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HOMICÍDIO
Conceito: Homicídio é a eliminação da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. A conduta deve
ser praticada por outra pessoa, não pode ser proveniente de ataque de animal, salvo quando o
animal for usado como instrumento do crime e a conduta de matar foi praticada por outra pessoa.
Bem jurídico A vida humana extrauterina. O homicídio é crime porque a Constituição Federal, em seu art. 5o,
protegido: caput, assegura a todas as pessoas o direito à vida. A vida é um direito material (com conteúdo que
merece proteção constitucional) e formalmente constitucional (prevista na CF).
Marco inicial e No Direito Penal, com a primeira respiração, o ser é considerado nascente. É a chamada docimasia
final do respiratória. Basta a vida humana, independentemente da viabilidade do ser nascente, de quem
homicídio: nasce. A supressão da vida humana até o início do parto configura aborto. A supressão da vida
humana após o início do parto configura homicídio.
Início do parto:
Parto normal: tem início com o rompimento do saco amniótico.
Parto cirúrgico: tem início com as incisões abdominais.
Marco final do homicídio coincide com a consumação. A consumação do homicídio dá-se com a
chamada morte encefálica. A morte encefálica é a cessação irreversível do encéfalo e tronco cerebral.
PORÉM, o homicídio se consuma a depender da produção da morte da vítima. Logo, o homicídio é
um crime material também chamado de causal ou, como o STF gosta de falar, crime de resultado.
- Prova da morte: exame necroscópico. O homicídio é um crime que deixa vestígios materiais. Então,
a prova da morte, pelo processo penal, depende de um exame de corpo de delito (gênero), cuja
espécie, nesse caso, é o chamado exame necroscópico, que prova a morte e a sua respectiva causa.
Crime Crime instantâneo é aquele que se consuma em um momento determinado, sem continuidade no
instantâneo ou tempo. Crime instantâneo de efeitos permanentes é aquele que se consuma em um momento
instantâneo de determinado, mas seus efeitos se prolongam no tempo independentemente da vontade do agente.
efeitos Não confundir com crime permanente, que é aquele que se consuma em um momento determinado,
permanentes? mas seus efeitos se prolongam no tempo só que pela vontade do agente.
Forma: Homicídio é um crime de forma livre. Admite qualquer meio de execução. O homicídio pode,
inclusive, ser praticado por omissão quando quem se omitiu tinha o dever de agir para evitar o
resultado.
➢ Exemplo de homicídio por omissão: a mãe que dolosamente deixa de alimentar seu filho
recém-nascido para ele morrer desnutrido. Ela tinha o dever de agir para evitar o resultado.
A transmissão dolosa do vírus HIV: O STF diz que a transmissão dolosa do HIV não caracteriza
homicídio consumado ou tentado. Pode ser lesão corporal gravíssima pela enfermidade incurável,
se ocorrer a contaminação, ou pode ser o crime do art. 130 do CP, do perigo de contágio venéreo, se
não ocorrer a contaminação (HC 98.712, informativo 603). MASSON DISCORDAAA!
Tentativa Cabível em todas as modalidades do homicídio, exceto no culposo, porque o homicídio é um crime
plurissubsistente. Crime plurissubsistente é aquele em que a conduta é composta de dois ou mais
atos que se unem, se agrupam para juntos produzirem a consumação.
No homicídio fica muito clara aquela divisão da tentativa em branca e vermelha. Tentativa branca
também é chamada de tentativa incruenta, sendo aquela em que a vítima não é atingida, não há
derramamento de sangue e nem aquela carne crua aparecendo pelos ferimentos provocados pela
conduta do agente. De outro lado, tentativa vermelha ou tentativa cruenta é aquela em que a vítima
é atingida. O sangue é derramado, aquela carne crua e vermelha fica aparecendo.
Lei 9099/95 Cabe a suspensão condicional do processo unicamente no homicídio culposo, desde que presentes
os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da lei 9099/95.
Sujeito ativo: O homicídio é crime comum ou geral. Pode ser praticado por qualquer pessoa, independente de
sexo, idade. Admite tanto coautoria como participação e o concurso de pessoas.
A pessoa jurídica NÃO pode ser sujeito ativo do crime de homicídio.
➢ E se o crime for praticado por xifópagos? Essa situação foi apresentada por um penalista e
magistrado Euclides Custódio da Silveira. Xifópagos são os chamados irmãos siameses. Depende.
Imagine que o irmão da direita combine com o irmão da esquerda e os dois, cada um com um
revólver atire contra uma vítima. Os dois respondem pelo crime em coautoria, ambos praticaram
atos de execução. Imagine que um deles atira e o outro apenas incentiva. Um é autor e o outro é
partícipe.
➢ O grande problema é quando um quer praticar o crime e mata, e o outro não, mas não consegue
impedir e não concorreu com o crime. É possível separá-los mediante cirurgia ou, depois do crime,
eles foram separados? Condena um e absolve o outro. Somente um vai ser denunciado. Se não é
possível a separação, é caso de absolvição para os dois, pelo in dubio pro reo. É melhor absolver um
culpado do que condenar um inocente.
Sujeito passivo: Ser humano nascido de mulher, para Franz Von Liszt. Pode ser qualquer pessoa, após o nascimento
com vida e desde que esteja vivo.
E se o homicídio foi praticado contra xifópagos? O agente queria matar os dois e desferiu um
disparo contra cada um, matando os dois, serão dois homicídios em concurso material. Se ele queria
matar os dois e matou os dois com um único disparo, serão dois homicídios em concurso formal
impróprio ou imperfeito, com desígnios autônomos. Se ele queria matar só um, mas matou o outro.
Ainda assim, serão dois homicídios em concurso formal impróprio ou imperfeito. Quando se mata
um se está, no mínimo, assumindo o risco de também matar o outro. Então, quando há dolo direto
em relação a um, nesse caso, existe, pelo menos, dolo eventual no tocante ao outro.
É crime bicomum: comum quanto ao sujeito ativo e comum quanto ao sujeito passivo.
Elemento No homicídio simples, o elemento subjetivo é o dolo, direto ou eventual. Esse dolo no homicídio é
subjetivo: chamado de animus necandi (dolo de matar) ou animus occidendi. Para caracterizar o homicídio
basta o dolo, sem nenhuma finalidade específica. Já no caso concreto pode existir uma finalidade
específica.
A embriaguez ao volante pode caracterizar dolo eventual ou culpa consciente, depende do caso
concreto.
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social [1] ou moral [2], ou sob o domínio de violenta
emoção [3], logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.”
Hipóteses do privilégio
Motivo de relevante valor moral Diz respeito ao interesse particular do agente ou de pessoa que dele seja
próxima. O motivo de relevante valor social é o interesse da coletividade,
considerada em sua totalidade e o motivo de relevante valor moral é o interesse
particular do agente ou de pessoa a ele relacionada. Ex: eutanásia, pai que
matou ou manda matar o estuprador da própria filha, da irmã, da mãe.
Domínio de violenta emoção O Código Penal, nesse ponto, adotou um critério subjetivo, uma concepção
subjetiva ou subjetivista porque, nessa hipótese do privilégio, leva-se em conta
o aspecto emocional, psicológico do agente. Ele é provocado e isso abala e o
altera tanto que ele mata quem o provocou.
No estudo da culpabilidade, a emoção e a paixão não excluem a
imputabilidade penal (art. 28, II do CP), mas aqui temos um tratamento
diferenciado da emoção no Direito Penal.
Requisitos:
● Toda forma de homicídio qualificado – consumado ou tentado – é um crime hediondo, qualquer que seja a
qualificadora.!!
● Pluralidade de qualificadoras: Magistrado deve utilizar somente uma delas para qualificar o crime, e as demais
como agravantes genéricas (art 61, II, a, b, c e d, do CP), pois todas as qualificadoras do homicídio são previstas
como agravantes no tocante aos delitos em geral.
● Qualificadoras e dolo eventual: Em regra, as qualificadoras podem ser realizadas com dolo direto ou eventual,
com exceção do motivo torpe, fútil, da traição e da emboscada.
Inc. I: Mediante paga ou promessa de No tipo de homicídio qualificado pelo fato de o delito ter sido praticado
recompensa, ou por outro motivo mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe, HÁ
torpe.” ESPAÇO PARA A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.
Inc. II “§ 2° Se o homicídio é cometido: Motivo fútil é o motivo pequeno, de pouca importância, insignificante,
(…) II - Por motivo fútil.” absolutamente desproporcional frente ao resultado produzido. O motivo fútil
causa perplexidade. Também é uma qualificadora de natureza pessoal ou
subjetiva, o que está em destaque aqui é a motivação do agente. Motivo
DESPROPORCIONAL.
● Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma
briga e, no contexto desta, houve o homicídio, tal circunstância pode
vir a descaracterizar o motivo fútil. Vale ressaltar, no entanto, que a
discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não
afasta a qualificadora do motivo fútil. Assim, é preciso verificar a
situação no caso concreto. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1113364- PE
(Info 525).
● O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte
(dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado
por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não
se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp
912.904/SP. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ.
Inc. III - Com emprego de veneno, O inciso III diz respeito aos meios de execução do homicídio. Essa
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou qualificadora, portanto, tem natureza objetiva e pode se comunicar no concurso
outro meio insidioso ou cruel, ou de de pessoas, desde que ela seja do conhecimento de todos os agentes. Mais uma
que possa resultar perigo comum.” vez, o CP faz uso da interpretação analógica ou intra legem, trazendo algumas
fórmulas casuísticas e fórmulas genéricas. Nessas fórmulas genéricas, temos
meios insidiosos e meios cruéis, de que possa resultar perigo comum.
TRAIÇÃO DISSIMULAÇÃO
“§ 2° Se o homicídio é cometido: (…) Aqui, temos o chamado homicídio qualificado pela conexão. A prática do
V - Para assegurar a execução, a homicídio está de qualquer modo ligado a um outro crime. Pegadinha: o inciso
ocultação, a impunidade ou vantagem fala expressamente “de outro crime”, NÃO incidindo essa qualificadora
de outro crime. quando o homicídio é praticado para assegurar a execução, ocultação,
impunidade ou vantagem de uma contravenção penal. Princípio da Reserva
Legal.
Latrocínio (art. 157, § 3º, II), o roubo seguido de morte, nada mais é do que um
homicídio praticado para assegurar a execução do roubo. Latrocínio é um crime
especial, uma situação específica criada pelo legislador. Se não existisse o
latrocínio, nesse exemplo, o crime seria de competência do Tribunal do Júri,
porque o latrocínio não é de competência do Júri, porque é Crime Contra o
Patrimônio.
Inc. VI – “contra a mulher por razões A)Conceito: feminicídio é o homicídio sempre doloso cometido contra a mulher
da condição de sexo feminino.” por razões da condição do sexo feminino. Se é uma figura qualificada do
Feminicídio homicídio, o feminicídio é crime hediondo e a palavra final do mérito quem vai
julgar é o Tribunal do Júri.
➢ Exemplo: em uma empresa, estão disputando uma vaga para virar o gerente
dessa empresa um homem e uma mulher. A mulher é a escolhida para ser
promovida no cargo, ter melhor salário e mais poder e o homem vem a matá-la,
porque, na cabeça dele, ele não aceita perder uma disputa para uma mulher.
Aqui está o menosprezo e a discriminação à condição de mulher. Isso é
feminicídio claro.
d) Sujeitos do delito:
- Ativo: quanto ao sujeito ativo, o feminicídio é crime comum ou geral. Pode ser
praticado por qualquer pessoa, não só por homem.
- Passivo: quanto ao sujeito passivo, é obrigatoriamente e necessariamente a
mulher.
- Relação entre feminicídio e aborto: o agente conhece a gravidez, ele sabe que
a mulher está grávida ou ele pelo menos poderia saber, pelo aspecto físico da
mulher. Ele vai responder pelo feminicídio majorado com a causa de aumento
de pena e pelo aborto do art. 125 (feito por terceiro e sem consentimento da
gestante), em concurso formal impróprio ou imperfeito, pelos desígnios
autônomos. O sujeito que mata uma mulher grávida ele está, pelo menos,
assumindo o risco de praticar o aborto.
➢ Exige-se a presença física? Não, pode ser também uma presença virtual de
descendente ou ascendente da vítima.
● Qualificadora subjetiva
● Hediondo
● Competência do Tribunal do Júri
● consumado ou tentado
- Crime deve ser cometido no exercício da função ou em razão dela: não basta
que o crime seja praticado contra tais pessoas, o crime deve ser praticado no
exercício da função ou em razão dela.
➢ E se a vítima não mais ostenta a função pública, mas o crime foi cometido
em razão dela? Não incide a qualificadora, porque o tipo penal fala em agente
ou autoridade descrita nos arts. 142 e 144 da CF. Se não é mais agente, não é
mais autoridade, não ocupa mais cargo público. O que a lei se preocupa é com
o cargo ocupado pela vítima na data do crime.
milícia privada sob o pretexto de 1/3 até 1/2 ● esse aumento incide na terceira fase da aplicação
prestação de serviço de segurança, ou da pena e, como se trata de uma causa de aumento
por grupo de extermínio. inerente ao homicídio doloso, o reconhecimento
dessa majorante é de incumbência dos jurados;
● O homicídio com essa majorante, por si só, não é
crime hediondo. Porém, devemos ter um juízo
puramente crítico, de que um homicídio praticado
por milícia privada ou por grupo de extermínio
vai ser, necessariamente, qualificado e, como
homicídio qualificado, ele vai ser hediondo.
HOMICÍDIO HÍBRIDO
É o homicídio, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado. É possível isso? Sim, desde que a qualificadora tenha
natureza objetiva, como as do inciso III que trata dos meios de execução do crime.
São qualificadoras subjetivas, que não servem para caracterizar o homicídio híbrido, o motivo torpe e o motivo fútil.
Lei dos Crimes Hediondos: Esse homicídio híbrido é crime hediondo? Existem duas posições:
1ª Posição: é a mais aceita, inclusive na jurisprudência do STJ (HC 153.728). O
homicídio híbrido não é crime hediondo, por falta de previsão legal na Lei dos
Crimes Hediondos e porque há uma incompatibilidade lógica entre o privilégio
e a hediondez. Então, se os jurados reconheceram o privilégio, ele não pode ser
hediondo. A CEBRASPE também sempre utiliza essa posição quando pergunta
acerca do tema.
2ª Posição: cada vez mais frágil e com menos adeptos, mas boa para a prova
oral dos concursos para o Ministério Público. Existem vozes no MP que ainda
defendem que o homicídio híbrido é crime hediondo, porque o homicídio
híbrido é um homicídio qualificado e, enquanto homicídio qualificado, ele é
crime hediondo. O privilégio se limita a diminuir a pena de 1/6 a 1/3. O
homicídio híbrido nada mais é do que um homicídio qualificado, com a pena
diminuída de 1/6 a 1/3.
HOMICÍDIO CULPOSO
STF
● O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2o, IV (traição, emboscada,
dissimulação). STF. HC 111442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2012 (Info 677).
● Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool, além
de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa
consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de,
eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem. STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, j. 29/5/2018 (Info 904).
● Entrega de veículo automotor a pessoa embriagada e inexistência de homicídio doloso – (Info 812). Se
houver incorreto enquadramento fático-jurídico na capitulação penal, que repercuta na competência do
órgão jurisdicional, admite-se, excepcionalmente, a possibilidade de o magistrado, antes da pronúncia e
submissão do réu ao júri popular, efetuar a desclassificação para outro tipo penal e encaminhar o feito ao
órgão competente. No caso, o STF considerou que não havia homicídio doloso na conduta de um homem
que entregou o seu carro a uma mulher embriagada para que esta dirigisse o veículo, tendo havido acidente
por conta do excesso de velocidade e da embriaguez, resultando na morte da mulher (condutora). STF. 2ª
Turma. HC 113598/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 15/12/2015 (Info 812).
● O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, emboscada, dissimulação).
STF. 2ª Turma. HC 111.442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/8/2012 (Info 677).
STJ
● A materialidade do crime de homicídio pode ser demonstrada por meio de outras provas, além do exame de
corpo de delito, como a confissão do acusado e o depoimento de testemunhas. Assim, nos termos do art. 167
do CPP, a prova testemunhal pode suprir a falta do exame de corpo de delito, caso desaparecidos os
vestígios. STJ. 6ª Turma. HC 170.507-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/2/2012
● É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4o, do CP no caso de homicídio
culposo cometido por médico e decorrente do descumprimento de regra técnica no exercício da profissão.
Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. STJ. 5a Turma. HC 181847-MS, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, Rel. para acórdão Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), julgado em
4/4/2013 (Info 520).
● Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o
homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Vale ressaltar, no entanto, que a
discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil.
Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1113364-PE, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/08/2013 (Info 525).
● O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo na direção de veículo automotor
(art. 302 do CTB) que, embora atingido moralmente de forma grave pelas consequências do acidente, não
tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu sequelas físicas gravíssimas e permanentes. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.455.178-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 5/6/2014 (Info 542).
● No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no art.
121, § 4o, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. STJ. 5a Turma.
HC 269038-RS, Rel. Min.Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554).
● O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade
de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se
confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
13/06/2017.
● Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime
a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP é
indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O arrependimento
posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp
1.561.276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 28/6/16 (Info 590).
● É possível que o agente seja condenado pelas qualificadoras do motivo torpe e também pelo feminicídio? É
possível a incidência das duas qualificadoras em um caso concreto? SIM. Não caracteriza bis in idem o
reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra
mulher em situação de violência doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 24/04/2018 (Info 625).
● O simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a presunção de que tenha havido dolo
eventual. A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante
para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. A embriaguez do agente
condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades, não pode servir como presunção de que
houve dolo eventual. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 21/11/17 (Info 623).
● Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa
consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito
com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 21/11/17 (Info 623).
● A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio praticado com dolo
eventual? A pessoa que cometeu homicídio com dolo eventual pode responder pela qualificadora de motivo
fútil?
1ª corrente: SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador
do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o
dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta, mostrando-se, em
princípio, compatíveis entre si. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 06/03/2012.
2ª corrente: NÃO. A qualificadora de motivo fútil é incompatível com o dolo, tendo em vista a ausência do
elemento volitivo. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis
Júnior, j. 19/4/16 (Info 583).
● Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio supostamente
praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em razão de choque com
outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à
disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a uma ação ou
omissão da vítima. No caso de "racha", tendo em conta que a vítima (acidente automobilístico) era um
terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar a presença da qualificadora de motivo fútil, tendo em
vista que não houve uma reação do agente a uma ação ou omissão da vítima. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, j. 19/4/16 (Info 583)