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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE


SARGENTOS - EFAS

CURSO ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE


SARGENTOS – CEFS II - 2023

DIREITO PENAL COMUM

UNIDADE II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

JOAQUIM MANOEL ALVES CARDOSO, CAP PM QOR


NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSA HONRA.
COORDENADOR
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

UNIDADE II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

▪ A Constituição Federal, no caput do art. 5º, já assegura a proteção do patrimônio. Afinal, o direito
à propriedade é direito humano fundamental e inviolável. Assim dispõe a Constituição de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]

▪ O Código Penal trata, no Título II da Parte Especial, DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO,
tipificando diversas condutas que atentam contra esse valor fundamental.

▪ Cleber Masson (2019, p. 721) conceitua o patrimônio como “o complexo de bens ou interesses
de valor econômico em relação de pertinência com uma pessoa”.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

UNIDADE II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

▪ Masson (2019, p. 721) acrescenta que os crimes contra o patrimônio podem ser definidos como:

Espécies de ilícito penal que ofendem ou expõem a perigo de lesão qualquer


bem, interesse ou direito economicamente relevante, privado ou público. A
nota predominante do elemento patrimonial é o seu caráter econômico, o seu
valor traduzível em pecúnia; por extensão, também aquelas coisas que,
embora sem valor venal, representam uma utilidade, ainda que simplesmente
moral (valor de afeição), para o seu proprietário. Consideram-se patrimoniais
os delitos quanto o interesse predominante é patrimonial, ainda que sejam
atingidos outros bens jurídicos, como a vida e a liberdade. Por sua vez, crimes
como o peculato e a corrupção passiva, que ofendem o patrimônio, não são
nesta classe incluídos, porque acima deles a lei coloca outro interesse, que é o
do regular funcionamento da Administração Pública. A prevalência do
interesse patrimonial é, pois, o elemento primordial, o fundamento básico na
capitulação dos crimes contra o patrimônio.
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▪ 2.2 UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

▪ Na presente Unidade vamos estudar os seguintes tipos penais:

2.2.1 Do furto
2.2.1.1 Furto (art. 155)
2.2.1.2 Furto de coisa comum (art. 156)
2.2.2 Do roubo e da extorsão
2.2.2.1 Roubo (art. 157)
2.2.2.2 Extorsão (art. 158)
2.2.2.3 Extorsão mediante sequestro (art. 159)
2.2.2.2 Extorsão indireta (art. 160)
2.2.3 Da usurpação
2.2.3.1 Alteração de limites (art. 161, caput)
2.2.3.2 Usurpação de águas (art. 161, § 1º, inciso I)
2.2.3.3 Esbulho possessório (art. 161, § 1º, inciso II)
2.2.4 Do dano
2.2.4.1 Dano (art. 163)
2.2.5 Do estelionato e outras fraudes
2.2.5.1 Estelionato (art. 171)
2.2.6 Da receptação
2.2.6.1 Receptação dolosa (art. 180, caput)
2.2.6.2 Receptação culposa (art. 180, § 3º)
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO
ART. 155 E 156
CÓDIGO PENAL
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO

▪ Como no crime de furto ocorre uma subtração pura e simples de bem alheio, conclui-se,
portanto, que o delito afeta apenas o patrimônio e, eventualmente, a posse. Trata-se de crime
simples.

▪ Elementos do crime:

a) Conduta típica, consistente em um ato de subtração;


b) Objeto material, que deve ser coisa móvel;
c) Elemento normativo, que deve ser coisa alheia;
d) Elemento subjetivo, que consiste no fim de assenhoramento definitivo do bem.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO

▪ Hipóteses de subtração:

1ª) quando o agente, sem qualquer autorização, apodera-se da coisa alheia e a leva
embora, causando prejuízo econômico, exemplos:

Quando alguém se apodera de produtos na prateleira de um supermercado, esconde


em sua blusa e saí do local sem pagar; quando o agente vê uma bicicleta na rua e sai
pedalando etc.

2ª) Posse ou detenção vigiada - quando a vítima entrega o objeto ao agente, mas não
autoriza que ele (agente) deixe o local em sua posse, porém ele (agente),
sorrateiramente ou mediante fuga, tira o bem dali. O crime é de furto. AGENTE TIRA
O OBJETO DA ESFERA DE VIGILÂNCIA DO DONO.
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FURTO

▪ Furto simples
▪ Posse ou detenção vigiada:

a) Para que a posse possa ser considerada vigiada, basta que o agente tenha
recebido o bem em determinado local e que não tenha autorização para dali sair
com ele, pois nesses casos, o agente, para se locupletar, tem que tirar o objeto daquele
local.

b) Para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima esteja
olhando para o agente, basta que não o tenha autorizado a deixar o local na posse.
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FURTO

▪ Furto simples
▪ Furto e apropriação indébita

No furto, a coisa alheia móvel é subtraída, ou seja, o objeto não está com o sujeito ativo,
diferente da apropriação indébita em que o sujeito ativo já possui a posse ou detenção da
coisa de forma lícita e depois se apropria da coisa como se fosse sua.

Posse vigiada Furto

Posse desvigiada Apropriação indébita


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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO

▪ Furto
▪ Consumação – Entendimento pacificado
▪ O Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento que:

“Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve
espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada”. (STJ – Recurso Especial nº 1.524.540. RJ. Relator:
Ministro Nefi Cordeiro. DJe: 29/10/2015)

▪ Tal entendimento é pacificado também nos Tribunais Superiores, que consideram consumado o
delito de furto, assim como o de roubo, no momento em que o agente se torna possuidor da
coisa subtraída, ainda que por breves instantes, sendo desnecessária a posse mansa e
pacífica ou desvigiada do bem, obstada, muitas vezes, pela imediata perseguição policial.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO

▪ Furto
▪ Tentativa
▪ É possível em todas as modalidades de furto: simples, privilegiado e qualificado.
▪ A doutrina costuma salientar que, quando o agente deseja furtar objetos do interior de
uma residência, o mero ato de ingressar na área externa da casa ainda não constitui ato
executório. Se presa nesse momento, responde por violação de domicílio.
▪ Tal entendimento só ocorre se não pulou muro ou arrombou portão, pois tais condutas
constituem qualificadoras do furto e indicam claramente que já está cometendo o crime. Se
preso nesse momento, responde por tentativa de furto qualificado.
▪ Exemplo: agente inicia a execução do furto, mas é preso antes de se apoderar da coisa. Como o
caso daquele que quebra o vidro para furtar veículo, contudo é preso imediatamente.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO

▪ Furto
▪ Qualificado
▪ As qualificadoras estão previstas nos §§ 4º a 7º do art. 155 do Código Penal. No § 4º existem, ao todo, nove
qualificadoras, distribuídas em quatro incisos do § 4º, no 4º-A e no § 4º-B, todas se referem aos meios de execução
do furto. São elas:
• Rompimento ou destruição de obstáculo;
• Abuso de confiança;
• Emprego de fraude;
• Escalada;
• Destreza;
• Emprego de chave falsa;
• Concurso de agentes;
• Emprego de explosivo ou artefato análogo;
• Fraude por meio de dispositivo eletrônico ou informático ou qualquer outro meio fraudulento
análogo.
▪ A partir de agora vamos analisar o crime de furto de forma ainda mais detalhada.
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DO FURTO

FURTO FURTO QUALIFICADO

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa § 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
alheia móvel: multa, se o crime é cometido:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. I - com destruição ou rompimento de obstáculo à


subtração da coisa;
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno. II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena III - com emprego de chave falsa;
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou


qualquer outra que tenha valor econômico.
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DO FURTO

FURTO

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa


alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA

§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é • Majorante: 1/3


praticado durante o repouso noturno. • Por meio da majorante do repouso noturno, o CP visa
“única e exclusivamente assegurar a propriedade
móvel contra maior precariedade de vigilância e
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno defesa durante o recolhimento das pessoas para o
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena repouso durante a noite”, conforme leciona Hungria,
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a citado por Greco.
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. • Repouso noturno: há de se entender como o
período de recolhimento, dedicado ao repouso
(critério psicossociológico), caracterizando o período
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou de sossego noturno.
qualquer outra que tenha valor econômico.
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DO FURTO
PRIMARIEDADE E PEQUENO VALOR DA COISA FURTADA
FURTO
• Trata-se do furto privilegiado.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa • Pelo que se percebe por meio da leitura do § 2º do art.
155 do CP, a conjugação da primariedade com o
alheia móvel: pequeno valor da coisa furtada permite ao julgador que:

✓ a) substitua a pena de reclusão pela de


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
detenção;
✓ b) diminua-a de 1/3 a 2/3;
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é ✓ c) aplique somente a pena de multa.
praticado durante o repouso noturno. • Reincidência: art. 63, CP.
• Pequeno valor: a doutrina e a jurisprudência
convencionaram que por pequeno valor deve ser
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno entendido aquele que gira em torno de um salário-
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena mínimo, ou seja, um pouco mais ou um pouco menos do
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a que o valor a ele atribuído à época em que ocorreram os
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. fatos.
• Súmula 511 – STJ: É possível o reconhecimento do
privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualquer outra que tenha valor econômico.
qualificadora for de ordem objetiva.
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DO FURTO
FURTO DE ENERGIA
FURTO
• Com essa redação, ficam eliminadas as discussões sobre a
possibilidade de subtração de energia, não somente a elétrica,
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa como também a solar, a térmica, a sonora, atômica, mecânica
alheia móvel: etc.
• Qualquer energia que tenha valor econômico poderá ser objeto
de subtração, nos moldes preconizados pelo mencionado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. parágrafo.
• O furto de energia elétrica é de natureza permanente, uma
vez que a sua consumação se prolonga, se perpetua no tempo,
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é podendo, portanto, ser o agente preso em flagrante quando
descoberta a ligação clandestina de que era beneficiado.
praticado durante o repouso noturno. • Furto de sinal de TV em canal fechado:
➢ Greco considera que não se pode equipar esse
sinal a energia para efeito de subtração, logo, não
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno configura furto;
➢ Bitencourt afirma que, certamente, sinal de TV a
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
cabo não é energia elétrica, já que energia se
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a consome, se esgota, diminuiu, e pode, inclusive,
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. terminar, ao passo que sinal de televisão não se
gasta, não diminui; mesmo que metade do país
acesse o sinal ao mesmo tempo, ele não diminuiu,
ao passo que, se fosse a energia elétrica, entraria
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou em colapso.
qualquer outra que tenha valor econômico. ➢ O STF tem posicionamento no mesmo sentido.
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DO FURTO

FURTO FURTO QUALIFICADO

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa § 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
alheia móvel: multa, se o crime é cometido:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. I - com destruição ou rompimento de obstáculo à


subtração da coisa;
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno. II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena III - com emprego de chave falsa;
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou


qualquer outra que tenha valor econômico.
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DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,


considerada a relevância do resultado gravoso:

I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o


crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional;

II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é


praticado contra idoso ou vulnerável.
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DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE
CAUSE PERIGO COMUM

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • Furto em caixas eletrônicos. Via de regra, os criminosos, a fim
de subtrair os valores depositados nesses caixas eletrônicos, se
utilizavam de explosivos, durante a madrugada, na calada da
noite, sem a presença de qualquer pessoa por perto.
• Por não existir violência ou ameaça contra a pessoa, essas
explosões em caixas eletrônicos eram tipificadas tão somente
como delitos de furto, normalmente considerados como
qualificados em virtude, muitas vezes, da destruição ou
rompimento de obstáculo, ou do concurso eventual de pessoas.
• Tem-se, agora, qualificadora específica para esse tipo de delito.
• Explosivo: são substâncias ou compostos que, por ação de
uma causa externa (calor, choque, descarga elétrica etc.) são
capazes de gerar explosão, uma reação química caraterizada
pela liberação, em breve espaço de tempo e de forma violenta,
de calor, gás e energia mecânica.
• Para que a qualificadora possa ser efetivamente aplicada, o
explosivo utilizado deve causar uma situação de perigo comum,
ou seja, a um número indeterminado de pessoas.
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DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,


considerada a relevância do resultado gravoso:

I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o


crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional;

II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é


praticado contra idoso ou vulnerável.
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DO FURTO
FURTO MEDIANTE FRAUDE POR MEIO DE
FURTO DISPOSITIVO ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, • As razões da “novatio legis”, segundo Ricardo Antonio
e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio Andreucci (2021) “reside justamente, como aconteceu
com o crime de estelionato cibernético ou virtual, no
de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não
aumento expressivo de fraudes virtuais durante o
à rede de computadores, com ou sem a violação de
período de pandemia, tendo o distanciamento social e
mecanismo de segurança ou a utilização de programa
a maior utilização de meios digitais para a realização
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
de atividades pessoais e profissionais contribuído
análogo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021)
sobremaneira para o incremento desse resultado”.

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, • Vale ressaltar, segundo o autor, “que o emprego de
considerada a relevância do resultado gravoso: fraude como qualificadora do crime de furto já vinha
previsto no inciso II do § 4º do art. 155 do Código
Penal. A novidade, agora, reside justamente na
I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o espécie de fraude empregada pelo agente para
crime é praticado mediante a utilização de servidor perpetrar a subtração. Na nova modalidade de delito,
mantido fora do território nacional; a fraude, no furto, é praticada por meio de dispositivo
eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é computadores, com ou sem a violação de mecanismo
praticado contra idoso ou vulnerável. (Parágrafo acrescido de segurança ou a utilização de programa malicioso,
pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021) ou por qualquer outro meio fraudulento análogo”.
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DO FURTO
FURTO MEDIANTE FRAUDE POR MEIO DE DISPOSITIVO
FURTO ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, • Concebeu-se uma nova qualificadora no § 4º-B, quando o
e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio “furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo
de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de
à rede de computadores, com ou sem a violação de
segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
mecanismo de segurança ou a utilização de programa qualquer outro meio fraudulento análogo”, diminuindo-se
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento a vigilância da vítima para facilitar a subtração de bens ou
análogo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021) valores sem a percepção dela, através do emprego de
programa malicioso, como ocorre com a infecção da
máquina-alvo por Vírus, Worms, Bots e Trojans, códigos
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, cuja nocividade se dirige a explorar as capacidades e as
considerada a relevância do resultado gravoso: informações que o dispositivo ostenta, na maioria das
vezes sem que o usuário perceba.
I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o • Outro meio fraudulento análogo ao programa malicioso,
crime é praticado mediante a utilização de servidor segundo Lai e Mourão (2021) “acontece na hipótese de
mantido fora do território nacional; instalação física e ilegítima de hardwares sniffers, que são
instrumentos eletrônicos que “farejam” pacotes de dados,
II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é coletando-os e os enviando para o autor do fato para
praticado contra idoso ou vulnerável. (Parágrafo acrescido posterior utilização ilícita, embora os criminosos prefiram
o sniffer software”.
pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021)
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DO FURTO
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
FURTO anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,


considerada a relevância do resultado gravoso:

I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o


crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional;

II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é


praticado contra idoso ou vulnerável.
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DO FURTO

FURTO § 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a


subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
exterior.
alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)


anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes no local da subtração.

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)


anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego.
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DO FURTO
§ 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
FURTO subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa exterior.
alheia móvel:
• Essa qualificadora foi criada em virtude do
movimento da mídia que, a todo instante, trazia ao
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
conhecimento público, por meio de reportagens
investigativas, o destino dos veículos automotores
subtraídos no Brasil que, como regra, eram
levados ao Paraguai e lá utilizados normalmente
pelos seus “novos proprietários”, que os
adquiriam mesmo sabendo de sua origem ilícita.
• O objeto material da nova qualificadora é o veículo
automotor (automóveis, caminhões, lanchas,
motocicletas etc.), desde que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
Dessa forma, se o agente subtraí veículo
automotor sem a finalidade de ultrapassar a
barreira de seu Estado, o furto será simples, e não
qualificado.
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DO FURTO

FURTO § 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a


subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
exterior.
alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)


anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes no local da subtração.

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)


anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego.
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DO FURTO
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
FURTO
anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa dividido em partes no local da subtração.
alheia móvel:
• Trata-se do crime de abigeato (furto de gado).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • Semovente domesticável de produção: é o
animal não selvagem destinado à produção
pecuária de alimentos, a exemplo do que ocorre
com os gados bovinos, suínos, ovinos, equinos,
bufalinos, caprinos e os asininos, ou seja, que
dizem respeito à criação para o abate de mercado
de bois, vacas, carneiros, ovelhas, cavalos,
búfalos, cabras e bodes.
• Produção: deve ser entendido não somente o
comércio de carne animal, mas também seus
derivados destinados à alimentação humana, além
de não consumíveis, que tenham valor econômico,
como ocorre com a ovelha, que é subtraída para
que dela se retire a lã.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO

FURTO § 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a


subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
exterior.
alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)


anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes no local da subtração.

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)


anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO

FURTO § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)


anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa isoladamente, possibilitem sua fabricação,
alheia móvel: montagem ou emprego.

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


• O que torna qualificada a infração penal é o seu
objeto material, qual seja, substância explosiva ou
acessório que, conjunta ou isoladamente,
possibilite sua fabricação, montagem ou emprego.
A lei não exige qualquer intenção específica em
relação ao uso posterior do explosivo ou
acessório.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO

FURTO § 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a


subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
exterior.
alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)


anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes no local da subtração.

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)


anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO
CONSUMAÇÃO DO CRIME DE FURTO
FURTO
▪ A teoria predominante na doutrina e na jurisprudência para a
consumação do crime de furto é a da amotio (ou apprehensio):
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: ▪ Amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação
quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, mesmo que num curto espaço de tempo,
independentemente de deslocamento ou possa mansa
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. e pacífica.

▪ Assim, o furto se consuma com a retirada da res da esfera de


posse e disponibilidade da vítima, ainda que o agente não tenha a
possa tranquila.
▪ Segundo o STJ (HC 99.761/MG – 2008), “considera-se
consumado o crime de roubo, assim como o de furto, no
momento em que o agente se torna possuidor da coisa alheia
móvel, ainda que não tenha a posse tranquila, sendo prescindível
que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima para a
caracterização do ilícito”.
▪ A implementação de sistema de vigilância por monitoramento
eletrônico não torna o crime impossível.
o Súmula 567/STJ: sistema de vigilância realizado por
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança
no interior do estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.
▪ A tentativa é possível.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO DE COISA COMUM

▪ O sujeito ativo é somente o condômino (de bem móvel), o coerdeiro e sócio. A conduta típica
é a mesma do art. 155 do CP - subtração.
▪ Quando o agente já está na posse da coisa comum e não a restitui, o crime é o de
apropriação indébita, e não o de furto de coisa comum.
▪ O legislador, considerando que nas hipóteses desse artigo as partes muitas vezes são
parentes ou amigos próximos, decidiu que a ação penal é pública, mas depende de
representação.
▪ Se forem várias as partes, basta que uma ofereça a representação para que esteja autorizada
a propositura da ação penal pelo MP.
▪ O § 2º dispõe que a subtração não é punível quando se trata de coisa comum fungível, cujo
valor não ultrapasse a quota-parte do agente.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO

FURTO DE COISA COMUM

§ 1º Somente se procede mediante representação.


Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum: § 2º Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO
• Crime próprio: tanto em relação ao sujeito ativo quanto ao
sujeito passivo, uma vez que o tipo penal os aponta
FURTO DE COISA COMUM expressamente.
• Crime doloso.
• Núcleo do tipo: subtrair.
✓ caracteriza a retirada da coisa comum de
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou quem legitimamente a detém, com o animus
sócio, para si ou para outrem, a quem de tê-la para si ou para outrem.
legitimamente a detém, a coisa comum: • Somente quando houver um condomínio, uma herança ainda
comum aos coerdeiros, bem como uma sociedade é que se
poderá cogitar do delito de furto de coisa comum.
• Objeto material: a coisa comum.
• Sujeito ativo: o condômino, o coerdeiro ou sócio da coisa
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou comum.
multa. • Sujeito passivo: aquele que detém a posse legítima da coisa,
podendo ser o condômino, coerdeiro, sócio ou mesmo um
terceiro que, legitimamente, detinha o bem.
• Condomínio: dá-se condomínio quando a mesma coisa
pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas
igual direito, idealmente, sobre todo e cada uma de sua partes.
• Herança: também denominada espólio ou monte, numa visão
própria do DP, é o conjunto de bens que são transmitidos aos
herdeiros.
• Sociedade: é a reunião de duas ou mais pessoas que, mediante
contrato, se obrigam a combinar esforços ou bens, para a
consecução de fins comuns.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO
CONSUMAÇÃO DO CRIME DE FURTO DE COISA COMUM
FURTO DE COISA COMUM (MESMAS HIPÓTESES DO ART. 155 CP)

▪ Predomina a teoria da amotio (ou apprehensio). Assim, o


Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou furto se consuma com a retirada da res da esfera de
posse e disponibilidade da vítima, ainda que o agente
sócio, para si ou para outrem, a quem não tenha a possa tranquila.
legitimamente a detém, a coisa comum:
Amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação
quando a coisa subtraída passa para o poder
do agente, mesmo que num curto espaço de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou tempo, independentemente de deslocamento
multa. ou possa mansa e pacífica;

▪ Segundo o STJ (HC 99.761/MG – 2008), “considera-se


consumado o crime de roubo, assim como o de furto, no
momento em que o agente se torna possuidor da coisa
alheia móvel, ainda que não tenha a posse tranquila,
sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera
de vigilância da vítima para a caracterização do ilícito”.

▪ A tentativa é possível.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO FURTO
§ 1º Somente se procede mediante representação.
FURTO DE COISA COMUM
§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum: • O Código Civil estabelece o conceito de coisa fungível:

▪ Art. 85. São fungíveis os móveis que podem


substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade
e quantidade.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa. • Para que fique afastado o crime, é necessário que o montante
subtraído não tenha excedido a quota-parte do agente, pois,
nesse caso, não terá causado prejuízo econômico ao sócio,
coerdeiro ou condômino.
• Exemplo: suponha-se que o pai tenha morrido e que dois filhos
tenham herdado dez mil sacas de café que estavam depositadas
na propriedade de um deles. Se o outro, sem o conhecimento do
primeiro, retira cinco mil sacas, o fato não constitui crime. No caso
em análise, um dos irmãos legitimamente detinha a posse da
coisa comum, mas a subtração não constitui crime em
decorrência da regra do art. 156, § 2º. A opinião prevalente na
doutrina é no sentido de que se trata de excludente de ilicitude, já
que a lei menciona que “não é punível a subtração”.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
ART. 157 AO 160
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

ROUBO

▪ Roubo
• Essa figura criminosa abrange o roubo simples (que pode ser próprio ou impróprio), nove causas de
aumento de pena e duas qualificadoras.

▪ Roubo próprio:
• Art. 157, caput – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

▪ O roubo próprio se caracteriza como crime complexo na medida em que atinge mais de um bem
jurídico: o patrimônio e a incolumidade física ou a liberdade individual.
▪ Como no roubo ocorre subtração de coisa alheia, o património é o bem jurídico sempre afetado.
▪ Quando ocorre mediante violência, afeta-se também a incolumidade da vítima, e quando a conduta é
praticada mediante grave ameaça ou com o emprego de soníferos, atinge também a liberdade individual.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

ROUBO

▪ Roubo próprio
• O roubo, em princípio, contém as mesmas elementares do furto:

✓ Subtração como conduta típica;


✓ Coisa móvel como objeto material;
✓ Coisa alheia como elemento normativo;
✓ Finalidade de assenhoramento definitivo para si ou terceiro.

▪ Trata-se de infração grave, pois o agente domina a vítima pelo emprego de:

▪ Violência: força física ou ato agressivo;


▪ Grave ameaça: promessa de mal grave;
▪ Qualquer outro meio que reduza a vítima à impossibilidade de resistência:
fórmula genérica em que o agente subjuga a vítima. É a chamada violência imprópria.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

ROUBO

▪ Roubo simples e latrocínio

• Segundo Victor Eduardo Rios Gonçalves (2021, p. 408), apesar de “ o latrocínio ser uma
forma qualificada do crime do roubo, não se aceita a configuração de crime continuado
entre essas infrações penais, com o argumento de que o latrocínio atinge um bem jurídico a
mais do que o roubo simples (a vida humana), de modo que não podem ser considerados
crimes da mesma espécie, o que é requisito da continuidade delitiva. Entre tais crimes,
existe, portanto, concurso material”.

• O latrocínio é um crime contra o patrimônio, não contra a vida, apesar da possibilidade


do resultado morte, previsto no inciso II do § 3º do art. 157 do CP.

• É o roubo com o resultado morte. Em decorrência do resultado mais gravoso, a


legislação comina pena de 20 a 30 anos de reclusão, além de multa.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

ROUBO

▪ Roubo próprio: Roubo impróprio:


• Art. 157, § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa para si ou para terceiro.

▪ Distinção:
• No roubo próprio, a violência e a grave ameaça constituem meio para o agente
subjugar a vítima e conseguir a subtração. São empregadas antes e durante a subtração.
• No roubo impróprio, o agente pretendia cometer furto e já havia, inclusive, se apoderado
do bem pretendido, contudo, logo após a subtração, emprega violência ou grave ameaça
para garantir sua impunidade ou a detenção do bem.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º A pena AUMENTA-SE DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ
METADE:
ROUBO
I - (Revogado pela Lei nº 13.654, de 23/4/2018)

Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: e o agente conhece tal circunstância;

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a


ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade;
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois
de subtraída a coisa, emprega violência contra VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
impunidade do crime ou a detenção da coisa para sua fabricação, montagem ou emprego;
si ou para terceiro.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma branca.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Crime comum.

ROUBO • Crime doloso.

• Delito material.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência • Bem jurídico: patrimônio.
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: • Crime pluriofensivo.

• Crime complexo: podemos visualizar nele a fusão


de duas ou mais figuras típicas. Assim, no roubo,
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. existe a subtração, característica do crime de furto;
além dela, nele se encontram presentes a violência
à pessoa, característica do art. 129 do CP, bem
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois como a grave ameaça, prevista no art. 147 do
de subtraída a coisa, emprega violência contra mesmo diploma legal, cujos tipos penais visam a
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a proteger, respectivamente, a integridade corporal ou
a saúde e a liberdade individual, sem falar no crime
impunidade do crime ou a detenção da coisa para
de latrocínio, que conjuga a subtração com o
si ou para terceiro. resultado morte, característico do delito de
homicídio.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Bem jurídico: patrimônio, mas vai além, tutelando ainda
ROUBO a integridade física, a saúde e a vida da pessoa,
constituindo um crime pluriofensivo (tutela mais de um
bem jurídico);
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer ▪ Sujeito passivo: a pessoa atingida pela conduta, seja ela
proprietária da res, seja ela possuidora ou mera
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
detentora, que podem ter a integridade física, a vida ou a
saúde aviltada. Aliás, focando a integridade física, mesmo
aquela pessoa que nem sequer tem a mera detenção da
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. coisa, mas que sofre a violência, também figurará no polo
passivo deste delito. Dessa forma, a sujeição passiva
poderá recair sobre uma ou mais pessoas;

§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois ▪ Núcleo do tipo:


de subtraída a coisa, emprega violência contra o Subtrair: tirar, tomar, sacar, agora, de forma
diferente do furto, com o emprego da violência ou
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a
grave ameaça, alcançando a inversão de posse da
impunidade do crime ou a detenção da coisa para coisa.
si ou para terceiro.
▪ Coisa alheia móvel.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Violência: trata-se da violência física. A violência pode ser
praticada diretamente contra a pessoa que detém a coisa a
ROUBO ser subtraída (violência direta ou mediata) ou contra
terceira pessoa ligada à vítima da subtração por laços de
parentesco ou amizade (violência indireta ou mediata), que
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou muito se assemelha à grave ameaça, e como tal há de ser
para outrem, mediante grave ameaça ou violência entendida. Influi no estado anímico da vítima, fazendo com
que ela, por medo, insegurança ou receio de ser também
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer agredida, se submeta à conduta criminosa.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: ▪ A violência pode ser:
o Violência própria: a violência física propriamente dita;
o Violência imprópria: a redução da possibilidade de
resistência da vítima. Exemplo: emprego de meio
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. químico, biológico, etc., dissimulado, como
alucinógenos, soníferos, etc., para que a vítima não
resista à subtração. Por óbvio, se o emprego do outro
meio anular a resistência do sujeito passivo, a conduta
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois estará subsumida pelo tipo, já que anular é reduzir a
de subtraída a coisa, emprega violência contra zero.
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a ▪ Grave ameaça (violência moral): consiste na promessa de
mal grave, iminente e verossímil. Pode se exteriorizar por
impunidade do crime ou a detenção da coisa para palavras, gestos, símbolos, utilização de objetos em geral ou
si ou para terceiro. qualquer meio idôneo a revelar a intenção do agente de
subjugar a vítima (de forma livre).
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Observação: praticamente pacífica a visão de que a violência leve,
empregada apenas com o intuito de distrair, e não intimidar, a
exemplo de empurrão ou trombada, não caracteriza violência para a
ROUBO subsunção da conduta ao roubo, devendo o agente responder pelo
deito de furto. Exemplo: furto por arrebatamento. Nucci discorda
desse entendimento.
o Nesse aspecto, Cleber Masson traz as seguintes distinções:
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou o A questão da trombada: a subtração por arrebatamento
para outrem, mediante grave ameaça ou violência (praticada mediante trombada) pode caracterizar, dependendo
do caso concreto, tanto furto como roubo. Se o contato físico
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer contra a vítima tiver o propósito único de distraí-la, sem
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: capacidade de machucá-la, o crime será de furto. Se for
preponderantemente dirigida à pessoa da vítima, provocando-
lhe lesão corporal ou vias de fato, com a intenção de eliminar
ou reduzir sua defesa, o crime será de roubo.
o Bem preso ao corpo da vítima: na subtração de bem preso
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ao corpo da vítima, em que o golpe do agente atinge
diretamente o objeto subtraído, sendo seu legítimo proprietário
ou possuidor alcançado reflexamente, o crime é de roubo.
Existem posições em contrário, sob o argumento de que,
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois como a violência é empregada contra a coisa, e só
acessoriamente contra a pessoa, não há constrangimento, e o
de subtraída a coisa, emprega violência contra crime é de furto.
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a ▪ Roubo próprio: o constrangimento à vítima, mediante grave ameaça
ou violência (própria ou imprópria) à pessoa, é empregado no início
impunidade do crime ou a detenção da coisa para ou simultaneamente à subtração da coisa alheia móvel.
si ou para terceiro. ▪ Roubo impróprio: encerrada a subtração, a utilização de grave
ameaça ou violência (própria) à pessoa configura o delito de roubo
impróprio (art. 157, § 1º).
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Roubo próprio.
ROUBO • Roubo impróprio.

• É de fundamental importância, para efeitos de


Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
distinção entre os roubos próprio e impróprio,
para outrem, mediante grave ameaça ou violência ressaltar que o emprego de violência contra a
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer pessoa ou grave ameaça pode ocorrer antes,
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: durante e após a subtração.

• No roubo próprio a violência ocorre antes ou


Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. durante a subtração.

• No roubo impróprio a violência ocorre após a


§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois subtração.
de subtraída a coisa, emprega violência contra • A expressão logo depois da subtração da coisa,
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a segundo Greco, não pode ser entendida no
impunidade do crime ou a detenção da coisa para sentido de que o agente já havia consumado a
si ou para terceiro. subtração, mas tão somente de que estavam em
curso os atos de execução.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º A pena AUMENTA-SE DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ
METADE:
ROUBO
I - (Revogado pela Lei nº 13.654, de 23/4/2018)

Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: e o agente conhece tal circunstância;

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a


ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade;
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois
de subtraída a coisa, emprega violência contra VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
impunidade do crime ou a detenção da coisa para sua fabricação, montagem ou emprego;
si ou para terceiro.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma branca.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade;
ROUBO

▪ O aumento de pena de 1/3 até a metade, no caso da


Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
manutenção da vítima em poder do infrator com
para outrem, mediante grave ameaça ou violência restrição da sua liberdade, se justifica em razão da
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer maior gravidade da conduta. Afinal, há também clara
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: violação da liberdade de locomoção da vítima,
submetida à vontade do agressor.

▪ Pode-se perceber que, nesse caso, o ofendido fica “à


Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. mercê do assaltante, circunstância que o impossibilita
de oferecer qualquer tipo de reação, e, por si mesmo,
recuperar os bens subtraídos. A restrição da
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois liberdade deve perdurar por tempo juridicamente
de subtraída a coisa, emprega violência contra relevante. Se a vítima permanece em poder do
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a agente por curtíssimo tempo, destinado unicamente à
subtração do bem, não incide a causa de aumento da
impunidade do crime ou a detenção da coisa para pena”. (MASSON, 2019, p. 763-764)
si ou para terceiro.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º A pena AUMENTA-SE DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ
METADE:
ROUBO
I - (Revogado pela Lei nº 13.654, de 23/4/2018)

Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: e o agente conhece tal circunstância;

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a


ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade;
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois
de subtraída a coisa, emprega violência contra VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
impunidade do crime ou a detenção da coisa para sua fabricação, montagem ou emprego;
si ou para terceiro.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma branca.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
ROUBO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há destruição ou rompimento de obstáculo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência mediante o emprego de explosivo ou de artefato
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer análogo que cause perigo comum.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.

§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois § 3º Se da violência resulta:


de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
impunidade do crime ou a detenção da coisa para
si ou para terceiro. II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, e multa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
ROUBO aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo.

Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou DECRETO Nº 10.030, DE 30 DE SETEMBRO DE 2019
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer Art. 3º As definições dos termos empregados neste Regulamento são
aquelas constantes deste artigo e do Anexo III.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Parágrafo único. Para fins do disposto neste Regulamento, considera-se:

II - ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO - as armas de fogo automáticas,


Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. de qualquer tipo ou calibre, semiautomáticas ou de repetição que sejam:
a) não portáteis;
b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum,
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de
de subtraída a coisa, emprega violência contra munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética
superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a
III - ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO:
impunidade do crime ou a detenção da coisa para a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos ou
si ou para terceiro. tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja
signatária; e
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
ROUBO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há destruição ou rompimento de obstáculo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência mediante o emprego de explosivo ou de artefato
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer análogo que cause perigo comum.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.

§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois § 3º Se da violência resulta:


de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
impunidade do crime ou a detenção da coisa para
si ou para terceiro. II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, e multa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se da violência resulta:
ROUBO
I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer (trinta) anos, e multa.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ▪ Os resultados qualificadores podem ser imputados ao
agente a título de dolo ou culpa, isto é, durante a
prática do roubo o agente pode ter querido causar,
efetivamente, lesões graves na vítima, ou mesmo a
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois sua morte, para fins de subtração de seus bens, ou
de subtraída a coisa, emprega violência contra tais resultados podem ter ocorrido durante a empresa
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a criminosa sem que fosse intenção do agente produzi-
impunidade do crime ou a detenção da coisa para los, mas causados culposamente.
si ou para terceiro.
▪ O inciso II do § 3º trata do delito de latrocínio.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
ROUBO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo;
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou II - se há destruição ou rompimento de obstáculo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência mediante o emprego de explosivo ou de artefato
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer análogo que cause perigo comum.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.

§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois § 3º Se da violência resulta:


de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
impunidade do crime ou a detenção da coisa para
si ou para terceiro. II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, e multa.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Consumação do delito de roubo:
ROUBO
o no caso da violência preceder à subtração
(roubo próprio), predomina a visão de que o
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou crime se consuma com a subtração, o
para outrem, mediante grave ameaça ou violência apoderamento pelo autor do delito da coisa
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer subtraída;
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: o Quando a violência se dá após a subtração
(roubo impróprio), a consumação é alcançada
com o emprego da violência.

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ▪ Súmula 582 – STJ

o Consuma-se o crime de roubo com a


§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois inversão da posse do bem mediante emprego
de subtraída a coisa, emprega violência contra de violência ou grave ameaça, ainda que por
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a breve tempo e em seguida à perseguição
impunidade do crime ou a detenção da coisa para imediata ao agente e recuperação da coisa
roubada, sendo prescindível a posse mansa e
si ou para terceiro.
pacífica ou desvigiada.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Consumação no caso de latrocínio –
ROUBO possibilidades:

1. Subtração consumada e morte consumada –


Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou latrocínio consumado;
para outrem, mediante grave ameaça ou violência 2. Subtração tentada e morte consumada –
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer latrocínio consumado;
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 3. Subtração consumada e morte tentada –
latrocínio tentado;
4. Subtração tentada e morte tentada –
latrocínio tentado.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
▪ Súmula 610 – STF. Há crime de latrocínio, quando
o homicídio se consuma, ainda que não realize o
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois agente a subtração de bens da vítima.
de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, afim de assegurar a ▪ Tentativa: é possível, inclusive em sua forma
impunidade do crime ou a detenção da coisa para qualificada (latrocínio), como anteriormente
si ou para terceiro. demonstrado.
.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXTORSÃO

▪ Extorsão simples
• Como no crime de roubo, tutela-se na extorsão o patrimônio, bem como a incolumidade física e a
liberdade individual.

• Consiste em obrigar, coagir a vítima a fazer algo, tolerar que se faça algo ou deixar de fazer
alguma coisa etc.

• As formas de execução são a violência e a grave ameaça e, nisso, o crime é semelhante ao


roubo.

• A intenção de obter indevida vantagem econômica é o que diferencia a extorsão dos crimes de
constrangimento ilegal (art. 146) e exercício arbitrário das próprias razões (art. 345).

• A Súmula n. 96 do STJ cuida do tema dispondo que “o crime de extorsão consuma-se


independente da obtenção da vantagem indevida.”
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência


ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante
ou para outrem indevida vantagem econômica, a violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
da liberdade da vítima, e essa condição é
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
▪ Crime comum.
▪ Crime doloso.
EXTORSÃO ▪ Crime formal.
▪ Verbo núcleo:
▪ Constranger: obrigar, coagir alguém a fazer,
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si coisa.
ou para outrem indevida vantagem econômica, a ▪ O constrangimento dever ser exercido com
violência ou grave ameaça.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer ▪ Especial fim de agir: com o intuito de obter para si ou
alguma coisa: para outrem indevida vantagem econômica.
▪ Consumação: no momento em que o agente pratica a
conduta do núcleo do tipo, vale dizer, o verbo
constranger, obrigando a vítima, mediante violência ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. grave ameaça, a fazer, a tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa. Nesse exato momento, isto é, quando
a vítima assume um comportamento positivo ou negativo,
contra a sua vontade, impelida que foi pela conduta
violenta ou ameaçadora do agente, tem-se por
consumado o delito.
▪ A obtenção da vantagem é mero exaurimento do delito.
▪ Tentativa: é admissível.
▪ Súmula 96 – STJ. O crime de extorsão consuma-se
independentemente da obtenção da vantagem indevida.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência


ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante
ou para outrem indevida vantagem econômica, a violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
da liberdade da vítima, e essa condição é
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência


ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante
ou para outrem indevida vantagem econômica, a violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. impossibilidade de resistência:

§ 3º Se da violência resulta:

I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete)


a 18 (dezoito) anos, e multa;

II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta)


anos, e multa.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência


ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante
ou para outrem indevida vantagem econômica, a violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
da liberdade da vítima, e essa condição é
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
EXTORSÃO da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
ou para outrem indevida vantagem econômica, a previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa: MODALIDADE QUALIFICADA

▪ Sequestro relâmpago.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
▪ Essa privação da liberdade deverá ocorrer por tempo
razoável, permitindo, assim, que se reconheça que a
vítima ficou limitada em seu direito de ir, vir ou
mesmo permanecer, em virtude do comportamento
levado a efeito pelo agente.

▪ A privação da liberdade da vítima deve ser um meio,


ou seja, uma condição necessária para que o agente
tenha sucesso na obtenção da vantagem econômica.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
EXTORSÃO da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
ou para outrem indevida vantagem econômica, a previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa: EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si


Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
preço do resgate:

§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.

§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.


.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais
EXTORSÃO pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência


ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante
ou para outrem indevida vantagem econômica, a violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição
da liberdade da vítima, e essa condição é
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

▪ A conduta típica consiste em capturar alguém e exigir resgate em troca de sua libertação.

▪ Os bens jurídicos tutelados, portanto, são o patrimônio e a liberdade. Trata-se de crime


complexo.

▪ Natureza hedionda: conforme o art. 1º, inciso IV, da Lei n. 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos.

▪ A consumação se dá no exato instante em que a vítima é capturada, privada de sua liberdade,


ainda que os sequestradores não consigam receber ou até mesmo pedir o resgate,
desde que a vítima seja tirada do local onde estava por tempo juridicamente
relevante.

▪ Eventual pagamento do resgate constitui exaurimento do crime.


.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.


Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente


que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Crime comum.
• Bem jurídico: o patrimônio e a liberdade individual
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (principalmente no que diz respeito ao direito de ir, vir e
permanecer), bem como a integridade física e psíquica. É
considerado um crime complexo.
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, • Crime doloso.
• Especial fim de agir: com o fim de obter, para si ou para
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
condição ou preço do resgate: resgate.
• Delito formal: sua consumação ocorre com a prática da
conduta núcleo do tipo, sendo a obtenção da vantagem um
mero exaurimento do crime.
• Crime permanente: sua consumação se prolonga no
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
tempo, enquanto houver a privação da liberdade da vítima.
• Verbo núcleo:
▪ Sequestrar: entendido no sentido de
privar alguém de sua liberdade.
• Qualquer vantagem: Greco considera que deve ter valor
econômico, de natureza patrimonial, posto que o delito está
inserido no título dos crimes contra o patrimônio. Há
divergências doutrinárias quanto ao alcance da expressão
qualquer vantagem, posto que alguns entendem que seria
qualquer tipo de vantagem, e não apenas aquela de
natureza econômica.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO


• Condição de resgate: diz respeito a qualquer tipo
de comportamento, por parte do sujeito passivo,
idôneo a proporcionar uma vantagem econômica
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,
ao criminoso. A vítima patrimonial faz ou deixa de
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como fazer algo que possa beneficiar o sequestrador.
condição ou preço do resgate: Exemplos: assinatura de um cheque, entrega de
um documento, elaboração de uma nota
promissória etc.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. • Preço do resgate: se relaciona à exigência de um
valor em dinheiro ou em qualquer outra utilidade
econômica. Nesse caso, o ofendido paga alguma
quantia em troca da liberdade do sequestrado.
Exemplos: entrega de determinada quantia em
pecúnia, tradição de um automóvel etc.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Consumação: a consumação ocorre quando o
agente pratica a conduta prevista no núcleo do tipo,
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO vale dizer, quando realiza o sequestro, com a privação
da liberdade ambulatorial da vítima,
independentemente da obtenção da vantagem, como
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, condição ou preço do resgate, que se configura em
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como mero exaurimento.
condição ou preço do resgate: • Tentativa: é possível, segundo Greco. Exemplo:
imagine-se que o agente tivesse anunciado o
sequestro e, ao colocar as mãos no braço da vítima,
fosse surpreendido por um dos seguranças que se
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. encontravam no local, e que não foram por ele
percebidos, que impediram que a vítima fosse privada
da sua liberdade. Nesse caso, podemos visualizar a
situação em que o agente cogitou praticar o crime,
preparou-se para a empresa criminosa e, ao abordar
a vítima, deu início aos atos de execução relativos ao
sequestro, que não se consumou por circunstâncias
alheias à sua vontade. Assim, tem-se a tentativa, haja
vista não ter havido, efetivamente, a privação da
liberdade ambulatorial da vítima, tendo o agente,
contudo, praticado atos de execução nesse sentido.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.


Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente


que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
MODALIDADES QUALIFICADAS

• Se o sequestro dura mais de 24 horas;


Pena - reclusão, de oito a quinze anos. • Se o sequestrado é menor de 18 ou maios de 60
anos;
• Se o crime é cometido por bando ou quadrilha:
atualmente a expressão legal é associação criminosa,
conforme art. 288 do CP - Associarem-se 3 (três) ou
mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes. Assim, deve haver a associação não eventual
de pessoas, o que exige certa estabilidade ou
permanência, para o fim específico de cometer
crimes.
.
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.


Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente


que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


para si ou para outrem, qualquer vantagem, como • Trata-se, aqui de crime qualificado pelo resultado,
condição ou preço do resgate: podendo ser atribuído ao agente a título de dolo ou
mesmo culpa. Assim, pode o agente querer e,
efetivamente, produzir as lesões graves na vítima, ou
elas podem ter ocorrido em razão de culpa,
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. oportunidade em que se poderá levar a efeito o
raciocínio correspondente ao crime preterdoloso.
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CÓDIGO PENAL COMUM
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DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.


Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente


que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º Se resulta a morte:
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


para si ou para outrem, qualquer vantagem, como CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
condição ou preço do resgate:
a) a qualificadora somente terá aplicação se ocorrer a
morte da vítima do sequestro, isto é, aquela que teve
cerceada a sua liberdade ambulatorial;
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
b) a morte pode ter sido provocada dolosa ou
culposamente, tratando-se, portanto, de crime
qualificado pelo resultado que admite as duas
modalidades.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.


Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente


que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
DELAÇÃO PREMIADA
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
• Trata-se da delação premiada para o crime de extorsão mediante
sequestro.
• Assim, de acordo com a redação legal, são três os requisitos
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, exigidos para que seja levada a efeito a redução de um a dois
terços na pena aplicada ao agente, a saber:
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate: ▪ Que o crime tenha sido cometido em concurso;
▪ Que um dos agentes o denuncie à autoridade;
✓ A lei não exige que o outro coparticipante seja
preso ou mesmo responsabilizado
criminalmente para que se possa aplicar a
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. minorante. A autoridade mencionada pode ser
o DP, Promotor de Justiça, Juiz de Direito,
enfim, qualquer autoridade que possa conduzir
a solução do caso.
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o ▪ Facilitação da libertação do sequestrado.
✓ Greco considera que a denúncia deve conduzir,
concorrente que o denunciar à autoridade, obrigatoriamente, à libertação do sequestrado,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pois a delação premiada tem em mira mais a
vítima do sequestro do que o agente que o
pena reduzida de um a dois terços. praticou.

• Parte da doutrina considera que esse § 4º teria sido tacitamente


revogado pelo art. 13 da Lei nº 9.807/99, que também tratou da
delação premiada. É uma discussão em sede doutrinária.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.

Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,


Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.


Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 3º Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente


que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXTORSÃO INDIRETA

▪ O crime de extorsão indireta pressupõe a coexistência de três requisitos:

o Exigência ou recebimento de documento que possa dar causa a procedimento criminal


contra a vítima ou terceiro;
o Intenção de garantir ameaçadoramente o pagamento da dívida;
o Abuso da situação de necessidade financeira da vítima.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Crime comum.
• Crime doloso.
EXTORSÃO INDIRETA • Delito de forma vinculada: a lei penal exige a confecção
de um documento, hábil a dar causa a procedimento
criminal.
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de • Crime formal: quando disser respeito ao núcleo exigir.
dívida, abusando da situação de alguém, • Crime material: quando diante da conduta de receber.
documento que pode dar causa a procedimento • Verbos núcleos:
criminal contra a vítima ou contra terceiro: ▪ Exigir ou Receber – a lei equipara a
exigência ao recebimento, devendo este,
como é claro, ser acompanhado da
ciência e consciência de que o
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. documento (particular ou público) pode
dar lugar a processo penal. No primeiro
caso, há a imposição de uma condição
sine qua non; no segundo, há a
aceitação de uma proposta ou formação
de um pacto de iniciativa do próprio
devedor (que a lei protege contra si
mesmo), segundo o qual é entregue e
aceito o simulado corpo de delito
representado pelo documento, segundo
nos ensina Hungria, citado por Greco.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Elementos do tipo penal:
✓ A conduta de exigir, ou mesmo tão
EXTORSÃO INDIRETA somente receber documento que possa
dar causa a procedimento criminal
contra a vítima ou contra terceiro;
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de ✓ Existência de uma dívida entre o sujeito
dívida, abusando da situação de alguém, passivo e o sujeito ativo;
✓ Abuso da situação de inferioridade em
documento que pode dar causa a procedimento
que se encontra o sujeito passivo;
criminal contra a vítima ou contra terceiro: ✓ A finalidade de, por meio do documento
exigido, garantir o pagamento do sujeito
passivo, sob a ameaça de um processo
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. penal.
• Garantia de dívida: faz-se necessário a existência de
uma dívida, e que o documento seja o modo pelo qual o
agente ficará, em tese, garantido da sua quitação.
• Documento: o documento é exigido ou mesmo entregue
pela vítima em razão de sua situação de desespero,
fazendo com que aceite a exigência de forjar um
documento que poderá comprometê-la criminalmente no
futuro, caso não honre com o seu compromisso.
• O documento pode ser, por exemplo, promissória
contendo falsa assinatura, a confissão de autoria de um
crime ou mesmo numa prova de ilícito penal inexistente.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
• Pode dar causa a procedimento criminal: satisfaz-se a
lei com que o documento possa dar causa a
EXTORSÃO INDIRETA procedimento criminal. Basta, então, potencialidade; é
suficiente ser apto a esse fim. Logo, a lei não exige a
condenação, nem mesmo a instauração de um processo
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de penal em face da vítima ou de terceiros.
dívida, abusando da situação de alguém, • Consumação:
✓ Na modalidade exigir, o crime se consuma
documento que pode dar causa a procedimento com a prática do mencionado
criminal contra a vítima ou contra terceiro: comportamento, não importando que a vítima,
efetivamente, anua para com a exigência,
entregando ao agente o documento que, com
a finalidade de garantir a dívida, poderá dar
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
causa a procedimento criminal contra ela ou
contra terceiro.
✓ Na modalidade receber, o crime somente se
aperfeiçoa quando o sujeito ativo recebe o
documento, tratando-se, aqui, de crime
material.
✓ Existem posicionamentos no sentido de que o
crime é apenas formal, consumando-se tão só
com a ação do agente, abstraída a realização
do evento por ele querido.
• Tentativa: é admissível.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ART. 161
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

▪ ALTERAÇÃO DE LIMITES
▪ Visa a lei resguardar a posse e a propriedade de bens imóveis. Possui duas condutas típicas alternativas:

• Supressão - retirada de marco divisório;


• Deslocamento - afastamento do marco divisório do local correto de modo a aumentar a área do
agente.
• É necessário que o agente tenha intenção de apropriar-se, no todo ou em parte, da propriedade
alheia, por meio de supressão ou deslocamento do marco divisório.
• Trata-se de crime próprio, somente praticado pelo vizinho do imóvel, quer em zona urbana ou rural.
• Trata-se de crime formal, ou seja, consuma-se no exato momento em que o agente suprime ou
desloca o marco divisório, ainda que a vítima posteriormente perceba o ocorrido e retorne a parte de
que lhe foi tolhia.
• É possível a tentativa, como ocorre quando o agente é flagrado iniciando a supressão ou
deslocamento e é impedido de prosseguir.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

▪ ESBULHO POSSESSÓRIO
▪ Tutela-se aqui a posse e a propriedade dos bens imóveis e, ainda, a incolumidade física e a liberdade individual nas
hipóteses em que o crime venha a ser cometido com emprego de violência ou grave ameaça.

▪ Pressupõe a invasão de propriedade imóvel alheia, edificada ou não, desde que o fato se dê mediante o emprego de
violência a pessoa ou grave ameaça, ou, ainda, mediante concurso de duas ou mais pessoas.

▪ Nesse sentido, é preciso observar o disposto no art. 1.210, § 1º, do Código Civil, que trata do denominado “desforço
imediato”, como se vê:

CÓDIGO CIVIL
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável
à manutenção, ou restituição da posse.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

▪ ESBULHO POSSESSÓRIO

• INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

o O crime só existe se a invasão se dá com o fim específico de esbulho possessório,


ou seja, desde que o agente queira excluir a posse da vítima para passar a exercê-la ele
próprio;
o O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o dono;
o Se o imóvel invadido ou ocupado é terreno ou unidade residencial, construída
ou em construção, pelo Sistema Financeiro de Habitação, existe crime especifico
previsto no art. 9º da Lei n. 5.741/71;
o Comete o crime do art. 20 da Lei n. 4.947/66, quem invade, a fim de ocupá-las, terras
da União, Estados ou Municípios, ainda que destinados à Reforma Agrária.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES

Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou


qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia:
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias;
§ 1º Na mesma pena incorre quem:

§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na ESBULHO POSSESSÓRIO


pena a esta cominada.

II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou


§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
violência, somente se procede mediante queixa. edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
• Crime doloso;
ALTERAÇÃO DE LIMITES • Crime próprio (só alteração de limites);
• Crime comum (usurpação de águas e esbulho
possessório;
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou • Crime formal;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • O dispositivo penal trata de três crimes distintos:
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alteração de limites (caput), usurpação de águas (§
alheia: 1º, I) e esbulho possessório (§ 1º, II);
• Crime instantâneo (regra); Crime permanente (só
esbulho possessório);
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. • Ação penal: em regra, são delitos de ação penal
privada. O § 3º estabelece que “Se a propriedade é
§ 1º Na mesma pena incorre quem: particular, e não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa”. Em sentido contrário,
tratando-se de propriedade pública, ou então de
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na crime cometido com emprego de violência, a ação
pena a esta cominada. penal será pública incondicionada;
• Concurso material obrigatório: hipótese do § 2º,
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de i.e., quando o agente usa de violência é a ele
imputado o cometimento de dois crimes, vale dizer, o
violência, somente se procede mediante queixa.
relativo à usurpação e o decorrente da violência.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ALTERAÇÃO DE LIMITES
ART. 161, CAPUT, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Objeto jurídico: é o patrimônio, relativamente à propriedade e
à posse legítima de bens imóveis;
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou • Objeto material: o tapume, o marco ou qualquer outro sinal de
linha divisória;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • Núcleos do tipo:
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel • A conduta criminosa consiste em suprimir ou
alheia: deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal
indicativo de linha divisória, de modo a tornar dúbios
os limites do imóvel.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. • Suprimir: equivale a eliminar alguma coisa, fazendo-
a desaparecer;
• Deslocar: significa mudar o local em que algo se
encontrava originariamente.
§ 1º Na mesma pena incorre quem: • Elemento normativo do tipo: a conduta penalmente ilícita há
de recair sobre coisa imóvel “alheia”;
• Sujeito ativo: somente o proprietário do imóvel contíguo àquele
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na em que a é realizada a alteração de limites (crime próprio);
pena a esta cominada. • Sujeito passivo: é o proprietário ou possuidor do imóvel em
que a conduta típica é realizada.
• Elemento subjetivo: dolo. Tem-se ainda um especial fim de
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de agir caracterizado pelo ato de “apropriar-se, no todo ou em
violência, somente se procede mediante queixa. parte, de coisa imóvel alheia”. Ausente tal elemento subjetivo
específico, o fato pode caracterizar outro delito, como dano (art.
163) etc.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES ALTERAÇÃO DE LIMITES


ART. 161, CAPUT, CP
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • Consumação: o crime é formal, de consumação
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel antecipada ou de resultado cortado. Assim,
alheia: consuma-se com a efetiva supressão ou
deslocamento do tapume, marco ou outro sinal
divisório, independentemente da apropriação total
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
ou parcial do imóvel alheio, que funciona como
exaurimento do delito.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
• Tentativa: é possível, tal como na hipótese do
sujeito flagrado enquanto tentava deslocar o sinal
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na
demarcativo do imóvel vizinho à sua propriedade.
pena a esta cominada.

§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de


violência, somente se procede mediante queixa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES

Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou


qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia:
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias;
§ 1º Na mesma pena incorre quem:

§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na ESBULHO POSSESSÓRIO


pena a esta cominada.

II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou


§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
violência, somente se procede mediante queixa. edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
ART. 161, § 1º, I, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Objetividade jurídica: é a inviolabilidade patrimonial
imobiliária, no que se refere à utilização e gozo das águas por
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou seu titular;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para • Objeto material: são as águas, consideradas parte do solo,
nos termos do art. 79 do Código Civil. As águas alheias
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel podem ser públicas ou particulares, correntes ou estagnadas,
alheia: perenes ou temporárias, nascentes ou pluviais, ou até mesmo
subterrâneas.

Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Código Civil


Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se
lhe incorporar natural ou artificialmente.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
• Núcleos do tipo:

USURPAÇÃO DE ÁGUAS A conduta criminosa consiste em desviar (mudar o


rumo do curso d’água) ou represar (impedir que as
águas corram normalmente), em proveito próprio
ou de outrem, águas alheias.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias; • Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum);
• Sujeito passivo: é o proprietário ou possuidor do imóvel do
qual as águas foram usurpadas (pessoa física ou jurídica).
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
ART. 161, § 1º, I, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Elemento normativo do tipo: evidencia-se pelo termo
“alheais”. Assim, as águas alheias podem ser públicas ou
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou particulares. Não há crime quando se tratar de águas
incorporadas ao imóvel de propriedade daquele que as represa
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para (art. 1.292, CC).
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia: Código Civil
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir
barragens, açudes, ou outras obras para
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. represamento de água em seu prédio; se as águas
represadas invadirem prédio alheio, será o seu
proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o
valor do benefício obtido.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
• Elemento subjetivo: o dolo. Exige-se também um especial fim
de agir, consistente na finalidade do agente em desviar ou
USURPAÇÃO DE ÁGUAS represar águas alheias “em proveito próprio ou de outrem”. Se
o sujeito ativo assim age unicamente para prejudicar a vítima, o
crime será o de dano (art. 163, CP).
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, • Consumação: se dá com o desvio ou represamento das águas
alheias, independentemente do efetivo proveito próprio ou de
águas alheias;
terceiro e do prejuízo à vítima. Trata-se de crime formal, de
consumação antecipada ou de resultado cortado.
• Tentativa: é admissível.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Objeto jurídico: é o patrimônio, no tocante à propriedade e,
especialmente, à posse legítima de um imóvel, bem como a
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou integridade física e a liberdade individual da pessoa humana
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para atingida pela conduta criminosa;
• Objeto material: o imóvel invadido e a pessoa que suporta a
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel violência ou a grave ameaça. O imóvel esbulhado pode ser
alheia: um terreno ou edifício, público ou particular.
o Terreno: é a gleba (porção) de terra sem
construção;
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. o Edifício: é a construção realizada com alvenaria,
madeira ou outro material qualquer, em regra
destinada à ocupação pelo ser humano, podendo
§ 1º Na mesma pena incorre quem: ser um prédio, uma casa, um barracão ou algo
similar.
o Em qualquer dos casos é imprescindível tratar-se
ESBULHO POSSESSÓRIO de imóvel alheio, por expressa previsão legal. É
perfeitamente possível a prática do delito em zona
urbana;
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou • Núcleo do tipo:
o Invadir: ingressar à força em algum local, com o
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou propósito de dominá-lo. A invasão pode ser
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. executada mediante violência à pessoa, grave
ameaça e concurso de mais de duas pessoas.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Meios de execução:
• Violência à pessoa: também conhecida como vis
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou absoluta, é o emprego de força física contra alguém,
que pode ser o proprietário da área invadida ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para pessoa diversa responsável pelo zelo do local. A
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel violência contra a coisa não caracteriza o delito;
alheia: • Se o crime for praticado com emprego de violência à
pessoa, incide a regra do concursos material
obrigatório – ao agente será imputado o esbulho
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. possessório e o delito produzido pela violência (art.
161, § 2º, CP);
• Grave ameaça: caracteriza a violência moral ou vis
compulsiva. É a intimidação mediante a
§ 1º Na mesma pena incorre quem: demonstração da intenção de causar a alguém um
mal relevante, direta ou indiretamente, no momento
atual ou em futuro próximo. A promessa de
ESBULHO POSSESSÓRIO provocação de grave dano deve ser idônea a incutir
temor na vítima, e possível de realização;
• A ameaça não depende da presença do ameaçado e
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou divide-se em direta ou indireta, verificando-se esta
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou última quando o mal prometido é endereçado a
terceira pessoa, em relação ao qual o coagido
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. encontra-se ligado por laços de parentesco ou
amizade.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
• Concursos de duas ou mais pessoas: a pluralidade de
agentes desempenha o papel de elementar do tipo penal. A
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou multiplicidade de pessoas acarreta invasão forçada do imóvel
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para alheio, mesmo se realizada sem violência ou grave ameaça,
pois torna mais difícil a defesa do terreno ou edifício pelo seu
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel titular. Denota-se, assim, uma presunção de violência.
alheia: • É importante considerar que somente duas pessoas não
são suficientes para a configuração do esbulho
possessório – exigem-se mais de duas pessoas;
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. • Sujeito ativo: qualquer pessoas (crime comum);
• Sujeito passivo: o proprietário ou possuidor legítimo de um
imóvel, bem como qualquer outro indivíduo que seja atacado
§ 1º Na mesma pena incorre quem: pela violência ou grave ameaça;
• Elemento subjetivo: o dolo. Há, no tipo penal, um especial
fim de agir que deve fazer parte da conduta do agente, i.e.,
ESBULHO POSSESSÓRIO “para o fim de esbulho possessório”. A finalidade do agente
deve ser a ocupação total ou parcial do terreno ou edifício
alheio;
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou • Consumação: dá-se com a invasão do terreno ou edifício
alheio, ainda que seu titular não seja privado da posse. O
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
crime é formal, de consumação antecipada ou de
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. resultado cortado;
• Tentativa: é admissível.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Apelação Criminal: 1.0040.17.006688-6/001


qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum
Data de Julgamento: 11/09/2019
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
Data da publicação da súmula: 18/09/2019
alheia:
[...] Em um segundo argumento, pugna a defesa pela
desclassificação da conduta ao tipo penal do artigo 161, inciso II,
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. do Código Penal (crime de esbulho possessório), com a
subsequente extinção da punibilidade pela decadência, nos
termos do § 3º do mesmo dispositivo, o que, agora, vejo com
§ 1º Na mesma pena incorre quem: razão.

Entendo, pelo exame da prova dos autos, que os fatos narrados


ESBULHO POSSESSÓRIO na exordial acusatória e a conduta efetivamente perpetrada pelo
agente se subsumem, com maior precisão, ao crime de esbulho
possessório (artigo 161, inciso II, do Código Penal), mormente
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou diante do princípio da especialidade e do caráter eminentemente
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou subsidiário do crime de violação de domicílio qualificado (artigo
150, §1º, CP), cuja pena é, inclusive, mais grave (detenção, de
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
seis meses a dois anos).
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
ESBULHO POSSESSÓRIO
ART. 161, § 1º, II, CP
ALTERAÇÃO DE LIMITES TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

Apelação Criminal: 1.0040.17.006688-6/001


Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Data de Julgamento: 11/09/2019
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel Data da publicação da súmula: 18/09/2019
alheia: De fato, restou comprovado que Gabriel, agindo em concurso com
seus familiares e aproveitando-se que as vítimas saíram para trabalhar,
invadiu o imóvel com a evidente finalidade de tomá-lo definitivamente
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. para si, com animus de dono, o que caracteriza, in casu, a figura do
esbulho, definida pela doutrina como o ato de "privar alguém de
alguma coisa, indevidamente, valendo-se de fraude ou violência"
§ 1º Na mesma pena incorre quem: (NUCCI, Guilherme de Souza, in Código Penal comentado, 17ª
Edição, Rio de Janeiro, Forense, 2017). Assim, mais do que apenas lá
adentrar e permanecer sem o consentimento dos proprietários,
Gabriel e seus familiares pretendiam efetivamente desapossar as
ESBULHO POSSESSÓRIO vítimas do edifício em questão.

Nesse sentido, o próprio increpado (fls. 93), as vítimas (fls. 04/06 e


II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou 81/83) e os policiais militares (fls. 02/03, 80 e 92) asseveraram que,
após invadir o imóvel, Gabriel e sua família trouxeram pertences
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
pessoais e até mobiliário, inclusive por meio de caminhão de
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. mudança, para lá introduzirem, o que denota sua nítida intenção de
esbulhar o domicílio.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO
Ato contínuo, como bem evidenciou a combativa defesa, há de
se aplicar o disposto no § 3º do artigo 161 do CP e considerar
ALTERAÇÃO DE LIMITES extinta a punibilidade do apelante por este delito. De fato, nos
termos do dispositivo em questão, o crime de esbulho
possessório somente se procederá mediante queixa (ação
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou penal privada) se a propriedade for privada e não houver o
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para emprego de violência, o que ser revelou ser exatamente a
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel situação dos autos. De acordo com as provas colhidas, o
alheia: esbulho ocorreu enquanto os proprietários deixaram o imóvel
para trabalhar, ocasião em que o réu e seus familiares
invadiram o domicílio e lá recambiaram seus pertences
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. clandestinamente, sem confronto ou violência. Diante desse
panorama, há de se observar o disposto no artigo 38 do CPP,
segundo o qual "o ofendido, ou seu representante legal,
§ 1º Na mesma pena incorre quem: decairá no direito de queixa ou de representação, se não o
exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em
que vier a saber quem é o autor do crime". No caso, o fato
ESBULHO POSSESSÓRIO ocorreu em 27 de setembro de 2017 e, no mesmo dia, a vítima
já demonstrou ter conhecimento de que Gabriel, o ora
apelante, era o autor do esbulho. Dessarte, já estando
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou superado, em muito, o prazo decadencial, fulminando o direito
de punir do Estado, impositiva se torna a extinção da
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
punibilidade do recorrente quanto a tal delito, com fulcro no
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
artigo 107, inciso IV, do Código Penal.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Apelação Criminal: 1.0040.17.006688-6/001
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel Data de Julgamento: 11/09/2019
alheia: Data da publicação da súmula: 18/09/2019

Ante tais fundamentos, após desclassificar o crime do


Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
artigo 150, §1º, do CP, anulo parcialmente o processo,
desde o recebimento da denúncia, inclusive, com fulcro
§ 1º Na mesma pena incorre quem: no artigo 564, inciso II, do CPP, por ilegitimidade do
Ministério Público para promover a presente ação penal
no que toca ao crime de esbulho possessório. E, de
ESBULHO POSSESSÓRIO plano, verificado o transcurso do prazo decadencial para
eventual ação privada, declaro extinta a punibilidade do
apelante Gabriel Silva Serafim pelo crime tipificado no
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou artigo 161, § 1º, inciso II, na forma do §3º, do CP, com
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou fincas nos artigos 103 e 107, inciso IV, do CP, e no artigo
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. 61 do CPP.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES

Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou


qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia:
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias;
§ 1º Na mesma pena incorre quem:

§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na ESBULHO POSSESSÓRIO


pena a esta cominada.

II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou


§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
violência, somente se procede mediante queixa. edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
ART. 163
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO

DANO

I - com violência a pessoa ou grave ameaça;


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO QUALIFICADO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
• Crime comum;
• Crime material;
DANO • Crime doloso;
• Sujeito ativo: qualquer pessoa;
• Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa, desde que
proprietário ou possuidor legítimo da coisa;
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa • Crime plurissubsistente;
alheia: • Objeto jurídico: o patrimônio de pessoas físicas ou jurídicas,
incluindo a propriedade e a posse legítima;
• Objeto material: é a coisa alheia, imóvel ou móvel, sobre a qual
incide a conduta criminosa;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. • Não há crime quando o dano recai sobre res nullius (coisa
de ninguém) e res derelicta (coisa abandonada). Entretanto,
caracteriza-se o delito de dano quando se tratar de res
desperdita (coisa perdida), uma vez que ingressa no
conceito de coisa alheia;
• Núcleos do tipo:
o Destruir: eliminar fisicamente a coisa, extinguindo-a;
o Inutilizar: tornar uma coisa imprestável aos fins a
que se destina;
o Deteriorar: estragar ou corromper parcialmente um
bem, diminuindo-lhe a utilidade ou o valor.
• Tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de
conteúdo variado;
• Se o dano constituir-se em meio para a prática de outro crime,
ou então como qualificadora de outro delito, será por este
absorvido.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
• Em se tratando de animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos, há crime específico,
DANO conforme a Lei 9.605/98 – Leis dos Crimes Ambientais.

Lei 9.605/98
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
alheia: mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos,
quando existirem recursos alternativos.

§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena


para as condutas descritas no caput deste artigo
será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
multa e proibição da guarda. (Parágrafo acrescido
pela Lei nº 14.064, de 29/9/2020)

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço,


se ocorre morte do animal.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
• Consumação: ocorre quando o agente
DANO efetivamente destrói, inutiliza ou deteriora a coisa
alheia. O crime é material;
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa • Tentativa: admite-se;
alheia:
• Ação penal: o dano simples é de ação penal
privada, consoante o disposto no art. 167, CP:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
o Art. 167. Nos casos do art. 163, do n. IV
do seu parágrafo e do art. 164, somente
se procede mediante queixa.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
• A questão da pichação:

DANO Lei 9.605/98


Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar
edificação ou monumento urbano:
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
alheia: e multa.

§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. coisa tombada em virtude do seu valor artístico,
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis)
meses a 1 (um) ano de detenção e multa.

§ 2º Não constitui crime a prática de grafite


realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio
público ou privado mediante manifestação
artística, desde que consentida pelo proprietário
e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário
do bem privado e, no caso de bem público, com
a autorização do órgão competente e a
observância das posturas municipais e das
normas editadas pelos órgãos governamentais
responsáveis pela preservação e conservação do
patrimônio histórico e artístico nacional.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO

DANO

I - com violência a pessoa ou grave ameaça;


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO QUALIFICADO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
I - com violência a pessoa ou grave ameaça;
DANO
• Concurso material obrigatório, na hipótese de
violência à pessoa. Assim, o sujeito responde pelo dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa qualificado e pelo crime produto da violência.
alheia:
• A vítima da grave ameaça ou violência pode ser pessoa
diversa da vítima do dano.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
• A grave ameaça ou violência à pessoa deve ser
anterior ou concomitante ao dano (são utilizadas para
assegurar a danificação). Se posterior ao dano, não
DANO QUALIFICADO qualifica o crime, restando configurados dois delitos
autônomos. Exemplo: art. 163, caput, em concurso
material com lesão corporal (art. 129, CP) ou ameaça
Parágrafo único. Se o crime é cometido: (art. 147, CP).

• A violência contra a coisa não qualificada o crime de


Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, dano, pois é inerente ao próprio delito.
além da pena correspondente à violência.
• Ação penal: nessa hipótese, o delito é de ação penal
pública incondicionada (art. 167).
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO

DANO

I - com violência a pessoa ou grave ameaça;


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO QUALIFICADO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
DANO

• Essa qualificadora se justifica em virtude do maior


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
perigo provocado pela conduta criminosa e apresenta
alheia: a nota da subsidiariedade expressa.

• A substância inflamável ou explosiva que qualifica o


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. dano há de ser empregada antes ou durante a
execução do delito.

DANO QUALIFICADO • Ação penal: nessa hipótese, o delito é de ação penal


pública incondicionada (art. 167).

Parágrafo único. Se o crime é cometido:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,


além da pena correspondente à violência.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO

DANO

I - com violência a pessoa ou grave ameaça;


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO QUALIFICADO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa serviços públicos;
alheia:

• A razão da existência desta qualificadora é o elevado


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. interesse coletivo na preservação da coisa pública e
do patrimônio de entidades vinculadas ao Poder
Público.
DANO QUALIFICADO
• A qualificadora é aplicável a todos os bens
integrantes do acervo patrimonial das entidades
Parágrafo único. Se o crime é cometido: mencionadas pelo texto legal.

• Ação penal: nessa hipótese, o delito é de ação penal


Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, pública incondicionada (art. 167).
além da pena correspondente à violência.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO

DANO

I - com violência a pessoa ou grave ameaça;


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO QUALIFICADO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:
DANO
• A qualificadora se fundamenta no excessivo individualismo do
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa agente, que se comporta em sociedade pensando somente
em si próprio, sem qualquer tipo de solidariedade para com o
alheia: próximo, e, para alcançar seu objetivos, ainda que escusos,
não hesita em ofender o patrimônio alheio (motivo egoístico),
bem como no desprezo exagerado aos bens de outras
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. pessoas, causando a elas relevantes contratempos e vultosa
diminuição patrimonial (prejuízo considerável para a vítima);
• Motivo egoístico: é uma especial forma de motivo torpe. O
sujeito danifica o patrimônio alheio unicamente para alcançar
DANO QUALIFICADO uma vantagem pessoal, de natureza patrimonial ou
extrapatrimonial;
• Prejuízo considerável para a vítima: é uma situação que
Parágrafo único. Se o crime é cometido: deve ser analisada no caso concreto, levando-se em conta o
valor do bem danificado e a situação econômico-financeira
da vítima;
• Ação penal: privada, consoante o disposto no art. 167, CP:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
além da pena correspondente à violência. o Art. 167. Nos casos do art. 163, do n. IV do seu
parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO DANO

DANO

I - com violência a pessoa ou grave ameaça;


Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia:
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
DANO QUALIFICADO fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa, além da pena correspondente à violência.
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


ART. 171
CÓDIGO PENAL
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

▪ ESTELIONATO
• Trata-se de um crime marcado pelo emprego de fraude, uma vez que o agente, valendo-se de
uma artimanha, consegue enganar a vítima e convencê-la a entregar-lhe algum bem e, na
sequência, locupleta-se com o objeto.
• Emprega de artifício, ardil ou qualquer outra fraude.
• Pela leitura do tipo, conclui-se que é crime material, que se consuma quando o agente
efetivamente obtém a vantagem ilícita almejada.

➢ Duplo resultado: prejuízo da vítima e a vantagem do agente.


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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

▪ ESTELIONATO
• A tentativa mostra-se possível em várias fases do crime, desde que o agente já tenha dado início à
execução do delito e não tenha conseguido obter a vantagem visada.
• O agente emprega a fraude e não consegue enganar a vítima. Nesse caso, é necessário
que o meio fraudulento não seja totalmente ineficaz, conforme se verá adiante.
• O agente emprega a fraude, engana a vítima, mas ela acaba não entregando os bens ou valores a
ele. EXEMPLO: no momento em que a vítima ludibriada iria efetuar a entrega, outra pessoa
intervém e a alerta sobre o golpe, impedindo que a entrega se concretize.
• O agente emprega a fraude, engana a vítima, ela entrega os valores, mas estes não
chegam a ele, que, portanto, não obtém a vantagem visada. EXEMPLO: a vítima é ludibriada
e remete o bem ao agente, pelo correio ou transportadora, e o bem desaparece no trajeto.
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
ESTELIONATO coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer sobre qualquer dessas circunstâncias;
outro meio fraudulento: Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor deve entregar a alguém;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


• Crime comum;
• Crime doloso;
ESTELIONATO • Elemento subjetivo específico: para si ou para outrem;
• Crime material e de duplo resultado;
• Objeto jurídico: a inviolabilidade do patrimônio;
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem • Objeto material: é a pessoa ludibriada pela fraude, bem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo como a coisa ilicitamente obtida pelo agente;
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer • Núcleo do tipo:
o Obter: equivale a alcançar com lucro indevido
outro meio fraudulento: em decorrência do engano provocado na vítima,
que contribui para a finalidade do criminoso sem
notar que está sendo lesada em seu patrimônio.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. o Trata-se de conduta composta: induzir significa
persuadir, no sentido de criar para a vítima uma
situação falsa; manter é fazer o ofendido
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor permanecer na posição de equívoco em que já
se encontrava.
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
• A obtenção da vantagem ilícita dá-se pelo fato de o sujeito
disposto no art. 155, § 2º. conduzir a vítima ao engano ou então deixa-a no erro em
que sozinha se envolveu;
• Erro: é a falsa percepção da realidade, apta a produzir uma
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: manifestação de vontade viciada. Essa elementar (erro)
deve ser interpretada extensivamente, a fim de englobar
também a ignorância (completo desconhecimento da
realidade).
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


• Artifício: é a fraude material – o agente utiliza algum
instrumento o objeto para enganar a vítima;
ESTELIONATO • Ardil: é a fraude moral, representada pela conversa
enganosa;
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem • Qualquer outro meio fraudulento: a lei se refere a
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo qualquer atitude ou comportamento que provoque ou
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer mantenha alguém em erro, do qual advirão a
vantagem ilícita e o dano patrimonial;
outro meio fraudulento:
• Vantagem ilícita: precisa possuir natureza
econômica, uma vez que o estelionato é crime contra
o patrimônio. É ilícita porque não corresponde a
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
nenhum direito;
• Prejuízo alheio: é o dano patrimonial. Não basta,
portanto, a obtenção de uma vantagem ilícita ao
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
agente – exige-se também o prejuízo do ofendido;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o • Podemos destacar quatro momentos diferentes no
disposto no art. 155, § 2º. estelionato:
1) Emprego de fraude;
2) Situação de erro na qual a vítima é colocada
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: ou mantida;
3) Obtenção de vantagem ilícita;
4) Prejuízo suportado pela vítima.
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


• Consumação: o estelionato é crime de duplo resultado,
dependendo sua consumação da obtenção de vantagem
ESTELIONATO ilícita e do prejuízo alheio. Cuida-se de crime material e
instantâneo. A consumação depende da lesão
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem patrimonial e do prejuízo do ofendido (duplo resultado
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo naturalístico) e ocorre em momento determinado, sem
continuidade no tempo;
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer • Tentativa: é admissível. Três situações podem ser
outro meio fraudulento: destacadas:
a) O sujeito emprega o meio fraudulento, mas não
consegue enganar a vítima. Leva-se em conta o
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. perfil subjetivo do ofendido, e não a figura do
homem médio. Estará caracterizado o conatus
se a fraude era apta a ludibriar o ofendido, pois
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor em caso contrário deverá ser reconhecido o
crime impossível (art. 17, CP), em face da
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
ineficácia absoluta do meio de execução;
disposto no art. 155, § 2º. b) O sujeito utiliza o meio fraudulento, engana a
vítima, mas não consegue obter a vantagem
ilícita por circunstâncias alheais à sua vontade;
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: c) O sujeito utiliza meio fraudulento, engana a
vítima, obtém a vantagem ilícita, mas não causa
prejuízo patrimonial ao ofendido.
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• Ação penal: como regra será pública condicionada à
representação, consoante o disposto no § 5º. Será pública
ESTELIONATO incondicionada se a vítima for:

I - a Administração Pública, direta ou indireta;


Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem II - criança ou adolescente;
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento: • Estelionato e torpeza bilateral: torpeza bilateral ou fraude
bilateral é a situação na qual a pessoa lesada em seu patrimônio
também atua com má-fé, pois igualmente tem a finalidade de
obter para si ou para terceira uma vantagem ilícita, a exemplo
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. daquele que compra uma máquina destina à falsificação de
dinheiro. Assim, a justificativa para a existência do estelionato
se baseia nos seguintes argumentos:
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
a) Não se pode ignorar a má-fé do agente que utilizou
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o a fraude e obteve a vantagem ilícita em prejuízo
disposto no art. 155, § 2º. alheio, nem o fato de a vítima ter sido ludibriada e,
reflexamente, ter suportado prejuízo econômico;
b) A boa-fé da vítima não é elementar do tipo contido
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: no art. 171, caput, do CP;
c) A reparação civil do dano interessa somente à
vítima, enquanto a punição do estelionatário interessa
a toda a coletividade.
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• Estelionato e falsidade documental: quanto ao
sujeito que falsifica um documento (público ou
ESTELIONATO particular) e, posteriormente, dele se vale para
enganar alguém, obtendo vantagem ilícita em prejuízo
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem alheio, majoritariamente se defende que o
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo estelionato absorve a falsidade documental – é a
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer posição adotada pela Súmula 17 do Superior Tribunal
de Justiça:
outro meio fraudulento:
Súmula 17 - STJ
Quando o falso se exaure no estelionato,
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido.
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
• Nesse caso, aplica-se o princípio da consunção: o
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o crime-fim (estelionato) absorve o crime-meio
disposto no art. 155, § 2º. (falsidade documental), desde que este se esgote
naquele, isto é, desde que a fé pública, o patrimônio
ou outro bem jurídico qualquer não possam mais ser
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: atacados pelo documento falsificado e utilizado por
alguém como meio fraudulento para obtenção de
vantagem ilícita em prejuízo alheio.
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CÓDIGO PENAL
ESTELIONATO
Furto
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo móvel:
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é


Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. praticado durante o repouso noturno.

§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno


§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
o disposto no art. 155, § 2º. dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:


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ESTELIONATO

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem


ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.


• Estelionato privilegiado: para que incida o privilégio
o criminoso deve ser primário e o prejuízo de
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor “pequeno valor” (dano igual ou inferior a um salário
mínimo vigente à época do fato).
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. • A aferição do “pequeno valor do prejuízo” a que se
refere o § 1º leva em conta o momento da prática do
crime.
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
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Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
ESTELIONATO coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer sobre qualquer dessas circunstâncias;
outro meio fraudulento: Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor deve entregar a alguém;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
ESTELIONATO coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer sobre qualquer dessas circunstâncias;
outro meio fraudulento: Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor deve entregar a alguém;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
ESTELIONATO própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo • Coisa própria inalienável: aquele que não pode ser
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer vendida em razão de disposição legal ou por
outro meio fraudulento: convenção;
• Coisa própria gravada de ônus: a lei não se limita
aos direitos reais de garantia, alcançando também
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. outros direitos reais, como o usufruto, o uso, a
servidão e a habitação;
• Coisa própria litigiosa: o objeto de controvérsia
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor submetida à apreciação do Poder Judiciário;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o • Imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
disposto no art. 155, § 2º. pagamento em prestações;
• A alienação ou oneração de bens, por si sós, não
constitui crime. O delito consiste em silenciar acerca
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: do ônus ou encargo suportado pela coisa. Este é o
meio fraudulento empregado pelo agente.
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Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
ESTELIONATO coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer sobre qualquer dessas circunstâncias;
outro meio fraudulento: Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor deve entregar a alguém;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
ESTELIONATO por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
objeto empenhado;

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem • Defraudar: lesar, privar ou tomar um bem pertencente a
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo outrem.
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
• O tipo penal deixa claro que a defraudação pode se concretizar
outro meio fraudulento: por alienação do bem ou por qualquer outro modo, desde que
seja idôneo para privar o credor no tocante à sua garantia
pignoratícia (garantia pertinente ao contrato de penhor).
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
• Para o crime em estudo interessa o penhor regulado pelo
parágrafo único do art. 1.431 do Código Civil, como se vê:

§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o efetiva da posse que, em garantia do débito ao
credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou
disposto no art. 155, § 2º. alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de
alienação.

§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: Parágrafo único. No penhor rural, industrial,
mercantil e de veículos, as coisas empenhadas
continuam em poder do devedor, que as deve
guardar e conservar.
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
ESTELIONATO coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer sobre qualquer dessas circunstâncias;
outro meio fraudulento: Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor deve entregar a alguém;
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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CÓDIGO PENAL COMUM
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder
ESTELIONATO do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem • A reparação do dano e a Súmula 554 do STF: a
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo interpretação, em sentido contrário, da Súmula 554
do STF – “O pagamento de cheque emitido sem
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
outro meio fraudulento: não obsta ao prosseguimento da ação penal” –
autoriza a conclusão no sentido de que o pagamento
de cheque sem provisão de fundos, até o
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. recebimento da denúncia, impede o prosseguimento
da ação penal (causa extintiva da punibilidade).
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor • Tem-se ainda o enunciado da Súmula 246 do STF:
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º. SÚMULA 246
Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: sem fundos.
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Fraude eletrônica (Nome jurídico acrescido pela Lei
ESTELIONATO nº 14.155, de 27/5/2021)
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se a fraude é cometida com a
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem utilização de informações fornecidas pela vítima ou
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo por terceiro induzido a erro por meio de redes
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
outro meio fraudulento: eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
14.155, de 27/5/2021)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo,


§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor considerada a relevância do resultado gravoso,
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se
disposto no art. 155, § 2º. o crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021)
.
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§ 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
ESTELIONATO cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento: Estelionato contra idoso ou vulnerável (Nome
jurídico acrescido pela Lei nº 13.228, de 28/12/2015,
e com nova redação dada pela Lei nº 14.155, de
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 27/5/2021)
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro,
se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor considerada a relevância do resultado gravoso.
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.228, de
disposto no art. 155, § 2º. 28/12/2015, e com nova redação dada pela Lei nº
14.155, de 27/5/2021)
.
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§ 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
ESTELIONATO cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. SÚMULA 24 - STJ


Aplica-se ao crime de estelionato, em
que figure como vítima entidade
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor autárquica da previdência social, a
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o qualificadora do § 3º, do art. 171 do
disposto no art. 155, § 2º. Código Penal.
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§ 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
ESTELIONATO cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento: Estelionato contra idoso ou vulnerável (Nome
jurídico acrescido pela Lei nº 13.228, de 28/12/2015,
e com nova redação dada pela Lei nº 14.155, de
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 27/5/2021)
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro,
se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor considerada a relevância do resultado gravoso.
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.228, de
disposto no art. 155, § 2º. 28/12/2015, e com nova redação dada pela Lei nº
14.155, de 27/5/2021)
.
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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

ESTELIONATO

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem


ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.


II - criança ou adolescente;

§ 5º Somente se procede mediante


III - pessoa com deficiência mental; ou
REPRESENTAÇÃO, salvo se a vítima for:

IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.


(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de
24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
.
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
ART. 180
CÓDIGO PENAL
.
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO

▪ RECEPTAÇÃO
• Cleber Masson (2019, p. 874-875) leciona que:

A receptação pode ser dolosa ou culposa. A receptação dolosa divide-se em: (a) simples (própria ou
imprópria), (b) majorada (ou qualificada) pelo exercício de atividade comercial ou industrial (§ 1º),
(c) privilegiada (§ 5º, parte final) e (d) qualificada pela natureza do objeto material (§ 6º). Em relação
à receptação qualificada pelo exercício de atividade comercial ou industrial, o § 2º do art. 180
contempla uma norma penal explicativa ou complementar. A receptação culposa, delineada no art.
180, § 3º, do Código Penal, é compatível com a regra contida no § 5º, 1ª parte, do mesmo dispositivo
legal, inerente ao perdão judicial. O § 4º do art. 180 do Código Penal contém uma norma penal
explicativa ou complementar atinente à autonomia do crime de receptação (dolosa ou culposa).

• Em todas as espécies de receptação é possível caracterizar como pontos comuns a “objetividade


jurídica (o patrimônio) e a ação penal, que sempre será pública incondicionada”.
.
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DA RECEPTAÇÃO RECEPTAÇÃO QUALIFICADA

RECEPTAÇÃO § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir,


ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa exercício de atividade comercial ou industrial,
que sabe ser produto de crime, ou influir para que coisa que deve saber ser produto de crime:
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para
efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência.
.
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DA RECEPTAÇÃO
• O crime de receptação encontra-se no rol dos delitos mais
praticados pela nossa sociedade, variando desde a
RECEPTAÇÃO aquisição de pequenos produtos vendidos por camelôs e
ambulantes até as mais impressionantes, cometidas por
grandes empresas, que adquirem carregamentos inteiros de
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir mercadorias, roubadas, quase sempre, durante o seu
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa transporte rodoviário. (GRECO, 2021, p. 948)
que sabe ser produto de crime, ou influir para que • Existe, atualmente, 3 modalidades de receptação:
✓ Receptação simples;
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: ✓ Receptação qualificada; e
✓ Receptação culposa.
• No caput do art. 180 temos 2 espécies de receptação:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ✓ Receptação própria: quando a conduta
do agente se amolda a um dos
comportamentos previstos na primeira
parte do caput do art. 180, isto é, quando o
agente adquire, recebe, transporta, conduz
ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
coisa que sabe ser produto de crime;
✓ Receptação imprópria: quando o agente
leva a efeito o comportamento previsto na
segunda parte do caput do art. 180, ou
seja, quando influi para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO
• A receptação dolosa possui as seguintes
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir figuras:
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que o Simples, que pode ser própria
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (caput, 1ª parte) ou imprópria
(caput, 2ª parte);
o Qualificada (§ 1º);
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
o Agravada (§ 6º);
o Privilegiada (§ 5º, 2ª parte).
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO
• Crime comum (caput).
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir
• Crime doloso, em regra, mas admite a
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que modalidade culposa (§ 3º).
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
• Segundo Greco (2021, p. 958), tem se
“entendido, de forma esmagadoramente
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. majoritária, que a expressão sabe ser
produto de crime é indicativa de dolo
direto, não se admitindo, aqui, o raciocínio
correspondente ao dolo eventual”.

• Crime material (receptação própria) e


formal (receptação imprópria).
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO RECEPTAÇÃO DOLOSA

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir • Receptação PRÓPRIA


ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que ➢ O crime possui cinco núcleos
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: separados pela conjugação
alternativa “ou”. Assim, a
realização de uma só conduta já
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. é suficiente pra configurar o
crime, mas a prática de mais de
uma delas em relação ao mesmo
material constitui crime único.

➢ Enquadra-se, portanto, no conceito


de crime de ação múltipla ou
como tipo misto alternativo.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
• Tanto na receptação própria quanto na imprópria o autor
deve saber que a coisa é produto de crime.
RECEPTAÇÃO • Produto de crime: tem sentido amplo, abrangendo tudo
aquilo que for originário economicamente do delito levado
a efeito anteriormente. Não inclui coisa produto de
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir contravenção penal.
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa • Verbos núcleos do tipo na receptação própria:
que sabe ser produto de crime, ou influir para que ✓ Adquirir: tem o significado de obter a propriedade da
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: coisa, de forma onerosa, como na compra, ou
gratuita, na hipótese de doação.
✓ Receber: tem o sentido de ter o agente a posse ou a
detenção da coisa, para fim de utilizá-la em seu
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. proveito próprio ou alheio. O agente, aqui, deve
procurar algum benefício mediante o recebimento da
coisa que lhe foi entregue.
✓ Transportar: carregar de um lugar a outro. Exemplo:
roubo de cargas (alimentos, eletrodomésticos,
cigarros etc.) transportadas em caminhões.
✓ Conduzir: guiar, dirigir.
✓ Ocultar: esconder a coisa. Exprime também a ação
de subtraí-la das vistas de outrem; colocá-la em lugar
onde não possa ser encontrada; ou apresentá-la por
forma que a torne irreconhecível, tudo fazendo difícil
ou impossível a recuperação.
.
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DA RECEPTAÇÃO
• Consumação:
RECEPTAÇÃO
➢ Receptação própria: quando o agente,
efetivamente, pratica qualquer um dos
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir comportamentos previstos na primeira
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa parte do art. 180, ou seja, quando
que sabe ser produto de crime, ou influir para que adquire, recebe, transporta, conduz ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: oculta, em proveito próprio ou alheio,
coisa que sabe ser produto de crime.
Nas últimas três figuras (transporta,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. conduz ou oculta), a receptação é
considerada crime permanente.
➢ Nas modalidades “adquirir” e “receber”,
a receptação é crime instantâneo, de
modo que a prisão em flagrante só é
possível quando o agente está
comprando ou recebendo o bem.
➢ A receptação própria é crime material e,
portanto, compatível com a figura da
tentativa.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA

RECEPTAÇÃO • Receptação IMPRÓPRIA

➢ Na receptação imprópria o agente influi


Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou (convence, estimula, induz alguém) para que
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe terceiro, de boa- fé, adquira, receba ou oculte
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, a coisa. A conduta típica de “influir” significa
entrar em contato com alguém e oferecer o bem.
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Influir tem, portanto, o sentido de influenciar para
que terceiro, de boa-fé, adquira, receba ou oculte a
coisa. Por fim, é persuadir, induzir, aconselhar.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ➢ O agente que influencia terceira pessoa à prática
de qualquer um desses comportamentos, deve
saber que a coisa oferecida é produto de crime.
➢ Aquele que é influenciado a praticar qualquer dos
comportamentos previstos no tipo – adquirir,
receber ou ocultar – deve agir de boa-fé,
desconhecendo a origem criminosa da coisa,
sendo, portanto, atípica a sua conduta. Ao
contrário, se o terceiro, que fora influenciado pelo
agente, tiver conhecimento da origem criminosa da
coisa, afastada a boa-fé, também será considerado
receptador.
.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO
• Receptação IMPRÓPRIA
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
➢ Consumação: a maioria dos doutrinadores
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
reconhece sua consumação tão somente
ser produto de crime, ou influir para que terceiro,
quando o agente pratica o comportamento
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
de influir para que terceiro, de boa-fé,
adquira, receba o oculte a coisa,
apontando, pois, a sua natureza formal. O
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Código Penal não exige que o terceiro de
boa-fé acabe praticando a conduta a que o
autor pretendeu induzi-lo. Assim,
consuma-se a receptação imprópria com a
simples influência por aquele, conforme
leciona Bitencourt.
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DA RECEPTAÇÃO RECEPTAÇÃO QUALIFICADA

RECEPTAÇÃO § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir,


ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa exercício de atividade comercial ou industrial,
que sabe ser produto de crime, ou influir para que coisa que deve saber ser produto de crime:
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para
efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
• Alguns doutrinadores criticam esse § 1º
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA defendendo a ideia de que seria um crime
autônomo.

§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, • Nucci, por sua vez, assegura que na essência, a
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, figura do § 1º é, sem dúvida, uma receptação –
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, dar abrigo a produto de crime -, embora com
em proveito próprio ou alheio, no exercício de algumas modificações estruturais. Portanto, a
atividade comercial ou industrial, coisa que deve simples introdução de condutas novas, aliás
saber ser produto de crime: típicas do comércio clandestino de automóveis,
não tem o condão de romper o objetivo do
legislador de qualificar a receptação.
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
• Para muitos doutrinadores, a pena mais grave
aplicada ao art. 180, § 1°, foi escolha do próprio
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito legislador, por reclamação da sociedade em
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio punir mais severamente a conduta realizada
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em no exercício da atividade comercial ou industrial,
residência. por ser mais lesiva de forma ampla.
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DA RECEPTAÇÃO RECEPTAÇÃO DOLOSA

RECEPTAÇÃO QUALIFICADA • Receptação qualificada

✓ Crime próprio: somente pode ser levado a


§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, efeito por quem gozar do status de
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, comerciante ou industrial, pois as ações
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, referidas no tipo penal qualificado devem ser
em proveito próprio ou alheio, no exercício de praticadas no exercício de atividade
atividade comercial ou industrial, coisa que deve comercial ou industrial, mesmo que tal
saber ser produto de crime: comércio seja irregular ou clandestino,
inclusive o exercido em residência.
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. ✓ O legislador objetivou alcançar com essa
forma qualificada basicamente as hipóteses
de “desmanches de carros”, tão comuns
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito nos dias de hoje, em oficinas clandestinas
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio que mantêm, em virtude de suas atividades,
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em um intenso comércio com carros roubados e
residência. furtados, merecendo, assim, maior juízo de
reprovação.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
• Receptação qualificada

§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, • Verbos núcleos do tipo:


ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, ✓ Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar
em proveito próprio ou alheio, no exercício de (já estudados anteriormente).
atividade comercial ou industrial, coisa que deve ✓ Ter em depósito: armazenar, guardar, manter,
conservar a coisa recebida em proveito próprio ou
saber ser produto de crime: de terceiro. Trata-se, nesse caso, de infração
penal de natureza permanente.
✓ Desmontar: separar as peças existentes,
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
desencaixar, a exemplo do que acontece com
aquele que é contratado para, tão somente,
separar as peças constantes de um automóvel
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito que havia sido objeto de subtração, ou mesmo
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio aquelas que fazem parte de um microcomputador
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em que também foi produto de crime.
residência. ✓ Montar: juntar as peças que se encontravam
separadas do todo, encaixando-as de modo que
permitam o funcionamento da coisa.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO DOLOSA
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA • Receptação qualificada

§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, • Verbos núcleos do tipo:


ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, ✓ Remontar: montar novamente, ou seja, o objeto
em proveito próprio ou alheio, no exercício de já tinha sido montado uma primeira vez,
estando pronto para uso, quando foi
atividade comercial ou industrial, coisa que deve
desmontado. Agora, o agente o remonta,
saber ser produto de crime: permitindo o uso para o qual fora destinado,
consertando-o, reparando-o.
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. ✓ Vender: expressa a conduta do comerciante ou
industrial de transferir a outrem, mediante
pagamento, a posse da coisa obtida com o
crime antecedente.
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito
✓ Expor à venda: traduz tão somente no fato de
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio exibir, mostrar a coisa de origem criminosa com
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em a finalidade de transferi-la a terceiro, mediante
residência. determinado pagamento.
✓ Utilizar: fazer uso, usar, valer-se, empregar com
utilidade, aproveitar, ganhar, lucrar.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO QUALIFICADA

§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,


RECEPTAÇÃO DOLOSA
ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, • Receptação qualificada
em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, coisa que deve MODALIDADE EQUIPARADA
saber ser produto de crime:
• A origem dessa inserção deveu-se, basicamente, às
hipóteses de desmanches clandestinos de veículos,
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. tão comuns nos dias de hoje. Sua finalidade foi
ampliar o conceito de atividade comercial ou
industrial, abrangendo qualquer forma de comércio,
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito mesmo os irregulares ou clandestinos, ainda que
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio praticados em residência.
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em • Alcança-se, assim, as chamadas “oficinas de
residência. fundo de quintal”.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO QUALIFICADA

§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,


ter em depósito, desmontar, montar, remontar, • O § 1º caracteriza crime próprio com relação ao
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, sujeito ativo, uma vez que o tipo penal exige a
em proveito próprio ou alheio, no exercício de qualidade de comerciante ou industrial.
atividade comercial ou industrial, coisa que deve
• Crime comum em relação ao sujeito passivo.
saber ser produto de crime:
• Crime doloso. Tem-se entendido que a expressão
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. coisa que deve saber ser produto de crime é
indicativo de dolo eventual. Greco, por sua vez,
considera que essa expressão não elimina a
possibilidade de se reconhecer também o dolo
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito
direto.
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em • Crime material.
residência.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no
§ 2º do art. 155.

§ 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado,


do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO CULPOSA
RECEPTAÇÃO
✓ A incriminação da figura culposa da receptação
justifica-se diante da premente necessidade,
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir por parte daquele que adquire ou recebe
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa algo de outrem, de sempre certificar-se
quanto à origem lícita da coisa.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
✓ Nessa modalidade, estão descritas apenas as
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: condutas “adquirir” e “receber”. Os
doutrinadores costumam dizer que não
abrange o verbo “ocultar”, pois quem o faz sabe
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. da origem ilícita do bem.
✓ Na receptação culposa, ao contrário do que se
passa com os delitos culposos em geral, o tipo
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela penal não é aberto porque o legislador descreve
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de os parâmetros que indicam a existência do crime
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio culposo:
criminoso:
a) A natureza do objeto;
b) Desproporção entre o valor de mercado e o
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas preço;
as penas. c) Condição do ofertante.
.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO CULPOSA
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir
✓ A expressão deve presumir-se denota
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
conduta culposa, já que o agente deixa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
de presumir o que é presumível, não se
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: utilizando da diligência devida para antever
que a coisa por ela obtida é de origem
criminosa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
✓ Como a culpa se caracteriza por um
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela dever de cuidado objetivo e subjetivo, na
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de receptação culposa o adquirente
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio descumpre tal dever, negligenciando, isto
criminoso: é, nas circunstâncias omite-se das
cautelas devidas na verificação da origem
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas da coisa que adquire ou recebe.
as penas.
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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO CULPOSA

RECEPTAÇÃO • Coisa que, por sua natureza, deve presumir-se obtida por
criminoso. Exemplo: peças isoladas ou acessórios de
veículos automotores oferecidos, nas ruas ou de porta em
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir porta, por não comerciante ou desconhecido, são coisas que,
por sua natureza, devem ser presumidas obtidas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa criminosamente.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que • Coisa que, pela desproporção entre valor e o preço, deve
presumir-se obtida por criminoso: nesse caso, a
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: comparação entre o objeto novo e usado é um bom
parâmetro. Ademais, deve-se observar seu estado de
conservação, o tempo de uso da coisa, enfim, tudo aquilo que
deva ser compreendido para apurar o real preço do mercado.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Diante da aberração que reside na desproporção entre o valor
e o preço, o sujeito deveria ter desconfiado daquilo que lhe
estava sendo oferecido.
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela • Coisa que, pela condição de quem a oferece, deve
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de presumir-se obtida por criminoso. Exemplo: uma pessoa
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio estranha, não comerciante, que venha a oferecer ao sujeito
criminoso: um colar de brilhantes, mesmo que pelo preço justo, praticado
pelo mercado, sem a apresentação da nota fiscal, atua de
forma suspeita. A condição de quem oferece pode estar
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas ligada, por exemplo, à aparência (ex.: sujeito mal vestido,
as penas. oferecendo um aparelho de som); idade (pessoa muito jovem
vendendo joias); conduta social etc.
.
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DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir


ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: RECEPTAÇÃO CULPOSA

✓ Consumação: se dá nos mesmos


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. termos da receptação dolosa própria
(art. 180, caput, 1ª parte), trata-se de
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela delito material, sendo alcançado o
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de momento consumativo com a efetiva
quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio aquisição ou recebimento da coisa.
criminoso:
✓ Enfim, o crime se consuma com a
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas tradição do bem, sendo inadmissível a
as penas. tentativa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no
§ 2º do art. 155.

§ 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado,


do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
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DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no
§ 2º do art. 155.

PERDÃO JUDICIAL

• Cuida-se o § 5º, primeira parte, portanto, de perdão


judicial, dirigido especificamente à receptação
culposa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
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DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto
no § 2º do art. 155.

NA RECEPTAÇÃO DOLOSA

• A segunda parte do § 5º se refere à receptação dolosa.


• Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DA RECEPTAÇÃO
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de
RECEPTAÇÃO quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso:

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa as penas.
que sabe ser produto de crime, ou influir para que
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no
§ 2º do art. 155.

§ 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado,


do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Conforme a matéria, marque V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) Supressão é o afastamento do marco divisório do local correto de modo a aumentar a área do


agente e deslocamento é a retirada de marco divisório.
( ) No esbulho possessório o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive o dono.
( ) No crime de furto, quando o agente deseja furtar objetos do interior de uma residência, o mero
ato de ingressar na área da casa ainda não constitui ato executório.
( ) O latrocínio é um crime contra o patrimônio, não contra a vida, apesar da possibilidade do
resultado morte, previsto no inciso II do § 3º do art. 157 do CP.
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Conforme a matéria, marque V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) Na receptação simples o elemento subjetivo exigido é o dolo direto, não se admitindo o dolo
eventual.
( ) Na receptação imprópria o agente influi para que terceiro, de boa fé, adquira, receba ou oculte
a coisa.
( ) No estelionato, a tentativa mostra-se possível em várias fases do crime, desde que o agente já
tenha dado início à execução do delito e não tenha conseguido obter a vantagem visada.
( ) O crime de extorsão mediante sequestro é considerado hediondo.
( ) No roubo, a pena é aplicada em dobro se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
( ) No furto simples, para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima
esteja olhando para o agente, basta que não tenha autorizado a deixar o local na posse.
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UNIDADE II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

GABARITO
F – F – V–V–V–V–V–V–V–V
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
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1ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO 2022) – Analise as assertivas abaixo com relação ao Decreto-Lei nº 2.848,
de 1940 (Código Penal):

I. O crime de estelionato, sendo a vítima maior de 70 anos, se procede mediante representação.


II. Configura-se crime de perseguição tipificado no Código Penal a conduta de perseguir alguém,
reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a
capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade.
III. Dentre outros conceitos, a expressão “casa” também compreende o compartimento não aberto ao público,
onde alguém exerce profissão ou atividade.
IV. O crime de feminicídio tem a pena aumentada de um terço até metade quando cometido nos 6 meses
posteriores ao parto.

Com relação às assertivas, marque a alternativa CORRETA:

A) Somente uma assertiva está correta.


B) Somente duas assertivas estão corretas.
C) Somente três assertivas estão corretas.
D) Todas as assertivas estão corretas.
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2ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO 2013) – Uma empregada doméstica, percebendo que os proprietários
encontravam-se na cama, sorrateiramente, tranca a porta do quarto com chave pelo lado de fora, impedindo-
os de acessar outros cômodos da residência. Imediatamente, permite a entrada de dois comparsas que,
durante 10 (dez) minutos, passam a recolher todos os objetos de valor que conseguem transportar em duas
mochilas grandes de costa. Os proprietários levantam com o barulho e ao tentarem sair do quarto percebem
estar trancados naquele ambiente, quando passam a chamar pela empregada que, todavia, ignora
deliberadamente o chamado, abandona o emprego com os demais membros do grupo, após a empreitada
criminosa. Pela janela da casa, conseguem chamar um vizinho que, adentra ao imóvel e destranca a porta do
cômodo. Após saírem do quarto, os proprietários percebem o desaparecimento de vários objetos de valor,
bem como a ausência da empregada. A polícia foi acionada, sendo registrada ocorrência com codificação
principal de:

A) Roubo.
B) Furto.
C) Cárcere privado.
D) Apropriação indébita.
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3ª QUESTÃO (CAP CARDOSO – 2023 - ADAPTADA) – No que diz respeito aos crimes
contra o patrimônio, é correto afirmar:

A) Comete o crime de esbulho possessório aquele que invade mediante concurso de mais
de duas pessoas, ainda que sem violência ou grave ameaça, terreno ou edifício alheio,
para o fim de esbulho possessório.
B) Quando o crime de esbulho possessório é praticado com violência, aplica-se somente a
pena do esbulho, pois esse tipo penal absorve outros delitos que venham a ser praticados
para que ele ocorra.
C) todas as hipóteses de furto são de ação penal pública, em nenhuma delas procedendo-
se mediante representação.
D) tratando-se de esbulho possessório, se a propriedade for particular, havendo ou não
emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
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4ª QUESTÃO (CAP CARDOSO – 2023 - ADAPTADA) – Assinale a afirmação CORRETA


quanto ao que estabelece o Código Penal:

A) Comete o crime de esbulho possessório aquele que invade mediante concurso de mais
de uma pessoa, ainda que sem violência ou grave ameaça, terreno ou edifício alheio, para
o fim de esbulho possessório.
B) Constitui crime de esbulho possessório o ingresso clandestino de duas pessoas em
edifício alheio, com a finalidade de usurpá-lo.
C) Trata-se do tipo de esbulho possessório: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
coisa imóvel alheia.
D) Será típica a conduta de três agentes que invadam terreno particular no intuito de
praticar esbulho possessório, ainda que eles não empreguem violência física. Nesse caso,
a ação penal será privada.
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5ª QUESTÃO (FAURGS - 2012 - TJ-RS - CONCILIADOR CRIMINAL) – José Paulo,


imprudente na condução de veículo automotor, colidiu com viatura da polícia militar do
Estado do Piauí, destruindo-a parcialmente. Por sorte, a viatura encontrava-se parada e
desocupada no momento do acidente. Nesse caso, é CORRETO afirmar que José Paulo

A) responderá pelo delito de dano culposo.


B) responderá pelo delito de dano qualificado, por ter destruído patrimônio pertencente ao
Estado do Piauí.
C) responderá pelo delito de dano simples, nos termos do caput do artigo 163 do Código
Penal.
D) responderá pelo delito de dano qualificado e deverá reparar integralmente o dano
causado ao patrimônio público.
E) não praticou delito de dano.
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6ª QUESTÃO (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - INVESTIGADOR) – Considerando o


que dispõe o Código Penal, o crime de dano é qualificado se cometido

A) durante o repouso noturno.


B) mediante concurso de duas ou mais pessoas.
C) com destreza.
D) com escalada.
E) por motivo egoístico.
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7ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO 2022) – De acordo com o Decreto-Lei n. 2.848, de 1940


(Código Penal), marque a alternativa CORRETA:

A) Com relação ao crime de “registro não autorizado da intimidade sexual”, previsto no art. 216-B
do Código Penal, a pena é aumentada em até um sexto nos casos de montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual
libidinoso de caráter íntimo.
B) O crime de “furto de coisa comum”, previsto no art. 156 do Código Penal, é de Ação Pública
Incondicionada.
C) Comete o crime de “extorsão indireta”, previsto no art. 160 do Código Penal, quem exige ou
recebe, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa
a procedimento criminal contra vítima ou contra terceiro.
D) O crime de “satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente” consiste em
praticar, na presença de alguém menor de 18 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou a de outrem.
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8ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO 2022 – RECURSO INDEFERIDO) – Um indivíduo foi preso em


flagrante delito pela Polícia Militar furtando, com uso de uma chave falsa, peças de um veículo que se
encontrava estacionado em via pública. No ato da prisão, o autor informou que há muito furtava peças de
carros mediante encomenda. Tais encomendas eram realizadas via telefone, diretamente ao autor, por
outro indivíduo de nome desconhecido, proprietário de uma loja de peças automotivas. Diante das
informações repassadas pelo autor do furto, a Polícia Militar dirigiu-se até a citada loja e encontrou
expostas nas prateleiras e vitrines do estabelecimento diversas peças sem comprovação de origem. O
proprietário da loja confirmou a versão do autor do furto e assumiu que grande parte das peças expostas
são provenientes de furto ou de contrabando e descaminho. Diante dos fatos apresentados e de acordo
com o previsto no Decreto-Lei n. 2.848, de 1940 (Código Penal), o autor do furto e o proprietário da
loja de peças responderão pelos seguintes crimes, respectivamente:

A) Furto qualificado / Receptação qualificada.


B) Furto qualificado / Receptação simples.
C) Furto simples / Receptação qualificada.
D) Furto simples / Receptação simples.
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9ª QUESTÃO (FCC - 2002 - MPE-PE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) – João comprou, por R$ 20,00,
uma corrente de ouro, avaliada em R$ 2.000,00, de um menino de 14 anos de idade, corrente esta
que havia sido subtraída, por pessoa ignorada, de seu primo e companheiro de quarto Joaquim.
Este não havia dado por falta da joia, motivo porque sequer havia feito a comunicação da
ocorrência à polícia. Nesse caso, João

A) responderá por crime de receptação culposa.


B) não responderá por crime de receptação, por ser desconhecido o autor do crime de que proveio
a coisa.
C) é isento de pena, por ter sido o crime de que proveio a coisa cometido em prejuízo de seu
primo, com o qual coabita.
D) é isento de pena, por ter adquirido a joia de pessoa inimputável.
E) é isento de pena, porque o proprietário da joia não havia providenciado a lavratura de boletim de
ocorrência a respeito do furto de que fora vítima.
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

GABARITO
QUESTÃO RESPOSTA
1 B
2 A
3 A
4 D
5 E
6 E
7 C
8 A
9 A
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REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – v. 1: parte geral (art. 1º a 120). 27.
ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2021.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – v. 3: parte especial. 12. ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte especial. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2021.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v. 2. 18. ed. rev. e atual. Niterói: Impetus,
2021.
MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Método, 2019.
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE
SARGENTOS - EFAS

ATÉ A PRÓXIMA!

NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSA HONRA.

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