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Edna Lopes Brandão Vilas Boas (1); Rute Coutinho Silva (2); Thais Aparecida da Silva Alves
(3); Vanessa Pereira da Silva (4); Yuri Rodrigues Costa (5); Matheus Leoni Martins do Nascimento
(6) e Sirlane Gomes Ferreira (7).
AV. Castanheira, Lote 3.700, Águas Claras - Brasília-DF, CEP 71.900-100, térreo Bloco D.
Resumo
Nenhum material possui durabilidade “ilimitada”, pois suas propriedades variam em decorrência da interação
da sua estrutura, mais especificamente, da sua microestrutura com o meio ambiente. O concreto, por sua
vez, é um dos materiais de construção mais versáteis e duráveis, tornando-o o segundo material de
construção mais utilizado no mundo, pois, possui muitas vantagens, que não são apenas econômicas, mas
também mecânicas. Entretanto, com o rápido crescimento e avanço no setor da construção civil, novas
técnicas de construção sendo desenvolvidas, a falta de padrões técnicos e falhas involuntárias de casos de
negligência, são cada vez mais frequentes em estruturas de concreto armado, comprometendo a qualidade
e o desempenho previsto da estrutura, gerando desempenhos abaixo do esperado e reduzindo a vida útil para
a qual as estruturas foram projetadas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho, é analisar e avaliar a situação
física da estrutura de concreto de uma edificação habitacional que compreende três pavimentos em Águas
Lindas de Goiás - GO. Para isso, foi aplicada a metodologia GDE/UnB, para avaliação quantitativa do grau
de deterioração de estruturas de concreto, onde visa dar criticidade as peças estruturais de uma edificação,
de modo que o conjunto comprovativo elaborado contribua para a restauração. A abordagem desse estudo
de caso desenvolveu-se, inicialmente, mediante a consulta em acervos para conhecimento científico,
inspeção visual das anomalias da edificação in situ, evidenciando as suas principais manifestações
patológicas, sendo necessário um ensaio de carbonatação para agregar informações no diagnóstico. Como
conclusão da avaliação da situação física da estrutura, observa-se que o método é adequado para determinar
a criticidade das estruturas e para elaborar ações plausíveis para minorar ou mesmo erradicar os problemas
em questão. Logo, foi diagnosticado, que a grande maioria dos elementos estruturais, estão em estado crítico,
sendo de alto grau de periculosidade a habitação neste edifício, o que indica que a edificação deve passar
por um processo de reparo e manutenção urgentes, para que a estrutura atenda aos requisitos mínimos de
qualidade durante a sua utilização e durante toda sua vida útil, ou na pior das hipóteses, a desocupação
imediata do imóvel. Assim sendo, a adoção de medidas apropriadas que garantam a sua qualidade e
durabilidade são fatores imprescindíveis.
Palavras-Chaves: Estrutura de concreto, Manifestações patológicas, Deterioração, Qualidade e Durabilidade.
1 Introdução
O emprego de mão de obra desqualificada aliado a falta de supervisão técnica pode ser a
principal causa de uma série de anomalias apresentadas na construção civil. E alguns tipos
de manifestações patológicas, são consequências de deficiências de projetos e execuções
e que na maioria das vezes, expõe as edificações ao não atendimento de desempenho
desejado.
Salienta-se que, tal trabalho não tem a pretensão de englobar todos os aspectos que
possuem influência significativa na durabilidade das estruturas de concreto armado, mas
sim apresentar pontos relevantes sobre a edificação habitacional observada, e a sua
validade em comparação com os casos relatados, e os subsídios para se levantar novas
perspectivas, aplicações de conhecimentos com o mesmo, sempre buscando relacionar ao
máximo as considerações de caráter tecnológico, com as de prática executiva de
acompanhamento e fiscalização técnica das edificações.
Logo, metodologia GDE/UnB, pode ser utilizada e aplicada em edificações com diferentes
tipos de estruturas, por meio de inspeções e análises, avaliando tanto os elementos
estruturais isoladamente, quanto o edifício como um todo, através dos resultados obtidos,
como base para diversos métodos de avaliação. Além do mais, pode ser utilizada como
ferramenta para gerir atividades de manutenção corretiva, permitindo indicar os elementos
que possuem falhas com maior gravidade e/ou urgência, facilitando tomada de decisão, no
âmbito técnico-financeiro das intervenções.
• Pilares;
• Vigas;
• Vigas secundárias;
• Lajes;
• Elementos de composição arquitetônica; e
• Escadas/Rampas.
2.1.2 Fator de Ponderação (Fp)
Essa metodologia, determina valores para fatores característicos, como o “fator de
ponderação” de um dano (Fp), que podem variar de 0 a 5. Sendo utilizados, para atribuir
valores aos danos causados pelas consequências patológicas, que as mesmas podem
apresentar em relação à estética, funcionalidade e estabilidade de determinado elemento
sendo eles, as lajes, pilares, vigas e etc. (FONSECA (2007)).
Mediante as Tabelas 2.1 a 2.5, em anexo, pode ser obtido os valores adotados aos danos
patológicos relativos ao desempenho funcional, estético e de segurança das famílias de
elementos mais usuais da edificação.
(Equação 1)
Onde:
Fi: Fator de intensidade do dano;
Fp: Fator de ponderação do dano.
(Equação 2)
Onde:
Gde: Grau de deterioração de um elemento estrutural;
Dmáx: Maior grau de dano no elemento;
m: Número de danos detectados no elemento; e
D(i): O grau de dano de ordem (i).
Fatores de Relevância
Famílias em Conjunto
Estrutural (Fr)
Elementos de composição arquitetônica. 1,0
Reservatório superior. 2,0
Escadas/rampas, reservatório inferior, cortinas, lajes secundárias,
3,0
juntas de dilatação.
Lajes, fundações, vigas secundárias, pilares secundários. 4,0
Vigas e pilares principais. 5,0
Tabela 3 – Fatores de Relevância Estrutural (FONSECA (2007)).
2.2.5 Grau de deterioração da estrutura (Gd)
O “grau de deterioração da estrutura” (Gd), tem uma função diferenciada dos graus de
deterioração dos elementos e das famílias de elementos. Para calcular esse termo, deve-
se levar em consideração o fator de relevância de cada família, conforme Tabela 3, e o grau
de deterioração da família, conforme equação 4.
(Equação 4)
Onde:
Gd: Grau de deterioração global da estrutura;
A edificação teve início, por volta, de 1994 e término em 1997, possui cerca de 20 anos.
Contudo, por meio de informações verificadas com os moradores, foi constatado que houve
desvio de materiais, a contratação de mão de obra desqualificada e negligência do
engenheiro responsável pela obra, ou seja, não teve o acompanhamento da execução da
obra, houve apenas a assinatura do projeto, que por sua vez, não foi seguido corretamente,
e devido a essas e outras irregularidades, resultou-se em manifestações patológicas
significantes na estrutura de concreto. Diante de tais fatos, fez-se necessário a utilização
dos documentos relativos a plantas estruturais, arquitetônicas, fundações e instalações, tal
como os diários da obra, laudos de sondagens e especificações dos materiais do período
de planejamento e execução da obra para averiguação, porém não foram encontrados pelo
proprietário do edifício.
Logo, deve-se atentar ao fato que a corrosão possua várias classificações, no caso da
corrosão de estruturas de concreto armado, para que esse processo ocorra, é necessária
a presença de alguns elementos, como por exemplo: armadura despassivada, devido à
redução do pH do concreto (carbonatação e/ou ação de cloretos); diferença de potencial na
superfície das armaduras; disponibilidade de oxigênio na armadura; e estas devem estar
ligadas eletroliticamente, através do concreto.
Devido tais critérios, fez-se necessário a utilização deste tipo de ensaio para a análise e
classificação na metodologia GDE/Unb. E ao ser realizado o ensaio, foi necessário
estabelecer algumas limitações, pois, não seria possível realizá-lo em todos os elementos
da edificação, devido a ser um método parcialmente destrutivo, havendo necessidade de
reparo do local após o ensaio, o que iria interferir na comodidade dos moradores, em
fatores econômicos, e principalmente pela presença do avançado grau de deterioração de
grande parte dos elementos da estrutura, sendo em sua maioria, os pilares do pavimento
térreo.
Desse modo, foi realizado o ensaio de carbonatação nos elementos que apresentaram
armaduras expostas, desplacamento e segregação do concreto, visando avaliar a
qualidade do concreto e a exposição, além da profundidade da carbonatação, e constatar
a redução do pH do concreto. Todos os elementos testados apresentaram alto teor de
carbonatação.
3 Resultados
Considerando os procedimentos recomendados pela metodologia GDE/UnB descritos
anteriormente, apresentam-se a seguir os resultados obtidos no caso da edificação
localizada no bairro Parque da Barragem, na cidade de Águas Lindas de Goiás-GO, foram
contatados altos níveis de deterioração e alguns dos vários tipos de anomalias que podem
afetar o desempenho e a funcionalidade da estrutura de concreto, sendo essas,
provavelmente adquiridas na execução do projeto (materiais, dosagens inadequadas e/ou
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11
mão de obra desqualificada) ou no decorrer da vida útil, causadas por ação de agentes
externos (influência de fenômenos ambientais).
Em relação aos danos mais frequentes observados, encontram-se nas lajes do térreo da
edificação, os danos decorrentes do cobrimento deficiente, com armaduras expostas em
extensões significativas; da corrosão das armaduras, acentuadas nas armaduras de
distribuição e nas armaduras positivas; e da esfoliação do concreto, com escamações de
grandes proporções, com exposição da armadura do elemento.
Assim como, os danos mais frequentes observados nos pilares do térreo, são devido aos
danos causadas, principalmente, pela carbonatação (constatada mediante a realização do
ensaio), corrosão das armaduras, fissuras e esfoliação, constatado em mais da metade dos
pilares, visto que, na maior parte desses elementos possuem fissuras inaceitáveis, devida
às forças de expansão, produto da corrosão das armaduras e a esfoliação do concreto, que
com o passar do tempo colabora a redução significativa da seção do elemento. Esses
fatores foram agravados pela ausência de camadas de acabamento, o que proporcionaria
melhor estanqueidade, visto que, o concreto é um material poroso.
4 Conclusão
Assim, mediante características específicas, para fins de aplicação da metodologia
GDE/UnB, foram apresentados os tipos de danos mais frequentes encontrados na
edificação, com estrutura de concreto armado, com uma identificação do nível de gravidade
das lesões e descrição sucinta das intensidades das manifestações, para conclusão dos
resultados apresentados.
5 Referências
ARIVABENE, A.C., Patologias em Estruturas de Concreto Armado Estudo de Caso,
Revista Especialize On-line – IPOG. Goiás, 2015.
BAUER, L.A.F., Materiais de Construção. Editora: LTC, 5a Edição, Vol. 2, São Paulo,
1994.
HELENE, P.R.L., Manual para reparo, reforço e proteção das estruturas de concreto.
Editora PINI. Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT. São Paulo. 1988.
PEREIRA, J.M.S.; SILVA, L.N.; et al., Corrosão em armaduras para concreto armado.
Patologiaifap – WordPress, 2014.
SILVA, F.B., Patologia das construções: uma especialidade na engenharia civil. Revista
Téchne. Editora PINI, São Paulo, 2010.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 15
SINDUSCON-DF, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal,
Sinduscon-DF estima que mais da metade das obras no DF não têm
acompanhamento técnico, Imprensa, Notícias, Brasília – DF, 2017. Disponível em:
http://sinduscondf.org.br/portal/noticia.
FAMÍLIAS DE DANOS,
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA GDE/UnB E
FOTOS DE DANOS E FATOR DE INTENSIDADE (Fi).
Tabela 2.1 - Família de elemento estrutural, dano e Tabela 2.2 - Família de elemento estrutural, dano
fator de ponderação (Fp) em lajes (Fonseca (2007)). e fator de ponderação (F p) em escada/rampas
(Fonseca (2007)).
Vigas Pilares
Tabela 2.3 - Família de elemento estrutural, dano e Tabela 2.4 - Família de elemento estrutural, dano
fator de ponderação (Fp) em vigas (Fonseca (2007)). e fator de ponderação (Fp) em pilares (Fonseca
(2007)).
Tabela 2.5 - Família de elemento estrutural, dano e fator de ponderação (F p) em elementos de composição
arquitetônica (Fonseca (2007)).