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COLETIVO
RAVI PEIXOTO
O que é um processo coletivo?
Fredie e Zaneti: a existência de um direito ou um dever coletivo
Antonio Gigi: legitimado extraordinário, defesa de um direito
coletivamente considerado e o regime da coisa julgada diferenciado
IRDR é processo coletivo?
Controle concentrado é processo coletivo?
Existe processo coletivo ativo e passivo?
1. Processos coletivos passivos originários
e derivados
2. Deveres coletivos (invasões por
coletividades art. 554; casos de
responsabilidade anônima ou coletiva)
3. Art. 83 do CDC
4. O regime da legitimidade e da coisa
julgada
A nova perspectiva da jurisdição
Direitos coletivos
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por
danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
Origem romana do processo coletivo
Ação popular romana: tutela do dano ao patrimônio público ou a interesses de
natureza pública; quase penal.
Exemplos: 1) de positis et suspensis: dirigida a quem tivesse suspenso sobre o
teto ou sobre um suporte um objeto sem tomar as necessárias precauções para
evitar sua queda em algum lugar público; 2) de albo corrupto: dirigida a quem
houvesse dolosamente violado um edito pretoriano; 3) de bestiis voltada a
quem deixasse animais perigosos em lugares de acesso comum
Processo coletivo na Itália
Ausência de sistematização do processo coletivo
País com divisão entre justiça administrativa e judicial
Admissão de tutela administrativa do meio ambiente por associações
autorizadas
Admissão de tutela coletiva na repressão de condutas antissindicais
Ação coletiva para tutela de consumidores (sistema de opt in)
Legge 31, 12 aprile 2019: nova tutela
coletiva na Itália
1 – Ampliação para tutela de direitos individuais homogêneos em geral
2 – Cabimento apenas em face de empresas ou entidades gestoras de
serviços públicos ou de utilidade pública
3 – Controle legal e judicial da representação
4 – Sistema de opt in
5 – Previsão de inversão de ônus financeiros, cabendo ao réu adiantar
custos de perícia e despesas processuais
Class Actions (Rule 23)
Fundamentos da tutela coletiva:
1) compensação de vítimas que sofreram danos;
2) dissuasão das empresas de cometerem ilícitos e
3) celeridade e economia processual
Características
i) para que o objeto da demanda possa ser coletivizado há necessidade de
demonstração de pluralidade de interessados determinados ou determináveis, cuja
atuação se torne impraticável
ii) qualquer um pode atuar como representante, mas há forte controle da
representatividade adequada
Toda essa primeira fase é analisada na fase de certificação, mas que é perene no
processo
iii) exige-se do autor informar individualmente os representados que sejam
identificáveis (a questão dos gastos)
iv) a coisa julgada é pro et contra, podendo o indivíduo realizar o opt out
Evolução do processo coletivo brasileiro
Lei da Ação Popular – Lei 4717/1965
Lei da ACP – Lei 7347/1985
Constituição de 1988 e a constitucionalização do processo coletivo
CDC – 1990
E de lá para cá? Quais alterações legais foram relevantes? (e de que
forma)
Procedimentos básicos do processo
coletivo
Mandado de
Ação Civil
Ação Popular Segurança
Pública
Coletivo
Mandado de
Injunção
Coletivo
Legislação em vigor
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989, que Dispõe sobre o apoio às
pessoas portadoras de deficiência, sua integração social – arts. 3º a 7º
Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses
coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da
pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público,
pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo
Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos
termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou
sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da
pessoa com deficiência.
Art. 4º § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e
suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o
Ministério Público.
Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas,
coletivas ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à
deficiência das pessoas.
Lei 7913 (ação civil pública de responsabilidade por
danos causados aos investidores no mercado de valores
mobiliários)
Art. 1º Sem prejuízo da ação de indenização do prejudicado, o
Ministério Público ou a Comissão de Valores Mobiliários, pelo
respectivo órgão de representação judicial, adotará as medidas
judiciais necessárias para evitar prejuízos ou para obter
ressarcimento de danos causados aos titulares de valores mobiliários
e aos investidores do mercado, especialmente quando decorrerem
de:
I — operação fraudulenta, prática não eqüitativa, manipulação de
preços ou criação de condições artificiais de procura, oferta ou preço
de valores mobiliários;
Art. 2º As importâncias decorrentes da condenação, na ação de que trata esta
Lei, reverterão aos investidores lesados, na proporção de seu prejuízo.
§ 1º As importâncias a que se refere este artigo ficarão depositadas em conta
remunerada, à disposição do juízo, até que o investidor, convocado mediante
edital, habilite-se ao recebimento da parcela que lhe couber.
§ 2º Decairá do direito à habilitação o investidor que não o exercer no prazo de
dois anos, contado da data da publicação do edital a que alude o parágrafo
anterior, devendo a quantia correspondente ser recolhida ao Fundo a que se
refere o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
ECA
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência; (...)
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial
outros interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e
da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro
do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo
terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a
competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da
decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Público,
nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
Art. 213 (...) § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da
sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os
honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art.
20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo
Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora
e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
responsabilidade por perdas e danos.
Lei 14597 – Lei do Esporte
Art. 142. As relações de consumo em eventos esportivos regulam-se especialmente por esta Lei,
sem prejuízo da aplicação das normas gerais de proteção ao consumidor.
§ 1º Para os efeitos desta Lei e para fins de aplicação do disposto na Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), consideram-se consumidor o espectador
do evento esportivo, torcedor ou não, que tenha adquirido o direito de ingressar no local onde
se realiza o referido evento e fornecedora a organização esportiva responsável pela organização
da competição em conjunto com a organização esportiva detentora do mando de campo, se
pertinente, ou, alternativamente, as duas organizações esportivas competidoras, bem como as
demais pessoas naturais ou jurídicas que detenham os direitos de realização da prova ou
partida.
Estatuto do Idoso (Lei 10741/2003)
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos
direitos assegurados à pessoa idosa, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência ou com limitação incapacitante;
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença infectocontagiosa;
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa idosa.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros
interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa,
protegidos em lei.
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio da
pessoa idosa, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa,
ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos
Tribunais Superiores.
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável
ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado.
Lei de Defesa da Ordem Econômica (Lei
12529/2011)
Art. 1º Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC e dispõe
sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada
pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função
social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder
econômico.
Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos por esta Lei.
Art. 47. Os prejudicados, por si ou pelos legitimados referidos no art. 82 da Lei nº 8.078,
de 11 de setembro de 1990 , poderão ingressar em juízo para, em defesa de seus
interesses individuais ou individuais homogêneos, obter a cessação de práticas que
constituam infração da ordem econômica, bem como o recebimento de indenização por
perdas e danos sofridos, independentemente do inquérito ou processo administrativo,
que não será suspenso em virtude do ajuizamento de ação.
Lei Mandado de Injunção (Lei 13300/2016)
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com
a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal .
** E os entes públicos?
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por
mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.
Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da
categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º
do art. 9º.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em
relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o
impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
Direitos v. Interesses
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este
código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar
sua adequada e efetiva tutela.
Grupo de Grupo de
consumidores – consumidores –
proprietários do proprietários do
Creta Creta
Direitos individuais homogêneos (art. 81,
p.ú., III, CDC)
interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
Em geral, o que se obtém é uma sentença genérica, sobre o
núcleo de homogeneidade dos direitos
Exemplos: ação de responsabilidade civil; ação de servidores
públicos
O DIH é um direito coletivo ou um
direito individual tratado coletivamente?
Vantagens da litigância coletiva de
direitos individuais
1. Os casos de baixo valor individual
2. A facilitação do elemento probatório
Racionalizar a atividade judicial
1. Necessidade de manifestação em casos iguais
2. Diminuir gastos judiciários para tratar de questões já resolvidas;
3. Otimização do tempo de prestação de serviços públicos
4. Redução do excesso de demandas
Como diferenciar?
A análise da causa de pedir + pedido
Qual a relevância dessas distinções?
1. Titularidade do direito; execução
2. Legitimidade
3. Possibilidade de atuação individual ou não
4. Apenas no direito individual homogêneo o titular pode ingressar
como assistente litisconsorcial
É legítima a restrição da tutela de direitos
coletivos?
Art. 21 Lei do MS
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da
totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.
O caso da ação popular
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Municípios, de...
CF, art. 5º
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
Tese 836 do STF
Não é condição para o cabimento da ação popular a demonstração
de prejuízo material aos cofres públicos, dado que o art. 5º, inciso
LXXIII, da Constituição Federal estabelece que qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular e impugnar, ainda que
separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou
histórico do Estado ou de entidade de que ele participe.
Outras classificações?
A incapacidade do conceito
tradicional de perceber a
possível conflituosidade
dentro da indivisibilidade e
os diferentes interesses
envolvidos
VERSUS
A nova visão e premissas
A titularidade só pode ser definida a partir do litígio. De nada
adianta discutir a quem pertence o direito individual à conservação
do rio X se não há dano. É a partir do problema que a titularidade
pode ser múltipla
Ou seja, a classificação advém do tipo de conflito.
A diferenciação partiria de duas variáveis: a) conflituosidade interna
nos grupos e b) complexidade tendo em vista a variabilidade da
resolução jurídica.
Outra classificação
A titularidade é atribuída, em graus variados, aos
indivíduos que compõem a sociedade, de modo
diretamente proporcional à gravidade da lesão
experimentada.
Litígios coletivos de difusão global
1. Baixo grau de litigiosidade
2. Baixa possibilidade de
intervenção dos membros do
grupo
3. Facilidade de identificação da
competência
4. Alta probabilidade de
autocomposição
Litígio de difusão local
1. Litigiosidade média, com alta
coesão
2. Fácil identificação da
legitimidade coletiva
3. Interesse na participação do
grupo afetado
Litígio de difusão irradiada
1. Alta conflituosidade e
complexidade
2. Dificuldade de identificação do
legitimado adequado
3. Dificuldade na autocomposição
4. Dificuldades na operacionalização
da participação
Ação 1: Ação coletiva para tutela de direitos difusos
por propaganda enganosa
Ação 2: Ação que tutela direitos individuais
homogêneos de consumidores que sofreram danos
Bateau Mouche IV
Ação 1: Ação de obrigação de fazer de associações de empresas de turismo, para a
tutela da boa imagem do setor na economia (coletiva)
Ação 2: Ação do MP objetivando tutelar a vida e a segurança das pessoas, pretendendo
interditar a embarcação
Ação 3: Individual, das pessoas que sofreram danos.
Normas fundamentais do processo
coletivo
Devido processo legal coletivo
Processo multiportas
Características da autocomposição
Acordos no processo de conhecimento v. acordos relativos
ao cumprimento da obrigação
Publicidade v. confidencialidade na autocomposição
coletiva
Indisponibilidade v. possibilidade de autocomposição
O legitimado coletivo pode dispor do direito coletivo? Como?
Mas ele pode conduzir o processo de qualquer jeito?
Apenas o prazo e forma do cumprimento?
Art. 26 da LINDB como baliza interpretativa?
Transação em causas de massa
Como identificar se o legitimado é adequado para identificar a
vontade dos substituídos
A importância da participação dos substituídos
O indivíduo pode “discordar” do acordo?
O “leilão” reverso
A importância da homologação judicial
Riscos da solução consensual
O problema da coerção no acordo
O problema da desigualdade entre os participantes da relação
O problema da representatividade
A pacificação social v. A atuação do direito
Representatividade adequada e acordos
coletivos
Casos base
1. Amchem Products, Inc. vs Windsor
Milhares de ações e processos coletivos
Tratativas para buscar um acordo: criação de
procedimentos para reparação a depender do
dano sofrido e outro para quem ainda não
havia ajuizado a ação
Para os últimos, haveria um fundo não
atualizado pela inflação e para alguns haveria
um limite numérico para as habilitações
O caso foi admitido em primeiro grau e no tribunal
Não foi admitido pela Suprema Corte, devido a ausência de
representatividade adequada em relação aos membros ausentes (os
que ainda não haviam ajuizado suas ações e os que, embora o
tenham feito, não forma levados em conta na negociação)
O problema: não teve acordo; os riscos de subgrupos em um
mesmo grupo.
Novos problemas na autocomposição
1. A influência de interesses alheios aos das vítimas: circunstanciais,
funcionais e performáticos
2. Os riscos que a própria ideia de representatividade adequada traz
para acordos coletivos
3. As narrativas conflitantes sobre a representatividade adequada
4. Garantismo racional e devido processo legal
Termo de Ajustamento de Conduta
Art. 5º, §6º, LACP: § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.
Legitimados
Órgãos públicos
◦ MP, Advocacia Pública e Defensoria Pública
◦ Empresas públicas e sociedades de economia mista?
Consequências de lei posterior tornando
ilegal o objeto do TAC
Se o objeto for de prestação única, a lei não retroage para atingir ato
jurídico perfeito
Se de trato sucessivo, torna o TAC ilegal pela ilicitude posterior do
objeto
O que fazer?
Se extrajudicial: 1) provocar o particular para repactuar o TAC, pelo
princípio da eficiência ou 2) requerer anulação judicialmente (ação
declaratória ou mesmo uma ACP) (101)
Se judicial
Legitimidade no processo
coletivo
Espécies de legitimidade
Legitimação ad causam ordinária v. legitimação ad causam
extraordinária
Representação v. substituição
Há legitimação extraordinária negocial
coletiva?
Quais os problemas dessa proposta? Quem poderia negociar sobre
essa legitimidade?
E se for entre dois legitimados em busca de uma
representatividade adequada?
Como é a legitimação ativa?
1. Sistema de controle judicial da representatividade
adequada
2. Sistema de autorização legal para a legitimação ativa
3. Sistema misto
Como poderia funcionar a
representatividade adequada?
i. Controle constante, dinâmico e casuístico
ii. Ausência de conflito de interesses entre a posição do legitimado e
a do grupo
iii. Expertise do advogado
iv. Credibilidade, capacidade, prestígio, experiência e conduta em
outros processos
O sistema brasileiro
1. Legitimação do particular – o cidadão na ação popular
2. Legitimação de pessoas jurídicas de direito privado
3. Legitimação de órgãos do poder público
oO que é isso?
Tema 82 RG
I – A previsão estatutária genérica não é suficiente para legitimar a
atuação, em Juízo, de associações na defesa de direitos dos filiados,
sendo indispensável autorização expressa, ainda que deliberada em
assembleia, nos termos do artigo 5º, inciso XXI, da Constituição
Federal;
II – As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, são definidas pela representação no
processo de conhecimento, limitada a execução aos associados
apontados na inicial.
Lei 9494
art. 2o-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por
entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados,
abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação,
domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. (Incluído pela
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial
deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade
associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus
associados e indicação dos respectivos endereços. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)
TEMA 499 RG
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de
interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no
âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da
relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento.
Intervenção de terceiros
Assistência
Em casos de direitos difusos
Pode o indivíduo intervir?
E outro colegitimado?
Art. 5º, §2º, LACP: § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras
associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como
litisconsortes de qualquer das partes.
Assistência em ação popular
•Art. 6º, §5º, LAP: § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se
como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
•Qualquer cidadão pode intervir?
•Seria possível essa assistência em ACP cujo objeto é o mesmo de
uma ação popular?
Assistência em causa que verse sobre
direito individual homogêneo
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim
de que os interessados possam intervir no processo como
litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Amicus curiae
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade
do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de
15 (quinze) dias de sua intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem
autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de
declaração e a hipótese do § 3º.
§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção,
definir os poderes do amicus curiae .
Intervenção móvel da pessoa jurídica
Art. 6º § 3º, LAP: A pessoas jurídica de direito público ou de direito
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de
contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso
se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.
A quebra da estabilidade subjetiva
Limites
A limitação nos casos de haver necessidade de reparação de dano
pela pessoa jurídica;
Cabe ao juiz controlar essa migração de polos?
É possível sua aplicação a outros procedimentos coletivos?
Defender o ato
Atuar Se abster de
junto com Processo responder
o autor
Denunciação da lide
Art. 125, II, CPC: Art. 125. É admissível a denunciação da lide,
promovida por qualquer das partes: II - àquele que estiver obrigado,
por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.
1- Pro et contra
2 - Secundum eventum litis
3 - Secundum eventum probationis
Direitos difusos (art. 103, I, CDC)
erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
Direitos coletivos (art. 103, II, CDC)
ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo
improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso
anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
O que é insuficiência de provas?
Ela precisa ser declarada no processo?
E se há julgamento pela ausência de direito?
O que é a prova no segundo processo? Ela é um requisito
processual?
E para os indivíduos?
Art. 103, §1º: § 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e
II não prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes
da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
Transporte in utilibus direitos difusos e
coletivos
Art. 103 § 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado
com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as
ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o
pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
Quais os problemas desse transporte in
utilibus?
Ação que objetiva tutelar direito difuso ao meio ambiente,
determinando que a empresa X pare de poluir o Rio.
Seu zé pretende, a partir da coisa julgada, receber indenização da
empresa X.
Direitos individuais homogêneos (art.
103, II, CDC)
erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso
III do parágrafo único do art. 81.
Mas e do ponto de vista coletivo?
Não é possível a propositura de nova ação coletiva, mas são
resguardados os direitos individuais dos atingidos pelo evento
danoso. (REsp n. 1.302.596/SP, relator Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, relator para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Segunda Seção, julgado em 9/12/2015, DJe de 1/2/2016.)
E se o sujeito intervir no processo?
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim
de que os interessados possam intervir no processo como
litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
(CDC)
Art. 103 § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de
improcedência do pedido, os interessados que não tiverem
intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de
indenização a título individual.
Transporte in utilibus da coisa julgada
para o plano individual
Direitos individuais homogêneos
Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será
genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser
promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos
legitimados de que trata o art. 82.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo
único do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais,
mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que
aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de
trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação
coletiva.
Há limite temporal?
Como contar os 30 dias? Úteis ou corridos?
É admissível a suspensão após os 30 dias? Qual o limite? Sentença no
processo individual (Leonel)
E se o processo individual transitar em julgado antes do coletivo (sem
qualquer ciência das partes)?
É legítima a diferenciação do regime?
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo
impetrante. (Vide ADIN 4296)
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a
título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no
prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da
segurança coletiva.
E se o processo individual transitar em julgado antes do coletivo
(sem qualquer ciência das partes)?
Questões para discussão
Possibilidade de mudanças legislativas do regime
O regime de precedentes (e seus limites)
A possibilidade de suspensão dos processos individuais (Resp
1.110.549)
Inconstitucionalidade do art. 16 da Lei
da ACP
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que
qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
RE 1.101.937 (Tema 1075)
I - É inconstitucional a redação do art. 16 da Lei 7.347/1985,
alterada pela Lei 9.494/1997, sendo repristinada sua redação
original. II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais
ou regionais, a competência deve observar o art. 93, II, da Lei
8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor). III - Ajuizadas
múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional e fixada
a competência nos termos do item II, firma-se a prevenção do juízo
que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as
demandas conexas.
Particularidades dos procedimentos
Ação popular
1. Objeto: invalidação de atos lesivos ao patrimônio público (arts. 2º, 3º e 4º)
2. Legitimidade ativa: a condição atual de eleitor, vedado no caso de suspensão de direitos
políticos
Não pode pessoa jurídica (S. 365)
3. Legitimação passiva: Todos os responsáveis pela lesão (art. 1º e 6º, Lei da AP)
4. A atuação do Ministério Público: Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição
da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II,
ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da
ação.
O procedimento da Ação Popular
I. Petição inicial (art. 319, CPC)
II. Possibilidade de requisição preliminar de documentos (art. 7º, I, b, Lei AP)
III. Contestação: art. 7º, §2º, IV: “O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias,
prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se
particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a
todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado
cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital”.
Sentença
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das
custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e
comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide
manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
Art. 5º LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Reexame necessário: Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da
ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
Ação coletiva ordinária
Art. 5º XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Objeto?
Legitimidade: entidades associativas v. associações: a inclusão das cooperativas e partidos
políticos
Tema 82 RG
I – A previsão estatutária genérica não é suficiente para legitimar a
atuação, em Juízo, de associações na defesa de direitos dos filiados,
sendo indispensável autorização expressa, ainda que deliberada em
assembleia, nos termos do artigo 5º, inciso XXI, da Constituição
Federal;
II – As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação
proposta por associação, são definidas pela representação no
processo de conhecimento, limitada a execução aos associados
apontados na inicial.
Lei 9494
art. 2o-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por
entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados,
abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação,
domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. (Incluído pela
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial
deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade
associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus
associados e indicação dos respectivos endereços. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)
TEMA 499 RG
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de
interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no
âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da
relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento.
Como delinear o resto do procedimento?
Liquidação no processo coletivo
Requisitos da decisão judicial: a) an debeatur (existência da dívida);
b) cui debeatur (a quem é devido); c) quis debeatur (quem deve); d)
(o que é devido); e) quantum debeatur (quantidade devida)
Liquidação: atividade cognitiva pela qual se busca complementar a
norma jurídica individualizada estabelecida em título judicial
Técnicas processuais para liquidação
1) Fase de liquidação;
2) Processo de liquidação;
3) Liquidação incidental
Execução e processos coletivos
Sentença genérica e execução individual
O juiz pode determinar valor mínimo de indenização e mesmo uma fórmula a
ser aplicada
Necessidade de identificação: a) fatos e alegações referentes ao dano sofrido
pelo autor; b) relação de causalidade entre o dano sofrido pelo autor e o fato
potencialmente danoso acertado na sentença; c) titularidade individual do
direito
TAC e execução individual
As vítimas de evento danoso possuem legitimidade para executar
individualmente o Termo de Ajustamento de Conduta firmado por ente público
que verse sobre direitos individuais homogêneos. REsp 2.059.781-RJ, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 12/12/2023,
DJe 15/12/2023.
Quem pode executar?
Em ação civil pública proposta por Associação, na condição de substituta
processual de consumidores, possuem legitimidade para a liquidação e
execução da sentença todos os beneficiados pela procedência do pedido,
independentemente de serem filiados à Associação promovente (tema 948 STJ)
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de
que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido
fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras
execuções.
Execução coletiva de direito individual homogêneo?
1. Para a promoção de execução coletiva de título executivo coletivo antes do
decurso de 1 (um) ano previsto no art. 100 do Código de Defesa do Consumidor,
é imprescindível a autorização dos associados, mormente porque, na prática, a
pretensão executiva impõe a quebra do sigilo bancário dos exequentes
representados. 2. Na representação, a associação age em nome e por conta
dos interesses de seus associados, conforme autoriza o art. 5º, XXI, CF,
diferentemente do que ocorre na substituição processual. (AgRg no REsp n.
1.274.744/RS, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 18/2/2019,
DJe de 21/2/2019.)
Fluid recovery
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução
da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.°
7.347, de 24 de julho de 1985.
A partir de quando começa o prazo? Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão
oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa
do consumidor.
REsp n. 1.156.021/RS, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 6/2/2014, DJe
de 5/5/2014
Função
4. A lesão a interesses individuais homogêneos reconhecida em sentença pode não ser liquidada e executada pelos interessados diretos,
pois essas lesões podem não ser individualmente significantes ou pode haver dificuldade na identificação dos beneficiários da decisão. Em
vista dessa situação, o CDC previu, em seu art. 100, a possibilidade de os legitimados do rol do art. 82 do CDC, entre eles o Ministério
Público, liquidarem e executarem as indenizações não reclamadas pelos titulares do direito material, por meio da denominada reparação
fluida (fluid recovery), hipótese na qual o produto da indenização reverterá para o Fundo de que trata a Lei de Ação Civil Pública (art. 100,
parágrafo único, do CDC). O seu objetivo consiste, sobretudo, em impedir o enriquecimento sem causa daquele que praticou o ato ilícito.
5. Não é possível definir, a priori, a natureza jurídica desse instituto, que poderá variar a depender das circunstâncias da hipótese
concreta. Se for viável definir a quantidade de beneficiários da sentença coletiva, bem como o montante exato do prejuízo sofrido
individualmente por cada um deles, a fluid recovery terá caráter residual. De outro lado, se esses dados forem inacessíveis, a reparação
fluida assumirá natureza sancionatória, evitando-se, com isso, a ineficácia da sentença e a impunidade do autor do ilícito.
6. A ausência das informações necessárias para a constatação dos prejuízos efetivos experimentados pelos beneficiários individuais da
sentença coletiva não deve inviabilizar a utilização da reparação fluida. Nessa hipótese, a indenização poderá ser fixada por estimativa,
podendo o juiz valer-se do princípio da cooperação insculpido no art. 6º do CPC/2015 e determinar que o executado forneça elementos
para que seja possível o arbitramento de indenização adequada e proporcional.
7. Não se pode permitir que o executado - autor do ato ilícito - se insurja contra a execução iniciada pelo legitimado coletivo, nos termos no
art. 100 do CDC, com base no simples argumento de que não houve prova concreta dos prejuízos individuais, sob pena de a reparação fluida
tornar-se inócua. (REsp n. 1.927.098/RJ, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 22/11/2022, DJe de 24/11/2022.)
Atipicidade no contexto do fluid
recovery
A. Redução do preço de alguns produtos ou serviços da empresa condenada;
B. Alteração em serviços ou estruturas da empresa
C. Criação de fundos específicos para a tutela de determinados grupos
D. Depositar valores cobrados indevidamente pelos bancos nas contas dos
correntistas
Execução da sentença em processo
coletivo
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados. (LACP)
E a caução?
Art. 520. IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem
transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa
resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano
pelo juiz e prestada nos próprios autos.
DEC 1306/1994
Art. 2º Constituem recursos do FDD, o produto da arrecadação:
I - das condenações judiciais de que tratam os arts. 11 e 13, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985;
II - das multas e indenizações decorrentes da aplicação da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de
1989, desde que não destinadas à reparação de danos a interesses individuais;
III - dos valores destinados à União em virtude da aplicação da multa prevista no art. 57 e seu
parágrafo único e do produto de indenização prevista no art. 100, parágrafo único, da Lei nº
8.078, de 11 de setembro de 1990;
IV - das condenações judiciais de que trata o parágrafo 2º, do art. 2º, da Lei nº 7.913, de 7 de
dezembro de 1989;
V - das multas referidas no art. 84, da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994;
VI - dos rendimentos auferidos com a aplicação dos recursos do Fundo;
VII - de outras receitas que vierem a ser destinada ao Fundo;
VIII - de doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras.
Competência
Art. 98. § 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Execução individual
"a liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil
coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e
a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a
extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo (arts.
468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC.)" (REsp 1.243.887/PR, Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, Corte Especial, julgado em 19.10.2011, DJe de 12.12.2011).
Tema 1029: "Não é possível propor nos Juizados Especiais da Fazenda Pública a
execução de título executivo formado em Ação Coletiva que tramitou sob o rito
ordinário, assim como impor o rito sumaríssimo da Lei 12.153/2009 ao juízo comum da
execução".
Claim Resolution Facilities
Pessoas jurídicas criadas para auxiliar em casos de responsabilidade civil de
danos massificados, com o objetivo de padronizar a indenização
a criação de procedimentos simplificados para a fixação das indenizações,
atuando como uma espécie de tribunal extrajudicial, atraindo, também a
necessidade de atuar com independência, imparcialidade e controle externo dos
órgãos públicos.
maior previsibilidade aos litigantes habituais da sua efetiva responsabilidade e,
no caso da responsabilidade civil, de melhor calcular os gastos. A eventual
utilização das CRF impede o posterior questionamento do Poder Judiciário.
Forma de criação: lei, ato administrativo, decisão judicial ou mesmo negócios
jurídicos. De toda forma, sua utilização é vista como facultativa pelo litigante
eventual.
Fonte de custeio: possuem fonte específica e pré-definida, em geral sendo
arcada pelo litigante habitual
Desafio de estabelecer um devido processo legal que não afaste os litigantes e
não incentivem os free riders
Vantagens
1 – Maior adaptabilidade ás peculiaridades do caso
2 – Planos de atuação mais adequados
3 – Mais rápido