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TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
INVERSÃO DA POSSE
Supremo Tribunal Federal (STF) adotou teoria que considera consumado o furto quando a coisa
furtada passa para o poder de quem a furtou, ainda que seja possível para a vítima retomá-lo, por
ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata.
O ministro explicou que esse entendimento é pacificado também nos tribunais superiores, que
consideram “consumado o delito de furto, assim como o de roubo, no momento em que o agente se torna
possuidor da coisa subtraída, ainda que por breves instantes, sendo desnecessária a posse mansa e
pacífica ou desvigiada do bem, obstada, muitas vezes, pela imediata perseguição policial”.
STJ = (REsp 1.524.450) tratou do crime de furto. Sob relatoria do ministro Nefi Cordeiro, foi
definida a seguinte tese: “consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda
que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada”.
CRIME DE FURTO
Aspectos importantes:
STJ
“(...) O entendimento consagrado neste eg. Superior Tribunal de Justiça é de que não há
incompatibilidade entre o furto qualificado e a causa de aumento relativa ao seu cometimento no
período noturno. A jurisprudência deste eg. Tribunal Superior é firme no sentido de que as normas que
estabelecem as qualificadoras do furto e a causa de aumento do repouso noturno são harmonizáveis,
haja vista que o legislador tanto nas qualificadoras objetivas (§ 4º do art. 155 do Código Penal) como na
referida causa de aumento apreciou e revalorou o desvalor da ação do agente, e não fez uma análise sob
a ótica do desvalor do resultado. Impende registrar que a causa de aumento de pena em comento, assim
como as demais majorantes previstas no Código Penal e na legislação esparsa, nada mais são do que
circunstâncias especiais erigidas pelo legislador infraconstitucional como de maior gravidade. Nesse
contexto, a inserção na derradeira etapa da dosimetria apenas serve para cristalizar a maior reprovação
da conduta, tendo em mente a existência de um procedimento sancionatório lógico, gradativo e
escalonado. Precedentes: STJ e STF." HC 509594/SP
STF
“1. Não convence a tese de que a majorante do repouso noturno seria incompatível com a forma
qualificada do furto (..). 2. Se assim fosse, também estaria obstado, pela concepção topográfica do
Código Penal, o reconhecimento do instituto do privilégio (CP, art. 155, § 2º) no furto qualificado (CP, art.
155, § 4º) -, como se sabe, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a compatibilidade desses
dois institutos. 3. Inexistindo vedação legal e contradição lógica, nada obsta a convivência
harmônica entre a causa de aumento de pena do repouso noturno (CP, art. 155, § 1º) e as
qualificadoras do furto (CP, art. 155, § 4º) quando perfeitamente compatíveis com a situação
fática.” HC 130952/MG
Decisão proferida pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça no AgRg no REsp
1582497/MG, julgado em 15/08/2017 (leia a íntegra do acórdão).
Confira a ementa:
1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo
e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
a) contrectatio: a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia, dispensando o
deslocamento;
b) amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse
mansa e pacífica;
c) ablatio: a consumação ocorre quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue deslocá-la
de um lugar para outro;
d) ilatio: para ocorrer a consumação, a coisa deve ser levada ao local desejado pelo ladrão para ser
mantida a salvo.
2) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que possam ser considerados delitos
do mesmo gênero, não são da mesma espécie.
Atualmente, o STJ se orienta no sentido de que devem ser considerados da mesma espécie os delitos
que protegem o mesmo bem jurídico (AgRg no REsp 1.562.088/MG, j. 16/10/2018). Não obstante seja o
caso do furto e do roubo – pois tutelam ambos o patrimônio –, não é possível, ainda assim, reconhecer a
continuidade delitiva porque, para isso, é imprescindível a semelhança no modus operandi de que lança
mão o criminoso no cometimento das várias infrações penais. Se os delitos diferem muito um do outro na
forma de cometimento – como se diferem o furto e o roubo, no qual se emprega violência ou ameaça –,
ainda que sejam da mesma espécie não é possível aplicar o benefício da continuidade.
Segundo a doutrina, para qualificar o crime furto o rompimento de obstáculo há de ser exterior à coisa
subtraída. Se a violência é exercida contra o próprio objeto visado, não incide a qualificadora. Seguindo
essa lição, temos que o rompimento do vidro do veículo para subtraí-lo constitui violência contra a própria
coisa objeto da subtração, razão pela qual não se qualifica o furto. Daí surge a inevitável indagação: se
destruir o vidro não qualifica o delito quando a coisa visada é o próprio veículo, qualifica no caso
de se visar à subtração do aparelho de som, por exemplo? Segundo o STJ, sim:
“Pretensão desclassificatória da conduta qualificada para o tipo básico. Cumpre esclarecer que
jurisprudência do Tribunal da Cidadania é no sentido de que é “de rigor a incidência da qualificadora
do inciso I do § 4º do art. 155 do CP quando o agente, visando subtrair aparelho sonoro localizado
no interior do veículo, quebra o vidro da janela do automóvel para atingir o seu intento , primeiro
porque este obstáculo dificultava a ação do autor, segundo porque o vidro não é parte integrante da res
furtiva visada, no caso, o som automotivo” (EREsp n. 1.079.847/SP, Terceira Seção, Rel. Min. Jorge
Mussi, DJe de 05/09/2013). Precedentes” (HC 509.594/SP, j. 06/06/2019).
4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são abrangidos pelo conceito
de chave falsa, incluindo as mixas.
O furto é qualificado quando utilizada na sua execução chave falsa. Segundo ensina Damásio de Jesus,
chave falsa “é todo o instrumento, com ou sem forma de chave, destinado a abrir fechaduras. Ex.:
gazuas, grampos, pregos, arame etc.” (Direito penal: parte especial. São Paulo: Saraiva, v. 2, p. 329). É o
mesmo que tem decidido o STJ:
“No que se refere ao furto qualificado pelo emprego de chave falsa, a jurisprudência desta Corte tem se
manifestado no sentido de “o conceito de chave falsa abrange todo o instrumento, com ou sem forma de
chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura, incluindo mixas” (HC n. 101.495/MG, Rel. Min.
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 25/8/2008). Entendendo o Tribunal de origem que o crime foi
cometido com o uso de chave mixa, impossível o afastamento da qualificadora” (HC 200.126/SP, j.
28/04/2015).
O crime de furto é privilegiado se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada. Nesse
caso, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa (art. 155, § 2º, do CP).
Mas a orientação se modificou. Os tribunais passaram a admitir a combinação dos parágrafos (STF:
RHC 115.225/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 16/04/2013). O STJ editou a súmula nº 511
exatamente no sentido de que o privilégio se aplica ao furto qualificado “se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”. Nota-se que o
enunciado destaca a aplicação do privilégio somente diante de qualificadoras objetivas. A ressalva foi
feita porque, de acordo com a jurisprudência do tribunal, o abuso de confiança e a fraude têm natureza
subjetiva (neste sentido: HC 200895/RJ, DJe 27/05/2013; HC 462.322/SC, j. 27/11/2018).
6) A prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, rompimento de obstáculo ou concurso de
agentes indica a reprovabilidade do comportamento do réu, sendo inaplicável o princípio da
insignificância.
No geral, o princípio da insignificância tem sido admitido em furtos cometidos sem o emprego de meios
que por si tornam o fato mais grave e por indivíduos que não fazem da ação criminosa um meio de vida.
Esses requisitos obrigam a uma análise abrangente das circunstâncias em que ocorre o crime. Não
obstante o valor irrisório do objeto subtraído no furto, há fatores que podem confirmar a tipicidade
material, como o rompimento de obstáculo, a escalada, a fraude e o concurso de agentes. Além disso, no
caso de quem comete reiterados crimes, ainda que os prejuízos individualmente considerados sejam
reduzidos, não é socialmente adequado que a Justiça criminal ignore o todo e acabe incentivando a
reiteração delitiva.
A jurisprudência dos tribunais superiores era amplamente refratária à insignificância quando incidente
alguma das qualificadoras do furto, que tornam consideravelmente mais grave o crime (tanto que dobram
a pena). Ultimamente, no entanto, tem havido certa mitigação baseada na análise das circunstâncias
concretas das condutas criminosas. Em resumo, a regra é de que a presença das qualificadoras impede a
insignificância, mas, em situações excepcionais, ainda assim a tipicidade pode ser afastada:
“[…] 3. Malgrado o pequeno valor da res furtiva, tendo o delito sido praticado mediante escalada e durante
o repouso noturno, resta demonstrada maior reprovabilidade da conduta, o que obsta a aplicação do
Princípio da Insignificância. Precedentes. 4. A Quinta Turma reconhece que o princípio da insignificância
não tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente, quando
demonstrado ser tal medida recomendável diante das circunstâncias concretas […]” (STJ – HC
605.552/SP, j. 06/10/2020).
“[…] 3. O princípio da insignificância é verdadeiro benefício na esfera penal, razão pela qual não há
como deixar de se analisar o passado criminoso do agente, sob pena de se instigar a multiplicação de
pequenos crimes pelo mesmo autor, os quais se tornariam inatingíveis pelo ordenamento penal.
Imprescindível, no caso concreto, porquanto, de plano, aquele que é contumaz na prática de crimes não
faz jus a benesses jurídicas. 4. Na espécie, a conduta é referente a um furto qualificado pelo concurso
de agentes de produtos alimentícios avaliados em R$ 62,29. 5. Assim, muito embora a presença da
qualificadora possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a
análise conjunta das circunstâncias demonstra a ausência de lesividade do fato imputado,
recomendando a aplicação do princípio da insignificância […]” (STJ – HC 553.872/SP, j. 11/02/2020).
7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do crime o seu meio de
vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor.
Como já destacamos nos comentários à tese anterior, o prejuízo reduzido não é suficiente para a
incidência do princípio da insignificância. Um dos fatores determinantes na análise do benefício é a vida
pretérita do agente. Tratando-se de alguém que faz do crime um meio de vida, não se pode dar por
insignificante a conduta:
8) Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é indiferente que o bem furtado tenha sido
restituído à vítima, pois o critério legal para o reconhecimento do privilégio é somente o pequeno valor da
coisa subtraída.
O furto é privilegiado (art. 155, § 2º, CP) se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada.
A análise do requisito objetivo não é baseada na eventual restituição ou na reparação do dano, mas sim
no valor mesmo do objeto:
“A aplicação do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código Penal exige a conjugação de dois
requisitos objetivos, quais sejam, a primariedade do réu e o pequeno valor da coisa furtada, que, na linha
do entendimento pacífico desta Corte Superior de Justiça, deve ter como parâmetro o valor do salário
mínimo vigente à época dos fatos, sendo indiferente que o bem seja restituído à vítima. Precedentes.
Hipótese em que as instâncias ordinárias assentaram que o bem subtraído possuía valor estimado de R$
2.000,00, montante superior ao valor do salário mínimo à época dos fatos (R$ 954,00), motivo pelo qual é
inviável o reconhecimento da forma privilegiada” (AgRg no HC 583.651/SC, j. 23/06/2020).
9) Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção entre valor insignificante
e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode caracterizar o furto privilegiado.
No furto, o pequeno valor do objeto subtraído (requisito do furto privilegiado) não se confunde com o
prejuízo insignificante, que, se presente, exclui a tipicidade material:
“1. O princípio da insignificância jamais pode surgir como elemento gerador de impunidade, mormente em
se tratando de crime contra o patrimônio, pouco importando se o valor da res furtiva seja de pequena
monta, até porque não se pode confundir bem de pequeno valor com o de valor insignificante ou irrisório,
já que para aquela primeira situação existe o privilégio insculpido no § 2º do artigo 155 do Código Penal.
2. Para a verificação da lesividade mínima da conduta, apta a torná-la atípica, deve-se levar em
consideração a mínima ofensividade da conduta do agente; a ausência de periculosidade social da ação;
o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
3. A aplicação do princípio da insignificância demanda o exame do preenchimento de certos requisitos
objetivos e subjetivos, traduzidos no reduzido valor do bem tutelado e na favorabilidade das
circunstâncias em que foi cometido o fato criminoso e de suas consequências jurídicas e sociais. 4. Caso
em que se verifica se tratar de situação que atrai a incidência excepcional do princípio da insignificância,
consideradas a primariedade do réu e as circunstâncias em que o delito ocorreu (tentativa de furto
simples de tubos de desodorante contra estabelecimento comercial), o valor reduzido da res furtiva e a
natureza do bem subtraído. 5. Agravo regimental desprovido” (AgRg no AgRg no REsp 1.705.182/RJ, j.
28/05/2019).
10) É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
No crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, a pena cominada varia de dois a oito anos de
reclusão. No roubo majorado, a mesma circunstância faz aumentar de um terço a metade a pena de
quatro a dez anos de reclusão.
Nota-se a desproporcionalidade criada pelo legislador, que qualifica a pena do crime de furto, no caso de
concurso de agentes, de forma mais drástica do que a do roubo, em idêntica situação fática. No furto,
dobra-se a reprimenda básica, que passa de 1 a 4 anos para 2 a 8 anos; no roubo (crime mais grave),
aumenta-se a pena de 1/3 a 1/2. Diante desse quadro, alguns, por questão de equidade, desconsideram
a qualificadora do furto e aplicam a fração de aumento existente no roubo, isto é, no caso de furto
qualificado pelo concurso de agentes, em vez de dobrar a pena básica, preferem aumentá-la de 1/3 a 1/2.
Em que pese o esforço de justiça, os tribunais têm negado o contorcionismo. O STJ, inclusive, editou a
súmula nº 442, que tem exatamente a mesma redação desta tese.
11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da primariedade do réu, o valor do bem
subtraído não deve exceder à importância correspondente ao salário mínimo vigente à época dos
fatos.
O art. 155, § 2º, do CP dispõe que o furto é privilegiado se o bem subtraído é de pequeno valor. A lei,
contudo, não define o que se entende por “pequeno valor”. A orientação dominante é de que o objeto
furtado não pode ter valor superior ao salário mínimo vigente no momento do crime:
“Em relação à figura do furto privilegiado, o art. 155, § 2º, do Código Penal impõe a aplicação do benefício
penal na hipótese de adimplemento dos requisitos legais da primariedade e do pequeno valor do bem
furtado, assim considerado aquele inferior ao salário mínimo ao tempo do fato. Trata-se, em verdade, de
direito subjetivo do réu, não configurando mera faculdade do julgador a sua concessão, embora o
dispositivo legal empregue o verbo ‘poder’” (HC 583.023/SC, j. 04/08/2020).
12) O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo – previstas no art. 155,
§ 4º, I e II, do CP – exige a realização do exame pericial, salvo nas hipóteses de inexistência ou
desaparecimento de vestígios, ou ainda se as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do
laudo.
Quando perpetrado o furto pela destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio
de escalada, ordena o legislador, para a comprovação da qualificadora, a realização de exame de corpo
de delito. É o que dispõe o art. 171 do CPP: “Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios,
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado”.
Em que pese ser peremptório, o dispositivo deve ser interpretado em consonância com o disposto no art.
167 do CPP, segundo o qual, “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”. Suponha-se que uma
residência tenha sido furtada por meio do arrombamento de uma porta. Quando os peritos se dirigem ao
local, horas depois, o fecho já está reparado, pois o ofendido não poderia permitir que sua residência
permanecesse vulnerável. Nesse caso, porque desapareceram os vestígios, é possível a elaboração do
exame de corpo de delito indireto e a formação da prova por outros meios:
“1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que a incidência das
qualificadoras previstas no art. 155, § 4º, inciso I e II, do Código Penal exige exame pericial para a
comprovação do rompimento de obstáculo e da escalada, somente admitindo-se prova indireta quando
justificada a impossibilidade de realização do laudo direto.Nesse sentido: AgRg no REsp 1.513.004/RS,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 1º/10/2015, DJe
7/10/2015; AgRg no HC 300.808/TO, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado
em 17/3/2015, DJe 26/3/2015. 2. No caso, considerando o decurso de prazo entre o fato delitivo e o
exame, foi confeccionada perícia indireta dos vestígios no local do crime, na qual foi atestado que a janela
do alçapão da obra estava parcialmente danificada e que o cadeado estava no chão totalmente destruído,
o que implicou reconhecimento do arrombamento, além de ter sido constado que a escalada seria a única
maneira de ingressar no imóvel. Importa destacar, ainda, que a perícia restou assinada por dois peritos. 3
Além do auto de constatação, a incidência das qualificadoras foi reconhecida com fundamento em
testemunhos e pela confissão do réu – que admitiu durante o inquérito e em juízo ter arrombado
parcialmente uma janela e quebrado um cadeado, além de ter escalado o muro do imóvel -, elementos
probantes admitidos pela jurisprudência desta Corte Superior para a incidência do inciso art. 155, § 4º, I e
II, do Código Penal. 4. Agravo regimental desprovido” (AgRg no HC 573.801/MS, j. 18/08/2020).
“1. ‘Estando devidamente demonstrada a existência de provas referentes à utilização da escalada para
realizar o furto, por meio de filmagem, fotos e testemunhos, ainda que não tenha sido realizado exame de
corpo de delito – o qual pode ser suprido pela prova testemunhal, nos termos do que disciplina o art. 167
do Código de Processo Penal -, não há se falar em violação ao art. 155, § 4º, inciso II, do Código Penal,
encontrando-se, dessarte, legalmente comprovada a materialidade. Não pode o processo penal andar em
descompasso com a realidade, desconsiderando-se elementos de prova mais modernos e reiteradamente
usados’ (REsp n. 1.392.386/RS, relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado
em 3/9/2013, DJe 9/9/2013). 2. No caso dos autos, consta do acórdão recorrido que o delito foi registrado
por meio de gravação audiovisual, corroborada pelo depoimento da vítima em juízo, bem como pelo
relatório de investigação. Desse modo, não há que se falar no decote da qualificadora referente ao
rompimento de obstáculo. 3. Agravo regimental desprovido” (AgRg no HC 601.270/SC, j. 20/10/2020).
13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um dos benefícios do § 2º do art. 155 do CP
exige expressa fundamentação por parte do magistrado.
Se caracterizado o furto privilegiado – de cujos requisitos já tratamos –, o juiz deve optar por substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa.
Não se trata, todavia, de pura discricionariedade. Ao optar por uma das soluções possíveis, o juiz deve
justificá-la conforme as circunstâncias do caso concreto, observando a suficiência e a adequação da
pena:
“1. Quando o Magistrado reconhece a figura do furto privilegiado, deve declinar as suas razões para optar
por quaisquer dos privilégios constantes no § 2.º do art. 155 do Código Penal. A inobservância dessa
regra ofende o preceito contido no art. 93, inciso IX, da Constituição da República. 2. No caso, as
instâncias ordinárias justificaram a opção por um dos benefícios previstos no § 2.º do art. 155 do Código
Penal a partir das circunstâncias do caso concreto – considerando que “a pena pecuniária, na hipótese,
não poderá ser arcada pelo acusado, diante de sua condição de hipossuficiente” –, em atendimento ao
preceito contido no art. 93, inciso IX, da Constituição da República, de modo que não há constrangimento
ilegal a ser sanado. 3. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, “Não merece reparo
o acórdão recorrido que, aplicando o privilégio estabelecido no § 2º do art. 155 do CP, e visando o caráter
retributivo da pena, que não seria alcançado caso fosse aplicada a pena de multa, reduziu a sanção
reclusiva imposta, justificando que a pena pecuniária, na hipótese, não poderia ser arcada pelo réu, diante
de sua falta de condições financeiras” (AgRg no REsp 1.781.675/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 01/03/2019). 4. Conforme orientação
jurisprudencial desta Corte, “[s]e ao tipo penal é cominada pena de multa cumulativa com a pena privativa
de liberdade substituída, não se mostra socialmente recomendável a aplicação da multa substitutiva
prevista no art. 44, §2º, 2ª parte do Código Penal” (AgRg no HC 415.618/SC, Rel. Ministro JORGE
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 04/06/2018). 5. Agravo regimental desprovido”
(AgRg no HC 582.516/SC, j. 23/06/2020).
14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada insignificante quando o
valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos.
Como vimos nos comentários à tese nº 9, é necessário diferenciar, no furto, o objeto de pequeno valor do
objeto de valor insignificante. É considerado de pequeno valor o bem avaliado em algo próximo do salário
mínimo vigente no momento do crime. Para que o furto seja considerado insignificante, convencionou-se
que o valor do objeto subtraído não pode ultrapassar 10% (dez por cento) do salário mínimo:
“Na hipótese, tendo em vista o valor da res furtivae, avaliada em R$ 107,67, portanto, superior a 10% do
salário-mínimo à época do fato, em 2019, que correspondia a R$ 998,00, resta superado o critério
adotado pela jurisprudência e, ausente, pois, o requisito da inexpressividade da lesão ao bem jurídico.
Tais circunstâncias, decerto, obstam o reconhecimento da atipicidade material” (AgRg no HC 626.351/SC,
j. 15/12/2020).
15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de concessão do privilégio
(artigo 155, § 2º, do CP) ou do reconhecimento da insignificância é a soma dos bens subtraídos.
Na continuidade delitiva, a série de crimes cometidos nas mesmas circunstâncias de tempo, local e modo
de execução é considerada como crime único para os efeitos da aplicação da pena. Nessas
circunstâncias, o furto só é considerado de pequeno valor se, somados, os objetos subtraídos não
ultrapassam o valor do salário mínimo vigente à época das condutas criminosas. Da mesma forma, o furto
só pode ser insignificante se o resultado da soma de todos os objetos permanecer no limite de 10% (dez
por cento) do salário mínimo:
FURTO DE ENERGIA
A energia é tida como bem móvel, segundo o Código Civil (art. 83, I), assim, pode ser objeto do delito de
furto, pois o § 3º do art. 155 do CP, estipula que “equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico” e também pode ser objeto de delito de estelionato (art.
171 do CP).
Existe uma proximidade entre os dois delitos quando estamos diante do furto mediante fraude (figura
qualificada prevista no art. 155, § 4º, II) e o estelionato (art. 171 do CP), que tem na fraude, sua
elementar.
Para diferenciar os delitos, todavia, os tribunais e a doutrina imprimiram as seguintes distinções: no furto
qualificado mediante fraude, o agente subtrai a coisa com discordância expressa ou presumida da vítima,
sendo a fraude utilizada como meio para retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima. Subtrai-se a
coisa sem a participação ativa alguma da vítima. No estelionato, por sua vez, o autor obtém o bem
através de transferência empreendida pelo próprio ofendido por ter sido induzido em erro. A própria vítima
entrega a coisa – ver nessa linha: AgRg no REsp 1279802/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma,
julgado em 08/05/2012, DJe 15/05/2012 e AREsp 1418119/DF, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta
Turma, julgado em 07/05/2019, DJe 13/05/2019.
Esse é o ponto central e diferenciador dos crimes: no furto mediante fraude a coisa é retirada da vítima
sem a sua anuência. No estelionato, ao seu turno, a própria vítima induzida pela fraude entrega o bem. É
a atuação de vítima que distingue os delitos.
Segundo Guilherme de Souza Nucci (Código Penal Comentado. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p 958) eis
a polêmica estabelecida no caso concreto, provocando variadas posições na jurisprudência. O cerne da
questão diz respeito ao modo de atuação da vítima, diante do engodo programado pelo agente. Se este
consegue convencer o ofendido, fazendo-o incidir em erro, a entregar, voluntariamente, o que lhe
pertence, trata-se de estelionato; porém, se o autor, em razão do quadro enganoso, ludibria a vigilância
da vítima, retirando-lhe o bem, trata-se de furto com fraude. No estelionato, a vítima entrega o bem ao
agente, acreditando fazer o melhor para si; no furto com fraude, o ofendido não dispõe de seu bem,
podendo até entregá-lo, momentaneamente, ao autor do delito, mas pensando em tê-lo de volta.
A fraude do furto tem por finalidade reduzir a vigilância da vítima para que ela não compreenda que está
sendo desapossada. No estelionato, a fraude visa fazer a vítima incidir em erro para que ela, vítima,
entregue o bem de forma espontânea ao agente – vide sobre o tema: AgRg no CC 74.225/SP, Rel.
Ministra Jane Silva (Desembargadora Convocada do TJMG), Terceira Seção, julgado em 25/06/2008, DJe
04/08/2008.
Segundo Celso Delmanto, Roberto Delmanto, Roberto Delmanto Junior e Fabio Almeida
Delmanto (Código Penal comentado. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 564), o furto praticado mediante fraude
não se confunde com o crime de estelionato. No primeiro tipo (CP, art. 155, § 4º, II, segunda figura), a
fraude é empregada para iludir a atenção ou vigilância do ofendido, que nem percebe que a coisa lhe está
sendo subtraída. No estelionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é a causa de
sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento.
No caso de fraude envolvendo de energia elétrica, temos o seguinte cenário: se ocorre o desvio de
energia (com ligação direta para a residência sem passar pelo medidor; ligação poste-casa) o crime é de
furto mediante fraude (é o denominado “gato”). Todavia, se o agente faz com que a energia chegue, mas
com quantitativo menor, viciando o aparelho medidor, estamos diante de estelionato.
Em termos mais comuns: na primeira situação a fraude é utilizada para retirar/subtrair a energia da
concessionária (leigamente se diria que o medidor ficaria sem funcionar). Na segunda hipótese, a
concessionária ludibriada entrega a energia, mas em menor quantidade (aqui, o medidor gira, todavia, em
menor rotação que a correta).
Essa linha de raciocínio, envolvendo desvio de água, foi trazida pelo STJ no AgRg no AREsp
1373228/SP, DJe 05/04/2019, quando se disse que “configura o crime de furto qualificado pela fraude
(art. 155, § 4º, II, do Código Penal) a conduta consistente no furto de água praticado mediante ligação
clandestina que permitia que a água fornecida pela CAESB fluísse livremente, sem passar pelo medidor
de consumo.”
No caso da energia elétrica, o crime de furto poderá ocorrer, por exemplo, quando se instala ou se
retira fiação diretamente do poste de energia para a moradia ou comércio, sem passar por
qualquer medidor; desvia-se a corrente elétrica, portanto, em momento anterior ao repasse no
medidor, como se vê comumente em ligações clandestinas. Deve-se advertir que se a energia for
desviada em momento posterior ao medidor oficial, empregando-se algum dispositivo para viciá-
lo, o crime será de estelionato (art. 171 do CP) – ESTEFAM, André. Direito Penal: parte especial.
São Paulo: Saraiva, 2018, p. 393.
No “gato” ocorre o desvio da energia elétrica antes, sem que ela passe do registro/medidor, com
subtração da energia (ligação direta do poste para a residência), a incidir, portanto, a figura do furto
mediante fraude. No furto mediante fraude há subtração e inversão da posse do bem.
No delito de estelionato, por sua vez, ocorre a adulteração no medidor de energia elétrica, de
modo a registrar menos consumo do que o real, fraudando a empresa fornecedora (HC 67.829/SP,
DJ 10/09/2007). O agente usa de artifício (finge uma situação de normalidade) para provocar um
resultado de consumo a menor, para que o medidor não marque corretamente.
Essa distinção foi realizada, por exemplo, no AREsp 1418119/DF, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik,
Quinta Turma, julgado em 07/05/2019, quando o STJ considerou que, no caso concreto, houve
alteração (adulteração) no medidor de energia elétrica com redução do consumo de energia,
induzindo a erro a companhia elétrica, o que configurou estelionato.
FURTO PRIVILEGIADO
BENEFÍCIOS:
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
Preleciona Capez (2016, p. 444), “trata-se de violência empregada contra obstáculo que
dificulte a subtração da coisa. Destruir significa desfazer. Romper significa abrir. O emprego de violência
contra a pessoa configura crime de roubo.”.
Mas a violência deve ser sempre direcionada à coisa. Se atingir uma pessoa, estará delineado
crime mais grave: roubo (CP, art. 157).
Mediante fraude: é o ardil, artificio, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir
a vigilância da vítima e realizar a subtração (CAPEZ, 2016).
Segundo Masson (2019, p. 332), “fraude é o artifício ou ardil, isto é, o meio enganoso
utilizado pelo agente para diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro (exemplo: segurança de um
supermercado) sobre um bem móvel, permitindo ou facilitando sua subtração.”
Mediante escalada: é o acesso a um lugar, residência etc., por via anormal. Há aqui o uso de
instrumentos para adentrar no local, como, por exemplo, escada, corda, ou então o agente é obrigado a
empregar um esforço incomum (CAPEZ, 2016).
Destreza: é a especial habilidade física ou manual que permite ao agente retirar bens em
poder direto da vítima sem que ela perceba a subtração (MASSON, 2019). A VÍTIMA NÃO PERCEBE
QUE ESTÁ TENDO SEU BEM RETIRADO.
A qualificadora da destreza não incide quando o ladrão é surpreendido pela vítima, desde que
isso ocorra por inabilidade sua, por atuar de modo desastrado. Contudo, persiste a qualificadora se a
descoberta é casual, sem nenhum vínculo com a ação praticada pelo agente, como acontece quando o
punguista é preso logo em seguida tão somente porque dele se suspeitara.
Chave falsa é qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, de que se vale o agente para
fazer funcionar, no lugar da chave verdadeira (utilizada por quem de direito), o mecanismo de uma
fechadura ou dispositivo semelhante, permitido ou facilitando a subtração do bem (MASSON, 2019).
Ensina Luiz Régis Prado (2014, p. 883), “qualifica-se também o delito de furto quando o agente
se utiliza de instrumento falso, com ou sem a forma de chave, para fazer funcionar o mecanismo de uma
fechadura ou dispositivo análogo, possibilitando ou facilitando a execução do furto”.
O furto qualificado nada mais é que a subtração, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel,
mediante "particularidades que representem maior gravidade na violação do patrimônio alheio,
produzindo maior alarma social, tornando a conduta mais censurável, e por isso mesmo, merecedora de
maior punibilidade, quer pelo maior desvalor da ação, quer pelo maior desvalor do resultado" [01]. No caso,
será tratado o crime de furto qualificado pelo emprego de chave falsa.
Assim, "qualifica-se também o delito de furto quando o agente se utiliza de instrumento falso,
com ou sem a forma de chave para fazer funcionar o mecanismo de uma fechadura ou dispositivo
análogo, possibilitando ou facilitando a execução do furto" [02]. Em outras palavras, ante a particularidade
do uso de uma chave falsa, seja qual for sua forma, o delito de furto é qualificado, diante do modus
operandi utilizado que facilitou a prática do crime.
Por chave falsa entende-se qualquer instrumento – que não o verdadeiro – utilizado para abrir
fechaduras. Desnecessário ter o formato característico de chave, bastando que faças as vezes desta.
Nelson Hungria considera a chave falsa "a) a chave imitada da verdadeira; b) a chave diversa da
verdadeira, mas alterada de modo a poder abrir a fechadura; c) a gazua, isto é, qualquer dispositivo
(gancho, grampo, chave de feitio especial) usualmente empregado pelos gatunos, para abertura de tal
ou qualquer espécie de fechadura ou de fechaduras em geral" [03].
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente
a detém, a coisa comum:
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.
DO CRIME DE ROUBO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
ou para terceiro.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA / MAJORANTE
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654,
de 2018)
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito
ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (ARMA DE USO RESTRITO OU PROIBIDO +DOBRO)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)
LATROCÍNIO
DO CRIME DE EXTORSÃO
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
ARTIGO DO CRIME
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
ARMA
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de
um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
FORMA QUALIFICADA
SE SURGIR UMA LEI MAIS GRAVE ENQUANTO A VÍTIMA ESTIVER NO CÁRCERE = SERÁ
APLICADA A LEI MAIS GRAVE
SÚMULA 711 DO STF = A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. A lei penal mais grave
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de
2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que
pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Usurpação de águas
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas
pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo
de propriedade:
CAPÍTULO IV
DO DANO
Dano
Dano qualificado
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de
valor artístico, arqueológico ou histórico:
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:
Ação penal
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.
CAPÍTULO V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Requisitos:
1. A vítima faz a entrega voluntária do bem (assim o agente terá a posse ou detenção
legítima da coisa móvel)
3. O vontade voluntária do agente de passar agir como proprietário da coisa (animus rem
sibi habendi)
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Aumento de pena
I - em depósito necessário;
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que
tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
natureza:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem
direito o proprietário do prédio;
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.
DO CRIME DE ESTELIONATO
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
AÇÃO PENAL:
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. (Vide Lei
nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme
o disposto no art. 155, § 2º.
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia
pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou
agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.
Fraude eletrônica
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso,
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou
vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
2021)
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do
Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor,
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de
produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Induzimento à especulação
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade
mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias,
sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Fraude no comércio
Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem
dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação
ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia
popular.
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei
nº 1.521, de 1951)
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer,
balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas
da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de
terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas,
salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução
ações da própria sociedade;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço
falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue
a aprovação de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica
os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de
obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal:
Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando
dívidas:
DO CRIME DE RECEPTAÇÃO
CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO
Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela
Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço,
ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela
Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que
proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com
a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº
13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de
2016)
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é
cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça
ou violência à pessoa;
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)