I – Posse e detenção A detenção se diferencia da posse por ser uma posse subordinada a algo ou alguém. Visualmente, não há distinção clara entre uma e outra. O Código Civil estabelece três situações em que se verifica a mera detenção: Ordem de outrem em manter uma posse, mas sem ânimo de mantê-la (art. 1.198 do Código Civil) Atos de mera tolerância do proprietário (primeira parte do art.1.208 do Código Civil) Situação de posse violenta ou clandestina (segunda parte do art. 1.208 do Código Civil) I – Posse e detenção ■ Quando a detenção se origina do uso por parte de um funcionário de uma sociedade empresarial. ■ Quando é tolerado o uso do bem por um amigo, sem emprestar. ■ Quando ocorre o furto do bem. I – Posse e detenção ■ Saindo um pouco da caixinha.. ■ Por exemplo, considerando um carro, uma pessoa dentro dele pode aparentar não apenas ser a possuidora, mas também a proprietária. Como discernir se ela é apenas detentora?
■ A resposta depende do contexto: se soubermos que
ela furtou o carro, é mera detentora; se for um funcionário utilizando o veículo da empresa, é detentora; se for um amigo a quem toleramos o uso sem emprestar, também é detentora. I – Posse e detenção
Art. 1.198. Considera-se
■ E quanto ao tempo em que alguém é detentor aquele que, considerado detentor? achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse ■ O artigo 1.198, parágrafo único, do Código em nome deste e em Civil, estabelece que aquele que passa a se cumprimento de ordens ou instruções suas. comportar como detentor em relação a um (Código civil) bem e a outra pessoa é presumido detentor até prova em contrário. II –Composse ■ Em regra, o objeto da posse tem de ser exclusivo, pela própria natureza da posse. Porém, nada impede que a apreensão de uma coisa seja comum a mais de uma pessoa. ■ A composse exige que todos possam utilizar a coisa diretamente, sem excluir os demais, segundo o disposto no art. 1.199 do Código Civil, pelo que diversos possuidores podem exercer a posse simultaneamente. Ou seja, ela é semelhante ao condomínio, onde todos são proprietários de uma cota abstrata da coisa, de modo indivisível. II –Composse ■ Extinta a relação jurídica originária ou o estado de indivisão da coisa, cessa a composse, como ocorre, por exemplo, na partilha dos bens dos herdeiros e na dissolução da sociedade matrimonial. De acordo com o art. 1.199 do Código Civil , "se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores". III – Espécies de posse ■ Mostro a você, agora, cada uma das espécies Quanto ao vício objetivo ■ Classificação adotada pelo art. 1.200 do Código Civil, que considera a aquisição da posse de modo lícito ou ilícito: Posse justa ■ Se for adquirida por meios legalmente admitidos, a posse é justa, ou seja, posse conforme o Direito. ■ Ela é justa quando não maculada pela violência, clandestinidade ou precariedade. ■ Tem de ser pública (para que o interessado em sua extinção tome as medidas possessórias) e ■ contínua (exercício de modo manso e pacífico). III – Espécies de posse ■ Posse injusta ■ Ao contrário, aquela adquirida de modo violento, clandestino ou precário. ■ Posse violenta é aquela adquirida por força, mediante a prática de atos irresistíveis. ■ Posse clandestina é aquela obtida às ■ escondidas, usando de artifícios para enganar o possuidor. ■ Posse precária, por sua vez, se obtém por abuso de confiança, sem que fosse restituída a coisa devida. III – Espécies de posse
■ A análise da (in)justiça da posse é objetiva. Não
se questiona a vontade do possuidor, basta analisar se houve violência, clandestinidade ou precariedade. E ponto. Sim ou com certeza?! ■ Veja-se, porém, que a posse em si não é (in)justa; o vício trata da vítima do ato, pelo que somente ela pode arguir a injustiça, jamais terceiro. III – Espécies de posse ■ Por isso, o próprio possuidor injusto pode defender a posse contra terceiros, inclusive se valendo dos interditos; ■ estará ele desamparado apenas em face da vítima. ■ Ademais, atente para não confundir a posse precária com a detenção (ato de tolerância). Na posse precária, o possuidor tivera outorgada a posse, mas passou a abusar dela. ■ Por exemplo, emprestei, via comodato, meu imóvel, com prazo; chegado o prazo, o comodatário não devolve, configurando-se a posse precária. IV-Vício subjetivo A posse depende de avaliação do estado anímico do possuidor. Em regra, entende-se manter a posse e o mesmo caráter com que foi adquirida, segundo estabelece o art. 1.203 do Código Civil: Posse de boa-fé O possuidor ignora o obstáculo que impede a aquisição da coisa,Nos termos do art 1.201 do Código Civil. Ou seja, a boa-fé é negativa, ignorância, não positiva, convicção. Pode ser: Real Apoiada em elementos evidentes que não deixam dúvidas; Presumida Quando possui justo título (art. 1.201, parágrafo único) IV-Vício subjetivo ■ Posse de má-fé ■ Mesmo Conhecendo o vício, possui. O estado de dúvida não induz, necessariamente, a má-fé; deve haver culpa grave para caracterizá-la(erro inescusável) ■ Segundo Pontes de Miranda, há má-fé quando o possuidor está convencido de que sua posse não goza de legitimidade jurídica, mas, ainda assim, mantém-se na posse da coisa.