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Crimes contra o patrimônio

Prof. Adalberto José Queiroz Telles de Camargo Aranha Filho


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Os crimes contra o patrimônio dizem respeito ao patrimônio material, que é o complexo
de bens ou interesses que exprimam valor econômico, sendo o objeto material do crime a parcela
do patrimônio sobre a qual recai a conduta do agente (bem ou interesse visado)
Bens não protegidos pelo direito:

• Res nullius - coisa de ninguém, que não tem dono;


• Res derelicta - coisa abandonada pelo proprietário ou possuidor.

Bens excepcionalmente protegidos pelo direito

• Res desperdita – coisa perdida, que circunstancialmente não está na esfera de proteção do
proprietário ou possuidor.
• Res commune omnium – coisas de uso geral ou de todos, como a água do mar e dos rios.
Embora não possam ser ocupadas na totalidade, podem ser parcialmente captadas e
aproveitadas exclusivamente por alguém.

Em resumo:

Os Crimes Contra o Patrimônio, previstos no Título II, da Parte Especial do Código Penal, tutelam
a propriedade material e a posse legítima de:
• Bens móveis, incluindo nessa classificação, para fins penais os semoventes;
• Bens imóveis;
• Bens por equiparação legal – ex.: energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico (CP, art. 155, §3º).

Os bens móveis para fins penais, são os semoventes, em especial os domesticáveis de produção,
objetos materiais do §6º, do artigo 155, e do artigo 180-A, ambos do CP e minerais do solo,
porque passíveis de deslocamento espacial.

São ainda bens móveis para o direito penal, independente de classificação dada por legislador civil:
apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inalienabilidade (CC, art. 80); materiais
provisoriamente separados de um prédio, para nele mesmo se reempregarem (CC, art. 81, II);
navios (CC, art. 1.473, inc. VI); aeronaves (CC, art. 1.473, inc. VII).

DISPOSIÇÕES GERAIS – Imunidade Penal

ART. 181: IMUNIDADE PENAL ABSOLUTA (OU ESCUSA ABSOLUTÓRIA DE


PENA):
• Regula situações em que o autor do fato típico, antijurídico e culpável é isento de pena.
• Trata-se de princípio de política criminal que visa a manutenção da unidade familiar,
conforme previsão do art. 226, da CF.
• Há renúncia ao jus puniendi do Estado (direito de punir). Nessas situações não se instaura
inquérito policial ou se ajuíza ação penal, uma vez que eventual pena não poderá ser
executada pelo Estado.
• Liminar de Habeas Corpus pode trancar o inquérito policial ou a ação penal, se instaurado
ou recebida.

IMUNIDADE PENAL ABSOLUTA


Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:
I - Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; *
II - De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural. **

I) Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;


Período compreendido entre a celebração do casamento e a homologação judicial da separação.
Separação de fato: NÃO cessa a imunidade. (separação sem recorrer aos meios legais
Tempo do crime - Teoria da Atividade adotada no art. 4º, do CP:
Art. 4° -Tempo do crime é o da ação ou omissão, mesmo que outro seja o tempo do resultado.
União estável: a imunidade pode ser aplicada por analogia?
Sim porque a imunidade visa proteger a família também constituída pela união estável, conforme
o art. 226, da CF.

II) De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil


ou natural.
A parte final, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural não foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988, que equiparou todo forma de parentesco.
• Exclui-se, apenas e por enquanto, o parentesco por afinidade ou afetividade.

IMUNIDADE PENAL RELATIVA


Para o aparelhamento da ação penal é necessário que a vítima ou seu representante legal
represente contra o autor do fato.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é
cometido em prejuízo:
I - Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; *
II - De irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
PRAZO DECADENCIAL: Seis meses contados
• Da data do fato ou;
• Da data do conhecimento da autoria do fato pela vítima ou;
• Se o representante legal da vítima oferecer representação.
Não oferecida a representação no semestre legal, ocorrerá a extinção da punibilidade pela
decadência

I) Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;


O termo desquitado não subsistiu à emenda constitucional do divórcio.
A separação judicial extingue a sociedade conjugal preservando o vínculo matrimonial.
DELIMITAÇÃO:
Do trânsito em julgado da sentença que decretou a separação judicial até o trânsito em julgado da
que decretou o divórcio.
Não basta a separação de fato OU medida cautelar de separação de corpos.
OBS: Enquanto o desquite mantinha o vínculo matrimonial, a separação encerrava a sociedade
conjugal, mas permitia a constituição de uma união estável. Por outro lado, o divórcio extingue
completamente o casamento e a sociedade conjugal, permitindo que as partes se casem novamente
ou estabeleçam uma união estável.

II) De irmão, legítimo ou ilegítimo;


Todos os irmãos (parentesco em linha reta) foram constitucionalmente equiparados, sejam:
• Biológicos ou adotivos;
• Havidos dentro ou fora do casamento.
Não se fala mais em legítimo ou ilegítimo.

III) De tio ou sobrinho com quem o agente coabita:


Dois requisitos cumulativos:
Tio e sobrinho;
• Indispensável que haja relação de sangue.
Coabitação;
• Imprescindível haver uma situação de estabilidade, precisam morar juntos, coabitar.
• Se o sobrinho for “passar férias” na casa do tio, a imunidade não incidirá.

EXCEÇÕES ÀS IMUNIDADES ABSOLUTAS E RELATIVAS:


Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa;
II - Ao estranho que participa do crime.
III - Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

I) Crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa:


A violência pode ser própria (física ou real) ou imprópria (que reduz a capacidade de resistência
da vítima, como usar de boa noite cinderela).
Grave ameaça é a moral.
Não se aplicam os artigos 181 e 182, do Código Penal, aos artigos:
• 157 – Roubo;
• 158 – Extorsão;
• 159 – Extorsão Mediante Sequestro.

II) Crime praticado pelo estranho:


Estranho é o terceiro, coautor ou participe, que não faz parte da relação familiar.
As imunidades não o alcançam, embora alcance o familiar.
Mesmo que o crime não tenha sido praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, as
imunidades não se aplicam ao estranho.

III) Crime praticado contra idoso:


Idoso é a pessoa com 60 anos ou mais, nos termos do artigo 1º, da Lei 10.741/2003 (Estatuto do
Idoso).
FURTO (Art. 155 do CP)

Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Visa a proteção do PATRIMÔNIO MATERIAL, que é passível de apreensão, algo que se pode
ver, que ocupa lugar no espaço.
Exemplos: dinheiro, joia, computador, carro.

O PATRIMÔNIO IMATERIAL está protegido nos artigos 184 e seguintes do Código Penal,
bem como em legislação especial. O patrimônio imaterial, aquele que não é passível de
apreensão, que se materialize.
Exemplos: Direitos autorais, obra literária (a titularidade do autor, não a obra física, o volume do
livro), marcas, patentes, privilégios de invenção etc.
ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO
A coisa ALHEIA E MÓVEL.
• Ausente esse elementar, o fato será atípico podendo ainda constituir crime de exercício
arbitrário das próprias razões (CP, art. 346).
• A res, para ser objeto material do furto, precisa ser alheia, pertencer a outra pessoa, integrar
o patrimônio de outrem.
• Se o agente subtrair o seu livro que está na mochila de um colega, a conduta será atípica.
• Se o agente não soubesse que o livro lhe pertencia, incorrerá em erro de tipo (CP, art. 20),
que afasta o dolo.

Dar um bem em garantia e depois subtraí-lo do credor, não constitui furto, mas exercício arbitrário
das próprias razões (CP, art. 346)

SUJEITO ATIVO:
Qualquer pessoa.
• Crime comum, unissubjetivo, de concurso eventual de pessoas (e não necessário);
• Qualquer pessoa salvo o proprietário ou possuidor, porque não há furto de coisa própria;
• Admite-se a co-execução e a participação.

SUJEITO PASSIVO:
O proprietário ou o legítimo possuidor.
• Pode ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

CASUÍSTICA:
1) O ladrão que furta ladrão pratica o furto, mas contra o proprietário ou legítimo possuidor,
porque o ladrão anterior não tinha a posse lícita da coisa.
O sujeito passivo do segundo fato não é o primeiro ladrão, mas o proprietário ou o legítimo
possuidor da coisa.
2) Se o sujeito ativo já estava na posse lícita ou detenção da coisa, não a subtraiu, portanto o
crime será de apropriação indébita (CP, art. 168).

TIPO OBJETIVO
• O verbo núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, apossar-se, assenhorar-se,
tomar para si ou para outrem.
• É apreender a coisa, com ânimo definitivo.
• No furto o agente se vale da CLANDETISNIDADE. A posse é ilícita.
• NÃO há, como meio de execução, emprego de violência, própria ou imprópria, grave
ameaça ou fraude.

O APOSSAMENTO pode ser:


DIRETO:
Quando o agente pessoalmente subtrai o objeto material.
INDIRETO:
Quando o agente se vale para a subtração de inimputáveis (autoria mediata), animais adestrados
etc. (usar o cachorro para furtar alguém)
Obs.: como o patrimônio é formado por bens jurídicos disponíveis, havendo consentimento do
proprietário ou legítimo possuidor, ainda que implícito ou tácito, não haverá furto.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
INSTANTÂNEO: o crime se consuma e acaba no mesmo momento.
Em regra, o momento da consumação se destaca da linha do tempo, porque o agente pratica o
ato de execução não tendo mais domínio sob o tempo, apenas aguarda a consumação.
Excepcionalmente é permanente: §3º - furto de energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
COMISSIVO:
Em regra, praticado por ação, conduta positiva, um fazer.
Excepcionalmente, a forma comissiva por omissão, quando há o dever legal de agir (CP, art.
13, §2º, a, b, c), quando a omissão é voltada para a produção do resultado.
CRIME DE DANO:
Há um efetivo ataque ao objeto material.
PLURISSUBSISTENTE:
A fase executiva demanda mais de um ato.
MATERIAL:
O resultado é naturalístico. O tipo descreve a conduta e exige a produção do resultado que é
exteriorizado, perceptível aos sentidos.
FORMA LIVRE:
Qualquer conduta ao menos relativamente idônea à subtração, a produção do resultado, é furto.
O DOLO DIRETO.
• Exige-se o elemento subjetivo do tipo dolo específico, consistente na vontade livre e
consciente de subtrair coisa móvel, para si ou para outrem, exigindo o propósito de
assenhoramento definitivo.
• É necessário que a vontade abranja o elemento normativo coisa alheia.

TIPO SUBJETIVO
Desconhecendo que se trata de coisa alheia, supondo-a própria, haverá erro de tipo (CP, art. 20),
que exclui o dolo.
• Para a ocorrência do furto não basta que o agente pretenda usar e gozar da coisa por pouco
tempo, momentaneamente.
• Indispensável o fim de assenhoramento, de integrar a coisa ao seu patrimônio ou ao de
terceiro, com animus definitivo.
• Indispensável o animus rem sibi habendi ou animus furandi, a intenção de
apossamento definitivo da res, para si ou para outrem.
Elemento subjetivo do crime não se confunde com motivação do crime.
• O primeiro é a intenção de ter a coisa para si ou para outrem, enquanto o segundo é o fim
posterior do furtador, como, lucro, vingança, capricho, inveja.
• O motivo do agente para a prática do furto é irrelevante para a tipificação da conduta,
podendo ter reflexos na fixação da pena, em especial nas circunstâncias judiciais do art. 59,
do CP.

ATIPICIDADE DO FURTO DE USO


Trata-se de construção doutrinária e jurisprudencial, onde não há o ânimo definitivo.
O fato é atípico.
• É a subtração de coisa móvel infungível sem o intuito de apossamento definitivo,
para si ou para outrem, o animus rem sibi habendi.
Configuração do furto de uso, segundo parâmetros doutrinários e jurisprudenciais:
• Desfrute momentâneo do objeto material, coisa infungível;
• A pronta restituição, nas mesmas condições em que se encontrava;
• Imprescindível que não gere, para o proprietário ou legítimo possuidor, decréscimo
patrimonial.
Em tese, a ausência do animus rem sibi habendi é suficiente para caracterizar o chamado furto de
uso.
Entretanto, na prática, porque demanda prova inequívoca, a ausência do elemento subjetivo, por
si só, dificilmente será capaz de ensejar o furto de uso.
Dessa forma, a alegação que “ia devolver” (fato futuro e incerto) configura, em regra, o crime de
furto.

ATIPICIDADE DO FURTO FAMÉLICO


Qualificadora conhecida por FAMULATO
É mais uma construção doutrinária e jurisprudencial, onde o agente subtrai coisa alheia móvel,
indispensável à sua imediata sobrevivência ou a de terceiro.
Trata-se, a rigor, de excludente de ilicitude do estado de necessidade, próprio ou de terceiros
(CP, art. 24).
O fato é típico e lícito e o conceito de sobrevivência não se restringe a alimentos. Inclui
medicamentos etc.

REGRA GERAL DA PROVA (CPP, art. 156, caput):


• Quem elege uma excludente de tipicidade, ilicitude ou culpabilidade, tem o ônus da prova
que, portanto, é invertido.
• Compete à acusação a prova do fato constitutivo do seu direito e, em consequência, à
defesa do fato extintivo, modificativo, ou impeditivo desse direito.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONSUMAÇÃO:
Consuma-se com a mera inversão da posse, quando a vítima não pode mais exercer as faculdades
inerentes à posse ou à propriedade, quando não tem mais disponibilidade sobre a coisa.
Jurisprudência:
É firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de que, para a consumação do crime de furto,
basta a verificação de que, cessada a clandestinidade, o agente tenha tido a posse do objeto do delito, ainda
que retomado, em seguida, pela perseguição imediata.” - STF - HC: 92922 RS, Relator: Min. MARCO
AURÉLIO.

PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE O MOMENTO CONSUMATIVO:


TEORIA AMOTIO OU APREHENSIO - basta a mera inversão da posse, quando a vítima já
não mais dispõe do objeto material.
Consolidada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e objeto da súmula 582, do
Superior Tribunal de Justiça.
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
TEORIA ABLATIO - exige a inversão da posse cumulada com o desfrute da coisa, mansa e
pacificamente, sem a oposição do proprietário ou do legítimo possuidor.
EM SUMA:
O momento consumativo para a Teoria Amotio ou Aprehensio coincide com o da tentativa da
Teoria Ablatio.
Exige a Teoria Ablatio, a inversão da posse + o desfrute da coisa mansa e pacificamente, sem
oposição, enquanto a Teoria Amotio Aprehensio se contenta com a simples inversão da posse,
com a indisponibilidade do bem pela vítima.
TENTATIVA:
• Admite-se a tentativa por se tratar de crime material e plurissubisistente.
• Ocorre quando o sujeito ativo não consegue, por circunstâncias alheias á sua vontade,
retirar o objeto material da esfera de proteção e vigilância da vitima, submetendo-
a á sua própria disponibilidade.
Quando não consegue, portanto, inverter a posse

CASUÍSTICA

TENTATIVA E CRIME IMPOSSÍVEL - DIFERENÇAS.


1º CASO:
O agente enfia a mão no bolso direito da calça da vítima para subtrair-lhe a carteira. No entanto
ela esqueceu a carteira em casa. Não dispõe de bens.
• Haverá crime impossível, por absoluta impropriedade do objeto material (CP, art. 17).
O agente enfia a mão no bolso direito da calça da vítima, constatando-se que a carteira estava no
bolso esquerdo. Circunstancialmente o objeto material, que existe, não estava no local do ataque.
• Haverá tentativa (CP, art. 14, II).
2º CASO:
Fiscalização e câmera de monitoramento de supermercado.
• Em regra, haverá tentativa, porque o meio de execução é relativamente idôneo.
SÚMULA 567, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furto.
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Repouso Noturno (CP, Art. 155, §1°)


Art. 155- Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena: reclusão de 1 a 4 anos e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

NATUREZA JURÍDICA:
Causa de aumento de pena.
Incide na 3ª fase da dosimetria, ex-vi do artigo 68, do Código Penal.

FUNDAMENTOS:
• Reside no fato do crime ser cometido durante a noite, horário em que a vigilância é
menos eficiente e o patrimônio fica mais vulnerável.
• Essa vulnerabilidade integra o dolo do agente como elemento facilitador do resultado. Daí
a maior censurabilidade.
• Violar o sossego noturno de alguém é uma conduta reprovável socialmente. Como a pena
é a medida da culpabilidade, justifica-se a incidência da majorante. Há maior desvalor da
conduta.
ANALOGIA: PERÍODO DO REPOUSO NOTURNO.
• Não é possível fixar um período exato do repouso noturno. Entende-se que é o período
compreendido entre o pôr e o nascer do sol (crepúsculo à alvorada).
• A nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869, de 05/9/2019, republicada em
18/9/2019, em vigor desde 18 de janeiro de 2019, no artigo 22, §1º, inciso III,
expressamente fixou o período noturno (e não o “repouso noturno”) como o
compreendido entre 21 e 5 horas.
Possível aplicar o argumento analógico para fixar esse horário, como do repouso noturno?

CASUÍSTICA:
1. E se a casa estiver vazia?
2. E se for um estabelecimento comercial fechado?
3. E se os moradores não estiverem “repousando”, leia-se, “dormindo”?

JURISPRUDÊNCIA:
Recursos Especiais nºs 1979989/RS e 1979998/RS, processos-paradigmas do Tema n. 1144 –
FURTO - REPOUSO - NOTURNO – CONFIGURAÇÃO.
A Terceira Seção, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial e delimitou as teses jurídicas
para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: 1. Nos termos do § 1º do art. 155 do Código
Penal, se o crime de furto é praticado durante o repouso noturno, a pena será aumentada de um terço. 2.
O repouso noturno compreende o período em que a população se recolhe para descansar, devendo o
julgador atentar-se às características do caso concreto. 3. A situação de repouso está configurada quando
presente a condição de sossego/tranquilidade do período da noite, caso em que, em razão da diminuição
ou precariedade de vigilância dos bens, ou, ainda, da menor capacidade de resistência da vítima, facilita-se
a concretização do crime. 4. São irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento
do crime, ou o local de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou
em veículos, bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso.

FURTO PRIVILEGIADO (CP, ART. 155, §2°)


§2º: Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
FUNDAMENTO:
O legislador empresta menor gravidade à conduta do réu primário, quando a res é de pequeno
valor.

DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO DO RÉU:


Reconhecida a forma privilegiada, embora o Código Penal diga pode, o juiz deve, é obrigado a
aplicá-lo.
CONSEQUÊNCIAS:
-Aplica-se somente a pena de multa;
-Diminui-se a pena de um à dois terços;
-Substitui-se a pena de reclusão pela de detenção.
O PRIVILÉGIO pode incidir sobre:
-Furto simples (caput), consumado ou tentado;
-Furto qualificado (§4º), consumado ou tentado, desde que a qualificadora seja de ordem objetiva.
SÚMULA 511, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de furto
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.

REQUISITOS CUMULATIVOS: PRIMARIEDADE E PEQUENO VALOR.

1) PRIMARIEDADE:

O conceito de primário é tirado do inverso de reincidente, previsto no artigo 63, do CP.

Reincidente é quem comete um novo crime depois de ter contra si uma sentença penal
condenatória transitada em julgado.
NÃO GERAM REINCIDÊNCIA:

CP, art. 64, I: os crimes políticos e os crimes militares próprios, aqueles que não têm simetria
entre o Código Penal Comum (Lei 7.209/1984) e o Código Penal Militar (DL 1001/1969);

CP, art. 64, II: os efeitos da reincidência não são perpétuos. Decorridos 5 anos da extinção
da pena por qualquer motivo; cumprimento integral, cumprimento do período de provas dos sursis
ou do livramento condicional sem revogação, concessão de indulto etc., são depurados.

SÚMULA 444, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

Inquéritos ou processo em andamento, mesmo com condenação, mas sem trânsito em julgado,
não gera mau antecedente ou reincidência.

O réu nessa situação, pela doutrina é denominado tecnicamente primário, que para todos os fins
e efeitos é considerado primário.

2) PEQUENO VALOR:
Segundo a doutrina e a jurisprudência, o valor da coisa precisa ser inferior ao do salário mínimo
vigente na data do fato.
Pequeno valor e pequeno prejuízo não se confundem.
• Pequeno valor do objeto material é objetivamente considerado, é quanto vale a coisa.
• Pequeno prejuízo é o desfalque causado ao patrimônio da vítima.

CASUÍSTICA:
APLICA-SE O PRIVILÉGIO?
CASO 1. Furto de 5 objetos que juntos ultrapassavam o valor do salário-mínimo e que
individualmente considerados, são inferiores a esse valor.
CASO 2. Mesma situação, havendo, no entanto, a recuperação de um dos bens, diminuindo-se,
assim, o valor da res subtraída, alcançando o do salário-mínimo.
CASUÍSTICA:
Não se aplica o privilégio em nenhuma das duas situações.
CASO 1. Considera-se o valor dos bens englobadamente.
Não há privilégio porque a somatória dos bens excede o valor do salário-mínimo vigente à época
dos fatos.
CASO 2. Não há privilégio porque a recuperação, a ausência de prejuízo é irrelevante uma vez
que o valor do salário-mínimo, do pequeno valor, é o apurado na data do fato.

Valor insignificante e pequeno valor não se confundem.


• No valor insignificante a conduta não expôs, nem casou dano ao bem juridicamente
tutelado, constituindo uma excludente supralegal de tipicidade material, pela aplicação
do princípio da Insignificância.
• Não havendo lesão ao bem jurídico tutelado, é desnecessário a aplicação do Direito Penal,
que é fragmentário e subsidiário, portanto, última ratio. (HC 96823/RS 2º T. Rel. Min.
Celso de Mello).
• No pequeno valor há crime porque o objeto material foi ao menos exposto a perigo de
dano.

FURTO INSIGNIFICANTE
Argumento analógico para aferição do valor insignificante:
• Na aferição do valor insignificante para enfrentamento da tipicidade material do furto,
devem ser adotados critérios objetivos que conferem segurança jurídica às partes.
• Na interpretação do pequeno valor, para fins de reconhecimento do furto privilegiado,
consolidou-se o parâmetro do salário-mínimo.
• Na composição do valor insignificante, válido o critério da legislação Penal Militar
que, no caso do furto (art. 240, §1º do CPM), fixa o montante de 1/10 do salário-mínimo
para o campo de exclusão do caráter ilícito.

CÓDIGO PENAL MILITAR (DL 1001/1969)


FURTO ATENUADO:
Art. 240, §1º - Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como
disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais
alto salário-mínimo do país.

FURTO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO

APLICAÇÃO DO FURTO PRIVILEGIADO À FORMA QUALIFICADA DO §4º:


POSSIBILIDADE.
EMENTA - Recurso Especial representativo de controvérsia. penal e processo penal. Divergência
jurisprudencial. Dissídio notório. Incidência do privilégio no furto qualificado. Possibilidade.
Circunstâncias de natureza objetiva. Acórdão estadual em desconformidade com a jurisprudência da
Terceira Seção. Confirmação do entendimento preconizado no REsp 842.425/RS. recurso especial
provido.
Consoante entendimento pacificado pelo julgamento do EREsp. 842.425/RS, de que relator o eminente
Ministro Og Fernandes, afigura-se absolutamente "possível o reconhecimento do privilégio previsto no §
2º do art. 155 do Código Penal nos casos de furto qualificado (CP, art. 155, § 4º)", máxime se presente
qualificadora de ordem objetiva, a primariedade do réu e, também, o pequeno valor da res furtiva. 2. Na
hipótese, estando reconhecido pela instância ordinária que os bens eram de pequeno valor e que o réu não
era reincidente, cabível a aplicação da posição firmada pela Terceira Seção. 3. Recurso especial provido.
Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. REsp. 193.194/MG. Rel.
Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

FURTO POR EQUIPARAÇÃO LEGAL CP, ART. 155, §3°


§3º: Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
• Toda energia que tenha valor econômico, utilizável e suscetível de incidir no poder de
disposição material e exclusiva de uma pessoa, deve ser equiparada ao objeto material coisa
móvel.
Ex.: Subtrair energia elétrica do medidor do vizinho ou diretamente do poste da fornecedora
(popularmente chamado de gato).
O termo “ou outra qualquer”, em interpretação analógica, dá margem para outros tipos de
equiparação legal, como a radioatividade, a energia genética dos reprodutores etc.

CASUÍSTICA:
E se o agente adulterar o marcador de consumo de energia para pagar menos?
• Se a energia for desviada ANTES de passar pelo marcador, será FURTO.
• Se desviada DEPOIS, responderá por ESTELIONATO.

Captação clandestinidade de energia da TV a cabo:


Dois posicionamentos:
1. NÃO CONFIGURA:
JURISPRUDÊNCIA: a captação clandestina de sinal de TV a cabo não configura crime,
porquanto não é energia e, portanto, não pode ser objeto material do delito de furto, sob pena de
analogia in malam partem, vedada em nosso sistema penal. Ademais, trata-se de forma de energia
não contemplada pelo item 56 da Exposição de Motivos do Código Penal. (STF: HC n.
97.261/RS, Rel. Ministro Joaquim Barbosa, 2ª Turma, DJe 2/5/2011; STJ: AgRg no Resp
1185.601/RS, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j. 5/9/2013).
DOUTRINA: Cezar Bitencourt, Tratado de Direito Penal, V. 2
CONFIGURA:
JURISPRUDÊNCIA: o sinal de televisão propaga-se através de ondas, o que na definição técnica se enquadra
como energia radiante, que é uma forma de energia associada à radiação eletromagnética. (STJ: REsp n.
1.123.747/RS, rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, DJe 1º/2/2011), além de: REsp n. 1076.287/RN,
rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, DJe 29/6/2009).
DOUTRINA: Guilherme de Souza Nucci, Código Penal Comentado.

FURTO QUALIFICADO

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:


I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§4°-A: Se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum
(essa qualificadora passou a ser crime hediondo) Ex: explodir caixa eletrônico pra pegar
dinheiro.

§4°-B: Se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou


informático, conectado a rede de computadores, com ou sem a violação do mecanismo de
segurança ou a utilização de programa malicioso. Para adquirir bem corpóreo Ex: abrir
um cofre, desativar alarme, interromper câmera de monitoramento.
§4°-C: se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável

§5°: se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior. Concurso de pessoas: quem concorre para o transporte, coautor
ou participe, responderá pela qualificadora.

I – DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA:


• Dá-se a qualificadora quando a violência é empregada para destruir ou romper o objeto
pré-disposto à proteção da coisa a ser subtraída.
• Se a violência é empregada contra a coisa a ser subtraída, não se aplica a qualificadora.
Destruir é eliminar, fazer desaparecer a coisa
Ex: quebrar vidraça para ganhar o interior da casa.
Romper é danificar, estragar a coisa
Ex: estourar o cadeado para entrar na garagem.
EXEMPLOS:
•Quebrar portão para subtrair o carro (furto qualificado);
•Quebrar o vidro do carro e subtrair o Notebook (furto qualificado);
•Quebrar o vidro do carro para subtrair o carro (furto simples);
•Quebrar vidro do carro e romper o alarme para subtrair o carro (furto qualificado porque o alarme
é sistema pré-disposto à proteção da coisa).

• A incidência dessa qualificadora exige laudo de exame de corpo de delito (CPP, art. 158),
ante a necessidade de se provar que houve rompimento ou destruição à coisa, salvo se não
deixar vestígios, quando pode ser suprido por outras provas.
O emprego da violência é anterior ou concomitante à subtração. Se ocorrer
posteriormente, não incidirá a qualificadora (entendimento amplamente majoritário).
Exemplo: Se após subtrair um celular, o agente rompe a porta para evadir-se do local, não
incidirá a qualificadora.
O obstáculo pode existir naturalmente ou ser predisposto pelo homem com a finalidade especifica
de evitar o furto.

Não o qualifica a violência empregada contra obstáculo que existe para o uso normal da coisa, ou
quando é um acessório necessário para uso do objeto material.
Exemplo: subtração de arame farpado de uma cerca, mediante desprendimento dos pregos;
subtração da câmera de segurança.

§4°, INC. II - ABUSO DE CONFIANÇA:


• A qualificadora pressupõe um vínculo pré-existente de confiança entre as partes, de
sorte que a vítima esmorece na vigilância de seus bens na companhia do agente.
• A confiança não se presume, se prova.
• É preciso que a relação de confiança tenha sido a causa necessária da prática delituosa.
• A confiança integra o dolo do agente, como elemento facilitador do resultado (da
subtração), devendo ser objeto de prova.

Trata-se de circunstância subjetiva do tipo.


• Assim, para que incida é necessário que o sujeito tenha consciência de que está praticando
o fato com abuso de confiança.
• Imprescindível que a coisa esteja na esfera de disponibilidade do sujeito ativo em face
dessa confiança.
• Antes da subtração, o furtador não tem a posse do objeto material, que continua na
esfera de proteção, vigilância e posse de seu proprietário.

CASUÍSTICA:
O empregado doméstico que subtrai objetos materiais do local de trabalho comete furto
qualificado pelo abuso de confiança?
No ofício de empregada doméstica, não há presunção de confiança pela só relação de trabalho.
• Dependerá da análise do caso concreto porque a qualificadora exige especial vínculo
de lealdade ou de fidelidade entre o empregado e o empregador, sendo irrelevante,
por si só́, a relação empregatícia.
• Não comprovada a relação de confiança, a empregada doméstica responderá, em regra,
por furto simples com a circunstância agravante genérica das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade (CP, art. 61, II, f, 2ª fig.).

§4°, INC. II – FURTO MEDIANTE FRAUDE:


A qualificadora trata de um meio enganoso capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir
maior facilidade na subtração do objeto material.
• A fraude visa induzir ou manter alguém em erro.
• Erro, por sua vez, é a falsa percepção da realidade.
• Em situação de erro a pessoa para a se comportar de acordo com sua equivocada
percepção, divorciada do mundo real.
No furto, a fraude ilude a vigilância do ofendido.

Ele não tem conhecimento que o objeto material está saindo de sua esfera de proteção, de seu
patrimônio e ingressando na de disponibilidade do sujeito ativo.

Exemplo: Previamente ajustados, os cooperados ingressam numa loja. Enquanto um distrai a


vendedora, mostrando interesse em algumas peças, o outro subtrai bens.

• Dá-se a qualificadora da escalada quando um obstáculo é transposto com certo esforço


físico.
• Tecnicamente, escalada é o acesso a determinado lugar por meio anormal.
Exemplos: Subir ou saltar um muro, caminhar por ele para ingressar na residência pela janela do
pavimento superior; ingressar pelo telhado; pular um fosso; aproveitar um túnel subterrâneo para
ter acesso ao imóvel.

ATENÇÃO:

❖ Não há um parâmetro em relação à medida do obstáculo, que pode ser para baixo
(subterrâneo) ou para cima.
❖ Desnecessário, em regra, o laudo de exame de corpo de delito porque a escalada não deixa
vestígios.
❖ Quem cava o túnel, não responde pela qualificadora. Apenas quem encontra o
túnel e se serve dele, responderá.

§4°, INC. II. - DESTREZA:


• A qualificadora consiste na habilidade especial do agente, que, por sua vez, consegue a
subtração sem ser percebido pela vítima.
• O objeto material precisa estar junto ao corpo da vítima. Do contrário não incidirá essa
qualificadora.
• Destreza não se confunde com o arrebatamento inopino (ataque surpresa).
• Imprescindível que a vítima esteja em seu estado normal, isto é, não pode estar sob
acentuado efeito de álcool, drogas, sedativos, soníferos etc.
• Se o agente houver empregado esses meios, haverá roubo com emprego de violência
imprópria.
• Se terceiro, sem interferência do agente ministrar essas drogas, afasta-se a qualificadora.
EXEMPLOS:
O agente ao tentar subtrair a carteira da vítima é pilhado por ela.
Furto simples tentado. Não incide a qualificadora porque não houve destreza.
O agente ao tentar subtrair a carteira da vítima, é pilhado por terceiro.
Furto qualificado tentado. Incide a qualificadora porque houve destreza em relação à
vítima.

§4°, INC. III - EMPREGO DE CHAVE FALSA:


• Considera-se chave falsa qualquer instrumento que tenha ou não aparência de chave,
destinada a destravar um mecanismo de fechadura.
• Indispensável a perícia do instrumento apreendido (CPP, art. 158).
Exemplos: mixa, grampo, gazua, cartões magnéticos etc.
Em situações em que a chave verdadeira é utilizada para subtrair a coisa, há dois entendimentos:
• A chave verdadeira (furtada ou perdida) equipara-se a chave falsa porque adquirida
ilicitamente - furto qualificado;
• Independente do modo como foi adquirida, a chave continua sendo verdadeira - furto
simples.
• Se o agente consegue ardilosamente apanhar a chave verdadeira, incidirá na
qualificadora da destreza, apenas.
• O uso da chave encontrada na fechadura, portanto verdadeira, não qualifica o furto.
Remanesce o simples.

§4°, INC. IV - CONCURSO DE PESSOAS:


Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
• No concurso de pessoas o Código Penal adotou a teoria Monista ou Unitária, conforme o
artigo 29, caput.
• Por essa teoria, há unicidade de crime e pluralidade de agentes, sejam coexecutores ou
partícipes.
• Concurso de pessoas não se confunde com concurso de criminosos, de sorte que
integra o concurso, qualquer pessoa, independentemente da idade, imputabilidade ou
identificação.
• Basta a certeza, a prova, por qualquer meio, confissão, declaração da vítima,
testemunhas etc, da existência de mais de uma pessoa.

APLICA-SE A QUALIFICADORA TANTO AOS EXECUTORES QUANTO AOS


PARTÍCIPES.
É IRRELEVANTE:
• se um dos agentes for adolescente infrator;
• se não houve a identificação civil dos demais cooperados;
• se apenas um deles foi preso ou identificado;
• se o agente não estava presente nos atos de execução.
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§4º-A: A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Qualificadora incluída pela Lei 13.654/2018)
Refere-se ao meio de execução, quando para a subtração o agente emprega explosivo ou artefato
análogo, que cause perigo comum.
Exemplo: explodir caixa eletrônico para subtrair o dinheiro.
Essa qualificadora passa a ser crime hediondo, conforme o artigo 1º, inciso IX, da Lei 8.072/90,
com a nova redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime).
IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato de efeito análogo que cause perigo
comum (art. 155, §4º-A).

FURTO MEDIANTE FRAUDE COMETIDO POR MEIO DE DISPOSITIVO


ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO
CP, ART. 155, §4°-B
§4º-B: A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
(Qualificadora incluída pela Lei nº 14.155, de 2021)

• Ocorre quando o agente usa fraude eletrônica para distrair a vítima ou para desativar ou
romper mecanismo de segurança, possibilitando a subtração da coisa alheia móvel, de um
objeto corpóreo, composto por matéria.
• A fraude eletrônica não é utilizada para transferir valores ou adquirir a transferência de
bens.
Exemplos:
• Invadir determinado sistema informático para:
• abrir um cofre;
• desativar um alarme;
• interromper um videomonitoramento.
Na sequência, apreender fisicamente o objeto alheio então protegido.
Obs.: tecnicamente a situação melhor se amolda à ideia de rompimento de obstáculo à subtração
da coisa que a de furto mediante fraude.
Tipificam estelionato (CP, art. 171, §2º-A) e não furto mediante fraude cometido por meio
de dispositivo eletrônico ou informático:
• usar ou alterar dados (login e senha) de um correntista para, acessando eletronicamente sua
conta, realizar transferência de valores nela creditados para alguma outra;
• invadir diretamente o sistema informático ou a rede da agência bancária para transferir
valores de uma conta para outra;
• fazer compras ou pagamentos via internet por meio de dados de outra pessoa (dados do
cartão de crédito, chave PIX etc.).
Nesses exemplos, não há subtração, retirada, remoção, da coisa alheia móvel, aproveitando-se
da distração da vítima.
Há mera transferência de um crédito ou de um bem pela pessoa física ou jurídica enganada.
Os dados o mundo digital não constitui matéria, não são passíveis de apreensão, de
deslocamento espacial.
Os dados são copiados, alterados ou apagados são combinações digitais binárias.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


CP, ART. 155, §4°-C
§4º-C. A pena prevista no §4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização
de servidor mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável
(Causas de aumento de pena incluídas pela Lei 14.155, de 2021)

RELEVÂNCIA DO RESULTADO GRAVOSO.


Demanda interpretação pelo alto grau de subjetividade e abstração. Indica a maior gravidade do
prejuízo causado
FUNDAMENTOS:
INCISO I:
• No alto grau de conhecimento e ou recursos para esse modus operandi, valendo-se de
servidores localizados em outros países;
• Maior dificuldade de investigação e punição decorrente da transnacionalidade.
INCISO II:
• Na exploração da maior fragilidade da vítima.
• A vulnerabilidade da vítima integra o dolo do agente como elemento facilitador do
resultado.

§5°. A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Qualificadora incluída pela Lei 9.426/1996)

OBJETO MATERIAL ESPECÍFICO:


No furto, em regra, o objeto material é coisa alheia móvel. No §3º, a lei equiparou a energia elétrica
ou a que tenha valor econômico a coisa móvel, tornando-a também objeto material de furto.
Nessa nova qualificadora foi inserido objeto material específico: exclusivamente veículo
automotor subtraído que venha a ser transportado para fora dos limites do Estado ou do território
nacional.
VEÍCULO AUTOMOTOR:
Conceito dado pelo Código de Trânsito Brasileiro – Lei 9.503/1997 – Anexo I.
Todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente
para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o
transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica
e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
PODEM SER:
TERRESTRES – carros, motocicletas, caminhões etc.
AÉREOS – aviões, helicópteros etc.
MARÍTIMOS - lanchas, jet-skis, iates etc.
Não se amoldam, portanto, ao conceito os veículos de tração animal.
Exemplo: carroças, charretes etc.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO:


É necessário que o autor da subtração (coautor ou partícipe) saiba que o veículo está sendo
transportado para outro Estado da federação ou para o exterior.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
1. Consumação:
O furto, adotada a Teoria Amotio ou Aprehensio, se consumou com a inversão da posse e a
indisponibilidade do bem, ainda que momentânea, pela vítima.
2. TENTATIVA:
Inadmissível.
Se o agente cruzar a fronteira entre os Estados da Federação ou do território nacional, o furto
com essa qualificadora estará consumado.
Se não conseguir, ainda que por circunstâncias alheia à sua vontade, o furto será simples.

CONCURSO DE PESSOAS:
• Quem concorre para o transporte extralimites, coautor ou partícipe, responderá pela
qualificadora, desde que essa circunstância tenha ingressado na sua esfera de conhecimento
(CP, art. 30).
• Quem intervém no fato, psicológica e materialmente, depois de consumada a subtração,
responderá por receptação (CP, art. 180).
• Se o agente foi contratado apenas para transportar o veículo, que sabe ser produto de
crime, para outro Estado ou para o exterior, responderá por receptação (CP, art. 180).

FURTO QUALIFICADO
CP, ART. 155, §6º
ABIGEATO
§6°: A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
(Qualificadora incluída pela Lei 13.330/2016)

OBJETO MATERIAL ESPECÍFICO:


O semovente domesticável de produção:
• O animal não selvagem destinado a produção de alimentos E derivados.
• Os animais selvagens, ainda que de estimação não podem ser objeto material desta
qualificadora.

§7º: A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego. (Qualificadora incluída pela Lei 13.654/2018)

OBJETO MATERIAL ESPECÍFICO:


Substâncias explosivas ou acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego.
Situação anterior à prevista na qualificadora do §4°-A.
É a subtração do material componente do futuro explosivo ou artefato análogo.

CONFLITO APARENTE DE QUALIFICADORAS


1) Aparente conflito entre as qualificadoras dos §§4º-A, 5º, 6º e 7º, e as dos incisos do §4º,
resolve-se da seguinte forma:
Se a qualificadora se referir à um objeto material específico, (emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum; veículo automotor que venha a ser transportado para
outro estado ou para o exterior; semovente domesticável de produção ou; substâncias explosivas
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego) prevalecerá as dos parágrafos §§4º-A, 5°, 6° e 7°, se sobrepondo à geral do §4º
(exemplos: escalada, abuso de confiança ou concurso de pessoas).
2) Aparente conflito entre as qualificadoras dos quatro incisos do §4°, resolve-se de duas
formas, nessa ordem:
• Uma será empregada para qualificar o furto e a outra, se tiver previsão no artigo 61, Código
Penal, será considerada como circunstância agravante, incidindo na 2ª-fase da fixação da
pena;
• Se não tiver, a determinante qualificará o furto, funcionando a ou as demais como
circunstâncias judiciais desfavoráveis do artigo 59, do Código Penal, incidindo na pena
base.

• No crime de furto, em regra, a ação penal é pública incondicionada.


Excepcionalmente será pública condicionada à representação, nos casos em que é
praticado em prejuízo do cônjuge, judicialmente separado, de irmão e de tio ou sobrinho,
com quem o agente coabita (Art. 182), desde que não seja pessoa com idade igual ou
superior a 60 anos, idosa (CP, art. 183, III).
• No furto simples (caput) é aplicável o sursis processual previsto no artigo 89, da Lei
9099/95 – JECRIM, adotando-se o rito sumaríssimo.
• No caput e nos §§4º, 5º e 6º, é cabível ainda o acordo de não persecução penal – ANPP
- previsto no artigo 28-A, do Código de Processo Penal, incluído pela Lei 13.964/2019,
“Pacote Anticrime”.

FURTO DE COISA COMUM

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que
tem direito o agente.

• O fundamento da tipificação reside no fato do sujeito subtrair a coisa comum fungível


de quem legitimamente a detém, avançando em quinhão alheio.

OBJETO MATERIAL:
É a coisa móvel fungível comum ao agente e a vítima; diferente do objeto material do furto (CP,
art. 155), que é a coisa alheia móvel.
Código Civil, art. 85 - São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.

SUJEITO ATIVO: Trata-se de crime próprio, que demanda especial qualidade.

• Só pode ser o condômino, coerdeiro ou sócio.


A condição especial do agente é elementar do crime, portanto, comunica-se aos demais, nos
termos do artigo 30, do Código Penal, admitindo co-execução e participação.
SUJEITO PASSIVO: Quem detém legitimamente a coisa.

• Pode ser o sócio, coerdeiro, condômino.


• Se a detenção for ilegítima, não haverá subtração de coisa comum por atipicidade.
Ainda, se a coisa comum estiver na posse legítima do sujeito ativo, e ele dispuser dela como se
fosse seu único dono, haverá crime de apropriação indébita (CP, art. 168).

ELEMENTAR SÓCIO: Dois entendimentos segundo a doutrina e a jurisprudência.


1. É indiferente a natureza jurídica da sociedade, porquanto a lei não faz distinção, citando apenas
sócio.
2. O sócio só poderá responder pelo crime caso a sociedade seja despersonalizada, hipótese em
que o patrimônio pertence aos sócios e não à pessoa jurídica; caso o patrimônio seja da empresa,
pessoa jurídica, haverá o furto comum do art. 155, do CP, já que se trata de coisa alheia móvel.

VERBO NÚCLEO DO TIPO: Subtrair, que significa apossar-se, tomar para si, assenhorar-se. É
apreender a coisa e levar para outro lugar, implicando em deslocamento espacial.
CLASIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:

• Crime próprio;
• Material;
• Simples;
• Instantâneo;
• De forma livre;
• Em regra comissivo;
• Unissubjetivo;
• Plurissubsistente;
• De dano.
TIPO SUBJETIVO:
O dolo atrelado ao elemento subjetivo do tipo
-o dolo específico: O animus rem sibi habendi, ou animus furandi. Não é necessária a finalidade
de lucro, o animus lucrandi.
Como no furto, exige-se o especial fim de agir, a intenção de apossamento definitivo para si ou
para outrem.

• Indispensável que o sujeito ativo passe a comportar-se como único dono da coisa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONSUMAÇÃO: Adota-se a Teoria Amotio ou Aprehensio.
Com a mera inversão da posse, quando a vítima não pode mais exercer as faculdades inerentes à
sua posse ou propriedade, quando já não mais dispõe do objeto material, como ocorre no crime
de furto.
Aplica-se a súmula 582, do Superior Tribunal de Justiça.
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

TENTATIVA: Admite-se a tentativa por se tratar de crime material e plurissubisistente.

• Quando o sujeito ativo não consegue, por circunstâncias alheias á sua vontade, retirar o
objeto material da esfera de proteção e vigilância da vítima, inverter a posse, submetendo-
a á sua própria disponibilidade.
§1º - Somente se procede mediante representação.
Excepcionando a regra geral, transmuda a ação penal, de incondicionada, para pública
condicionada à representação.

EXCLUDENTE ESPECÍFICA DE ILICITUDE CP, ART. 156, §2°


§2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.

• Não se trata de causa de isenção de pena, quando o fato é típico, ilícito e culpável.
• Embora seja crime, o agente não se sujeita à pena.
A norma penal permissiva prevê que “não é punível a subtração”.
Fato impunível em matéria penal é fato lícito.
Tecnicamente esse §2º convola-se em uma causa específica de exclusão da ilicitude, e não causa de
isenção de pena.
O reconhecimento dessa excludente exige dois requisitos cumulativos:
1. Que a coisa comum seja fungível;
2. Que seu valor não exceda a quota a que tem direito o agente.

• A natureza fungível do objeto material não é condicionada à vontade do autor.


• Uma coisa é ou não é fungível dependendo de sua natureza, e não da intenção do sujeito
ativo ou passivo.
• Entretanto, pode ocorrer fungibilidade em razão de acordo de vontades das partes.
Tratando-se de coisa infungível, a subtração constitui crime de furto comum (CP, art. 155), ainda
que o sócio, co herdeiro ou condômino, tenha direito a valor muito inferior ao do bem subtraído.
Se duas pessoas são donas de cem sacas de arroz, a subtração pelo agente de metade do objeto
material, em tese, não constitui delito. Entretanto, haverá furto de coisa comum, se escolher a
melhor parte do objeto material, locupletando-se de valor superior ao seu quinhão.
ATENÇÃO: Não se aplicam ao furto de coisa comum as qualificadoras, a causa de
aumento de pena ou a forma privilegiada do furto do artigo 155, por falta de previsão legal.

ROUBO (Art. 157 do CP)


Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena
- reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
ou para terceiro.
CRIME COMPLEXO
• Trata-se de crime complexo, com dupla objetividade jurídica.
• O Código Penal protege, primeiramente, o patrimônio, a propriedade material ou a posse
lícita e, de forma secundária, a incolumidade pessoal, a vida, a integridade física e a saúde,
ou a liberdade individual.
OBJETIVIDADE JURÍDICA E OBJETO MATERIAL
Crime pluriofensivo, tutela dupla objetividade jurídica:
• O patrimônio, principal;
• A incolumidade pessoal, secundária.
Dois objetos materiais:
• a coisa móvel alheia (patrimônio) e;
• a vida, a integridade física e a saúde.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa (exceto o proprietário).
• Crime comum.
• Crime unissubjetivo, de concurso eventual, que admite coexecução e participação.

SUJEITO PASSIVO: Em regra, uma vítima que é a titular da posse ou da propriedade e que
sofre a violência ou a grave ameaça.
Excepcionalmente pode ocorrer dupla sujeição passiva: O titular do direito de propriedade E quem
sofre a violência ou a grave ameaça. É possível que o proprietário ou possuidor experimente o
desfalque patrimonial enquanto outra pessoa suporte a violência ou a grave ameaça.
TIPO OBJETIVO
Pode se dizer, sem apego à técnica, que o roubo é um furto praticado mediante violência ou grave
ameaça à pessoa.
1. VIOLÊNCIA FÍSICA OU REAL: É a vis absoluta, empregada contra a pessoa (diferentemente
do que ocorre no furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa, em que a violência é dirigida à coisa – CP, art. 155, §4º, I).
Pode ser:
A) IMEDIATA: empregada contra o proprietário ou o legítimo possuidor e;
B) MEDIATA: dirigida ao terceiro, detentor.
2. VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA: depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
de resistência.
Interpretação analógica. Exemplos: ministrar droga, álcool, sonífero (“Boa noite Cinderela”),
hipnotizar.
3. GRAVE AMEAÇA: É a moral, a vis relativa.
• É a promessa de mal injusto, iminente e grave.
• Pode ser por palavra, escrito, gesto ou qualquer meio simbólico.
Exemplos: Mostrar que está portando arma de fogo, fingir estar armado, simular arma ou portar
simulacro de arma de fogo.

EXEMPLO DE ROUBO COM VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA:


FRANCISCA, resoluta à prática de crime patrimonial, se dirigiu ao local dos fatos onde se
encontra situado um bar, local este em que estaria sendo realizado um baile. Ato contínuo,
FRANCISCA se aproximou da vítima assim que a avistou, aguardando para entrar no
estabelecimento. Neste momento se apresentou com o nome de “Mariana” e disse que estaria
aguardando uma amiga para também ingressarem no estabelecimento. Na sequência, no interior
do bar, a vítima decidiu por alugar um camarote, onde permaneceu a noite toda junto com
FRANCISCA, sendo certo que, em dado momento, a acusada colocou na bebida da vítima a
substância Clonazepam (sonífero), com a finalidade de provocar a perda da consciência (violência
imprópria). Em torno das 04 horas da manhã, FRANCISCA e o ofendido decidiram sair do local,
instante em que o ofendido perdeu a consciência. É dos autos que, a vítima foi levada ao Pronto-
Socorro do M’Boi Mirim pelo resgate, vindo a acordar às 3 (três) horas da tarde do mesmo dia, no
interior do hospital. Segundo a vítima, ouviu do médico que se tivesse ingerido uma dose maior
da droga, poderia ter morrido. A vítima então percebeu que seus bens inicialmente descritos
haviam sido subtraídos, constatando ainda que FRANCISCA efetuou compras com seus cartões
bancários no valor total aproximado de R$ 4.900,00 (quatro mil e novecentos reais). Às fls. 4, a
vítima reconheceu fotograficamente FRANCISCA, bem como às fls. 18 a reconheceu
pessoalmente. Às fls. 19/21, FRANCISCA negou a prática do crime objeto destes autos, mas
confessou ter praticado crimes desta natureza, com o mesmo modo de agir, contra outras vítimas.

DUAS AS FIGURAS TÍPICAS DE ROUBO:


1. ROUBO PRÓPRIO (caput): A VIOLÊNCIA, PRÓRPIA OU IMPRÓPRIA, OU A GRAVE
AMEAÇA são empregados contra a pessoa ANTES OU CONCOMITANTEMENTE à
subtração, VISANDO a própria subtração da coisa alheia móvel.
2. ROUBO IMPRÓPRIO (§1°): A VIOLÊNCIA, SEMPRE PRÓPRIA, OU A GRAVE
AMEAÇA, são empregadas POSTERIROMENTE à subtração, VISANDO ASSEGURAR a
impunidade do agente OU a detenção da coisa alheia móvel, para si ou para terceiro.
Principais diferenças entre roubo próprio e roubo impróprio: -
• Meios de execução;
• Momento do emprego dos meios de execução;
• Finalidade do emprego dos meios de execução.
No roubo próprio, os meios de execução, violência própria ou imprópria e grave ameaça, são
empregados anteriormente ou concomitantes à subtração, visando unicamente a retirada da
coisa alheia móvel.
No roubo impróprio, a violência própria (não há previsão legal para a imprópria) ou grave ameaça
são empregadas depois da subtração, visando assegurar a impunidade do agente ou a posse
da coisa, para si ou para terceiro.

CASUÍSTICA
Se o agente puxa e arrebenta o colar que a vítima está usando, subtraindo-o, será furto ou roubo?
DEPENDE:
• Se a violência é dirigida contra o objeto material a ser furtado e não contra a vítima, o
arrebatamento de inopino do objeto material, sem violência física contra a vítima,
configurará furto.
• Se a violência é empregada diretamente contra o sujeito passivo para intimidá-lo, ameaça-
lo, haverá roubo.
E A DENOMINADA TROMBADA?
A trombada pode ocorrer tanto no furto quanto no roubo, dependendo do meio de execução.
Um esbarrão ou toque no corpo da vítima, para confundi-la ou desviar sua atenção tipifica
o furto. A violência empregada diretamente contra a vítima, com o intuito de intimar,
ameaçar, é meio de execução do roubo.
SE O AGENTE EMPREGA VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA CONTRA A VÍTIMA,
QUE NÃO ESTÁ PORTANDO BENS, DINHEIRO etc., HAVERÁ CRIME DE ROUBO?
Ausente o objeto material, o roubo impossível (CP, art. 17):
O fato é atípico por inexistência a elementar coisa móvel alheia, podendo SUBSISTIR,
dependendo do resultado, crime contra a incolumidade pessoal (vida, integridade física, saúde ou
liberdade individual).
SE O AGENTE EMPREGA VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA CONTRA A VÍTIMA,
TENTANDO SUBTRAIR A CARTEIRA OU O DINHEIRO DE UM BOLSO DA CALÇA,
QUANDO ESSES BENS ESTÃO EM OUTRO BOLSO?
Diante da impropriedade relativa do objeto material, que circunstancialmente não estava
no local do ataque, mas em outro lugar (outro bolso), subsiste a tentativa de roubo.
Se o agente, prestes a iniciar a subtração da res for surpreendido, frustrada a tirada da coisa,
emprega violência ou grave ameaça contra a vítima, responderá de que modo?
• Por tentativa de furto e crime contra a pessoa, dependendo do resultado da violência
empregada, em concurso material.
Se o agente, após a subtração da res for surpreendido pela polícia e reagir, responderá de que
modo?
• Por furto consumado em concurso com o delito contra a pessoa, também dependendo do
resultado da violência empregada, e não por roubo impróprio.

TIPO SUBJETIVO
O roubo é punível apenas a título de dolo, exigindo-se ainda o elemento subjetivo do tipo, o
animus rem sibi habendi, como no furto, primeira parte do crime de roubo, figura complexa.
• No roubo próprio exige-se o elemento subjetivo do tipo contido na expressão para si ou
para outrem, que demonstra a exigência de intenção de posse definitiva, para si ou para
outrem.
• No roubo impróprio o elemento subjetivo do tipo é revelado pela expressão a fim de
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
CONSUMAÇÃO
Consumam-se o roubo próprio ou o impróprio, empregado qualquer dos meios de execução, com
a mera inversão da posse, com a indisponibilidade da res pela vítima.
• A inversão da posse se dá nos mesmos moldes do crime de furto, quando o agente retira
a res da esfera de disponibilidade da vítima, que não tem mais disponibilidade sobre o bem,
independentemente de desfrutar da posse mansa e pacífica.
Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica
ou desvigiada

1. ROUBO PRÓPRIO: Como no furto, discute-se as mesmas duas teorias sobre a consumação.
TEORIA AMOTIO OU APREHENSIO: SÚMULA Nº 582, STJ.
• Após empregar a violência, a grave ameaça ou a violência imprópria, o agente retira o bem
da esfera de vigilância da vítima, sendo irrelevante que desfrute da posse mansa e pacífica,
porque a vítima não tem mais a disponibilidade da coisa. É a posição adotada pelo colendo
Supremo Tribunal Federal.
TEORIA ABLATIO:
• Após empregar a violência, a grave ameaça ou a violência imprópria, o agente retira o bem
da esfera de vigilância da vítima, que não tem mais disponibilidade sobre a coisa,
desfrutando mansa e pacificamente de sua posse.
Trata-se de entendimento minoritário, defendido por alguns autores como Rogério Greco.
(posição minoritária)

2. ROUBO IMPRÓPRIO: Retirado o bem, o agente emprega violência ou grave ameaça para
assegurar sua impunidade ou a detenção da coisa alheia móvel para si ou para terceiro.
JURISPRUDÊNCIA: Configura roubo impróprio a conduta do agente que, surpreendido pela
vítima enquanto subtraía o “toca-CDs” no interior do veículo, passa a ameaçá-la com uma chave
de fenda e foge em seguida. (TJSP – Apelação Criminal 1465307/2 – 15ª Câmara Criminal – Rel.
Des. Poças Leitão – j. 16.02.2005).

TENTATIVA
ROUBO PRÓPRIO: Doutrina e jurisprudência amplamente dominantes admitem a tentativa.
a) Entendimento dominante nos colendos Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de
Justiça: Quando empregada a violência, a grave ameaça ou a violência imprópria, o agente não
consegue, por circunstâncias alheias à sua vontade, inverter a posse, não logra retirar o bem da
esfera de proteção e vigilância da vítima.
b) Entendimento minoritário: Quando empregada a violência, a grave ameaça ou a violência
imprópria, o agente retira o bem da esfera de proteção e vigilância da vítima invertendo a posse,
mas NÃO consegue desfrutar dele mansa e pacificamente
ROUBO IMPRÓPRIO: O roubo impróprio não admite tentativa, segundo entendimento
amplamente dominante na doutrina e na jurisprudência.
Se o agente empregar violência contra a pessoa ou grave ameaça, o roubo impróprio estará
consumado. Se não empregar esses meios de execução, o fato material se subsumirá ao crime de
furto, tentado ou consumado.

“ROUBO DE USO”
Diferentemente do que ocorre com o crime de furto, é amplamente dominante na doutrina e na
jurisprudência o entendimento que NÃO EXISTE “ROUBO DE USO”.
• A grave ameaça ou violência exercidas são incompatíveis com a intenção de restituir o bem;
• Os meios de execução, por si só, violam a objetividade jurídica secundária, a incolumidade
pessoal, em razão do que a conduta é típica, se amoldando ao crime de roubo.
“ROUBO INSIGNIFICANTE”
Diferentemente do acontece no crime e furto, é amplamente dominante na doutrina e na
jurisprudência o entendimento que NÃO EXISTE “ROUBO INSIGNIFICANTE”.
“Quanto ao pleito de reconhecido da atipicidade material da conduta imputada ao réu em razão
do pequeno valor da res furtivae, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça afasta a
aplicabilidade do princípio da insignificância em crimes cometidos mediante o uso de violência ou
grave ameaça, como o roubo. Precedentes.” HC 395.469/SP, Min. Rel. Ribeiro Dantas, 5ª Turma,
julgado em 20/06/2017, v.u..
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ROUBO MAJORADO CP, ART. 157, §2°
§2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado pela Lei 13654/2018);
II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;
IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou
para o exterior;
V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;
VI – Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego;
VII – Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca (inciso incluído pela
Lei 13.964/2019 – “Pacote Anticrime”)
A disposição prevê a figura do roubo próprio ou impróprio majorada por determinadas
circunstâncias legais especiais ou específicas.
I - revogado pela lei 13.654/2018.
II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas: Trata-se do concurso de pessoas. • Vide furto
qualificado: CP, art. 155, §4º, IV.
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
• A finalidade é a maior proteção da vítima que profissionalmente transporta valores, e
portanto está mais exposta, e não o patrimônio.
• Exige-se que a vítima esteja em serviço de transporte de valores de terceiros, E que o
agente tenha conhecimento disso. Faltando um desses requisitos cumulativos, afasta-se a
majorante.
• O termo valor não se refere a qualquer parcela do patrimônio, mas ao transporte de
dinheiro, moedas estrangeiras, ouro, joias, pedras preciosas, selos, título ao portador etc.
IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou
para o exterior; • Vide furto qualificado: CP, art. 155, §5º.
V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade:
• Essa causa de aumento de pena passa a ser crime hediondo ou equiparado, conforme artigo
1º, inciso II, letra a, da Lei 8.072/90, com a nova redação dada pela Lei 13.964/2019
(Pacote Anticrime).

NÃO SE APLICA A MAJORANTE:

• Se restrição momentânea da liberdade da vítima é inerente ao roubo e não enseja a


aplicação da majorante.
• Subjugada, ainda que por curto espaço de tempo, a vítima fica à mercê do roubador, com
seu direito de locomoção, de ir e vir cerceado.
Ex. para subtrair o veículo, o agente obriga a vítima a entrar nele, rodando poucos quarteirões para
então liberta-la.

APLICA-SE A MAJORANTE:
• Quando a restrição de liberdade ocorrida durante a execução do roubo, por tempo
juridicamente relevante, excessivo para a consumação do crime, autoriza a incidência dessa
causa de aumento de pena.
Ex. agente que subtrai o veículo da vítima e a carrega até um local ermo, onde pode abandona-la
sem correr o risco de ser abordado pela polícia. TJDF – Apel. 2000110376345 – 1ª Turma
Criminal, Rel. Des. Edson Alfredo Smaniotto – j. 30.06.2015.
Duas hipóteses de incidência da majorante citadas pela doutrina:
1. Restrição de liberdade como meio de execução do roubo por tempo juridicamente relevante;
• No momento da abordagem a vítima conduzia seu veículo, quando o recorrente e seus
comparsas a abordaram e determinaram que ela se acomodasse no banco traseiro. Era
perfeitamente possível que a subtração do automóvel e de seus pertences ocorresse, sem
que ela fosse levada pelos agentes e mantida por certo espaço de tempo sob a mira de uma
arma de fogo e sofrendo ameaças dos assaltantes. Desse modo, verifica-se que a ameaça e
a privação de sua liberdade extrapolaram aquela inerente ao roubo.
2. Restrição de liberdade da vítima como garantia do agente contra ação policial.

CASUÍSTICA:
Se mesmo após a consumação do delito de roubo o agente continua privando a vítima de sua
liberdade, exigindo resgate, responderá de que modo?
• Caracteriza também o crime autônomo de extorsão mediante sequestro (CP, art. 159).
• Aplica-se as regras do concurso material, porque além de não haver unidade de ações, não
há continuidade delitiva; a despeito de se tratar de infrações patrimoniais, do mesmo
gênero, não são da mesma espécie, requisito exigido pelo artigo 71, do Código Penal.
TEMPO JURIDICAMENTE RELEVANTE: SIGNIFICADO.
• Somente admite-se a causa de aumento de pena em situações onde o tempo e a finalidade
da privação de liberdade são maiores do que o necessário para a execução do crime.
• Quando a privação de liberdade é estritamente necessária à execução do crime, não há
incidência dessa majorante.
• Para incidir a causa de aumento de pena, é necessário que o agente restrinja a liberdade da
vítima por tempo juridicamente relevante.
Quando a privação da liberdade da vítima ocorrer após a subtração, há duas orientações no sentido
da pluralidade de crimes:
• Haverá concurso material – CP, art. 69 (RT, 676/284);
• Haverá concurso formal – CP, art. 70 (RJTJSP, 78/401).

VI – Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,


possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. • Vide furto qualificado - CP, art. 155, §4º-A
VII – Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca” (inciso incluído
pela Lei 13.964/2019 – “Pacote Anticrime”).
• Suficiente que o agente porte ostensivamente a arma branca, que seja vista pela vítima.

ARMA BRANCA:
• Pode ser conceituada como o artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído
por peça em lâmina, alongada, cuja largura é menor que o cumprimento, e que possui
forma arredondada.
Exemplos: faca, canivete, punhal, sabre, estilete e tesoura.
§2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018).
I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum.

I: Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; Refere-se à arma de fogo de
uso permitido, porque a de uso restrito ou proibido está no
§2º-B. “Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem
coma a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições
previstas na Lei 10.826/2003”, conforme o artigo 10, do decreto 5.123/2004.
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO: A Portaria 1.222, de 12 de agosto de 2019, do
Comandante do Exército: Dispões sobre parâmetros de aferição e listagem de calibres nominais
de armas de fogo e das munições de uso permitido e restrito e dá outras providências.
A razão da majorante reside na maior probabilidade de dano à incolumidade física que o emprego
da arma de fogo resulta à vítima.
EM SUMA: Exige-se que o artefato tenha potencialidade lesiva e eficácia vulnerante.
Suficiente que o agente porte a arma de fogo de uso permitido ostensivamente, perceptível pela
vítima, para que o fato seja agravado.
Se o agente faz menção de estar armado (mímica), SEM exibir o artefato, afasta-se a causa de
aumento de pena.
• Desnecessário que o agente empunhe a arma de fogo em direção à vítima
• Indispensável que a arma de fogo tenha potencialidade ofensiva E eficácia vulnerante.
Afasta-se a causa de aumento de pena:
• Emprego de armas brancas, previstas no §2º, inciso VII;
• Emprego de simulacro (imitação de arma de fogo), porque fere o princípio constitucional
da legalidade;
• Emprego de arma de fogo inapta a disparo, AINDA que municiada;
• Emprego de arma de fogo desmuniciada, AINDA que apta a disparos.
Mantem-se a causa de aumento de pena:
• Indispensável a perícia técnica, SE a arma de fogo for apreendida;
• Desnecessário a apreensão da arma de fogo, cujo emprego pode ser suprido por outros
meios de prova, como as palavras da vítima, a oitiva de testemunhas ou a confissão do réu.
POSIÇÃO DOMINANTE NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Nos termos da
jurisprudência desta Corte, são prescindíveis a apreensão e a perícia na arma de fogo para a
incidência da majorante do § 2º, I, do art. 157 do CP, quando existirem nos autos outros elementos
de prova que comprovem a sua utilização no roubo, como na hipótese, em que há relato da vítima
sobre o emprego do artefato.
MANTEM-SE A CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
• Se a arma não for apreendida e o roubador alegar que se tratava de simulacro, inverte-se o
ônus da prova, incumbindo a ele demonstrar que não se trata de arma de fogo;
• Se a arma não for apreendida e o roubador alegar que se tratava de simulacro, inverte-se o
ônus da prova, incumbindo a ele demonstrar que não se trata de arma de fogo.
• Se o acusado sustentar a ausência de potencial lesivo da arma empregada para intimidar a
vítima, será dele o ônus de produzir prova, nos termos do art. 156 do Código de Processo
Penal. Assim, na espécie, caberia ao paciente demonstrar que a arma era desprovida de
potencial lesivo, o que não ocorreu na situação narrada na inicial
MANTEM-SE A CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
• Exibir a arma de fogo, independentemente de impunha-la;
II – Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum. • Vide furto qualificado – CP, art. 155, §4º-A
Essa causa de aumento de pena passou a ser crime hediondo ou equiparado, conforme artigo 1º,
inciso II, letra b, 1ª parte, da Lei 8.072/90, com a nova redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote
Anticrime). II – Roubo b – circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, §2°-A, I) (...).
• Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito
ou proibido, aplica-se a em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Parágrafo incluído
pela Lei 13.964/2019 – Pacote Anticrime).
ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: Armas de uso restrito são aquelas que somente
podem ser usadas pelas Forças Armadas, pela polícia e por pessoas físicas ou jurídicas habilitadas
e autorizadas pelo Exército. São fuzis, metralhadoras e determinadas carabinas e pistolas,
dependendo do calibre das munições dos armamentos. Ex. Cal. 9 mm, Cal. 10 mm, Cal. 40, Cal.
357, Cal. 44 Magnum, Cal. 45 etc.
ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO: São as de numeração raspada, suprimida ou alterada,
ou ainda sem qualquer sinal de identificação. (Código Penal Anotado - Guaracy Moreira Filho).
Essa causa de aumento de pena passou a ser crime equiparado a hediondo, conforme artigo 1º,
inciso II, letra b, in fine, da Lei 8.072/90, com a nova redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote
Anticrime). II – Roubo b – (...) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art.
157, §2°-B).

ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA - FRAÇÕES DE AUMENTO


❖ Arma Branca – art. 157, §2º, inciso VII – aumento de 1/3 até metade;
❖ Arma de Fogo: De Uso Permitido – art. 157, §2º-A, I – aumento de 2/3;
❖ De Uso Restrito ou Proibido – art. 157, §2º-B – pena em dobro.
CONCORRÊNCIA DE CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Entendiam os Tribunais que o aumento da pena seria proporcional ao número de majorantes
incidentes, adotando-se o critério meramente aritmético da somatória das causas, prescindindo de
fundamentação.
Em 2010, o Colendo Superior Tribunal de Justiça interpretando o parágrafo único, do artigo 68,
do Código Penal (no concurso de causas de aumento ou diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
que mais aumente ou diminua) editou a súmula nº 443.
SÚMULA Nº 443, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do
número de majorantes.

• A indica que a fração de aumento deve ser fundamentada na relevância E influência que
as causas de aumento de pena tenham exercido no crime em si, para a produção do
resultado.
• A aplicação da norma depende da minuciosa análise do caso concreto, e não de simples
cálculo proporcional entre a quantidade de causas de aumento e as frações permitidas pelo
legislador.
• O Superior Tribunal de Justiça tem afastado acréscimos superiores ao mínimo quando a
fundamentação se limite ao número de majorantes, aplicando o critério meramente
aritmético. STJ HC 313.902/SP, Relator Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, 5ª Turma, julgado em 20/06/2017, DJe 30/06/2017.
CRIME ÚNICO OU CONCURSO DE CRIMES
TEORIA DO BEM JURÍDICO: prática de mais de um delito patrimonial, porque diversos
patrimônios foram atacados.
TEORIA DA CONDUTA HUMANA: crime único, sob a ótica do roubador não há
individualização de patrimônios, mas maximização da subtração. De fato, o roubo a ônibus, e neste
ponto específico não há divergência com aqueles que sustentam o concurso formal, cuida-se de
uma única conduta humana de relevância penal. Não se trata propriamente de um assalto a diversas
pessoas precisas e anteriormente individualizadas.
Antes de tudo, os roubadores perpetram o assalto em um espaço coletivo, sabendo apenas que a
pluralidade de vítimas, quaisquer que sejam e sem a exata consciência do montante, servirá
somente para potencializar os proveitos da empreitada criminosa. A ideia é assaltar um espaço que,
por sua própria existência, permitirá, com uma única realização, alcançar uma soma significativa
de bens, independentemente da individualidade proprietária. Não parece ser sustentável o
concurso material, ou seja, a pluralidade de ações, nesses casos em que o roubo é
perpetrado em espaços de interação coletiva nos quais a individualidade é meramente
aleatória. A distinção entre o assalto a um automóvel e a um ônibus distingue-se apenas no tocante
à facilidade na obtenção criminosa de um produto de maior vulto. Inegavelmente, tanto em um
quanto em outro caso, a ação é única, ainda que fracionada em inúmeros atos.
O concurso formal – repisa-se – deve também ser afastado por uma questão de coerência, já que
se assim não fosse deveria ser considerado o mesmo concurso no roubo à residência com diversos
familiares ou, então, na vítima única que traz consigo bens que a outros pertencem. Alamiro
Velludo Salvador Netto

TESE - CRIME ÚNICO


• Agente que rouba várias pessoas, subtraindo os bens apenas de uma, sofrendo as outras
violência ou grave ameaça;
• Só uma pessoa tem subtraído bens pertencentes a várias outras;
• Agente que rouba bens pertencentes aos membros de uma mesma família (ex.: dinheiro
do marido e joias da esposa).

TESE - CONCURSO DE CRIMES


• Agente que rouba três pessoas em um ponto de ônibus (discutível);
• Agente que pratica arrastão, roubando diversas pessoas (discutível);
• Agente que pratica arrastão em prédio de apartamentos, obrigando as pessoas a
acompanha-lo à sua unidade condominial para roubá-las individualmente.
Concurso de crimes: podendo ser formal ou material, embora discutível.
Responderá por roubo múltiplo o agente que, em um só contexto fático, prática violência ou grave
ameaça contra várias pessoas, produzindo multiplicidade de violações patrimoniais.
Há autonomia de desígnios quando o agente pretende praticar não um só crime, mas vários, tendo
consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente.
Relembrando:
Concurso material: os apelantes praticaram mais de um crime em curto lapso de tempo. São delitos
autônomos, praticados uns quando já consumados os outros, em lugares diferentes e contra
pessoas diversas.
Concurso formal: quando o sujeito, mediante uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou
mais crimes.
Crime continuado: ficção jurídica. As condições objetivas demonstram que os crimes subsequentes
são continuação do primeiro. Há crime único.

ROUBO QUALIFICADO CP, ART. 157, §3°


§ 3º Se da violência resulta:
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
O tipo penal do inciso I, do §3º, é uma fusão dos crimes de roubo e de lesão corporal de natureza
grave (CP, art. 129, §§1º e 2º); no inciso II, o crime de roubo funde-se com o de homicídio
(latrocínio).
Nos dois incisos do §3°, o roubo é o crime-fim, a finalidade do agente é sempre a consumação do
delito patrimonial, ainda que para isso cause à vítima lesões corporais de natureza grave ou a morte.
• O agente responderá pelo resultado que causar tanto dolosa quanto culposamente, seja o
resultado morte ou a lesão corporal de natureza grave.
• Há sempre dolo no roubo e dolo OU culpa nos resultados lesão corporal de natureza grave
ou morte.
A violência é sempre a física. Se a lesão grave ou a morte decorrerem da grave ameaça, não se
aplicam as qualificadoras.
Ex. o agente ameaça a vítima empregando arma de fogo. Em decorrência do nervoso causado, a
vítima enfarta e vem a óbito. O agente não responderá por esses resultados (morte e lesão
corporal de natureza grave) se não pudesse prevê-los, ante a vedação da responsabilidade penal
objetiva.
A doutrina e a jurisprudência não divergem a respeito, sustentando que as causas de aumento de
pena previstas nos §§2°, 2º-A e 2ºB, do artigo 157, não incidem sobre o roubo qualificado pelo
resultado, em razão da topografia da norma, porque para que incidissem seria necessário que as
majorantes viessem após o texto do §3º.
Aplica-se somente aos roubos próprio (caput) e impróprio (§1º). Rogério Greco e Cezar Roberto
Bitencourt.
I: LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: Trata-se de crime qualificado pelo
resultado, em que o roubo é punido a título de dolo, enquanto as lesões corporais de natureza
grave, por dolo ou culpa (preterdolo).
• A lesão corporal de natureza leve (CP, art. 129, caput), é absorvida pelo roubo, subsumida
no elementar violência (CP, art. 157, caput e §1°), salvo se ficar demonstrado que a
intenção do agente era causar lesão corporal grave.
• A lesão pode ser produzida no titular do direito de propriedade, no legítimo possuidor ou
num terceiro que venha a sofrer a violência física.
Essa qualificadora passou a ser crime equiparado a hediondo, conforme artigo 1º, inciso II, letra
c, 1ª parte, da Lei 8.072/90, com a nova redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime).
II – Roubo c – qualificado pelo resultado lesão corporal grave (...) (art. 157, §3°).
II: LATROCÍNIO: É o roubo qualificado pelo resultado morte, produzido tanto a título de dolo
quanto de culpa (preterdolo).
• Trata-se de crime hediondo, nos termos do artigo 1°, da Lei n° 8.072/1990.
• Aplica-se a qualificadora do resultado morte, que configura o latrocínio, nos roubos
próprio E impróprio (caput e §1º).
VÍTIMA DA VIOLÊNCIA: Admite-se a ocorrência do latrocínio caso qualquer pessoa seja
morta durante a prática do roubo, desde que não seja um dos agentes, salvo se tentando matar
uma das vítimas vier a atingir ocasionalmente o comparsa, evidenciando erro na execução
(aberratio ictus), previsto no artigo 73, do Código Penal, quando responderá pelo latrocínio.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: SÚMULA 610, DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima.
1. Homicídio consumado e subtração patrimonial consumada, responde por latrocínio consumado
(CP, art. 157, §3°, II):
• A lei penal, imprimindo caráter de unidade às duas infrações (homicídio e subtração
patrimonial), fundamenta-se no princípio da necessidade de evitar que, aplicando-se a regra
do concurso material, venha o agente a ser punido duas vezes pelo mesmo fato.
• É a orientação pacífica do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do
Tribunal de Justiça de São Paulo.
2. Homicídio consumado e tentativa de subtração patrimonial, responde por latrocínio
consumado:
• Apesar do tipo penal proteger tanto a vida quanto o patrimônio, o bem jurídico mais caro
deve ser o fator determinante para a consumação ou não do delito.
3. Tentativa de homicídio e tentativa de subtração patrimonial, responde por tentativa de latrocínio
(CP, art. 157, §3°, II, c/c o 14, II):
• O latrocínio só se pode dizer tentado quando o homicídio e a subtração patrimonial ficam
em fase de tentativa.
• É a orientação pacífica do STF e do TJSP.
4. Tentativa de homicídio e subtração patrimonial consumada, responde por tentativa de latrocínio
(CP, art. 157, §3º, II, c.c. o 14, II);
EM SUMA:
❖ Homicídio Consumado + Subtração Consumada = Latrocínio Consumado;
❖ Homicídio Consumado + Subtração Tentada = Latrocínio Consumado;
❖ Homicídio Tentado + Subtração Tentada = Latrocínio Tentado;
❖ Homicídio Tentado + Subtração Consumada = Latrocínio Tentado.

PLURALIDADE DE MORTES:
• Na hipótese de mais de uma pessoa morrer durante a prática do crime, há na doutrina e na
jurisprudência dois entendimentos:
Ex.: matar marido e mulher para subtrair o veículo do casal.
a) Trata-se de crime único, e a pluralidade de mortes deverá ser considera no momento da aplicação
da pena-base (Cezar Roberto Bitencourt); esse posicionamento prevalece no Supremo Tribunal
Federal.
b) Concurso de crimes, porque cada morte se traduz numa infração penal autônoma (Rogério
Greco); É a posição atual do Superior Tribunal de Justiça.
LATROCÍNIO: COMPETÊNCIA PARA CONHECER E JULGAR SÚMULA 603, DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:
• A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do
tribunal do júri.
• O latrocínio tutela dois bens jurídicos: o patrimônio e a vida.
A natureza patrimonial do delito, no qual o homicídio, resultado qualificador, é meio para o agente
alcançar sua finalidade (subtração do patrimônio), determina a competência do juiz singular, para
conhecer e julgar, porque o Tribunal do Júri é competente para conhecer e julgar os crimes dolosos
contra a vida, nos termos do artigo 5º, inciso XXXVIII, letra d, da Constituição Federal.
DIFERENCIAÇÃO ENTRE LATROCÍNIO TENTADO E ROUBO QUALIFICADO
PELA LESÃO CORPORAL GRAVE:
Não obtido o resultado morte, o agente responderá por latrocínio tentado ou por roubo
qualificado pela lesão corporal de natureza grave, dependendo do elemento subjetivo:
• Demonstrado o dolo de matar, o animus necandi do agente para roubar, responderá por
latrocínio tentado, ainda que a vítima suporte lesões corporais de natureza grave.
• O agente responderá por roubo qualificado pela lesão corporal de natureza grave quando
elas foram culposas, OU quando ficar demonstrado que a intenção era lesionar a
integridade física, o laedendi animus.
ATENÇÃO: Ocorrendo a morte, o agente responderá por esse resultado qualificador
independente da intenção de causá-la, de ter agido com dolo ou culpa.
Dolo na subtração E Dolo OU Culpa no resultado morte.
CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE ROUBO E LATROCÍNIO:
IMPOSSIBILIDADE.
A jurisprudência dominante entende que apesar de se tratar de crimes do mesmo gênero (crimes
contra o patrimônio), diferem quanto à espécie (patrimônio E patrimônio + vida), motivo pelo
qual não se é possível reconhecer a continuidade delitiva entre eles.
O crime continuado (CP, art. 71) pressupõe, dentre os seus requisitos objetivos, a utilização do
mesmo modo de execução, o que não ocorre entre delitos que atentam contra diferentes
objetividades jurídicas, no caso o patrimônio e integridade física (roubo) e patrimônio e vida
(latrocínio).
Essa qualificadora passou a ser crime hediondo ou equiparado, conforme artigo 1º, inciso II, letra
c, in fine, da Lei 8.072/90, com a nova redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime). II
– Roubo c – (ou) ou morte (art. 157, §3°).

ROUBO QUALIFICADO, E CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


CASUÍSTICA: As causas de aumento de pena dos §§2°, 2º-A e 2º-B, são aplicáveis às figuras do
roubo qualificado, descritas no §3°?
NÃO: Incidem somente sobre as formas simples do roubo, tanto do próprio (caput) quanto do
impróprio (§1°).
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada – CF, art. 129, inc. I.
COMPETÊNCIA: Juízo Singular. Vara Criminal Comum. Não é da competência do Tribunal do
júri porque NÃO é crime doloso contra vida, não obstante o resultado qualificador possa ser
doloso.
RITO PROCESSUAL: Procedimento comum ordinário, disposto nos artigos 395 a 405, do
Código de Processo Penal.

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