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UNIDADE II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
UNIDADE II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
▪ A Constituição Federal, no caput do art. 5º, já assegura a proteção do patrimônio. Afinal, o direito
à propriedade é direito humano fundamental e inviolável. Assim dispõe a Constituição de 1988:
▪ O Código Penal trata, no Título II da Parte Especial, DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO,
tipificando diversas condutas que atentam contra esse valor fundamental.
▪ Cleber Masson (2019, p. 721) conceitua o patrimônio como “o complexo de bens ou interesses
de valor econômico em relação de pertinência com uma pessoa”.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
UNIDADE II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
▪ Masson (2019, p. 721) acrescenta que os crimes contra o patrimônio podem ser definidos como:
2.2.1 Do furto
2.2.1.1 Furto (art. 155)
2.2.1.2 Furto de coisa comum (art. 156)
2.2.2 Do roubo e da extorsão
2.2.2.1 Roubo (art. 157)
2.2.2.2 Extorsão (art. 158)
2.2.2.3 Extorsão mediante sequestro (art. 159)
2.2.2.2 Extorsão indireta (art. 160)
2.2.3 Da usurpação
2.2.3.1 Alteração de limites (art. 161, caput)
2.2.3.2 Usurpação de águas (art. 161, § 1º, inciso I)
2.2.3.3 Esbulho possessório (art. 161, § 1º, inciso II)
2.2.4 Do dano
2.2.4.1 Dano (art. 163)
2.2.5 Do estelionato e outras fraudes
2.2.5.1 Estelionato (art. 171)
2.2.6 Da receptação
2.2.6.1 Receptação dolosa (art. 180, caput)
2.2.6.2 Receptação culposa (art. 180, § 3º)
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO FURTO
ART. 155 E 156
CÓDIGO PENAL
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
FURTO
▪ Como no crime de furto ocorre uma subtração pura e simples de bem alheio, conclui-se,
portanto, que o delito afeta apenas o patrimônio e, eventualmente, a posse. Trata-se de crime
simples.
▪ Elementos do crime:
FURTO
▪ Hipóteses de subtração:
1ª) quando o agente, sem qualquer autorização, apodera-se da coisa alheia e a leva
embora, causando prejuízo econômico, exemplos:
2ª) Posse ou detenção vigiada - quando a vítima entrega o objeto ao agente, mas não
autoriza que ele (agente) deixe o local em sua posse, porém ele (agente),
sorrateiramente ou mediante fuga, tira o bem dali. O crime é de furto. AGENTE TIRA
O OBJETO DA ESFERA DE VIGILÂNCIA DO DONO.
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FURTO
▪ Furto simples
▪ Posse ou detenção vigiada:
a) Para que a posse possa ser considerada vigiada, basta que o agente tenha
recebido o bem em determinado local e que não tenha autorização para dali sair
com ele, pois nesses casos, o agente, para se locupletar, tem que tirar o objeto daquele
local.
b) Para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima esteja
olhando para o agente, basta que não o tenha autorizado a deixar o local na posse.
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FURTO
▪ Furto simples
▪ Furto e apropriação indébita
No furto, a coisa alheia móvel é subtraída, ou seja, o objeto não está com o sujeito ativo,
diferente da apropriação indébita em que o sujeito ativo já possui a posse ou detenção da
coisa de forma lícita e depois se apropria da coisa como se fosse sua.
FURTO
▪ Furto
▪ Consumação – Entendimento pacificado
▪ O Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento que:
“Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve
espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada”. (STJ – Recurso Especial nº 1.524.540. RJ. Relator:
Ministro Nefi Cordeiro. DJe: 29/10/2015)
▪ Tal entendimento é pacificado também nos Tribunais Superiores, que consideram consumado o
delito de furto, assim como o de roubo, no momento em que o agente se torna possuidor da
coisa subtraída, ainda que por breves instantes, sendo desnecessária a posse mansa e
pacífica ou desvigiada do bem, obstada, muitas vezes, pela imediata perseguição policial.
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FURTO
▪ Furto
▪ Tentativa
▪ É possível em todas as modalidades de furto: simples, privilegiado e qualificado.
▪ A doutrina costuma salientar que, quando o agente deseja furtar objetos do interior de
uma residência, o mero ato de ingressar na área externa da casa ainda não constitui ato
executório. Se presa nesse momento, responde por violação de domicílio.
▪ Tal entendimento só ocorre se não pulou muro ou arrombou portão, pois tais condutas
constituem qualificadoras do furto e indicam claramente que já está cometendo o crime. Se
preso nesse momento, responde por tentativa de furto qualificado.
▪ Exemplo: agente inicia a execução do furto, mas é preso antes de se apoderar da coisa. Como o
caso daquele que quebra o vidro para furtar veículo, contudo é preso imediatamente.
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FURTO
▪ Furto
▪ Qualificado
▪ As qualificadoras estão previstas nos §§ 4º a 7º do art. 155 do Código Penal. No § 4º existem, ao todo, nove
qualificadoras, distribuídas em quatro incisos do § 4º, no 4º-A e no § 4º-B, todas se referem aos meios de execução
do furto. São elas:
• Rompimento ou destruição de obstáculo;
• Abuso de confiança;
• Emprego de fraude;
• Escalada;
• Destreza;
• Emprego de chave falsa;
• Concurso de agentes;
• Emprego de explosivo ou artefato análogo;
• Fraude por meio de dispositivo eletrônico ou informático ou qualquer outro meio fraudulento
análogo.
▪ A partir de agora vamos analisar o crime de furto de forma ainda mais detalhada.
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DO FURTO
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa § 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
alheia móvel: multa, se o crime é cometido:
DO FURTO
FURTO
DO FURTO
PRIMARIEDADE E PEQUENO VALOR DA COISA FURTADA
FURTO
• Trata-se do furto privilegiado.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa • Pelo que se percebe por meio da leitura do § 2º do art.
155 do CP, a conjugação da primariedade com o
alheia móvel: pequeno valor da coisa furtada permite ao julgador que:
DO FURTO
FURTO DE ENERGIA
FURTO
• Com essa redação, ficam eliminadas as discussões sobre a
possibilidade de subtração de energia, não somente a elétrica,
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa como também a solar, a térmica, a sonora, atômica, mecânica
alheia móvel: etc.
• Qualquer energia que tenha valor econômico poderá ser objeto
de subtração, nos moldes preconizados pelo mencionado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. parágrafo.
• O furto de energia elétrica é de natureza permanente, uma
vez que a sua consumação se prolonga, se perpetua no tempo,
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é podendo, portanto, ser o agente preso em flagrante quando
descoberta a ligação clandestina de que era beneficiado.
praticado durante o repouso noturno. • Furto de sinal de TV em canal fechado:
➢ Greco considera que não se pode equipar esse
sinal a energia para efeito de subtração, logo, não
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno configura furto;
➢ Bitencourt afirma que, certamente, sinal de TV a
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
cabo não é energia elétrica, já que energia se
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a consome, se esgota, diminuiu, e pode, inclusive,
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. terminar, ao passo que sinal de televisão não se
gasta, não diminui; mesmo que metade do país
acesse o sinal ao mesmo tempo, ele não diminuiu,
ao passo que, se fosse a energia elétrica, entraria
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou em colapso.
qualquer outra que tenha valor econômico. ➢ O STF tem posicionamento no mesmo sentido.
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DO FURTO
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa § 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
alheia móvel: multa, se o crime é cometido:
DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.
DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE
CAUSE PERIGO COMUM
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • Furto em caixas eletrônicos. Via de regra, os criminosos, a fim
de subtrair os valores depositados nesses caixas eletrônicos, se
utilizavam de explosivos, durante a madrugada, na calada da
noite, sem a presença de qualquer pessoa por perto.
• Por não existir violência ou ameaça contra a pessoa, essas
explosões em caixas eletrônicos eram tipificadas tão somente
como delitos de furto, normalmente considerados como
qualificados em virtude, muitas vezes, da destruição ou
rompimento de obstáculo, ou do concurso eventual de pessoas.
• Tem-se, agora, qualificadora específica para esse tipo de delito.
• Explosivo: são substâncias ou compostos que, por ação de
uma causa externa (calor, choque, descarga elétrica etc.) são
capazes de gerar explosão, uma reação química caraterizada
pela liberação, em breve espaço de tempo e de forma violenta,
de calor, gás e energia mecânica.
• Para que a qualificadora possa ser efetivamente aplicada, o
explosivo utilizado deve causar uma situação de perigo comum,
ou seja, a um número indeterminado de pessoas.
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DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.
DO FURTO
FURTO MEDIANTE FRAUDE POR MEIO DE
FURTO DISPOSITIVO ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, • As razões da “novatio legis”, segundo Ricardo Antonio
e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio Andreucci (2021) “reside justamente, como aconteceu
com o crime de estelionato cibernético ou virtual, no
de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não
aumento expressivo de fraudes virtuais durante o
à rede de computadores, com ou sem a violação de
período de pandemia, tendo o distanciamento social e
mecanismo de segurança ou a utilização de programa
a maior utilização de meios digitais para a realização
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
de atividades pessoais e profissionais contribuído
análogo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021)
sobremaneira para o incremento desse resultado”.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, • Vale ressaltar, segundo o autor, “que o emprego de
considerada a relevância do resultado gravoso: fraude como qualificadora do crime de furto já vinha
previsto no inciso II do § 4º do art. 155 do Código
Penal. A novidade, agora, reside justamente na
I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o espécie de fraude empregada pelo agente para
crime é praticado mediante a utilização de servidor perpetrar a subtração. Na nova modalidade de delito,
mantido fora do território nacional; a fraude, no furto, é praticada por meio de dispositivo
eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é computadores, com ou sem a violação de mecanismo
praticado contra idoso ou vulnerável. (Parágrafo acrescido de segurança ou a utilização de programa malicioso,
pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021) ou por qualquer outro meio fraudulento análogo”.
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DO FURTO
FURTO MEDIANTE FRAUDE POR MEIO DE DISPOSITIVO
FURTO ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, • Concebeu-se uma nova qualificadora no § 4º-B, quando o
e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio “furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo
de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de
à rede de computadores, com ou sem a violação de
segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
mecanismo de segurança ou a utilização de programa qualquer outro meio fraudulento análogo”, diminuindo-se
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento a vigilância da vítima para facilitar a subtração de bens ou
análogo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021) valores sem a percepção dela, através do emprego de
programa malicioso, como ocorre com a infecção da
máquina-alvo por Vírus, Worms, Bots e Trojans, códigos
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, cuja nocividade se dirige a explorar as capacidades e as
considerada a relevância do resultado gravoso: informações que o dispositivo ostenta, na maioria das
vezes sem que o usuário perceba.
I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o • Outro meio fraudulento análogo ao programa malicioso,
crime é praticado mediante a utilização de servidor segundo Lai e Mourão (2021) “acontece na hipótese de
mantido fora do território nacional; instalação física e ilegítima de hardwares sniffers, que são
instrumentos eletrônicos que “farejam” pacotes de dados,
II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é coletando-os e os enviando para o autor do fato para
praticado contra idoso ou vulnerável. (Parágrafo acrescido posterior utilização ilícita, embora os criminosos prefiram
o sniffer software”.
pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021)
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DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.
DO FURTO
DO FURTO
§ 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
FURTO subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa exterior.
alheia móvel:
• Essa qualificadora foi criada em virtude do
movimento da mídia que, a todo instante, trazia ao
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
conhecimento público, por meio de reportagens
investigativas, o destino dos veículos automotores
subtraídos no Brasil que, como regra, eram
levados ao Paraguai e lá utilizados normalmente
pelos seus “novos proprietários”, que os
adquiriam mesmo sabendo de sua origem ilícita.
• O objeto material da nova qualificadora é o veículo
automotor (automóveis, caminhões, lanchas,
motocicletas etc.), desde que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
Dessa forma, se o agente subtraí veículo
automotor sem a finalidade de ultrapassar a
barreira de seu Estado, o furto será simples, e não
qualificado.
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CÓDIGO PENAL COMUM
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DO FURTO
DO FURTO
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
FURTO
anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa dividido em partes no local da subtração.
alheia móvel:
• Trata-se do crime de abigeato (furto de gado).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • Semovente domesticável de produção: é o
animal não selvagem destinado à produção
pecuária de alimentos, a exemplo do que ocorre
com os gados bovinos, suínos, ovinos, equinos,
bufalinos, caprinos e os asininos, ou seja, que
dizem respeito à criação para o abate de mercado
de bois, vacas, carneiros, ovelhas, cavalos,
búfalos, cabras e bodes.
• Produção: deve ser entendido não somente o
comércio de carne animal, mas também seus
derivados destinados à alimentação humana, além
de não consumíveis, que tenham valor econômico,
como ocorre com a ovelha, que é subtraída para
que dela se retire a lã.
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DO FURTO
DO FURTO
DO FURTO
DO FURTO
CONSUMAÇÃO DO CRIME DE FURTO
FURTO
▪ A teoria predominante na doutrina e na jurisprudência para a
consumação do crime de furto é a da amotio (ou apprehensio):
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: ▪ Amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação
quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, mesmo que num curto espaço de tempo,
independentemente de deslocamento ou possa mansa
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. e pacífica.
▪ O sujeito ativo é somente o condômino (de bem móvel), o coerdeiro e sócio. A conduta típica
é a mesma do art. 155 do CP - subtração.
▪ Quando o agente já está na posse da coisa comum e não a restitui, o crime é o de
apropriação indébita, e não o de furto de coisa comum.
▪ O legislador, considerando que nas hipóteses desse artigo as partes muitas vezes são
parentes ou amigos próximos, decidiu que a ação penal é pública, mas depende de
representação.
▪ Se forem várias as partes, basta que uma ofereça a representação para que esteja autorizada
a propositura da ação penal pelo MP.
▪ O § 2º dispõe que a subtração não é punível quando se trata de coisa comum fungível, cujo
valor não ultrapasse a quota-parte do agente.
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DO FURTO
DO FURTO
• Crime próprio: tanto em relação ao sujeito ativo quanto ao
sujeito passivo, uma vez que o tipo penal os aponta
FURTO DE COISA COMUM expressamente.
• Crime doloso.
• Núcleo do tipo: subtrair.
✓ caracteriza a retirada da coisa comum de
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou quem legitimamente a detém, com o animus
sócio, para si ou para outrem, a quem de tê-la para si ou para outrem.
legitimamente a detém, a coisa comum: • Somente quando houver um condomínio, uma herança ainda
comum aos coerdeiros, bem como uma sociedade é que se
poderá cogitar do delito de furto de coisa comum.
• Objeto material: a coisa comum.
• Sujeito ativo: o condômino, o coerdeiro ou sócio da coisa
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou comum.
multa. • Sujeito passivo: aquele que detém a posse legítima da coisa,
podendo ser o condômino, coerdeiro, sócio ou mesmo um
terceiro que, legitimamente, detinha o bem.
• Condomínio: dá-se condomínio quando a mesma coisa
pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas
igual direito, idealmente, sobre todo e cada uma de sua partes.
• Herança: também denominada espólio ou monte, numa visão
própria do DP, é o conjunto de bens que são transmitidos aos
herdeiros.
• Sociedade: é a reunião de duas ou mais pessoas que, mediante
contrato, se obrigam a combinar esforços ou bens, para a
consecução de fins comuns.
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DO FURTO
CONSUMAÇÃO DO CRIME DE FURTO DE COISA COMUM
FURTO DE COISA COMUM (MESMAS HIPÓTESES DO ART. 155 CP)
▪ A tentativa é possível.
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DO FURTO
§ 1º Somente se procede mediante representação.
FURTO DE COISA COMUM
§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum: • O Código Civil estabelece o conceito de coisa fungível:
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
ART. 157 AO 160
CÓDIGO PENAL
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ROUBO
▪ Roubo
• Essa figura criminosa abrange o roubo simples (que pode ser próprio ou impróprio), nove causas de
aumento de pena e duas qualificadoras.
▪ Roubo próprio:
• Art. 157, caput – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
▪ O roubo próprio se caracteriza como crime complexo na medida em que atinge mais de um bem
jurídico: o patrimônio e a incolumidade física ou a liberdade individual.
▪ Como no roubo ocorre subtração de coisa alheia, o património é o bem jurídico sempre afetado.
▪ Quando ocorre mediante violência, afeta-se também a incolumidade da vítima, e quando a conduta é
praticada mediante grave ameaça ou com o emprego de soníferos, atinge também a liberdade individual.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
ROUBO
▪ Roubo próprio
• O roubo, em princípio, contém as mesmas elementares do furto:
▪ Trata-se de infração grave, pois o agente domina a vítima pelo emprego de:
ROUBO
• Segundo Victor Eduardo Rios Gonçalves (2021, p. 408), apesar de “ o latrocínio ser uma
forma qualificada do crime do roubo, não se aceita a configuração de crime continuado
entre essas infrações penais, com o argumento de que o latrocínio atinge um bem jurídico a
mais do que o roubo simples (a vida humana), de modo que não podem ser considerados
crimes da mesma espécie, o que é requisito da continuidade delitiva. Entre tais crimes,
existe, portanto, concurso material”.
ROUBO
▪ Distinção:
• No roubo próprio, a violência e a grave ameaça constituem meio para o agente
subjugar a vítima e conseguir a subtração. São empregadas antes e durante a subtração.
• No roubo impróprio, o agente pretendia cometer furto e já havia, inclusive, se apoderado
do bem pretendido, contudo, logo após a subtração, emprega violência ou grave ameaça
para garantir sua impunidade ou a detenção do bem.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º A pena AUMENTA-SE DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ
METADE:
ROUBO
I - (Revogado pela Lei nº 13.654, de 23/4/2018)
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: e o agente conhece tal circunstância;
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Crime comum.
• Delito material.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência • Bem jurídico: patrimônio.
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: • Crime pluriofensivo.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Bem jurídico: patrimônio, mas vai além, tutelando ainda
ROUBO a integridade física, a saúde e a vida da pessoa,
constituindo um crime pluriofensivo (tutela mais de um
bem jurídico);
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer ▪ Sujeito passivo: a pessoa atingida pela conduta, seja ela
proprietária da res, seja ela possuidora ou mera
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
detentora, que podem ter a integridade física, a vida ou a
saúde aviltada. Aliás, focando a integridade física, mesmo
aquela pessoa que nem sequer tem a mera detenção da
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. coisa, mas que sofre a violência, também figurará no polo
passivo deste delito. Dessa forma, a sujeição passiva
poderá recair sobre uma ou mais pessoas;
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Violência: trata-se da violência física. A violência pode ser
praticada diretamente contra a pessoa que detém a coisa a
ROUBO ser subtraída (violência direta ou mediata) ou contra
terceira pessoa ligada à vítima da subtração por laços de
parentesco ou amizade (violência indireta ou mediata), que
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou muito se assemelha à grave ameaça, e como tal há de ser
para outrem, mediante grave ameaça ou violência entendida. Influi no estado anímico da vítima, fazendo com
que ela, por medo, insegurança ou receio de ser também
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer agredida, se submeta à conduta criminosa.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: ▪ A violência pode ser:
o Violência própria: a violência física propriamente dita;
o Violência imprópria: a redução da possibilidade de
resistência da vítima. Exemplo: emprego de meio
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. químico, biológico, etc., dissimulado, como
alucinógenos, soníferos, etc., para que a vítima não
resista à subtração. Por óbvio, se o emprego do outro
meio anular a resistência do sujeito passivo, a conduta
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois estará subsumida pelo tipo, já que anular é reduzir a
de subtraída a coisa, emprega violência contra zero.
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a ▪ Grave ameaça (violência moral): consiste na promessa de
mal grave, iminente e verossímil. Pode se exteriorizar por
impunidade do crime ou a detenção da coisa para palavras, gestos, símbolos, utilização de objetos em geral ou
si ou para terceiro. qualquer meio idôneo a revelar a intenção do agente de
subjugar a vítima (de forma livre).
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Observação: praticamente pacífica a visão de que a violência leve,
empregada apenas com o intuito de distrair, e não intimidar, a
exemplo de empurrão ou trombada, não caracteriza violência para a
ROUBO subsunção da conduta ao roubo, devendo o agente responder pelo
deito de furto. Exemplo: furto por arrebatamento. Nucci discorda
desse entendimento.
o Nesse aspecto, Cleber Masson traz as seguintes distinções:
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou o A questão da trombada: a subtração por arrebatamento
para outrem, mediante grave ameaça ou violência (praticada mediante trombada) pode caracterizar, dependendo
do caso concreto, tanto furto como roubo. Se o contato físico
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer contra a vítima tiver o propósito único de distraí-la, sem
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: capacidade de machucá-la, o crime será de furto. Se for
preponderantemente dirigida à pessoa da vítima, provocando-
lhe lesão corporal ou vias de fato, com a intenção de eliminar
ou reduzir sua defesa, o crime será de roubo.
o Bem preso ao corpo da vítima: na subtração de bem preso
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ao corpo da vítima, em que o golpe do agente atinge
diretamente o objeto subtraído, sendo seu legítimo proprietário
ou possuidor alcançado reflexamente, o crime é de roubo.
Existem posições em contrário, sob o argumento de que,
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois como a violência é empregada contra a coisa, e só
acessoriamente contra a pessoa, não há constrangimento, e o
de subtraída a coisa, emprega violência contra crime é de furto.
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a ▪ Roubo próprio: o constrangimento à vítima, mediante grave ameaça
ou violência (própria ou imprópria) à pessoa, é empregado no início
impunidade do crime ou a detenção da coisa para ou simultaneamente à subtração da coisa alheia móvel.
si ou para terceiro. ▪ Roubo impróprio: encerrada a subtração, a utilização de grave
ameaça ou violência (própria) à pessoa configura o delito de roubo
impróprio (art. 157, § 1º).
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Roubo próprio.
ROUBO • Roubo impróprio.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º A pena AUMENTA-SE DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ
METADE:
ROUBO
I - (Revogado pela Lei nº 13.654, de 23/4/2018)
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: e o agente conhece tal circunstância;
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade;
ROUBO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º A pena AUMENTA-SE DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ
METADE:
ROUBO
I - (Revogado pela Lei nº 13.654, de 23/4/2018)
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: e o agente conhece tal circunstância;
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
ROUBO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há destruição ou rompimento de obstáculo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência mediante o emprego de explosivo ou de artefato
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer análogo que cause perigo comum.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
ROUBO aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou DECRETO Nº 10.030, DE 30 DE SETEMBRO DE 2019
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer Art. 3º As definições dos termos empregados neste Regulamento são
aquelas constantes deste artigo e do Anexo III.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Parágrafo único. Para fins do disposto neste Regulamento, considera-se:
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
ROUBO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há destruição ou rompimento de obstáculo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência mediante o emprego de explosivo ou de artefato
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer análogo que cause perigo comum.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se da violência resulta:
ROUBO
I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer (trinta) anos, e multa.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ▪ Os resultados qualificadores podem ser imputados ao
agente a título de dolo ou culpa, isto é, durante a
prática do roubo o agente pode ter querido causar,
efetivamente, lesões graves na vítima, ou mesmo a
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois sua morte, para fins de subtração de seus bens, ou
de subtraída a coisa, emprega violência contra tais resultados podem ter ocorrido durante a empresa
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a criminosa sem que fosse intenção do agente produzi-
impunidade do crime ou a detenção da coisa para los, mas causados culposamente.
si ou para terceiro.
▪ O inciso II do § 3º trata do delito de latrocínio.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
ROUBO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há destruição ou rompimento de obstáculo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência mediante o emprego de explosivo ou de artefato
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer análogo que cause perigo comum.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Consumação do delito de roubo:
ROUBO
o no caso da violência preceder à subtração
(roubo próprio), predomina a visão de que o
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou crime se consuma com a subtração, o
para outrem, mediante grave ameaça ou violência apoderamento pelo autor do delito da coisa
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer subtraída;
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: o Quando a violência se dá após a subtração
(roubo impróprio), a consumação é alcançada
com o emprego da violência.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Consumação no caso de latrocínio –
ROUBO possibilidades:
EXTORSÃO
▪ Extorsão simples
• Como no crime de roubo, tutela-se na extorsão o patrimônio, bem como a incolumidade física e a
liberdade individual.
• Consiste em obrigar, coagir a vítima a fazer algo, tolerar que se faça algo ou deixar de fazer
alguma coisa etc.
• A intenção de obter indevida vantagem econômica é o que diferencia a extorsão dos crimes de
constrangimento ilegal (art. 146) e exercício arbitrário das próprias razões (art. 345).
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Crime comum.
▪ Crime doloso.
EXTORSÃO ▪ Crime formal.
▪ Verbo núcleo:
▪ Constranger: obrigar, coagir alguém a fazer,
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si coisa.
ou para outrem indevida vantagem econômica, a ▪ O constrangimento dever ser exercido com
violência ou grave ameaça.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer ▪ Especial fim de agir: com o intuito de obter para si ou
alguma coisa: para outrem indevida vantagem econômica.
▪ Consumação: no momento em que o agente pratica a
conduta do núcleo do tipo, vale dizer, o verbo
constranger, obrigando a vítima, mediante violência ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. grave ameaça, a fazer, a tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa. Nesse exato momento, isto é, quando
a vítima assume um comportamento positivo ou negativo,
contra a sua vontade, impelida que foi pela conduta
violenta ou ameaçadora do agente, tem-se por
consumado o delito.
▪ A obtenção da vantagem é mero exaurimento do delito.
▪ Tentativa: é admissível.
▪ Súmula 96 – STJ. O crime de extorsão consuma-se
independentemente da obtenção da vantagem indevida.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.
§ 3º Se da violência resulta:
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
EXTORSÃO da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
ou para outrem indevida vantagem econômica, a previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa: MODALIDADE QUALIFICADA
▪ Sequestro relâmpago.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
▪ Essa privação da liberdade deverá ocorrer por tempo
razoável, permitindo, assim, que se reconheça que a
vítima ficou limitada em seu direito de ir, vir ou
mesmo permanecer, em virtude do comportamento
levado a efeito pelo agente.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
EXTORSÃO da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
ou para outrem indevida vantagem econômica, a previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa: EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
§ 3º Se resulta a morte:
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.
▪ A conduta típica consiste em capturar alguém e exigir resgate em troca de sua libertação.
▪ Natureza hedionda: conforme o art. 1º, inciso IV, da Lei n. 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Crime comum.
• Bem jurídico: o patrimônio e a liberdade individual
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (principalmente no que diz respeito ao direito de ir, vir e
permanecer), bem como a integridade física e psíquica. É
considerado um crime complexo.
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, • Crime doloso.
• Especial fim de agir: com o fim de obter, para si ou para
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
condição ou preço do resgate: resgate.
• Delito formal: sua consumação ocorre com a prática da
conduta núcleo do tipo, sendo a obtenção da vantagem um
mero exaurimento do crime.
• Crime permanente: sua consumação se prolonga no
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
tempo, enquanto houver a privação da liberdade da vítima.
• Verbo núcleo:
▪ Sequestrar: entendido no sentido de
privar alguém de sua liberdade.
• Qualquer vantagem: Greco considera que deve ter valor
econômico, de natureza patrimonial, posto que o delito está
inserido no título dos crimes contra o patrimônio. Há
divergências doutrinárias quanto ao alcance da expressão
qualquer vantagem, posto que alguns entendem que seria
qualquer tipo de vantagem, e não apenas aquela de
natureza econômica.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Consumação: a consumação ocorre quando o
agente pratica a conduta prevista no núcleo do tipo,
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO vale dizer, quando realiza o sequestro, com a privação
da liberdade ambulatorial da vítima,
independentemente da obtenção da vantagem, como
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, condição ou preço do resgate, que se configura em
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como mero exaurimento.
condição ou preço do resgate: • Tentativa: é possível, segundo Greco. Exemplo:
imagine-se que o agente tivesse anunciado o
sequestro e, ao colocar as mãos no braço da vítima,
fosse surpreendido por um dos seguranças que se
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. encontravam no local, e que não foram por ele
percebidos, que impediram que a vítima fosse privada
da sua liberdade. Nesse caso, podemos visualizar a
situação em que o agente cogitou praticar o crime,
preparou-se para a empresa criminosa e, ao abordar
a vítima, deu início aos atos de execução relativos ao
sequestro, que não se consumou por circunstâncias
alheias à sua vontade. Assim, tem-se a tentativa, haja
vista não ter havido, efetivamente, a privação da
liberdade ambulatorial da vítima, tendo o agente,
contudo, praticado atos de execução nesse sentido.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se resulta a morte:
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
DELAÇÃO PREMIADA
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
• Trata-se da delação premiada para o crime de extorsão mediante
sequestro.
• Assim, de acordo com a redação legal, são três os requisitos
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, exigidos para que seja levada a efeito a redução de um a dois
terços na pena aplicada ao agente, a saber:
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate: ▪ Que o crime tenha sido cometido em concurso;
▪ Que um dos agentes o denuncie à autoridade;
✓ A lei não exige que o outro coparticipante seja
preso ou mesmo responsabilizado
criminalmente para que se possa aplicar a
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. minorante. A autoridade mencionada pode ser
o DP, Promotor de Justiça, Juiz de Direito,
enfim, qualquer autoridade que possa conduzir
a solução do caso.
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o ▪ Facilitação da libertação do sequestrado.
✓ Greco considera que a denúncia deve conduzir,
concorrente que o denunciar à autoridade, obrigatoriamente, à libertação do sequestrado,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pois a delação premiada tem em mira mais a
vítima do sequestro do que o agente que o
pena reduzida de um a dois terços. praticou.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
EXTORSÃO INDIRETA
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Crime comum.
• Crime doloso.
EXTORSÃO INDIRETA • Delito de forma vinculada: a lei penal exige a confecção
de um documento, hábil a dar causa a procedimento
criminal.
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de • Crime formal: quando disser respeito ao núcleo exigir.
dívida, abusando da situação de alguém, • Crime material: quando diante da conduta de receber.
documento que pode dar causa a procedimento • Verbos núcleos:
criminal contra a vítima ou contra terceiro: ▪ Exigir ou Receber – a lei equipara a
exigência ao recebimento, devendo este,
como é claro, ser acompanhado da
ciência e consciência de que o
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. documento (particular ou público) pode
dar lugar a processo penal. No primeiro
caso, há a imposição de uma condição
sine qua non; no segundo, há a
aceitação de uma proposta ou formação
de um pacto de iniciativa do próprio
devedor (que a lei protege contra si
mesmo), segundo o qual é entregue e
aceito o simulado corpo de delito
representado pelo documento, segundo
nos ensina Hungria, citado por Greco.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Elementos do tipo penal:
✓ A conduta de exigir, ou mesmo tão
EXTORSÃO INDIRETA somente receber documento que possa
dar causa a procedimento criminal
contra a vítima ou contra terceiro;
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de ✓ Existência de uma dívida entre o sujeito
dívida, abusando da situação de alguém, passivo e o sujeito ativo;
✓ Abuso da situação de inferioridade em
documento que pode dar causa a procedimento
que se encontra o sujeito passivo;
criminal contra a vítima ou contra terceiro: ✓ A finalidade de, por meio do documento
exigido, garantir o pagamento do sujeito
passivo, sob a ameaça de um processo
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. penal.
• Garantia de dívida: faz-se necessário a existência de
uma dívida, e que o documento seja o modo pelo qual o
agente ficará, em tese, garantido da sua quitação.
• Documento: o documento é exigido ou mesmo entregue
pela vítima em razão de sua situação de desespero,
fazendo com que aceite a exigência de forjar um
documento que poderá comprometê-la criminalmente no
futuro, caso não honre com o seu compromisso.
• O documento pode ser, por exemplo, promissória
contendo falsa assinatura, a confissão de autoria de um
crime ou mesmo numa prova de ilícito penal inexistente.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Pode dar causa a procedimento criminal: satisfaz-se a
lei com que o documento possa dar causa a
EXTORSÃO INDIRETA procedimento criminal. Basta, então, potencialidade; é
suficiente ser apto a esse fim. Logo, a lei não exige a
condenação, nem mesmo a instauração de um processo
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de penal em face da vítima ou de terceiros.
dívida, abusando da situação de alguém, • Consumação:
✓ Na modalidade exigir, o crime se consuma
documento que pode dar causa a procedimento com a prática do mencionado
criminal contra a vítima ou contra terceiro: comportamento, não importando que a vítima,
efetivamente, anua para com a exigência,
entregando ao agente o documento que, com
a finalidade de garantir a dívida, poderá dar
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
causa a procedimento criminal contra ela ou
contra terceiro.
✓ Na modalidade receber, o crime somente se
aperfeiçoa quando o sujeito ativo recebe o
documento, tratando-se, aqui, de crime
material.
✓ Existem posicionamentos no sentido de que o
crime é apenas formal, consumando-se tão só
com a ação do agente, abstraída a realização
do evento por ele querido.
• Tentativa: é admissível.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ART. 161
CÓDIGO PENAL
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
▪ ALTERAÇÃO DE LIMITES
▪ Visa a lei resguardar a posse e a propriedade de bens imóveis. Possui duas condutas típicas alternativas:
DA USURPAÇÃO
▪ ESBULHO POSSESSÓRIO
▪ Tutela-se aqui a posse e a propriedade dos bens imóveis e, ainda, a incolumidade física e a liberdade individual nas
hipóteses em que o crime venha a ser cometido com emprego de violência ou grave ameaça.
▪ Pressupõe a invasão de propriedade imóvel alheia, edificada ou não, desde que o fato se dê mediante o emprego de
violência a pessoa ou grave ameaça, ou, ainda, mediante concurso de duas ou mais pessoas.
▪ Nesse sentido, é preciso observar o disposto no art. 1.210, § 1º, do Código Civil, que trata do denominado “desforço
imediato”, como se vê:
CÓDIGO CIVIL
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável
à manutenção, ou restituição da posse.
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CÓDIGO PENAL COMUM
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DA USURPAÇÃO
▪ ESBULHO POSSESSÓRIO
• INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
DA USURPAÇÃO
ALTERAÇÃO DE LIMITES
DA USURPAÇÃO
• Crime doloso;
ALTERAÇÃO DE LIMITES • Crime próprio (só alteração de limites);
• Crime comum (usurpação de águas e esbulho
possessório;
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou • Crime formal;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • O dispositivo penal trata de três crimes distintos:
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alteração de limites (caput), usurpação de águas (§
alheia: 1º, I) e esbulho possessório (§ 1º, II);
• Crime instantâneo (regra); Crime permanente (só
esbulho possessório);
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. • Ação penal: em regra, são delitos de ação penal
privada. O § 3º estabelece que “Se a propriedade é
§ 1º Na mesma pena incorre quem: particular, e não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa”. Em sentido contrário,
tratando-se de propriedade pública, ou então de
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na crime cometido com emprego de violência, a ação
pena a esta cominada. penal será pública incondicionada;
• Concurso material obrigatório: hipótese do § 2º,
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de i.e., quando o agente usa de violência é a ele
imputado o cometimento de dois crimes, vale dizer, o
violência, somente se procede mediante queixa.
relativo à usurpação e o decorrente da violência.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ALTERAÇÃO DE LIMITES
ART. 161, CAPUT, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Objeto jurídico: é o patrimônio, relativamente à propriedade e
à posse legítima de bens imóveis;
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou • Objeto material: o tapume, o marco ou qualquer outro sinal de
linha divisória;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • Núcleos do tipo:
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel • A conduta criminosa consiste em suprimir ou
alheia: deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal
indicativo de linha divisória, de modo a tornar dúbios
os limites do imóvel.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. • Suprimir: equivale a eliminar alguma coisa, fazendo-
a desaparecer;
• Deslocar: significa mudar o local em que algo se
encontrava originariamente.
§ 1º Na mesma pena incorre quem: • Elemento normativo do tipo: a conduta penalmente ilícita há
de recair sobre coisa imóvel “alheia”;
• Sujeito ativo: somente o proprietário do imóvel contíguo àquele
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na em que a é realizada a alteração de limites (crime próprio);
pena a esta cominada. • Sujeito passivo: é o proprietário ou possuidor do imóvel em
que a conduta típica é realizada.
• Elemento subjetivo: dolo. Tem-se ainda um especial fim de
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de agir caracterizado pelo ato de “apropriar-se, no todo ou em
violência, somente se procede mediante queixa. parte, de coisa imóvel alheia”. Ausente tal elemento subjetivo
específico, o fato pode caracterizar outro delito, como dano (art.
163) etc.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
DA USURPAÇÃO
ALTERAÇÃO DE LIMITES
DA USURPAÇÃO
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
ART. 161, § 1º, I, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Objetividade jurídica: é a inviolabilidade patrimonial
imobiliária, no que se refere à utilização e gozo das águas por
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou seu titular;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • Objeto material: são as águas, consideradas parte do solo,
nos termos do art. 79 do Código Civil. As águas alheias
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel podem ser públicas ou particulares, correntes ou estagnadas,
alheia: perenes ou temporárias, nascentes ou pluviais, ou até mesmo
subterrâneas.
DA USURPAÇÃO
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
ART. 161, § 1º, I, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Elemento normativo do tipo: evidencia-se pelo termo
“alheais”. Assim, as águas alheias podem ser públicas ou
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou particulares. Não há crime quando se tratar de águas
incorporadas ao imóvel de propriedade daquele que as represa
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para (art. 1.292, CC).
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia: Código Civil
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir
barragens, açudes, ou outras obras para
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. represamento de água em seu prédio; se as águas
represadas invadirem prédio alheio, será o seu
proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o
valor do benefício obtido.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
• Elemento subjetivo: o dolo. Exige-se também um especial fim
de agir, consistente na finalidade do agente em desviar ou
USURPAÇÃO DE ÁGUAS represar águas alheias “em proveito próprio ou de outrem”. Se
o sujeito ativo assim age unicamente para prejudicar a vítima, o
crime será o de dano (art. 163, CP).
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, • Consumação: se dá com o desvio ou represamento das águas
alheias, independentemente do efetivo proveito próprio ou de
águas alheias;
terceiro e do prejuízo à vítima. Trata-se de crime formal, de
consumação antecipada ou de resultado cortado.
• Tentativa: é admissível.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Objeto jurídico: é o patrimônio, no tocante à propriedade e,
especialmente, à posse legítima de um imóvel, bem como a
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou integridade física e a liberdade individual da pessoa humana
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para atingida pela conduta criminosa;
• Objeto material: o imóvel invadido e a pessoa que suporta a
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel violência ou a grave ameaça. O imóvel esbulhado pode ser
alheia: um terreno ou edifício, público ou particular.
o Terreno: é a gleba (porção) de terra sem
construção;
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. o Edifício: é a construção realizada com alvenaria,
madeira ou outro material qualquer, em regra
destinada à ocupação pelo ser humano, podendo
§ 1º Na mesma pena incorre quem: ser um prédio, uma casa, um barracão ou algo
similar.
o Em qualquer dos casos é imprescindível tratar-se
ESBULHO POSSESSÓRIO de imóvel alheio, por expressa previsão legal. É
perfeitamente possível a prática do delito em zona
urbana;
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou • Núcleo do tipo:
o Invadir: ingressar à força em algum local, com o
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou propósito de dominá-lo. A invasão pode ser
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. executada mediante violência à pessoa, grave
ameaça e concurso de mais de duas pessoas.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Meios de execução:
• Violência à pessoa: também conhecida como vis
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou absoluta, é o emprego de força física contra alguém,
que pode ser o proprietário da área invadida ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para pessoa diversa responsável pelo zelo do local. A
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel violência contra a coisa não caracteriza o delito;
alheia: • Se o crime for praticado com emprego de violência à
pessoa, incide a regra do concursos material
obrigatório – ao agente será imputado o esbulho
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. possessório e o delito produzido pela violência (art.
161, § 2º, CP);
• Grave ameaça: caracteriza a violência moral ou vis
compulsiva. É a intimidação mediante a
§ 1º Na mesma pena incorre quem: demonstração da intenção de causar a alguém um
mal relevante, direta ou indiretamente, no momento
atual ou em futuro próximo. A promessa de
ESBULHO POSSESSÓRIO provocação de grave dano deve ser idônea a incutir
temor na vítima, e possível de realização;
• A ameaça não depende da presença do ameaçado e
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou divide-se em direta ou indireta, verificando-se esta
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou última quando o mal prometido é endereçado a
terceira pessoa, em relação ao qual o coagido
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. encontra-se ligado por laços de parentesco ou
amizade.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Concursos de duas ou mais pessoas: a pluralidade de
agentes desempenha o papel de elementar do tipo penal. A
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou multiplicidade de pessoas acarreta invasão forçada do imóvel
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para alheio, mesmo se realizada sem violência ou grave ameaça,
pois torna mais difícil a defesa do terreno ou edifício pelo seu
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel titular. Denota-se, assim, uma presunção de violência.
alheia: • É importante considerar que somente duas pessoas não
são suficientes para a configuração do esbulho
possessório – exigem-se mais de duas pessoas;
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. • Sujeito ativo: qualquer pessoas (crime comum);
• Sujeito passivo: o proprietário ou possuidor legítimo de um
imóvel, bem como qualquer outro indivíduo que seja atacado
§ 1º Na mesma pena incorre quem: pela violência ou grave ameaça;
• Elemento subjetivo: o dolo. Há, no tipo penal, um especial
fim de agir que deve fazer parte da conduta do agente, i.e.,
ESBULHO POSSESSÓRIO “para o fim de esbulho possessório”. A finalidade do agente
deve ser a ocupação total ou parcial do terreno ou edifício
alheio;
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou • Consumação: dá-se com a invasão do terreno ou edifício
alheio, ainda que seu titular não seja privado da posse. O
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
crime é formal, de consumação antecipada ou de
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. resultado cortado;
• Tentativa: é admissível.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
DA USURPAÇÃO
Ato contínuo, como bem evidenciou a combativa defesa, há de
se aplicar o disposto no § 3º do artigo 161 do CP e considerar
ALTERAÇÃO DE LIMITES extinta a punibilidade do apelante por este delito. De fato, nos
termos do dispositivo em questão, o crime de esbulho
possessório somente se procederá mediante queixa (ação
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou penal privada) se a propriedade for privada e não houver o
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para emprego de violência, o que ser revelou ser exatamente a
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel situação dos autos. De acordo com as provas colhidas, o
alheia: esbulho ocorreu enquanto os proprietários deixaram o imóvel
para trabalhar, ocasião em que o réu e seus familiares
invadiram o domicílio e lá recambiaram seus pertences
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. clandestinamente, sem confronto ou violência. Diante desse
panorama, há de se observar o disposto no artigo 38 do CPP,
segundo o qual "o ofendido, ou seu representante legal,
§ 1º Na mesma pena incorre quem: decairá no direito de queixa ou de representação, se não o
exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em
que vier a saber quem é o autor do crime". No caso, o fato
ESBULHO POSSESSÓRIO ocorreu em 27 de setembro de 2017 e, no mesmo dia, a vítima
já demonstrou ter conhecimento de que Gabriel, o ora
apelante, era o autor do esbulho. Dessarte, já estando
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou superado, em muito, o prazo decadencial, fulminando o direito
de punir do Estado, impositiva se torna a extinção da
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
punibilidade do recorrente quanto a tal delito, com fulcro no
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
artigo 107, inciso IV, do Código Penal.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA USURPAÇÃO
ALTERAÇÃO DE LIMITES
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Apelação Criminal: 1.0040.17.006688-6/001
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel Data de Julgamento: 11/09/2019
alheia: Data da publicação da súmula: 18/09/2019
DA USURPAÇÃO
ALTERAÇÃO DE LIMITES
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO DANO
ART. 163
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO DANO
DANO
DO DANO
• Crime comum;
• Crime material;
DANO • Crime doloso;
• Sujeito ativo: qualquer pessoa;
• Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa, desde que
proprietário ou possuidor legítimo da coisa;
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa • Crime plurissubsistente;
alheia: • Objeto jurídico: o patrimônio de pessoas físicas ou jurídicas,
incluindo a propriedade e a posse legítima;
• Objeto material: é a coisa alheia, imóvel ou móvel, sobre a qual
incide a conduta criminosa;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. • Não há crime quando o dano recai sobre res nullius (coisa
de ninguém) e res derelicta (coisa abandonada). Entretanto,
caracteriza-se o delito de dano quando se tratar de res
desperdita (coisa perdida), uma vez que ingressa no
conceito de coisa alheia;
• Núcleos do tipo:
o Destruir: eliminar fisicamente a coisa, extinguindo-a;
o Inutilizar: tornar uma coisa imprestável aos fins a
que se destina;
o Deteriorar: estragar ou corromper parcialmente um
bem, diminuindo-lhe a utilidade ou o valor.
• Tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de
conteúdo variado;
• Se o dano constituir-se em meio para a prática de outro crime,
ou então como qualificadora de outro delito, será por este
absorvido.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO DANO
• Em se tratando de animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos, há crime específico,
DANO conforme a Lei 9.605/98 – Leis dos Crimes Ambientais.
Lei 9.605/98
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
alheia: mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
DO DANO
• Consumação: ocorre quando o agente
DANO efetivamente destrói, inutiliza ou deteriora a coisa
alheia. O crime é material;
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa • Tentativa: admite-se;
alheia:
• Ação penal: o dano simples é de ação penal
privada, consoante o disposto no art. 167, CP:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
o Art. 167. Nos casos do art. 163, do n. IV
do seu parágrafo e do art. 164, somente
se procede mediante queixa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DO DANO
• A questão da pichação:
DO DANO
DANO
DO DANO
I - com violência a pessoa ou grave ameaça;
DANO
• Concurso material obrigatório, na hipótese de
violência à pessoa. Assim, o sujeito responde pelo dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa qualificado e pelo crime produto da violência.
alheia:
• A vítima da grave ameaça ou violência pode ser pessoa
diversa da vítima do dano.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
• A grave ameaça ou violência à pessoa deve ser
anterior ou concomitante ao dano (são utilizadas para
assegurar a danificação). Se posterior ao dano, não
DANO QUALIFICADO qualifica o crime, restando configurados dois delitos
autônomos. Exemplo: art. 163, caput, em concurso
material com lesão corporal (art. 129, CP) ou ameaça
Parágrafo único. Se o crime é cometido: (art. 147, CP).
DO DANO
DANO
DO DANO
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
DANO
DO DANO
DANO
DO DANO
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa serviços públicos;
alheia:
DO DANO
DANO
DO DANO
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:
DANO
• A qualificadora se fundamenta no excessivo individualismo do
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa agente, que se comporta em sociedade pensando somente
em si próprio, sem qualquer tipo de solidariedade para com o
alheia: próximo, e, para alcançar seu objetivos, ainda que escusos,
não hesita em ofender o patrimônio alheio (motivo egoístico),
bem como no desprezo exagerado aos bens de outras
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. pessoas, causando a elas relevantes contratempos e vultosa
diminuição patrimonial (prejuízo considerável para a vítima);
• Motivo egoístico: é uma especial forma de motivo torpe. O
sujeito danifica o patrimônio alheio unicamente para alcançar
DANO QUALIFICADO uma vantagem pessoal, de natureza patrimonial ou
extrapatrimonial;
• Prejuízo considerável para a vítima: é uma situação que
Parágrafo único. Se o crime é cometido: deve ser analisada no caso concreto, levando-se em conta o
valor do bem danificado e a situação econômico-financeira
da vítima;
• Ação penal: privada, consoante o disposto no art. 167, CP:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
além da pena correspondente à violência. o Art. 167. Nos casos do art. 163, do n. IV do seu
parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.
.
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DO DANO
DANO
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
▪ ESTELIONATO
• Trata-se de um crime marcado pelo emprego de fraude, uma vez que o agente, valendo-se de
uma artimanha, consegue enganar a vítima e convencê-la a entregar-lhe algum bem e, na
sequência, locupleta-se com o objeto.
• Emprega de artifício, ardil ou qualquer outra fraude.
• Pela leitura do tipo, conclui-se que é crime material, que se consuma quando o agente
efetivamente obtém a vantagem ilícita almejada.
▪ ESTELIONATO
• A tentativa mostra-se possível em várias fases do crime, desde que o agente já tenha dado início à
execução do delito e não tenha conseguido obter a vantagem visada.
• O agente emprega a fraude e não consegue enganar a vítima. Nesse caso, é necessário
que o meio fraudulento não seja totalmente ineficaz, conforme se verá adiante.
• O agente emprega a fraude, engana a vítima, mas ela acaba não entregando os bens ou valores a
ele. EXEMPLO: no momento em que a vítima ludibriada iria efetuar a entrega, outra pessoa
intervém e a alerta sobre o golpe, impedindo que a entrega se concretize.
• O agente emprega a fraude, engana a vítima, ela entrega os valores, mas estes não
chegam a ele, que, portanto, não obtém a vantagem visada. EXEMPLO: a vítima é ludibriada
e remete o bem ao agente, pelo correio ou transportadora, e o bem desaparece no trajeto.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
ESTELIONATO
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem • Defraudar: lesar, privar ou tomar um bem pertencente a
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo outrem.
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
• O tipo penal deixa claro que a defraudação pode se concretizar
outro meio fraudulento: por alienação do bem ou por qualquer outro modo, desde que
seja idôneo para privar o credor no tocante à sua garantia
pignoratícia (garantia pertinente ao contrato de penhor).
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
• Para o crime em estudo interessa o penhor regulado pelo
parágrafo único do art. 1.431 do Código Civil, como se vê:
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o efetiva da posse que, em garantia do débito ao
credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou
disposto no art. 155, § 2º. alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de
alienação.
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: Parágrafo único. No penhor rural, industrial,
mercantil e de veículos, as coisas empenhadas
continuam em poder do devedor, que as deve
guardar e conservar.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem • A reparação do dano e a Súmula 554 do STF: a
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo interpretação, em sentido contrário, da Súmula 554
do STF – “O pagamento de cheque emitido sem
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
outro meio fraudulento: não obsta ao prosseguimento da ação penal” –
autoriza a conclusão no sentido de que o pagamento
de cheque sem provisão de fundos, até o
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. recebimento da denúncia, impede o prosseguimento
da ação penal (causa extintiva da punibilidade).
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor • Tem-se ainda o enunciado da Súmula 246 do STF:
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. SÚMULA 246
Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: sem fundos.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
ESTELIONATO
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
ART. 180
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
▪ RECEPTAÇÃO
• Cleber Masson (2019, p. 874-875) leciona que:
A receptação pode ser dolosa ou culposa. A receptação dolosa divide-se em: (a) simples (própria ou
imprópria), (b) majorada (ou qualificada) pelo exercício de atividade comercial ou industrial (§ 1º),
(c) privilegiada (§ 5º, parte final) e (d) qualificada pela natureza do objeto material (§ 6º). Em relação
à receptação qualificada pelo exercício de atividade comercial ou industrial, o § 2º do art. 180
contempla uma norma penal explicativa ou complementar. A receptação culposa, delineada no art.
180, § 3º, do Código Penal, é compatível com a regra contida no § 5º, 1ª parte, do mesmo dispositivo
legal, inerente ao perdão judicial. O § 4º do art. 180 do Código Penal contém uma norma penal
explicativa ou complementar atinente à autonomia do crime de receptação (dolosa ou culposa).
DA RECEPTAÇÃO
• O crime de receptação encontra-se no rol dos delitos mais
praticados pela nossa sociedade, variando desde a
RECEPTAÇÃO aquisição de pequenos produtos vendidos por camelôs e
ambulantes até as mais impressionantes, cometidas por
grandes empresas, que adquirem carregamentos inteiros de
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir mercadorias, roubadas, quase sempre, durante o seu
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa transporte rodoviário. (GRECO, 2021, p. 948)
que sabe ser produto de crime, ou influir para que • Existe, atualmente, 3 modalidades de receptação:
✓ Receptação simples;
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: ✓ Receptação qualificada; e
✓ Receptação culposa.
• No caput do art. 180 temos 2 espécies de receptação:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ✓ Receptação própria: quando a conduta
do agente se amolda a um dos
comportamentos previstos na primeira
parte do caput do art. 180, isto é, quando o
agente adquire, recebe, transporta, conduz
ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
coisa que sabe ser produto de crime;
✓ Receptação imprópria: quando o agente
leva a efeito o comportamento previsto na
segunda parte do caput do art. 180, ou
seja, quando influi para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO
• A receptação dolosa possui as seguintes
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir figuras:
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que o Simples, que pode ser própria
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (caput, 1ª parte) ou imprópria
(caput, 2ª parte);
o Qualificada (§ 1º);
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
o Agravada (§ 6º);
o Privilegiada (§ 5º, 2ª parte).
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO
• Crime comum (caput).
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir
• Crime doloso, em regra, mas admite a
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que modalidade culposa (§ 3º).
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
• Segundo Greco (2021, p. 958), tem se
“entendido, de forma esmagadoramente
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. majoritária, que a expressão sabe ser
produto de crime é indicativa de dolo
direto, não se admitindo, aqui, o raciocínio
correspondente ao dolo eventual”.
DA RECEPTAÇÃO
DA RECEPTAÇÃO
• Tanto na receptação própria quanto na imprópria o autor
deve saber que a coisa é produto de crime.
RECEPTAÇÃO • Produto de crime: tem sentido amplo, abrangendo tudo
aquilo que for originário economicamente do delito levado
a efeito anteriormente. Não inclui coisa produto de
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir contravenção penal.
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa • Verbos núcleos do tipo na receptação própria:
que sabe ser produto de crime, ou influir para que ✓ Adquirir: tem o significado de obter a propriedade da
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: coisa, de forma onerosa, como na compra, ou
gratuita, na hipótese de doação.
✓ Receber: tem o sentido de ter o agente a posse ou a
detenção da coisa, para fim de utilizá-la em seu
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. proveito próprio ou alheio. O agente, aqui, deve
procurar algum benefício mediante o recebimento da
coisa que lhe foi entregue.
✓ Transportar: carregar de um lugar a outro. Exemplo:
roubo de cargas (alimentos, eletrodomésticos,
cigarros etc.) transportadas em caminhões.
✓ Conduzir: guiar, dirigir.
✓ Ocultar: esconder a coisa. Exprime também a ação
de subtraí-la das vistas de outrem; colocá-la em lugar
onde não possa ser encontrada; ou apresentá-la por
forma que a torne irreconhecível, tudo fazendo difícil
ou impossível a recuperação.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
• Consumação:
RECEPTAÇÃO
➢ Receptação própria: quando o agente,
efetivamente, pratica qualquer um dos
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir comportamentos previstos na primeira
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa parte do art. 180, ou seja, quando
que sabe ser produto de crime, ou influir para que adquire, recebe, transporta, conduz ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: oculta, em proveito próprio ou alheio,
coisa que sabe ser produto de crime.
Nas últimas três figuras (transporta,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. conduz ou oculta), a receptação é
considerada crime permanente.
➢ Nas modalidades “adquirir” e “receber”,
a receptação é crime instantâneo, de
modo que a prisão em flagrante só é
possível quando o agente está
comprando ou recebendo o bem.
➢ A receptação própria é crime material e,
portanto, compatível com a figura da
tentativa.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO
• Receptação IMPRÓPRIA
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
➢ Consumação: a maioria dos doutrinadores
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
reconhece sua consumação tão somente
ser produto de crime, ou influir para que terceiro,
quando o agente pratica o comportamento
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
de influir para que terceiro, de boa-fé,
adquira, receba o oculte a coisa,
apontando, pois, a sua natureza formal. O
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Código Penal não exige que o terceiro de
boa-fé acabe praticando a conduta a que o
autor pretendeu induzi-lo. Assim,
consuma-se a receptação imprópria com a
simples influência por aquele, conforme
leciona Bitencourt.
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DA RECEPTAÇÃO
• Alguns doutrinadores criticam esse § 1º
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA defendendo a ideia de que seria um crime
autônomo.
§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, • Nucci, por sua vez, assegura que na essência, a
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, figura do § 1º é, sem dúvida, uma receptação –
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, dar abrigo a produto de crime -, embora com
em proveito próprio ou alheio, no exercício de algumas modificações estruturais. Portanto, a
atividade comercial ou industrial, coisa que deve simples introdução de condutas novas, aliás
saber ser produto de crime: típicas do comércio clandestino de automóveis,
não tem o condão de romper o objetivo do
legislador de qualificar a receptação.
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
• Para muitos doutrinadores, a pena mais grave
aplicada ao art. 180, § 1°, foi escolha do próprio
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito legislador, por reclamação da sociedade em
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio punir mais severamente a conduta realizada
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em no exercício da atividade comercial ou industrial,
residência. por ser mais lesiva de forma ampla.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
• Receptação qualificada
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA • Receptação qualificada
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO CULPOSA
RECEPTAÇÃO
✓ A incriminação da figura culposa da receptação
justifica-se diante da premente necessidade,
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir por parte daquele que adquire ou recebe
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa algo de outrem, de sempre certificar-se
quanto à origem lícita da coisa.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
✓ Nessa modalidade, estão descritas apenas as
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: condutas “adquirir” e “receber”. Os
doutrinadores costumam dizer que não
abrange o verbo “ocultar”, pois quem o faz sabe
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. da origem ilícita do bem.
✓ Na receptação culposa, ao contrário do que se
passa com os delitos culposos em geral, o tipo
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela penal não é aberto porque o legislador descreve
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de os parâmetros que indicam a existência do crime
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio culposo:
criminoso:
a) A natureza do objeto;
b) Desproporção entre o valor de mercado e o
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas preço;
as penas. c) Condição do ofertante.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO CULPOSA
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir
✓ A expressão deve presumir-se denota
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
conduta culposa, já que o agente deixa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
de presumir o que é presumível, não se
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: utilizando da diligência devida para antever
que a coisa por ela obtida é de origem
criminosa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
✓ Como a culpa se caracteriza por um
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela dever de cuidado objetivo e subjetivo, na
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de receptação culposa o adquirente
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio descumpre tal dever, negligenciando, isto
criminoso: é, nas circunstâncias omite-se das
cautelas devidas na verificação da origem
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas da coisa que adquire ou recebe.
as penas.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO CULPOSA
RECEPTAÇÃO • Coisa que, por sua natureza, deve presumir-se obtida por
criminoso. Exemplo: peças isoladas ou acessórios de
veículos automotores oferecidos, nas ruas ou de porta em
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir porta, por não comerciante ou desconhecido, são coisas que,
por sua natureza, devem ser presumidas obtidas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa criminosamente.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que • Coisa que, pela desproporção entre valor e o preço, deve
presumir-se obtida por criminoso: nesse caso, a
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: comparação entre o objeto novo e usado é um bom
parâmetro. Ademais, deve-se observar seu estado de
conservação, o tempo de uso da coisa, enfim, tudo aquilo que
deva ser compreendido para apurar o real preço do mercado.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Diante da aberração que reside na desproporção entre o valor
e o preço, o sujeito deveria ter desconfiado daquilo que lhe
estava sendo oferecido.
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela • Coisa que, pela condição de quem a oferece, deve
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de presumir-se obtida por criminoso. Exemplo: uma pessoa
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio estranha, não comerciante, que venha a oferecer ao sujeito
criminoso: um colar de brilhantes, mesmo que pelo preço justo, praticado
pelo mercado, sem a apresentação da nota fiscal, atua de
forma suspeita. A condição de quem oferece pode estar
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas ligada, por exemplo, à aparência (ex.: sujeito mal vestido,
as penas. oferecendo um aparelho de som); idade (pessoa muito jovem
vendendo joias); conduta social etc.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO
DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
PERDÃO JUDICIAL
DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
NA RECEPTAÇÃO DOLOSA
DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
( ) Na receptação simples o elemento subjetivo exigido é o dolo direto, não se admitindo o dolo
eventual.
( ) Na receptação imprópria o agente influi para que terceiro, de boa fé, adquira, receba ou oculte
a coisa.
( ) No estelionato, a tentativa mostra-se possível em várias fases do crime, desde que o agente já
tenha dado início à execução do delito e não tenha conseguido obter a vantagem visada.
( ) O crime de extorsão mediante sequestro é considerado hediondo.
( ) No roubo, a pena é aplicada em dobro se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
( ) No furto simples, para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima
esteja olhando para o agente, basta que não tenha autorizado a deixar o local na posse.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
GABARITO
F – F – V–V–V–V–V–V–V–V
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
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1ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO 2022) – Analise as assertivas abaixo com relação ao Decreto-Lei nº 2.848,
de 1940 (Código Penal):
2ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO 2013) – Uma empregada doméstica, percebendo que os proprietários
encontravam-se na cama, sorrateiramente, tranca a porta do quarto com chave pelo lado de fora, impedindo-
os de acessar outros cômodos da residência. Imediatamente, permite a entrada de dois comparsas que,
durante 10 (dez) minutos, passam a recolher todos os objetos de valor que conseguem transportar em duas
mochilas grandes de costa. Os proprietários levantam com o barulho e ao tentarem sair do quarto percebem
estar trancados naquele ambiente, quando passam a chamar pela empregada que, todavia, ignora
deliberadamente o chamado, abandona o emprego com os demais membros do grupo, após a empreitada
criminosa. Pela janela da casa, conseguem chamar um vizinho que, adentra ao imóvel e destranca a porta do
cômodo. Após saírem do quarto, os proprietários percebem o desaparecimento de vários objetos de valor,
bem como a ausência da empregada. A polícia foi acionada, sendo registrada ocorrência com codificação
principal de:
A) Roubo.
B) Furto.
C) Cárcere privado.
D) Apropriação indébita.
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3ª QUESTÃO (CAP CARDOSO – 2023 - ADAPTADA) – No que diz respeito aos crimes
contra o patrimônio, é correto afirmar:
A) Comete o crime de esbulho possessório aquele que invade mediante concurso de mais
de duas pessoas, ainda que sem violência ou grave ameaça, terreno ou edifício alheio,
para o fim de esbulho possessório.
B) Quando o crime de esbulho possessório é praticado com violência, aplica-se somente a
pena do esbulho, pois esse tipo penal absorve outros delitos que venham a ser praticados
para que ele ocorra.
C) todas as hipóteses de furto são de ação penal pública, em nenhuma delas procedendo-
se mediante representação.
D) tratando-se de esbulho possessório, se a propriedade for particular, havendo ou não
emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
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A) Comete o crime de esbulho possessório aquele que invade mediante concurso de mais
de uma pessoa, ainda que sem violência ou grave ameaça, terreno ou edifício alheio, para
o fim de esbulho possessório.
B) Constitui crime de esbulho possessório o ingresso clandestino de duas pessoas em
edifício alheio, com a finalidade de usurpá-lo.
C) Trata-se do tipo de esbulho possessório: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
coisa imóvel alheia.
D) Será típica a conduta de três agentes que invadam terreno particular no intuito de
praticar esbulho possessório, ainda que eles não empreguem violência física. Nesse caso,
a ação penal será privada.
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A) Com relação ao crime de “registro não autorizado da intimidade sexual”, previsto no art. 216-B
do Código Penal, a pena é aumentada em até um sexto nos casos de montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual
libidinoso de caráter íntimo.
B) O crime de “furto de coisa comum”, previsto no art. 156 do Código Penal, é de Ação Pública
Incondicionada.
C) Comete o crime de “extorsão indireta”, previsto no art. 160 do Código Penal, quem exige ou
recebe, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa
a procedimento criminal contra vítima ou contra terceiro.
D) O crime de “satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente” consiste em
praticar, na presença de alguém menor de 18 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou a de outrem.
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9ª QUESTÃO (FCC - 2002 - MPE-PE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) – João comprou, por R$ 20,00,
uma corrente de ouro, avaliada em R$ 2.000,00, de um menino de 14 anos de idade, corrente esta
que havia sido subtraída, por pessoa ignorada, de seu primo e companheiro de quarto Joaquim.
Este não havia dado por falta da joia, motivo porque sequer havia feito a comunicação da
ocorrência à polícia. Nesse caso, João
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
GABARITO
QUESTÃO RESPOSTA
1 B
2 A
3 A
4 D
5 E
6 E
7 C
8 A
9 A
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REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – v. 1: parte geral (art. 1º a 120). 27.
ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2021.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – v. 3: parte especial. 12. ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte especial. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2021.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v. 2. 18. ed. rev. e atual. Niterói: Impetus,
2021.
MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Método, 2019.
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE
SARGENTOS - EFAS
ATÉ A PRÓXIMA!