Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Interrogatório
Versão Condensada
Sumário
Interrogatório�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
1. Introdução���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 3
2
A L F A C O N
Interrogatório
1. Introdução
A Lei nº 10.792/2003 trouxe sensíveis modificações no interrogatório do acusado. Em conformidade com a nova reda-
ção do art. 185 do CPP, o acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será
qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. O interrogatório do acusado preso será
realizado no estabelecimento prisional em que se encontrar, em sala própria, desde que estejam garantidas a segurança
do juiz e auxiliares, a presença do defensor e a publicidade do ato. Inexistindo a segurança, o interrogatório será feito
nos termos do Código de Processo Penal. O § 2º do artigo 185 garante ao acusado o direito de entrevista reservada
com seu defensor antes do seu interrogatório.
De acordo com o Professor Márcio André, para que a condução coercitiva seja legítima, ela deve destinar-se à prática de
um ato ao qual a pessoa tem o dever de comparecer, ou, ao menos, que possa ser legitimamente obrigada a comparecer.
Ex.: condução coercitiva quando houver dúvida sobre a identidade civil do investigado.
Em sentido semelhante, a condução coercitiva “quando houver dúvida sobre a identidade civil” do imputado seria uma
possibilidade, na medida em que essa é uma hipótese que autoriza mesmo a medida mais gravosa – prisão preventiva,
na forma do art. 313, parágrafo único, do CPP:
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
Ex.: condução coercitiva para fazer a qualificação do investigado (1ª fase do interrogatório).
Mesmo que não paire dúvida sobre a identidade, pode-se cogitar da condução coercitiva para a qualificação do acusado,
correspondente à primeira parte do interrogatório, relativa à pessoa do acusado – art. 187, § 1º, e art. 185, § 10, do CPP.
Nesse ponto, o acusado não tem direito ao silêncio. A qualificação foi inserida legalmente como fase do interrogatório,
na forma do art. 187 do CPP. Logo, sob tal aspecto, a realização da qualificação poderia justificar a condução coercitiva.
As informações sobre a pessoa do acusado chegam aos autos por diversas vias, como antecedentes, por exemplo.
Elas podem ser obtidas por consultas ao rol dos culpados e ao sistema processual. Assim, dificilmente a qualificação
será relevante ao processo a ponto de permitir a adoção de uma medida consideravelmente radical, como a condução
coercitiva.
Interrogatório 3
A L F A C O N
De qualquer forma, nas hipóteses estreitas em que a qualificação se afigura imprescindível, o juiz pode, de forma devi-
damente fundamentada, ordenar a condução coercitiva do investigado ou acusado, como um ato que não possa ser
realizado sem sua presença, na forma do art. 260 do CPP.
Para a 2ª parte do interrogatório (o interrogatório sobre os fatos – art. 187, § 2º do CPP) não se admite a condução
coercitiva.
Como vimos acima, um dos argumentos dos partidários da condução coercitiva está no fato de que ela seria uma medida
menos gravosa que a prisão temporária e que a prisão preventiva. Isso é verdade. A condução coercitiva é um minus
em relação à prisão preventiva por conveniência da instrução criminal ou em relação à prisão temporária. A condução
coercitiva é, de fato, menos gravosa. A questão, entretanto, é que realizar o interrogatório não é uma finalidade legítima
para a prisão preventiva ou temporária.
A consagração do direito ao silêncio impede a prisão preventiva/temporária para interrogatório, na medida em que o
imputado não é obrigado a falar. Por isso, a condução coercitiva para interrogatório representa uma restrição da liber-
dade de locomoção e da presunção de não culpabilidade, para obrigar a presença em um ato ao qual o investigado não
é obrigado a comparecer. Daí sua incompatibilidade com a Constituição Federal.
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que,
sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
O STF declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não foi recepcionada pela
Constituição Federal. Assim, não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou réu com o objetivo de
submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos.
STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).
O interrogatório será realizado em regra no fórum, entretanto o próprio CPP prevê a possibilidade de o interrogatório
ser realizado no presídio, caso o interrogado esteja preso.
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado
e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
§ 1º - O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido,
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a
presença do defensor e a publicidade do ato.
§ 2º - Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá reali-
zar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa
ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
Interrogatório 4
A L F A C O N
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu compa-
recimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoi-
mento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
É importante destacar que, caso o juiz decida realizar o interrogatório por videoconferência, deverá intimar as partes
com 10 dias de antecedência.
A presença do advogado em sede judicial é obrigatória, mas onde ficará o advogado em interrogatório por vídeo con-
ferência, com o juiz ou com o acusado? Nos dois lugares, tanto com o acusado quanto com o juiz. O réu tem direito a
entrevista prévia e reservada com os seus dois defensores. De acordo com a nova redação dada ao art. 186, depois de
devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar
o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder às perguntas que lhe forem formuladas.
O parágrafo único, consolidando a garantia constitucional (art. 5°, LXIII, da CF), acrescenta que o silêncio do réu não
importará em confissão nem poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
Interrogatório 5
A L F A C O N