireta.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Prisão, Detenção Arbitrária e Tortura Tribunal: Corte
IDH (Em construção) Caso: Tibi vs. Equador Ano: 2004 Informativo: -2

CASO TIBI VS. EQUADOR

RESUMO

O caso se refere à detenção arbitrária e ilegal de Daniel Tibi, em novembro de 1995, por um
alegado delito de tráfico de estupefacientes, às torturas e tratos cruéis, desumanos e
degradantes que sofreu enquanto estava privado de liberdade, e à apreensão dos seus bens pelo
Estado, os quais não foram devolvidos após a sua libertação.

A Corte IDH analisou a prisão preventiva à luz do direito à liberdade pessoal, reiterando o seu
caráter de medida cautelar não punitiva, e destacou a relevância de um controle judicial imediato
como medida adequada para prevenir a arbitrariedade ou ilegalidade das detenções.

A Corte IDH examinou também as condições em que a detenção do Sr. Tibi foi efetuada,
relativamente à obrigação estatal de respeitar a integridade pessoal e à obrigação de investigar.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à integridade pessoal (art. 5.1, 5.2 e 5.4 da CADH) em relação ao art. 1.1 da
Convenção, além dos arts. 1°, 6° e 8° da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a
Tortura;

2. O direito à liberdade pessoal (art. 7.1, 7.2, 7.3, 7.4 e 7.5 da CADH);

3. O direito à liberdade pessoal e à proteção judicial (arts. 7.6 e 25 da CADH);

4. O direito às garantias judiciais (art. 8.1, 8.2, 8.2.b, 8.2.d, 8.2.e e 8.2.g da CADH); e

5. O direito à propriedade privada (art. 21 da CADH);

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve, dentro de um prazo razoável, investigar efetivamente os fatos do presente


caso, a fim de identificar, processar e punir todos os autores das violações cometidas em
prejuízo do Sr. Daniel Tibi. O resultado deste processo deve ser divulgado publicamente;

2. O Estado deve publicar, pelo menos uma vez, no Diário Oficial e em outro jornal de circulação
nacional no Equador, tanto a Seção de Fatos Comprovados como os pontos resolutivos primeiro
ao décimo sexto da sentença, sem as notas de rodapé da página correspondente. Da mesma
forma, o Estado deve publicar o acima, traduzido em francês, em jornal de grande circulação na
França, especificamente na área em que reside o Sr. Daniel Tibi;

3. O Estado deve tornar pública uma declaração formal por escrito emitida pelas autoridades do
Estado em que reconhece sua responsabilidade internacional pelos fatos referidos no caso e
pedir desculpas ao Sr. Tibi e às outras vítimas mencionadas na sentença;

4. O Estado deve estabelecer um programa de treinamento e educação para o pessoal judicial,


do Ministério Público, polícia e penitenciário, incluindo pessoal médico, psiquiátricos e
psicológicos, sobre os princípios e normas de proteção dos direitos humanos no tratamento dos
reclusos. O desenho e a implementação do programa de treinamento, deve incluir a alocação de
recursos específicos para atingir seus objetivos e será realizado com a participação da
sociedade civil. Para tanto, o Estado deve criar um comitê interinstitucional para definir e
executar os programas de treinamento em direitos humanos e tratamento de prisioneiros. O
Estado deve informar este Tribunal sobre a constituição e funcionamento desta comissão, no
prazo de seis meses;

5. O Estado deve arcar com as custas processuais e indenizar material e moralmente Daniel Tibi
e demais vítimas;

PONTOS IMPORTANTES

1. Excepcionalidade da prisão preventiva e princípios limitadores

Afirmou a Corte IDH, no julgamento do Caso Tibi, que "(...) a prisão preventiva é a medida mais
severa que se pode aplicar ao acusado de um delito, motivo pelo qual sua aplicação deve ter um
caráter excepcional, em virtude de que se encontra limitada pelos princípios da legalidade, da
presunção de inocência, da necessidade e da proporcionalidade, indispensáveis numa
sociedade democrática" (Exceções preliminares, mérito, reparações e custas, § 106).

2. Expedientes comunicativos no momento da privação de liberdade

A Corte IDH ressaltou que, no momento da privação de liberdade e antes que o réu dê sua
primeira declaração diante da autoridade, ele deve ser notificado do seu direito de estabelecer
contato com uma terceira pessoa, que pode ser um familiar, um advogado ou um funcionário
consular. Para a Corte, "A notificação a um familiar ou a um amigo tem particular relevância para
que este conheça o paradeiro e as circunstâncias em que se encontra o acusado e possa lhe
prover a assistência e a proteção devidas" (Exceções preliminares, mérito, reparações e custas,
§ 112). E, no caso da notificação do advogado, adverte a Corte que "(...) tem especial
importância a possibilidade de que o detido se reúna em privado com aquele, o que é inerente a
seu direito a se beneficiar de uma defesa verdadeira" (Exceções preliminares, mérito, reparações
e custas, § 112).

3. Proibição absoluta da tortura:

Conforme decidiu a Corte IDH no julgamento do Caso Tibi, "Existe um regime jurídico
internacional de proibição absoluta de todas as formas de tortura, tanto física como psicológica,
regime que pertence hoje em dia ao domínio do ius cogens. A proibição da tortura é completa e
inderrogável, ainda que nas circunstâncias mais difíceis, tais como a guerra, ameaça de guerra,
luta contra o terrorismo e quaisquer outros delitos, estado de sítio ou de emergência, comoção
ou conflito interior, suspensão de garantias constitucionais, instabilidade política interna ou
outras emergências ou calamidades públicas" (Exceções preliminares, mérito, reparações e
custas, § 143).

4. “Guantanamização” do Processo Penal:

Em seu voto proferido no julgamento do Caso Tibi, o juiz Garcia Ramírez utilizou a expressão
guantanamização do processo penal para designar um movimento de autoritarismo e de
arbitrariedade que propõe a derrogação ou a suspensão de direitos e garantias no marco da luta
contra crimes graves. Nas pa¬lavras de Garcia Ramírez, "A persistência de antigas formas de
criminalidade, a aparição de novas expressões da delinquência, o assédio do crime organizado,
a extraordinária virulência de certos delitos de suma gravidade - assim, o terrorismo e o
narcotráfico -, têm determinado uma sorte de 'exasperação ou desesperação' que é má
conselheira: sugere abandonar os progressos e retomar a sistemas ou medidas que já
mostraram suas enormes deficiências éticas e práticas. Numa de suas versões extremas, este
abandono tem gerado fenômenos como a 'guantanamização' do processo penal, ultimamente
questionada pela jurisprudência da própria Suprema Corte de Justiça dos Estados
Unidos" (Exceções preliminares, mérito, reparações e custas, § 30).

5. Importância da audiência de custódia:

Uma das violações da CADH praticadas pelo Equador, censurada pela Corte IDH, foi o fato de o
senhor Tibi ter sido apresentado a uma autoridade judicial somente vários meses após a sua
prisão. Para a Corte IDH, "O artigo 7.5 da Convenção dispõe que a detenção de uma pessoa seja
submetida sem demora a revisão judicial, como meio de controle idôneo para evitar as capturas
arbitrárias e ilegais. O controle judicial imediato é uma medida tendente a evitar a arbitrariedade
ou ilegalidade das detenções, tomando em conta que num Estado de Direito corresponde ao
julgador garantir os direitos do detido, autorizar a adoção de medidas cautelares ou de coerção,
quando seja estritamente necessário, e procurar, em geral, que se trate o acusado de maneira
compatível com a presunção de inocência" (Exceções preliminares, mérito, reparações e custas,
§ 114).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Devido Processo Legal Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: “Instituto de Reeducação do Menor” vs. Paraguai Ano: 2004 Informativo:
-2

CASO “INSTITUTO DE REEDUCAÇÃO DO MENOR” VS. PARAGUAI

RESUMO

O caso se relaciona com a denúncia apresentada pela CIDH sobre a violação de di reitos
humanos dos internos reclusos no Instituto "Panchito López", que inicialmente foi projetado para
ser uma residência, transformando-se depois, mesmo sem a devida estrutura, num centro de
detenção para menores em conflito com a lei. Entre 1996 e 2001, a população no Instituto
superou sua capacidade máxima, alcançando um nível de superpopulação de aproximadamente
50%. Os internos do Instituto estavam detidos em celas insalubres com escassas instalações
higiênicas. Além disso, os internos estavam submetidos a péssimas condições de alimentação
e de assistência médica. Os internos com deficiências físicas ou mentais não contavam com
atendimento médico de acordo com suas necessidades especiais. Praticamente não havia no
Instituto oportunidade para que os internos fizessem exercícios ou participassem de atividades
recreativas. Muitos deles não tinham camas, cobertores nem colchões, de maneira que eram
obrigados a dormir no chão ou a compartilhar camas e colchões, circunstância que, somada à
superpopulação, facilitou a ocorrência de abusos sexuais entre eles. No Instituto, também eram
frequentes disputas e brigas entre os internos, as quais às vezes envolviam armas de fabricação
caseira. Os guardas do Instituto não contavam com uma preparação adequada e recorriam
frequentemente ao uso de castigos violentos com o propósito de impor disciplina aos internos.
Segundo noticiou a CIDH, os guardas vendiam substâncias entorpecentes aos internos. Entre
outros fatos denunciados, consta que os internos processados sem sentença não ficavam
separados dos condenados. Em geral, os processos dos internos se caracterizavam pela
lentidão de sua tramitação e não havia uma assistência jurídica eficiente. Posteriormente à
apresentação do caso à CIDH, em 1996, ocorreram três incêndios no Instituto. Em 2000, ocorreu
outro incêndio no Instituto, o qual resultou na morte de nove internos e em ferimentos noutros
tantos. Em fevereiro de 2001, mais um incêndio no Instituto, que provocou ferimentos e
queimaduras em nove internos. Ainda no ano de 2001, no mês de julho, ocorreu mais um
incêndio, causando a morte de um interno e ferimentos em outros oito internos. Depois desse
incêndio, o Estado fechou definitivamente o Instituto, transferiu os internos para outros centros
de detenção (alguns destes destinados a adultos) e cobriu diversos gastos causados aos
internos falecidos e feridos,

deixando, porém, de estender essas medidas a todos os afetados.

Na jurisdição interna, foi interposto um habeas corpus genérico e foram abertos dois processos
cíveis e dois processos criminais. Os processos cíveis estavam relacionados às demandas de
reparação por danos morais e materiais. Os processos criminais diziam respeito à morte de
internos no Instituto, sendo que um deles foi arquivado por inércia do Ministério Público e no
outro o réu foi absolvido por insuficiência de provas.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. Os direitos à vida (art. 4° da CADH) e à integridade pessoal (art. 5.1, 5.2 e 5.6 da CADH), em
relação ao art. 1° da CADH e também em relação ao art. 19 da referida Convenção, quando as
vítimas eram crianças, em detrimento de todos os internos do instituto entre 14 de agosto de
1996 e 25 de julho de 2001;

2. O direito à vida, consagrado no artigo 4.1 da Convenção Americana, em relação ao artigo 1.1
da mesma e também em relação ao artigo 19 desta, quando as vítimas eram crianças, em
detrimento dos 12 internos falecidos;

3. O direito à integridade pessoal, consagrado nos artigos 5.1 e 5.2 da Convenção Americana,
em relação aos artigos 1.1 e 19 da mesma, em detrimento das crianças feridas por causa dos
incêndios; e o direito à integridade pessoal consagrado no artigo 5.1 da Convenção Americana,
em relação ao artigo 1.1 desta, em detrimento dos familiares identificados dos internos
falecidos e feridos;

4. O Estado descumpriu o dever de adotar disposições de direito interno e violou o direito às


garantias judiciais, consagrados, respectivamente, nos artigos 2 e 8.1 da Convenção Americana,
em relação aos artigos 1.1 e 19 da mesma, em detrimento de todas as crianças detidas no
Instituto, entre 14 de agosto de 1996 e 25 de julho de 2001; e

5. O Estado violou o direito à proteção judicial, consagrado no artigo 25 da Convenção


Americana, em relação ao artigo 1.1 da mesma, em detrimento dos 239 internos indicados na
decisão do habeas corpus genérico.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro jornal de
circulação nacional, ao menos por uma vez, o capítulo relativo aos fatos provados desta
Sentença, sem as notas de rodapé, e a parte resolutiva da mesma;
2. O Estado deve realizar, em consulta com a sociedade civil, no prazo de seis meses, um ato
público de reconhecimento de responsabilidade internacional e de declaração que contenha a
elaboração de uma política de Estado de curto, médio e longo prazo em matéria de crianças em
conflito com a lei que seja plenamente consistente com os compromissos internacionais do
Paraguai.

Esta política de Estado deve:

a) ser apresentada por altas autoridades do Estado em um ato público no qual também seja
reconhecida a responsabilidade internacional do Paraguai pelas carências das condições de
detenção imperantes no Instituto entre 14 de agosto de 1996 e 25 de julho de 2001; e

b) contemplar, entre outros aspectos, estratégias, ações apropriadas e a designação dos


recursos indispensáveis para que as crianças privadas de liberdade permaneçam separadas dos
adultos; para que as crianças processadas permaneçam separadas dos condenados; bem como
para a criação de programas de educação, médicos e psicológicos integrais para todas as
crianças privadas de liberdade.

3. O Estado deve oferecer tratamento psicológico a todos os ex-internos do Instituto entre 14 de


agosto de 1996 e 25 de julho de 2001; tratamento médico e/ou psicológico aos ex-internos
feridos nos incêndios, e tratamento psicológico aos familiares dos internos falecidos e feridos;

4. O Estado deve oferecer assistência vocacional, bem como um programa de educação


especial, destinado aos ex-internos do Instituto entre 14 de agosto de 1996 e 25 de julho de
2001;

5. O Estado deve se ocupar particularmente de garantir a vida, integridade e segurança das


pessoas que prestaram declaração e de suas famílias, e deve lhes prover a proteção necessária
frente a quaisquer pessoas, levando em consideração as circunstâncias deste caso;

6. O Estado deve pagar a quantia total de US$ 953.000,00 (novecentos e cinquenta e três mil
dólares dos Estados Unidos da América) ou seu equivalente em moeda nacional do Estado, a
título de dano material;

7. O Estado deve pagar a quantia de US$ 2.706.000,00 (dois milhões, setecentos e seis mil
dólares dos Estados Unidos da América) ou seu equivalente em moeda nacional do Estado, a
título de indenização por dano imaterial;

8. O Estado deve efetuar o pagamento das indenizações e o reembolso de custas e gastos,


dentro do prazo de um ano, contado a partir da notificação da presente Sentença, exceto quando
sejam fixados prazos distintos;

9. O Estado deve depositar a indenização ordenada a favor das vítimas que sejam crianças em
um investimento bancário em seu nome, em uma instituição paraguaia idônea, em dólares
estadunidenses, dentro do prazo de um ano e nas condições financeiras mais favoráveis que
permitam a legislação e a prática bancárias enquanto sejam menores de idade;

10. O Estado pode cumprir suas obrigações de caráter pecuniário através do pagamento em
dólares dos Estados Unidos da América ou em uma quantia equivalente em moeda nacional do
Estado, utilizando para o cálculo respectivo a taxa de câmbio entre ambas as moedas que esteja
vigente na praça de Nova York, Estados Unidos da América, no dia anterior ao pagamento. No
caso da constituição do investimento bancário, este deverá ser realizado em dólares dos
Estados Unidos da América;

11. Os pagamentos a título de dano material, imaterial e custas e gastos estabelecidos na


presente Sentença não poderão ser afetados, reduzidos ou condicionados por motivos fiscais
atuais ou futuros;

12. Caso o Estado incorra em mora, deverá pagar juros sobre a quantia devida, correspondente
ao juro bancário moratório no Paraguai; e

13. Se, por causas atribuíveis aos beneficiários das indenizações, não for possível que estes as
recebam dentro do prazo de um ano indicado, contado a partir da notificação da presente
Sentença, o Estado consignará estas quantias a favor dos beneficiários em uma conta ou
certificado de depósito em uma instituição bancária paraguaia idônea.

PONTOS IMPORTANTES

1. Posição especial de garante do Estado quanto às pessoas privadas de liberdade:

Verificando as inúmeras violações de direitos humanos praticadas pelo Paraguai num


estabelecimento penal, a Corte IDH ressaltou que o Estado se encontra, em relação às pessoas
privadas de liberdade, numa posição especial de garante (Exceções preliminares, mérito,
reparações e custas, § 152), esclarecendo que, embora a privação de liberdade acarrete,
inevitavelmente, a afetação do gozo de outros direitos humanos além da liberdade pessoal (por
exemplo, os direitos de privacidade e de intimidade familiar), "A restrição de outros direitos, ao
contrário - como à vida, à integridade pessoal, à liberdade religiosa e ao devido processo -, não
somente não tem justificação fundada na privação da liberdade, mas também está proibida pelo
Direito Internacional", concluindo que "Estes direitos devem ser efetivamente respeitados e
garantidos como os de qualquer pessoa não submetida à privação de liberdade" (Exceções
preliminares, mérito, reparações e custas, § 155).

2. Situação especial da criança e do adolescente: direito ao projeto de vida e ao


desenvolvimento inclusive quando privados de liberdade:

A Corte IDH advertiu no Caso "Instituto de Reeducação do Menor" que a posição especial de
garante do Estado em relação aos indivíduos privados de liberdade deve ser assumida com
maior cuidado e responsabilidade quando se tratar de menores de idade, devendo tomar
medidas especiais orientadas pelo princípio do interesse superior da criança, o qual gera para o
Estado uma preocupação "(...) com as circunstâncias de vida que [o menor de idade] levará
enquanto se mantenha privado de liberdade, já que esse direito não se extinguiu nem se
restringiu por sua situação de detenção ou prisão" (Exceções preliminares, mérito, reparações e
custas, § 160). Na sequência, a Corte IDH ressaltou que o Estado deve assegurar que as
condições de detenção dos menores de idade não destrua seus projetos de vida (Exceções
preliminares, mérito, reparações e custas, § 161).

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Prisão, Detenção Arbitrária e Tortura Caso: Bulacio vs.
Argentina Ano: 2003 Informativo: -2

CASO BULACIO VS. ARGENTINA


RESUMO

Em abril de 1991, a Polícia Federal da Argentina realizou uma detenção em massa, de mais de
oitenta pessoas, nas imediações de um local onde aconteceria um show de rock, na cidade de
Buenos Aires. Dentre os detidos, se encontrava Walter David Bulacio, um jovem de dezessete
anos de idade. Logo após a prisão, Bulacio foi conduzido à "sala de menores"de um
departamento policial, onde foi agredido por agentes policiais, mantido incomunicável e sem
qualquer ciência sobre os motivos de sua detenção. A autoridade judicial de menores não foi
notificada sobre a prisão, e tampouco os familiares de Bulacio, que, após ter passado por alguns
hospitais, morreu em virtude dos golpes na cabeça que recebeu dos policiais. Depois de mais de
dez anos da data dos fatos, em 2002, entre idas e vindas do processo, a Câmara de Apelações
da Argentina decidiu que a pretensão punitiva estaria prescrita. Essa decisão foi impugnada pelo
Ministério Público e até a data da sentença da Corte Interamericana não havia comunicado
algum sobre o seu julgamento.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito de contar com medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para
tornar efetivos os direitos e liberdades contidos na CADH (art. 2° da CADH);

2. O direito à vida (art. 4° da CADH);

3. O direito à integridade pessoal (art. 5° da CADH);

4. O direito à liberdade pessoal (art. 7° da CADH);

5. O direito às garantias judiciais (art. 8° da CADH); e

6. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH).

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve prosseguir e concluir a investigação de todos os fatos do caso e punir os


responsáveis;

2. Que os parentes mais próximos da vítima tenham pleno acesso e capacidade de atuar em
todas as etapas e instâncias investigativas, em conformidade com as normas internas e a
Convenção Americana sobre Direitos Humanos;

3. Que as investigações e seus resultados sejam divulgados publicamente;

4. O Estado deve assegurar que não haja repetição de acontecimentos como os do presente
caso, adotando as medidas legislativas e outras que se revelem necessárias para adequar o
ordenamento jurídico interno às normas internacionais de direitos humanos, além de lhes dar
plena efetividade, de acordo com o art. 2° da Convenção Americana sobre Direitos Humanos;

5. O Estado deve publicar no Diário Oficial, por uma vez, o capítulo VI e a parte resolutiva da
sentença;

6. O Estado deve arcar com as custas e gastos processuais, além de pagar indenização por
danos materiais e morais aos familiares da vítima, dentro do prazo de 6 meses a contar da
notificação da sentença.
PONTOS IMPORTANTES

1. Expedientes protelatórios utilizados pela defesa (abuso dos direitos processuais) e duração
razoável do processo:

A Corte IDH enfrentou um tema polêmico no julgamento do Caso Bulacio: quando a defesa
utiliza expedientes protelatórios, abusando dos direitos ou faculdades processuais que lhe são
conferidos, isso pode ser levado em conta para se apurar a observância da garantia da duração
razoável do processo? Para a Corte IDH, sim. Consoante o juiz García Ramírez, em voto
prolatado no presente caso, o denominado abuso dos direitos processuais guarda conexão com
os princípios da lealdade e da probidade que devem governar o desenvolvimento do processo (§
26). Diversamente sustenta Daniel Pastor, consoante o qual o Direito não pode colocar o
acusado numa situação em que precise optar "entre exercer todos seus direitos defensivos,
inclusive sem razão, e perder seu direito a ser julgado rapidamente ou preservar este último
sacrificando aqueles".

2. Imprescritibilidade dos crimes que resultam em graves violações de direitos humanos e o


"neopunitivismo":

Trata-se de um dos temas mais polêmicos da jurisprudência internacional da Corte IDH,


enfrentado no Caso Bulacio. Se no caso Barrios Altos vs. Peru, o tema apareceu como obter
dictum, aqui ele é efetivamente a ratio decidendi do julgado, pois o obstáculo para punir o
responsável pela morte de Bulacio não era uma lei de autoanistia, e sim a extinção da
punibilidade provocada pelo reconhecimento da prescrição.

Para a Corte Interamericana, "(...) nenhuma disposição de direito interno, entre elas a prescrição,
poderia opor-se ao cumprimento das decisões da Corte quanto à investigação e sanção dos
responsáveis pelas violações dos direitos humanos" (Mérito, reparações e custas, § 117).

A Corte IDH deixou uma pergunta com o julgamento do Caso Bulacio: todo crime que possa se
considerar violador de direitos humanos deve, por isso, ser excluído do regime geral da
prescrição?

Para Daniel Pastor, o entendimento da Corte IDH sobre a imprescritibilidade converge com a
ideia de neopunitivismo, que inspira, no seu entender, o chamado "direito penal dos direitos
humanos".

Segundo Pastor, "Neste âmbito, organismos internacionais de proteção e organizações de


ativistas consideram, de modo surpreendente pelo menos, que a reparação da violação de
direitos humanos se consegue primordialmente por meio do castigo penal e que isso é algo tão
louvável e vantajoso que deve ser conseguido sem controles e ilimitadamente, especialmente
com desprezo pelos direitos fundamentais que como acusado deveria ter quem enfrenta o
poder penal público por cometer ditas violações. Se crê, deste modo, num poder penal absoluto".

3. A questão da imprescritibilidade em julgamentos da Corte IDH posteriores ao Caso Bulacio:

De certa forma, pode-se dizer que a Corte IDH amadureceu seu entendimento e o relativizou.
Vejamos.

No julgamento do Caso Almonacid Arellano, de 2006, a Corte IDH agrega à linha de


argumentação do Caso Barrios Altos e do Caso Bulacio um argumento apoiado no Direito
Internacional dos Direitos Humanos, no sentido de que a imprescritibilidade se justificaria
porque o crime cometido contra o senhor Arellano (homicídio mediante execução extrajudicial
por agentes estatais dentro de um padrão sistemático e generalizado de violência contra a
população civil) consistiría em crime contra a humanidade. Certa ou errada a conclusão da
Corte IDH a partir do caso concreto, pelo menos se viu uma argumentação condizente com a
sua natureza de tribunal internacional. Em 2007, no julgamento do Caso Albán Cornejo, a Corte
Interamericana restringe os limites da imprescritibilidade, praticamente corrigindo seu
entendimento expressado no Caso Bulacio. No Caso Albán Cornejo, se discutia sobre a falta de
investigação e punição dos responsáveis pela morte de Laura Albán num hospital privado por
erro médico, sendo que os dois acusados haviam se beneficiado da extinção da punibilidade
pela ocorrência da prescrição. Na oportunidade, a Corte IDH assentou que a imprescritibilidade
deve ocorrer somente em casos de GRAVES violações de direitos humanos. Isso foi reverberado
nos casos seguintes, constatado a partir do seguinte excerto de uma das sentenças do tribunal:
"(...) a improcedência da prescrição usualmente tem sido declarada pelas peculiaridades nos
casos que envolvem graves violações a direitos humanos, tais como o desaparecimento
forçado, a execução extrajudicial e a tortura. Em alguns destes casos, as violações de direitos
humanos ocorreram em contextos de violações massivas e sistemáticas".

Em resumo: a imprescritibilidade de crimes violadores de direitos humanos é matéria


excepcional, devendo-se, primeiro, prestigiar-se a garantia fundamental da prescrição,
instrumento disposto ao cidadão para que não possa ser eternamente responsabilizado por
condutas particadas em tempos muito remotos, especialmente quandoos próprios órgãos de
persecução mantêm-se inertes. Excepcionalmente, em casos de GRAVES ou SISTEMÁTICAS
violações de direitos humanos, a prescrição penal cede lugar à imprescritibilidade, aferível caso
a caso.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Liberdade de Expressão Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: “A Última Tentação de Cristo” (Olmedo Bustos e outros) Vs. Chile Ano: 2001
Informativo: -2

CASO “A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO” (OLMEDO BUSTOS E OUTROS) VS. CHILE

RESUMO

Em novembro de 1988, após uma petição proposta por uma junta de sete advogados que
alegavam agir como representantes da Igreja Católica e de Jesus Cristo, o Conselho de
Qualificação Cinematográfica do Estado do Chile proibiu, com fundamento no art. 19, § 12e, da
sua Constituição, a exibição do filme A Última Tentação de Cristo, dirigido por Martin Scorsese.
Segundo os advogados que interpuseram a petição, o filme atentava contra os princípios
cristãos e contra a honra de Jesus Cristo. Após a censura realizada pelo Estado chileno e
avalizada pela sua Corte Suprema, o caso chegou à CIDH, que, sem obter uma solução
consensual, submeteu a demanda à Corte Interamericana.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

Após o processamento do caso, a Corte IDH responsabilizou o Estado do Chile por ter violado o
direito à liberdade de pensamento e expressão, previsto no art. 12 da CADH. Por outro lado, a
Corte IDH concluiu que o Estado chileno não violou o direito à liberdade religiosa, pois o
conteúdo desse direito estaria relacionado com a permissão para que as pessoas professem,
conversem e divulguem suas crenças religiosas, e, nesse âmbito, a proibição da exibição do
filme A Última Tentação de Cristo em nada afetou a referida liberdade fundamental. Por fim, a
Corte Interamericana enfatizou a importância de o Estado chileno reformar a sua Constituição
para eliminar a censura cinematográfica.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve modificar seu ordenamento jurídico interno, em um prazo razoável, com o fim
de suprimir a censura prévia para permitir a exibição do filme “A Última Tentação de Cristo”, e
deve apresentar à Corte Interamericana de Direitos Humanos, dentro de um prazo de seis meses
a partir da notificação da presente Sentença, um relatório sobre as medidas tomadas a esse a
respeito; e

2. Com base no princípio de equidade, que o Estado deve pagar a soma de US$ 4.290 (quatro mil
duzentos e noventa dólares dos Estados Unidos da América), como reembolso de gastos
gerados em virtude das ações realizadas pelas vítimas e seus representantes nos processos
internos e no processo internacional perante o Sistema Interamericano de Proteção. Esta soma
será paga através da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

PONTOS IMPORTANTES

1. Caso emblemático envolvendo o direito à liberdade de expressão e a jurisprudência da Corte


IDH:

Embora o Caso Olmedo Bustos não tenha sido o primeiro em que a Corte IDH apreciou o direito
à liberdade de expressão , muitos o consideram como um divisor de águas na jurisprudência da
Corte no que diz respeito à liberdade fundamental em exame. Isso porque o filme A Última
Tentação de Cristo estava sendo exibido na grande maioria dos países vizinhos do Chile
(inclusive no Brasil), o que acabou dando ensejo a uma grande repercussão da mídia latino-
americana.

2. Norma constitucional originária pode ser objeto de controle de convencionalidade:

O Caso Olmedo Bustos também se destaca em razão de o Estado chileno ter sido
responsabilizado pela Corte IDH mesmo agindo com fundamento em uma norma constitucional
editada pelo seu poder constituinte originário. Conforme muito bem estabeleceu a Corte, "(...) a
responsabilidade internacional do Estado pode decorrer de atos ou omissões de qualquer poder
ou órgão deste, independentemente d sua hierarquia, que violem a Convenção
Americana" (Mérito, reparações e custas, § 72). Em seu voto no Caso Olmedo Bustos, o juiz
Cançado Trindade também advertiu que "(...) qualquer norma de direito interno,
independentemente de sua natureza (constitucional ou infraconstitucional), pode, por sua
própria existência e aplicabilidade, per se comprometer a responsabilidade de um Estado Parte
num tratado de direitos humanos" (§ 40).

3. Dupla dimensão do direito à liberdade de expressão:

Segundo a Corte IDH (Mérito, reparações e custas, § 52), o direito à liberdade de expressão não
abrangeria apenas o direito e a liberdade de se expressar (dimensão individual), mas também a
liberdade de buscar e disseminar informações (dimensão social). Nesta compreensão, o
indivíduo é ao mesmo tempo um professor e um aprendiz, dado que a troca de informações é
uma via de mão dupla.
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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Leis de Anistia Tribunal: Corte IDH (Em construção)
Caso: Barrios Altos Vs. Peru Ano: 2001 Informativo: -2

CASO BARRIOS ALTOS VS. PERU

RESUMO

O caso se refere à execução extrajudicial de 15 pessoas residentes no bairro “Barrios Altos”, na


cidade de Lima, cometida por 6 indivíduos fortemente armados que entraram no bairro e
começaram a disparar de forma indiscriminada, escapando-se depois em 2 automóveis. As
investigações judiciais e os relatórios jornalísticos revelaram que os atacantes trabalhavam para
a inteligência militar, e que eram membros do exército peruano que atuavam em nome do grupo
“Colina”.

Apesar de os fatos terem ocorrido em 1991, somente em abril de 1995 as autoridades judiciais
iniciaram investigações sérias. As mesmas foram, no entanto, interrompidas por um incidente
processual, submetido perante a Corte Suprema, de deslocação de competência para o foro
militar, motivado pelo envolvimento de militares em serviço. Antes que a Corte Suprema
pudesse tomar uma decisão, o Congresso aprovou uma lei de anistia que exonerava de
responsabilidade todos os militares, polícias e civis que tivessem cometido ou participado, entre
1980 e 1995, em violações de direitos humanos. Esta lei teve como consequência o arquivo
definitivo das investigações judiciais e impediu a responsabilidade penal dos responsáveis pelo
massacre.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à vida (art. 4° da CADH);

2. O direito à integridade pessoal (art. 5° da CADH);

3. O direito às garantias judiciais (art. 8 da CADH); e

4. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH).

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. Declarar, em conformidade com os termos do reconhecimento de responsabilidade efetuado


pelo Estado, que este descumpriu os artigos 1.1 e 2 da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, como consequência da promulgação e aplicação das leis de anistia Nº 26.479 e Nº
26.492 e da violação dos artigos da Convenção indicados tópico anterior;

2. Como consequência da promulgação e aplicação das leis de anistia, determinou a Corte IDH
que o Estado investigasse os fatos, identificasse e punisse os responsáveis pelos crimes de
Barrios Altos;

3. A Corte IDH reconheceu que a aceitação de responsabilidade do Peru constitui uma


contribuição positiva ao desenvolvimento do processo e à vigência dos princípios que inspiram
a CADH.
PONTOS IMPORTANTES

1. Incompatibilidade das leis de anistia com a CADH:

Desde os primeiros casos contenciosos julgados pela Corte IDH, foi se desenvolvendo uma tese
segundo a qual os Estados têm o dever de investigar e punir as violações de direitos humanos
como uma medida de reparação. No Caso Barrios Alto, a Corte Interamericana enfrentou pela
primeira vez a questão das leis de autoanistia como um obstáculo àquele dever de investigar e
punir, oportunidade em que afirmou serem inadmissíveis "(...) as disposições de anistia, as
disposições de prescrição e o estabelecimento de excludentes de responsabilidade que
pretendam impedir a investigação e punição dos responsáveis por graves violações de direitos
humanos, tais como tortura, execuções sumárias, extralegais ou arbitrárias e desaparecimentos
forçados, todas elas por violar direitos inderrogáveis reconhecidos pelo Direito Internacional dos
Direitos Humanos" (Mérito, § 41)

Sobre as leis de autoanistia, a Corte IDH ainda ressaltou que elas conduzem à vulnerabilidade
das vítimas e à perpetuação da impunidade, pois impedem a identificação dos indivíduos
responsáveis por violações de direitos humanos, obstaculizando a investigação e o acesso à
justiça das vítimas e seus familiares, que têm o direito de conhecer a verdade e de receber a
reparação correspondente (Mérito, § 43). Por essas razões, a Corte Interamericana considera as
leis de autoanistia incompatíveis com a CADH, entendendo que elas "(...) carecem de efeitos
jurídicos e não podem representar um obstáculo para a investigação dos fatos (...), nem para a
identificação e punição dos responsáveis (...)" (Mérito, § 44)

2. O obiter dictum sobre a inconvencionalidade da prescrição quando se tratar de crimes que


implicam em graves violações de direitos humanos:

Conforme vimos no tópico anterior, a Corte IDH, no § 41 da sua decisão de mérito, não
considerou apenas as leis de autoanistia incompatíveis com a CADH, avançando também para
afirmar, em obiter dictum - pois tal argumento era desnecessário para resolver o Caso Barrios
Altos -, que as disposições sobre prescrição não podem impedir a investigação e a punição de
autores de crimes que implicam em graves violações de direitos humanos.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Grupos Vulneráveis Tema: Direito dos Povos
Tradicionais Tribunal: Corte IDH (Em construção) Caso: Comunidade Mayagna (Sumo) Awas
Tingi vs. Nicarágua Ano: 2001 Informativo: -2

CASO COMUNIDADE MAYAGNA (SUMO) AWAS TINGI VS. NICARÁGUA

RESUMO

Em junho de 1995, o Estado da Nicarágua emitiu uma disposição administrativa reconhecendo


um convênio firmado entre a empresa Companhia Sol dei Caribe S.A. (SOLCARSA) e o Governo
Regional, para que fosse permitida a atividade de exploração de madeira em terras que
supostamente pertenceriam à comunidade indígena da Costa Atlântica da Nicarágua,
popularmente conhecida como Mayagna (Sumo) Awas Tingni. Após o reconhecimento do
convênio pela Nicarágua, a comunidade Awas Tingni enviou uma carta para o Ministério do Meio
Ambiente e Recursos Naturais do país demonstrando sua inconformidade com a outorga de
uma concessão em suas terras, sob o argumento de que os membros de sua comunidade
sequer foram consultados previamente sobre o tema. O caso chegou até a CIDH, onde tramitou
até maio de 1998. Como não houve eficácia na resolução do entrave, a CIDH levou o caso à
Corte Interamericana. Diversas instituições que militam na área dos direitos humanos se
habilitaram como amicus curiae na demanda.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à propriedade consagrado no artigo 21 da CADH, em detrimento dos membros da


Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni, em relação aos artigos 1.1 e 2 da Convenção; e

2. O direito à proteção judicial consagrado no artigo 25 da CADH, em detrimento dos membros


da Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni, em relação aos artigos 1.1 e 2 da Convenção.

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve adotar em seu direito interno, conforme o artigo 2° da CADH, as medidas
legislativas, administrativas e de qualquer outro caráter que sejam necessárias para criar um
mecanismo efetivo de delimitação, demarcação e titulação das propriedades das comunidades
indígenas, em conformidade com seu direito consuetudinário, valores, usos e costumes;

2. O Estado deverá delimitar, demarcar e titular as terras que correspondem aos membros da
Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni e se abster de realizar, até que seja realizada essa
delimitação, demarcação e titulação, atos que possam levar a que os agentes do próprio Estado,
ou terceiros que atuem com sua aquiescência ou sua tolerância, prejudiquem a existência, o
valor, o uso ou o gozo dos bens localizados na zona geográfica onde habitam e realizam suas
atividades os membros da Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni;

3. O Estado deve investir, a título de reparação do dano imaterial, no prazo de 12 meses, a


quantia total de US$ 50.000 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América) em obras
ou serviços de interesse coletivo em benefício da Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni, de
comum acordo com esta e sob a supervisão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos;

4. O Estado deve pagar aos membros da Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni, através da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a quantia total de US$ 30.000 (trinta mil dólares
dos Estados Unidos da América) a título de gastos e custas em que incorreram os membros
desta Comunidade e seus representantes, ambos causados nos processos internos e no
processo internacional perante o sistema interamericano de proteção; e

5. O Estado deve apresentar à Corte Interamericana de Direitos Humanos, a cada seis meses, a
partir da notificação da presente Sentença, um relatório sobre as medidas tomadas para dar-lhe
cumprimento.

PONTOS IMPORTANTES

1. Primeiro caso julgado pela Corte IDH envolvendo a relação entre as comunidades tradicionais
e a propriedade de suas terras:

A temática é uma das mais recorrentes na jurisprudência do tribunal, que, a partir do Caso Awas
Tingni, vem reconhecendo cada vez mais direitos das comunidades tradicionais, como a
proteção dos usos e costumes, as formas de manifestação cultural em suas peculiaridades, o
direito à consulta prévia às comunidades tradicionais envolvidas em determinado fato que lhes
possa causar um gravame, entre outros.
2. Ampliação do conceito de propriedade previsto no art. 21 da CADH: a proteção da
propriedade comunal dos povos indígenas:

A Corte IDH, ao analisar o direito de propriedade previsto no art. 21 da CADH, conferiu


interpretação evolutiva ao dispositivo, reconhecendo que, além do direito à propriedade privada,
o texto da Convenção também abrange a proteção da propriedade comunal dos povos indígenas
em suas peculiaridades.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Prisão, Detenção Arbitrária e Tortura Tribunal: Corte
IDH (Em construção) Caso: Cantoral Benavides vs. Perú Ano: 2000 Informativo: -2

CASO CANTORAL BENAVIDES VS. PERÚ

RESUMO

O caso se refere à privação ilegal da liberdade de Luís Alberto Cantoral Benavides, seu
encarceramento arbitrário, tortura, violação de garantias judiciais e do direito a não ser julgado
ou punido duas vezes pelos mesmos fatos. A vítima foi detida por agentes da “División Nacional
contra el Terrorismo” (DINCOTE) em fevereiro de 1993, época em que se encontrava vigente um
estado de emergência constitucional, com suspensão de um conjunto de garantias. Durante a
sua detenção, Cantoral Benavides foi sujeito a atos de violência com o fim de obter a sua auto-
incriminação.

Os fatos se inserem no contexto do conflito armado entre grupos armados e agentes das forças
policiais e militares vivido no Peru durante a década de 80 e até finais de 2000. Este conflito se
agravou com a prática sistemática de violações de direitos humanos de pessoas suspeitas de
pertencer a grupos políticos opositores. Tais práticas foram realizadas por agentes estatais e
ordenadas por chefes militares e policiais.

Cantoral Benavides foi julgado na jurisdição militar, fato considerado pela Corte IDH como
violador dos requisitos de independência e imparcialidade estabelecidos na Convenção
Americana. A Corte IDH analisou também a compatibilidade do tipo penal de terrorismo e
traição à pátria com o princípio de legalidade penal.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. Dever de adotar disposições de direito interno (art. 2° da CADH): se o exercício dos direitos e
liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou
de outra natureza, os Estados-Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas
constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra
natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.

2. Direito à integridade pessoal (arts. 5.1 e 5.2 da CADH): respeito à integridade física, psíquica e
moral/ não submissão à tortura, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes/
devido respeito à dignidade inerente ao ser humano;

3. Proibição da escravidão e da servidão (art. 6° da CADH);


4. Direito à liberdade pessoal (arts. 7.1, 7.2, 7.3, 7.4, 7.5 e 7.6 da CADH): direito à liberdade à a
segurança pessoais/não privação da liberdade, salvo pelas causas e nas condições previamente
fixadas pelas constituições políticas dos Estados-Partes ou pelas leis de acordo com elas
promulgadas/não submissão a detenção ou encarceramento arbitrários/Toda pessoa detida ou
retida deve ser informada das razões da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação
ou acusações formuladas contra ela/condução sem demora à presença de um juiz ou outra
autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e direito a ser julgada dentro de um
prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua
liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo
(fundamento convencional da audiência de apresentação ou de custódia)/toda pessoa privada
da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida,
sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a
detenção forem ilegais. Nos Estados-Partes cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir
ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser
restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa;

5. Direito às garantias judiciais (arts. 8.1, 8.2, 8.2.c, 8.2.d, 8.2.f, 8.2.g, 8.3 e 8.5 da CADH): Toda
pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um
juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus
direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza/Toda
pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se
comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas: concessão ao acusado do tempo e dos meios
adequados para a preparação de sua defesa; direito do acusado de defender-se pessoalmente
ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em
particular, com seu defensor; direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal
e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam
lançar luz sobre os fatos; direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se
culpada/a confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza/o
processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da
justiça;

6. Princípio da legalidade e da retroatividade (art. 9° da CADH): Ninguém pode ser condenado


por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de
acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no
momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a
imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso beneficiado;

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve ordenar uma investigação para identificar as pessoas responsáveis pelas
violações dos direitos humanos referidas na sentença e puni-las;

2. O Estado deve reparar os danos ocasionados pelas violações;

PONTOS IMPORTANTES

1. Trata-se da primeira condenação por dano ao projeto de vida: “80. (...) a via mais idônea para
restabelecer o projeto de vida de Luis Alberto Cantoral Benavides consiste em que o Estado lhe
proporcione uma bolsa de estudos superiores ou universitários, com o fim de cobrir os custos
da carreira profissional que a vítima escolher – assim como os gastos de manutenção desta
última durante o período de tais estudos – num centro de reconhecida qualidade acadêmica
escolhido de comum acordo entre a vítima e o Estado”;

2. O fato de um Estado estar em uma situação de combate ao terrorismo não pode se traduzir
em restrições à proteção da integridade física de um réu;

3. Civis não podem ser julgados em jurisdição militar, ainda que a lei interna do Estado-parte
disponha de forma contrária, pois apenas militares devem ser submetidos a este foro e somente
quando violarem bens jurídicos de ordem militar, principalmente, quando se trata do crime de
terrorismo porque a imparcialidade do julgador é afetada em razão da dupla função que a
jurisdição militar possui: a de combater militarmente grupos armados e a de punir seus
integrantes;

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Execuções extrajudiciais Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: Meninos de Rua (Villagrán Morales e Outros) vs. Guatemala Ano: 1999
Informativo: -2

CASO DOS MENINOS DE RUA (VILLAGRÁN MORALES E OUTROS) VS. GUATEMALA

RESUMO

O caso se refere à execução extrajudicial de um grupo de 5 adolescentes em situação de rua, 3


dos quais menores de idade. 4 das vítimas foram previamente sequestradas e torturadas. A
Corte IDH inseriu os fatos no contexto de uma prática estatal de ameaças, detenções,
tratamentos cruéis, desumanos e degradantes e homicídios contra “meninos de rua” por parte
de agentes de segurança estatal, como resposta à delinquência juvenil.

A Corte IDH aplicou parâmetros de proteção do direito à vida que incluem a garantia de uma
existência digna, evidenciando a situação de risco em que vivem expostos os “meninos de rua”.
Aplicou ainda critérios de análise integral do processo interno, tendo considerado que o Estado
violou a sua obrigação de investigar efetiva e adequadamente os fatos.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. O direito à vida (art. 4° da CADH);

2. O direito à integridade pessoal (arts. 5.1 e 5.2 da CADH);

3. O direito à liberdade pessoal (art. 7° da CADH);

4. O direito às garantias judiciais (art. 8.1 da CADH);

5. O direito a medidas de proteção por parte da família, da sociedade e do Estado (art. 19 da


CADH);

6. O direito à proteção judicial (art. 25 da CADH); e


7. O direito/dever de prevenir e punir a tortura (arts. 1°, 6° e 8° da Convenção Interamericana
para Prevenir e Punir a Tortura);

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. O Estado deve arcar com as custas e encargos processuais, bem como indenizar moral e
materialmente os familiares das vítimas;

2. O Estado da Guatemala deve adotar em seu direito interno, de acordo com o artigo 2° da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, as medidas legislativas, administrativas e
quaisquer outras medidas que possam ser necessárias para adequar a legislação guatemalteca
ao art. 19 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos;

3. O Estado da Guatemala deve designar um centro educacional com nome alusivo às jovens
vítimas do caso e colocar no referido centro um placa com seus nomes;

4. O Estado da Guatemala deve investigar os fatos do caso, identificar e punir os responsáveis e


adotar em seu direito interno as disposições necessárias para assegurar o cumprimento desta
obrigação;

5. O Estado da Guatemala deve cumprir as determinações constantes da sentença dentro de 6


meses da sua notificação.

PONTOS IMPORTANTES

1. Direito à vida e direito à existência digna:

Ressaltou-se, no referido caso, que o direito à vida não compreende apenas o direito de todo ser
humano de não ser privado da vida arbitrariamente, mas também "(...) o direito a que não se lhe
impeça o acesso às condições que lhe garantam uma existência digna" (Mérito, § 144).

2. Vulnerabilidade acentuada das crianças em situação de rua:

Enfatizou-se "O dever do Estado de tomar medidas positivas se acentua precisamente em


relação com a proteção da vida de pessoas vulneráveis indefesas, em situação de risco, como
são as crianças na rua" (§ 4°).

3. Dano ao projeto de vida das crianças em situação de rua:

Afirmaram os juizes Cançado Trindade e Abreu Burelli, em seu voto proferido no julgamento do
Caso Meninos de Rua, que "(...) o projeto de vida é consubstanciai do direito à existência, e
requer para seu desenvolvimento condições de vida digna, de segurança e integridade da
pessoa humana" (§ 8a), concluindo, em seguida, que "Uma pessoa que em sua infância vive,
como em tantos países da América Latina, na humilhação da miséria, sem a menor condição
sequer de criar seu projeto de vida, experimenta um estado de padecimento equivalente a uma
morte espiritual; a morte física que a esta segue, em tais circunstâncias, é culminação da
destruição total do ser humano" (§ 9°).

4. Audiência de custódia no âmbito da prisão de adolescentes:

Villagrán Morales e os demais jovens assassinados foram presos sem ordem judicial ou
situação de flagrância e não foram conduzidos sem demora à presença de uma autoridade
judicial, conforme determina o art. 7.5 da CADH. A Corte IDH obviamente reprovou esse
comportamento da Guatemala, advertindo sobre o descumprimento da - assim chamada no
Brasil - audiência de custódia (Mérito, §§ 133 e 134).

Sobre o tema, também já se pronunciou o Comitê da ONU sobre Direitos da Criança que "todo
menor detido e privado de liberdade deverá ser colocado à disposição de uma autoridade
competente em um prazo de 24 horas para que se examine a legalidade de sua privação ou a
continuidade desta" (Observação Geral n° 10, §83).

No Direito brasileiro, no entanto, os adolescentes são encaminhados, inicialmente, a uma oitiva


informal com o representante do Ministério Público, para só após, em audiência de
apresentação, terem contato com uma autoridade judicial. Os artigos do Estatuto da Criança e
do Adolescente que preveem esse procedimento (arts. 171 e 175) devem passar, a despeito
disso, por um controle de convencionalidade extraindo-se deles uma interpretação que
possibilite a máxima efetividade dos direitos humanos.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Prisão, Detenção Arbitrária e Tortura Tribunal: Corte
IDH (Em construção) Caso: Loayza Tamayo vs. Perú Ano: 1997 Informativo: -2

CASO LOAYZA TAMAYO VS. PERU

RESUMO

O caso se refere à detenção de Maria Elena Loayza Tamayo pela Divisão Nacional contra o
Terrorismo” (DINCOTE), por suspeita da sua suposta vinculação como colaboradora do grupo
“Sendero Luminoso”. Após a sua detenção, permaneceu incomunicável durante 10 dias e foi
sujeita a torturas, tratos cruéis e degradantes e violência sexual, tudo com a finalidade de que se
auto-incriminasse. Perante as suas respostas negativas, Maria Elena Loayza Tamayo foi
acusada do crime de traição à pátria e julgada por várias instâncias militares, tendo sido
finalmente absolvida. No entanto, o seu caso foi transferido ao foro civil, y Loayza Tamayo foi
condenada a 20 anos de prisão por um Tribunal Especial e “sem rosto”, pelo delito de terrorismo.
Ao largo de todo o processo, tanto militar como civil, a vítima permaneceu privada de liberdade.

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. Direito à liberdade pessoal e à proteção judicial (arts. 7.1 e 25 da CADH), quando prendeu e
manteve a prisão da senhora Loayza Tamayo, inclusive após a absolvição pela Justiça Militar,
impedindo-a de utilizar qualquer ação de garantia (habeas corpus, por exemplo);

2. Direito à integridade pessoal (arts. 5.1 e 5.2 da CADH), quando expôs Loayza em público com
traje penitenciário e também quando lhe cerceou o direito de comunicação, de visitas,
assimcomo porque a manteve presa em ambiente sem ventilação nem luz natural, impondo-lhe,
em resumo, um tratamento degradante;

3. Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art. 3° da CADH);

4. Direito à vida (art. 4.1 da CADH); e

5. Artigos I e XI da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas.


CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS

1. Que o Estado do Peru colocasse a senhora Loayza Tamayo em liberdade em prazo razoável; e

2. Que o Estado do Peru pagasse uma justa indenização à vítima e seus familiares e os
ressarcisse pelas despesas que tenham incorrido em suas negociações com as autoridades
peruanas por ocasião deste processo, para o qual o procedimento correspondente está aberto;

PONTOS IMPORTANTES

1. Impossibilidade de suspensão da garantia do habeas corpus:

A vítima Loayza Tamayo não dispôs de uma ação de garantia para proteger sua liberdade
pessoal ou para questionar sua detenção ilegal, já que estava em vigor no Peru um Decreto que
suspendia tais ações. Ocorre que, conforme decidiu a Corte IDH, embora o direito à liberdade
pessoal não esteja inserido no rol previsto no art. 27.2 da CADH, que estabelece os direitos que
não podem ser suspensos em hipótese alguma, o mesmo dispositivo da CADH veda a
suspensão das garantias indispensáveis para a proteção daqueles direitos, entre os quais
certamente se insere o habeas corpus (Mérito,

§ 50). Importante ressaltar que a Corte IDH, no exercício da sua jurisdição consultiva, em 1987 -
logo, antes de julgar o Caso Loayza Tamayo, o que ocorrería somente após dez anos -, também
enfrentou este tema quando a CIDH lhe formulou a seguinte consulta:

"O recurso ao habeas corpus, cujo fundamento jurídico encontra-se nos artigos 7.6 e 25.1 da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, é uma das garantias judiciais que, de acordo
com a parte final do parágrafo 22 3 do artigo 27 dessa Convenção, não pode ser suspensa por
um Estado-parte da citada Convenção Americana?". A Corte IDH respondeu a esta consulta da
CIDH e, emitindo a sua Opinião Consultiva 08/1987 (O habeas corpus sob a suspensão de
garantias), afirmou que o habeas corpus não pode ser suspenso porque constitui uma garantia
judicial indispensável para a proteção dos direitos e liberdades protegidos pela CADH (§ 44).

E a Corte IDH avança, depois, para explicar o seu entendimento de que, mesmo o direito à
liberdade sendo passível de suspensão, a garantia do habeas corpus deve ser mantida para
coibir excessos.

Assim, pode-se resumir o entendimento da Corte IDH no sentido de que o habeas corpus se
insere no conteúdo das garantias não suscetíveis de suspensão porque: a) protege não apenas
o direito à liberdade de locomoção - este, passível de suspensão mas também direitos
inderrogáveis como o direito à vida e à integridade pessoal no contexto principalmente de
desaparecimentos forçados e vulnerabilidade da pessoa presa que esteja incomunicável; e b)
destina-se, inclusive, à verificar se a privação de liberdade está em conformidade com o decreto
de suspensão de direitos.

2. O tratamento diferenciado do bis in idem na CADH:

A Corte IDH enfatizou que a proibição do bis in idem encontrada na CADH é mais ampla e,
consequentemente, mais benéfica ao acusado do que a fórmula prevista em outros tratados
internacionais de direitos humanos (Mérito, § 66). Vejamos. O art. 8.4 da CADH dispõe que "O
acusado que for absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo
processo pelos mesmos fatos". Já o art. 14.7 do PIDCP prevê que "Ninguém poderá ser
processado ou punido por um delito pelo qual já foi absolvido ou condenado por sentença
passada em julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos penais de cada país". A
diferença, de fato, existe e pode gerar consequências práticas, como ocorreu no Caso Loayza
Tamayo, em que, embora os crimes apurados na jurisdição militar (traição à pátria) e no juízo
comum (terrorismo) fossem distintos, o contexto fático era o mesmo.

3. O bis in idem e a independência das instâncias:

Quando a CADH proíbe um novo processo pelos mesmos fatos, isso quer dizer que se interdita
apenas um novo processo penal ou que o cidadão não pode ser processado pelos mesmos
fatos também nas demais instâncias (num processo administrativo disciplinar ou numa ação
por improbidade administrativa, por exemplo)? Esta é uma questão polêmica na doutrina e que,
a nosso ver, ainda não foi enfrentada expressamente pela Corte IDH. Há quem entenda que a
CADH proíbe que o acusado seja processado ou punido mais de uma vez pelos mesmos fatos,
pouco importando a identidade dos regimes jurídicos, invocando, inclusive, como precedente
favorável a esta tese, o Caso Loayza Tamayo. Embora sem aderir claramente a este
entendimento, Nereu José Giacomolli também faz essa interpretação do Caso Loayza Tamayo,
afirmando que "Um ponto interessante dessa decisão é que ela manifestou, expressamente, que
a vedação do non bis in idem não se restringe à duplicidade de processos criminais, mas
também impede que o mesmo sujeito seja processado pelos mesmos fatos, mais de uma vez,
ainda que em esferas distintas".

Não desconhecemos a complexidade - e a atualidade - do assunto, sobretudo porque a fronteira


que separa o Direito Administrativo sancionador do Direito Penal nem sempre se mostra tão
clara, de modo que a dupla punição pelo mesmo fato, ainda que as sanções decorram de
instâncias distintas, deve ser objeto de preocupação e de estudo pelos juristas. No entanto,
ainda que reconheçamos o brilhantismo da tese anteriormente exposta, dela divergimos, e isso
porque, a nosso ver: a) o art. 8.4 da CADH está situado num contexto normativo que regula
ordinariamente processos criminais, tanto que a sua redação se inicia com "O acusado
absolvido (...)", razão pela qual a interdição de um novo processo pelos mesmos fatos se aplica
somente a um novo processo criminal, não impedindo, consequentemente, que os mesmos
fatos gerem um processo cível ou administrativo; b) e quando a Corte IDH afirma que "Este
princípio [do bis in idem] busca proteger os direitos dos indivíduos que tenham sido
processados por determinados fatos para que não voltem a ser processados pelos mesmos
fatos" (Mérito, § 66), o contexto penal está implícito na argumentação da Corte, decorrendo,
também, de uma interpretação mais sistemática do precedente, no qual se censurou o duplo
julgamento (penal) pelos mesmos fatos. O TEDH chegou a essa mesma conclusão em
15.11.2016, decidindo que um sonegador de impostos pode receber uma pena administrativa e
uma pena criminal sem que isso viole o direito de não ser julgado e punido duas vezes pelos
mesmos fatos (Caso d e A e B vs. Noruega).

4. Primeiro caso em que a Corte IDH reconheceu o denominado "dano ao projeto de vida":

No julgamento do Caso Loayza Tamayo, a Corte IDH reconheceu, pela primeira vez, a existência
e a autonomia conceituai do denominado "dano ao projeto de vida". Para a Corte, essa nova
modalidade de dano não possui uma conotação patrimonial, decorrendo daí, portanto, a sua
autonomia conceituai em relação aos danos material, emergente e moral. O projeto de vida, para
a Corte IDH, "(...) se associa ao conceito de realização pessoal, que por sua vez se sustenta nas
opções que o sujeito tem para conduzir sua vida e alcançar o destino que se propõe. (...) Estas
opções podem ter, em si mesmas, um alto valor existencial" (Reparações e custas, § 148). Em
voto conjunto proferido no Caso Loayza Tamayo, os juizes Abreu Burelli e Cançado Trindade
afirmaram que "O dano ao projeto de vida ameaça, em última instância, o próprio sentido que
cada pessoa humana atribui à sua existência. Quando isso ocorre, um prejuízo é causado ao
mais íntimo do ser humano: trata-se de um dano dotado de autonomia própria, que afeta o
sentido espiritual da vida" (Mérito, § 16).

Apesar de significativa a contribuição da Corte IDH para a criação dessa nova modalidade de
dano, é perceptível a dificuldade dos seus juizes para precisar, com rigor, os contornos
conceituais do dano ao projeto de vida16, tanto que no Caso Loayza Tamayo, embora a Corte
tenha reconhecido um grave dano ao projeto de vida da vítima, se absteve de quantificá-lo em
razão de a jurisprudência e a doutrina não permitirem, naquela data, traduzir esse dano em
termos econômicos (Reparações e custas, § 153).

Finalmente, para fins didáticos, podemos conceituar o dano ao projeto de vida como sendo
aquele que, em razão da sua gravidade para os direitos humanos da vítima, impede esta de
executar os projetos de vida que havia pensado para si. Como exemplo, podemos citar uma
prisão ilegal prolongada por anos, em condições degradantes, que tenha interrompido ou
prejudicado gravemente a pessoa na consecução do seu projeto de vida, retirando-a do mercado
de trabalho, de estudos universitários e/ou de perto da criação dos seus filhos.

5. Qual foi a primeira vez que a Corte IDH quantificou o dano ao projeto de vida?

A primeira vez que a Corte IDH quantificou o dano ao projeto de vida foi no julgamento do Caso
Cantoral Benavides vs. Peru.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Desaparecimentos Forçados Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: Velásquez Rodriguez vs. Honduras Ano: 1988 Informativo: -2

VELÁSQUEZ RODRIGUEZ VS. HONDURAS

RESUMO

O caso trata sobre desaparecimentos forçados de pessoas praticados por agentes da ditadura
militar de Honduras nos anos 80. O Caso Velasquez Rodriguez, em conjunto com o Caso
Godinez Cruz e Fairén Garbi e Solís Corrales, representam os três primeiros julgamentos de
mérito da Corte IDH, em 1989 (os chamados casos hondurenhos, pois todos foram contra
Honduras - formam o primeiro "ciclo" de casos julgados pela CorteIDH, que teve como matéria o
desaparecimento forçado de pessoas).

DIREITOS VIOLADOS SEGUNDO A CORTE

1. Direito à liberdade pessoal reconhecido no artigo 7 da Convenção, em conjugação com o


artigo 1(1).

2. Deveres de respeitar e garantir o direito à integridade pessoal reconhecido no artigo 5 da


Convenção, em conjugação com o artigo 1(1) da mesma.

3. Dever de garantir o direito à vida reconhecido no artigo 4 da Convenção, em conjugação com


o artigo 1(1).

CONDENAÇÃO/MEDIDAS IMPOSTAS
1. Indenização justa aos parentes mais próximos da vítima.

2. A forma e o montante desta indenização serão fixados pela Corte no caso de o Estado de
Honduras e a Comissão não chegarem a acordo sobre o assunto no prazo de seis meses a
contar da data da sentença.

PONTOS IMPORTANTES

1. Audiência de custódia como medida preventiva do desaparecimento forçado.

2. A Corte definiu que, no caso de desapercimentos forçados, deve ocorrer a inversão do ônus
da prova contra o Estado.

3. Foi a primeira vez que a Corte declarou que o dever de prevenir, investigar, processar e punir
deriva do dever de respeitar e garantir os direitos humanos.

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Disciplina: Direitos Humanos Assunto: Liberdade de Expressão Tribunal: Corte IDH (Em
construção) Caso: O.C. 5 Ano: 1985 Informativo: -2

OPINIÃO CONSULTIVA Nº 5

Decidiu a Corte, por unanimidade,

1. Que a filiação obrigatória de jornalistas, na medida em que impede o acesso de qualquer


pessoa ao pleno uso da mídia como veículo para se expressar ou para transmitir informações, é
incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

2. Que a Lei nº 4420, de 22 de setembro de 1969, Lei Orgânica do Colégio de Jornalistas da


Costa Rica, que é o objeto da presente consulta, na medida em que impede certas pessoas de
pertencerem ao Colégio de Jornalistas e, conseqüentemente, de fazerem pleno uso da mídia
como veículo para se expressar e transmitir informações, é incompatível com o artigo 13 do
Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

Sendo assim, a presente O.C. foi utilizada pelo STF como fundamento para definir que a CADH
impede que seja obrigatória a faculdade de Jornalismo para o exercício dessa profissão.

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22 Julgados exportados
Tribunal: TSE, Ano: 2023,

Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Justiça Eleitoral Tema: Competência Tribunal: TSE Ano:
2023 Informativo: 18

O Tribunal Superior Eleitoral rejeitou, por unanimidade, decisão do Tribunal a quo e confirmou a
competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar a denúncia oferecida na investigação
da chamada Operação Calvário, que envolve o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho e
outros réus, por crimes comuns conexos a delitos eleitorais.

REspe n. 060002132, João Pessoa/PB, rel. Min. Floriano de Azevedo Marques, julgado em
30/11/2023, em sessão jurisdicional (Info 18- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Partidos Políticos Tema: Desfiliação Partidária Tribunal:
TSE Ano: 2023 Informativo: 17

O Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, julgou procedente o pedido da ação de perda de cargo
eletivo de deputado federal por desfiliação partidária sem justa causa.AJDesCargEle n.
060011815, São Paulo/SP, rel. Min. André Ramos Tavares, julgado em 7/11/2023, em sessão
jurisdicional. (Info 17 - Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Partidos Políticos Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo:
17

O Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, deferiu o pedido de fusão do Patriota e do Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), ficando prejudicada a tutela cautelar antecedente.O partido se
chamará Partido Renovação Democrática (PRD).RPP n. 060191390 e TutCautAnt n. 060004288,
Brasília/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 9/11/2023, em sessão administrativa.(Info 17 -
Ano 25 - TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Inelegibilidade Tribunal: TSE
Ano: 2023 Informativo: 16

O Tribunal Superior Eleitoral declarou, por maioria, a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e Walter
Braga Netto, candidatos à Presidência e à Vice-Presidência da República nas Eleições 2022, por
abuso do poder político e do poder econômico nas comemorações do Bicentenário da
Independência, realizadas no dia 7 de setembro de 2022. Além disso, o Plenário reconheceu a
prática de conduta vedada a agente público, irregularidade que resultou na aplicação de multas
aos candidatos. AIJE n. 060097243, AIJE n. 060098627 e RepEsp n. 060098457, Brasília/DF, rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 24,26 e 31/10/2023, em sessão jurisdicional.(Info 16- Ano
25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Justiça Eleitoral Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo:
15

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral aprovaram, por unanimidade, nova resolução que
estabelece normas gerais para a realização de concurso público para provimento de cargos
efetivos da Justiça Eleitoral. O texto – que substitui a Resolução n. 23.391/2013 – dispõe, entre
outros pontos, a reserva de vagas para pessoas indígenas, negras e com deficiência. PA n.
000139060, Brasília/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/10/2023, em sessão
administrativa (Info 15- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Outros assuntos Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo:
14

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, por unanimidade, alterações na


Resolução-TSE n. 23.673, de 14 de dezembro de 2021. Os ministros decidiram atualizar a lista
de entidades legitimadas a fiscalizar o processo eleitoral brasileiro e incluir o Teste de
Integridade das Urnas Eletrônicas com biometria. (Inst n. 060074728, Brasília/DF, rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 26/9/23, em sessão jurisdicional.)(Info 14- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Propaganda Política Tema: Propaganda Eleitoral


Antecipada Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 13

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu, por unanimidade, que a emissora de Rádio e TV e o seu
jornalista não realizaram propaganda eleitoral antecipada negativa em programa de rádio
durante matéria veiculada no dia 9 de agosto de 2022. Na ocasião, o jornalista fez críticas ao
governador eleito pelo Maranhão, que concorria à reeleição do cargo. Segundo o relator, Ministro
Benedito Gonçalves, em caso de procedência do pedido, a multa aplicada seria a prevista no art.
36, § 3° da Lei n. 9.504, de 30 de setembro de 1997, e não a contida no art. 45, § 2º, do mesmo
diploma legal, pois esta se aplica apenas no caso de propaganda veiculada no curso do período
eleitoral, ou seja, após 15 de agosto do ano das eleições. Ademais, não houve a caracterização
de propaganda antecipada negativa, uma vez que, apesar da crítica contundente, trata-se de
direito à liberdade de expressão. (AgR-REspe n. 060123159, São Luís/MA, rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 5/9/2023, em sessão jurisdicional.)(Info 13- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Convenção Partidária e Registro de Candidaturas Tema:


Registro de Candidaturas Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 12

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por maioria, pela regularidade do registro de
candidatura do candidato mais votado a prefeito de Mariana/MG, nas Eleições 2020. O Plenário
acolheu os dois recursos apresentados pelo candidato, pois o político gozava de pleno exercício
dos direitos políticos no dia do primeiro turno das eleições municipais de 2020 – ocorrido,
excepcionalmente, em 15 de novembro. Já a suspensão dos direitos políticos do candidato
vigorou até 19 de outubro daquele ano.(REspe nº 060021359 e TutAntAnt nº
060202644,Mariana/MG, rel. Min. Floriano de Azevedo Marques,julgado em 17/8/2023, em
sessão jurisdicional.)(Info 12- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Recurso contra expedição de diploma Tema:


Inelegibilidade Superveniente Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 11

O Tribunal Superior Eleitoral manteve, por unanimidade, a cassação dos diplomas do prefeito e
do vice-prefeito de Itupeva (SP), que foram eleitos nas eleições municipais de 2020. O Plenário
reconheceu a inelegibilidade superveniente do prefeito em decorrência de condenação anterior
por uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral de 2016.(REspe nº
060073808, Itupeva/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 8/8/2023, em sessão jurisdicional.)
(Info 11- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Inelegibilidade Tribunal: TSE
Ano: 2023 Informativo: 10

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral declarou, por maioria, a inelegibilidade por oito anos,
contados a partir das Eleições 2022, do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro. No
caso concreto, houve o reconhecimento da prática de abuso de poder político e uso indevido
dos meios de comunicação durante a reunião realizada no Palácio da Alvorada com
embaixadores estrangeiros em julho de 2022. Já com relação ao candidato à vice-presidência
Walter Braga Netto, que participava da chapa com Jair Bolsonaro, os ministros do TSE
excluíram, por unanimidade, a sanção, uma vez que não ficou demonstrada a sua
responsabilidade na conduta.AIJE nº 060081485, Brasília/DF, rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 22, 27, 29 e 30/6/2023, emsessão jurisdicional.)(Info 10 - Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Votação, Apuração, Totalização Dos Votos, Proclamação
Dos Resultados E Diplomação Dos Eleitos Tema: Votação Tribunal: TSE Ano: 2023
Informativo: 9

O Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, aprovou a resolução que trata do apoio da Justiça
Eleitoral às eleições de membros do Conselho Tutelar em todo o território nacional. (PA nº
060026541, Brasília/DF, rel. Min.

Alexandre de Moraes, julgado em 13/6/2023, em sessão administrativa.)(Info 9- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Cassação do registro ou do


diploma Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 8

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou, por unanimidade, o registro de


candidatura de Deltan Martinazzo Dallagnol, eleito deputado federal nas Eleições 2022. De
acordo com o relator do processo, Ministro Benedito Gonçalves, houve fraude à lei, pois o
candidato exonerou-se do cargo com o intuito de frustrar a incidência da inelegibilidade descrita
no art. 1º, I, q, da Lei Complementar nº 64/1990 e, assim, disputar as Eleições 2022.

(RO nº 060140770, Curitiba/PR, rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16/5/2023, em sessão
jurisdicional.)(iNFO 8- Ano 25-TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Elegibilidade Tribunal: TSE Ano:
2023 Informativo: 7

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, reconheceu que a deputada estadual de
Minas Gerais atendeu à condição de elegibilidade de idade mínima para ser diplomada no cargo
em que foi eleita em 2022. No caso concreto, ela completou 21 anos no dia 22 de fevereiro de
2023 e, de acordo com o Regimento Interno da Assembleia Legislativa, há o prazo de 30 dias
para tomar posse a partir da primeira reunião preparatória da legislatura – realizada no dia 1º de
fevereiro. Assim, a candidata cumpriu a condição de elegibilidade na data da posse.(RCED nº
060642556 e TutCautAnt nº 060004021, Belo Horizonte/MG, rel. Min. Raul Araújo, julgado em
2/5/2023, em sessão jurisdicional.)(Info 7-Ano 5-TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Propaganda Política Tema: Propaganda Eleitoral Irregular
Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 6
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, entendeu que reação satírica à
manifestação de candidato adversário não configura propaganda eleitoral irregular, julgando
improcedentes os pedidos da representação.(Rp nº 0601146-52, Brasília/DF, rel. Min. Carlos
Bastide Horbach, julgado em 20/4/2023, em sessão jurisdicional.)(Info 6 - Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Ação de Impugnação ao Pedido de Registro de


Candidatura Tema: Legitimidade Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 5

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral confirmou, por unanimidade, que todos os partidos que
participem de coligações têm legitimidade para atuar individualmente quando terminarem as
eleições. Segundo o relator, Ministro Carlos Horbach, as coligações se extinguem com o fim do
processo eleitoral, que é delimitado pelo ato de diplomação dos eleitos, momento a partir do
qual os partidos coligados voltam a ter capacidade processual para agir isoladamente. (AgR-
REspe nº 060040225, Lagoa d’Anta/RN, rel. Min. Carlos Horbach, julgado em 13/4/2023, em
sessão jurisdicional.) (Info 5- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Ação de Impugnação ao Pedido de Registro de


Candidatura Tema: Legitimidade Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 4

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral confirmou, por unanimidade, que todos os partidos que
participem de coligações têm legitimidade para atuar individualmente quando terminarem as
eleições. Segundo o relator, Ministro Carlos Horbach, as coligações se extinguem com o fim do
processo eleitoral, que é delimitado pelo ato de diplomação dos eleitos, momento a partir do
qual os partidos coligados voltam a ter capacidade processual para agir isoladamente. (AgR-
REspe nº 060040225, Lagoa d’Anta/RN, rel. Min. Carlos Horbach, julgado em 13/4/2023, em
sessão jurisdicional.) (Info 4 - Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Desincompatibilização Tribunal:


TSE Ano: 2023 Informativo: 4

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmaram, por unanimidade, o registro de


candidato a vereador em Rio Grande da Serra/SP nas eleições de 2020. O político era médico e
atuava, durante a campanha eleitoral, no Programa Mais Médicos do Ministério da Saúde. Para o
relator do processo, Ministro Ricardo Lewandowski, o cargo exercido no programa não se
equipara a servidor público para fins eleitorais, portanto não há necessidade de
desincompatibilização. (AgR-REspe nº 060.028.362, Rio Grande da Serra/SP, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 16/3/2023, em sessão jurisdicional.) (Info 4- Ano 25-TSE)
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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Inelegibilidade Tribunal: TSE
Ano: 2023 Informativo: 4

O Plenário do TSE decidiu pela inelegibilidade de candidato a deputado estadual do Rio Grande
do Norte nas Eleições 2022. O relator, Ministro Ricardo Lewandowski, manteve o entendimento
segundo o qual, na data das eleições, o candidato estaria inelegível, em razão da prática de
crime hediondo. De acordo com o ministro, a Lei nº 13.497/2017 modificou a Lei nº 8.072/1990
para tornar hediondo o crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, e não
apenas de uso proibido.(AgR-RO nº 060051116, Natal/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 23/3/2023, em sessão jurisdicional.) (Info 4 - Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Direitos Políticos Tema: Inelegibilidade Tribunal: TSE
Ano: 2023 Informativo: 3

O Tribunal Superior Eleitoral negou o registro a candidato para o cargo de prefeito da cidade de
Lamim/MG nas Eleições 2020. O político estava inelegível em razão de condenação por crime
ambiental. Com isso, os votos recebidos foram anulados e serão convocadas eleições
suplementares.(REspe nº 060008415, Lamim/MG, rel. Min. Sérgio Banhos, julgado em 2/3/2023,
em sessão jurisdicional.(Info 3 - Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Outros assuntos Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 2

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral aprovou alterações no Regimento Interno da Corte e


estabeleceu prazo para a devolução de processos com pedidos de vista – serão 30 dias
prorrogáveis por igual período. Caso a data-limite não seja cumprida, os processos estarão
automaticamente liberados para a continuação do julgamento.Além disso, com relação às
medidas cautelares, o Colegiado decidiu que, na hipótese de excepcional urgência, o relator
poderá solicitar à Presidência a convocação de sessão virtual extraordinária, com antecedência
mínima de 24 horas, para referendo de medida cautelar concedida. (PA nº 060011475, Brasília/
DF, rel. Min. Alexandre de Moraes,julgado em 28/2/2023, em sessão administrativa.)(Info 2 - Ano
25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Convenção Partidária e Registro de Candidaturas Tema:


Registro de Candidaturas Tribunal: TSE Ano: 2023 Informativo: 1
Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidiram, por maioria, manter o registro de
candidatura da suplente para a Câmara dos Deputados de Sergipe em 2022. O entendimento
majoritário foi de que os cargos exercidos nos conselhos deliberativos nas autarquias estaduais
não precisam de desincompatibilização, por se tratar de funções inerentes ao cargo ocupado à
época como vice-governadora de Sergipe. (AgR-RO nº 060067455, Aracaju/SE, rel. Min. Sérgio
Banhos, julgado em 9/2/2023,em sessão jurisdicional.)(Info 1- Ano 25- TSE)

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Disciplina: Direito Eleitoral Assunto: Justiça Eleitoral Tema: Competência Tribunal: TSE Ano:
2023 Informativo: 1

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral confirmou, por unanimidade, a competência da Justiça


Eleitoral para processar e julgar ação penal em que exista conexão entre crimes comuns e
crimes eleitorais. (AREspe nº 060004595, Araucária/PR, rel. Min. Carlos Horbach, julgado em
2/2/2023, em sessão jurisdicional.) (Info 1- Ano 25- TSE)

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196 Julgados exportados
Tribunal: TST, Ano: 2023,

Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

"No julgamento do recurso de revista (TST-RR-183100-30.2007.5.15.0014), a 3ª Turma do


Tribunal Superior do Trabalho reconheceu, em razão da alteração promovida pela Lei nº
14.112/2020 no artigo 6º, § 11, da Lei de Falências, a competência da Justiça do Trabalho para
processar execuções fiscais decorrentes de penalidades administrativas por descumprimento
da legislação trabalhista, mesmo em situações de falência ou recuperação judicial da empresa.
A referida lei estabeleceu que tais execuções devem ser processadas na Justiça do Trabalho,
vedando a expedição de certidão de crédito e o arquivamento das execuções para habilitação
em processos de recuperação judicial ou falência. A decisão afirma que a competência da
Justiça do Trabalho é absoluta, superando entendimentos jurisprudenciais anteriores, e não está
condicionada à data da decretação da recuperação judicial ou falência. Além disso, destaca o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, referenciando o Conflito de Competência
181.190/AC, que reforça a competência da Justiça do Trabalho para processar execuções
fiscais de multas administrativas, mesmo diante de situações de falência ou recuperação
judicial, alinhando-se com a jurisprudência consolidada do TST sobre o tema. (TST-
RR-183100-30.2007.5.15.0014, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em
14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Intervalos Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 281

Ao analisar o processo sob a égide da Lei nº 13.467/2017, especialmente no contexto do rito


sumaríssimo e do agravo de instrumento da reclamada, verifica-se a necessidade de
ponderação entre a aplicação analógica da NR-31 do Ministério do Trabalho e Emprego e o
artigo 72 da CLT quanto à fixação da duração do intervalo para trabalhadores rurais. Além disso,
destaca-se a controvérsia relacionada ao dano moral decorrente de condições de trabalho
degradantes para uma trabalhadora rural, considerando a matéria fática e a incidência da
Súmula nº 126 do TST. No âmbito das contribuições sindicais, o debate envolve a tese firmada
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), notadamente no que se refere à contribuição
confederativa, e a divergência em relação à decisão da Suprema Corte, sobretudo após a
alteração do entendimento nos autos do ARE-1.018.459. Ademais, destaca-se a controvérsia
relacionada aos honorários advocatícios de sucumbência para beneficiários da justiça gratuita,
suscitando questões de ordem constitucional, convencionalidade e proporcionalidade,
especialmente diante da alteração promovida pelo § 4º do artigo 791-A da CLT pela Lei nº
13.467/2017, cuja constitucionalidade foi parcialmente reconhecida pelo STF na ADI nº 5766. A
tese busca abordar os desdobramentos dessas questões, evidenciando a complexidade jurídica
e os diferentes posicionamentos jurisprudenciais. (TST-RRAg-287-54.2018.5.09.0325, 3ª Turma,
rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 8/11/2023)(Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Remuneração e Salário Tema: Promoção Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 281

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) se debruça sobre a Orientação Jurisprudencial Transitória


56 da SBDI-1, que trata dos efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei 8.878/94. No
entendimento do TST, a jurisprudência consolidada da corte reconhece que a concessão de
promoções gerais, lineares e impessoais, aos anistiados, não viola a mencionada lei, sendo
considerada uma recomposição salarial pelo período em que o empregado esteve ilegalmente
afastado do serviço público. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) vem cassando
decisões do TST, argumentando que tal concessão contraria as Súmulas Vinculantes 10 e 37,
alegando a inobservância da reserva de plenário para afastar a aplicação do art. 6º da Lei
8.878/94 e violação do princípio da legalidade administrativa. No caso específico analisado, o
TST considerou indevidas as progressões salariais ao Recorrente, anistiado pela Lei 8.878/94,
em virtude da sinalização do STF contrária à jurisprudência consolidada pela corte trabalhista.
(TST-RR-101098-09.2017.5.01.0057, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho,
julgado em 21/11/2023) (Info 281- TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

No âmbito do neoprocessualismo e considerando a eficácia irradiante das normas


constitucionais sobre o direito processual, a 6ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
rejeita a alegação de incompetência material da Justiça do Trabalho em ações que discutem a
existência de vínculo de emprego. O TST destaca a necessidade de análise integral do mérito da
causa, com ênfase na resolução definitiva das controvérsias, evitando retrocessos às fases
anteriores de evolução do direito processual. A decisão ressalta a aplicação da teoria da
asserção, que considera as questões relacionadas às condições da ação com base no que é
afirmado na petição inicial, sem prévio exame do mérito. Além disso, reforça a competência da
Justiça do Trabalho para julgar ações oriundas das relações de trabalho, especialmente aquelas
que envolvem fraude em contratação de trabalhador, como o contrato de franquia dissimulado.
A conclusão da competência da Justiça do Trabalho não é influenciada por precedentes
relacionados a outras formas de relações de trabalho, como a terceirização, sendo crucial
analisar a real natureza jurídica dos contratos e evitar fraudes que desvirtuem a aplicação dos
preceitos trabalhistas.(TST-RR-1000549-20.2021.5.02.0052, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães
Arruda, julgado em 22/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tema: Legalidade Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 281

Na vigência da Lei nº 13.467/2017, a terceirização por meio de 'pejotização' é considerada lícita,


conforme a tese vinculante do Supremo Tribunal Federal no Tema 725. Dessa forma, a
contratação de pessoas jurídicas para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao objeto
social da empresa contratante, mesmo que aparentemente idênticas, não enseja o
reconhecimento de vínculo de emprego. A decisão do Tribunal Regional, ao afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego entre o reclamante e a reclamada, está em
conformidade com a referida tese do STF.(TST-RRAg-253-23.2019.5.09.0009, 8ª Turma, rel. Min.
Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 22/11/2023)(Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Duração do Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 281

Mesmo na ausência de obrigatoriedade de realizar a troca de uniforme no local de trabalho, o


tempo despendido pelo empregado nessa atividade configura-se como à disposição da
empresa, conforme Súmula 366/TST, sendo irrelevante a inexistência de previsão legal à época
da relação contratual, especialmente quando se trata de processo iniciado antes das alterações
introduzidas pela Lei nº 13.467/17. O recurso de revista foi conhecido e provido em virtude da
contrariedade à Súmula 366/TST.(TST-RR-12223-36.2016.5.03.0027, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado, julgado em 14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Ação Rescisória Tema: Decadência


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

No âmbito da ação rescisória, a SBDI-II do Tribunal Superior do Trabalho (TST) firmou


entendimento quanto à incidência da decadência nos casos em que o Ministério Público do
Trabalho atua como substituto processual na defesa dos interesses de menor incapaz, nos
termos dos artigos 198, I, em conjunto com o artigo 208 do Código Civil. Conclui-se que,
enquanto perdurar a condição de incapacidade absoluta do menor, o prazo decadencial não se
inicia. O mesmo efeito se aplica ao Ministério Público do Trabalho, que, nessa função, não é
considerado o titular da ação, resultando na não fruição do prazo decadencial. Diante desses
fundamentos, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, por maioria, deu-lhe
provimento para afastar a decadência pronunciada. Como resultado, determinou o retorno dos
autos ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de origem, a fim de que prossiga no exame do
feito.TST-ROT-16024-83.2013.5.16.0000, SBDI-II, red. p/ acórdão Min. Luiz José Dezena da Silva,
julgado em 21/11/2023. (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Ação Rescisória Tema: Cabimento


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

No contexto de recurso ordinário em ação rescisória, a Subseção II de Dissídios Individuais


(SBDI-II) do Tribunal Superior do Trabalho (TST) consolidou o entendimento de que, para os
efeitos dos artigos 525, § 15, e 535, § 8º, combinados com o inciso V do artigo 966 do Código
de Processo Civil (CPC), é suficiente que a decisão a ser rescindida esteja em discordância com
a ratio decidendi extraída do acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF), proferido em juízo de
controle de constitucionalidade. A análise a ser conduzida nessas situações se limita a esse
confronto, de modo que afrontas à ratio decidendi do precedente vinculante do STF, mesmo que
posterior ao trânsito em julgado da decisão rescindenda, demandam a aplicação do instituto
rescisório, afastando-se a exigência contida na Súmula nº 298 do TST. Sob esses fundamentos,
a SBDI-II, de forma unânime, conheceu do recurso ordinário e, por maioria, negou-lhe
provimento. TST-ROT-22471-42.2021.5.04.0000, SBDI-II, red. p/ acórdão Min. Luiz José Dezena
da Silva, julgado em 21/11/2023. (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Reconhecimento de vínculo empregatício Tribunal:


TST Ano: 2023 Informativo: 281

A controvérsia sobre o vínculo empregatício entre motoristas que utilizam plataformas digitais
de transporte, como a Uber, e a empresa criadora do aplicativo demanda uma revisão das
concepções tradicionais de subordinação e dependência econômica, à luz das transformações
provocadas pela quarta revolução industrial e pela economia compartilhada. Diante da
necessidade de proteger os direitos dos trabalhadores nesse novo modelo de negócios, a
jurisprudência e doutrina modernas têm apontado para a presunção relativa de vínculo
empregatício, colocando o ônus da prova sobre as empresas para demonstrar a natureza não
empregatícia da relação.(TST-AIRR-11183-11.2020.5.15.0135, 7ª Turma, rel. Min. Alexandre de
Souza Agra Belmonte, julgado em 21/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Remuneração e Salário Tema: Descanso semanal


remunerado Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

A Lei de Liberdade Econômica, a Portaria MTE 671/2021 e a Portaria MTE 3.665/2023


autorizam, de forma permanente, o trabalho em feriados em postos de gasolina,
independentemente de previsão em convenção coletiva, ressaltando que a revogação da
autorização para o 'comércio em geral' não se aplica a atividades específicas, como a dos
postos de combustíveis. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) reconhece a harmonia e a
coerência do sistema normativo, permitindo a atividade econômica em feriados nos postos de
gasolina com base na autorização permanente concedida pelo Poder Executivo, conforme
delegação do legislador, afastando, assim, o entendimento do Tribunal Regional que considerava
o trabalho em feriados abrangente a toda e qualquer atividade comercial.(TST-
RRAg-1849-32.2017.5.10.0802, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em
14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Nulidades Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 281

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) reconheceu que, com base no art. 385, §2º, do CPC/2015,
aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, o preposto não deveria assistir ao
interrogatório da outra parte para evitar influências. O TST concluiu que o indeferimento de
retirada do preposto resultou em cerceamento de defesa, comprometendo a obtenção de
confissão real e prejudicando o reclamante, especialmente na questão do reconhecimento do
vínculo empregatício. Diante disso, o TST conheceu e proveu o recurso de revista, determinando
a reabertura da instrução processual para permitir a ampla defesa do reclamante.(TST-
RR-517-81.2018.5.05.0463, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Prazos Processuais Tema: Data de Início
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

Na vigência da Lei 13.015/2014, em casos de ação coletiva anterior com pedidos idênticos que
tenha interrompido o prazo prescricional, os juros de mora devem incidir a partir do ajuizamento
da ação coletiva, conforme a jurisprudência consolidada do TST. Assim, no caso específico de
horas extras além da sexta hora diária, o termo inicial para a contagem dos juros de mora é a
data de propositura da ação coletiva anterior.(TST-RRAg-893-33.2010.5.02.0010, 8ª Turma, rel.
Min. Delaíde Alves Miranda Arantes, julgado em 8/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

No âmbito das atividades laborais, situações de dano moral coletivo surgem a partir de
condutas reiteradas de entidades, como empresas, que impactam negativamente a comunidade
de trabalhadores. O dano moral coletivo reflete lesões macrossociais decorrentes de práticas
que precarizam direitos trabalhistas, incluindo a segurança no ambiente de trabalho. No caso
específico, a empresa foi condenada por conduta omissiva e negligente relacionada ao
descumprimento das normas de segurança, resultando em acidentes de trabalho. O tribunal
confirmou a responsabilidade da empresa, destacando que a atividade laboral em questão era
considerada de risco. A decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) foi no sentido de manter
a condenação da empresa por dano moral coletivo, considerando que as condutas negligentes
violaram normas de proteção aos trabalhadores e causaram prejuízos à comunidade laboral,
alinhando-se aos fundamentos constitucionais de valorização do trabalho e justiça social. O
recurso de revista foi indeferido com base na Súmula 126/TST, que limita a revisão de matéria
fática nas instâncias extraordinárias.(TST-AIRR-29-85.2019.5.08.0018, 3ª Turma, rel. Min.
Mauricio Godinho Delgado, julgado em 14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional de
transferência Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

Na regência da Lei nº 13.467/2017, para a concessão do adicional de transferência, é


necessário que a mudança do local de trabalho acarrete, necessariamente, a mudança do
domicílio do empregado. A manutenção do domicílio original, mesmo diante da prestação de
serviços em diversas localidades com alojamento fornecido pela empresa, afasta a
caracterização da transferência e inviabiliza o deferimento do adicional pleiteado.(TST-
RR-10255-46.2021.5.03.0107, 8ª Turma, rel. Min. Sérgio Pinto Martins, julgado em 8/11/2023)
(Info 281- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo:
281

A validade da terceirização de serviços afetos às atividades precípuas das concessionárias de


telecomunicações está condicionada à observância da tese jurídica vinculante firmada pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do ARE 791.932/DF. Conforme estabelecido, é
nula a decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o art. 94, II, da Lei 9.472/1997, sem
observar a cláusula de reserva de Plenário (CF, art. 97), desde que observado o artigo 949 do
CPC. O entendimento do STF, corroborado pelo TST, é de que a terceirização não é ilícita, mesmo
quando relacionada à atividade-fim da tomadora, desde que respeitados os parâmetros legais e
a tese vinculante.

No tocante à negociação coletiva, o princípio da adequação setorial negociada é reconhecido


como fundamental, mas encontra limites nos direitos trabalhistas de indisponibilidade absoluta.
O STF, ao analisar o tema 1.046 de repercussão geral no ARE 1.121.633/GO, estabeleceu que
são constitucionais os acordos e convenções coletivos que pactuam limitações ou
afastamentos de direitos trabalhistas, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis. Dessa forma, a negociação coletiva tem sua eficácia limitada pelos direitos
fundamentais assegurados pela Constituição.

Por fim, em relação ao adicional de periculosidade, a decisão do TST reforça a indisponibilidade


absoluta desse direito, ressaltando que a norma coletiva não pode flexibilizar o pagamento do
adicional em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição ao
risco. O adicional de periculosidade é considerado uma medida de higiene, saúde e segurança
do trabalho, garantido por norma de ordem pública, não passível de negociação que o reduza.
(TST-ARR-1672-68.2010.5.03.0136, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Anulação de


arrematação Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 281

O art. 178, II, do Código Civil estabelece um prazo decadencial de quatro anos para postular a
anulação de negócio jurídico, e a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
orienta que esse prazo se aplica ao ajuizamento de ação anulatória da arrematação de bem
imóvel, contado a partir da data de expedição da carta de arrematação. A decisão ressalta que
julgados do STJ e do Tribunal Superior do Trabalho (TST) corroboram essa interpretação. Nesse
contexto, a tese central do julgado é que, de acordo com a jurisprudência consolidada, a Ação
Anulatória é o instrumento processual adequado para discutir o vício de intimação da hasta
pública em que foi arrematado o imóvel, sendo necessário observar o prazo decadencial de
quatro anos estabelecido pelo art. 178, II, do Código Civil, contado a partir da expedição da carta
de arrematação.(TST-RR-10858-14.2020.5.15.0013, 4ª Turma, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, julgado em 14/11/2023) (Info 281-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Discriminatória Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A dispensa de empregado diagnosticado com neoplasia maligna (câncer) presume-se


discriminatória, conforme estabelecido na Súmula nº 443 do TST. Diante dessa presunção, há
inversão do ônus da prova, incumbindo ao empregador demonstrar que a dispensa não foi
motivada pela condição de saúde do empregado. A ausência de prova cabal e insofismável por
parte do empregador configura a preservação da presunção discriminatória, sendo, portanto,
mantida a responsabilidade deste pela comprovação da licitude da dispensa. (TST-
RR-162-96.2021.5.09.0126, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
10/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Higiene e Saúde


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A restrição imposta pela empregadora ao uso do banheiro, através da instalação de catraca com
sistema de biometria, constitui um abuso no exercício do poder diretivo da empresa, violando o
princípio da dignidade da pessoa humana e caracterizando um ato ilícito, ensejando a
indenização por dano moral à autora.(TST-AgAIRR-1001393-44.2021.5.02.0383, 3ª Turma, rel.
Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 18/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Da Penhora, do Depósito


e da Avaliação Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A impenhorabilidade do bem de família, garantida pelo artigo 6º da Constituição Federal,


estende-se ao cônjuge do devedor, sendo este legitimado para opor-se à penhora do imóvel
utilizado como moradia pela entidade familiar, independentemente de ser o proprietário
registrado, desde que comprove sua condição de integrante da unidade familiar. A
caracterização do bem como de família não depende da exclusividade de propriedade ou da
efetiva residência, mas sim do proveito econômico obtido em prol da subsistência da entidade
familiar. A mitigação da impenhorabilidade, prevista na Lei nº 8.009/1990, ocorre apenas nos
casos expressamente previstos, não se admitindo interpretação que afaste a proteção do bem
com base na existência de outros imóveis de propriedade do devedor. (TST-
RR-1000853-66.2021.5.02.0004, 8ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado
em 18/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Discriminatória Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) analisou um caso em que um empregado foi dispensado
com base em critérios de aposentadoria e aptidão para a aposentadoria pela empresa CEEE-D. O
TST destacou que o princípio antidiscriminatório é fundamental nas relações trabalhistas, sendo
aplicável a critérios de dispensa baseados unicamente em idade. Embora a empresa alegasse a
necessidade de redução de custos devido à crise financeira, o TST considerou discriminatória a
dispensa com base apenas em critério etário. A decisão ressaltou que a jurisprudência
consolidada da Corte Superior entende como ilícita a adoção de critério discriminatório para
despedida, e, portanto, manteve a condenação à indenização por danos morais e destacou as
opções legais para o empregado, como reintegração ou indenização do período afastado. O TST
enfatizou que a crise financeira não justifica práticas discriminatórias na dispensa, reforçando a
necessidade de observância do princípio antidiscriminatório nas relações de trabalho. O agravo
interposto foi desprovido, mantendo a decisão do TST.(TST-ARR-21449-22.2017.5.04.0021, 3ª
Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 24/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Discriminação


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A utilização de vocativos raciais, como chamar um trabalhador de "negão" de forma pejorativa,


configura discriminação racial e assédio moral no ambiente de trabalho, sendo passível de
indenização por danos morais. O reconhecimento desse tipo de conduta não depende da
repetição dos atos e é fundamentado em normas internacionais, legislação nacional e princípios
constitucionais que repudiam qualquer forma de discriminação, promovendo a igualdade e o
respeito aos direitos fundamentais. (TST-RR-20658-94.2019.5.04.0017, 6ª Turma, rel. Min. Kátia
Magalhães Arruda, julgado em 25/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Citação Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 280
A utilização do sistema 'e-Carta' para citação, sem a juntada do aviso de recebimento ou
certificação pelos Correios, configura nulidade da citação, violando os princípios do contraditório
e da ampla defesa. O Ato Conjunto n.º 04/2020, que autoriza o uso desse sistema, teve sua
redação alterada para exigir a notificação da audiência inicial por meio do AR Digital,
reconhecendo a insegurança jurídica do método anterior. A presunção de recebimento
estabelecida na Súmula n.º 16 do TST não se aplica quando não há certificação pelos Correios
nem juntada do aviso de recebimento, dificultando à parte ré demonstrar a efetiva não citação.
Assim, a ausência desses documentos compromete a validade da citação, atentando contra as
garantias fundamentais do contraditório e da ampla defesa.(TST-RR-20283-24.2021.5.04.0373,
1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em 25/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A validade da cláusula coletiva que reduziu o intervalo intrajornada dos motoristas/cobradores


para 20 minutos diários deve ser analisada à luz da decisão do STF no Tema 1.046 da
Repercussão Geral (ARE 1121633), que reconhece a constitucionalidade dos acordos e
convenções coletivas que, considerando a adequação setorial negociada, estabelecem
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis. A recente decisão na ADI 5322/DF, que validou o art. 71, § 5º, da
CLT, também autorizando a redução do intervalo intrajornada dos motoristas/cobradores por
negociação coletiva, orienta que a autonomia da vontade coletiva deve ser respeitada,
observando-se, contudo, os limites impostos pela lei (30 minutos – art. 611-A da CLT). Nesse
contexto, a decisão regional que invalidou a norma coletiva que autorizou a redução do intervalo
intrajornada para 20 minutos diários foi mantida, preservando-se os direitos dos trabalhadores.
(TST-AIRR-2093-10.2013.5.03.0021, 7ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte,
julgado em 10/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A norma coletiva não pode reduzir o intervalo intrajornada, visto que esse intervalo é
considerado uma medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de
ordem pública, sendo de indisponibilidade absoluta, conforme estabelecido pela jurisprudência
consolidada, mesmo diante das flexibilizações admitidas pela Lei nº 13.467/2017,
especialmente quando os fatos discutidos são anteriores à sua vigência.(TST-
AIRR-11393-13.2017.5.03.0067, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em
25/10/2023) (Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Provas Tema: Prova Pericial Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 280

O deferimento da prova pericial no algoritmo de uma empresa, especialmente em setores


sensíveis, como empresas de tecnologia, pode ser desproporcional e irreversível, tendo em vista
o risco de exposição de informações secretas que poderiam comprometer a propriedade
intelectual, industrial e a competitividade no mercado. A existência de dúvidas quanto à
extensão e ao alcance do que pode ser extraído da realização da prova pericial no campo do
patrimônio intelectual da empresa é suficiente para demonstrar o fumus boni iuris e o periculum
in mora, justificando a concessão da segurança para cassar o ato coator que deferiu a produção
da referida prova.TST-ROT-11772-82.2022.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva,
julgado em 24/10/2023.(Info 280 -TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Fraude à execução


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A fraude à execução, ao invalidar o registro de propriedade de imóvel adquirido indevidamente


em nome de terceiro, não afasta a cláusula de impenhorabilidade conferida ao bem de família,
quando este é destinado à moradia da entidade familiar que inclui o sócio executado. O
reconhecimento da fraude não altera a proteção do imóvel pelo art. 1º da Lei nº 8.009/90, e a
penhora sobre o bem de família viola os princípios constitucionais da inviolabilidade do direito à
moradia e da proteção da entidade familiar.(TST-RR-469-03.2021.5.06.0007, 8ª Turma, rel. Min.
Sergio Pinto Martins, julgado em 18/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Da Penhora, do Depósito


e da Avaliação Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A aquisição de um imóvel residencial pelo sócio devedor durante o curso da execução, sem
evidência de que os recursos para a compra provêm da alienação de outro bem também
impenhorável, configura abuso do direito de propriedade. Tal conduta, quando não amparada por
circunstâncias que evidenciem a lealdade e probidade nas relações jurídicas, como a
comprovação de que a compra decorreu da venda de um imóvel anteriormente utilizado como
bem de família, não justifica a alegação de impenhorabilidade do bem adquirido, sujeitando-o à
constrição judicial.(TST-RR-2291400-83.2008.5.09.0014, 7ª Turma, red. Min. Cláudio
Mascarenhas Brandão, julgado em 17/10/2023) (Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional de


Insalubridade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280
A norma coletiva que estabelece limites quantitativos para a caracterização da insalubridade,
como no caso de banheiros de grande circulação, contraria o conceito abstrato da Norma
Regulamentadora e interfere em direito de natureza indisponível, especificamente o adicional de
insalubridade. Diante da nova redação do art. 611-B da CLT, que elenca de modo exaustivo os
direitos cuja supressão ou redução constitui objeto ilícito de negociação coletiva, o adicional de
insalubridade é considerado absolutamente indisponível, assegurando garantias mínimas aos
trabalhadores. Portanto, a inaplicabilidade da norma coletiva no caso em questão foi
corretamente mantida pelo Tribunal Regional, não se aplicando a tese vinculante do Supremo
Tribunal Federal firmada no Tema 1.046.(TST-Ag-RR-10187-34.2022.5.03.0181, 1ª Turma, rel.
Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em 18/10/2023)(Info 280 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

É reconhecida a responsabilidade civil objetiva da empregadora em caso de acidente de trabalho


fatal envolvendo um fiscal que, dirigindo em jornada estendida e parcialmente noturna, colidiu
frontalmente com um ônibus. O TRT considerou a atividade de risco, afastando a culpa exclusiva
da vítima, que supostamente dormiu ao volante. A decisão foi mantida pelo Tribunal Superior do
Trabalho (TST), que destacou a validade da técnica per relationem, ressaltando que a
responsabilidade empresarial persiste, pois a atividade expôs o trabalhador ao risco, não sendo
configurada a culpa exclusiva do empregado. O acórdão destaca a ausência de substâncias
indevidas nos exames do reclamante, reforçando a natureza de risco da atividade desenvolvida.
A decisão reitera a adequação da motivação relacional, afirmando que a confirmação integral
não implica ausência de fundamentação, preservando princípios constitucionais e garantindo a
razoável celeridade processual.(TST-AIRR-10778-92.2019.5.03.0183, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado, julgado em 24/10/2023)(Info 280 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tema: Competência territorial Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A "teoria do centro de gravidade" emerge, possibilitando ao juiz aplicar a legislação do país onde
o contrato de trabalho mais gerou efeitos. No contexto brasileiro, a Lei nº 7.064/82 e o
cancelamento da Súmula nº 207 indicam a aplicação da legislação brasileira a brasileiros
contratados no país para trabalhar em cruzeiros, independentemente da bandeira da
embarcação. Essa abordagem foi recentemente consolidada pela Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho.(TST-Ag-AIRR-1793-30.2015.5.09.0015, 3ª
Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 24/10/2023) (Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A negociação coletiva, respaldada pela tese vinculante do Supremo Tribunal Federal no


julgamento do Tema 1.046, permite a validade de acordos e convenções coletivas que pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis. O direito ao intervalo interjornadas não é assegurado pela
Constituição Federal, e a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) não o incluiu entre os
objetos ilícitos de negociação coletiva. Portanto, a redução do intervalo interjornadas por norma
coletiva é possível, sendo necessária a verificação concreta do cumprimento dos critérios
estabelecidos na norma coletiva. No caso específico, a norma coletiva que autorizou a redução
do intervalo interjornadas para trabalhadores portuários foi considerada válida, ressalvando-se
que cabe ao Poder Judiciário apenas controlar o cumprimento dos critérios estabelecidos nos
casos concretos, não podendo decretar sua nulidade em abstrato. (TST-
RR-185-87.2015.5.17.0010, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em
25/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tema: Legitimidade


ativa Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A legitimidade ativa da genitora para pleitear indenização por dano moral decorrente da morte
do empregado em acidente de trabalho foi reconhecida, mesmo após a propositura de ação
anterior pela viúva e descendentes. O acidente, caracterizado pela queda de raio durante uma
tempestade enquanto o empregado desempenhava a função de vaqueiro, foi considerado
decorrente de atividade de risco, ensejando responsabilidade objetiva da empregadora, que foi
agravada pela imprudência do capataz. (TST-AIRR-221-24.2020.5.23.0096, 3ª Turma, rel. Min.
José Roberto Freire Pimenta, julgado em 24/10/2023) (Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

É constitucional a flexibilização de direitos trabalhistas, incluindo a exclusão da indenização


prevista no art. 477 da CLT, por meio de acordos e convenções coletivas, desde que respeitados
os direitos absolutamente indisponíveis. A autonomia da vontade coletiva, consagrada no art.
7º, XXVI, da Constituição Federal, prevalece, salvo quando houver afronta a um padrão
civilizatório mínimo assegurado constitucionalmente ao trabalhador.(TST-
RR-100766-57.2016.5.01.0031, 8ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado
em 18/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Prazos Processuais Tema: Contagem


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

O prazo de cinco dias para depósito, conforme previsto no art. 542, I, do CPC, no processo do
trabalho, deve ser compatibilizado com o artigo 477, § 6º, da CLT. Nesse contexto, tanto o
ajuizamento da ação em consignação quanto o depósito judicial devem ser realizados dentro do
prazo de dez dias após a notificação da extinção do contrato de trabalho. O entendimento é que
o descumprimento desse prazo previsto no § 6º do art. 477 da CLT enseja a incidência da multa
do § 8º do mesmo dispositivo, sendo necessário que o depósito judicial seja feito dentro desse
prazo para que os riscos para o devedor cessem e a obrigação seja considerada extinta. O não
cumprimento desses parâmetros resulta na devida aplicação da cominação legal prevista no §
8º do art. 477 da CLT.TST-E-RR-376-14.2015.5.07.0010, Tribunal Pleno, red. Min. José Roberto
Freire Pimenta, julgado em 16/10/2023.(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Princípios Processuais Tribunal: TST


Ano: 2023 Informativo: 280

O juiz do Trabalho não está obrigado a homologar transações que violem direitos fundamentais
ou normas de ordem pública, devendo exercer sua função de forma crítica e ativa, participando
do ato de homologação de forma a incorporá-lo como ato do próprio Estado. A possibilidade de
homologação parcial do acordo extrajudicial, excluindo cláusulas abusivas ou fraudulentas, é
admissível, visando preservar os direitos do trabalhador e garantir o princípio da dignidade da
pessoa humana, sem penalizá-lo injustamente e em conformidade com os princípios da
imediatidade, celeridade, simplicidade, instrumentalidade e efetividade social do processo
trabalhista.(TST-RR-1000468-93.2021.5.02.0465, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire
Pimenta, julgado em 24/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Reclamação Trabalhista Tema: Prescrição


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

No contexto de ação civil pública envolvendo trabalho doméstico em condições análogas à


escravidão, a questão da imprescritibilidade do direito absoluto de não ser escravizado deve
prevalecer sobre a prescrição quinquenal trabalhista. O recurso de revista demonstra que a
redução da trabalhadora à condição análoga à escravidão perdurou por mais de 20 anos,
caracterizando grave violação aos direitos humanos. A prescrição quinquenal, baseada no art.
7º, XXIX, da Constituição Federal, não deve ser aplicada de forma a encobrir condutas que
configuram crime contra a humanidade e violação aos direitos fundamentais. (TST-
RRAg-1000612-76.2020.5.02.0053, 2ª Turma, rel. Min. Liana Chaib, julgado em 18/10/2023)(Info
280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Provas Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 280

A determinação judicial de exibição de extratos de utilização de transporte público, contendo


registros de horário e linha de ônibus, para fins de produção de provas em processo trabalhista,
não configura violação da intimidade e privacidade dos envolvidos. Essa medida não representa
quebra de sigilo de geolocalização, uma vez que tem o propósito específico de corroborar ou
refutar a alegação de prestação recorrente de labor extraordinário no estabelecimento
empresarial. O contexto do caso em análise demonstra um "distinguishing" em relação a
debates anteriores na SBDI-II, pois a prova em questão não visa comprovar a localização dos
sujeitos durante todo o contrato de trabalho, mas apenas apoiar a tese referente à prestação de
trabalho extraordinário em determinado local e horário.TST-ROT-103254-68.2022.5.01.0000,
SBDI-II, rel. Min. Liana Chaib, julgado em 10/10/2023. (Info 280 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A validade da retenção parcial das gorjetas por meio de negociação coletiva está respaldada
pela tese vinculante fixada pelo Supremo Tribunal Federal no Tema 1.046 da Repercussão Geral.
Segundo essa tese, são constitucionais os acordos e convenções coletivas que, ao
considerarem a adequação setorial negociada, estabelecem limitações ou afastamentos de
direitos trabalhistas, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis. No
contexto das gorjetas, a forma de divisão e repasse não se caracteriza como um direito
indisponível, sendo, portanto, válida a negociação coletiva, conforme estabelecido no art. 611-B
da CLT, com redação dada pela Lei n.º 13.467/2017, que delimita exaustivamente os direitos
cuja supressão ou redução é considerada ilícita na negociação coletiva.(TST-
RR-467-63.2012.5.05.0011, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em
11/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

A validade da negociação coletiva na regulamentação da Participação nos Lucros e Resultados


(PLR) é reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, conforme estabelecido no Tema 1.046 da
Repercussão Geral. O direito à PLR, por não se enquadrar como indisponível, pode ser objeto de
negociação coletiva nos termos do art. 611-A, XV, da CLT. Nesse contexto, a Súmula 451 do TST,
que considerava inválido o acordo coletivo que afastasse o direito à PLR nos casos de rescisão
antecipada do contrato de trabalho, foi superada pelo entendimento do STF. O Tribunal Regional,
ao estender o benefício a uma hipótese não abrangida pelo instrumento convencional, violou o
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, que assegura o reconhecimento das negociações
coletivas, conforme o precedente vinculante do Supremo Tribunal Federal no julgamento do
Tema 1.046. (TST-RR-20093-67.2022.5.04.0101, 1ª Turma, red. Min. Amaury Rodrigues Pinto
Junior, julgado em 11/10/2023)(Info 280-TST)
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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 280

A concessão de regime de teletrabalho a uma empregada pública, em decorrência da


necessidade de prestar cuidados especiais ao filho, foi considerada compatível com os limites
substanciais do pedido, mesmo que formulado como alternativa ao retorno ao trabalho
presencial. O Tribunal Regional interpretou adequadamente o pedido, considerando a
readaptação da jornada de trabalho e a lotação em agência bancária mais próxima, e concluiu
que o regime de teletrabalho estava inserido nos limites da postulação inicial, afastando a
alegação de julgamento extra petita e nulidade do acórdão regional.(TST-
AIRR-504-61.2021.5.21.0001, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em
24/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

Em contratos de trabalho celebrados na vigência da Lei nº 13.467/2017, é possível, por meio de


norma coletiva, a redução do intervalo intrajornada para 30 minutos, conforme previsto no artigo
611-A, III, da CLT. A interpretação do referido dispositivo legal, que atribui prevalência à
negociação coletiva sobre a lei no tocante ao intervalo intrajornada, foi confirmada pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 1.046 da tabela de repercussão geral. Nesse
contexto, a norma coletiva que estabelece essa redução é válida, desde que respeitado o limite
mínimo previsto na legislação para jornadas superiores a seis horas.(TST-
AIRR-11647-79.2020.5.15.0088, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em
25/10/2023) (Info 280-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Discriminação


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 280

Na fixação do montante da indenização por danos morais decorrentes de discriminação de


gênero no ambiente de trabalho, anteriores e posteriores à vigência da Lei nº 13.467/2017, deve-
se aplicar o princípio da proporcionalidade, considerando os princípios da dignidade da pessoa
humana e da reparação integral dos danos. A tabela de valores estabelecida no artigo 223-G da
CLT, na redação dada pela referida lei, não vincula o julgador, permitindo que se leve em conta as
circunstâncias do caso concreto e os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e igualdade.
A proteção contra a discriminação de gênero no ambiente de trabalho é respaldada por normas
nacionais e internacionais, como a Constituição Federal, a Declaração de Filadélfia da OIT, a
Convenção nº 111 da OIT e o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero do CNJ.
(TST-RR-444-14.2021.5.09.0651, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em
25/10/2023) (Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Acesso à Justiça Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 280

O Ministério Público do Trabalho possui legitimidade ativa para ajuizar ação civil pública na
defesa de direitos individuais homogêneos, especialmente relacionados à dignidade da pessoa
humana e aos valores sociais do trabalho, mesmo quando envolvem questões individuais que
demandam análise específica, conforme reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.(TST-
RR-318-06.2013.5.06.0011, 5ª Turma, rel. Min. Morgana de Almeida Richa, julgado em
25/10/2023)(Info 280-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Reclamação Trabalhista Tema: Prescrição


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

A pretensão de execução individual autônoma, baseada em coisa julgada coletiva formada em


ação trabalhista, está sujeita à prescrição quinquenal total prevista no art. 7.º, XXIX, da
Constituição Federal. O transcurso do prazo quinquenal entre o trânsito em julgado da decisão
coletiva e a apresentação da execução individual implica na prescrição da pretensão executória,
não configurando violação da coisa julgada. Nesse contexto, a SBDI-II do TST, por unanimidade,
conheceu do recurso ordinário e, no mérito, negou-lhe provimento.TST-
ROT-10785-46.2022.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em
3/10/2023.(Info 279 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Gratificação de


função Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

A alteração promovida pela Lei nº 13.467/2017 no art. 468 da CLT, que estabelece a
impossibilidade de incorporação da gratificação de função, mesmo após dez anos de
percepção, tem aplicação imediata a partir de sua entrada em vigor (11/11/2017), prevalecendo
sobre a Súmula nº 372, I, do TST e sobre o princípio da estabilidade financeira. A opção
legislativa por não assegurar a incorporação da gratificação não viola a Constituição, não
configurando quebra de isonomia nem frustração ilegítima de direito. A decisão reconhece a
legalidade da alteração legislativa e nega o conhecimento do recurso de revista do reclamante.
(TST- Ag-ED-RRAg-870-47.2019.5.10.0011, 5ª Turma, red. Min. Morgana de Almeida Richa,
julgado em 4/10/2023)(Info 279-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

Em casos de incapacidade laborativa parcial decorrente de acidente de trabalho, a


jurisprudência consolidada do TST estabelece que é devido o pagamento de indenização por
danos materiais na forma de pensão mensal, correspondente à importância do trabalho para o
qual o trabalhador se inabilitou ou da depreciação que ele sofreu. Assim, ao fixar a pensão
mensal em valor equivalente ao último salário integral do trabalhador, a sentença rescindenda
viola o art. 950, caput, do Código Civil, por ser desproporcional à extensão do dano. Diante disso,
a SBDI-II do TST, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, deu-lhe parcial
provimento para julgar a ação procedente também em relação ao valor mensal da pensão.TST-
RO-6461-92.2013.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Morgana de Almeida Richa, julgado em 3/10/2023.
(Info 279- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

A indenização por dano moral coletivo é devida quando há constatação de descumprimentos


das normas de jornada, saúde e segurança do trabalho, que afetaram uma coletividade de
trabalhadores. Os ilícitos transcendem a esfera individual, evidenciando uma falha na obrigação
da empresa em proporcionar um meio ambiente laboral seguro e saudável, direito fundamental
dos trabalhadores. O julgamento reforça a jurisprudência da Corte Superior, estabelecendo que a
indenização deve ser proporcional à extensão do dano e à natureza dos bens jurídicos violados,
sem extrapolar os limites da razoabilidade. (TST-Ag-RRAg-10212-64.2013.5.08.0006, 3ª Turma,
rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 27/9/2023)(Info 279 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Representação de classe, Sindicato Tema: Acordos


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

A negociação coletiva que restringe benefícios apenas aos empregados sindicalizados viola
princípios constitucionais e trabalhistas, ferindo o artigo 8º, caput e incisos III e V, da
Constituição Federal, que estabelecem os princípios da representatividade sindical, unicidade e
liberdade de sindicalização. Além disso, tal prática contraria as Convenções nº 87 e nº 98 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que asseguram a liberdade sindical e a proteção ao
direito de sindicalização. A concessão de benefícios exclusivos a empregados sindicalizados
configura discriminação nas relações de trabalho, violando o princípio da igualdade previsto no
artigo 5º, I, da Constituição Federal. A conduta de estabelecer cláusulas em norma coletiva com
benefícios restritos aos filiados é considerada "conduta antissindical", comprometendo não
apenas os direitos fundamentais dos trabalhadores à liberdade de associação e sindicalização,
mas também afetando o desenvolvimento da categoria do sindicato ao pressionar pela
sindicalização e discriminar aqueles que não aderem. (TST-RRAg-10590-53.2020.5.18.0052, 7ª
Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 27/9/2023)(Info 279 - TST)
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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Indenização Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 279

A empresa com mais de 100 empregados, sujeita à obrigação de preencher de 2% a 5% dos


seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, deve
demonstrar, de maneira firme e sistemática, a promoção de esforços eficazes para atingir o
percentual legalmente estabelecido. A mera alegação de dificuldades não é suficiente, sendo
necessário comprovar a efetiva implementação de ações que revelem a vontade real de
contratar trabalhadores com deficiência. A ausência de cumprimento dessa obrigação ao longo
do tempo, sem avanços nos resultados das ações implementadas, configura a responsabilidade
da empresa pela violação do disposto no art. 93 da Lei nº 8.213/91.(TST-
RR-65-70.2021.5.09.0749, 1ª Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em 4/10/2023)
(Info 279-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Citação Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 279

A validade da citação inicial no processo do trabalho, especialmente após a vigência da Lei nº


13.467/2017, pode ser mantida quando realizada por notificação postal no endereço do
destinatário informado nos autos, mesmo que a empresa não funcione presencialmente devido
à pandemia do coronavírus. No caso de condomínios ou loteamentos com controle de acesso, a
entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência é válida, conforme o § 4º do artigo 248 do CPC. O não comparecimento diário
dos representantes da empresa ao local não afasta a validade da citação, desde que o endereço
esteja correto, e a notificação tenha sido entregue na portaria, cabendo à parte ré o ônus de
provar o não recebimento da notificação no estabelecimento. A comunicação entre a empresa e
o condomínio, evidenciada pela informação e convocação dos representantes da ré para
comparecimento presencial, reforça a validade da citação, não caracterizando vício no
procedimento. (TST-RR-10051-06.2021.5.03.0138, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, julgado em 27/9/2023)(Info 279-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Duração do Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 279

A existência de dano existencial decorrente de jornada de trabalho excessivamente longa e


desgastante, com a realização habitual de horas extras, supressão do intervalo intrajornada e
dos repousos semanais remunerados, pode ensejar responsabilidade civil do empregador. A
decisão destaca a necessidade de comprovação do alegado prejuízo, mas ressalta que, no caso
em questão, a situação excepcional do autor, um motorista de carreta submetido a extensas
jornadas consecutivas, gerou prejuízos à sua integridade física e mental, afetando também suas
relações sociais e familiares. A decisão reconhece que a peculiaridade do caso, que envolve
riscos não apenas para o trabalhador, mas também para terceiros nas estradas, justifica a
manutenção da condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais.
(TST-Ag-AIRR-1600-93.2017.5.12.0004, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão,
julgado em 27/9/2023)(Info 279-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa por justa causa Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

A decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) evidencia a caracterização da justa causa na


extinção do contrato de trabalho durante a pandemia de COVID-19, em razão da recusa
injustificada de vacinação por parte da empregada. A jurisprudência destaca a
constitucionalidade da vacinação obrigatória, respaldada pelo princípio da dignidade da pessoa
humana e pela prevalência do interesse coletivo sobre o individual. A recusa injustificada à
adesão à imunização coletiva configura falta grave, comprometendo a fidúcia necessária para a
continuação do vínculo de emprego. A decisão reforça a legitimidade da exigência de vacinação
por parte do empregador, assegurando a proteção à vida, à saúde e à segurança no ambiente de
trabalho, fundamentos inegociáveis e amparados nos preceitos fundamentais. O
reconhecimento da justa causa atende aos requisitos legais, como imediatidade,
proporcionalidade e não discriminação, sendo a decisão respaldada pela não comprovação
mínima de contraindicação vacinal por motivos médicos no caso concreto.(TST-
RR-182-10.2022.5.20.0009, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 4/10/2023
(Info 279-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 279

No âmbito da negociação coletiva trabalhista, a validade da norma coletiva que suprime direitos
trabalhistas está condicionada aos critérios do princípio da adequação setorial negociada. O
Supremo Tribunal Federal, no Tema 1046, estabeleceu que acordos e convenções coletivos
podem dispor sobre direitos trabalhistas, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis. Contudo, no caso específico das horas in itinere, consideradas de
indisponibilidade relativa, a norma coletiva que suprimiu o pagamento foi reconhecida como
válida. Quanto aos minutos residuais, a negociação coletiva não pode restringir direitos
anteriores à Lei 13.467/2017, respeitando a natureza indisponível desses direitos. Já na troca de
uniforme, quando a empresa expõe o trabalhador ao constrangimento ilegal, violando sua
dignidade, é configurada a indenização por danos morais. (TST-RRAg-11113-88.2015.5.18.0101,
3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 27/9/2023)(Info 279 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional de
Periculosidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

A quantidade de combustível nos tanques suplementares originais de fábrica de caminhões não


configura periculosidade ao trabalho do motorista empregado, sendo indevido o adicional
correspondente, a menos que tais tanques não possuam certificado do órgão competente,
expondo o trabalhador ao risco de explosão. Na situação em questão, não há evidência nos
autos de que os tanques de consumo próprio, originais de fábrica, do caminhão utilizado pelo
reclamante não possuam certificação do órgão competente. Portanto, a decisão regional que
reconhece o direito ao adicional de periculosidade apenas com base na existência de tanques
de combustíveis superiores a 200 litros merece ser reformada. O recurso de revista é conhecido
e provido." (TST-RRAg-373-83.2020.5.09.0671, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em
20/9/2023)(Info 278-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

O disparo acidental da arma de fogo, ao descer do carro forte, é considerado caso fortuito
interno, intrinsecamente ligado à atividade de risco, afastando a culpa exclusiva do trabalhador.
O Regional, ao concluir pela culpa exclusiva da vítima, contrariou a natureza da atividade
desempenhada e a jurisprudência consolidada, tornando devida a responsabilidade objetiva da
empresa. Recurso de revista conhecido e provido. (TST-RR-901-35.2021.5.20.0006, 6ª Turma, rel.
Des. Conv. José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, julgado em 13/9/2023)(Info 278 -TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Estabilidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo:
278

Na vigência da Lei nº 13.015/2014, o Tribunal Superior do Trabalho reconheceu o direito à


estabilidade provisória ao empregado que se candidata a cargo de dirigente sindical, mesmo na
condição de suplente, garantindo a manutenção do emprego até o resultado final da eleição. A
decisão fundamentou-se no artigo 8º, inciso VIII, da Constituição da República e no parágrafo
terceiro do artigo 543 da CLT, que vedam a dispensa do empregado a partir do registro da
candidatura até um ano após o final do mandato, salvo em caso de falta grave. No caso
específico, o candidato suplente foi dispensado sem justa causa durante o processo eleitoral, e
a proteção à estabilidade provisória foi reconhecida até o desfecho da eleição, ocorrida em
13/7/2017. Além disso, o TST também confirmou a responsabilidade civil subjetiva do
empregador, reconhecendo a existência dos requisitos para a indenização por dano moral
postulada pelo reclamante.(TST-RR-24419-34.2016.5.24.0001, 8ª Turma, rel. Min. Sérgio Pinto
Martins, julgado em 19/9/2023) (Info 278 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Incentivada Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

O falecimento da empregada após adesão ao PDV não impede a transmissão do direito à


indenização compensatória aos herdeiros, uma vez que tal direito já estava incorporado ao seu
patrimônio jurídico desde a data da adesão. O recurso de revista é conhecido e provido. (TST-
RR-822-56.2019.5.12.0036, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em
13/9/2023)(Info 278- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Relações de trabalho que não configuram vínculo
empregatício Tema: Atleta Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

Na vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso de revista foi conhecido e provido pelo Tribunal
Superior do Trabalho ao reconhecer a validade da contratação de advogado sob o regime de
associação, em conformidade com o entendimento do Supremo Tribunal Federal. O STF tem
afirmado que a contratação de advogados por meio do contrato de associação é plenamente
compatível com a Constituição, sendo a invalidade dessa contratação condicionada à
comprovação de vício de consentimento na celebração do contrato. No caso analisado, o
contrato de associação entre as partes foi desconsiderado sem a demonstração do referido
vício de consentimento, contrariando o disposto no art. 15 da Lei 8.906/1994 e a jurisprudência
consolidada do STF sobre a matéria.(TST-RR-1010-26.2018.5.17.0010, 8ª Turma, rel. Min. Sérgio
Pinto Martins, julgado em 19/9/2023)(Info 278- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Vínculos Empregatícios Especiais Tema: Atleta


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

No contexto da regência pela Lei nº 13.467/2017, a definição da base de cálculo do direito de


arena devido ao atleta profissional de futebol se limita estritamente aos valores relacionados à
transmissão dos espetáculos, excluindo quaisquer outras receitas provenientes de patrocínios,
publicidade, luvas, marketing ou outras fontes de renda do clube. O Tribunal Superior do
Trabalho, ao negar provimento ao agravo em agravo de instrumento em recurso de revista,
ratifica que a base de cálculo do direito de arena é restrita aos direitos desportivos audiovisuais,
conforme estabelecido no caput do art. 42 da Lei 9.615/1998, não abrangendo receitas não
vinculadas diretamente à transmissão dos eventos desportivos. (TST-Ag-
AIRR-1001389-53.2016.5.02.0004, 8ª Turma, rel. Min. Sérgio Pinto Martins, julgado em
19/9/2023)(Info 278- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Reconhecimento de vínculo empregatício Tribunal:


TST Ano: 2023 Informativo: 278
A configuração do vínculo empregatício em trabalhos intermediados por plataformas digitais
deve considerar os elementos clássicos do vínculo de emprego, tais como prestação de trabalho
pessoal, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Ao analisar a pessoalidade, é crucial
verificar se o trabalhador é substituível livremente. Quanto à eventualidade, é essencial que o
trabalho ocorra devido a circunstâncias incertas ou imprevistas. A subordinação, embora possa
ser exercida por meio de algoritmos, representa a contraposição entre o poder de comando do
empregador e a submissão do empregado às instruções. A 'subordinação algorítmica' não se
confunde com a subordinação clássica e refere-se à forma de exercício do poder de comando. A
possibilidade de recusa de serviços ou a vinculação a mais de uma plataforma não afasta a
subordinação. O contexto internacional, como evidenciado por decisões em outros países, e
precedentes nacionais do Tribunal Superior do Trabalho, respaldam o reconhecimento do
vínculo empregatício em trabalhos por meio de plataformas digitais. No caso específico, a
existência de elementos como a prestação pessoal, habitualidade, onerosidade, poder de
organização e direção da empresa, bem como a aplicação de sanções, configuram o vínculo
empregatício. (TST-RR-10943-69.2022.5.03.0043, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda,
julgado em 13/9/2023)(Info 278-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Procedimentos Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 278

Na vigência da Lei nº 13.467/2017, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica,


instaurado de ofício pelo magistrado, conforme o artigo 855-A da CLT, não viola o devido
processo legal, desde que assegurados à executada o contraditório e a ampla defesa. A
transcendência jurídica da causa é reconhecida, e o impulso oficial na instauração do incidente,
considerando as peculiaridades do processo do trabalho e a competência para execução de
ofício das contribuições previdenciárias, é considerado compatível com os princípios da
efetividade, economia e duração razoável do processo. O agravo foi conhecido e não provido.
(TST-Ag-AIRR-10565-28.2015.5.03.0183, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão,
julgado em 13/9/2023) (Info 278- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Compensação de Jornada


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

A cláusula 11 da CCT 2018/2020, que permite a compensação da gratificação de função com


horas extras para bancários não enquadrados no § 2º do art. 224 da CLT, é válida, sendo
impositivo o seu reconhecimento, pois não se trata de restrição a direitos indisponíveis, mas sim
de matéria regulada pela norma coletiva. O TST conheceu o recurso por violação do art. 7º, XXVI,
da CF/88 e o proveu parcialmente.(TST-RR-1001320-04.2019.5.02.0008, 7ª Turma, rel. Min.
Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 12/9/2023)(Info 278 -TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tema: Honorários
Advocatícios Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 278

O Tribunal firmou entendimento consolidado de que o sindicato, atuando como substituto


processual, não está sujeito ao ônus dos honorários advocatícios, a menos que haja
comprovada má-fé. No entanto, é incontestável que os honorários serão devidos pela mera
sucumbência quando o sindicato busca direito próprio. No caso em questão, ao pleitear o
pagamento do adicional de periculosidade para os substituídos a partir de janeiro de 2014, com
a aplicação do percentual de 30%, constata-se tratar-se de substituição processual típica pelo
Sindicato Autor, e não de postulação de direito próprio em nome próprio. Diante dessas
considerações e da ausência de comprovação de má-fé nas demandas apresentadas pelo
sindicato, conclui-se pela inexistência da imposição do ônus de arcar com honorários
advocatícios. Agravo desprovido." (TST-Ag-AIRR-79-80.2019.5.06.0014, 3ª Turma, rel. Min. José
Roberto Freire Pimenta, julgado em 13/9/2023) (Info 278 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Horas Extras Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 278

O julgamento da ADIN n.º 5322/DF pelo Supremo Tribunal Federal trouxe relevante impacto à
interpretação das horas de espera do motorista profissional. O entendimento consolidado pelo
TST, que excluía o tempo de espera da jornada de trabalho e horas extraordinárias, baseado nas
disposições do art. 235-C da CLT, foi confrontado pela declaração de inconstitucionalidade de
certas expressões contidas nos dispositivos legais mencionados. O STF estabeleceu que o
período de espera configura trabalho efetivo, modificando a compreensão anterior. Portanto, a
decisão vinculante da Suprema Corte supera a jurisprudência deste Tribunal Superior do
Trabalho, determinando a integração do 'tempo de espera' à jornada de trabalho dos motoristas
profissionais. Consequentemente, qualquer período extrapolado deve ser remunerado como
horas extraordinárias. Recurso de revista conhecido e provido.(TST-
RR-10701-58.2018.5.03.0041, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em
20/9/2023) (Info 278 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Vínculos Empregatícios Especiais Tema: Aprendiz


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A contratação de aprendizes, regida por normas constitucionais e trabalhistas, assume


relevância social, e seu descumprimento, mesmo que parcial e temporário, pode ensejar dano
moral coletivo. A resistência da empresa em se adequar ao número mínimo de contratação de
aprendizes, violando normas legais, configura dano moral coletivo, considerando o impacto
social e a relevância dos fundamentos constitucionais relacionados ao direito à
profissionalização. A adequação posterior da empresa aos percentuais legais mínimos não elide
o dano moral coletivo já caracterizado, mas pode ser considerada no arbitramento do valor da
indenização. Recurso de revista conhecido e provido. (TST-RR-2180-08.2017.5.11.0019, 3ª
Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 6/9/2023 - Info 277-TST).
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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A ausência de utilização de cinto de segurança pelo empregado em acidente fatal dentro de um


silo de soja não exclui a responsabilidade do empregador, que, ao negligenciar suas obrigações
legais e regulamentares de supervisão e garantia de condições seguras de trabalho em espaço
confinado, configura culpa concorrente, podendo ensejar a responsabilidade objetiva da
empresa pela ocorrência do acidente.(TST-RR-1300-17.2016.5.09.0242, 6ª Turma, red. Min. Kátia
Magalhães Arruda, julgado em 30/8/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional


Noturno Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) estabelece que, ao cumprir


integralmente a jornada noturna e prorrogá-la, é devido o adicional noturno sobre as horas
prorrogadas, conforme o art. 73, § 5º, da CLT (Súmula 60, II/TST). Contudo, também é
reconhecida a validade da negociação coletiva que estipula o pagamento do adicional noturno
com base de cálculo sobre a hora normal superior à legal, fixando a hora noturna em 60 minutos
e limitando a incidência do adicional ao período das 22h às 5h, mesmo em caso de prorrogação
da jornada. A jurisprudência destaca que, nesses casos, não se trata de supressão de verba
trabalhista, mas de negociação coletiva que aborda diferentes aspectos do mesmo direito
trabalhista. No caso específico, a condenação da empresa ao pagamento do adicional noturno
sobre as horas prorrogadas antes de 31/10/2018 foi considerada correta, pois a norma coletiva
não limitava a incidência do adicional nesse período. A decisão não questiona a validade da
norma coletiva, mas interpreta e limita sua aplicação ao período de vigência, sem discutir
eventual desrespeito à tese firmada pelo STF no julgamento do Tema 1046 da Tabela da
Repercussão Geral. O agravo foi desprovido com base na observância das normas processuais.
(TST-Ag-RRAg-10475-32.2019.5.03.0069, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado
em 23/8/2023 - Info 277-TST).

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tema: Ilegalidade Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 277

A jurisprudência do TST afirma que a subordinação direta do empregado à empresa tomadora


de serviços configura fraude, sendo incompatível com a tese do STF na ADPF 324 e RE 958.252.
Em decisões recentes, a Suprema Corte, em especial na Reclamação Constitucional nº 54.959/
ES, e o Ministro Luiz Fux, no AgReg na Reclamação nº 56.098/RJ, reforçaram a vedação ao
revolvimento fático-probatório quando reconhecido o vínculo de emprego pela empresa
tomadora, destacando que a terceirização de atividade-fim pode ser considerada abusiva em
casos concretos.(TST-Ag-AIRR-10339-89.2015.5.05.0531, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos
Balazeiro, julgado em 6/9/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Mandado de Segurança Tema: Cabimento


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

O artigo 382, §4º, do CPC estabelece que da decisão que defere a produção antecipada de
provas não cabe defesa ou recurso. Essa restrição também se aplica à impetração de mandado
de segurança como sucedâneo recursal, conforme o artigo 5º, III, da Lei 12.016/2009, Súmula nº
33 do TST e Orientação Jurisprudencial nº 99 da SBDI-II. (TST-RO-10231-02.2019.5.18.0000,
SBDI-II, rel. Min. Liana Chaib, julgado em 22/08/2023 - Info 277-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Acesso à Justiça Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 277

A Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) alterou os critérios para a concessão da gratuidade


da justiça na Justiça do Trabalho, exigindo a efetiva comprovação da insuficiência de recursos,
não se limitando à mera declaração de hipossuficiência. No caso de reclamação trabalhista
ajuizada pelo espólio, representado por sua viúva, compete ao representante legal demonstrar
tanto a regularidade da representação quanto a capacidade postulatória do espólio, incluindo a
comprovação da alegada insuficiência de recursos. A falta de apresentação de comprovação da
hipossuficiência desautoriza a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita com
base na simples declaração.(TST- RRAg-660-81.2018.5.09.0003, 5ª Turma, rel. Min. Breno
Medeiros, julgado em 23/8/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar a execução de Termo de Ajuste de


Conduta (TAC) celebrado entre o Ministério Público do Trabalho e o Município, visando ao
combate ao trabalho infantil, quando as obrigações assumidas no TAC possuem natureza
preventiva e relacionam-se diretamente à abolição do trabalho infantil, sendo aplicável o art. 114,
I, da Constituição Federal. (TST-RR-188-76.2019.5.06.0311, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães
Arruda, julgado em 23/8/2023)(Info 277- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Remuneração e Salário Tema: Descanso semanal
remunerado Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A negociação coletiva não pode flexibilizar a concessão do repouso semanal remunerado


previsto no artigo 7º, XV, da Constituição Federal, que estabelece o ciclo semanal de 6 dias de
trabalho seguidos de 1 dia de repouso remunerado, preferencialmente aos domingos. O STF, no
julgamento do Tema 1046, fixou entendimento vinculante de que são constitucionais os acordos
e convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis. No entanto, a jurisprudência firmada pela Seção Especializada em
Dissídios Coletivos (ROT-20203-49.2020.5.04.0000) reforça que o direito ao repouso semanal
remunerado está incluído no rol de direitos de indisponibilidade absoluta, relacionados à saúde e
segurança do trabalho, e não pode ser afetado pela negociação coletiva. Portanto, a norma
coletiva que flexibilizou o ciclo semanal para concessão do repouso obrigatório, considerando o
sétimo dia de trabalho, foi considerada inválida pelo TST. A decisão reconheceu a ofensa ao
disposto no artigo 7º, XV, da CF/88, e manteve a condenação ao pagamento da folga semanal
em dobro quando concedida após o sétimo dia de trabalho. No entanto, a obrigação de
conceder repouso semanal remunerado no sétimo dia após o período de seis dias consecutivos
de trabalho foi excluída, considerando o princípio da delimitação recursal e o pedido formulado
na reclamação trabalhista. (TST-RR-94-78.2019.5.12.0015, 2ª Turma, rel. Des. Conv. Margareth
Rodrigues Costa, julgado em 30/8/2023 - Info 277-TST).

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A controvérsia gira em torno da devida indenização por dano moral ao reclamante, que sofreu
tratamento discriminatório na empresa, evidenciado por constantes xingamentos relacionados à
sua cor de pele e outros aspectos psíquico-sociais. A análise deve considerar as diretrizes da
Resolução nº 492/2023 do CNJ, que estabelece o Protocolo para Julgamento com Perspectiva
de Gênero. O assédio moral, conforme a Convenção nº 190 da OIT, não requer conduta reiterada,
mas é caracterizado pelos efeitos prejudiciais à integridade psíquico-social do trabalhador. O
caso revela assédio moral interpessoal e organizacional, com a empresa promovendo uma
cultura de xingamentos e humilhações. A resolução do CNJ, aliada à jurisprudência, sustenta a
inadmissibilidade de justificar tais práticas como "brincadeiras masculinas". A decisão enfatiza
a necessidade de coibir o assédio moral no ambiente de trabalho, levando em consideração a
responsabilidade da empresa, prevista em normas como a CLT e diretrizes de empresas e
direitos humanos. A decisão reconhece a recorrência do comportamento da empresa em casos
semelhantes, destacando a importância de uma decisão de cunho estrutural para prevenir
futuras condutas abusivas. O valor da indenização, fixado em R$ 50.000,00, é considerado
adequado diante da gravidade e contumácia dos atos, incluindo aspectos racistas e
humilhantes. (TST- RR-1406-93.2019.5.17.0001, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro,
julgado em 6/9/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Reclamação Trabalhista Tribunal: TST


Ano: 2023 Informativo: 277

A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, após as alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017
e considerando a Instrução Normativa nº 41/2018, permite que os valores indicados na petição
inicial, de forma líquida, sejam considerados como estimativa, não impondo a necessidade de
ressalva ou indicação expressa de que se trata de valores estimados. Tal interpretação, alinhada
aos princípios constitucionais do processo do trabalho, assegura o amplo acesso à jurisdição, a
dignidade da pessoa humana e a proteção social do trabalho, permitindo que a parte reclamante
apresente pedidos com valores indicados, sem vinculação estrita da condenação a esses
montantes. (TST-RR-855-59.2019.5.09.0673, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado
em 23/8/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Impenhorabilidade


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

Admiti-se a penhora parcial sobre salários, vencimentos e proventos de aposentadoria do


executado, desde que observado o limite de 50%, previsto no § 3º do art. 529 do CPC de 2015. A
impenhorabilidade dos vencimentos não se aplica nos casos em que a constrição é destinada
ao pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, incluindo as verbas
de natureza salarial devidas ao empregado. (TST-Ag-AIRR-10359-76.2013.5.01.0009, 3ª Turma,
rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 23/8/2023 - Info 277-TST).

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Duração do Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 277

No julgamento dos embargos (TST-E-ED-RR-60-42.2017.5.12.0058), discutiu-se a gestão


compartilhada em agência bancária entre o gerente administrativo e o superintendente. O
Tribunal considerou que, quando não há hierarquia e não compromete a autonomia, a gestão
compartilhada exclui o enquadramento na exceção às horas extras do artigo 62, II, da CLT. A
SBDI-I do TST, por maioria, deu provimento aos embargos interpostos pelo reclamado,
contrariando a Súmula 287 do TST. TST-E-ED-RR-60-42.2017.5.12.0058, SBDI-I, red. p/ acórdão
Min. Breno Medeiros, julgado em 31/08/2023. (Info 277 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Indenização Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 277

Nos casos de assaltos e sequestros envolvendo empregados bancários, a atividade bancária é


considerada de risco, sendo aplicável a responsabilidade civil objetiva do empregador, conforme
o art. 927, parágrafo único, do Código Civil, e, portanto, a empresa é responsável pelos danos
decorrentes desses eventos.(TST-RRAg-10524-66.2021.5.03.0081, 7ª Turma, rel. Min. Evandro
Pereira Valadão Lopes , julgado em 30/8/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Horas Extras Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 277

A Lei n. 13.467/2017, apesar de ampliar as parcelas de indisponibilidade relativa, preserva a


distinção entre direitos absolutos e relativos. No caso específico de jornadas em turnos
ininterruptos de revezamento, a negociação coletiva não pode ultrapassar os limites
constitucionais, como estabelecido na Súmula 423/TST. A decisão do Tribunal Regional do
Trabalho (TRT) que reconheceu horas extras além da oitava hora diária em turnos ininterruptos
de revezamento, violando o direito indisponível do trabalhador, foi mantida pelo Tribunal Superior
do Trabalho (TST). O entendimento reforça a aplicação dos limites objetivos à negociação
coletiva e a preservação do patamar mínimo civilizatório dos direitos trabalhistas. (TST-Ag-
AIRR-10395-31.2018.5.03.0028, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
23/8/2023 - Info 277-TST).

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo:
277

O STF reconheceu a legalidade irrestrita da terceirização de serviços, inclusive na atividade-fim


das empresas, sem configurar vínculo de emprego entre a contratante e o empregado da
contratada. Entretanto, no caso em questão, o reconhecimento do vínculo empregatício entre o
trabalhador e a empresa tomadora de serviços baseou-se na formação de grupo econômico,
apresentando elementos fático-jurídicos que permitem afastar a aplicação do entendimento do
STF sobre a licitude da terceirização. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) destacou a vedação
ao revolvimento fático-probatório e ressaltou a possibilidade de reconhecimento de fraude na
contratação, configurando o "distinguishing" da tese expressa pelo STF no Tema 725. Agravo
negado. (TST-Ag-AIRR-1381-34.2016.5.07.0011, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro,
julgado em 23/8/2023 - Info 277-TST).

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A não contratação de pessoas com deficiência em desacordo com a cota legal configura ato
ilícito que afeta todos os trabalhadores que poderiam ingressar no mercado de trabalho,
ensejando dano moral coletivo. A responsabilidade decorre da violação da Convenção nº 159 da
OIT e do artigo 7º, XXXI, da Constituição Federal, sendo inadmissíveis alegações de dificuldades
financeiras como justificativa para descumprir a obrigação legal, sob pena de desrespeitar o
princípio da dignidade da pessoa humana.(TST-RR-1000858-35.2020.5.02.0033, 3ª Turma, rel.
Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 6/9/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa imotivada Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 277

A dispensa imotivada de empregado, sujeito à estabilidade pré-aposentadoria instituída por


norma coletiva, não configura obstáculo à aquisição desse direito se não forem preenchidas
todas as condições previstas na referida norma, sendo a comunicação formal à empresa um
requisito essencial para sua implementação, em conformidade com o art. 7º, XXVI, da
Constituição Federal e o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal na
repercussão geral do Tema 1046.(TST-RR-1196-53.2016.5.09.0071, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre
Luiz Ramos, julgado em 5/9/2023)(Info 277-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Reclamação Trabalhista Tema: Prescrição


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

Na discussão sobre prescrição incidente na pretensão à indenização por uso de programa de


computador de criação do empregado, a Lei de proteção à propriedade intelectual de programa
de computador (Lei 9.609/98) estabelece um prazo de proteção de 50 anos para os direitos
autorais desses programas. Entretanto, em contexto trabalhista, a prescrição aplicável é a
prevista no artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal, que estabelece um prazo de cinco anos para
reclamar contra lesões a direitos trabalhistas, contados a partir da extinção do contrato de
trabalho. No caso de lesão de trato sucessivo, como o uso contínuo do programa de
computador criado pelo empregado durante a vigência do contrato de trabalho, que gera ganhos
para a empresa sem a devida compensação ao empregado, configura-se uma lesão à
remuneração de forma contínua, atraindo a prescrição parcial, sem atingir o cerne do direito. A
prescrição parcial, de natureza trabalhista, não alcança o núcleo do direito e, portanto, deve ser
reconhecida nos casos em que há lesões de trato sucessivo, permitindo a análise dos demais
temas remanescentes pelos órgãos competentes. (TST-RR-4400-68.2012.5.12.0037, 4ª Turma,
rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, julgado em 15/8/2023)(Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

Normas coletivas que tratam de horas in itinere (horas de trajeto entre a residência e o local de
trabalho) são válidas quando estabelecem a natureza indenizatória da parcela e seu pagamento
de forma simples, sem adicional, desde que não incidam sobre direitos trabalhistas
absolutamente indisponíveis. O princípio da adequação setorial negociada permite que as
normas autônomas juscoletivas prevaleçam sobre o padrão geral da legislação trabalhista,
desde que respeitem tais critérios objetivos. No caso específico das horas in itinere,
consideradas parcelas de indisponibilidade relativa, sua transação por meio de norma coletiva é
permitida, conforme decisão do STF no ARE 1.121.633. Entretanto, a interpretação de que
direitos trabalhistas de caráter patrimonial seriam disponíveis é questionada, pois isso poderia
desconsiderar direitos assegurados na Constituição, ameaçando seu caráter humanista e social.
(TST-RRAg-874-78.2017.5.09.0562, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
9/8/2023) (Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Tempestividade


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

A ação de produção antecipada de provas, sendo uma medida preparatória para ajuizar uma
ação posterior, cumulada com o pedido de interrupção da prescrição, tem o poder de
interromper o prazo prescricional. Essa medida, visando ao acesso a documentos para a
propositura de uma ação futura, não é incompatível com o protesto interruptivo da prescrição,
atendendo aos princípios da economia e celeridade processual, além de resguardar o direito
fundamental à razoável duração do processo, sem prejuízo às partes.(TST-
RR-1000515-11.2021.5.02.0031, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em
9/8/2023) (Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Jornada de


Trabalho Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

A negociação coletiva no direito do trabalho possui poderes significativos para criar normas
jurídicas em harmonia com a legislação estatal, mas esses poderes encontram limites definidos
pelo princípio da adequação setorial negociada. Este princípio determina que as normas
coletivas autônomas não prevalecem se resultarem em renúncia estrita ou afetarem direitos de
indisponibilidade absoluta, resguardados por interesses públicos, essenciais para manter um
patamar civilizatório mínimo na sociedade. No caso do intervalo intrajornada para trabalhadores,
mesmo com ampla margem de negociação coletiva, há limites determinados pela legislação
trabalhista que visam à saúde e segurança do trabalhador, sendo inválida a cláusula que
concede o intervalo apenas ao final da jornada, pois equivaleria à supressão do descanso
intrajornada, desrespeitando os parâmetros estabelecidos pela lei.(TST-
ARR-20449-35.2018.5.04.0123, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
9/8/2023) (Info 276- TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Provas Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 276

Em caso de comissões pagas "por fora", a gravação de conversa por um dos interlocutores pode
ser considerada prova lícita. A decisão do Tribunal Regional, baseada nos elementos
probatórios, ao reconhecer a veracidade do pagamento extrajornada, está em consonância com
a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Portanto, não configura violação ao
artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal a decisão que considera lícita a gravação de
conversa por um dos interlocutores para comprovar o pagamento de valores "por fora".(TST-Ag-
AIRR-10280-62.2020.5.15.0074, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em
9/8/2023) (Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

Em casos de acidente de trabalho envolvendo motociclistas, a mera constatação de que o


trabalhador conduzia a motocicleta em velocidade superior à permitida, resultando em colisão,
não configura, por si só, culpa exclusiva da vítima capaz de afastar a responsabilidade objetiva
do empregador. Considerando o alto risco inerente à atividade de motoboy, caracterizada por
condições adversas de trabalho, é necessário avaliar os fatores específicos da função, tais
como exposição a imprudência de outros motoristas, violência no trânsito e demais
circunstâncias, para determinar a responsabilidade no caso concreto. A culpa concorrente do
trabalhador pode ser considerada no arbitramento da reparação, conforme o artigo 945 do
Código Civil. A transcendência econômica é aferida com base no valor fixado no artigo 852-A da
CLT, sendo o critério adotado para o recurso do empregado. (TST-RR-10189-38.2014.5.15.0120,
7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 9/8/2023) (Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Remuneração e Salário Tema: Descanso semanal


remunerado Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

O empregado mensalista que trabalha em domingos e feriados sem a devida compensação tem
direito ao pagamento em dobro desses dias, de acordo com a Súmula 146 do TST, mesmo que
já tenha recebido a remuneração por tais dias na sua mensalidade, visto que a compensação
dos domingos e feriados trabalhados não se confunde com outras verbas, pois representam
fatos geradores distintos, sendo devidos os valores adicionais referentes à dobra pelo trabalho
nessas datas específicas de descanso.TST-Ag-E-ED-RR-3646-03.2010.5.12.0036, SBDI-I Plena,
rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em 17/8/2023.(Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Nulidades Tema: Descanso semanal


remunerado Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276
No contexto de doença ocupacional, a ausência de realização de prova pericial, mesmo diante
da complexidade da enfermidade (como no caso de depressão), quando alegadamente
decorrente do ambiente laboral, configura cerceamento do direito de defesa. A dispensa da
perícia técnica essencial para analisar o nexo causal entre a patologia e o trabalho prestado
viola o direito constitucional à ampla defesa, conforme o artigo 5º, inciso LV, da Constituição
Federal.(TST-RR-910-94.2012.5.20.0011, 1ª Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado
em 9/8/2023) (Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tema: Intervenção


de Terceiros Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

Desconsideração da personalidade jurídica no contexto trabalhista: decisão do Tribunal Regional


fundamentada no Código de Defesa do Consumidor (CDC), ao desconsiderar a personalidade
jurídica da empresa executada para atingir os sócios. No entanto, o recurso de revista, acolhido
pelo TST, destaca a aplicação do Código Civil no direito do trabalho, enfatizando a necessidade
de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, critérios não atendidos no caso, resultando na
reversão da decisão.(TST-RR-251300-73.2003.5.02.0020, 8ª Turma, rel. Min. Sergio Pinto
Martins, julgado em 9/8/2023)(Info 276-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Prescrição intercorrente


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

O protesto judicial interrompe a prescrição, sendo uma manifestação de vontade no âmbito da


jurisdição voluntária. Contudo, após a interrupção da prescrição por meio do protesto judicial, o
prazo prescricional reinicia sua contagem a partir da data do seu ajuizamento. TST-E-RR-153-
40.2015.5.19.0006, SBDI-I Plena, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em
17/8/2023. (Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Indenização Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 276

A utilização de equipamentos pessoais pelo empregado em atividades laborais, quando


essenciais para a produção no ambiente de trabalho e que beneficiam diretamente o
empregador, deve ensejar indenização, sob a égide do artigo 2º da CLT, o qual impõe ao
empregador a responsabilidade pelos riscos inerentes ao empreendimento. O não fornecimento
de equipamentos adequados pelo empregador que resulte na utilização dos bens pessoais do
empregado para a realização das tarefas laborais configura conduta irregular e, portanto, o
empregado tem direito a ser indenizado por esse uso. A conclusão a respeito do uso dos
equipamentos pessoais, se estabelecida pelo Tribunal Regional do Trabalho com base em
elementos probatórios incontestáveis, não pode ser revista pelo TST por meio do recurso de
revista, conforme estabelece a Súmula 126/TST. (TST-AIRR-812-10.2016.5.23.0004, 3ª Turma,
rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 9/8/2023) (Info 276- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional


Noturno Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

Norma coletiva que estabelece o pagamento do adicional noturno apenas para o período entre
22h e 5h, sem previsão de prorrogação do trabalho noturno, é válida, desde que conceda
condições mais vantajosas do que as estabelecidas em lei, conforme tese do STF (Tema 1046).
A definição clara das partes envolvidas sobre a extensão da jornada noturna não exige que o
acordo coletivo contenha especificamente ressalva quanto à prorrogação do trabalho
noturno.TST-ROT-458-27.2018.5.05.0000, SBDI-II, red. p/ acórdão Min. Douglas Alencar
Rodrigues, julgado em 15/8/2023.(Info 276 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tema: Honorários


Advocatícios Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 276

É possível a penhora dos honorários advocatícios contratuais e/ou sucumbenciais auferidos


pelo devedor nos processos em que atua como advogado, durante a vigência do CPC de 2015,
desde que a constrição se destine ao pagamento de prestação alimentícia, independentemente
de sua origem, abrangendo créditos trabalhistas.(TST-RR-165-09.2018.5.12.0050, 7ª Turma, rel.
Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 16/8/2023) (Info 276-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Proteção do trabalho da Mulher Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 275

No âmbito das relações laborais, a imposição patronal de gastos com maquiagem, manicure,
depilação, relógios e brincos não pode ser presumida como parte do "senso comum" feminino. É
necessária a desconstrução de estereótipos de gênero que condicionam a apresentação
pessoal da mulher ao "dever ser" de cada sexo. Assim, é legítima a restituição das despesas
com itens específicos exigidos pelo empregador, como maquiagem e outros, decorrentes da
natureza da atividade laboral, sob a premissa de que a mulher tem o direito de determinar sua
aparência sem estar vinculada a estereótipos, da mesma maneira que o homem, cabendo ao
empregador custear tais requisitos, à semelhança do custeio de uniformes ou de outras
exigências relacionadas à saúde, higiene ou segurança no trabalho.(TST-
RR-1001898-12.2016.5.02.0706, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
21/6/2023)(Info 275 - TST)
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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Vínculos Empregatícios Especiais Tema: Aprendiz


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

O cálculo da cota de aprendizes, conforme o artigo 429 da CLT, deve considerar apenas os
estabelecimentos pertencentes à própria reclamada e não os estabelecimentos das empresas
tomadoras de serviço, com base na relevância jurídica da questão e na interpretação do artigo
429 da CLT.(TST-AIRR-212-47.2020.5.11.0015, 6ª Turma, rel. Min. Augusto César Leite de
Carvalho, julgado em 21/6/2023)(Info 275- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

Ação anulatória. Convenção Coletiva de Trabalho. Pandemia do COVID-19. Cláusula que autoriza
a redução salarial dos empregados inseridos no grupo de risco, enquanto impedidos de
trabalhar.

É válida a cláusula de norma coletiva que reduziu o salário de empregados que, impedidos de
trabalhar, porquanto inseridos no grupo de risco da COVID-19, receberam o auxílio emergencial
instituído pelas autoridades públicas para a preservação do emprego e renda. No caso, a
convenção coletiva de trabalho foi celebrada para disciplinar as relações de emprego dos
trabalhadores em transportes rodoviários no contexto da pandemia do COVID-19. A redução dos
salários foi pactuada como medida transitória para a manutenção do trabalho e da renda dos
empregados, além de possibilitar a sobrevivência das empresas. Considerando que a
Constituição da República, em seu art. 7º, VI, autoriza a redução salarial através de negociação
coletiva, bem como a proteção constitucional ao exercício da atividade econômica, estabelecida
em seu art. 170, a SDC, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário interposto pelo
Ministério Público do Trabalho, mantendo a decisão do Tribunal Regional que julgara
improcedente a ação anulatória de cláusula convencional. TST-ROT-21607-04.2021.5.04.0000,
SDC, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em 12/6/2023.

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

É reconhecida a possibilidade de indenização por dano-morte, considerando que o direito à vida


é um princípio fundamental que transcende a morte da vítima, sendo cabível e transmissível aos
sucessores o direito à reparação por danos extrapatrimoniais decorrentes da perda da vida da
vítima, independente do sofrimento prévio à morte, em consonância com os princípios
constitucionais e normas internacionais de proteção aos direitos humanos. (Recurso de revista
TST-RRAg-10165-84.2021.5.03.0027, 3ª Turma, rel. Min. Jose Roberto Freire Pimenta, julgado em
20/6/2023)(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

“[...]III - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS E


INTERVALO INTRAJORNADA. CONTROLE DE PONTO ‘POR EXCEÇÃO’. PREVISÃO EM NORMA
COLETIVA. OBSERVÂNCIA DO TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao exame do Tema 1046 de repercussão
geral, fixou a tese de que ‘São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao
considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias,
desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis’. 2. Não se tratando de direito de
indisponibilidade absoluta, recusar aplicação à norma coletiva que institui o controle de ponto
por exceção contraria o entendimento fixado pelo STF ao julgamento do Tema
1046. 3. Configurada a violação do artigo 611, § 1º, da CLT. Recurso de revista conhecido e
provido.” (TST-RR-1000928-32.2017.5.02.0203, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto
Junior, julgado em 21/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

O dano moral reflexo, também conhecido como dano por ricochete ou indireto, é um direito
autônomo de pessoas intimamente ligadas à vítima de um ato ilícito, desde que haja uma
relação especial de afeto ou dependência econômica com o acidentado. Para os familiares,
como cônjuge, companheiro, filhos, pais e mãe, há presunção legal de direito ao dano moral
reflexo, enquanto outros familiares, como tios, primos e sobrinhos, precisam comprovar essa
relação íntima de afeto para serem elegíveis à compensação por danos morais decorrentes do
falecimento do empregado vítima de acidente de trabalho. A existência de visitas frequentes ou
gestos altruístas, como o fornecimento de cestas básicas, por si só, não é suficiente para
configurar essa relação especial, sendo necessário demonstrar uma dependência econômica ou
uma relação familiar íntima de afeto para justificar a compensação por dano moral reflexo ou
por ricochete.(TST-RR-11113-40.2020.5.03.0163, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos,
julgado em 20/6/2023)(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Contrato Individual de Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

A ausência de anotação na CTPS do empregado, por si só, não causa danos morais; porém,
ficando demonstrado o prejuízo sofrido devido à falta de registro, justifica-se a manutenção da
indenização por danos morais, conforme decisão em conformidade com a jurisprudência do
TST. (TST-ARR-10513-49.2015.5.01.0551, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado
em 28/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

“AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI Nº


13.467/2017. ACIDENTE DE TRABALHO FATAL. MOTORISTA DE CARRETA. DIREÇÃO EM
VELOCIDADE EXCESSIVA. MANIFESTA IMPRUDÊNCIA NA CONDUÇÃO DO VEÍCULO. FATO
EXCLUSIVO DA VÍTIMA COMPROVADO. EXCLUDENTE DO NEXO DE CAUSALIDADE.
TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA RECONHECIDA.1. No caso concreto, o Tribunal Regional,
soberano na valoração de fatos e provas, registrou que ‘a carreta dirigida pelo de cujus, no
momento do acidente fatal, trafegava a 132,6 km/h, sendo que a velocidade máxima naquele
trecho em curva é de apenas 60 km/h; manifesta a imprudência do condutor da carreta, que era
nova e não apresentava problemas mecânicos’. 2. Prevalece nesta Corte Superior o
entendimento segundo o qual, ainda que se admita a responsabilização objetiva do empregador
em razão do risco da atividade, a atribuição do ato danoso exclusivamente ao empregado (fato
exclusivo da vítima) rompe o nexo de causalidade entre o acidente e a atividade desenvolvida,
excluindo a obrigação de indenizar. Incidência dos óbices da Súmula nº 333 do TST e do art.
896, § 7º, da CLT. Agravo a que nega provimento.” (TST-Ag-AIRR-10642-52.2019.5.15.0057, 1ª
Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em 21/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Dissídio Coletivo Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

As empresas são obrigadas a cumprir as cotas inclusivas para pessoas com deficiência,
estabelecidas por normas jurídicas de caráter imperativo, como a Lei nº 8.213/91 e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil. A ordem jurídica do país visa promover a inclusão social,
econômica e profissional das pessoas com deficiência. A empresa empregadora deve
demonstrar esforços sistemáticos ao longo do tempo para cumprir essas cotas, e a omissão em
fazer isso pode resultar em multa administrativa. O auto de infração por não preencher as vagas
destinadas a pessoas com deficiência foi considerado válido devido à falta de ação direta da
empresa em cumprir suas obrigações legais. Reverter essa conclusão exigiria revisar as
evidências apresentadas no processo, o que não é permitido nessa etapa do processo. Portanto,
o recurso de revista foi negado.(TST-AIRR-10796-36.2019.5.15.0036, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado, julgado em 28/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Plano de Sáude e Contrato de Trabalho Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 275

A alteração nas regras de custeio do plano de saúde após a demissão ou aposentadoria para os
empregados que optaram por continuar com o benefício constitui uma mudança contratual
lesiva, contrariando a Súmula nº 51, item I, do TST. (TST-RRAg-1001317-75.2020.5.02.0473, 3ª
Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 28/6/2023) (Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

A responsabilidade civil do empregador por acidente de trabalho foi afastada devido à evidência
de culpa exclusiva da vítima, que desobedeceu às normas de segurança ao operar uma máquina
em funcionamento, resultando em sua lesão. O empregador havia fornecido treinamento
adequado e a máquina possuía avisos sobre os riscos. Portanto, não foi plausível atribuir ao
empregador a responsabilidade pelo dano causado pelo comportamento imprudente do
empregado.(TST-RR- 10501-58.2017.5.03.0147, 4ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo
Bastos, julgado em 20/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade ativa para propor Ação Civil Pública em
relação a violações de direitos trabalhistas de trabalhadoras domésticas, considerando
aspectos de gênero, raça e classe. A análise se concentrou na perspectiva de gênero e na
dimensão coletiva do racismo, sexismo e classismo no mundo do trabalho, com base na
Resolução n. 492/2023 do Conselho Nacional de Justiça e nos objetivos de justiça social da OIT.
A condenação indenizatória dos réus por danos morais coletivos foi mantida, reconhecendo a
perpetuação do racismo estrutural e a discriminação racial no ambiente de trabalho das
trabalhadoras domésticas, inclusive em relação ao trabalho durante a pandemia da Covid-19.
(TST-RRAg-597-15.2020.5.06.0021, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em
28/6/2023).(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Discriminatória Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

Recurso de embargos. Empregado portador de doença grave e estigmatizante (neoplasia


maligna). Dispensa discriminatória. Súmula nº 443 do TST.
A presunção de que a dispensa de empregado portador de doença grave ou estigmatizante é
discriminatória foi uniformizada por meio da Súmula nº 443 do TST: “Presume-se
discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que
suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no
emprego". Sendo incontroverso que o empregado é portador de neoplasia maligna - doença
reconhecida como estigmatizante pela SBDI-I -, cabe à empresa comprovar que a dispensa
fundamentou-se em outro motivo que não guarde relação direta ou indireta com a enfermidade
que acomete o trabalhador. No caso, o acórdão turmário concluiu que os seguintes fatos
comprovariam a ausência de caráter discriminatório da dispensa: (i) "o reclamante ficou
afastado do trabalho por 'bastante tempo', tendo o reclamado contratado outro profissional para
ficar em [seu] lugar"; (ii) a dispensa ocorreu "após o fim da licença médica do reclamante"; e (iii)
"ciente da moléstia, o reclamado permitiu que o reclamante frequentasse o local de trabalho,
almoçasse no centro de treinamento, e, espontaneamente, manteve o pagamento dos salários
não exigíveis no período do afastamento". Decisão reformada, porquanto a prova que a Súmula
nº 443 do TST demanda do empregador diz respeito à ausência de cunho discriminatório do ato
de dispensar o empregado portador de doença estigmatizante, ao que eventual ausência de
tratamento discriminatório no curso do contrato não comprova a real motivação da dispensa e
não elide seu caráter discriminatório. Concluiu-se, desse modo, que os fatos comprovados nos
autos não demonstraram que a ruptura do pacto laboral decorreu de motivo alheio à
enfermidade do reclamante. Sob esses fundamentos, a SBDI-I decidiu, por maioria, conhecer dos
embargos por má-aplicação da Súmula nº 443 do TST, e, no mérito, dar-lhes provimento para
reconhecer o caráter discriminatório da dispensa do reclamante, reestabelecendo o acórdão do
TRT, e determinando o retorno dos autos à Turma do TST para apreciar as matérias que ficaram
prejudicadas por ocasião do julgamento do recurso de revista. Vencidos os Ministros Alexandre
Luiz Ramos, Hugo Carlos Scheuermann, Breno Medeiros, Evandro Pereira Valadão Lopes e a
Ministra Dora Maria da Costa. TST-E-ED-RR-1001897-90.2016.5.02.0006, SBDI-I, rel. Min. Kátia
Magalhães Arruda, julgado em 22/6/2023.

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

A Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) não deve ser aplicada retroativamente aos contratos
de trabalho firmados antes de sua entrada em vigor (anteriores a 11/11/2017). A segurança
jurídica e a preservação dos direitos já exercidos pelos trabalhadores em contratos vigentes à
época da alteração legislativa devem prevalecer, sendo inaplicáveis as disposições da nova lei
que suprimam direitos já incorporados ao patrimônio jurídico dos trabalhadores. Portanto, o
trabalhador em questão tem direito ao pagamento integral do intervalo intrajornada
parcialmente usufruído após 11/11/2017, conforme a jurisprudência da Súmula nº 437 do TST,
sendo inaplicável a alteração promovida pela Lei 13.467/2017 no art. 71, § 4º, da CLT. (TST-
RRAg-20340-04.2020.5.04.0203, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
28/6/2023)(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Depósito recursal


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

Substituição de depósito recursal por seguro garantia judicial. Depósito recursal efetuado antes
da vigência da Lei nº 13.467/2017. Ato jurídico perfeito. Impossibilidade de substituição.
Princípio geral do “tempus regit actum”. Teoria do isolamento dos atos processuais.

A possibilidade de substituição do depósito recursal por seguro garantia judicial foi


implementada pela Lei nº 13.467/2017 ao introduzir o § 11 no art. 899 da CLT. Contudo, nos
termos da Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, a substituição só é possível em relação a
recursos interpostos contra decisões proferidas a partir de 11/11/2017. Nesse contexto, em
respeito ao princípio do tempus regit actum e à teoria do isolamento dos atos processuais, não
há como se aplicar a disciplina do art. 899, § 11, da CLT em ato jurídico perfeito, depósito
recursal, concluído antes da vigência da Lei nº 13.467/2017. Sob esses fundamentos, a SBDI-I,
por maioria, negou provimento ao agravo. Vencidos os Ministros Douglas Alencar Rodrigues,
Breno Medeiros, Alexandre Luiz Ramos, Evandro Pereira Valadão Lopes e a Ministra Dora Maria
da Costa. TST-ED-Ag-E-ED-AIRR-11250-51.2016.5.03.0037, SBDI-I, rel. Min. Kátia Magalhães
Arruda, julgado em 22/6/2023.

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Transferência Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 275

Empregado contratado no Brasil com a finalidade de prestar serviço no exterior tem direito ao
adicional de transferência, independentemente da transferência ser temporária ou definitiva,
devido à interpretação do artigo 2º, III, da Lei 7.064/82, resultando no provimento do recurso
para conceder o pagamento do adicional de transferência com integração ao salário e suas
repercussões legais sobre vários aspectos contratuais.(TST-RRAg-1002104-21.2015.5.02.0719,
4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 20/6/2023) (Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

É reconhecida a transmissibilidade hereditária do direito à indenização por danos


extrapatrimoniais decorrentes de acidente de trabalho fatal, permitindo que o espólio do
trabalhador falecido ingresse com ação autônoma buscando a reparação pelos danos sofridos
pelo falecido, inclusive os que levaram à sua própria morte, com base na jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça e na Súmula nº 642, em consonância com a reparabilidade do
evento-morte sob o primado da reparação integral e da dignidade da pessoa humana. (TST-
RR-10680-22.2021.5.03.0027, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em
20/6/2023)(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Dissídio Coletivo Tema: Dispensa em massa
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

A dispensa coletiva, caracterizada como um ato ou fato de natureza coletiva, massiva e com
repercussões significativas sobre uma comunidade de trabalhadores, requer a intervenção
sindical prévia como um requisito procedimental essencial. Isso significa que a dispensa em
massa não pode ser efetuada unilateralmente pelo empregador, mas deve envolver negociações
e diálogo com o sindicato representante dos trabalhadores afetados. (TST-
AIRR-101320-04.2017.5.01.0048, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
28/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Discriminatória Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

Esclerose múltipla. Dispensa discriminatória. Inversão do ônus da prova. Súmula nº 443 do TST.

Presume-se discriminatória a dispensa de empregado diagnosticado com esclerose múltipla,


por se tratar de doença incurável, de natureza degenerativa e progressiva, com possibilidade de
causar estigma, de modo que compete ao empregador o ônus da prova de que a dispensa não
foi discriminatória, consoante o disposto na Súmula nº 443 do TST. Além disso, o lapso
temporal de mais de vinte anos, entre a data do diagnóstico de esclerose múltipla do autor e a
data da dispensa do emprego, por si só, não é suficiente para justificar o encerramento do
vínculo contratual. Com esses fundamentos, a SBDI-I, por maioria, negou provimento ao agravo
interposto pelo reclamado e manteve a decisão da Turma em que se deu provimento ao recurso
de revista do reclamante para restabelecer a sentença quanto ao reconhecimento da dispensa
discriminatória do autor, bem como a sua reintegração no emprego, com o pagamento do
respectivo salário e dos direitos previstos em norma coletiva da categoria, levando em
consideração último cargo ocupado e local de trabalho. Vencidos os Ministros Alexandre Luiz
Ramos, Relator, e Guilherme Augusto Caputo Bastos. TST-Ag-ED-E-ED-
RR-11176-71.2014.5.01.0053, SBDI-I, red. p/ acórdão Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado
em 29/6/2023.

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Horas in itinere Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 275

“III - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. NORMA COLETIVA QUE ESTABELECE O


PAGAMENTO DAS HORAS ‘IN ITINERE’ DE FORMA SIMPLES SEM O ADICIONAL DE 50%. DIREITO
TRABALHISTA NÃO ASSEGURADO CONSTITUCIONALMENTE. TEMA 1.046 DA REPERCUSSÃO
GERAL. TESE DO STF. VALIDADE. 1. Na hipótese, a discussão envolve validade de cláusula de
norma coletiva que estabeleceu o pagamento das horas in itinere, sem o cômputo do adicional
de 50%, em que o e. Tribunal Regional entendeu que ‘Tal direito, por sua indisponibilidade, não
pode ser reduzido por negociação coletiva, sob pena de ferir o mínimo existencial e a máxima
efetividade da Constituição’. 2. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, ao exame do Tema 1046
de repercussão geral, fixou a tese de que ‘São constitucionais os acordos e as convenções
coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou
afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de
vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis’,
concluindo, ao julgamento do ARE 1121633/GO, que ‘em relação especificamente às horas in
itinere, o Supremo Tribunal Federal já chegou à conclusão de que se trata de direito que pode ser
pactuado entre trabalhadores e empregadores de forma diversa ao previsto na legislação
trabalhista’, concluindo que se trata de ‘direito disponível, sujeito à autonomia de vontade
coletiva expressa mediante acordo e convenção coletiva’. 3. Portanto, resolvida a questão em
debate pelo e. STF que, ao julgamento do processo em que analisado o tema 1046, entendeu no
sentido de que as horas in itinere não se inserem no arcabouço normativo como direito
indisponível, deve ser reconhecida a validade do ajuste coletivo. 4. Configurada a violação do art.
7º, XXVI, da CF. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-24545-61.2016.5.24.0041, 1ª
Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em 28/6/2023)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

É competente a Justiça do Trabalho para julgar pedido de indenização por ato ilícito do
empregador relacionado à não inclusão de verba salarial no cálculo do benefício previdenciário,
em contraposição à decisão do Tribunal Regional que se baseou em entendimento divergente,
alinhando-se à jurisprudência consolidada da Corte Superior. (TST-RR-139-79.2021.5.17.0013, 3ª
Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 28/6/2023)(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Proteção do trabalho da Mulher Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 275

O debate sobre o valor arbitrado para reparação de dano moral coletivo só é viável em casos
extremos, sob os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sendo excepcional a
intervenção do Tribunal Superior do Trabalho. A fixação do quantum indenizatório de R$
150.000,00 pelo Tribunal Regional, decorrente de comprovadas condutas de assédio sexual
contra empregadas terceirizadas, não violou tais princípios, uma vez que a empresa ré não
tomou medidas eficazes para coibir o assédio, justificando a ausência de intervenção da
instância superior.(TST-RR-1771300-48.2009.5.09.0009, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira
Valadão Lopes, julgado em 28/6/2023)(Info 275 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275
Em casos de acidente de trabalho ou doença profissional, a responsabilidade civil objetiva da
empregadora é presumida, especialmente quando envolve atividades de risco para os
trabalhadores, como no caso de um carteiro motociclista, de acordo com o art. 7º da
Constituição e o art. 927, parágrafo único, do Código Civil. .(TST-RR-100098-35.2017.5.01.0069,
3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 28/6/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 275

Recurso Ordinário. Dissídio coletivo de natureza econômica. Acordo coletivo de trabalho


parcialmente homologado pelo TRT. Cláusula 30ª. "Virada de plantão" para profissionais de
saúde

É inválida cláusula coletiva que autoriza genericamente a prorrogação da jornada de profissional


de saúde de 12 (doze) horas para mais 12 (doze) horas, de forma a substituir trabalhador que
não compareceu ao plantão seguinte, o que poderia resultar em jornada de trabalho de 24 (vinte
e quatro) horas, incompatível com as normas constitucionais e legais relativas à garantia da
saúde e segurança no trabalho. Sob esses fundamentos, a SDC, por unanimidade, conheceu e
negou provimento ao Recurso Ordinário. TST-RO-593-89.2017.5.08.0000, SDC, rel. Min. Maria
Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em 12/6/2023.

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Recurso de Revista


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274

A existência de penhora anterior registrada em favor de terceiro sobre o imóvel, mesmo sem
constar na matrícula do bem, configura óbice à arrematação posterior em execução trabalhista.
A boa-fé na aquisição do imóvel pelo terceiro é preservada quando a penhora anterior foi
devidamente registrada, garantindo-lhe a preferência na aquisição do bem. A falta de registro da
arrematação anterior na matrícula não anula o direito de propriedade do terceiro, violando a
garantia constitucional da propriedade. Sendo assim, é necessária a anulação da arrematação
realizada na execução trabalhista em respeito ao direito adquirido pelo terceiro de boa-fé. (TST-
RR-1000388-73.2020.5.02.0010, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
14/6/2023)(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Intervalos Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 274

Nos casos em que o contrato de trabalho teve início durante a vigência da Portaria SEPRT n.º
1.359/2019, que não prevê intervalos para recuperação térmica em exposições ao agente calor,
não há embasamento legal para o deferimento de horas extras decorrentes da inobservância
desse intervalo, não se aplicando o entendimento jurisprudencial anterior, que vigorava sob a
redação anterior do Anexo 3 da NR 15.(TST-RR-441-03.2022.5.13.0008, 1ª Turma, rel. Min. Luiz
José Dezena da Silva, julgado em 14/6/2023) (Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Recurso de Revista


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274

No caso em que o contrato de trabalho abrange períodos anteriores e posteriores à vigência da


Lei nº 13.467/2017, a aplicação da nova legislação é necessária. Assim, para os créditos
trabalhistas a partir de 11/11/2017, o novo texto do art. 2º, § 2º, da CLT deve ser considerado,
em conformidade com o princípio do tempus regit actum. Quando evidenciada a coordenação
entre as reclamadas, a manutenção da responsabilidade solidária em relação aos créditos
trabalhistas a partir de 11/11/2017 é correta.(TST-Ag-RR-10800-80.2020.5.03.0001, 5ª Turma,
rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 7/6/2023)(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Convenção


Coletiva Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274

A cláusula de convenção coletiva que estabelece a redução dos salários de empregados


pertencentes ao grupo de risco da Covid-19, enquanto impedidos de trabalhar e beneficiados
pelo auxílio emergencial previsto na MP nº 936/2020 e Lei nº 14.020/2020, é válida, por
representar uma medida excepcional e temporária que visa preservar a sobrevivência das
empresas em um contexto fortemente afetado pela pandemia, além de proporcionar uma
alternativa ao desemprego, mantendo o trabalho e a renda, em consonância com o direito social
ao trabalho previsto na Constituição Federal.TST-ROT-21607-04.2021.5.04.0000, SDC, rel. Min.
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em 12/6/2023. (Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274

No contexto de acidente de trabalho ou doença ocupacional, a responsabilidade civil objetiva da


empregadora é caracterizada quando há ocorrência do dano, comprovado nexo causal entre o
malefício e as condições laborativas, sendo que, nestes casos, a culpa é presumida pela própria
atividade empresarial, de acordo com a exceção prevista no parágrafo único do artigo 927 do
Código Civil. O exercício de atividades de risco para os trabalhadores, como no caso do
motociclista em serviço, evidencia uma exposição maior a perigos e, consequentemente, a um
contexto que enseja a responsabilidade objetiva da empresa diante dos acidentes de trabalho,
conforme jurisprudência consolidada e o entendimento do Supremo Tribunal Federal. (TST-
RRAg-1000925-96.2018.5.02.0444, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
31/5/2023)(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Convenção


Coletiva Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274

Em circunstâncias excepcionais, onde os representantes do sindicato profissional delegaram


poderes à federação, mesmo que não haja previsão expressa na legislação, essa entidade pode
celebrar norma coletiva autônoma, diferenciando-se da jurisprudência que restringe sua
legitimidade subsidiária.TST-ROT-1815-60.2020.5.09.0000, SDC, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, julgado em 12/6/2023.(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Transferência Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 274

A transferência de empregado, mesmo havendo cláusula contratual que prevê tal possibilidade,
pode ser contestada e anulada por meio de mandado de segurança se a prova pré-constituída
no feito matriz demonstrar a probabilidade do direito alegado, especialmente quando o
empregado tem estabelecido domicílio e vínculos familiares consolidados no local de trabalho e
esteja exercendo suas atividades em regime de teletrabalho formalmente institucionalizado pela
empresa, considerando as balizas do art. 300 do CPC de 2015.TST-ROT-910-95.2022.5.05.0000,
SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em 30/5/2023.(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274

A Justiça do Trabalho possui competência para executar termo de ajuste de conduta celebrado
perante o Ministério Público do Trabalho, relacionado à erradicação do trabalho infantil,
considerando a sua expertise na interpretação e aplicação de normas constitucionais,
internacionais e internas referentes à questão laboral.TST-E-RR-90000-47.2009.5.16.0006, SBDI-I,
rel. Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 15/6/2023.(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tema: Honorários


Advocatícios Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 274
A condenação do reclamante/exequente ao pagamento de honorários advocatícios de
sucumbência, mesmo que não esteja expressamente mencionada no tópico denominado
"dispositivo" da sentença exequenda, mantém-se válida e com eficácia de coisa julgada quando
constar de forma explícita e fundamentada em outro trecho da decisão, visto que as partes
dispositivas compreendem não apenas a seção final, mas também aquelas inseridas na
fundamentação que atendem aos requisitos do comando condenatório. A omissão no resumo
final não invalida a decisão sobre o que foi expressamente decidido, fundamentado e
determinado como condenação no decorrer da sentença, preservando-se, assim, a eficácia da
coisa julgada. (TST-RR-24916-21.2017.5.24.0031, 4ª Turma, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, julgado em 30/5/2023)(Info 274 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

A massa patrimonial, representada pelo espólio, possui legitimidade para buscar reparação por
danos materiais e extrapatrimoniais decorrentes de acidente de trabalho sofrido pelo
empregado falecido. No entanto, quando se trata de direitos específicos das pessoas que
dependiam economicamente do trabalhador vitimado, como no caso de pensionamento das
filhas, não se discute um crédito pertencente ao empregado falecido, mas sim direitos próprios
das autoras baseados na perda do ente querido. Portanto, a coisa julgada formada a partir de
acordo firmado pelo espólio em ação anterior não pode prejudicar as reclamantes, visto que não
é possível transacionar sobre direitos alheios e personalíssimos. TST-E-ED-
RR-1129-04.2016.5.08.0011, SBDI-I, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 25/5/2023.
(Info 273 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Higiene e Saúde


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

A Justiça do Trabalho detém competência para julgar ações civis públicas, movidas pelo
Ministério Público do Trabalho, relacionadas ao descumprimento de normas de saúde,
segurança e higiene dos trabalhadores, independentemente da natureza do vínculo
empregatício, conforme determinado na Súmula nº 736 do Supremo Tribunal Federal, visto que a
proteção do ambiente laboral é essencial para a preservação da saúde dos trabalhadores.(TST-
AIRR-45-27.2020.5.11.0501, 3ª Turma, rel. Des. Conv. Marcelo Lamego Pertence, julgado em
17/5/2023)(Info 273 -TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Higiene e Saúde


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273
A impossibilidade de um maquinista utilizar o banheiro e fazer refeições durante sua jornada de
trabalho, em decorrência da adoção do regime de monocondução e da ausência de condições
dignas de trabalho, configura violação à honra e à intimidade do empregado, justificando a
condenação ao pagamento de indenização por danos morais.(TST-Ag-ED-
RR-11160-98.2020.5.03.0038, 3ª Turma, rel. Des. Conv. Marcelo Lamego Pertence, julgado em
17/5/2023) (Info 273 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Incentivada Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

Na hipótese de dispensa que atinja toda a unidade empresarial em determinada cidade, mesmo
que o número de trabalhadores afetados seja reduzido, configura-se a dispensa coletiva,
especialmente quando há encerramento das atividades empresariais na região. A necessidade
de intervenção sindical prévia para dispensas em massa de trabalhadores, conforme
determinação vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF), não se aplica retroativamente a
casos anteriores à vigência da Lei nº 13.467/2017, que incluiu o art. 477-A na CLT. Dessa forma,
a negociação coletiva para a dispensa das trabalhadoras é essencial, e a ausência de violação
aos dispositivos constitucionais e legais indicados no recurso de revista impede o seu
conhecimento.(TST-RR-21529-26.2016.5.04.0019, 6ª Turma, rel. Des. Conv. José Pedro de
Camargo Rodrigues de Souza, julgado em 17/5/2023)(Info 273-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Recurso de Revista


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

A ausência de manifestação do Tribunal Regional acerca do conteúdo de decisão do INSS,


reconhecendo o nexo técnico epidemiológico entre a doença e a atividade desenvolvida pelo
empregado, configura negativa de prestação jurisdicional. Diante disso, cabe analisar a
presunção relativa da natureza acidentária da doença quando há reconhecimento do nexo
técnico epidemiológico pela perícia médica do INSS, nos termos do art. 21-A da Lei 8.213/91,
sendo necessário considerar esse elemento como indício relevante para a comprovação da
relação da doença com o trabalho. (TST-RR-1203-45.2018.5.09.0016, 3ª Turma, rel. Min. Alberto
Bastos Balazeiro, julgado em 24/5/2023)(Info 273 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Compensação de Jornada


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

A negociação coletiva que prorroga a jornada de trabalho em atividades insalubres sem a


autorização prévia da autoridade competente, contrariando o art. 60 da CLT e os direitos
indisponíveis do trabalhador garantidos pela Constituição, viola tais dispositivos legais e
constitucionais, não sendo válida para sustentar a compensação de jornada, o que implica no
pagamento das horas extraordinárias, conforme determinado pela sentença.(TST-
RR-281-20.2013.5.04.0662, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira Valadão Lopes, julgado em
24/5/2023)(Info 273 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

A redução ou supressão, por meio de norma coletiva, do direito de inserção no mercado de


trabalho de jovens aprendizes, pessoas com deficiência ou reabilitadas, viola o patrimônio ético-
moral da coletividade, configurando conduta ilícita passível de condenação ao pagamento de
indenização por dano moral coletivo.(TST-RR-24238-76.2020.5.24.0006, 1ª Turma, rel. Min.
Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em 24/5/2023) (Info 273-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Dissídio Coletivo Tema: Greve Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 273

O Tema 531 da Tabela de Repercussão Geral do STF estabelece o desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, salvo se
demonstrado que a greve foi causada por conduta ilícita do Poder Público. Entretanto, diante
das particularidades do caso, incluindo o lapso temporal desde o ajuizamento do dissídio e a
greve de longa duração, a aplicação dos descontos deve ser moderada. Por atenção aos
princípios da razoabilidade e proteção do salário, a decisão determinou a limitação dos
descontos dos dias parados a 10% do salário mensal, por analogia ao disposto no artigo 46,
caput e § 1º, da Lei 8.112/90, até atingir 50% dos dias parados. TST-RO-1841-08.2011.5.15.0000,
SDC, red. p/ acórdão Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, julgado em 15/5/2023. (Info 273 -
TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Compensação de Jornada


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

É válida a cláusula estabelecida em acordo coletivo de trabalho que permite jornada superior a 8
horas diárias para regime de compensação em turnos ininterruptos de revezamento. A ausência
de restrição explícita no inciso XIV do artigo 7º da Constituição Federal não impede o
alongamento do limite da jornada laboral nesse contexto, tampouco veda o uso do sistema de
compensação de jornada na negociação coletiva. O entendimento do STF, conforme o Tema nº
1.046, ratifica a validade desse acordo coletivo, conforme demonstrado na decisão da SBDI-II do
TST no Recurso Ordinário julgado.TST- RO-11130-56.2015.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José
Dezena da Silva, julgado em 16/5/2023. (Info 273 - TST)
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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Recurso de Revista


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 273

A exigência de realização de testes de HIV e toxicológicos como requisito para admissão


configura conduta discriminatória, violando a intimidade e privacidade do trabalhador, resultando
em dano extrapatrimonial, especialmente quando não se justifica pela natureza da função
desempenhada, sendo vedada pela Lei nº 9.029/95, ainda mais quando não é aplicada de forma
uniforme a todos os empregados em situações similares.(TST-RRAg-302-07.2018.5.09.0007, 1ª
Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em 17/5/2023)(Info 273-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 272

Em consonância com o Tema 1.046 da Repercussão Geral do STF, a validade da norma coletiva
que estabelece o regime de compensação 12x36 para atividade insalubre é reconhecida, não
envolvendo direito indisponível. A jurisprudência anterior consolidada no item VI da Súmula 85
do TST é superada pela nova compreensão jurisprudencial respaldada pelo precedente
vinculante do Supremo Tribunal Federal.(TST-RR-81-52.2019.5.23.0022, 1ª Turma, rel. Min.
Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em 3/5/2023)(Info 272-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional de


transferência Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 272

Para efeito do pagamento do adicional de transferência, a mudança de domicílio do empregado


ocorre quando ele é transferido para trabalhar em localidade diferente daquela onde foi
originalmente contratado e residia, ainda que permaneça em alojamento fornecido pela empresa
na nova localidade, e mesmo que ocasionalmente retorne ao domicílio de origem para estar com
sua família e comunidade.TST-E-RR-11011-20.2018.5.03.0185, SBDI-I, red. p/ acórdão Min.
Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 11/5/2023. (Info 272- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Empregador Tema: Responsabilidade Civil Tribunal:


TST Ano: 2023 Informativo: 272

A exigência do artigo 93 da Lei nº 8.213/91, que prevê cotas para pessoas com deficiência no
mercado de trabalho, impõe ao empregador não só a divulgação das vagas, mas também a
adoção de medidas efetivas para sua efetivação, inclusive mediante a adequação das funções
às limitações dos candidatos. A legislação e os tratados internacionais ratificados pelo Brasil
estabelecem a necessidade de igualdade de oportunidades e a proibição de discriminação por
deficiência, incluindo a não aplicação de critérios genéricos e desproporcionais no processo
seletivo para as vagas destinadas a pessoas com deficiência. A exigência injustificada de
qualificações excessivas e não razoáveis para funções como auxiliar de limpeza e atendente de
portaria configura discriminação por sobrequalificação, violando os princípios de igualdade de
oportunidades e inclusão. A obrigação de promover a inclusão das pessoas com deficiência no
mercado de trabalho não é afastada pela dificuldade de encontrar mão de obra qualificada,
cabendo ao empregador a adaptação do posto de trabalho às necessidades dos candidatos. O
descumprimento desse dever pode caracterizar dano moral coletivo, pois viola direitos sociais
constitucionalmente garantidos, justificando a condenação ao pagamento de indenização. (TST-
RR-1001046-33.2017.5.02.0712, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
10/5/2023) (Info 272- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Assédio Moral Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo:
272

A condenação por danos morais em casos de assédio moral e sexual no ambiente de trabalho,
em conformidade com o artigo 5º da Constituição Federal e o Código Civil de 2002, visa
proteger a dignidade, a integridade psíquica e o bem-estar individual do trabalhador. A aplicação
do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, respaldado por recomendações
internacionais e pelo Conselho Nacional de Justiça, busca equilibrar as forças no processo
judicial, especialmente considerando a vulnerabilidade da vítima, assegurando reparação
adequada e combatendo a perpetuação de estereótipos de gênero e discriminações. O Tribunal
Regional, ao reconhecer e fundamentar a gravidade do assédio moral e sexual no caso
analisado, adotou as orientações do Protocolo, demonstrando o respeito à dignidade da pessoa
humana e garantindo a proteção dos direitos da vítima. (TST-AIRR-10139-94.2021.5.03.0186, 3ª
Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 10/5/2023)(Info 272 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Medidas atípicas


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 272

É cabível o habeas corpus contra a decisão que determina a suspensão do passaporte como
medida atípica de execução, quando essa medida viola o direito de locomoção do indivíduo,
especialmente se há circunstâncias relevantes, como a necessidade profissional do documento.
A decisão que prolonga o constrangimento ilegal do paciente ao manter a suspensão do
passaporte viola os princípios da menor onerosidade, proporcionalidade e razoabilidade,
podendo ser revista por meio do habeas corpus.TST-HCCiv-1000316-05.2022.5.00.0000, SBDI-II,
rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 2/5/2023. (Info 272 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 271

Os acordos e convenções coletivas que estabelecem limitações ou afastamentos de direitos


trabalhistas, considerando a adequação setorial negociada, são constitucionais, desde que não
violem direitos absolutamente indisponíveis. Nesse sentido, a supressão da progressão da
parcela de anuênio, por não se tratar de um direito indisponível, é válida, prevalecendo a
autonomia da vontade coletiva conforme o art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, como decidido
pelo Supremo Tribunal Federal.(TST-RR-1291-62.2018.5.10.0014, 5ª Turma, rel. Min. Morgana de
Almeida Richa, julgado em 26/4/2023) (Info 271-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional de


Periculosidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 271

Redução da base de cálculo do adicional de periculosidade é alteração lesiva. TST-E-


ARR-10821-53.2016.5.15.0004, SBDI-I, rel. Min.Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em
27/4/2023. (Info TST -271).

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Discriminatória Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 271

Diante da jurisprudência consolidada do TST, a neoplasia maligna, por ser considerada uma
doença grave suscetível de gerar estigma ou preconceito, configura a presunção de dispensa
discriminatória, conforme estabelecido na Súmula nº 443. Nesse contexto, a dispensa de um
trabalhador doente, necessitando de tratamento médico regular, revela-se um ato ilegal e
abusivo, implicando risco de dano, visto a indispensabilidade do plano de saúde e da
manutenção da fonte de subsistência do empregado. TST-ROT-63-30.2021.5.05.0000, SBDI-II, rel.
Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em 18/4/2023. (Info 271-TST)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Concurso Público Tema: Pessoa com Deficiência
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 271

Em mandado de segurança, candidata deficiente aprovada em concurso público do TRT, que


optou pela investidura em outro órgão e teve sua nomeação desconstituída pelo não
reconhecimento da sua surdez unilateral como deficiência, tem direito ao retorno à lista de
aprovados na mesma classificação anterior, preservando sua colocação na lista de deficientes,
desde que a nomeação anterior não tenha sido efetivada. O Órgão Especial, ao conceder
parcialmente a segurança, assegurou a posição antes ocupada na lista de aprovados com
deficiência, sem prejudicar uma nova perícia pela junta médica da Corte Regional, caso a
candidata seja novamente nomeada.TST-ROT-1002020-33.2021.5.02.0000, Órgão Especial, rel.
Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 17/4/2023.(Info 271-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Contrato Individual de Trabalho Tema: Motorista por
Aplicativo Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 271

No contexto da relação entre a empresa de aplicativo e o motorista, não se configura a relação


de emprego, pois não há subordinação jurídica, sendo evidente a autonomia do motorista. A
empresa oferece tecnologia para conectar motoristas e usuários, mas estes últimos são
responsáveis por aceitar os serviços, determinar quando, onde e por quanto tempo prestam os
serviços. A utilização do aplicativo e a observância das regras mínimas impostas pela empresa
não implicam subordinação, mas visam manter a credibilidade do serviço. A proteção jurídica
aos motoristas de aplicativo deve ser buscada por vias legislativas, não sendo justificável
enquadrá-los em uma relação de emprego que não foi acordada ou desejada. Portanto, não há
violação direta e literal de dispositivos constitucionais invocados pelo autor, invalidando o
recurso de revista. (TST-RR-271-74.2022.5.13.0026, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto
Junior, julgado em 19/4/2023)(Info 271-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 271

Na ocorrência de falência ou recuperação judicial da empresa executada, a Justiça do Trabalho


possui competência para julgar solicitações de desconsideração da personalidade jurídica ou
redirecionamento da execução em relação a outras empresas do grupo econômico, pois o
patrimônio dessas pessoas jurídicas não se confunde com os ativos da empresa falida ou em
recuperação. Essa competência é respaldada por decisões prévias do Tribunal Superior do
Trabalho e fundamenta-se na distinção dos patrimônios envolvidos.(TST-
RR-192600-41.2002.5.02.0020, 7ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado
em 19/4/2023) (Info 271- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 271

A jurisprudência do STF tem reconhecido a aplicabilidade das leis municipais que estabelecem
benefícios trabalhistas para empregados públicos, equiparando-as aos regulamentos do
empregador. Dessa forma, a natureza salarial da parcela de alimentação e sua incorporação
remuneratória devem ser mantidas durante o contrato de trabalho, resguardando os direitos
adquiridos antes da vigência da lei que restringiu a integração da referida parcela à
remuneração.(TST-RR-10822-78.2019.5.15.0086, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira Valadão
Lopes, julgado em 19/4/2023)(Info 271-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 271

A responsabilidade civil objetiva do empregador, prevista no art. 927, parágrafo único, do Código
Civil, é aplicável nos casos em que a atividade laboral apresenta exposição habitual a risco
especial, implicando ônus maior ao trabalhador do que aos demais membros da coletividade.
Nesse sentido, mesmo diante de acidente decorrente de evento de terceiro, o empregador é
objetivamente responsável pelos danos sofridos pelo empregado quando a dinâmica da
atividade expõe o trabalhador a um risco elevado à sua integridade física, como no caso de
frentista de posto de gasolina, reconhecendo-se sua responsabilidade por danos morais,
independentemente de culpa direta no evento.(TST-RR-10495-51.2021.5.15.0026, 3ª Turma, rel.
Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 26/4/2023)(Info 271-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tema: Legitimidade


ativa Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

O espólio detém legitimidade ativa para pleitear indenização por dano moral em nome de
trabalhador falecido, desde que ocorra a violação de direitos personalíssimos, cujo direito de
exigir reparação é transmissível com a herança (art. 943 do Código Civil). Contudo, se o
trabalhador falecer instantaneamente em decorrência de acidente de trabalho, não há tempo
para experimentar o dano moral em vida, extinguindo-se sua personalidade, o que inviabiliza a
configuração do dano moral e, portanto, a legitimidade do espólio para pleitear essa reparação.
(TST-RRAg-11001-71.2020.5.03.0163, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em
12/4/2023)(Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Empregador Tema: Sucessão de empregadores


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

A aquisição de unidades produtivas autônomas não configura sucessão trabalhista nos termos
do artigo 60 da Lei n° 11.101/2005, mesmo que o acordo envolva o uso da marca, quando não
há alteração na estrutura societária das empresas envolvidas. Contratos de concessão de uso e
exploração de marcas têm natureza mercantil e não implicam em modificação na estrutura da
empresa em recuperação judicial. A condição de retomada do uso da marca pela adquirente não
caracteriza distinção relevante para configurar sucessão trabalhista, conforme entendimento
vinculante do Supremo Tribunal Federal na ADI 3.934, que reconheceu a ausência de sucessão
de créditos trabalhistas na aquisição de unidades produtivas isoladas em contexto de
recuperação judicial. O descumprimento dessa decisão vinculante implica na inobservância do
artigo 102, § 2º, da Constituição Federal, afastando o reconhecimento de sucessão trabalhista
no caso em questão. (TST-RR-176300-03.2004.5.02.0030, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues
Pinto Junior, julgado em 29/3/2023)(Info 270- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Contrato Individual de Trabalho Tema: Motorista por
Aplicativo Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

A definição do vínculo entre empresas gestoras de plataformas digitais e motoristas de


aplicativo requer análise das condições específicas em que o trabalho é realizado. O
estabelecimento do vínculo de emprego ocorre quando os motoristas são contratados via
plataforma digital para conduzir veículos sob comando de algoritmos preordenados por
inteligência artificial, com estruturação, gerenciamento e precificação do trabalho por comando
algorítmico, sujeitando o trabalhador a sanções disciplinares ou premiais. Nesse contexto, se
presentes tais condições factuais, configura-se um contrato de emprego relacionado ao
transporte de passageiros, não se tratando apenas de uma parceria tecnológica, mesmo que a
instância regional tenha interpretado de outra maneira os mesmos fatos.(TST-
RR-799-92.2021.5.08.0120, 6ª Turma, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em
12/4/23) (Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Sentença e Coisa Julgada Tema:


Homologação de Acordo Extrajudicial Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

O Juiz do Trabalho, ao homologar um acordo extrajudicial trabalhista, não se limita a um ato de


mera verificação da validade formal das vontades das partes. Ele exerce um ato jurisdicional
ativo e crítico, podendo excluir do acordo cláusulas abusivas, lesivas a direitos fundamentais ou
contrárias à ordem pública, preservando, assim, a função protetiva do Direito do Trabalho e a
igualdade entre as partes, especialmente considerando a situação de hipossuficiência do
empregado.(TST-RR-1001542-04.2018.5.02.0720, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire
Pimenta, julgado em 12/4/2023) (Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Ação Rescisória Tema: Cabimento


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

A decisão proferida em agravo de instrumento em recurso ordinário pode ser objeto de ação
rescisória, em caráter excepcional, quando resolve questão de mérito, como o indeferimento da
gratuidade de justiça, permitindo a desconstituição do acórdão e a posterior reabertura do
processo para que o autor possa emendar a petição inicial, sob os princípios da sanabilidade
dos vícios processuais, da cooperação e da decisão de mérito, conforme o CPC de 2015.TST-
ROT-11088-65.2019.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 28/3/2023.(Info 270
- TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Competência da Justiça do Trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

A Justiça do Trabalho é incompetente para julgar controvérsias relativas à revisão, alteração e


revogação de normas regulamentares, cuja competência jurisdicional é atribuída à Justiça
Federal, conforme estabelecido pelo art. 109, I, da Constituição Federal. TST-
ROT-344-79.2020.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 11/4/2023.
(Info 270-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Insalubridade e


Periculosidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

Mesmo com a previsão na Lei 13.467/2017, a regulamentação da prorrogação da jornada em


ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do
Trabalho, não é válida quando se trata de direitos vinculados à saúde, por serem amparados por
normas constitucionais e internacionais, e por representarem um patamar civilizatório mínimo
inegociável. Portanto, a norma coletiva que estipula a compensação ou prorrogação da jornada
em atividade insalubre, sem a devida autorização prévia das autoridades competentes, é
inválida, conforme disposto no artigo 60 da CLT, prevalecendo a proteção da saúde do
trabalhador sobre acordos coletivos.(TST-RR-10005-65.2019.5.03.0080, 3ª Turma, rel. Min.
Mauricio Godinho Delgado, julgado em 29/3/2023)(Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Situação vexatória


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

A responsabilidade civil do empregador por danos morais causados ao empregado pressupõe a


existência de três elementos: a conduta culposa (ação ou omissão contrária ao Direito), o dano
propriamente dito (violação aos atributos da personalidade) e o nexo causal entre esses
elementos. Restringir o acesso dos empregados aos banheiros, através do controle por câmeras
de vigilância, configura confissão ficta do empregador e caracteriza assédio moral, sendo
passível de indenização. O comportamento desrespeitoso e vexatório do empregador para com
o empregado, mesmo restrito ao ambiente de trabalho, constitui assédio moral e deve ser
indenizado quando evidenciado o dano, a conduta culposa e o nexo causal.(TST-
RR-1000028-23.2018.5.02.0362, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
29/3/2023) (Info 270 - TST)
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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Insalubridade e


Periculosidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

O deferimento do adicional de insalubridade sem a realização de perícia, quando não há


fundamentação com outras provas dos autos, viola o artigo 195, §2º, da CLT. Apesar de o juiz
não ser obrigado a adotar apenas o laudo pericial como prova, se optar por dispensá-lo, deve
fundamentar essa decisão com base em outras provas presentes no processo.(TST-
RR-10641-48.2015.5.08.0107, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 28/3/2023)
(Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Sentença e Coisa Julgada Tema:


Homologação de Acordo Extrajudicial Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

O juiz, ao apreciar um acordo extrajudicial, não está obrigado a homologá-lo automaticamente,


mesmo diante da manifestação de vontade das partes. É dever do magistrado avaliar a
pactuação proposta, buscando evitar vícios, atos simulados, fraudes ou prejuízos excessivos a
alguma das partes envolvidas. O poder conferido ao juiz permite não só a proposição de
conciliação, mas também a análise criteriosa do acordo antes de sua homologação, de acordo
com o artigo 765 da CLT. A Súmula 418 do TST destaca que a homologação de acordo não é um
direito líquido e certo das partes. Assim, a decisão agravada, proferida em estrita conformidade
com as normas processuais, não é passível de reforma ou reconsideração.(TST-Ag-
AIRR-10608-30.2020.5.03.0040, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
12/4/2023)(Info 270 -TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Segurança e Medicina do Trabalho Tema: Dano moral
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

Na dispensa arbitrária de um trabalhador com debilidade física por motivo de doença grave,
presume-se a discriminação, em afronta aos princípios constitucionais e às normas
antidiscriminatórias. Essa presunção decorre da proteção aos valores sociais do trabalho, à
dignidade da pessoa humana e à vedação à discriminação no ambiente laboral. A Súmula 443/
TST pacifica esse entendimento, presumindo a discriminação na despedida de empregados com
doenças graves que suscitem estigma ou preconceito. A não classificação da doença como
suscetível de causar estigma não obsta a constatação da dispensa discriminatória, desde que
haja provas que a comprovem nos autos. (TST-RR-1000934-94.2017.5.02.0702, 3ª Turma, rel.
Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 29/3/2023) (Info 270- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Contrato Individual de Trabalho Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 270

A existência de vínculo de emprego pode ser reconhecida mesmo diante do exercício


concomitante de atividade ilícita (como o jogo do bicho) e atividade lícita, desde que o trabalho
não esteja exclusivamente ligado à prática do tipo penal. Nesses casos, a jurisprudência do TST
afasta a aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 199 da SBDI-1 do TST, permitindo o
reconhecimento do contrato de trabalho se a atuação do profissional não se restringir ao
elemento do tipo penal e incluir atividades lícitas.(TST-Ag-AIRR-113-10.2021.5.13.0008, 5ª
Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 29/3/2023) (Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Estabilidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo:
270

Os direitos assegurados à gestante, incluindo a estabilidade no emprego, são indisponíveis e


não podem ser flexibilizados por meio de norma coletiva. A exigência de comunicação e
comprovação da gravidez para garantir esse direito, imposta por convenção coletiva, viola o
princípio constitucional de proteção à maternidade e contraria o entendimento consolidado do
STF e do TST, que não exigem a prova da gestação para assegurar a estabilidade provisória à
empregada gestante dispensada sem justa causa.TST-RO-503-47.2018.5.08.0000, SDC, rel. Min.
Dora Maria da Costa, julgado em 10/4/2023.(Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Acordo coletivo
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

A Lei 13.467/2017, ao alterar o artigo 477 da CLT, eliminou a exigência legal de assistência
sindical para formalização da rescisão contratual. Contudo, é viável que normas coletivas
estabeleçam autonomamente a obrigatoriedade de assistência sindical para esse fim, como
garantia adicional, prestigiando a negociação coletiva. No caso em questão, a cláusula de
Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), vigente até 30/06/2018, que impunha a homologação
das rescisões junto ao sindicato laboral, mesmo após a vigência da Lei da Reforma Trabalhista,
constitui vantagem extralegal benéfica e não viola a ordem jurídica. O não cumprimento dessa
cláusula, mesmo após a entrada em vigor da referida lei, enseja a aplicação da cláusula penal
(multa convencional), conforme estabelecido pela CCT, sendo legítima sua eficácia até o término
da sua vigência estipulada no instrumento normativo. O seu desrespeito configura violação do
próprio pacto coletivo.(TST-RR-10032-37.2019.5.15.0008, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho
Delgado, julgado em 12/4/2023)(Info 270-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Horas
Extraordinárias Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 270

Na ausência dos controles de jornada apresentados pelo empregador doméstico, a Lei


Complementar nº 150/2015 implica a presunção relativa da jornada alegada na inicial, passível
de ser contestada por prova em sentido contrário, conforme preceitua a Súmula nº 338, I, do TST
aplicada analogicamente ao caso. A falta de comprovação por parte do empregador doméstico
em relação ao registro de horário da empregada, juntamente com a ausência de outros meios de
prova, justifica a condenação ao pagamento de horas extras, em consonância com a nova
normativa e jurisprudência. (TST-RR-737-04.2020.5.20.0007, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros,
julgado em 12/4/2023)(Info 270 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 269

É válida norma coletiva que prevê o elastecimento de 10 minutos que antecedem e sucedem a
jornada para fins de apuração das horas extras.(TST-RRAg-816-79.2014.5.04.0381, 5ª Turma, rel.
Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 15/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Compensação de Jornada


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 269

A compensação prevista na norma coletiva entre a gratificação de função e as horas extras é


válida, não sendo uma matéria abrangida pela vedação estabelecida pelo STF.(TST-
RR-1001322-67.2020.5.02.0386, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em
15/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Aposentadoria Tribunal: TST Ano: 2023


Informativo: 269

Inaplicabilidade da aposentadoria compulsória aos empregados públicos celetistas. (TST-


RR-2007-38.2014.5.03.0010, 1ª Turma, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em
15/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tema: Ilegalidade Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 269

É fraudulenta a terceirização firmada entre empresas tomadora e prestadora integrantes do


mesmo grupo econômico.(TST-Ag-ARR-1258-54.2011.5.06.0006, 7ª Turma, rel. Min. Evandro
Pereira Valadão Lopes, julgado em 22/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa Incentivada Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 269

É inválida cláusula que obsta a adesão de empregado ao Plano de Desligamento Incentivo por
possuir ação judicial em face da empregadora.(TST-RR-484-88.2019.5.12.0034, 3ª Turma, rel.
Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em 22/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Partes e Procuradores Tribunal: TST Ano:
2023 Informativo: 269

As prerrogativas da Fazenda Pública relativas à isenção de custas e depósito recursal se


estendem à empresa pública EBSERH.TST-E-RR-252-19.2017.5.13.0002, Tribunal Pleno, rel. Min.
Kátia Magalhães Arruda, julgado em 20/3/2023.(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Horas


Extraordinárias Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 269

Tempo despendido com o deslocamento interno, após a Reforma, não é considerado tempo à
disposição. TST-Ag-RRAg-713-29.2021.5.06.0201, 5ª Turma,rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues,
julgado em 15/3/2023. (Info 269 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 269

A conduta de bonificar empregados que não participaram de movimento grevista em detrimento


daqueles que aderiram à greve consiste em atitude antissindical e discriminatória, em
desrespeito ao princípio da isonomia, visando impedir ou dificultar o livre exercício do direito de
greve.(TST-RR-704-80.2019.5.05.0196, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado
em 15/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Dissídio Coletivo Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 269

Descumprimento de normas de labor ambientais gera danos morais coletivos.(TST-Ag-


RRAg-57-45.2018.5.22.0003, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em
22/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tribunal: TST Ano: 2023
Informativo: 269

Jornada: é válida cláusula que estabelece possibilidade de jornada superior a 8 horas em regime
de compensação em turnos ininterruptos de revezamento.(TST-RRAg-489-43.2018.5.17.0152, 5ª
Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 15/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa imotivada Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 269

É nula a despedida sem observância de procedimentos previstos em norma interna. (TST-


RRAg-10723-55.2019.5.18.0012, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado em
22/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Horas Extras Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 269

Não se incluem as horas de sobreaviso na base de cálculo das horas extras. (TST-Ag-
AIRR-10846-98.2015.5.18.0010, 6ª Turma, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, julgado em
15/3/2023)(Info 269-TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Análogo à escravidão
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 268

Trabalho em condições análogas à de escravo gera danos morais coletivos. (TST-


RR-1002238-02.2016.5.02.0432, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em
8/3/2023) (Info 268 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Dispensa imotivada Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 268

É viciada a adesão ao Programa de Incentivo à Demissão Voluntária, depois de já efetivada a


despedida imotivada, de empregado incapacitado para o trabalho por doença psiquiátrica(TST-
Ag-RRAg-1147-26.2018.5.09.0658, 1ª Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em
8/3/2023) (Info 268 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Intervalos Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 268

Quando, além da pré-assinalação, há alguns dias em que o intervalo intrajornada não é anotado,
há presunção relativa de validade da pré-assinalação nos dias não anotados.(TST-
RR-2881-98.2017.5.09.0091, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
8/3/2023)(Info 268 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Procedimento Tribunal:


TST Ano: 2023 Informativo: 268

Não cabe rescisória contra acórdão que rejeita a exceção de pré-executividade. TST-
RO-353-46.2017.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, julgado em
7/3/2023.(Info 268- TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Quitação Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 268

Bloqueio de cartão de crédito é medida abusiva. TST-ROT-1087-82.2021.5.09.0000, SBDI-II, rel.


Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 28/2/2023.(Info 268- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Jornada de trabalho Tema: Intervalos Tribunal: TST
Ano: 2023 Informativo: 268

Restrição ao direito de ir e vir durante o intervalo gera danos morais ‘in re ipsa’. (TST-
AIRR-101786-94.2017.5.01.0501, 3ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em
8/3/2023)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tema: Responsabilidade Subsidiária


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 268

Administração Pública é responsável subsidiária em caso de culpa direta pelo inadimplemento


de créditos trabalhistas (TST-RR-1001111-26.2020.5.02.0323, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra da
Silva Martins Filho, julgado em 7/3/2023) (Info 268 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Execução Tema: Expedição de RPV


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 268

Determinação do magistrado de ordenar a satisfação dos créditos por antiguidade é lícita. (TST-
Ag-AIRR-2500-46.2008.5.13.0010, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em
1/3/2023) (Info 268- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Direito Coletivo do Trabalho Tema: Greve Tribunal:
TST Ano: 2023 Informativo: 267

Greve de apenas 5 (cinco) horas autoriza a compensação e não o desconto salarial.TST-


ROT-208-53.2021.5.17.0000, SDC, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, julgado em
13/2/2023. (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Condições de Trabalho Tema: Higiene e Saúde
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

Reconhece-se o direito de um empregado público, de ter reduzida em 50% a jornada de trabalho


de 40 horas semanais, sem a obrigatoriedade de compensação de horários e sem prejuízo da
remuneração que provê o sustento de sua família, a fim de que ele acompanhe o filho, que
completou quatro anos de idade no dia 25/6/2022, nas atividades terapêuticas indispensáveis
ao pleno desenvolvimento da criança, portadora da Síndrome de Dandy-Walker. (TST-
RR-1102-50.2019.5.22.0003, 8ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em
19/12/2022) (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Reconhecimento de vínculo empregatício Tribunal:


TST Ano: 2023 Informativo: 267

O trabalho pela plataforma tecnológica – e não para ela -, não atende aos critérios definidos nos
artigos 2º e 3º da CLT,

pois o usuário-motorista pode dispor livremente quando e se disponibilizará seu serviço de


transporte para os usuários-clientes, sem qualquer exigência de trabalho mínimo, de número
mínimo de viagens por período, de faturamento mínimo. No presente caso, o próprio motorista
reconheceu que exercia outra atividade e ativava o aplicativo apenas nas

horas vagas e quando assim desejasse (TST-Ag-AIRR-20614-50.2020.5.04.0014, 4ª Turma, rel.


Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 14/2/2023) (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Reconhecimento de vínculo empregatício Tema:


Continuidade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

Não apresentação dos controles de jornada não gera presunção relativa da alegada na
inicial(TST-Ag-AIRR-1196-93.2017.5.10.0102, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado
em 7/2/2023) (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Reconhecimento de vínculo empregatício Tribunal:


TST Ano: 2023 Informativo: 267

A relação jurídica do uber configura a chamada "subordinação jurídica algorítmica", que,


conforme a compreensão da Corte Regional, que aqui se reproduz, dá-se pela codificação do
"comportamento dos motoristas, por meio da programação do seu algoritmo, no qual insere
suas estratégias de gestão, sendo que referida programação fica armazenada em seu código-
fonte. Em outros termos, realiza, portanto, controle,

fiscalização e comando por programação neo-fordista". ((TST-RRAg-100853-94.2019.5.01.0067,


8ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 19/12/2022). (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Adicional de


Insalubridade Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

Após a Lei n.º 13.342/16, o agente comunitário de saúde tem direito ao adicional de
insalubridade independente da classificação da atividade na relação oficial do MTE(TST-Ag-
RR-10311-12.2016.5.15.0078, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira Valadão Lopes, julgado em
8/2/2023) (Info 267- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Outros assuntos Tema: Acidente de trabalho


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

Apesar da possível culpa da vítima, a responsabilidade do empregador não é excluída, pois o


trabalho de condução de veículos de carga é considerado de risco permanente, contribuindo
para o acidente, configurando uma situação de culpa compartilhada.TST-E-
RR-10206-03.2015.5.15.0100, SBDI-I, red. p/ acórdão Min. Augusto César Leite de Carvalho,
julgado em 9/2/2023. (Info 267- TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Terceirização Tema: Impossibilidade Tribunal: TST


Ano: 2023 Informativo: 267

Há fraude na terceirização se constatada a subordinação direta com o contratante dos


serviços(TST-Ag-AIRR-12082-31.2014.5.15.0131, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira Valadão
Lopes, julgado em 15/2/2023) (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Adicionais, gratificações, etc. Tema: Vale Transporte
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

Alteração contratual que restringe o direito ao vale-transporte à determinada região é ilícita.


(TST-Ag-AIRR-100996-50.2016.5.01.0015, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Bastos Balazeiro, julgado
em 8/2/2023) (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Recursos Tema: Depósito recursal


Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

A falta de complementação do depósito recursal no valor do limite legal previsto em tabela


atualizada, na ocasião da interposição de novo recurso de revista, não constitui mera
insuficiência de recolhimento, mas sim ausência, o que impede a concessão de prazo para
regularização do preparo. .TST-Ag-E-ARR-189-71.2010.5.22.0104, SBDI-I, rel. Min. Hugo Carlos
Scheuermann, julgado em 16/2/2023. (Info 267 - TST)

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Disciplina: Direito Processual do Trabalho Assunto: Prazos Processuais Tema: Data de Início
Tribunal: TST Ano: 2023 Informativo: 267

Certificação incorreta do prazo por falha do Poder Judiciário gera cerceamento de defesa. (TST-
RR-1046-13.2011.5.18.0131, 8ª Turma, rel. Min. Delaíde Alves Miranda Arantes, julgado em
8/2/2023) (Info 267 - TST)

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226 Julgados exportados
Tribunal: STJ, Ano: 2023,

Disciplina: Direito Tributário Assunto: Execução Fiscal Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
1102

Considera-se fraudulenta a alienação, mesmo quando há transferências sucessivas do bem,


feita após a inscrição do débito em dívida ativa, sendo desnecessário comprovar a má-fé do
terceiro adquirente.AgInt no AREsp 930.482-SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, por unanimidade, julgado em 8/8/2023.(Info 782 - STJ)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Estaduais Tema: ICMS Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 799

O ICMS-ST não compõe a base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS, devidas pelo
contribuinte substituído no regime de substituição tributária progressiva.REsp 1.896.678-RS e
REsp 1.958.265-SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
13/12/2023 (Tema 1125 - Recursos Repetitivos) (Info 799 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra o patrimônio Tema: Roubo Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 799

A utilização de simulacro de arma configura a elementar grave ameaça do tipo penal do roubo,
subsumindo à hipótese legal que veda a substituição da pena. REsp 1.994.182-RJ, Rel. Ministro
Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria, julgado em 13/12/2023 (Tema 1171 -
Recursos Repetitivos) (Info 799 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Das penas Tema: Extinção da punibilidade Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 798

As decisões proferidas pelo Superior Tribunal Justiça, em recurso interposto contra o acórdão
confirmatório da pronúncia, não se inserem no conceito do art. 117, inciso III, do Código Penal
como causa interruptiva da prescrição. HC 826.977-SP, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Rel. para
acórdão Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por maioria, julgado em
5/12/2023. (Info 798 - STJ)
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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais Tema:


Inviolabilidade de domicílio Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 798

O galpão destinado para atividades comerciais não se enquadra no conceito de domicílio, ainda
que por extensão. AgRg no HC 845.545-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 17/10/2023, DJe 20/10/2023. (Info 798 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Precatórios Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
798

O art. 100, § 1º, da Constituição Federal traz um rol exemplificativo, de sorte que a definição da
natureza alimentar das verbas nele elencadas encontra-se vinculada à destinação precípua de
subsistência do credor e de sua família. RMS 72.481-BA, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira
Turma, por unanimidade, julgado em 5/12/2023. (Info 798 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Colaboração Premiada Tema: Homoligação do


acordo Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 798

Enquanto sanção premial atípica, a imediata privação da liberdade, nos termos do acordo de
colaboração premiada, condicionada à homologação judicial, não ofende a Constituição ou a lei
de regência. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Raul Araújo, Corte Especial, por
maioria, julgado em 23/11/2023. (Info 798 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
798

O juiz não pode desconsiderar a cronologia das etapas da valoração das provas, sob pena de
facilitar verdadeira inversão do ônus da prova no caso concreto, exigindo da defesa o que
primeiro caberia à acusação. REsp 2.042.215-PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Rel. para
acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por maioria, julgado em 3/10/2023, DJe
25/10/2023. (Info 798 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Cobertura Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 798

É obrigatória a cobertura, pela operadora do plano de saúde, de cirurgias de transgenitalização e


de plástica mamária com implantação de próteses em mulher transexual. REsp 2.097.812-MG,
Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/11/2023, DJe
23/11/2023. (Info 798 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Fixação de honorários advocatícios Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 797

Os custos decorrentes da contratação de advogado para o ajuizamento de ação, por si só, não
são indenizáveis, sob pena de atribuir ilicitude a qualquer pretensão questionada judicialmente.
AgInt no AREsp 2.135.717-SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 30/10/2023, DJe 6/11/2023. (Info 797 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Concurso Público Tema: Edital Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 797

As regras editalícias nos concursos públicos vinculam tanto a Administração como os


candidatos participantes. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 9/10/2023, DJe 11/10/2023. (Info 797 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Acordo de Não Persecução Penal - ANPP
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 797

O fato de o acordo de não persecução penal não gerar reincidência ou maus antecedentes não
necessariamente implica o reconhecimento de "bom comportamento público e privado", para
fins de reabilitação criminal, conforme estabelecido no art. 94, II, do Código Penal. REsp
2.059.742-RS, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
28/11/2023. (Info 797 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Reembolso Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 797
Configurada a omissão da operadora na indicação de prestador de serviço de saúde da rede
credenciada, o beneficiário faz jus ao reembolso integral das despesas assumidas com o
tratamento de saúde. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 7/11/2023, DJe 14/11/2023. (Info 797 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Ação Penal Tema: Representação Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 797

O mero comparecimento da vítima em observância ao mandado de intimação expedido pela


autoridade policial, sem que seja colhida a manifestação expressa do interesse de representar,
não configura representação para fins penais. REsp 2.097.134-RJ, Rel. Ministro Sebastião Reis
Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 21/11/2023, DJe 28/11/2023. (Info 797 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Busca pessoal Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 796

A inspeção de segurança nas bagagens dos passageiros de ônibus, em fiscalização de rotina


realizada pela Polícia Rodoviária Federal, tem natureza administrativa e prescinde de fundada
suspeita. HC 625.274-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
17/10/2023, DJe 20/10/2023. (Info 796 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Concurso Público


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 796

A aplicação do percentual de reserva de vagas para candidatos com deficiência que resulta em
número fracionário enseja o seu arredondamento para o inteiro imediatamente superior. AREsp
2.397.514-SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado
em 21/11/2023. (Info 796 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Remoção Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 794

Para fins de concessão de remoção ao servidor público, ainda que provisoriamente, à luz do art.
36, parágrafo único, III, b, da Lei 8.112/1990, há a necessidade de preenchimento do requisito da
dependência econômica, não abrangendo eventual dependência física ou afetiva. REsp
2.015.278-PB, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
7/11/2023. (Info 794 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Progressão de
Regime Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 794

Não configura combinação de leis a aplicação do requisito objetivo para a progressão de regime
previsto na antiga redação do art. 112 da Lei de Execução Penal, em relação ao crime comum, e
a aplicação retroativa do Pacote Anticrime para reger apenas a progressão do crime hediondo,
quando ambos os delitos compõem uma mesma execução penal e foram praticados em
momento anterior à edição da Lei n. 13.964/2019. REsp 2.026.837-SC, Rel. Ministro Messod
Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 7/11/2023. (Info 794 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Da comunicação dos atos processuais Tema:
Intimação Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 794

Se o devedor fiduciante se escusa, por diversas vezes, de receber as intimações para purgar a
mora em seu endereço comercial, conforme expressamente indicado no contrato de alienação
fiduciária de imóvel, induzindo os Correios a erro ao indicar possível mudança de domicílio que
nunca existiu, não há óbice à sua intimação por edital. REsp 1.733.777-SP, Rel. Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 17/10/2023, DJe 23/10/2023. (Info
794 - STJ)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Previdência Complementar Tema: Planos Tribunal:


STJ Ano: 2023 Informativo: 794

Não incide a contribuição previdenciária da Lei n. 8.212/1991 sobre os valores vertidos a planos
de previdência privada complementar de administradores não empregados, mesmo quando não
disponibilizados à totalidade de empregados e dirigentes da empresa. (1) A distribuição de
lucros e resultados destinada aos administradores sem vínculo empregatício, na condição de
segurados obrigatórios (contribuintes individuais), constitui verba remuneratória, devendo
integrar o salário de contribuição. (2)REsp 1.182.060-SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira
Turma, por unanimidade, julgado em 7/11/2023. (Info 794 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Reincidência Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 793

A reincidência específica como único fundamento só justifica o agravamento da pena em fração


mais gravosa que 1/6 em casos excepcionais e mediante detalhada fundamentação baseada
em dados concretos do caso. REsp 2.003.716-RS, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 25/10/2023 (Tema 1172 - Recursos Repetitivos). (Info 793 -
STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Precatórios Tema: Lei n. 13.463/2017 Tribunal:


STJ Ano: 2023 Informativo: 793

A pretensão de expedição de novo precatório ou requisição de pequeno valor, fundada nos arts.
2º e 3º da Lei n. 13.463/2017, sujeita-se à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto n.
20.910/1932 e tem, como termo inicial, a notificação do credor, na forma do § 4º do art. 2º da
Lei n. 13.463/2017. REsp 1.961.642-CE, REsp 1.944.707-PE, REsp 1.944.899-PE, Rel. Ministra
Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 25/10/2023 (Tema 1141 -
Recursos Repetitivos). (Info 793 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Sigilo de dados Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 792

É possível a utilização, no ordenamento jurídico pátrio, de ações encobertas, controladas virtuais


ou de agentes infiltrados no plano cibernético, inclusive via espelhamento do Whatsapp Web,
desde que o uso da ação controlada na investigação criminal esteja amparada por autorização
judicial.

AREsp 2.309.888-MG, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 17/10/2023.

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 792

"A reincidência pode ser admitida pelo juízo das execuções penais para análise da concessão de
benefícios, ainda que não reconhecida pelo juízo que prolatou a sentença condenatória".

REsp 2.049.870-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por maioria, julgado em
17/10/2023, DJe 20/10/2023. (Tema 1208).
REsp 2.055.920-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por maioria, julgado em
17/10/2023, DJe 20/10/2023. (Tema 1208)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Práticas Comerciais Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 792

"A publicidade do tipo puffing, cuja mensagem enaltece o fato de um aparelho de ar


condicionado ser "silencioso", não tem aptidão para ser fonte de dano difuso, pois não ostenta
qualquer gravidade intolerável em prejuízo dos consumidores em geral."

REsp 1.370.677-SP, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
17/10/2023.

Informativo 792 STJ

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Licitação Tema: Modalidades Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 792

"A Administração Pública é obrigada a divulgar, permanentemente, edital de credenciamento em


sítio eletrônico somente após a vigência da Nova Lei de Licitações e Contratações
Administrativas."

Informativo 792 - STJ

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Falta grave Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 792

"A recusa do detento em aceitar alimento que julga impróprio para consumo, quando realizada
de forma pacífica e sem ameaçar a segurança do ambiente carcerário, não configura falta
grave."

Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 17/10/2023.

Informativo 792 STJ

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Concurso de Crimes Tema: Continuidade Delitiva Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 792

"No crime de estupro de vulnerável, é possível a aplicação da fração máxima de majoração


prevista no art. 71, caput, do Código Penal, ainda que não haja a delimitação precisa do número
de atos sexuais praticados, desde que o longo período de tempo e a recorrência das condutas
permita concluir que houve 7 (sete) ou mais repetições."

REsp 2.029.482-RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
17/10/2023. (Tema 1202).

REsp 2.050.195-RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
17/10/2023 (Tema 1202).

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Prescrição Tema: Prazos Prescricionais Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 792

"O reconhecimento da prescrição da pretensão impede tanto a cobrança judicial quanto a


cobrança extrajudicial do débito."

REsp 2.088.100-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
17/10/2023.

Informativo 792 STJ

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Aposentadoria


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 790

Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do


ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo
à respectiva Corte de Contas.AgInt no AREsp 366.017-PR, Rel. Ministro Paulo Sérgio Domingues,
Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 3/10/2023, DJe 6/10/2023.(Info 790 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Dos processos nos Tribunais e dos Meios de
Impugnação das decisões judiciais Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 790

A aplicação do art. 942 do CPC/2015 deve ser observada no julgamento não unânime dos
embargos de declaração na hipótese em que, do julgamento dos embargos de declaração
opostos contra o acórdão de apelação unânime, surge divergência que altera o resultado
inicial.AREsp 2.214.392-SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade,
julgado em 3/10/2023, DJe 5/10/2023.(Info 790- STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Poderes Administrativos Tema: Poder de Polícia


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 790

Não é possível delegar a função sancionadora do exercício do poder de polícia à Câmara de


Comercialização de Energia Elétrica - CCEE por ser uma associação privada que não integra a
Administração Pública.REsp 1.950.332-RJ, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 26/9/2023, DJe 2/10/2023. (Info 790 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Procedimentos Especiais Tema: Ações sobre
Alimentos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 790

É possível a inclusão das prestações alimentícias vencidas no curso da execução, ainda que o
credor opte pelo procedimento da coerção patrimonial, previsto no art. 528, § 8º, do CPC/2015,
em observância dos princípios da efetividade, da celeridade e da economia processual.Processo
em segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 12/9/2023.(Info 790 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Tempestividade Tema: Feriado Local Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 790

O dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) não é considerado feriado nacional, mas, sim,
feriado local, o qual deve ser comprovado no momento da interposição do recurso, não se
admitindo a comprovação posterior.AgInt no AREsp 1.490.251-AL, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 2/10/2023.(Info 790 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Ação Rescisória Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 790

A base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais deve ter como parâmetro a
própria ação rescisória, e não a ação originária cuja decisão se pretende rescindir.REsp
2.068.654-PA, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
12/9/2023, DJe 15/9/2023.(Info 790 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Falência e Recuperação de Empresas Tema:


Recuperação Judicial Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

A presença de procurador de instituição financeira em assembleia, comprovada por sua


assinatura, ainda que ocorra apenas no campo relativo aos demais representados, permite sua
participação nas deliberações e votações, considerando-se essa ocorrência mera
irregularidade.REsp 1.848.292-MT, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 12/9/2023, DJe 19/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Greve Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 789

A impossibilidade de obtenção dos registros acerca dos dias não trabalhados ou das horas
compensadas não pode se tornar um óbice para descontar os dias não trabalhados pelos
servidores públicos em decorrência de greve. Pet 12.329-DF, Rel. Ministro Francisco Falcão,
Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 27/9/2023, publicado em 2/10/2023. (Info 789 -
STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Alienação fiduciária em garantia Tema: Alienação Fiduciária
de bens imóveis Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

A ausência de registro do contrato que serve de título à propriedade fiduciária no Registro de


Imóveis não retira a validade do ajuste entre os contratantes, bem como não impede o credor
fiduciário de, após a efetivação do registro, promover a alienação extrajudicial do bem.EREsp
1.866.844-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Segunda Seção, por maioria, julgado em 27/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Direito da Empresa e Direito Societário Tema:


Sociedade Simples Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789
Embora a alteração no contrato social da sociedade empresária possa produzir efeitos desde
logo, antes mesmo de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, a produção de efeitos externos, em relação a terceiros, pressupõe que seja
adequadamente formalizada e publicizada por intermédio de seu registro.REsp 1.864.618-RJ,
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023,
DJe 19/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Falência e Recuperação de Empresas Tema: Falência


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

A existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas impõe que as falências devem
ser reunidas perante o juízo onde fica localizado o principal estabelecimento do devedor
conforme estabelecido no art. 3º da Lei 11.101/2005.CC 183.402-MG, Rel. Min. Humberto
Martins, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 27/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Férias Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 789

É possível a compensação de créditos decorrentes da aquisição de imóveis em contrato


administrativo firmado entre empresa pública e particular, mesmo sem autorização deste.REsp
1.913.122-DF, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
12/9/2023, DJe 15/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Alienação fiduciária em garantia Tema: Alienação Fiduciária
de bens imóveis Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

Em execução por dívida condominial movida pelo condomínio edilício, é possível a penhora do
próprio imóvel que dá origem ao débito, ainda que esteja alienado fiduciariamente, devendo o
condomínio exequente promover a prévia citação também do credor fiduciário, a fim de que
venha integrar a execução, facultando-lhe a oportunidade de quitar o débito condominial.REsp
2.059.278-SC, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. para acórdão Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
por maioria, julgado em 23/5/2023, DJe 12/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Direito da Empresa e Direito Societário Tema:


Sociedade Simples Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

Embora a alteração no contrato social da sociedade empresária possa produzir efeitos desde
logo, antes mesmo de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, a produção de efeitos externos, em relação a terceiros, pressupõe que seja
adequadamente formalizada e publicizada por intermédio de seu registro.REsp 1.864.618-RJ,
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023,
DJe 19/9/2023.(Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Cumprimento de sentença Tema: Prazo para
pagamento Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

No cumprimento de sentença, na hipótese de o credor não manifestar oposição aos termos do


requerimento de cumprimento espontâneo apresentado pelo devedor, cabe ao juiz declarar
satisfeita a obrigação e extinguir o processo em razão da preclusão.REsp 2.077.205-GO, Rel.
Ministro Humberto Martins, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 26/9/2023.(Info 789 -
STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Condomínio Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 789

Subsistindo o condomínio sobre determinado bem imóvel após a partilha, por ato voluntário dos
coerdeiros que aceitaram a herança, os sucessores coproprietários do imóvel respondem
solidariamente pelas respectivas despesas condominiais, independentemente da

expedição do formal de partilha, resguardado o direito de regresso constante do art. 283 do CC.
REsp 1.994.565-MG, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze,Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em

26/9/2023. (Info 789 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
788

A instituição financeira responde objetivamente por falha na prestação de serviços bancários ao


permitir a contratação de empréstimo por estelionatário.REsp 2.052.228-DF, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 12/9/2023, DJe 15/9/2023 (Info 788 -
STJ)
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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Recursos Tema: Recurso Especial Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 788

Não é cabível agravo interno contra decisão que indefere o ingresso de terceiro na qualidade de
amicus curiae em recurso especial representativo de controvérsia.AgInt na PET no REsp
1.908.497-RN, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
13/9/2023, DJe 20/9/2023. (Info 788 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
788

A vendedora de passagem aérea não responde solidariamente com a companhia aérea pelos
danos morais e materiais experimentados pelo passageiro em razão do cancelamento do
voo.REsp 2.082.256-SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por maioria, julgado
em 12/9/2023, DJe 21/9/2023. (Info 788 - STJ)

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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Responsabilidade por danos ao meio ambiente Tema:
registros de propriedade particular Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 787

As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo possível exigi-las, à escolha do
credor, do proprietário ou possuidor atual, de qualquer dos anteriores, ou de ambos, ficando
isento de responsabilidade o alienante cujo direito real tenha cessado antes da causação do
dano, desde que para ele não tenha concorrido, direta ou indiretamente.REsp 1.953.359-SP, Rel.
Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 13/9/2023(Info 787
- STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Aposentadoria


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 787

Não ocorre renúncia tácita à prescrição (art. 191 do Código Civil), a ensejar o pagamento
retroativo de parcelas anteriores à mudança de orientação jurídica, quando a Administração
Pública, inexistindo lei que, no caso concreto, autorize a mencionada retroação, reconhece
administrativamente o direito pleiteado pelo interessado.REsp 1.925.192-RS, Rel. Ministro Sérgio
Kukina, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 13/9/2023(Info 787 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Responsabilidade


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 787

(I) É de cobertura obrigatória pelos planos de saúde a cirurgia plástica de caráter reparador ou
funcional indicada pelo médico assistente, em paciente pós-cirurgia bariátrica, visto ser parte
decorrente do tratamento da obesidade mórbida;

(II) Havendo dúvidas justificadas e razoáveis quanto ao caráter eminentemente estético da


cirurgia plástica indicada ao paciente pós-cirurgia bariátrica, a operadora de plano de saúde
pode se utilizar do procedimento da junta médica, formada para dirimir a divergência técnico-
assistencial, desde que arque com os honorários dos respectivos profissionais e sem prejuízo
do exercício do direito de ação pelo beneficiário, em caso de parecer desfavorável à indicação
clínica do médico assistente, ao qual não se vincula o julgador.

REsp 1.870.834-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade,
julgado em 13/09/2023, DJe 19/9/2023(Info 787 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Terrenos de Marinha Tema: registros de


propriedade particular Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 787

Nos procedimentos de demarcação de terrenos de marinha, é válido o ato jurídico de


chamamento de interessados certos ou incertos à participação colaborativa com a
Administração formalizado exclusivamente por meio de edital, desde que o ato tenha sido
praticado no período de 31/05/2007 até 28/03/2011, em que produziu efeitos jurídicos a
alteração legislativa do art. 11 do Decreto-lei n. 9.760/1946 promovida pelo art. 5º da Lei n.
11.481/2007.REsp 2.015.301-MA, Rel. Ministro Paulo Sérgio Domingues, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 13/9/2023, DJe 15/9/2023(Info 787 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Recursos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
787

É cabível agravo de instrumento contra a decisão que acolhe embargos à monitória para excluir
a parte dos litisconsortes passivos, remanescendo o trâmite da ação monitória em face de outro
réu.REsp 1.828.657-RS, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 5/9/2023. (Info 787 - STJ)
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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Responsabilidade por danos ao meio ambiente Tema:
Responsabilidade administrativa ambiental Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 787

A validade das multas administrativas por infração ambiental, previstas na Lei n. 9.605/1998,
independe da prévia aplicação da penalidade de advertência.REsp 1.984.746-AL, Rel. Ministra
Regina Helena Costa, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 13/9/2023, DJe 19/9/2023.
(Tema 1159). (Info 787 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Circunstâncias judiciais - art. 59
do CP Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 786

É idônea a mensuração da repercussão internacional do delito na majoração da pena-base pelas


consequências do crime.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 22/8/2023, DJe 28/8/2023. (Info 786 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Intervenção do Estado na propriedade Tema:


Limitação Administrativa Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 786

Tratando-se de limitação administrativa, em regra, é indevido o pagamento de indenização aos


proprietários dos imóveis abrangidos em área delimitada por ato administrativo, a não ser que
comprovem efetivo prejuízo, ou limitação além das já existentes.AREsp 551.389-RN, Rel.
Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 5/8/2023. (Info 786
- STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Crime continuado Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 786

Não incide a regra a continuidade delitiva especifica nos crimes de estupro praticados com
violência presumida.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 5/9/2023, DJe 8/9/2023. (Info 786 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Lei Maria da Penha Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
786

A alteração promovida pela Lei n. 14.550/2023 não provocou qualquer modificação quanto à
natureza cautelar penal das medidas protetivas previstas no art. 22, incisos I, II e III, da Lei n.
11.340/2006, apenas previu uma fase pré-cautelar na disciplina das medidas protetivas de
urgência.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 5/9/2023. (Info 786 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Provas Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 786

A plenitude de defesa exercida no Tribunal do Júri não impede que o magistrado avalie a
pertinência da produção da prova.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay
Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 5/9/2023. (Info 786 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Questionário e Votação
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 786

A má formulação de quesito, com imputações não admitidas na pronúncia, causa nulidade


absoluta e justifica exceção à regra da impugnação imediata, afastando-se a preclusão.REsp
2.062.459-RS, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Ministro Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, por maioria, julgado em 5/9/2023. (Info 786 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Lei Maria da Penha Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
785

A aproximação do réu com o consentimento da vítima torna atípica a conduta de descumprir


medida protetiva de urgência.AgRg no AREsp 2.330.912-DF, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta
Turma, por unanimidade, julgado em 22/8/2023, DJe 28/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Direito da Empresa e Direito Societário Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 785
A contratação de links patrocinados, em regra, caracteriza concorrência desleal quando: (I) a
ferramenta Google Ads é utilizada para a compra de palavra-chave correspondente à marca
registrada ou a nome empresarial; (II) o titular da marca ou do nome e o adquirente da palavra-
chave atuam no mesmo ramo de negócio (concorrentes), oferecendo serviços e produtos tidos
por semelhantes; e (III) o uso da palavra-chave é suscetível de violar as funções identificadora e
de investimento da marca e do nome empresarial adquiridos como palavra-chave.REsp
2.032.932-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 8/8/2023, DJe 24/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Responsabilidade


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 785

A operadora de plano de saúde deve custear o procedimento de criopreservação de óvulos,


como medida preventiva à infertilidade, enquanto possível efeito adverso do tratamento de
quimioterapia prescrito para câncer de mama, até a alta da quimioterapia.REsp 1.962.984-SP,
Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 15/8/2023, DJe
23/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Contratos em espécie Tema: Comodato e Mútuo Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 785

No contrato de comodato, não poderá o comodante ser onerado pelas despesas ordinárias da
coisa, exceto em caso de consentimento expresso.AgInt no AREsp 1.657.468-SP, Rel. Ministro
João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 21/8/2023, DJe
23/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Da sentença e da coisa julgada Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 785

A eficácia subjetiva da sentença coletiva abrange os substituídos domiciliados em todo o


território nacional desde que proposta por entidade associativa de âmbito nacional, em desfavor
da União, na Justiça Federal do Distrito Federal. AgInt no AREsp 2.122.178-SP, Rel. Ministro
Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 21/8/2023, DJe 24/8/2023. (Info
785 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Execução Extrajudicial Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 785

Em exibição incidental de documentos, cabe a presunção relativa de veracidade dos fatos que a
parte adversa pretendia comprovar com a juntada dos documentos solicitados, sendo que, no
julgamento da lide, as consequências dessa veracidade serão avaliadas, em conjunto com as
demais provas produzidas.AgInt no AREsp 2.102.423-PR, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 21/8/2023, DJe 24/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Lei Maria da Penha Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 785

A decisão que homologa o arquivamento do inquérito que apura violência doméstica e familiar
contra a mulher deve observar a devida diligência na investigação e a observância de aspectos
básicos do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero do Conselho Nacional de
Justiça, em especial quanto à valoração da palavra da vítima, corroborada por outros indícios
probatórios, que assume inquestionável importância.RMS 70.338-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 22/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Certidão da Dívida Ativa - CDA Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 785

A Administração Pública pode inscrever em cadastros de restrição de crédito os seus


inadimplentes, ainda que não haja inscrição prévia em dívida ativa. AREsp 2.265.805-ES, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 22/8/2023, DJe
25/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Sigilo de dados Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 785

Sob pena de nulidade, a utilização da fundamentação per relationem demanda, ainda que
concisamente, acréscimos de fundamentação pelo magistrado ou exposição das premissas
fáticas que formaram sua convicção.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 8/8/2023, DJe 15/8/2023. (Info
785 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Competência por
prerrogativa de função Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 785

Havendo solução de continuidade entre os mandatos, não exercidos de maneira ininterrupta,


cessa o foro por prerrogativa de função referente a atos praticados durante o primeiro
mandato.AgRg no RHC 182.049-DF, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 8/8/2023, DJe 16/8/2023. (Info 785 - STJ)

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Disciplina: Direito do Trabalho Assunto: Aviso Prévio e Término do Contrato de Trabalho Tema:
Verbas rescisórias Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 779

É legal a fixação, em ato normativo infralegal, de prazo máximo para o trabalhador formal
requerer o seguro-desemprego. (REsp 1.959.550-RS, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 14/6/2023 - Tema 1136) (Info 779 – STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Conflito de competência


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 778

Compete ao Tribunal do Júri Federal julgar causa na qual há demonstração de interesse federal
específico em relação ao crime doloso contra a vida, ou quando há conexão deste com crime
federal.CC 194.981-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
24/5/2023.(Info 778 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Ingresso em domicílio Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 778

A confissão do réu, por si só, não autoriza a entrada dos policiais em seu domicílio, sendo
necessário que a permissão conferida de forma livre e voluntária pelo morador seja registrada
pela autoridade policial por escrito ou em áudio e vídeo.AgRg no AREsp 2.223.319-MS, Rel.
Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 9/5/2023, DJe
12/5/2023.(Info 778 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
777

A despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para aplicação da Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica, não é possível a responsabilização pessoal de sócio
que não desempenhe atos de gestão, ressalvada a prova de que contribuiu, ao menos
culposamente, para a prática de atos de administração.REsp 1.900.843-DF, Rel. Ministro Paulo
de Tarso Sanseverino (in memorian), Rel. para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, por maioria julgado em 23/5/2023, DJe 30/5/2023.(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
777

A responsabilidade por fato do serviço, por não ter a instituição financeira tomado medidas de
segurança adequadas, quando inequívoco que o ato ilícito praticado por terceiro foi a causa
determinante pelos danos sofridos pelo consumidor, não afasta a exceção à solidariedade,
disposta no art. 285 do Código Civil.REsp 2.069.446-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 23/5/2023, DJe 29/5/2023.(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra a Dignidade Sexual Tema: Estupro de
vulnerável Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 777

Admite-se o distinguishing quanto ao Tema 918/STJ (REsp 1.480.881/PI), na hipótese em que a


diferença de idade entre o acusado e a vítima não se mostrou tão distante quanto do acórdão
paradigma (o réu possuía 19 anos de idade, ao passo que a vítima contava com 12 anos de
idade), bem como há concordância dos pais da menor somado a vontade da vítima de conviver
com o réu e o nascimento do filho do casal, o qual foi registrado pelo genitor.Processo em
segredo de justiça, Rel. Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF1), Rel.
para acórdão Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por maioria, julgado em 16/5/2023,
DJe 25/5/2023.(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Competência da justiça


estadual Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 777

Compete à Justiça estadual processar e julgar causa quando não se verifica, da atuação de
indiciado que se autodeclara quilombola, disputa alguma por terra quilombola ou interesse da
comunidade na ação delituosa.
CC 192.658-RO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
10/5/2023, DJe 16/5/2023. (Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra o patrimônio Tema: Furto Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 777

No crime de furto contra empresa de segurança e transporte de valores, o prejuízo está inserido
no risco do negócio e não autoriza a exasperação da pena basilar, porquanto ínsito ao tipo
penal.AgRg no REsp 2.322.175-MG, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 30/5/2023.(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
777

O exame de corpo de delito poderá, em determinadas situações, ser dispensado para a


configuração de lesão corporal ocorrida em âmbito doméstico, na hipótese de subsistirem
outras provas idôneas da materialidade do crime.AgRg no AREsp 2.078.054-DF, Rel. Ministro
Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/5/2023, DJe 30/5/2023.
(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Nulidades Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 777

Não se pode compreender que uma postura mais firme (ou até mesmo dura) do Juiz Presidente
ao inquirir testemunha, durante a sessão plenária, influencie os jurados, a quem a Constituição
da República pressupôs a plena capacidade de discernimento, ao conceber o direito
fundamental do Tribunal do Júri.HC 682.181-RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 23/5/2023.(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Modalidades de Ações Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 777

Em ação reivindicatória, constatada a existência de dois títulos de propriedade para o mesmo


bem imóvel, prevalecerá o primeiro título aquisitivo registrado.REsp 1.657.424-AM, Rel. Ministro
Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 23/5/2023.(Info 777 -
STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra o patrimônio Tema: Latrocínio Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 777

A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima configura-se como concausa


preexistente relativamente independente, não sendo possível afastar o resultado mais grave
(morte) e, por consequência, a imputação de latrocínio.HC 704.718-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 23/5/2023.(Info 777 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Das partes e dos procuradores Tema: Despesas,
Honorários Advocatícios e Multas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 777

É cabível a condenação em custas e honorários advocatícios na hipótese de não conhecimento


do recurso inominado.EDcl no AgInt no PUIL 1.327-RS, Rel. Ministro Paulo Sérgio Domingues,
Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 24/5/2023, DJe 30/5/2023.(Info 777-STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Improbidade Administrativa Tema: Retroatividade


das alterações na LIA Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 776

Em atenção ao Tema 1199/STF, deve-se conferir interpretação restritiva às hipóteses de


aplicação retroativa da Lei n. 14.230/2021, adstringindo-se aos atos ímprobos culposos não
transitados em julgado. (AREsp 1.877.917-RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
por unanimidade, julgado em 23/5/2023.) (INFO 776 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Bem de Família Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 776

A oferta voluntária de seu único imóvel residencial em garantia a um contrato de mútuo,


favorecedor de pessoa jurídica em alienação fiduciária, não conta com a proteção irrestrita do
bem de família.EREsp 1.559.348-DF, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Segunda Seção, por maioria,
julgado em 24/5/2023.(Info 776 - STJ)
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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 776

A valoração do requisito subjetivo para concessão do livramento condicional - bom


comportamento durante a execução da pena (art. 83, inciso III, alínea a, do Código Penal) - deve
considerar todo o histórico prisional, não se limitando ao período de 12 meses referido na alínea
b do mesmo inciso III do art. 83 do Código Penal.REsp 1.970.217-MG, Rel. Ministro Ribeiro
Dantas, Terceira Seção, por maioria, julgado em 24/5/2023. (Tema 1161).(Info 776-STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Plano de Saúde Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 776

O menor sob guarda judicial do titular de plano de saúde deve ser equiparado a filho natural,
impondo-se à operadora a obrigação de inscrevê-lo como dependente natural - e não como
agregado - do guardião.REsp 2.026.425-MS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 23/5/2023, DJe 25/5/2023.(Info 776-STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Processo Administrativo


Disciplinar Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 775

A prorrogação do processo administrativo disciplinar, por si, não pode ser reconhecida como
causa apta a ensejar nulidade, porque não demonstrado o prejuízo consequente dessa
prorrogação. (AgInt no RMS 69.803-CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
por unanimidade, julgado em 9/5/2023.) (INFO – 775 – STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Jurisdição e competência Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 774

A competência para julgamento de ação de indenização por danos morais, decorrente de


ofensas proferidas em rede social, é do foro do domicílio da vítima, em razão da ampla
divulgação do ato ilícito.REsp 2.032.427-SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 27/4/2023, DJe 4/5/2023.(Info 774- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Procedimentos Especiais Tema: Ações
Possessórias Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 774

A via processual adequada para a retomada, pelo proprietário, da posse direta de imóvel locado
é a ação de despejo, na forma do art. 5º da Lei n. 8.245/1991, não servindo para esse propósito
o ajuizamento de ação possessória.REsp 1.812.987-RJ, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 27/4/2023, DJe 4/5/2023.(Info 774 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Servidores Públicos Tema: Remoção Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 774

A norma do art. 36, III, "b", da Lei n. 8.112/1990 não pode ser aplicada de maneira subsidiária
aos membros do Ministério Público da União. (Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro
Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 9/5/2023.) (Info – 774 – STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Bancos de dados. Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 773

A notificação do consumidor acerca da inscrição de seu nome em cadastro restritivo de crédito


exige o prévio envio de correspondência ao seu endereço, sendo vedada a notificação exclusiva
por meio de e-mail ou mensagem de texto de celular (SMS).REsp 2.056.285-RS, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe 27/4/2023.(Info
773-STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Prescrição da pretensão punitiva Tema:


Prescrição Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 773

É cabivel a redução do prazo prescricional pela metade (art. 115 do CP) se, entre a sentença
condenatória e o julgamento dos embargos de declaração, o réu atinge a idade superior a 70
anos, tendo em vista que a decisão que julga os embargos integra a própria sentença
condenatória -EDcl no AgRg no REsp 1.877.388-CE, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 2/5/2023, DJe 5/5/2023 (Info 773 - STJ).

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Da sentença e da coisa julgada Tema: Coisa
julgada Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 773

A parte, ao escolher demandar junto ao juizado especial, renuncia o crédito excedente, incluindo
os pedidos interdependentes (principal e acessório) que decorrem da mesma causa de pedir, e
não só o limite quantitativo legal.AgInt no REsp 2.002.685-PB, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 27/3/2023, DJe 31/3/2023. (Info 773- STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Plano de Saúde Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 773

É abusiva a atitude da operadora que tenta descontinuar o custeio de internação do neonato que
seja filho de dependente e neto do titular ultrapassado o prazo de 30 (trinta) dias de seu
nascimento.REsp 2.049.636-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe 28/4/2023.(Info 773 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Plano de Saúde Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 773

É ilícita a conduta da operadora de plano de saúde que nega a inscrição de recém-nascido no


plano de saúde de titularidade de avô, sendo a genitora dependente/beneficiária desse
plano.REsp 2.049.636-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe 28/4/2023.(Info 773- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
773

O sindicato possui legitimidade ativa para substituir os sucessores de servidores falecidos,


independentemente de o óbito ter ocorrido antes do ajuizamento da execução.AgInt no REsp
2.026.557-PE, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
20/3/2023, DJe 23/3/20233. (Info 773 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Direito de Família Tema: Casamento Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 772

Os efeitos da modificação do regime de separação total para o de comunhão universal de bens,


na constância do casamento, retroagem à data do matrimônio (eficácia ex tunc).Processo em
segredo de justiça, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
25/4/2023.(Info 772- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Princípios Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
772

Em respeito ao princípio da não surpresa, é vedado ao julgador decidir com base em


fundamentos jurídicos não submetidos ao contraditório no decorrer do processo.REsp
2.049.725-PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
25/4/2023.(Info 772 -STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Procedimentos Especiais Tema: Invetário e


Partilha Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 772

É ônus do credor não admitido no inventário o ajuizamento da ação de conhecimento, não


competindo ao juiz a conversão do pedido de habilitação de crédito em ação de cobrança, em
substituição às partes.REsp 2.045.640-GO, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe 28/4/2023. (Info 772 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Bem de Família Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 771

O fato de o bem imóvel ter sido adquirido no curso da demanda executiva não afasta a
impenhorabilidade do bem de família. AgInt nos EDcl no AREsp 2.182.745-BA, Rel. Ministro Raul
Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 18/4/2023. (Info 771 - STJ).

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidade do fornecedor Tribunal: STJ


Ano: 2023 Informativo: 771

Não é possível responsabilizar o fabricante de medicamento por reação adversa descrita na


bula, risco inerente ou intrínseco à sua própria utilização. REsp 1.402.929-DF, Rel. Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/4/2023. (Info 771 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Recursos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
770

É irrecorrível o pronunciamento jurisdicional que, no Superior Tribunal de Justiça, delibera acerca


do pedido de retirada do feito da sessão de julgamento virtual. AgRg no HC 707.060-RS, Rel.
Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 21/3/2023, DJe 28/3/2023.

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Concausas Tema: Concausa anterior relativamente


independente Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 770

Lesão corporal grave. Perda dos dentes. Doença preexistente que causa a perda precoce dos
dentes. Concausa anterior relativamente independente. Desclassificação para lesão leve.
Impossibilidade - Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 13/3/2023 (Info 770 - STJ).

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Lei Maria da Penha Tema: Concessão de
medidas protetivas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 770

Independentemente da extinção de punibilidade do autor, a vítima de violência doméstica deve


ser ouvida para que se verifique a necessidade de prorrogação/concessão das medidas
protetivas - REsp 1.775.341-SP (Info 770 - STJ).

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Legislação Especial Penal Tema: Lei de Drogas (Lei
11.343/06) Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 770

A mera solicitação do preso, sem a efetiva entrega do entorpecente ao destinatário no


estabelecimento prisional, configura ato preparatório, o que impede a sua condenação por
tráfico de drogas - AgRg no REsp 1.999.604-MG (Info 770 - STJ).

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Proteção contratual Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 769
Cabe à autoridade judiciária brasileira processar e julgar a ação de rescisão contratual em que
os autores pactuaram contrato de adesão de prestação de serviços hoteleiros - sendo os
aderentes consumidores finais - com sociedade empresária domiciliada em território estrangeiro
e os autores domiciliados no Brasil. REsp 1.797.109-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/3/2023, DJe 24/3/2023. (Info 769 - STJ).

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Poderes Administrativos Tema: Poder de Polícia


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 769

O art. 5º, XL, da Constituição da República prevê a possibilidade de retroatividade da lei penal,
sendo cabível extrair-se do dispositivo constitucional princípio implícito do Direito Sancionatório,
segundo o qual a lei mais benéfica retroage no caso de sanções menos graves, como a
administrativa (AgInt no REsp 2.024.133-ES, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma,
por unanimidade, julgado em 13/3/2023, DJe 16/3/2023.) (Info – 769 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Da Penhora, do Depósito e da


Avaliação Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 769

É possível a substituição da penhora em dinheiro por seguro garantia judicial, observados os


requisitos do art. 835, § 2º, do CPC/2015, independentemente da discordância da parte
exequente, ressalvados os casos de insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda
oferecida. REsp 2.034.482-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 21/3/2023, DJe 23/3/2023. (Info 769 - STJ).

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Poderes Administrativos Tema: Poder de Polícia


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 769

É lícito ao órgão de trânsito indeferir o pedido de Carteira Nacional de Habilitação - CNH ao


condutor que, portador da Permissão para Dirigir, cometeu infração grave, independentemente
dessa infração ser qualificada como de natureza administrativa ou na condução do veículo.
AREsp 584.752-RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, por unanimidade, julgado
em 23/3/2023, DJe 29/3/2023. (Info 769 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Serviços Públicos Tema: Concessão e Permissão


(Lei 8.987/95) Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 768

A pessoa jurídica de direito privado delegatária de serviço público somente tem legitimidade
ativa para ingressar com pedido de suspensão de segurança na hipótese em que estiver
atuando na defesa de interesse público primário relacionado com os termos da própria
concessão e prestação do serviço público. AgInt na SLS 3.169-RS, Rel. Ministra Maria Thereza
de Assis Moura, Corte Especial, por maioria, julgado em 15/3/2023. (Info 768 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Aplicação do Código de Defesa do Consumidor


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 768

A disposição do Código de Defesa do Consumidor acerca do ônus probatório da veracidade e


correção da informação ou comunicação publicitária, a princípio, não se aplica em demanda
envolvendo concorrência desleal. REsp 1.866.232-SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/3/2023, DJe 23/3/2023. (Info 768 - STJ).

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Direitos da personalidade Tema: Nome Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 768

Não é possível a completa supressão e substituição total do nome registral, por pessoa
autoidentificada como indígena, por ausência de previsão legal, bem como por respeito ao
princípio da segurança jurídica e das relações jurídicas a serem afetadas. REsp 1.927.090-RJ,
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
maioria, julgado em 21/3/2023. (Info 768 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
768

O hospital responde, objetivamente, pelos danos decorrentes da prestação defeituosa dos


serviços relacionados ao exercício da sua própria atividade.AgInt no AgInt no REsp 1.718.427-
RS, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 6/3/2023,
DJe 9/3/2023.(Info 768 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Da comunicação dos atos processuais Tema:
Intimação Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 768

Não é possível restabelecer prazo para apelação, sob alegação de nulidade da intimação, após o
decurso de mais de dois anos do trânsito em julgado da sentença. REsp 1.833.871-TO, Rel.
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/3/2023.
(Info 768 - STJ).

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Dano Moral Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

A fluência da prescrição da pretensão indenizatória fundada na imputação de crimes dos quais


se venha a ser posteriormente absolvido tem início com o trânsito em julgado da sentença na
ação penal.AREsp 1.192.906-SP, Relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por maioria, julgado
em 14/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
767

É justificável a antecipação de prova no caso de depoimento especial de adolescente vítima de


possível crime sexual - na forma da Lei n. 13.431/2017 - pela relevância da palavra da vítima em
crimes dessa natureza e na sua urgência pela falibilidade da memória de crianças e
adolescentes.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 6/3/2023, DJe 14/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Remição da pena
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

É cabível a remição da pena pela aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, ainda
que o apenado já tenha concluído o ensino médio antes do encarceramento, excluído o
acréscimo de 1/3 (um terço) com fundamento no art. 126, § 5º, da Lei de Execução Penal.AgRg
no HC 768.530-SP, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade,
julgado em 6/3/2023, DJe 9/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Títulos de crédito Tema: Cédulas de crédito Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 767

Na hipótese de decretação de falência de instituição financeira, os emitentes e avalistas de


cédula de crédito bancário não possuem direito de preferência em sua aquisição em leilão
realizado no processo de liquidação.REsp 2.035.515-SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 7/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Dano Moral Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

É trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de indenização fundada em atos ofensivos


praticados após a rescisão do contrato de trabalho.AREsp 1.192.906-SP, Relator Ministro Raul
Araújo, Quarta Turma, por maioria, julgado em 14/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Provas no processo civil Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 767

O art. 382, § 4º, do Código de Processo Civil não pode ser interpretado em sua acepção literal,
de modo a obstar qualquer manifestação da parte adversa no procedimento de antecipação de
provas, em detida observância do contraditório.

REsp 2.037.088-SP, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 7/3/2023, DJe 13/3/2023. (Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Municipais Tema: IPTU Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 767

A responsabilidade pelo adimplemento dos débitos tributários que recaiam sobre o bem imóvel
é do arrematante havendo expressa menção no edital de hasta pública nesse sentido.AgInt no
REsp 1.921.489-RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade,
julgado em 28/2/2023, DJe 7/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Circunstâncias judiciais - art. 59
do CP Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767
É idônea a valoração negativa dos motivos do crime na hipótese em que o agressor se utiliza de
ameaças para constranger a vítima a desistir de requerer o divórcio e pensão alimentícia em
benefício dos filhos.AgRg no HC 746.729-GO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022. (Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Ingresso em domicílio Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 767

A ocorrência de crime permanente e a existência de situação de flagrância apta a mitigar a


garantia constitucional da inviolabilidade de domicílio justificam o ingresso dos policiais em
endereço diverso daquele contido na ordem judicial.AgRg no HC 768.624-SP, Rel. Ministro
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 6/3/2023, DJe 10/3/2023.(Info 767 -
STJ)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Execução Fiscal Tema: Busca por bens penhoráveis
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

Para cumprimento dos requisitos arrolados no art. 16, caput, I e II, e § 4º, II, da LRF é necessário
instruir a petição inicial da ação expropriatória de imóveis com a estimativa do impacto
orçamentário-financeiro e apresentar declaração a respeito da compatibilidade das despesas
necessárias ao pagamento das indenizações ao disposto no plano plurianual, na lei de diretrizes
orçamentárias e na lei orçamentária anual.REsp 1.930.735-TO, Rel. Ministra Regina Helena
Costa, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 28/2/2023, DJe 2/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Falência e Recuperação de Empresas Tema:


Recuperação Judicial Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

Verificada a novação da obrigação, em virtude da homologação de plano de recuperação judicial


de consorciada, quando ausente disposição estabelecendo solidariedade da partes no contrato
de constituição do consórcio, a ação de cobrança de quantia líquida ajuizada apenas contra o
consórcio extingue-se na medida da responsabilidade da recuperanda/consorciada.REsp
1.804.804-MS, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
7/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Saída temporária
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

Não se aplica limite temporal à análise do requisito subjetivo para concessão de saída
temporária, devendo ser considerado todo o período de execução da pena, a fim de se averiguar
o mérito do apenado.HC 795.970-SC, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 14/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Responsabilidade solidária Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 767

O shopping center e o estacionamento vinculado a ele podem ser responsabilizados por roubo à
mão armada ocorrido na cancela para ingresso no estabelecimento comercial, em via pública.
REsp 2.031.816-RJ, Relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 14/3/2023. (Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Testemunhas Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 767

Médico não pode acionar a polícia para investigar paciente que procurou atendimento médico-
hospitalar por ter praticado manobras abortivas, uma vez que se mostra como confidente
necessário, estando proibido de revelar segredo do qual tem conhecimento, bem como de depor
a respeito do fato como testemunha.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Sebastião
Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 14/3/2023.(Info 767 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Dano Moral Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 766

O vazamento de dados pessoais não gera dano moral presumido.AREsp 2.130.619-SP, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 7/3/2023, DJe
10/3/2023.(Info 766 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Competência da Justiça


Federal Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 766
Compete à Justiça Federal o julgamento de crime de falsidade ideológica, consistente no
fornecimento de informação inverídica a servidor da FUNAI, para fins de emissão de Registro
Administrativo de Nascimento de Indígena - RANI.CC 193.369-PR, Rel. Ministro Sebastião Reis
Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 2/3/2023, DJe 7/3/2023. (Info 766 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Ação Penal Tema: Acordo de Não Persecução
Penal Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 766

Por ausência de previsão legal, o Ministério Público não é obrigado a notificar o investigado
acerca da proposta do Acordo de Não Persecução Penal.REsp 2.024.381-TO, Rel. Ministro
Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 7/3/2023. (Info 766- STJ)

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Disciplina: Direito da Criança e do Adolescente Assunto: Medidas Socioeducativas Tema:


Procedimento de Apuração de Ato Infracional Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 766

A oitiva do representado deve ser o último ato da instrução no procedimento de apuração de ato
infracional.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 28/2/2023. (Info 766 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Ação Penal Tema: Denúncia Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 766

A absolvição na ação de improbidade administrativa em virtude da ausência de dolo e da


ausência de obtenção de vantagem indevida esvazia a justa causa para manutenção da ação
penal.RHC 173.448-DF, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 7/3/2023.(Info 766 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Prisões Tema: Prisão Domiciliar Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 765

A utilização do próprio filho para a prática de crimes, por se tratar de situação de risco ao menor,
obsta a concessão de prisão domiciliar.AgRg no HC 798.551-PR, Rel. Ministro Jesuíno Rissato
(Desembargador convocado do TJDFT), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/2/2023.
(Info 765 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Competência pela natureza
da infração Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 765

A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.431/2017, nas comarcas em que não houver vara
especializada em crimes contra a criança e o adolescente, compete à vara especializada em
violência doméstica julgar as ações penais que apurem crimes envolvendo violência contra
crianças e adolescentes, independentemente de considerações acerca do sexo da vítima ou da
motivação da violência, ressalvada a modulação de efeitos realizada no julgamento do EAREsp
2.099.532/RJ.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/2/2023. (Info 765 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Sentença Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
765

O art. 385 do Código de Processo Penal (Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir
sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada) é compatível com o
sistema acusatório e não foi tacitamente derrogado pelo advento da Lei n. 13.964/2019,
responsável por introduzir o art. 3º-A no Código de Processo Penal. REsp 2.022.413-PA, Rel.
Ministro Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma,
por maioria, julgado em 14/2/2023. (Info 765 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Da comunicação dos atos processuais Tema:
Intimação Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 765

A intimação pessoal do autor da ação é obrigatória para a complementação das custas iniciais,
restringindo-se à aplicação do cancelamento de distribuição estabelecida no art. 290 do Código
de Processo Civil às hipóteses em que não é feito recolhimento algum de custas
processuais.AREsp 2.020.222-RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 28/3/2023.(Info 765 - STJ)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Impostos Municipais Tema: ITBI Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 765

A aquisição de imóvel para a composição do patrimônio do Fundo de Investimento Imobiliário,


efetivada diretamente pela administradora do fundo e paga por meio de emissão de novas
quotas do fundo aos alienantes, configura transferência a título oneroso de propriedade de
imóvel para fins de incidência do ITBI, na forma do art. 35 do Código Tributário Nacional e 156, II,
da Constituição Federal, ocorrendo o fato gerador no momento da averbação da propriedade
fiduciária em nome da administradora no cartório de registro imobiliário.AREsp 1.492.971-SP,
Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 28/2/2023. (Info 765
- STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Responsabilidade


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 765

A cobertura de internação domiciliar, em substituição à internação hospitalar, deve abranger os


insumos necessários para garantir a efetiva assistência médica ao beneficiário - insumos a que
ele faria jus caso estivesse internado no hospital -, sob pena de desvirtuamento da finalidade do
atendimento em domicílio, de comprometimento de seus benefícios e da sua subutilização
enquanto tratamento de saúde substitutivo à permanência em hospital.REsp 2.017.759-MS, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 14/2/2023. (Info 765 -
STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Usucapião Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 765

Não configura decisão extra petita a sentença que, reconhecendo a usucapião, determina a
liquidação para individualizar a área usucapida, ainda que não haja pedido expresso na
inicial.AgInt no REsp 1.802.192-MG, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 12/12/2022, DJe 15/12/2022.(Info 765 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Responsabilidade


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 765

Plano de saúde tem o dever de reembolsar as despesas médico-hospitalares realizadas por


beneficiário fora da rede credenciada na hipótese em que descumpre o dever de garantir o
atendimento no mesmo município, ainda que por prestador não integrante da rede
assistencial.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. para
acórdão Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, por maioria, julgado em 27/9/2022, DJe
16/2/2023. (Info 765 - STJ)
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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra a Administração Pública Tema: Descaminho
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 765

Incide a causa especial de aumento de pena prevista no § 3º do art. 334 do Código Penal
quando se tratar de descaminho praticado em transporte aéreo, não sendo relevante o fato de o
voo ser regular ou clandestino.AgRg no AREsp 2.197.959-SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, por maioria, julgado em 28/2/2023. (Info 765 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Inquérito Policial Tema: Competência Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 764

É legal o compartilhamento com a Controladoria-Geral da União de informações coletadas em


inquérito em que se apura suposta prática de crimes de organização criminosa, lavagem de
dinheiro e corrupção ativa e passiva. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 15/2/2023. (Info 764 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Questionário e Votação
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 764

A confirmação pelo tribunal do júri da dissimulação e do uso de meio que dificultou a defesa da
vítima deve ensejar uma única elevação em decorrência da qualificadora contida no art. 121, §
2º, inciso IV, do Código Penal, ainda que quesitadas individualmente e não guardem relação de
interdependência entre si.Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023. (Info 764 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Testemunhas Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 764

É possível a antecipação de provas para a oitiva de testemunhas policiais, dado que, pela
natureza dessa atividade profissional, diariamente em contato com fatos delituosos
semelhantes, o decurso do tempo traz efetivo risco de perecimento da prova testemunhal por
esquecimento.AgRg no AREsp 1.995.527-SE, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022. (Info 764 - STJ)
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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Ação Penal Tema: Denúncia Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 764

Antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, o Ministério Público já era parte
legítima para propor a ação penal pública incondicionada destinada a verificar a prática de
crimes sexuais contra crianças.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 28/11/2022, DJe 1º/12/2022. (Info 764
- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Processo Coletivo Tema: Ação Civil Pública
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 764

Ainda que o processo esteja em curso no Superior Tribunal de Justiça, o Ministério Público
Federal não possui legitimidade para substituir associação extinta por decisão judicial em ação
civil pública proposta perante a Justiça estadual.REsp 1.678.925-MG, Rel. Ministra Maria Isabel
Gallotti, Quarta Turma, por maioria, julgado em 14/2/2023. (Info 764 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Conexão Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 764

Havendo sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência para julgamento do delito
remanescente deve ser aferida isoladamente. CC 193.005-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 8/2/2023, DJe 15/2/2023. (Info 764 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Crimes contra a ordem tributária Tema: Sonegação fiscal
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 764

O fato de a referida dívida ativa estar garantida por contrato de seguro no bojo de execução
fiscal movida contra o contribuinte não descaracteriza a materialidade dos crimes
fiscais.Processo em segredo de justiça, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 14/2/2023. (Info 764 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Conexão Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 764

O juízo do domicílio da vítima em situação de violência doméstica é competente para processar


e julgar o pedido de medidas protetivas de urgência, independentemente de as supostas
condutas criminosas que motivaram o pedido terem ocorrido enquanto o autor e a vítima
encontravam-se em viagem fora do domicílio desta. CC 190.666-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz,
Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 8/2/2023, DJe 14/2/2023.

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Remição da pena
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 764

Não é cabível a remição penal por aprovação no ENEM ao reeducando que já havia concluído o
ensino médio antes de ingressar no sistema prisional.REsp 1.913.757-SP, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023.(Info 764 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Dos processos nos Tribunais e dos Meios de
Impugnação das decisões judiciais Tema: Incidente de Assunção de Competência - IAC
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 764

Não é cabível a instauração de incidente de assunção de competência (IAC) enquanto a questão


de direito não tiver sido objeto de debates, com a formação de um entendimento firme e
sedimentado, nos termos do § 4º do art. 927 do Código de Processo Civil. QO no REsp
1.882.957-SP, Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, por maioria, julgado em 8/2/2023. (Info
764 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Responsabilidade


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 764

É devida a cobertura do tratamento de psicoterapia, sem limite de sessões [à pessoa com TEA -
Transtorno do Espectro Autista], admitindo-se que está previsto no rol da ANS, nos seguintes
termos: a) para o tratamento de autismo, não há mais limitação de sessões no Rol; b) as
psicoterapias pelo método ABA estão contempladas no Rol, na sessão de psicoterapia; c) em
relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema
Único de Saúde - CONITEC, de novembro de 2021, elucida-se que é adequada a utilização do
método da Análise do Comportamento Aplicada - ABA. Processo em segredo de justiça, Rel.
Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 12/12/2022, DJe 16/12/2022.
(Info 764 - STJ)
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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Abusividade Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 763

Na vigência dos contratos de plano de saúde ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão


condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista
prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002),
observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002.Pet 12.602-DF, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Rel. Acd. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Seção, por maioria, julgado em
8/2/2023. (Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Da comunicação dos atos processuais Tema:
Intimação Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 763

Ainda que se trate de processo eletrônico, a publicação da decisão no órgão oficial somente
será dispensada quando a parte estiver representada por advogado cadastrado no sistema do
Poder Judiciário, ocasião em que a intimação se dará de forma eletrônica. REsp 1.951.656-RS,
Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023.
(Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito da Criança e do Adolescente Assunto: Medidas Socioeducativas Tema:


Extinção da medida Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 763

Tendo a medida socioeducativa atingido a sua finalidade, é inviável manter a execução apenas
pela menção genérica à insuficiência do tempo de acautelamento do adolescente. Processo sob
segredo de justiça, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 7/2/2023. (Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Procedimentos Especiais Tema: Ações sobre
Alimentos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 763

É possível a conversão da prisão civil em regime fechado, em virtude de dívida de natureza


alimentar, para regime domiciliar quando a devedora de alimentos for responsável pela guarda
de outro filho de até 12 anos de idade. Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023. (Info 763 - STJ)
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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Cadeia de custódia Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 763

São inadmissíveis as provas digitais sem registro documental acerca dos procedimentos
adotados pela polícia para a preservação da integridade, autenticidade e confiabilidade dos
elementos informáticos. Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay Neto,
Rel. Acd. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por maioria, julgado em 7/2/2023. (Info 763 -
STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Impenhorabilidade Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 763

As hipóteses permissivas da penhora do bem de família devem receber interpretação restritiva,


não havendo possibilidade de incidência da exceção à impenhorabilidade do bem de família do
fiador ao devedor solidário. AgInt no AREsp 2.118.730-PR, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 14/11/2022, DJe 21/11/2022. (Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Princípios Tema: Princípio da Adstrição Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 763

Não contraria o princípio da adstrição o deferimento de medida cautelar que diverge ou


ultrapassa os limites do pedido formulado pela parte, se entender o magistrado que essa
providência milita em favor da eficácia da tutela jurisdicional. Processo em segredo de justiça,
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022,
DJe 13/12/2022. (Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Jurisdição e competência Tema: Competência


Absoluta Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 763

Compete às Câmaras Reunidas ou à Seção Especializada dos Tribunais de Justiça a


competência para processar e julgar as Reclamações destinadas a dirimir divergência entre
acórdão prolatado por Turma Recursal Estadual e a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, consolidada em incidente de assunção de competência e de resolução de demandas
repetitivas, em julgamento de recurso especial repetitivo e em enunciados das Súmulas do
STJ.AgInt na Rcl 41.841-RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 8/2/2023. (Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Procedimentos Especiais Tema: Ações sobre
Alimentos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 763

Na execução de alimentos, não pode a genitora, na condição de representante legal, se sub-


rogar nos direitos da credora, menor, sobre a prestação referente a alimentos in natura que
aquela pagou em virtude da inadimplência do genitor/executado, devendo ajuizar ação própria.
Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 7/2/2023, DJe 9/2/2023. (Info 763 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Falência e Recuperação de Empresas Tema:


Recuperação Judicial Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 762

Havendo manifestação do Juízo da recuperação judicial no sentido de que determinado crédito


não integra o patrimônio da recuperanda ou não está submetido aos efeitos da recuperação
judicial, cabe ao Juízo a que vinculada a conta judicial em que depositado este crédito ultimar os
atos de pagamento.CC 185.966-AM, Rel. Ministo Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por
unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe 19/12/2022. (Info 762- STJ)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Direitos Sociais Tema: Saúde Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 762

Nas demandas em que se alega desequilíbrio econômico-financeiro de contrato ou convênio


firmado com hospitais particulares para prestação de serviços de saúde em caráter
complementar, o polo passivo deve ser composto necessariamente pela União e o contratante
subnacional (Estado ou Município).AREsp 2.067.898-DF, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira
Turma, por maioria, julgado em 15/12/2022, DJe 20/12/2022. (Info 762- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Recursos Tema: Embargos de Declaração


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 762

Extintos os embargos de declaração em virtude de desistência posteriormente manifestada, não


é possível sustentar a interrupção do prazo recursal para a mesma parte que desistiu, tampouco
a reabertura desse prazo a contar da intimação do ato homologatório. REsp 1.833.120-SP, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/10/2022,
DJe 24/10/2022. (Info 762 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Competência por


prerrogativa de função Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 762

A superveniente aposentadoria da autoridade detentora do foro por prerrogativa de função


cessa a competência do Superior Tribunal de Justiça para o processamento e julgamento do
feito. Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, por
unanimidade, julgado em 7/12/2022, DJe 16/12/2022. (Info 762 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Responsabilidade Civil Tema: Danos morais Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 762

A irresponsabilidade da imprensa ao exibir, em rede nacional, programa que veicule matéria


ofensiva à honra e à dignidade de cidadão enseja dano moral indenizável e este deve ser
suficiente para reparar o dano, servir de sanção da conduta praticada e coibir novos abusos.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão
Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por maioria, julgado em 22/11/2022, DJe
2/2/2023. (Info 762 - STJ)Se

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Falência e Recuperação de Empresas Tema:


Recuperação Judicial Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 762

O Juízo da Recuperação Judicial não pode anular ou simplesmente desconsiderar ou suspender


os atos de constrição determinados pelo Juízo da Execução Fiscal, porque o novo regramento
da questão exige dele postura proativa, cooperativa, que também contemple os interesses da
Fazenda Pública, somente se opondo aos atos constritivos de forma fundamentada e
razoável.CC 187.255-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em
14/12/2022, DJe 20/12/2022. (Info 762 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Legislação Especial Penal Tema: Lei de Drogas (Lei
11.343/06) Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 13

A apreensão de pequenas quantidades de droga junto com o ácido bórico não implica,
necessariamente, a conduta tipificada no art. 33 da Lei n. 11.343/2006.AgRg no AREsp
2.271.420-MG, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
27/6/2023, DJe 3/7/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Interceptação telefônica


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 13

O fato do investigado também utilizar o celular de terceiro não dispensa a autorização judicial
para quebra de sigilo deste.AgRg no HC 792.531-SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca,
por unanimidade, Quinta Turma, julgado em 14/2/2023, DJe 27/2/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Livre convicção dos
jurados Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 13

A plenitude de defesa exercida no Tribunal do Júri não pode ser manejada pelo advogado como
salvo conduto para a prática de ilícitos.RHC 156.955-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma,
por unanimidade, julgado em 2/5/2023, DJe 9/5/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Pena-base Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 13

A majoração da pena é admissível quando a culpabilidade revela aspectos mais censuráveis,


além dos inerentes ao tipo penal, desde que haja fundamentação concreta e idônea para
tal.AgRg no REsp 2.012.591-PA, Rel. Ministro João Batista Moreira (Desembargador convocado
do TRF1), Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 19/5/2023.(Info Ed. Esp.
13 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Das penas Tema: Pena de Multa Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 13

O fato de o reeducando ser assistido pela Defensoria Pública não gera a presunção de sua
hipossuficiência em arcar com a pena de multa.AgRg no REsp 2.039.364-MG, Rel. Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe
28/4/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Livre convicção dos
jurados Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 13

Entendendo os jurados pela existência de prova satisfatória para a condenação e não estando
essa conclusão manifestamente contrária às provas dos autos, não se mostra possível a
cassação do veredito popular na ocasião do julgamento do recurso de apelação, muito menos
em uma ação revisional.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta
Turma, por unanimidade, julgado em 26/6/2023, DJe 29/6/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Legislação Especial Penal Tema: Lei de Drogas (Lei
11.343/06) Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 13

Reconhecida a aplicação da minorante do tráfico privilegiado, com patamares abstratos de pena


dentro do limite de 4 anos para a pena mínima, o acusado tem direito à possibilidade do acordo
de não persecução penal, mesmo se o Parquet tiver descrito os fatos na denúncia de maneira
imperfeita, pois o excesso de acusação (overcharging) não deve prejudicar o acusado.HC
822.947-GO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/6/2023,
DJe 30/6/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Circunstâncias judiciais - art. 59
do CP Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 13

A depender da gravidade da circunstância judicial, a incidência de uma única delas (art. 59,
Código Penal) é suficiente para a fixação da pena-base no máximo legal.AgRg nos EDcl no
AREsp 2.172.438-SP, Rel. Ministro João Batista Moreira (Desembargador convocado do TRF1),
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 11/4/2023, DJe 14/4/2023.(Info Ed. Esp. 13 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Títulos de crédito Tema: Cheque Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 12
Após a prescrição cambial, o cheque perde os atributos cambiários, permitindo na ação
monitória a discussão do negócio jurídico subjacente e a oposição de exceções pessoais a
portadores precedentes ou ao próprio emitente, com o ônus da prova da ilicitude do negócio
jurídico incumbido ao devedor.REsp 2.020.895-MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 28/2/2023, DJe 6/3/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Alimentos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12

O fato de os genitores transacionarem sobre parcelas pretéritas dos alimentos devidos à criança
ou adolescente não configura, por si, conflito de interesse entre os representantes legais e o
incapaz, devendo sempre ser analisadas as peculiaridades do caso concreto para avaliar a real
necessidade de nomeação de curador especial.Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 20/6/2023, DJe 26/6/2023.
(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Execução em geral Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 12

A prévia expedição de ofício às concessionárias de serviços públicos, para fins de localização


do réu, antes de se autorizar a citação por edital, é facultativa.REsp 1.971.968-DF, Rel. Ministro
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 20/6/2023, DJe 26/6/2023.
(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Previdência Complementar Tribunal: STJ Ano:


2023 Informativo: 12

Nas demandas ajuizadas na Justiça comum até 8/8/2018 (Tema repetitivo 955/STJ), admite-se
a inclusão no benefício de previdência complementar dos reflexos das verbas reconhecidas na
Justiça Trabalhista, condicionada à previsão regulamentar, e desde que observados os aportes
necessários.AgInt no REsp 1.931.439-DF, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 3/4/2023, DJe 27/4/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Compra on-line. Fraude. Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12
A emissão, por terceiro, de boleto fraudado, configura fato exclusivo de terceiro apto a excluir a
responsabilidade civil da instituição financeira.REsp 2.046.026-RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 13/6/2023, DJe 27/6/2023.(Info Ed.Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Empresarial Assunto: Direito da Empresa e Direito Societário Tema: Extinção
e Dissolução Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12

A data-base da apuração de haveres em dissolução parcial de sociedade por tempo


indeterminado corresponde ao momento em que o sócio retirante deixa de contribuir para a
atividade.REsp 1.372.139-SP, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 28/2/2023, DJe 14/3/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 12

A natureza taxativa ou exemplificativa do rol da ANS é desimportante à análise do dever de


cobertura de medicamentos para o tratamento de câncer, em relação aos quais há apenas uma
diretriz na resolução normativa.AgInt no REsp 2.057.814-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 29/5/2023, DJe 31/5/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Das partes e dos procuradores Tema:
Legitimidade Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12

O juiz, ao reconhecer a ilegitimidade ad causam de um dos litisconsortes passivos e excluí-lo da


lide, pode fixar os honorários advocatícios entre 3 e 5% do valor atualizado da causa, nos termos
do art. 338, parágrafo único, do CPC.AgInt nos EDcl no REsp 1.902.149-DF, Rel. Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 3/4/2023, DJe 27/4/2023.(Info
Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Responsabilidades na relação de consumo Tema:


Compra on-line. Fraude. Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12

A administradora responde objetivamente pela falha na prestação dos serviços de


intermediação imobiliária consubstanciada na venda fraudulenta de imóveis realizada por
corretora a ela vinculada.AgInt no REsp 1.893.395-RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 26/6/2023, DJe 28/6/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Execução Tema: Impenhorabilidade Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 12

A ausência de comprovação, pela parte executada, de que o imóvel penhorado é explorado pela
família afasta a incidência da proteção da impenhorabilidade.REsp 1.913.234-SP, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Segunda Seção, por maioria, julgado em 8/2/2023, DJe 7/3/2023.(Info Ed. Esp.
12 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Intervenção de terceiros Tema: Denunciação à lide
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12

Não é cabível a denunciação da lide em demanda que busca a declaração de inexigibilidade de


débito, pois não haverá uma condenação que justifique a introdução de uma nova lide dentro
daquele processo principal.REsp 1.763.709-RS, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe 27/4/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Abusividade Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 12

Em regra, a resilição unilateral é válida por se tratar de contrato de trato sucessivo ou execução
continuada, mas é abusiva quando realizada durante o tratamento médico que assegure a
sobrevivência ou a preservação da incolumidade física e/ou psíquica do beneficiário.AgInt no
AgInt no AREsp 1.995.955-RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 26/6/2023, DJe 28/6/2023.(Info Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Dano Moral Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 12

O pedido complementar de indenização por danos materiais formulado em ação diversa da


referente à indenização já obtida, com trânsito em julgado, sendo as partes e a causa de pedir as
mesmas, não está acobertado pela coisa julgada caso inclua danos não contemplados na
primeira ação, ainda que decorrentes dos mesmos fatos.REsp 2.046.349-SP, Rel. Ministro João
Otávio de Noronha, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 18/4/2023, DJe 24/4/2023.(Info
Ed. Esp. 12 - STJ)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Outros Temas Previdenciários Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 11

É nula a cessão de crédito previdenciário, conforme o art. 114 da Lei n. 8.213/1991.AgInt no


REsp 1.923.742-RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, por unanimidade, julgado
em 3/4/2023, DJe 13/4/2023.(Info Ed. Esp. 11 - STJ)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Benefícios Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
11

Diante da decisão do STF na ADI n. 6.096/DF, não é possível inviabilizar o próprio pedido de
concessão do benefício previdenciário (ou de seu restabelecimento) em razão do transcurso de
quaisquer lapsos temporais - seja decadencial ou prescricional, de modo que a prescrição limita-
se apenas às parcelas pretéritas vencidas no quinquênio que precedeu à propositura da
ação.AgInt no REsp 1.590.354-MG, Rel. Ministro Paulo Sérgio Domingues, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 9/5/2023, DJe 15/5/2023. (Info Ed. Esp. 11 - STJ)

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Disciplina: Direito Previdenciário Assunto: Previdência privada Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 11

É legítima a incidência de Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de rateio de


superávit pelo participante de fundo de previdência privada.AgInt no AREsp 1.397.320-RJ, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 12/6/2023, DJe
15/6/2023. (Info Ed. Esp. 11-STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Competência Tema: Conexão Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 10

A reunião dos feitos por força de conexão não ostenta natureza absoluta, sendo adequado
excepcionar a sua incidência na hipótese em que a aplicação ensejaria um atraso na tramitação
de ação em estágio avançado (instrução encerrada). CC 190.445-SP, Rel. Ministro Sebastião
Reis Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 28/9/2022, DJe 30/9/2022. (Info Ed.
Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Inquérito Policial Tema: Direitos do investigado
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 10

Embora o prazo de 30 (trinta) dias para o término do inquérito com indiciado solto (art. 10 do
Código de Processo Penal) seja impróprio, sem consequências processuais imediatas se
inobservado, isso não equivale a que a investigação se prolongue por tempo indeterminado, por
anos a fio, devendo pautar-se pelo princípio da razoabilidade.AgRg no HC 690.299-PR, Rel.
Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 9/8/2022, DJe 15/8/2022.(Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Ingresso em domicílio Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 10

O fato de policiais, em diligência para intimar testemunha, considerarem suspeita a atitude do


irmão desta, por si só, não justifica a dispensa de investigações prévias ou do mandado judicial
para ingresso forçado no domicílio.AgRg no HC 708.400-RS, Rel. Ministro Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 12/12/2022, DJe 15/12/2022. (Info Ed. Esp.
10 - STJ)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Ordem Social Tema: População Indígena Tribunal:
STJ Ano: 2023 Informativo: 10

O que importa para configurar a violação dos direitos indígenas e, por conseguinte, atrair a
competência da Justiça Federal para o processamento do feito, é o impacto negativo da
atuação dos acusados nas tradições, modo de viver e terras que os indígenas habitam e
utilizam, sendo despiciendo discutir se ocorreu ou não a efetiva demarcação da terra como
território indígena.Processo sob segredo judicial, Rel. Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador
convocado do TJDFT), Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 26/10/2022, DJe
7/11/2022. (Info Ed. Esp. 10- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
10

A "autópsia psicológica" constitui prova atípica admissível no processo penal, cabendo ao


magistrado controlar a sua utilização no caso concreto.HC 740.431-DF, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 13/9/2022, DJe 19/9/2022.(Info Ed.
Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Provas Tema: Perícia Tribunal: STJ Ano: 2023
Informativo: 10

Se a suposta prática de crime de peculato ocorreu por meio que deixou vestígios,
consubstanciada em fraude na escrituração contábil da municipalidade, mostra-se
indispensável a prova pericial, sob pena de ofensa ao art. 386, II, do Código de Processo
Penal.REsp 1.958.753-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
14/9/2022, DJe 30/9/2022.(Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Penal Assunto: Dosimetria da pena Tema: Circunstâncias judiciais - art. 59
do CP Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 10

A ocultação de drogas na região pélvica, por si só, não constitui fundamento idôneo para
negativar a culpabilidade. REsp 1.923.803-AC, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 13/9/2022, DJe 19/9/2022. (Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Remição da pena
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 10

A remição pelo trabalho pressupõe o exercício de atividade laboral mediante subordinação e


controle de horário, não se admitindo o auto controle de carga horária.AgRg no HC 709.901-RJ,
Rel. Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma,
por unanimidade, julgado em 27/9/2022, DJe 7/10/2022. (Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Prisões Tema: Prisão Preventiva Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 10
A prisão preventiva é compatível com o regime prisional semiaberto, desde que seja realizada a
efetiva adequação ao regime intermediário.AgRg no HC 760.405-SP, Rel. Ministro Joel Ilan
Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/8/2022, DJe 26/8/2022. (Info Ed. Esp.
10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Recursos no processo penal Tema: Teoria Geral
dos Recursos no processo penal Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 10

É possível a aplicação da fungibilidade no uso do recurso de apelação em detrimento do recurso


em sentido estrito, desde que demonstradas a ausência de má-fé e a tempestividade do
instrumento processual. AgRg no REsp 2.011.577-GO, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/9/2022, DJe 4/10/2022. (Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Execução Penal (LEP) Tema: Unificação de
penas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 10

Após as alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, é possível a execução em separado de


cada uma das guias de execução, de modo que o cálculo para obtenção de benefícios que
dizem respeito à execução penal deve considerar a primariedade em parte da pena, a
reincidência comum em outra e a reincidência específica apenas nas guias que dizem respeito a
crimes de mesma natureza. HC 654.870-MG, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma,
por unanimidade, julgado em 20/9/2022, DJe 30/9/2022. (Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Processual Penal Assunto: Tribunal do Júri Tema: Da Pronúncia, da


Impronúncia e da Absolvição Sumária Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 10

A sentença de pronúncia deve limitar-se a um juízo de dúvida a respeito da acusação, evitando


considerações incisivas ou valorações sobre as teses em confronto nos autos. AgRg no HC
673.891-SP, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Ministro João Otávio de Noronha, Quinta
Turma, por maioria, julgado em 23/8/2022, DJe 26/8/2022. (Info Ed. Esp. 10 - STJ)

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Disciplina: Direito Constitucional Assunto: Remédios Constitucionais Tema: Habeas Corpus


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9
Na via do habeas corpus, não é possível avaliar a capacidade do paciente de arcar com o
pagamento de valores executados a título de pensão alimentícia para afastar a prisão civil.

Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 3/10/2022, DJe 6/10/2022. (Info Ed. Esp. 9- STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Responsabilidade Civil Tema: indenizações por ato ilícito
Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9

A pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a morte ou a debilidade
física da vítima.

REsp 1.837.149-PR, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade, julgado
em 22/11/2022, DJe 29/11/2022. (Info Ed. Esp.9- STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Alimentos Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9

É possível a prisão civil de advogado devedor de alimentos, em cela especial, desde que provida
de instalações com comodidades condignas e localizada em área separada dos demais
detentos. A prerrogativa estipulada no art. 7º, V, do Estatuto da OAB é voltada eminentemente à
prisão penal, mais precisamente às prisões cautelares determinadas antes do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória. Desse modo, a prerrogativa da sala de Estado-Maior
não pode incidir na prisão civil do advogado que for devedor alimentar, desde que lhe seja
garantido, por óbvio, um local apropriado, devidamente segregado dos presos comuns, nos
termos expressos do art. 528, §§ 4º e 5º, do Código de Processo Civil de 2015. Rel. Ministro
Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022, DJe 15/12/2022. (Info Ed.
Esp. 9 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Responsabilidade Civil Tema: Seguradora Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 9

O segurado que agir de má-fé ao fazer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que
possam influir na aceitação da proposta pela seguradora ou na taxa do prêmio está sujeito à
perda da garantia securitária.

AgInt no REsp 1.504.344-SP, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado
em 16/8/2022, DJe 23/8/2022. (Info Ed. Esp. 9- STJ)
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Disciplina: Direito Civil Assunto: Responsabilidade Civil Tema: DPVAT Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 9

No caso de morte em razão de acidente de trânsito, a existência de mais herdeiros não afasta a
legitimidade dos que figuram no polo ativo da demanda para pleitear o pagamento integral da
cobertura do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Vias Terrestres, ou por sua Carga, a Pessoas Transportadas ou Não (Seguro DPVAT), cabendo
àqueles que se sentirem prejudicados requererem, por meio de ação própria, o que for de direito.

AgInt no AREsp 2.103.981-MT, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/11/2022, DJe 2/12/2022.(Info Ed. Esp.9- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Atos Processuais Tema: Nulidade de Atos
Processuais Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9

A "nulidade de algibeira" não é aceita no processo civil. (O vício indicado pela parte recorrente
configura a denominada "nulidade de algibeira", que deve ser rechaçada por esta Corte Superior
em virtude do dever imposto a todos aqueles que participam do processo, de proceder com
lealdade e boa-fé.)

REsp 2.000.959-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Terceira Turma, por maioria, julgado em 4/10/2022, DJe 13/10/2022.(Info Ed. Esp. 9-
STJ)

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Disciplina: Direito do Consumidor Assunto: Planos de saúde Tema: Reembolso Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 9

Para o reembolso das despesas médico-hospitalares efetuadas pelo beneficiário com


tratamento/atendimento de saúde fora da rede credenciada, além da observância de se limitar a
hipóteses excepcionais, os direitos dos usuários do plano de saúde, mormente a questão da
rede credenciada, devem ser examinados à luz de cada plano de saúde específico, isto é, da
respectiva relação contratual.

AgInt no AREsp 1.585.959-MT, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 08/08/2022, DJe 15/08/2022.(Info Ed. Esp. 9- STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Divórcio Tema: Animais de Estimação Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 9

Não é possível aplicar por analogia as disposições acerca da pensão alimentícia, baseada na
filiação e regida pelo Direito de Família, aos animais de estimação adquiridos durante união
estável. REsp 1.944.228-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Ministro
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por maioria, julgado em 18/10/2022, DJe 7/11/2022.
(Info Ed. Esp. 9 -STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Direito de Família Tema: União Estável Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 9

Encerrado o estado de mancomunhão, aplica-se o prazo prescricional trienal à pretensão de que


o ex-companheiro arque com gastos de animais de estimação adquiridos durante a união
estável.

REsp 1.944.228-SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, por maioria, julgado em 18/10/2022, DJe 7/11/2022. (Info Ed. Esp. 9 -
STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Dano Moral Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9

A Teoria dos Desvio Produtivo do Consumidor é predisposta a ser aplicada no âmbito do direito
consumerista, notadamente em razão da situação de desigualdade e de vulnerabilidade que são
características das relações de consumo, não se aplicando, portanto, a relações jurídicas não
consumeristas regidas exclusivamente pelo Direito Civil.

REsp 2.017.194-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
25/10/2022, DJe 27/10/2022. (Info Ed. Esp. 9 -STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Plano de Saúde Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9

Assegura-se ao usuário, ex-empregado, o direito de manutenção previsto no art. 30 da Lei n.


9.656/1998, na hipótese de plano coletivo contratado por uma associação, em benefício de seus
associados, mas custeado parcialmente pela empregadora.

REsp 1.994.639-SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 6/9/2022, DJe 9/9/2022. (Info Ed. Esp. 9 -STJ)
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Disciplina: Direito Civil Assunto: Usucapião Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 9

O adquirente de bem usucapido, na condição de sucessor do usucapiente, deve integrar o polo


passivo da ação rescisória intentada contra a sentença de usucapião, sob pena de nulidade do
feito por falta de citação do litisconsorte passivo necessário.

REsp 1.938.743-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
6/12/2022, DJe 14/12/2022. (Info Ed. Esp. 9 -STJ)

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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Ilícito Ambiental Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo:
9

A citação válida em ação coletiva por danos ambientais interrompe o prazo prescricional da
ação indenizatória individual se coincidente a causa de pedir das demandas.

AgInt no AREsp 2.036.247-RS, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/11/2022, DJe 17/11/2022. (Info Ed. Esp. 9 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Contratos em espécie Tema: Compra e Venda Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 9

É possível a utilização da taxa Selic, desde que pactuada, como índice de correção monetária
das parcelas ajustadas em contrato de compra e venda de imóvel, caso em que não haverá
cumulação com juros remuneratórios, uma vez que os juros já estão englobados nesse índice.

REsp 2.011.360-MS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
25/10/2022, DJe 27/10/2022. (Info Ed. Esp. 9 -STJ)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Execução Fiscal Tema: Responsabilidade do sócio


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 8

O simples fechamento de filial de pessoa jurídica não basta para fundamentar a inclusão de
sócio no polo passivo de execução fiscal.AgInt no REsp 1.925.113-AC, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 28/11/2022, DJe 30/11/2022. (Info Ed.
Esp. 8 - STJ)

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Disciplina: Direito Civil Assunto: Direitos da personalidade Tema: Imagem Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 8

A divulgação científica não autorizada de imagem de paciente viola direitos de intimidade e a


ética médica, gerando responsabilização solidária entre os médicos autores do artigo e a
editora.Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 16/8/2022, DJe 31/8/2022. (Info Ed. Esp. 8 - STJ)

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Disciplina: Direito Tributário Assunto: Tarifas Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 8

É possível a cobrança da tarifa de esgotamento sanitário ainda que não haja o cumprimento de
todas as etapas do serviço.Ag 1.308.764-RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 16/8/2022, DJe 22/8/2022. (Info Ed. Esp. 8- STJ)

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Disciplina: Direito Processual Civil Assunto: Dos processos nos Tribunais e dos Meios de
Impugnação das decisões judiciais Tema: Sobrestamento não automático Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 8

A decisão de retorno dos autos ao tribunal de origem, a fim de que lá seja exercido o juízo de
conformidade (arts. 1.040 e 1.041 do CPC/15) é irrecorrível, salvo se demonstrado por meio de
requerimento, efetivamente, erro ou equívoco patente. RCD nos EDcl no AgInt no REsp
1.963.580-RJ, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
6/10/2022, DJe 11/10/2022. (Info Ed. Esp. 8 - STJ)

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Disciplina: Direito Administrativo Assunto: Concurso Público Tema: Funcionário Publico


Tribunal: STJ Ano: 2023 Informativo: 8

A prerrogativa da escolha do momento para a nomeação de candidato, aprovado dentro das


vagas ofertadas em concurso público, é da Administração Pública, durante o prazo de validade
do certame. RMS 68.657-MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 27/9/2022, DJe 29/9/2022.(Info Ed. Esp. 8- STJ)
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Disciplina: Direito Civil Assunto: Bens Públicos Tema: Ocupação Indevida Tribunal: STJ Ano:
2023 Informativo: 8

É cabível a cobrança de taxa de ocupação de imóvel público, ainda que não haja prévia
formalização de ato ou negócio jurídico administrativo.REsp 1.986.143-DF, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022, DJe 19/12/2022.(Info Ed.
Esp. 8 - STJ)

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Disciplina: Direito Ambiental Assunto: Dano ambiental Tema: Indenização Tribunal: STJ
Ano: 2023 Informativo: 8

O cumprimento da obrigação de reparar integralmente o dano ambiental (in natura ou


pecuniariamente) não afasta a obrigação de indenizar os danos ambientais interinos. REsp
1.845.200-SC, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 16/8/2022, DJe
6/9/2022. (Info Ed. Esp. 8 - STJ)

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