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AÇÃO CIVIL PÚBLICA

FACULDADES ARNALDO JANSSEN


PROFA. CAMILA
Previsão constitucional e legal
• O art. 129, III, da CF/1988 estabelece:
“São funções institucionais do Ministério Público:
(...)
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.
• Regulamentação: Lei 7.347/1985, para a proteção dos direitos do consumidor, do meio ambiente, dos bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, da ordem econômica e urbanística.
• Outras leis ampliaram ou reforçaram o seu âmbito de proteção:
• Lei 7.853/1989: pessoas portadoras de deficiência (necessidades especiais);
• Lei 7.913/1989: investidores no mercado mobiliário;
• Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
• Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor);
• Lei 8.429/1992 (improbidade administrativa);
• Lei 11.105/2005 (biossegurança);
• Lei 12.966/2014 (proteção à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos); entre outras.
Classificação dos Interesses
• Interesses difusos: os titulares são pessoas indeterminadas, ligadas por uma situação de fato,
possuindo interesses indivisíveis. Por exemplo, viver em um meio ambiente sadio, o respeito aos
direitos humanos, entre outros.

• Interesses coletivos: os titulares são pessoas determináveis, ligadas por um vínculo jurídico,
possuindo interesses indivisíveis. Por exemplo, reajuste de mensalidade de uma entidade
particular de ensino, entre outros.

• Interesses individuais homogêneos: os titulares são pessoas determinadas, ligadas por uma
situação de fato, possuindo interesses divisíveis. Por exemplo, compradores de veículos com o
mesmo defeito, entre outros.
Competência: funcional e absoluta do lugar do dano (art. 2.º da Lei 7.347/1985).

• Sujeito ativo:
• Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista ou associações
constituídas há pelo menos um ano, nos termos da lei civil, que tenham por fim a
proteção de interesses difusos e coletivos (art. 5.º, caput, I a V, da Lei 7.347/1985).
• Cumpre observar que pode haver a dispensa do prazo de um ano tendo em vista o
direito a ser protegido (art. 82, § 1.º, da Lei 8.078/1990 – manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico
a ser protegido).

Sujeito passivo: em face da Administração Pública ou de particular. Responsável pela lesão


ou ameaça de lesão aos interesses coletivos, difusos, individual homogêneo
Procedimento
• Para instruir a inicial, a parte poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar
necessárias, as quais devem ser fornecidas em 15 dias.

• Havendo recusa por parte de funcionário ou administrador público, ao argumento de que são sigilosos, a ação
pode ser proposta sem os mesmos, e o fato deve ser noticiado ao juiz, que requisitará à autoridade para que os
apresente. (art. 8º, §§ 1º e 2º)

• O Ministério Público intervém obrigatoriamente em todas as ações civis públicas, seja como parte ou como fiscal
da lei. É possível o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos
Estados (art. 5.º, §§ 1.º e 5.º, da Lei 7.347/1985).

• Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade da ação (art. 5.º, § 3.º, da Lei 7.347/1985).

• Destaque-se que, no mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando
cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 horas (art. 2.º da Lei 8.437/1992; art. 22, § 2.º, da Lei 12.016/2009).
Inquérito Civil e Termo de Ajustamento de
Condutas
• O inquérito civil é um procedimento administrativo preliminar por meio do qual o membro do Ministério
Público apura a existência ou não de atos lesivos aos interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos
para a propositura de ação civil pública (art. 8.º, § 1.º, da Lei 7.347/1985). O inquérito civil é dispensável se
já houver provas suficientes para a ação.

• O Termo de Ajustamento de Conduta – TAC – corresponde à formalização de uma transação celebrada pelos
órgãos públicos, também conhecido por compromisso de ajustamento de conduta (art. 5.º, § 6.º, da Lei
7.347/1985). As associações civis, empresas públicas, fundações e sociedades de economia mista não
podem transacionar. Trata-se de um acordo extrajudicial, não se exigindo homologação judicial. Porém, se o
acordo for celebrado em ação judicial, será necessária a homologação judicial para extinguir o processo.
Condenação e execução
• A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer (art. 3.º da Lei 7.347/1985).
• Qualquer dos colegitimados pode promover a execução e o Ministério Público deverá promover a
execução se for autor da ação ou se o colegitimado não promover a execução em 60 dias do
trânsito em julgado da sentença (art. 15 da Lei 7.347/1985).
• O juiz poderá determinar multa diária em razão do não cumprimento da sentença (astreinte), que
reverterá para um fundo destinado à reconstituição dos bens lesados. Tal fundo também receberá
os valores provenientes de condenação em dinheiro.
Decisões sobre o tema
• A ação civil pública pode ser utilizada como instrumento de controle de constitucionalidade das
leis desde que seja incidentalmente, ou seja, no curso de um processo concreto. Neste caso, os
efeitos estarão vinculados às partes do processo. Cabe observar que, se a questão constitucional
for o objeto principal da demanda, não se admitirá a ação civil pública, pois os seus efeitos são
erga omnes , e deste modo haveria a equiparação aos efeitos do controle concentrado e
usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido: Rcl 633-6/SP; Rcl
1733/SP, entre outros. “Petição. Ação civil pública contra decisão do CNJ.

• Incompetência, em sede originária, do STF. Nos termos do art. 102 e incisos da Magna Carta, esta
Suprema Corte não detém competência originária para processar e julgar ações civis públicas.
Precedentes. Agravo desprovido.” (STF, AgRg na Pet 3.986, Plenário, j. 25.06.2008, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe 05.09.2008).

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