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PROCESSO

COLETIVO
RAVI PEIXOTO
O que é um processo coletivo?
Fredie e Zaneti: a existência de um direito ou um dever coletivo
Antonio Gigi: legitimado extraordinário, defesa de um direito
coletivamente considerado e o regime da coisa julgada diferenciado
IRDR é processo coletivo?
Controle concentrado é processo coletivo?
Existe processo coletivo ativo e passivo?
1. Processos coletivos passivos originários
e derivados
2. Deveres coletivos (invasões por
coletividades art. 554; casos de
responsabilidade anônima ou coletiva)
3. Art. 83 do CDC
4. O regime da legitimidade e da coisa
julgada
A nova perspectiva da jurisdição
Direitos coletivos
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por
danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
Origem romana do processo coletivo
Ação popular romana: tutela do dano ao patrimônio público ou a interesses de
natureza pública; quase penal.
Exemplos: 1) de positis et suspensis: dirigida a quem tivesse suspenso sobre o
teto ou sobre um suporte um objeto sem tomar as necessárias precauções para
evitar sua queda em algum lugar público; 2) de albo corrupto: dirigida a quem
houvesse dolosamente violado um edito pretoriano; 3) de bestiis voltada a
quem deixasse animais perigosos em lugares de acesso comum
Processo coletivo na Itália
Ausência de sistematização do processo coletivo
País com divisão entre justiça administrativa e judicial
Admissão de tutela administrativa do meio ambiente por associações
autorizadas
Admissão de tutela coletiva na repressão de condutas antissindicais
Ação coletiva para tutela de consumidores (sistema de opt in)
Legge 31, 12 aprile 2019: nova tutela
coletiva na Itália
1 – Ampliação para tutela de direitos individuais homogêneos em geral
2 – Cabimento apenas em face de empresas ou entidades gestoras de
serviços públicos ou de utilidade pública
3 – Controle legal e judicial da representação
4 – Sistema de opt in
5 – Previsão de inversão de ônus financeiros, cabendo ao réu adiantar
custos de perícia e despesas processuais
Class Actions (Rule 23)
Fundamentos da tutela coletiva:
1) compensação de vítimas que sofreram danos;
2) dissuasão das empresas de cometerem ilícitos e
3) celeridade e economia processual
Características
i) para que o objeto da demanda possa ser coletivizado há necessidade de
demonstração de pluralidade de interessados determinados ou determináveis, cuja
atuação se torne impraticável
ii) qualquer um pode atuar como representante, mas há forte controle da
representatividade adequada
Toda essa primeira fase é analisada na fase de certificação, mas que é perene no
processo
iii) exige-se do autor informar individualmente os representados que sejam
identificáveis (a questão dos gastos)
iv) a coisa julgada é pro et contra, podendo o indivíduo realizar o opt out
Evolução do processo coletivo brasileiro
Lei da Ação Popular – Lei 4717/1965
Lei da ACP – Lei 7347/1985
Constituição de 1988 e a constitucionalização do processo coletivo
CDC – 1990
E de lá para cá? Quais alterações legais foram relevantes? (e de que
forma)
Procedimentos básicos do processo
coletivo
Mandado de
Ação Civil
Ação Popular Segurança
Pública
Coletivo

Mandado de
Injunção
Coletivo
Legislação em vigor
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989, que Dispõe sobre o apoio às
pessoas portadoras de deficiência, sua integração social – arts. 3º a 7º
Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses
coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da
pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público,
pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo
Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos
termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou
sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da
pessoa com deficiência.
Art. 4º § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e
suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o
Ministério Público.
Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas,
coletivas ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à
deficiência das pessoas.
Lei 7913 (ação civil pública de responsabilidade por
danos causados aos investidores no mercado de valores
mobiliários)
Art. 1º Sem prejuízo da ação de indenização do prejudicado, o
Ministério Público ou a Comissão de Valores Mobiliários, pelo
respectivo órgão de representação judicial, adotará as medidas
judiciais necessárias para evitar prejuízos ou para obter
ressarcimento de danos causados aos titulares de valores mobiliários
e aos investidores do mercado, especialmente quando decorrerem
de:
I — operação fraudulenta, prática não eqüitativa, manipulação de
preços ou criação de condições artificiais de procura, oferta ou preço
de valores mobiliários;
Art. 2º As importâncias decorrentes da condenação, na ação de que trata esta
Lei, reverterão aos investidores lesados, na proporção de seu prejuízo.
§ 1º As importâncias a que se refere este artigo ficarão depositadas em conta
remunerada, à disposição do juízo, até que o investidor, convocado mediante
edital, habilite-se ao recebimento da parcela que lhe couber.
§ 2º Decairá do direito à habilitação o investidor que não o exercer no prazo de
dois anos, contado da data da publicação do edital a que alude o parágrafo
anterior, devendo a quantia correspondente ser recolhida ao Fundo a que se
refere o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
ECA
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência; (...)
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial
outros interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e
da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro
do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo
terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a
competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da
decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Público,
nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
Art. 213 (...) § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da
sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os
honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art.
20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo
Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora
e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
responsabilidade por perdas e danos.
Lei 14597 – Lei do Esporte
Art. 142. As relações de consumo em eventos esportivos regulam-se especialmente por esta Lei,
sem prejuízo da aplicação das normas gerais de proteção ao consumidor.
§ 1º Para os efeitos desta Lei e para fins de aplicação do disposto na Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), consideram-se consumidor o espectador
do evento esportivo, torcedor ou não, que tenha adquirido o direito de ingressar no local onde
se realiza o referido evento e fornecedora a organização esportiva responsável pela organização
da competição em conjunto com a organização esportiva detentora do mando de campo, se
pertinente, ou, alternativamente, as duas organizações esportivas competidoras, bem como as
demais pessoas naturais ou jurídicas que detenham os direitos de realização da prova ou
partida.
Estatuto do Idoso (Lei 10741/2003)
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos
direitos assegurados à pessoa idosa, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência ou com limitação incapacitante;
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença infectocontagiosa;
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa idosa.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros
interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa,
protegidos em lei.
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio da
pessoa idosa, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa,
ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos
Tribunais Superiores.
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável
ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado.
Lei de Defesa da Ordem Econômica (Lei
12529/2011)
Art. 1º Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC e dispõe
sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada
pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função
social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder
econômico.
Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos por esta Lei.
Art. 47. Os prejudicados, por si ou pelos legitimados referidos no art. 82 da Lei nº 8.078,
de 11 de setembro de 1990 , poderão ingressar em juízo para, em defesa de seus
interesses individuais ou individuais homogêneos, obter a cessação de práticas que
constituam infração da ordem econômica, bem como o recebimento de indenização por
perdas e danos sofridos, independentemente do inquérito ou processo administrativo,
que não será suspenso em virtude do ajuizamento de ação.
Lei Mandado de Injunção (Lei 13300/2016)
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com
a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal .
** E os entes públicos?
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por
mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.
Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da
categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º
do art. 9º.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em
relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o
impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
Direitos v. Interesses
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este
código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar
sua adequada e efetiva tutela.

Itália: Dualidade da jurisdição


1. Direitos: relações entre particulares; justiça civil
2. Interesses legítimos: relações entre particulares e administração
pública ou de interesse social relevante
ESPÉCIES DE DIREITOS
COLETIVOS
Art. 81, parágrafo único, CDC:
interesses ou direitos difusos,
assim entendidos, para efeitos
deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato;
Direitos coletivos stricto sensu (art. 81,
p.ú., II, CDC)
interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
1 – Em que momento surge essa relação jurídica?
Ação para recall

Grupo de Grupo de
consumidores – consumidores –
proprietários do proprietários do
Creta Creta
Direitos individuais homogêneos (art. 81,
p.ú., III, CDC)
interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
 Em geral, o que se obtém é uma sentença genérica, sobre o
núcleo de homogeneidade dos direitos
Exemplos: ação de responsabilidade civil; ação de servidores
públicos
O DIH é um direito coletivo ou um
direito individual tratado coletivamente?
Vantagens da litigância coletiva de
direitos individuais
1. Os casos de baixo valor individual
2. A facilitação do elemento probatório
Racionalizar a atividade judicial
1. Necessidade de manifestação em casos iguais
2. Diminuir gastos judiciários para tratar de questões já resolvidas;
3. Otimização do tempo de prestação de serviços públicos
4. Redução do excesso de demandas
Como diferenciar?
A análise da causa de pedir + pedido
Qual a relevância dessas distinções?
1. Titularidade do direito; execução
2. Legitimidade
3. Possibilidade de atuação individual ou não
4. Apenas no direito individual homogêneo o titular pode ingressar
como assistente litisconsorcial
É legítima a restrição da tutela de direitos
coletivos?
Art. 21 Lei do MS
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da
totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.
O caso da ação popular
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Municípios, de...

CF, art. 5º
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
Tese 836 do STF
Não é condição para o cabimento da ação popular a demonstração
de prejuízo material aos cofres públicos, dado que o art. 5º, inciso
LXXIII, da Constituição Federal estabelece que qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular e impugnar, ainda que
separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou
histórico do Estado ou de entidade de que ele participe.
Outras classificações?
A incapacidade do conceito
tradicional de perceber a
possível conflituosidade
dentro da indivisibilidade e
os diferentes interesses
envolvidos

VERSUS
A nova visão e premissas
A titularidade só pode ser definida a partir do litígio. De nada
adianta discutir a quem pertence o direito individual à conservação
do rio X se não há dano. É a partir do problema que a titularidade
pode ser múltipla
Ou seja, a classificação advém do tipo de conflito.
A diferenciação partiria de duas variáveis: a) conflituosidade interna
nos grupos e b) complexidade tendo em vista a variabilidade da
resolução jurídica.
Outra classificação
A titularidade é atribuída, em graus variados, aos
indivíduos que compõem a sociedade, de modo
diretamente proporcional à gravidade da lesão
experimentada.
Litígios coletivos de difusão global
1. Baixo grau de litigiosidade
2. Baixa possibilidade de
intervenção dos membros do
grupo
3. Facilidade de identificação da
competência
4. Alta probabilidade de
autocomposição
Litígio de difusão local
1. Litigiosidade média, com alta
coesão
2. Fácil identificação da
legitimidade coletiva
3. Interesse na participação do
grupo afetado
Litígio de difusão irradiada
1. Alta conflituosidade e
complexidade
2. Dificuldade de identificação do
legitimado adequado
3. Dificuldade na autocomposição
4. Dificuldades na operacionalização
da participação
Ação 1: Ação coletiva para tutela de direitos difusos
por propaganda enganosa
Ação 2: Ação que tutela direitos individuais
homogêneos de consumidores que sofreram danos
Bateau Mouche IV
Ação 1: Ação de obrigação de fazer de associações de empresas de turismo, para a
tutela da boa imagem do setor na economia (coletiva)
Ação 2: Ação do MP objetivando tutelar a vida e a segurança das pessoas, pretendendo
interditar a embarcação
Ação 3: Individual, das pessoas que sofreram danos.
Normas fundamentais do processo
coletivo
Devido processo legal coletivo

Regra da adequada legitimação (art. 5º, LACP)

Regra da adequada certificação (arts. 4º, 5º e 6º da Rec. 76/2020,


CNJ e 357, CPC)
Informação e publicidade adequadas

A) Princípio da adequada notificação dos membros do grupo


Art. 94, CDC
Art. 104, CDC
A execução da sentença genérica
B) Regra da informação aos órgãos competentes para a propositura
da ação coletiva, sobre instauração do processo coletivo e o
resultado do julgamento (arts. 6º e 7º da LACP; art. 139, X, CPC)
Princípio da competência adequada
Art. 2º, LACP: Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no
foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa.
Art. 93, CDC: Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é
competente para a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde
ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II - no foro
da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de
âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de
Processo Civil aos casos de competência concorrente
Rio São Francisco
Em que locais poderia ser
ajuizada ação coletiva para a
tutela do Rio São Francisco?
Princípio da Indisponibilidade da
Demanda Coletiva
Art. 9º LACP
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão
publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando
assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.
art. 5º, § 1º, e 3º LACP
Art. 5º § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação
legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
Reparação integral do dano
CDC
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de
interessados em número compatível com a gravidade do dano,
poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução
da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o
fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.
Princípios da não taxatividade e atipicidade da ação e do processo
coletivo

Princípio da predominância de aspectos inquisitoriais no processo


coletivo
Características que pode exigir uma maior atuação do juiz: a) direito
material envolvido; b) legitimação por substituição processual; c)
menor espaço para negociação processual e disponibilidade do
direito material
Inquérito Civil
Procedimento administrativo, de caráter pré-processual
Com caráter inquisitivo
Exclusivo do Ministério Público
Objetivo de angariar provas para ajuizamento de ação coletiva ou
celebração de termo de ajustamento de conduta
Facultativo
Quando instaurar?
Exigência de justa causa (cabimento, em tese de MS para
trancamento (STJ, RMS 27004)
Pode ser feito de ofício
Exigência de uma portaria de instauração art. 4º da Res. 232, CNMP
Publicidade
Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos
atos, com exceção dos casos em que haja sigilo legal ou em que a
publicidade possa acarretar prejuízo às investigações, casos em que a
decretação do sigilo legal deverá ser motivada. Res. 232, CNMP
Poderes no inquérito
“requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis”. (art. 8º, §1º, LACP)
possibilidade de expedição de requisições e notificações e mesmo
condução coercitiva em caso de não comparecimento (art. 26, I, da
Lei 8625/1993)
Devido processo legal
A mitigação do contraditório pela ausência de possibilidade de
aplicação de sanções
Qual seria a importância do contraditório para o inquérito?
O contraditório mínimo da Res 23 do CNMP (art. 6º):§ 11. O defensor
constituído nos autos poderá assistir o investigado durante a apuração
de infrações, sob pena de nulidade absoluta do seu depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente,
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração, apresentar razões
e quesitos
PROCESSO CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -
INQUÉRITO CIVIL: VALOR PROBATÓRIO
1. O inquérito civil público é procedimento facultativo que visa colher elementos
probatórios e informações para o ajuizamento de ação civil pública.
2. As provas colhidas no inquérito têm valor probatório relativo, porque colhidas
sem a observância do contraditório, mas só devem ser afastadas quando há
contraprova de hierarquia superior, ou seja, produzida sob a vigilância do
contraditório.
3. A prova colhida inquisitorialmente não se afasta por mera negativa, cabendo
ao juiz, no seu livre convencimento, sopesá-las. (REsp n. 476.660/MG, relatora
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20/5/2003, DJ de 4/8/2003,
p. 274.)
Arquivamento
(LACP): Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da
inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob
pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
Ministério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou
rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de
informação.
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior
do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará,
desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 13. O disposto acerca de arquivamento de inquérito civil ou
procedimento preparatório também se aplica à hipótese em que
estiver sendo investigado mais de um fato lesivo e a ação civil pública
proposta somente se relacionar a um ou a algum deles
Reabertura do inquérito
Quais os requisitos para sua reabertura? Art. 12, res. 27, CNMP
Art. 12. O desarquivamento do inquérito civil, diante de novas provas ou para
investigar fato novo relevante, poderá ocorrer no prazo máximo de seis meses
após o arquivamento. Transcorrido esse lapso, será instaurado novo inquérito
civil, sem prejuízo das provas já colhidas.
Parágrafo único. O desarquivamento de inquérito civil para a investigação de
fato novo, não sendo caso de ajuizamento de ação civil pública, implicará novo
arquivamento e remessa ao órgão competente, na forma do art. 10, desta
Resolução.
E quem não pode instaurar inquérito?
Audiência Pública
Quem pode realizar?
MP (art. 27 da LONMP)
Defensoria (Art. 4º, XXII, da LC 132/09)
Poderiam outros possíveis legitimados coletivos instaurar audiência
pública?
Recomendação (art. 27,LONMP)
Art. 1º A recomendação é instrumento de atuação extrajudicial do
Ministério Público por intermédio do qual este expõe, em ato formal,
razões fáticas e jurídicas sobre determinada questão, com o objetivo de
persuadir o destinatário a praticar ou deixar de praticar determinados atos
em benefício da melhoria dos serviços públicos e de relevância pública ou
do respeito aos interesses, direitos e bens defendidos pela instituição,
atuando, assim, como instrumento de prevenção de responsabilidades ou
correção de condutas.
Parágrafo único. Por depender do convencimento decorrente de sua
fundamentação para ser atendida e, assim, alcançar sua plena eficácia, a
recomendação não tem caráter coercitivo (res. 164/2017 do CNMP)
Rec. MP Paraná (farra das diárias)
Características
1 – Exigência de fundamentação (os considerando – art. 7º da Res.
164 CNMP)
2 – Observância de competência do Ministério Público
Efeitos
1 – Relativa vinculação do próprio MP às exigências da
recomendação
2 – Caracterização de culpa ou dolo para futuras ações de
responsabilização civil ou penal
3 – Elemento de persuasão para mudança de conduta de agentes
públicos e privados
4 – O dever de resposta
Autocomposição no processo
coletivo

Processo multiportas
Características da autocomposição
Acordos no processo de conhecimento v. acordos relativos
ao cumprimento da obrigação
Publicidade v. confidencialidade na autocomposição
coletiva
Indisponibilidade v. possibilidade de autocomposição
O legitimado coletivo pode dispor do direito coletivo? Como?
Mas ele pode conduzir o processo de qualquer jeito?
Apenas o prazo e forma do cumprimento?
Art. 26 da LINDB como baliza interpretativa?
Transação em causas de massa
Como identificar se o legitimado é adequado para identificar a
vontade dos substituídos
A importância da participação dos substituídos
O indivíduo pode “discordar” do acordo?
O “leilão” reverso
A importância da homologação judicial
Riscos da solução consensual
O problema da coerção no acordo
O problema da desigualdade entre os participantes da relação
O problema da representatividade
A pacificação social v. A atuação do direito
Representatividade adequada e acordos
coletivos
Casos base
1. Amchem Products, Inc. vs Windsor
Milhares de ações e processos coletivos
Tratativas para buscar um acordo: criação de
procedimentos para reparação a depender do
dano sofrido e outro para quem ainda não
havia ajuizado a ação
Para os últimos, haveria um fundo não
atualizado pela inflação e para alguns haveria
um limite numérico para as habilitações
O caso foi admitido em primeiro grau e no tribunal
Não foi admitido pela Suprema Corte, devido a ausência de
representatividade adequada em relação aos membros ausentes (os
que ainda não haviam ajuizado suas ações e os que, embora o
tenham feito, não forma levados em conta na negociação)
O problema: não teve acordo; os riscos de subgrupos em um
mesmo grupo.
Novos problemas na autocomposição
1. A influência de interesses alheios aos das vítimas: circunstanciais,
funcionais e performáticos
2. Os riscos que a própria ideia de representatividade adequada traz
para acordos coletivos
3. As narrativas conflitantes sobre a representatividade adequada
4. Garantismo racional e devido processo legal
Termo de Ajustamento de Conduta
Art. 5º, §6º, LACP: § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.
Legitimados
Órgãos públicos
◦ MP, Advocacia Pública e Defensoria Pública
◦ Empresas públicas e sociedades de economia mista?
Consequências de lei posterior tornando
ilegal o objeto do TAC
Se o objeto for de prestação única, a lei não retroage para atingir ato
jurídico perfeito
Se de trato sucessivo, torna o TAC ilegal pela ilicitude posterior do
objeto
O que fazer?
Se extrajudicial: 1) provocar o particular para repactuar o TAC, pelo
princípio da eficiência ou 2) requerer anulação judicialmente (ação
declaratória ou mesmo uma ACP) (101)
Se judicial
Legitimidade no processo
coletivo
Espécies de legitimidade
Legitimação ad causam ordinária v. legitimação ad causam
extraordinária

Representação v. substituição
Há legitimação extraordinária negocial
coletiva?
Quais os problemas dessa proposta? Quem poderia negociar sobre
essa legitimidade?
E se for entre dois legitimados em busca de uma
representatividade adequada?
Como é a legitimação ativa?
1. Sistema de controle judicial da representatividade
adequada
2. Sistema de autorização legal para a legitimação ativa
3. Sistema misto
Como poderia funcionar a
representatividade adequada?
i. Controle constante, dinâmico e casuístico
ii. Ausência de conflito de interesses entre a posição do legitimado e
a do grupo
iii. Expertise do advogado
iv. Credibilidade, capacidade, prestígio, experiência e conduta em
outros processos
O sistema brasileiro
1. Legitimação do particular – o cidadão na ação popular
2. Legitimação de pessoas jurídicas de direito privado
3. Legitimação de órgãos do poder público

A legitimação autônoma, exclusiva, concorrente e disjuntiva


Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;.
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e
social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência,
aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados
concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos
interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam
entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este
código, dispensada a autorização assemblear.
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações
previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem
jurídico a ser protegido
Controle jurisdicional da legitimação
coletiva
A pertinência temática no direito brasileiro
O que isso significa para a atuação concreta do legitimado?
Legitimidade da defensoria
LC 80/94
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de
propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de
pessoas hipossuficientes;
VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e
individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV
do art. 5º da Constituição Federal;
Tema 607 RG: A Defensoria Pública tem legitimidade para
a propositura de ação civil pública que vise a promover a
tutela judicial de direitos difusos ou coletivos de que sejam
titulares, em tese, pessoas necessitadas.
a Defensoria Pública possui legitimidade para propor ação civil
pública na defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos, sendo a condição jurídica de 'necessitado'
interpretado de forma ampliativa, de modo a possibilitar sua atuação
em relação aos necessitados jurídicos em geral, não apenas dos
hipossuficientes sob o aspecto econômico. (AgInt no AREsp n.
282.741/RS, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 17/12/2019, DJe de 12/3/2020.)
Associações
A legitimidade ativa das associações civis para a propositura de ação
civil pública é verificada pela sua representatividade adequada, a
qual deverá ser aferida à vista da sua pertinência temática e da pré-
constituição há pelo menos 1 (um) ano, nos termos da lei civil. (REsp
n. 1.986.320/SP, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, julgado em 8/8/2023, DJe de 15/8/2023.)
As associações devem demonstrar, para ajuizamento válido de ações
civis públicas, a pertinência temática entre suas finalidades
institucionais e o objeto da demanda coletiva, entre outros requisitos.
Considera-se que, "embora essa finalidade possa ser razoavelmente
genérica, não pode ser, entretanto, desarrazoada, sob pena de
admitirmos a criação de uma associação civil para a defesa de qualquer
interesse, o que desnaturaria a exigência de representatividade
adequada do grupo lesado" (AgRg no REsp 901.936/RJ, Rel. Ministro
LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/10/2008, DJe de
16/03/2009). (AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.264.317/DF, relator
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 13/3/2023, DJe de
29/3/2023.)
E a OAB?
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público,
dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem por
finalidade: I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado
democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e
pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da
justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;
Há pertinência temática?
Entes públicos e pertinência temática
O MP e os direitos individuais
homogêneos
A ilegitimidade do Ministério Público para propor ação civil pública
quando não demonstrado o relevante interesse social está em
harmonia com a orientação do Superior Tribunal de Justiça sobre o
teman(AgInt no AREsp n. 1.686.313/GO, relator Ministro Paulo
Sérgio Domingues, Primeira Turma, julgado em 18/9/2023, DJe de
20/9/2023.)
“ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado de
Goiás visando à declaração de nulidade de todas as sindicâncias
disciplinares instauradas pela Guarda Municipal”
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido
de que o Ministério Público possui legitimidade para propor Ação
Civil Pública voltada à defesa de direitos individuais homogêneos,
ainda que disponíveis e divisíveis, mas somente quando presente
relevância social objetiva do bem jurídico tutelado. (AgInt no AREsp
n. 2.028.899/RS, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 25/4/2022, DJe de 27/4/2022.)
“Sucede que a ação civil pública teve origem em uma única
reclamação de um consumidor que se disse prejudicado com o
procedimento da companhia aérea, caso em que não se faz presente
a relevância social nos interesses defendidos” – sobre a retificação
do nome do passageiro em bilhete
Casos em que reconhecido interesse social:

i) cláusula contratuais abusivas em plano de saúde;


ii) veículo produzido com defeito;
iii) vítimas de desabamento de prédio comercial;
iv) pais de alunos que sofrem com aumentos abusivos de escolas
particulares
Está correta essa limitação?
•“à luz das ferramentas interpretativas apresentadas nos capítulos
iniciais, entende-se que a relevância social é imanente à própria
técnica de coletivização. A aglutinação será caminho adequado e
socialmente relevante sempre que for possível e recomendada. Não
há via intermediária a obstar a propositura da medida: ou a
aglutinação não apresenta superioridade diante da tutela individual
(e, em tais hipóteses, seu uso sequer é cabível), ou essa primazia
está presente (e, nesse caso, a relevância social lhe é ínsita)” (Osna e
Arenhart, Curso de processo civil coletivo)
•Ausência de limitação na previsão legal
O que fazer com a ilegitimidade
Art. 5º, §3º, LACP: § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade
ativa.
Outrossim, sem amparo a compreensão da origem de que eventual continuidade da
ação pelo Ministério Público se limita às hipóteses de abandono ou desistência, não
abarcando a declaração de ilegitimidade e falta de interesse da associação, pois referido
entendimento não reflete a jurisprudência do STJ, que, pautada na continuidade da
Ação Civil Pública e nos princípios da indisponibilidade da demanda coletiva e da
obrigatoriedade, autoriza o Ministério Público a assumir a titularidade da ação, se
declarada ilegítima a Associação autora - a não ser que o Parquet demonstre
fundamentadamente a manifesta improcedência da ação ou que a lide é temerária.
(AgInt no REsp n. 1.845.791/PR, relator Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe de 12/12/2022.)
Legitimidade no MS coletivo
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus
interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou
por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
Substituição v. representação processual
oArt. 5º, XXI: XXI - as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial
ou extrajudicialmente;

oO que é isso?
Tema 82 RG
I – A previsão estatutária genérica não é suficiente para legitimar a
atuação, em Juízo, de associações na defesa de direitos dos filiados,
sendo indispensável autorização expressa, ainda que deliberada em
assembleia, nos termos do artigo 5º, inciso XXI, da Constituição
Federal;
II – As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, são definidas pela representação no
processo de conhecimento, limitada a execução aos associados
apontados na inicial.
Lei 9494
art. 2o-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por
entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados,
abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação,
domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. (Incluído pela
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial
deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade
associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus
associados e indicação dos respectivos endereços. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)
TEMA 499 RG
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de
interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no
âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da
relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento.
Intervenção de terceiros
Assistência
Em casos de direitos difusos
Pode o indivíduo intervir?
E outro colegitimado?
Art. 5º, §2º, LACP: § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras
associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como
litisconsortes de qualquer das partes.
Assistência em ação popular
•Art. 6º, §5º, LAP: § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se
como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
•Qualquer cidadão pode intervir?
•Seria possível essa assistência em ACP cujo objeto é o mesmo de
uma ação popular?
Assistência em causa que verse sobre
direito individual homogêneo
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim
de que os interessados possam intervir no processo como
litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Amicus curiae
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade
do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de
15 (quinze) dias de sua intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem
autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de
declaração e a hipótese do § 3º.
§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção,
definir os poderes do amicus curiae .
Intervenção móvel da pessoa jurídica
Art. 6º § 3º, LAP: A pessoas jurídica de direito público ou de direito
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de
contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso
se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.
A quebra da estabilidade subjetiva
Limites
A limitação nos casos de haver necessidade de reparação de dano
pela pessoa jurídica;
Cabe ao juiz controlar essa migração de polos?
É possível sua aplicação a outros procedimentos coletivos?
Defender o ato

Atuar Se abster de
junto com Processo responder
o autor
Denunciação da lide
Art. 125, II, CPC: Art. 125. É admissível a denunciação da lide,
promovida por qualquer das partes: II - àquele que estiver obrigado,
por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.

Desafios à admissão no processo coletivo: o risco da inserção de


elemento novo a atrapalhar o andamento do processo
Competência no processo
coletivo
Etapas na definição de competência

1 Verificar se é caso de competência da justiça brasileira (arts. 21-23)


2 Verificar se é competência de tribunal superior
Ex.: Ação popular em que haja conflito federativo entre União e Estados (art. 102, I, f,
CF)
Ex: Ações do controle concentrado de constitucionalidade
3 Verificar se é competência da justiça especial (federal, eleitoral, militar, trabalhista)
ou comum
4 Verificar se é competência do tribunal ou justiça comum
5 Determinar a competência do foro
6 Identificar se há vara especializada (em processo coletivos?)
LACP CDC

Art. 2º As ações previstas nesta Lei Art. 93. Ressalvada a competência da


serão propostas no foro do local onde Justiça Federal, é competente para a
ocorrer o dano, cujo juízo terá causa a justiça local:
competência funcional para processar e I - no foro do lugar onde ocorreu ou
julgar a causa. deva ocorrer o dano, quando de âmbito
local;
II - no foro da Capital do Estado ou no
do Distrito Federal, para os danos de
âmbito nacional ou regional, aplicando-
se as regras do Código de Processo Civil
aos casos de competência concorrente
ENUNCIADO 229 do CJF: Para definição de competência em processo
coletivo, deve-se entender como dano: (I) local: aquele que atinja
uma cidade ou, atingindo mais de uma, não atinja a capital; (II)
regional: aquele que atinja mais de uma cidade, sendo uma delas a
capital.
ECA: Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores.
O que é dano regional e nacional?
Princípio da competência adequada
EXCEÇÕES À REGRA GERAL.
18. Há que se ressalvar, no entanto, as situações que envolvam aspectos
estritamente humanos e econômicos da tragédia (tais como o ressarcimento
patrimonial e moral de vítimas e familiares, combate a abuso de preços etc) ou
mesmo abastecimento de água potável que exija soluções peculiares ou locais, as
quais poderão ser objeto de ações individuais ou coletivas, intentadas cada qual no
foro de residência dos autores ou do dano. Nesses casos, devem ser levadas em
conta as circunstâncias particulares e individualizadas, decorrentes do acidente
ambiental, sempre com base na garantia de acesso facilitado ao Poder Judiciário e
da tutela mais ampla e irrestrita possível. Em tais situações, o foro de Belo
Horizonte não deverá prevalecer, pois significaria óbice à facilitação do acesso à
justiça, marco fundante do microssistema da ação civil pública. (CC n. 144.922/MG,
relatora Ministra Diva Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Primeira
Seção, julgado em 22/6/2016, DJe de 9/8/2016.)
Cooperação jurisdicional
A cooperação como forma de interação entre os órgãos judiciários brasileiros para
a prestação de um melhor exercício da jurisdição
Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido,
prescinde de forma específica e pode ser executado como:
§ 2º Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de
outros, no estabelecimento de procedimento para:
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;
§ 3º O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos
jurisdicionais de diferentes ramos do Poder Judiciário
Prevenção
LACP art. 2º
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
E se houver litispendência, qual a solução?
Tema 1075 STF
I - É inconstitucional a redação do art. 16 da Lei 7.347/1985, alterada pela Lei
9.494/1997, sendo repristinada sua redação original.
II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a
competência deve observar o art. 93, II, da Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do
Consumidor).
III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional e
fixada a competência nos termos do item II, firma-se a prevenção do juízo que
primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas
conexas.
Conexão
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo
se um deles já houver sido sentenciado.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Aspectos gerais dos
processos coletivos
Prescrição
Direitos difusos e coletivos
Não haveria prescrição nos direitos difusos Em que pese não incidir esse prazo prescricional do
e coletivos. CDC, consoante a firme jurisprudência do STJ, a
"Ação Civil Pública e a Ação Popular compõem um
“Se os titulares dos bens tutelados não microssistema de tutela dos direitos difusos, por
podem demandar em juízo, não se pode isso que, não havendo previsão de prazo
aceitar a ocorrência de fenômenos prescricional para a propositura da Ação Civil
temporais extintivos dos interesses e das Pública, recomenda-se a aplicação, por analogia,
respectivas ações” (Leonel) do prazo quinquenal previsto no art. 21 da Lei n.
4.717/65" (REsp n. 1.070.896/SC, relator Ministro
Luis Felipe Salomão, DJe de 4/8/2010; AgInt no
REsp n. 2.065.804/RS, relator Ministro Marco
Aurélio Bellizze, DJe de 17/11/2023
Prazo na lei da ação popular

Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.


Direitos individuais homogêneos
Doutrina: O prazo da ação coletiva "Na falta de dispositivo legal específico para a ação civil pública, aplica-
deve ser o mesmo do prazo cabível se, por analogia, o prazo de prescrição da ação popular, que é o
para ações individuais. quinquenal (art. 21 da Lei nº 4.717/1965), adotando-se também tal lapso
(Didier/Zaneti; Osna/Arenhart; na respectiva execução, a teor da Súmula nº 150/STF. A lacuna da Lei nº
Leonel) 7.347/1985 é melhor suprida com a aplicação de outra legislação
também integrante do microssistema de proteção dos interesses
transindividuais, como os coletivos e difusos, a afastar os prazos do
Código Civil, mesmo na tutela de direitos individuais homogêneos
(pretensão de reembolso dos usuários de plano de saúde que foram
obrigados a custear lentes intraoculares para a realização de cirurgias de
catarata)" Precedentes. (REsp 1473846/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, DJe 24/2/2017). (AgInt no REsp 1.807.990/SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, DJe 24/04/2020)
Teoria da actio nata
Defesa da aplicação dos art. 26 e 27 do CDC:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos
danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção
II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.
Casos específicos
STF, tema 999
"É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental"

Súmula 631 STJ - Não se admite a aplicação da teoria do fato


consumado em tema de Direito Ambiental.
Não há que se confundir o caráter imprescritível da reparação
ambiental por dano continuado em relação à pretensão
meramente patrimonial, sujeita à prescrição quinquenal.
Precedentes: AgInt no REsp 1.401.278/RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe 18/12/2020; AgInt no AREsp 443.094/RJ, Rel.
Min, Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 25/02/2019.
Há sentido na imprescritibilidade?
Razões para alterar o precedente
1 – Não há qualquer previsão normativa que preveja
imprescritibilidade desses danos (exceto em relação a terras
indígenas – art. 231, §4º, CF)
2 – A possibilidade de o prazo ser renovado diariamente se o ilícito é
continuado.
3 – Há alguma razão para evitar fato consumado?
Interrupção da prescrição individual

A jurisprudência firmada por esta Corte Superior orienta que a


citação válida em ação coletiva é causa de interrupção da prescrição
para o ajuizamento de ação individual. (AgInt no AREsp n.
2.212.438/RS, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma,
julgado em 9/10/2023, DJe de 16/10/2023.)
Prazo para a execução individual
Tema 515 STJ
No âmbito do Direito Privado, é de cinco anos o prazo prescricional
para ajuizamento da execução individual em pedido de cumprimento
de sentença proferida em Ação Civil Pública.
Interrupção da prescrição da ação
individual baseada em ação coletiva
"o ajuizamento de ação coletiva somente tem o "Na ação de conhecimento individual, proposta com
condão de interromper a prescrição para o o objetivo de adequar a renda mensal do benefício
recebimento de valores ou parcelas em atraso previdenciário aos tetos fixados pelas Emendas
de benefícios cujos titulares optaram pela Constitucionais 20/98 e 41/2003 e cujo pedido
execução individual da sentença coletiva (art. coincide com aquele anteriormente formulado em
103, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor) ação civil pública, a interrupção da prescrição
ou daqueles que, tendo ajuizado ação individual quinquenal, para recebimento das parcelas vencidas,
autônoma, requereram a suspensão na forma ocorre na data de ajuizamento da lide individual,
do art. 104 do mesmo diploma legal. salvo se requerida a sua suspensão, na forma do art.
104 da Lei 8.078/90."(REsp n. 1.751.667/RS, relatora
Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção,
julgado em 23/6/2021, DJe de 1/7/2021.) tema 1005
O processo coletivo e o controle de
constitucionalidade
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro impetrou habeas corpus coletivo com
o objetivo de compelir o Juízo da Auditoria Militar daquele Estado, em caráter genérico
e abstrato, a oportunizar a apresentação de resposta à acusação e examinar a
possibilidade de absolvição sumária em todos os processos sob sua jurisdição, por
entender que a ausência de previsão específica dessas fases processuais no Código de
Processo Penal Militar violaria a Constituição Federal.
Aplica-se à presente impetração coletiva a compreensão já sedimentada no âmbito de
outros instrumentos processuais de tutela de direitos coletivos lato sensu, como a ação
civil pública, no sentido de que é inviável a ação de caráter coletivo em que o pedido
de controle de constitucionalidade se confunde com o próprio objeto da ação,
configurando-se uma verdadeira ação direta dissimulada de ação coletiva. (AgRg no
RHC n. 143.611/RJ, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 20/6/2023,
DJe de 27/6/2023.)
As limitações dos processo coletivos
Art. 1º, parágrafo único, LACP
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.
I - O feito decorre de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal para
contestar a IN n. 988/2009 da Receita Federal que dispõe sobre a isenção de IPI e IOF na
aquisição de veículos automotores por parte dos portadores de "deficiências físicas".
II - O parágrafo único do art. 1º da Lei n 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública, veda
o ajuizamento da referida ação para veicular pretensões que envolvam tributos. A referida
vedação direcionada ao tema impede a utilização da ação coletiva para tutelar direito
individual homogêneo disponível, e que pode ser defendido individualmente em
demandas autônomas.
III - Nesse contexto é inviável o ajuizamento de ação civil pública pelo Ministério Público
para discutir a relação jurídico-tributária.
V - Refira-se, ainda, o tema 645, STF: "O Ministério Público não possui legitimidade ativa ad
causam para, em ação civil pública, deduzir em juízo pretensão de natureza tributária em
defesa dos contribuintes, que vise questionar a constitucionalidade/legalidade de tributo.“
(EREsp n. 1.428.611/SE, relator Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, julgado em
9/2/2022, DJe de 29/3/2022.)
RE 576155 / DF - DISTRITO
FEDERAL (STF)
Cabimento de Mandado de Segurança
coletivo?
REsp n. 903.394/AL, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado
em 24/3/2010, DJe de 26/4/2010
Abandono em ações coletivas
LACP: Art. 5º § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono
da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.
O MP é obrigado a prosseguir com o processo?
"A assunção do polo ativo por outro colegitimado deve ser aceita,
por aplicação analógica dos arts. 9º da Lei 4.717/65 e 5º, § 3º, da Lei
7.347/85, na hipótese de dissolução da associação autora original,
por aplicação dos princípios da interpretação pragmática e da
primazia do julgamento de mérito." (REsp 1.800.726/MG, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
02/04/2019, DJe 04/04/2019) (AgInt nos EDcl no REsp n.
1.787.184/MG, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, julgado em 23/8/2021, DJe de 26/8/2021.)
A disponibilidade que o legitimado coletivo possui e exercita por
meio do acordo é restrita ao aspecto processual do procedimento
judicial, não alcançando o conteúdo material da causa, o que torna
possível, na lide coletiva, a assunção do polo ativo por outro
colegitimado, como o Ministério Público, na hipótese de desistência
da ação ou de recurso. Incidência do princípio da indisponibilidade
temperada da demanda coletiva. (AgInt no REsp n. 1.724.754/SP,
relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado
em 23/11/2020, DJe de 1/12/2020.)
Reconvenção na ação coletiva
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular
de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face
do autor, também na qualidade de substituto processual.
Ex1: Sindicato ajuíza ação declaratória de direito de greve e o sindicato réu
reconvém propondo ação possessória, afirmando que o grupo substituído tem
promovido invasões em seus imóveis.
Tutela provisória nos processos coletivos
Particularidades quando envolve a FP
Repercussões da tutela provisória em processos coletivos em
processos individuais
A tutela provisória favorável ao grupo estende os efeitos ao plano
individual, permitindo uma execução provisória?
A tutela provisória desfavorável ao grupo estende seus efeitos aos
processos individuais?
Litigância de má-fé e despesas
processuais
LACP
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras
despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada
má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
Custos da perícia
"A Primeira Seção desta Corte, em sede de julgamento recurso
especial repetitivo, assentou o entendimento de que, em sede de
ação civil pública promovida pelo Ministério Público, o
adiantamento dos honorários periciais ficará a cargo da Fazenda
Pública a que está vinculado o Parquet, pois não é cabível obrigar o
perito a exercer seu ofício gratuitamente, tampouco transferir ao réu
o encargo de financiar ações contra ele movidas (REsp 1253844/SC,
DJe de 17/10/2013).
STF STJ
“releitura do art. 18 da Lei da Ação Civil Pública para A existência de posicionamento
conferir maior responsabilidade ao Parquet no ingresso das monocrático e isolado do
ações coletivas, por meio de incentivos financeiros voltados
a esta finalidade” e prossegue da seguinte forma: “Penso Supremo Tribunal Federal, em
que aprimorar os incentivos financeiros para que o Parquet sentido contrário ao da
tome medidas judiciais com maior responsabilidade é de jurisprudência desta Corte, não
todo desejável, eis que a atuação do Ministério Público configura a superação dos
como curador universal de todos os valores públicos, e sua precedentes elencados pela
pujante proeminência nessa função, não encontra
justificação nem prática nem teórica. Criar incentivos para decisão agravada, tampouco
que esse órgão público passe a atuar, com maior frequência, caracteriza violação à cláusula
juntamente com legitimados de direito privado, de reserva de plenário. 4.
aperfeiçoando suas parcerias e oportunidades de Agravo interno não provido”
litisconsórcio, é uma das tarefas pendentes para que a
tutela do interesse público seja feita de forma mais (AgInt no AREsp n.
profissional, especializada e responsável” ACO 1.560 e ARE 2.028.790/RJ, DJe de
1.283.040 19/10/2022)
CDC
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora,
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e
despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora
e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo
das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
“a compreensão desta Corte Superior é a de que o art. 18 da Lei
7.347/1985 é dirigido apenas ao autor da Ação Civil Pública, não
estando o réu daquela espécie de demanda isento do pagamento
das custas e despesas processuais” (AgInt no AREsp 1.189.733/SP,
Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe 12.11.2018).
E para honorários?
consoante a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, "em
razão da simetria, descabe a condenação em honorários advocatícios
da parte requerida em ação civil pública, quando inexistente má-fé,
de igual sorte como ocorre com a parte autora, por força da
aplicação do art. 18 da Lei n. 7.347/1985". (REsp n. 2.009.894/PR,
relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em
25/4/2023, DJe de 27/4/2023.)
Direito probatório
1. Prova estatística?
2. Súmula 618 STJ e dinamização do ônus da prova: A inversão do
ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
Questões recursais
1. Interesse recursal (há recurso do fundamento?)
2. Efeito suspensivo da apelação
LACP
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano
irreparável à parte.
Lei Ação Popular
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está
sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito
suspensivo.
Reexame necessário
Lei Ação Popular
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela
improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não
produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que
julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
E na ACP?
2. Aplica-se o art. 19 da Lei n. 4.717/65 por analogia às ações civis públicas, de
forma que a sentença de procedência não deve ser submetida ao reexame
necessário, afastando-se o disposto no art. 475 do CPC/73.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 1.749.850/SC, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma,
julgado em 29/5/2023, DJe de 1/6/2023.)
Relação entre processos
individuais e coletivos
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do
parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra
partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não
beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida
sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos
do ajuizamento da ação coletiva.
Mandado de segurança
Art. 22. § 1o O mandado de segurança coletivo não induz
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não
requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da
segurança coletiva.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA. MANDADO DE
SEGURANÇA INDIVIDUAL. DESISTÊNCIA. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÕES DE VÍCIOS NO ACÓRDÃO.
INEXISTENTES.
I - Na origem, trata-se de mandado de segurança objetivando a manutenção da complementação da
aposentadoria do autor que foi suprida pelo Estado de São Paulo. Na sentença, denegou-se a
segurança. No Tribunal a quo, negou-se o pedido de suspensão da demanda em razão da existência
da ação coletiva, mantendo-se a sentença. Esta Corte conheceu do agravo para dar provimento ao
recurso especial, homologando-se a desistência do mandado de segurança individual.
II - Segundo entendimento do STJ, o § 1º do art. 22 da Lei n. 12.016/2009 assegura à parte
impetrante o direito de desistir do mandado de segurança individual. Segundo a jurisprudência "As
demandas coletivas regem-se pelo microssistema criado pelo CDC e pela Ação Civil Pública. Nos
termos do art. 104 do CDC e do art. 22, § 1º, da Lei 12.016/2009", Assim, "não há litispendência
entre Ação Coletiva e Ações Individuais. Inexiste, pois, litispendência entre o presente Mandado de
Segurança individual e o Mandado de Segurança coletivo".
III - Considerando-se que a parte impetrante formulou pedido de desistência antes do julgamento
da apelação, é de ser deferido o pedido. Nesse sentido: RMS 52.018/RS, Rel. Ministro Francisco
Falcão, Rel. p/ Acórdão Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 13/12/2018, DJe
4/9/2019. (AgInt no AREsp n. 1.249.824/SP, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma,
julgado em 22/4/2020, DJe de 24/4/2020.)
Suspensão de processo individuais
1. Segundo precedentes deste Superior Tribunal, "ajuizada ação coletiva atinente a
macrolide geradora de processos multitudinários, suspendem-se as ações individuais, no
aguardo do julgamento da ação coletiva". (v.g.: REsp 1110549/RS, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, Segunda Seção, julgado em 28/10/2009, DJe 14/12/2009).
2. Este STJ também compreende que o posicionamento exarado no referido REsp
1.110.549/RS, "não nega vigência aos aos arts. 103 e 104 do Código de Defesa do
Consumidor; com os quais se harmoniza, atualizando-lhes a interpretação extraída da
potencialidade desses dispositivos legais ante a diretriz legal resultante do disposto no art.
543-C do Código de Processo Civil, com a redação dada pela Lei dos Recursos Repetitivos
(Lei n. 11.672, de 8.5.2008)". (REsp n. 1.353.801/RS, relator Ministro Mauro Campbell
Marques, Primeira Seção, julgado em 14/8/2013, DJe de 23/8/2013 – tema 589)
Comunicação de possíveis ações
coletivas
Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem
conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.
(LACP)
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe: X - quando se deparar com diversas demandas
individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e,
na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 , e o art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da ação
coletiva respectiva.
Coisa julgada no processo
coletivo
Regimes de formação da coisa julgada em relação às partes
1 – Inter partes
2 – Ultra partes
3 – Erga omnes
Modo de produção

1- Pro et contra
2 - Secundum eventum litis
3 - Secundum eventum probationis
Direitos difusos (art. 103, I, CDC)
erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
Direitos coletivos (art. 103, II, CDC)
ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo
improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso
anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
O que é insuficiência de provas?
Ela precisa ser declarada no processo?
E se há julgamento pela ausência de direito?
O que é a prova no segundo processo? Ela é um requisito
processual?
E para os indivíduos?
Art. 103, §1º: § 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e
II não prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes
da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
Transporte in utilibus direitos difusos e
coletivos
Art. 103 § 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado
com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as
ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o
pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
Quais os problemas desse transporte in
utilibus?
Ação que objetiva tutelar direito difuso ao meio ambiente,
determinando que a empresa X pare de poluir o Rio.
Seu zé pretende, a partir da coisa julgada, receber indenização da
empresa X.
Direitos individuais homogêneos (art.
103, II, CDC)
erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso
III do parágrafo único do art. 81.
Mas e do ponto de vista coletivo?
Não é possível a propositura de nova ação coletiva, mas são
resguardados os direitos individuais dos atingidos pelo evento
danoso. (REsp n. 1.302.596/SP, relator Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, relator para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Segunda Seção, julgado em 9/12/2015, DJe de 1/2/2016.)
E se o sujeito intervir no processo?
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim
de que os interessados possam intervir no processo como
litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
(CDC)
Art. 103 § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de
improcedência do pedido, os interessados que não tiverem
intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de
indenização a título individual.
Transporte in utilibus da coisa julgada
para o plano individual
Direitos individuais homogêneos
Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será
genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser
promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos
legitimados de que trata o art. 82.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo
único do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais,
mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que
aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de
trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação
coletiva.
Há limite temporal?
Como contar os 30 dias? Úteis ou corridos?
É admissível a suspensão após os 30 dias? Qual o limite? Sentença no
processo individual (Leonel)
E se o processo individual transitar em julgado antes do coletivo (sem
qualquer ciência das partes)?
É legítima a diferenciação do regime?
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo
impetrante. (Vide ADIN 4296)
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a
título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no
prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da
segurança coletiva.
E se o processo individual transitar em julgado antes do coletivo
(sem qualquer ciência das partes)?
Questões para discussão
Possibilidade de mudanças legislativas do regime
O regime de precedentes (e seus limites)
A possibilidade de suspensão dos processos individuais (Resp
1.110.549)
Inconstitucionalidade do art. 16 da Lei
da ACP
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que
qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
RE 1.101.937 (Tema 1075)
I - É inconstitucional a redação do art. 16 da Lei 7.347/1985,
alterada pela Lei 9.494/1997, sendo repristinada sua redação
original. II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais
ou regionais, a competência deve observar o art. 93, II, da Lei
8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor). III - Ajuizadas
múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional e fixada
a competência nos termos do item II, firma-se a prevenção do juízo
que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as
demandas conexas.
Particularidades dos procedimentos
Ação popular
1. Objeto: invalidação de atos lesivos ao patrimônio público (arts. 2º, 3º e 4º)
2. Legitimidade ativa: a condição atual de eleitor, vedado no caso de suspensão de direitos
políticos
Não pode pessoa jurídica (S. 365)
3. Legitimação passiva: Todos os responsáveis pela lesão (art. 1º e 6º, Lei da AP)
4. A atuação do Ministério Público: Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição
da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II,
ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da
ação.
O procedimento da Ação Popular
I. Petição inicial (art. 319, CPC)
II. Possibilidade de requisição preliminar de documentos (art. 7º, I, b, Lei AP)
III. Contestação: art. 7º, §2º, IV: “O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias,
prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se
particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a
todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado
cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital”.
Sentença
 Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das
custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e
comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.
 Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide
manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
Art. 5º LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Reexame necessário: Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da
ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
Ação coletiva ordinária
Art. 5º XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Objeto?
Legitimidade: entidades associativas v. associações: a inclusão das cooperativas e partidos
políticos
Tema 82 RG
I – A previsão estatutária genérica não é suficiente para legitimar a
atuação, em Juízo, de associações na defesa de direitos dos filiados,
sendo indispensável autorização expressa, ainda que deliberada em
assembleia, nos termos do artigo 5º, inciso XXI, da Constituição
Federal;
II – As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, são definidas pela representação no
processo de conhecimento, limitada a execução aos associados
apontados na inicial.
Lei 9494
art. 2o-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por
entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados,
abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação,
domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. (Incluído pela
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial
deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade
associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus
associados e indicação dos respectivos endereços. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)
TEMA 499 RG
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de
interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no
âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da
relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento.
Como delinear o resto do procedimento?
Liquidação no processo coletivo
Requisitos da decisão judicial: a) an debeatur (existência da dívida);
b) cui debeatur (a quem é devido); c) quis debeatur (quem deve); d)
(o que é devido); e) quantum debeatur (quantidade devida)
Liquidação: atividade cognitiva pela qual se busca complementar a
norma jurídica individualizada estabelecida em título judicial
Técnicas processuais para liquidação
1) Fase de liquidação;
2) Processo de liquidação;
3) Liquidação incidental
Execução e processos coletivos
Sentença genérica e execução individual
O juiz pode determinar valor mínimo de indenização e mesmo uma fórmula a
ser aplicada
Necessidade de identificação: a) fatos e alegações referentes ao dano sofrido
pelo autor; b) relação de causalidade entre o dano sofrido pelo autor e o fato
potencialmente danoso acertado na sentença; c) titularidade individual do
direito
TAC e execução individual
As vítimas de evento danoso possuem legitimidade para executar
individualmente o Termo de Ajustamento de Conduta firmado por ente público
que verse sobre direitos individuais homogêneos. REsp 2.059.781-RJ, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 12/12/2023,
DJe 15/12/2023.
Quem pode executar?
Em ação civil pública proposta por Associação, na condição de substituta
processual de consumidores, possuem legitimidade para a liquidação e
execução da sentença todos os beneficiados pela procedência do pedido,
independentemente de serem filiados à Associação promovente (tema 948 STJ)
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de
que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido
fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras
execuções.
Execução coletiva de direito individual homogêneo?
1. Para a promoção de execução coletiva de título executivo coletivo antes do
decurso de 1 (um) ano previsto no art. 100 do Código de Defesa do Consumidor,
é imprescindível a autorização dos associados, mormente porque, na prática, a
pretensão executiva impõe a quebra do sigilo bancário dos exequentes
representados. 2. Na representação, a associação age em nome e por conta
dos interesses de seus associados, conforme autoriza o art. 5º, XXI, CF,
diferentemente do que ocorre na substituição processual. (AgRg no REsp n.
1.274.744/RS, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 18/2/2019,
DJe de 21/2/2019.)
Fluid recovery
 Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução
da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.°
7.347, de 24 de julho de 1985.

A partir de quando começa o prazo? Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão
oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa
do consumidor.
REsp n. 1.156.021/RS, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 6/2/2014, DJe
de 5/5/2014
Função
4. A lesão a interesses individuais homogêneos reconhecida em sentença pode não ser liquidada e executada pelos interessados diretos,
pois essas lesões podem não ser individualmente significantes ou pode haver dificuldade na identificação dos beneficiários da decisão. Em
vista dessa situação, o CDC previu, em seu art. 100, a possibilidade de os legitimados do rol do art. 82 do CDC, entre eles o Ministério
Público, liquidarem e executarem as indenizações não reclamadas pelos titulares do direito material, por meio da denominada reparação
fluida (fluid recovery), hipótese na qual o produto da indenização reverterá para o Fundo de que trata a Lei de Ação Civil Pública (art. 100,
parágrafo único, do CDC). O seu objetivo consiste, sobretudo, em impedir o enriquecimento sem causa daquele que praticou o ato ilícito.
5. Não é possível definir, a priori, a natureza jurídica desse instituto, que poderá variar a depender das circunstâncias da hipótese
concreta. Se for viável definir a quantidade de beneficiários da sentença coletiva, bem como o montante exato do prejuízo sofrido
individualmente por cada um deles, a fluid recovery terá caráter residual. De outro lado, se esses dados forem inacessíveis, a reparação
fluida assumirá natureza sancionatória, evitando-se, com isso, a ineficácia da sentença e a impunidade do autor do ilícito.
6. A ausência das informações necessárias para a constatação dos prejuízos efetivos experimentados pelos beneficiários individuais da
sentença coletiva não deve inviabilizar a utilização da reparação fluida. Nessa hipótese, a indenização poderá ser fixada por estimativa,
podendo o juiz valer-se do princípio da cooperação insculpido no art. 6º do CPC/2015 e determinar que o executado forneça elementos
para que seja possível o arbitramento de indenização adequada e proporcional.
7. Não se pode permitir que o executado - autor do ato ilícito - se insurja contra a execução iniciada pelo legitimado coletivo, nos termos no
art. 100 do CDC, com base no simples argumento de que não houve prova concreta dos prejuízos individuais, sob pena de a reparação fluida
tornar-se inócua. (REsp n. 1.927.098/RJ, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 22/11/2022, DJe de 24/11/2022.)
Atipicidade no contexto do fluid
recovery
A. Redução do preço de alguns produtos ou serviços da empresa condenada;
B. Alteração em serviços ou estruturas da empresa
C. Criação de fundos específicos para a tutela de determinados grupos
D. Depositar valores cobrados indevidamente pelos bancos nas contas dos
correntistas
Execução da sentença em processo
coletivo
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados. (LACP)
E a caução?
Art. 520. IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem
transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa
resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano
pelo juiz e prestada nos próprios autos.
DEC 1306/1994
Art. 2º Constituem recursos do FDD, o produto da arrecadação:
I - das condenações judiciais de que tratam os arts. 11 e 13, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985;
II - das multas e indenizações decorrentes da aplicação da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de
1989, desde que não destinadas à reparação de danos a interesses individuais;
III - dos valores destinados à União em virtude da aplicação da multa prevista no art. 57 e seu
parágrafo único e do produto de indenização prevista no art. 100, parágrafo único, da Lei nº
8.078, de 11 de setembro de 1990;
IV - das condenações judiciais de que trata o parágrafo 2º, do art. 2º, da Lei nº 7.913, de 7 de
dezembro de 1989;
V - das multas referidas no art. 84, da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994;
VI - dos rendimentos auferidos com a aplicação dos recursos do Fundo;
VII - de outras receitas que vierem a ser destinada ao Fundo;
VIII - de doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras.
Competência
Art. 98. § 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Execução individual
 "a liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil
coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e
a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a
extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo (arts.
468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC.)" (REsp 1.243.887/PR, Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, Corte Especial, julgado em 19.10.2011, DJe de 12.12.2011).
Tema 1029: "Não é possível propor nos Juizados Especiais da Fazenda Pública a
execução de título executivo formado em Ação Coletiva que tramitou sob o rito
ordinário, assim como impor o rito sumaríssimo da Lei 12.153/2009 ao juízo comum da
execução".
Claim Resolution Facilities
Pessoas jurídicas criadas para auxiliar em casos de responsabilidade civil de
danos massificados, com o objetivo de padronizar a indenização
a criação de procedimentos simplificados para a fixação das indenizações,
atuando como uma espécie de tribunal extrajudicial, atraindo, também a
necessidade de atuar com independência, imparcialidade e controle externo dos
órgãos públicos.
maior previsibilidade aos litigantes habituais da sua efetiva responsabilidade e,
no caso da responsabilidade civil, de melhor calcular os gastos. A eventual
utilização das CRF impede o posterior questionamento do Poder Judiciário.
Forma de criação: lei, ato administrativo, decisão judicial ou mesmo negócios
jurídicos. De toda forma, sua utilização é vista como facultativa pelo litigante
eventual.
Fonte de custeio: possuem fonte específica e pré-definida, em geral sendo
arcada pelo litigante habitual
Desafio de estabelecer um devido processo legal que não afaste os litigantes e
não incentivem os free riders
Vantagens
1 – Maior adaptabilidade ás peculiaridades do caso
2 – Planos de atuação mais adequados
3 – Mais rápido

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