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Disciplina: Direito Administrativo

Professor(a): Celso Spitzcovsky


Aula: 02 | Data 06/02/2021
/03/2018

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
5. Ações
6. Foro competente
7. Sanções

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
(continuação)

5. Ações

Ação civil pública:


 CF/88 – Art.129, inciso III – função institucional do Ministério Público.
STJ – súmula 329: o Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio
público.

“Súmula 329 do STJ:


O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública
em defesa do patrimônio público.”

Essa legitimidade não exclui a de outras pessoas, na forma prevista em lei. Trata-se de legitimidade concorrente.

“Art. 129, CF/88. São funções institucionais do Ministério Público:


I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para
fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta
Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações
indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-
los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;

Magistratura do Trabalho e MPT (fim de semana)


CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e
observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no
art. 93, II e VI.
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no
art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”

Lei 7347/85, art.5°.

Polo ativo da ação civil pública


Legitimados:
- Ministério Público dotados de capacidade processual para estar em juízo, propondo ou sofrendo medidas
- Defensoria Pública judiciais
- Autarquias
- Fundações
- Empresas públicas
- Sociedades de economia mista
- Associações – requisitos:
I- Pertinência temática – necessidade de comprovação de uma intima ligação entre o estatuto social de entidade
e o ato a ser por ela combatido;
II- Comprovação de que se encontram legalmente constituídas;
III- Constituídas há pelo menos um ano.

Os requisitos podem ser comprovados através da apresentação do estatuto social.

- Polo passivo – Art.2° da Lei 8429: agentes públicos.


- Art.3° – aqueles que tenham contribuído para que o ato ocorresse ou dele tenham se beneficiado.

“Art. 2°, Lei 8429/92. Reputa-se agente público, para os efeitos desta
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou

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qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Art. 3°, Lei 8429/92. As disposições desta lei são aplicáveis, no que
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta.”

Observação: o particular, sozinho, não pode ser responsabilizado por atos desta natureza.

Observação: Presidente da República – art.85 da CF/88 – o Presidente poderá ser responsabilizado por qualquer
ato que implique em desrespeito à Constituição, em especial por atos que contrariem a probidade administrativa.
O Presidente poderá ser responsabilizado, mas por ser crime de natureza política, só responderá por crime de
responsabilidade (Lei 1079/50).

Não responderá na forma da Lei de Improbidade.

Esse entendimento foi consolidado pelo STF, no Informativo 853, em fevereiro de 2017, através de voto do
Ministro Celso de Melo.

6. Foro competente

STF, Agravo Regimental 3240 do DF, tomou a seguinte decisão:


“A justiça de primeiro grau, e não o STF, tem competência para processar e julgar ações de improbidade contra
agentes políticos. O foro por prerrogativa e função não é extensível às ações de improbidade, que têm natureza
civil”.

7. Sanções

Art.37, §4° da CF/88:


a) Perda da função;
b) Suspensão de direitos políticos;
c) Declaração de indisponibilidade dos bens;
d) Ressarcimento dos danos causados aos cofres públicos.

“Art. 85, CF/88. São crimes de responsabilidade os atos do


Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal
e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da
Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

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Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Art.37, §4º, CF/88. Os atos de improbidade administrativa


importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível.”

Observações:
- Perda da função/ suspensão dos direitos políticos.

Observação: sanções que têm natureza civil e administrativa – requisito: trânsito em julgado de uma sentença
(regra geral).

Exceção: declaração de indisponibilidade dos bens – medida cautelar, que pode ser deferida no curso da ação
sempre que se perceba que o réu pretende promover uma dilapidação de seu patrimônio para que, ao final, não
seja possível executar a sentença. Exemplo: doação de bens.

Medida pode ser deferida com respaldo no art.7° da Lei de Improbidade.

- As sanções podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.

Art.13 da Lei de Improbidade.

O elenco é meramente exemplificativo, comportando ampliação.

Art.20, parágrafo único da Lei 8429/92 – possibilidade, ainda, de o agente público ser afastado do cargo, emprego
ou função se a manutenção possa trazer prejuízo à instrução processual. Exemplo: ameaça a testemunhas,
destruição de documentos etc.

“Art. 7°, Lei 8429/92. Quando o ato de improbidade causar lesão ao


patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste
artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do
dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.

Art. 13, Lei 8429/92. A posse e o exercício de agente público ficam


condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
serviço de pessoal competente. (Regulamento) (Regulamento)
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes,
dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores
patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso,
abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou

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companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a
dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e
utensílios de uso doméstico.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em
que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego
ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público,


sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se
recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado,
ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração
anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na
conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de
qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a
exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.

Art. 20, Lei 8429/92. A perda da função pública e a suspensão dos


direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente
poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à instrução processual.”

Sanções no campo penal – art.37, §4°, da CF/88 – sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

É possível condenação simultânea, por ato de improbidade, nas esferas cível, penal e administrativa.

O critério adotado pelo legislador para adotar a intensidade das sanções foi o da gravidade do ato.

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