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FURTO:
PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO DE FIOS CONDUTORES DE ENERGIA
ELÉTRICA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.
TIPICIDADE MATERIAL. TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO DELITO.
LESÃO AO BEM JURIDICO TUTELADO. RECURSO PROVIDO.(...) 3. O furto de
fios condutores de energia elétrica, avaliados em R$ 125,00, apesar do pequeno
valor, não se mostra inexpressivo, em virtude do desvalor da ação, pois a subtração
deles pode ocasionar a interrupção do fornecimento da energia elétrica, gerando uma
significativa lesão ao bem jurídico tutelado.
Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou
por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.
Fique atento: diversamente dos que ocorre nos crimes tributários, o pagamento da
dívida decorrente da subtração de energia elétrica antes do recebimento da denúncia não
extingue a punibilidade do autor do crime. Trata-se de arrependimento posterior.
IMPORTANTE:
No caso narrado da questão, o delinquente subtraiu o cofre e o levou para um beco com
a finalidade de arrombá-lo. Somente deve incidir a qualificadora do rompimento de
obstáculo se o sujeito rompe o obstáculo para subtrair a coisa, percebam que não
houve rompimento de obstáculo para subtrair a res furtiva, mas arrombou o cofre, que
tinha as jóias dentro, depois de já ter o subtraído, logo, não deveria incidir a
qualificadora objetiva (entendimento do STF [HC 98606/RS e HC 77675 / PR]).
Art. 181 do CP preleciona que: É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.
Art. 183 - NÃO SE APLICA o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual OU superior a 60 (sessenta)
anos;
RACIOCÍNIO IMPORTANTE:
1. Quando pulou o muro para ingressar na residência com o dolo de furtar, configurou a
qualificadora da escalada (art. 155, §4°, inciso II do CP)
2. O agente, embora tenha separado os bens para levá-los (subtraí-los), não inverteu a
posse, não consumando o furto (súmula 582-STJ)
3. O crime não se consumou por circunstâncias alheias à vontade. Perceba que ele não
desistiu voluntariamente do crime, mas somente porque ouviu barulho de pessoas na
calçada (fator externo).Portanto, o agente efetivamente pulou o muro da residência a fim
de furtar os objetos do local, o que só não foi possível por circunstâncias alheias à sua
vontade (ouviu barulhos na calçada e fugiu para não ser preso), o que configura furto
qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa, porém, tentado haja
vista não ter efetivamente conseguido levar consigo os objetos do local.
RACIOCÍNIO IMPORTANTE:
Caso alguém furte um pertence de sua própria esposa, não incidirá a exclusão da
punibilidade prevista no art. 181 do CP, se o executar o crime não tinha conhecimento
de que o celular pertencia à sua esposa, pois acreditava que pertencia a outrem. Assim,
no caso, houve um erro sobre a pessoa (isto é, Antônio queria atingir pessoa diversa
da que atingiu) e, consequentemente, responderá pelo crime como se tivesse atingido a
pessoa desejada (outra pessoa que não seja sua esposa), e não aquela que efetivamente
atingiu (trata-se da teoria da equivalência do bem jurídico).
Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
saber ser produto de crime :
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
ESTELIONATO:
Estelionato judicial:
O estelionato judicial consistiria no uso do processo judicial para auferir lucros ou
vantagens indevidas, mediante fraude, ardil ou engodo, ludibriando a Justiça. A
jurisprudência entende que esta conduta é penalmente atípica e não configura o delito
do art. 171 do CP.
Assim, não configura crime de “estelionato judicial” a conduta de fazer afirmações
possivelmente falsas, com base em documentos também tidos por adulterados, em ação
judicial. Isso porque a Constituição Federal assegura à parte o acesso ao Poder
Judiciário.
O processo tem natureza dialética, possibilitando o exercício do contraditório e a
interposição dos recursos cabíveis, não se podendo falar, no caso, em “indução em erro”
do magistrado.
DIFERENCIAR ESTELIONATO DE PECULATO FURTO POR ERRO DE
OUTREM
No crime de peculato por erro de outrem o agente se apropria de dinheiro ou utilidade
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem.
O erro da vítima que entrega o dinheiro ou qualquer outra utilidade deve
ser espontâneo para configurar o peculato por erro de outrem, isto é, pouco importando
qual a sua causa (desatenção, confusão etc.).
Se o erro for dolosamente provocado pelo funcionário público, estará configurado o
crime de estelionato.
"[...] 4. Inexistindo no tipo penal dos crimes contra o patrimônio qualquer análise
concernente à ilicitude da coisa alheia, não há como se dispensar tratamento
restritivo na aplicação da norma, já que não há na lei essa limitação concernente ao
objeto material." (STJ, REsp 1.645.969/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma,
j. 06-12-2018, DJe 01-02-2019).
IMPORTANTE:
Na realidade, o STJ considerou que o rompimento de cadeado e destruição de
fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de
fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos
preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo circunstanciado,
vejamos:
Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de
fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de
fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos
preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo circunstanciado.
Caso adaptado: João e Pedro caminhavam nas ruas de um bairro e decidiram praticar
assalto em uma das casas. Eles arrombaram o cadeado e destruíram a fechadura da
porta da casa, no entanto, quando iam adentrar na residência, passou uma viatura da
Polícia Militar. Os indivíduos correram quando perceberam a presença das
autoridades de segurança. Os policiais perseguiram a dupla, conseguindo prendê-los.
Com eles, foi encontrada uma arma de fogo de uso permitido. Vale ressaltar, contudo,
que não possuíam porte de arma. Não se pode falar que houve roubo circunstanciado
tentado.
STJ. 5ª Turma. AREsp 974254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021
(Info 711).
EXTORSÃO:
A extorsão é crime formal, pois consuma-se independentemente da obtenção da
vantagem indevida (súmula 96 do STJ).
CP, Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
IMPORTANTE:
A prática sucessiva de roubo e, no mesmo contexto fático, de extorsão, com subtração
violenta de bens e posterior constrangimento da vítima a entregar o cartão bancário e a
respectiva senha, revela duas condutas distintas, praticadas com desígnios
autônomos, devendo-se reconhecer, portanto, o concurso material. STF. 1ª Turma.
HC 190909, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
26/10/2020.
Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que
praticados em conjunto. Isso porque, nos termos da pacífica jurisprudência do STJ, os
referidos crimes, conquanto de mesma natureza, são de espécies diversas, o que
impossibilita a aplicação da regra do crime continuado, ainda quando praticados em
conjunto.
STJ. 6ª Turma. HC 77467-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/10/2014 (Info
549).
IMPORTANTE: Na verdade, em se tratando de crime de extorsão (CP, art.
158), admite-se a tentativa. Apesar de seu aspecto formal, a extorsão é em regra crime
plurissubsistente, ou seja, a conduta pode ser fracionada em diversos atos, razão pela
qual sua execução pode ser impedida por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Súmula Vinculante nº 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária,
previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo
do tributo.