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PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I - DO FURTO
Conduta
• A conduta é apoderar-se o agente, subtrair para si ou para
outrem coisa alheia móvel.
• A coisa alheia móvel deve ser economicamente apreciável, de
modo que o ser humano não poderá ser objeto do crime de furto.
• O cadáver, via de regra, também não poderá ser objeto material de
furto, salvo se este cadáver pertencer a alguém.
• No caso de uma pessoa ser dopada e ter removido os seus órgãos,
tecidos e partes do corpo, ou mesmo partes do cadáver, não haverá
crime de furto do rim, por exemplo, e sim um crime do art. 14 da
Lei de Transplantes de Órgãos (Lei 9.434/97).
TÍTULO II- DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I- DO FURTO-ARTIGO-155
Consumação e tentativa
• Quanto ao momento consumativo do crime de furto tem-se
quatro teorias:
• 1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo
simples contato entre o agente e a coisa alheia. Se tocou, já
consumou.
• 2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento
em que a coisa subtraída passa para o poder do agente,
ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito
seja logo perseguido pela polícia ou pela vítima. Quando se
diz que a coisa passou para o poder do agente, isso significa que
houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida
como teoria da inversão da posse. Vale ressaltar que, para
esta corrente, o. furto se consuma mesmo que o agente não
fique com a posse mansa e pacífica.
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CAPÍTULO I- DO FURTO-ARTIGO-155
Consumação e tentativa
• 3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de
apreendida, é transportada de um lugar para outro.
• 4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao
local desejado pelo ladrão para tê-la a salvo.
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CAPÍTULO I- DO FURTO-ARTIGO-155
Qual a teoria adotada pelos tribunais superiores (STF e STJ) ?
A teoria da APPREHENSIO (AMOTIO), segundo a qual
se considera consumado o delito de furto quando, cessada a
clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o
bem, ainda que seja possível à vítima retomá-lo, por ato seu
ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata.
Consuma-se o crime de FURTO com a posse de fato da
res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e
seguida de perseguição do agente, sendo prescindível a
posse mansa e pacífica ou desvigiada.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.524.450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572)
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CAPÍTULO I- DO FURTO-ARTIGO-155
• Tentativa:
• O furto, como crime material, admite com segurança a figura
tentada. Sempre que a atividade executória seja interrompida por
causas estranhas a vontade do agente, configura-se a tentativa.
• Ocorre a tentativa, por exemplo, na situação em que a vítima
percebe que está sendo furtada pelo “batedor de carteira” e o
prende, antes que o mesmo consiga retirar o objeto da esfera de
vigilância do proprietário.
• Em alguns casos é preciso ter muita atenção, pois, poderá ser
hipótese de crime impossível (art. 17 do CP) e não de tentativa.
• Suponha que um indivíduo coloque a mão no bolso de outrem,
visando subtrair-lhe a carteira, mas, a suposta vítima, naquele dia, não
estava portando o referido objeto. Nesse caso não haverá tentativa,
mas, crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. Porém,
se a vítima havia colocado a carteira em outro bolso, haverá tentativa,
pois, na verdade, o bem jurídico correu risco.
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• Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.
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Furto de uso
• Furto de uso é a subtração de coisa infungível para fim
de uso momentâneo e pronta restituição.
• O agente tem a intenção somente de usar o bem.
• Não constitui crime em face do Código Penal vigente.
Isso decorre da exigência típica de o fato ser praticado
pelo sujeito “para si ou para outrem”, o que
demonstra a necessidade de que a conduta tenha a
finalidade de assenhoramento definitivo.
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• É preciso observar, no entanto, que a coisa deve ser restituída
integralmente, isto é, intacta em si mesma e em seus acessórios,
no próprio local em que fora subtraída.
• Assim, o abandono da coisa é ato possessório incompatível com
a ação de quem pretendia apenas usar.
• Além disso, se o autor do furto de uso for apanhado antes de
devolver a coisa ao proprietário, haverá de provar sua intenção
de, apenas, usar a res.
• Obs.: a subtração de veículo com intenção de utilizá-lo em fuga
por bandidos não configura furto de uso, pois, é certo que não
há, nesse caso, intenção de devolver o objeto ao proprietário.
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Furto famélico ou necessitado
• Furto famélico é aquele praticado com a intenção de saciar a fome
do agente.
• Rogério Greco entende que, em caso de furto famélico (ou
necessitado), configura-se o estado de necessidade (art. 24 do CP),
causa legal de exclusão da ilicitude.
• Para o renomado mestre, pode acontecer que, em virtude de sérias
dificuldades econômicas pelas quais passa o agente, a sua situação
seja tão insuportável a ponto de praticar uma infração penal para
que possa sobreviver.
• No estado de necessidade existem dois bens jurídicos em
confronto que estão, da mesma forma protegidos pelo
ordenamento jurídico.
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• No caso concreto deve haver uma ponderação desses bens para,
através do princípio da razoabilidade, manter um deles em
prejuízo do outro.
• No furto famélico há dois bens em confronto: de um lado, a
sobrevivência (vida) do agente e de outro, o patrimônio do
sujeito passivo, ambos protegidos pelo ordenamento jurídico.
• Nesse confronto, é razoável que a vida prevaleça sobre o
patrimônio, podendo o agente, nesse caso, erigir a mencionada
causa de justificação.
• Porém, é preciso uma análise bastante minuciosa para, em cada
caso concreto, aferir o verdadeiro grau de miserabilidade do
agente, bem como a impossibilidade de que viesse a conseguir o
alimento para saciar sua fome através de outros meios.
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• Para estar presente o furto famélico, é necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos:
• fato praticado para matar a fome
• fato seja o único e derradeiro recurso do agente
• a coisa subtraída seja capaz de, diretamente, contornar a
situação emergencial
• insuficiência de recursos adquiridos pelo agente com o
trabalho, ou ainda a impossibilidade de trabalhar
• Não se poderá furtar alguma coisa para vender e comprar algo
para comer.
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CAPÍTULO I- DO FURTO-ARTIGO-155
Furto noturno
• O § 1º, do art. 155 do CP determina o aumento da pena “se o crime é
praticado durante o repouso noturno”.
• Repouso noturno é o período da noite em que as pessoas se recolhem
para descansar. Não há critério fixo para conceituação dessa majorante.
Depende do caso concreto, a ser decidido pelo juiz.
• Assim, pode variar no tempo e no espaço. Ex.: em grandes centros
urbanos, o repouso noturno, certamente começa mais tarde do que na
zona rural; em ocasiões festivas, como carnaval, o repouso noturno
também sofrerá variação.
• O STJ entende que é possível a incidência da majorante do repouso
noturno, ainda que o furto seja qualificado.
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CAPÍTULO I- DO FURTO-ARTIGO-155
Furto x Roubo
• A diferenciação entre furto e roubo reside, unicamente, na presença da violência
(própria ou imprópria) ou grave ameaça neste último.
• Os demais elementos serão idênticos nos dois delitos, ou seja, o agente, tanto no
furto quanto no roubo, subtrai coisa alheia móvel, para si ou para outrem, porém,
no roubo, a subtração ocorre mediante violência ou grave ameaça.
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CAPÍTULO I- DO FURTO DE COISA COMUM-ARTIGO-156
Furto de coisa comum
• Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para
outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
• Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
• § 1º - Somente se procede mediante representação.
• § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor
não excede a quota a que tem direito o agente
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CAPÍTULO I- DO FURTO DE COISA COMUM-ARTIGO-156
Furto de coisa comum
• Nos termos do art. 156 do CP, constitui furto de coisa comum o fato de
“subtrair o condômino, o co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum”.