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Inquérito (Atos Jurisdicionais) -----------------------

Juiz -------

Exmo. Senhor Juiz de Direito no


Tribunal ---------------------

---------------, arguido, nos autos supra referenciados, notificado do teor do douto


despacho de fls. ------- e da promoção do Ministério Público de fls. -------, vem perante
V. Exa., nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 212, n. 4, do CPP, exercer o
contraditório e alegar tudo quanto, em seu benefício.
Porquanto:

O contraditório é tempestivo, eis que a presente defensora foi devidamente notificada no


dia --------------.

A liberdade das pessoas só pode ser limitada, total ou parcialmente, em função de


exigências processuais de natureza cautelar, pelas medidas de coacção e de garantia
patrimonial previstas na lei. (art. 191º, n. 1 , do CPP)

A prisão preventiva e a obrigação de permanência na habitação só podem ser aplicadas


quando se revelarem inadequadas ou insuficientes as outras medidas de coacção. (art.
193.º, 2 , do CPP)

Quando couber ao caso medida de coacção privativa da liberdade nos termos do número
2, do art. 193, do Código de Processo Penal, deve ser dada preferência à obrigação de
permanência na habitação sempre que ela se revele suficiente para satisfazer as exigências
cautelares. (artigo 193.º, 3 , do CPP)

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, a Constituição da Répública Portuguesa


e a própria legislação processual consagram o princípio da segurança e da liberdade, a
supremacia deste, e a consequente, excepcionalidade e subsidiariedade da aplicação de
medida de prisão preventiva.

No que diz respeito à CRP, dispõe o seu art. 28º , nº 2, que a privação de liberdade, em
específico a prisão preventiva, têm carácter excecional, aplicando-se apenas quando não
possa ser aplicada outra medida mais favorável e que sirva os mesmos propósitos.

Desta forma, consagrando-se o princípio da subsidariedade da prisão preventiva.

O juiz pode impor ao arguido a obrigação de não se ausentar, ou de não se ausentar sem
autorização, da habitação própria ou de outra em que de momento resida ou,
nomeadamente, quando tal se justifique, em instituição adequada a prestar-lhe apoio
social e de saúde, se houver fortes indícios de prática de crime doloso punível com pena
de prisão de máximo superior a 3 anos. (art. 201.º, 1, do CPP)

A obrigação de permanência na habitação é cumulável com a obrigação de não contactar,


por qualquer meio, com determinadas pessoas. (art. 201.º, 2, do CPP)

10º
Para fiscalização do cumprimento das obrigações referidas nos números anteriores podem
ser utilizados meios técnicos de controlo à distância. (art. 201.º, 3, do CPP)

11º

Para se aplicar a prisão preventiva é necessário demonstrar que exista fuga ou perigo de
fuga, perigo de perturbação do decurso do inquérito ou da instrução do processo e,
nomeadamente, perigo para a aquisição, conservação ou veracidade da prova ou perigo,
em razão da natureza e das circunstâncias do crime ou da personalidade do arguido, de
que este continue a actividade criminosa ou perturbe gravemente a ordem e a
tranquilidade públicas. ( art. 204.º, alíneas a, b e c, do CPP)

12º

Arguido não fugiu nem tentou fugir, pelo que não existe qualquer fundamento ou suspeita
concreta de que o Arguido o venha a fazer.

13º

Para o pedido, não basta para concluir o receio de fuga a mera probabilidade de fuga
deduzida de abstractas e genéricas presunções.

14º

Nada se infere também do inquérito, da personalidade do arguido e da sua conduta que


haja perigo de fuga.
15º
Não há qualquer elemento a demonstrar perigo de perturbação do decurso do inquérito
ou da instrução do processo.

16º

Não basta também a mera probabilidade de o Arguido desenvolver actividade que


perturbe ou prejudique a investigação, é necessário que em concreto se verifique esse
perigo pela ocorrência de factos que indiciem a actuação do Arguido com esse objectivo
e que não seja possível com outros meios obstar a essa perturbação.

17º

No processo já existem diversas provas, nomeadamente decorrentes de reconhecimentos,


busca, apreensão de objectos, pelo que se não entende de que forma pode o Arguido
perturbar a recolha dos mesmos.

18º

Também do inquérito não resultam factos que indiciem que essa perturbação possa vir a
ocorrer. Pelo que também não se encontra preenchido este requisito de aplicação da
medida ora requerida pelo ilustre Ministério Público.

19º

Para que se verifique o perigo de continuação da actividade criminosa é necessário que


se verifiquem indícios de que o Arguido vai continuar a cometer crimes da mesma
espécie. Não basta que se verifique uma mera possibilidade disso vir a acontecer mas sim
um elevado grau de probabilidade. O que não é o caso.

20º
De resto, o Arguido é um cidadão que efetivamente trabalhava, segundo informação dele,
até dezembro de 2021, possui residência e é dedicado à sua família.

21º

Em audiência, o arguido comprometeu-se a cumprir a medida de coacção de Obrigação


de Permanência na Habitação com recurso a vigilância eletrónica, na forma estabalecida.

22º

Salvo engano, no primeiro interrogatório judicial o Douto Juízo determinou que fosse
feito vistoria na residência do arguido, a fim de verificar se o mesmo poderia cumprir a
medida de coacção deferida no imóvel informado. A presente defesa não teve acesso ao
resultado, porém, aparentemente, o imóvel possui sim condições de receber o arguido.

23º

Para se alterar a medida de coacção imposta é necessário que se tenham alterado os


pressupostos que a determinaram.

24º

Em que pese o arguido responder aos inquéritos de roubo, não existe quaisquer indícios
que ele irá violar as condições de aplicação da medida imposta, na forma do art. 204.º,
alíneas a, b e c, do CPP.

25º

O número de inquéritos, ou processos, a que o arguido responde não pode, por si só, ser
justificativa para ser imposta a prisão preventiva.

26º
Para além, o arguido é cidadão português, e por isso, não possui qualquer irregularidade
na sua permanência em Portugal.

PEDIDO

Nestes termos e nos mais de direito, requer a V. Exa. que mantenha a medida de coacção
aplicada, qual seja de Obrigação de Permanência na Habitação com recurso de vigilância
eletrónica.

P.E.D.

O Advogado,

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