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Disciplina: Peças Cíveis do MP

Professor: Eduardo Francisco


Aula: 05 | Data: 23/03/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

AÇÕES COLETIVAS
1. Ação popular
2. Ação de improbidade administrativa
3. Ação civil pública

AÇÕES COLETIVAS

1. Ação Popular:

Lei 4.717/65

O legitimado ativo é o cidadão, mas o MP é fiscal e pode assumir a titularidade, caso haja abandono ou desistência
injustificados ou caso após 60 dias do trânsito em julgado da sentença não houver execução.

A legitimidade passiva é do sujeito que causou dano ou praticou ato ilegal.

A pessoa jurídica interessada é litisconsorte necessária (deve ser citada), mas pode optar pelo polo ativo ou passivo.
Ainda, no curso do processo, ela pode mudar de polo. Por isso alguns autores falam em “litisconsórcio pendular”.

O objeto da Ação Popular tradicionalmente era anular o ato lesivo mais o pedido de ressarcimento, se houve danos.
Mas a partir de 1988 houve ampliação e é possível a proteção de direito metaindividual.

Segue-se o procedimento comum, mas o prazo de resposta é de 20 dias, prorrogáveis por mais 20 dias.

Mas, por ser uma regra especial, não há prazo em dobro para MP, ou para corréus com advogados distintos. O
prazo para resposta é sempre de 20 dias, prorrogáveis por mais 20.

Há previsão de remessa necessária nos casos de: improcedência da ação ou de extinção sem mérito por carência
da ação.

O MP, na ação popular, portanto, pode dar parecer (se fiscal) ou assumir o polo ativo e seguir como autor (na fase
de conhecimento) ou exequente (na fase executiva).

2. Ação de improbidade administrativa:

Lei 8.429/92

Objeto: anulação do ato improbo, ressarcimento ao erário e imposição das sanções da improbidade.

Há tese do MP de que o promotor deve indicar expressamente as sanções que pretende. A ideia é não fazer pedido
genérico.

SENTENÇA CÍVEL E PEÇAS DO MP


CARREIRAS JURÍDICAS
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Legitimidade ativa: do MP ou da pessoa jurídica de direito público lesada.

Legitimidade passiva: agente público que praticou ato de improbidade, os participantes do ato ou contrato e os
beneficiários.

Esse litisconsórcio entre agentes públicos e beneficiários, segundo o STJ, é facultativo e simples, em regra.

Se o MP for autor, a pessoa jurídica de direito público é litisconsorte necessária e pendular.

O procedimento de ação de improbidade é o comum, mas tem um detalhe, já que prevê a intimação dos réus para
apresentar defesa prévia em 15 dias, depois o juiz decide se recebe ou rejeita a ação.

Se receber cabe agravo, se rejeitar cabe apelação.

É um detalhe marcante essa defesa preliminar.

Esse detalhe (defesa preliminar) não há na ação civil pública.

Diz-se, portanto, que a ação de improbidade é uma espécie de ação civil pública, porque tem a defesa prévia,
legitimidade reduzida e medidas cautelares específicas.

São as pedidas cautelares especificas da ação de improbidade:

a. Sequestro
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão
representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para
que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens
do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado
dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto
nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o
bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas
pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
internacionais.

b. Afastamento do agente público da função

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos


só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente
poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à instrução processual.

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c. Indisponibilidade de bens

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio


público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste
artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do
dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento
ilícito.

O STJ diz que se trata em medida cautelar baseada na evidência. Ou seja, não se exige perigo da demora (risco de
dilapidação do patrimônio). Basta que tenha pedido de ressarcimento.

É importante saber que toda a vez que houver ilegalidade, ou lesão ao erário u enriquecimento sem causa, em tese
cabe ação popular por qualquer cidadão ou ação de improbidade. O que ocorre, em regra, é reunião por continência
(porque o pedido da ação popular estaria contido na ação de improbidade).

3. Ação civil pública:

Lei 7.347/85

A ação civil pública – ACP - é mais abrangente.

Legitimidade ativa: todos os previstos no artigo 5º da Lei 7.347/85.

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007) (Vide Lei nº
13.105, de 2015)
I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de
2007).
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído
pela Lei nº 11.448, de 2007).
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº
11.448, de 2007).
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei
civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao
patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004, de 2014)
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte,
atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

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§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas
nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer
das partes.
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de
1990)
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz,
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
protegido. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990)
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos
interesses e direitos de que cuida esta lei. (Incluído pela Lei nª
8.078, de 11.9.1990)
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990)

Legitimidade passiva: qualquer pessoa que cause dano ou ameaça a interesse metaindividual.

Objeto: qualquer interesse metaindividual (meio ambiente, urbanismo, questões de etnia, etc.).

Competência: local do dano.

Será vara cível, quando só particulares; ou Fazenda quando envolver Estado, Município, suas autarquias e
fundações; ou federal se envolver União suas autarquias, fundações ou empresas públicas.

Cabe liminar, ou seja, tutelas provisórias de urgência (cautelar ou antecipada) ou evidência.

Lembrar que existem restrições de liminar contra a Fazenda Pública.

Quando eu comparo uma ACP com uma ação de improbidade, tem-se que:

ACP Ação de Improbidade


Legitimidade ativa Todos do artigo 5º Só MP ou pessoa direito público
Objeto Qualquer interesse metaindividual Ato de improbidade administrativa
Fazenda Nem sempre é parte Sempre é parte
Competência Comum Vara da fazenda ou federal
Rito Comum Comum com defesa prévia

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