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UNIDADE II
2.1. DO FURTO
ART. 155, CP. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Furto qualificado
§ 4º. A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante
fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não
à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a
utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado
gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou
vulnerável.
§ 5º. A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor
que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
§ 6º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da
subtração.
§ 7º. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de
substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
sua fabricação, montagem ou emprego.
Furto de coisa comum
ART. 156, CP. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente.
ART. 1.228, CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
ART. 1.196, CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS:
2.1.2.3. VALOR AFETIVO. Para alguns autores (como Damásio e Rogério Greco),
coisa de valor afetivo ou sentimental também pode ser objeto material de furto.
Segundo Hungria (Comentários ao Código Penal, vol. VII, p. 23), “a coisa subtraída
deve representar para o dono, senão um valor reduzível a dinheiro, pelo menos uma
utilidade (valor de uso), seja qual for, de modo que possa ser considerada como
integrante do seu patrimônio”.
2.1.2.8. COISA ALHEIA. Significa pertencente a outrem. A coisa sem dono (res
nullius) não é objeto de furto. Também não configura o crime de furto (art. 155) a
subtração de coisa própria, mesmo que em poder de terceiro, embora possa caracterizar
o delito descrito no art. 346 do CP ou o crime de furto de coisa comum (art. 156). Não
há furto de coisa abandonada (res derelicta), pois não integra o patrimônio de ninguém.
Se houver o apoderamento de coisa perdida (res deperdita ou desperdicta), configura o
crime do art. 169, parágrafo único, II, do CP.
2.1.3.1 FURTO DE USO. Será atípica, por ausência do elemento subjetivo especial do
tipo (para si ou para outrem), a subtração de coisa alheia móvel quando o agente não
possuir a intenção de assenhoreamento.
Alguns autores ainda acrescentam que a vítima não pode ter percebido a subtração.
2.1.4. SUJEITOS
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo de furto, salvo o
proprietário. Se o agente for funcionário público e subtrair ou concorrer para que seja
subtraído o dinheiro, valor ou bem (que se encontra em poder da administração
pública), em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário, responde por peculato-furto (CP, art. 312, § 1°). O particular
que concorrer com o funcionário público, sabendo dessa qualidade, também responde
por peculato-furto. Caso a desconheça, responderá por furto e o funcionário por
peculato-furto.
2.1.5. CONSUMAÇÃO
eficaz passam a ser incabíveis, uma vez que, ao terminar a fase executória (com
inversão da posse), o crime estará consumado.
2.1.6. TENTATIVA. É admissível. Para o STF e STJ, ocorre quando o agente não
consegue, por circunstâncias alheias à sua vontade, obter a posse da coisa, mesmo que
por curto espaço de tempo.
A mera remoção do obstáculo, sem que ele sofra qualquer dano, não
qualifica o furto. Ex.: desparafusar janela ou porta, desligar o interruptor do alarme
sonoro, extrair o dispositivo antifurto de uma roupa dentro da loja sem danificá-lo etc.
Por isso é que se diz que nesta qualificadora a vítima sofre dois prejuízos financeiros: o
valor do bem furtado e o do obstáculo danificado. Existem, aliás, muitos casos em que o
conserto da porta quebrada ou do cofre destruído custa mais do que o bem furtado.
ausência de vestígios, quando a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta (arts. 158 e
167 do CPP).
entendimento que a mera relação de emprego não basta para criar o vínculo de
confiança, que surge com o tempo.
2.1.11.4 ESCALADA
2.1.11.5. DESTREZA
São os furtos nos quais são exigidas a presença de, no mínimo, duas
pessoas. Parte da doutrina sustenta que somente incide a qualificadora se os agentes
concorrerem na fase executória. A justificativa seria que o crime deve ser cometido
mediante o concurso de duas ou mais pessoas. A razão da maior reprovabilidade seria
justamente a eficiência e facilidade na fase executória. Em sentido contrário,
dispensando a presença dos agentes no local da execução do crime: Fragoso, Damásio e
Capez.
2.2 ROUBO
ART. 157, CP. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado)
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de
uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º. Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
2.2.4. SUJEITOS
2.2.4.1. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo de roubo,
salvo o proprietário.
SÚMULA Nº. 582, STJ. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
2.3. EXTORSÃO
ART. 158, CP. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º. Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior.
§ 3º. Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
2.3.4. SUJEITOS
2.3.4.1. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo de
extorsão.
2.3.4.2. SUJEITO PASSIVO: são vítimas do crime de extorsão são aquelas que sofrem
o constrangimento mediante a violência ou grave ameaça.
ART. 159, CP. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º. Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º. Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º. Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
2.4.4. SUJEITOS
2.4.4.1. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo de
extorsão mediante sequestro.
2.4.4.2. SUJEITO PASSIVO: são vítimas do crime de extorsão são aquelas que sofrem
privação de sua liberdade com o intuito de que sua soltura resulte do pagamento de um
resgate.
ART. 160, CP. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Alteração de limites
ART. 161, CP. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal
indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso
de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
possessório.
§ 2º. Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º. Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente
se procede mediante queixa.
Supressão ou alteração de marca em animais
Admite-se a tentativa.
As águas são parte do solo (art. 79 do Código Civil), por essa razão são
equiparadas a bens imóveis.
Admite-se a tentativa.
Para que haja a configuração do crime, não basta que ocorra a supressão
ou a alteração, sendo necessário que essa supressão ou alteração da marca seja indevida.
2.7. DO DANO
Pode ser coisa móvel ou imóvel, desde que tenha dono. A res nullius
(coisa que nunca teve dono) e a res derelicta (coisa abandonada) não podem ser objeto
de crime da dano, pois não podem ser tidas como coisa alheia. Quem as danifica não
comete ilícito penal. Já a coisa perdida (res deperdicta) tem dono, e quem dolosamente
a danifica ao encontrá-la comete crime de dano.
propriedade de outrem. A segunda é omissiva, em que o sujeito não retira o animal que,
por si só, entrou em terras alheias, quando estava ciente disso e poderia ter efetuado a
retirada.
O sujeito ativo qualquer pessoa que não tenha relação jurídica com a
propriedade e com o animal ao mesmo tempo.
entretanto, que o bem, antes de ser entregue ao agente, estivesse na legítima posse de
outra pessoa, hipótese em que está também será vítima.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que tenha a posse ou detenção
lícita de uma coisa alheia.