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DIREITO PENAL

Teoria da Norma Penal:


Abolitio Criminis, Lei
Temporária e Excepcional
e Tempo do Crime

Versão Condensada
Sumário
Teoria da Norma Penal: Abolitio Criminis, Lei Temporária e Excepcional e Tempo do
Crime������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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A L F A C O N
Teoria da Norma Penal: Abolitio Criminis, Lei

Temporária e Excepcional e Tempo do Crime

1. (CESPE/CEBRASPE – 2021 – PC/DF – AGENTE)

No que diz respeito à aplicação do Direito Penal, julgue o próximo item.

Quando a lei penal tiver validade para determinado período de tempo, o fato praticado durante esse período con-
tinuará a ser punível mesmo após o término de vigência da lei.

Certo ( ) Errado ( )

Uma das características da lei temporária, prevista no art. 3º do CP, é a ultratividade, isto é, embora tenha
decorrido o período para sua aplicação, a lei continua sendo aplicada ao fato praticado durante sua vigência.

GABARITO: CERTO.

2. (CESPE/CEBRASPE – 2021 – PC/SE – AGENTE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA)

Acerca da aplicação da lei penal, julgue o item que a seguir.

Na sucessão de leis penais no tempo, é aplicável aquela mais favorável ao réu, seja ela contemporânea ao crime,
seja aquela em vigor na data da prolação da sentença.

Certo ( ) Errado ( )

A questão exige conhecimento sobre o tema lei penal no tempo.

A regra geral é a da prevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato (tempus regit
actum). Conforme determinação constitucional, a regra é a irretroatividade da lei penal, salvo se para beneficiar
o réu – CF/1988:

Art. 5º XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

Assim, na sucessão de leis no tempo, a nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu (lex gravior) aplica-se
somente a partir de sua vigência, não podendo retroagir. Por outro lado, a lei mais benéfica (lex mitior) que de
qualquer modo favorece o agente, deve ser aplicada ao fato, ainda que já decidido por sentença condenatória
transitada em julgada. Trata-se da extratividade da lei penal mais benéfica.

Neste sentido, o art. 2º do CP prevê o seguinte:

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

GABARITO: CERTO.

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3. (CESPE/CEBRASPE – 2021 – PM/AL – OFICIAL COMBATENTE)

À luz do disposto no Código Penal, julgue o item.

Tanto a ação quanto a omissão são consideradas para fins de apuração do momento em que um crime é praticado.

Certo ( ) Errado ( )

Trata-se da teoria da atividade adotada pelo Código Penal quanto ao tempo do crime. Prevê o art. 4º do CP que
“considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”.
Assim, pela teoria da atividade, considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão),
pouco importando o momento do resultado. Em razão disso, aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, salvo
se a norma vigente ao tempo do resultado for mais benéfica e a imputabilidade é apurada ao tempo da ação ou
omissão. Ademais, no crime permanente em que a conduta tenha se iniciado durante a vigência de uma lei, e
prossiga durante o império de outra, aplica-se a lei nova, ainda que mais severa.

GABARITO: CERTO.

4. (CESPE/CEBRASPE – 2022 – IBAMA – ANALISTA AMBIENTAL)

De acordo com o entendimento doutrinário majoritário a respeito da aplicação da lei temporária, julgue o item.

Cessada a criminalização do tipo penal no curso da ação penal, o réu será absolvido com fundamento na abolitio
criminis.

Certo ( ) Errado ( )

A questão está incorreta, visto que, a respeito da aplicação da lei temporária, é válido dizer que esta possui a
característica da ultra-atividade, ou seja, cessado o prazo de vigência, a lei temporária e seus efeitos continuam
válidos para alcançar aqueles que a infringiram. Outro importante ponto a destacar é que o abolitio criminis é
uma causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, III do Código Penal.

GABARITO: ERRADO.

5. (CESPE/CEBRASPE – 2022 – IBAMA – ANALISTA AMBIENTAL)

De acordo com o entendimento doutrinário majoritário a respeito da aplicação da lei temporária, julgue o item.

As circunstâncias de prazo fixadas na lei são elementos temporais do fato típico, por isso a norma estabelecida
possui o caráter de ultratividade.

Certo ( ) Errado ( )

As leis excepcionais e as temporárias possuem a características de serem ultra-ativas, ou seja, mesmo que o prazo
de vigência, fixados na lei, cessem, seus efeitos continuam alcançando aqueles que infringiram suas diretrizes.

GABARITO: CERTO.

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6. (AOCP – 2021 – PC/PA – ESCRIVÃO)

Considere a seguinte situação hipotética:

Em razão do aumento nos casos de furto no país, foi publicada, em 10/04/2020, lei penal prevendo que, durante o
período de 01/05/2020 até 31/12/2020, a pena do crime de furto simples seria de reclusão, de dois a cinco anos,
devendo, ao término do período estipulado pela lei, voltar a ser a pena prevista anteriormente (reclusão, de um a
quatro anos).

Mário, no dia 18/07/2020, praticou o crime de furto simples, todavia, diante da morosidade do Poder Público, ele
só veio a ser denunciado pelos fatos na data de 20/01/2021. De acordo com o Código Penal, Mário, se condenado,
estará sujeito à pena de reclusão de:

a) 1 a 4 anos, em razão da retroatividade da lei penal mais benéfica.

b) 1 a 4 anos, em razão da irretroatividade da lei penal mais gravosa.

c) 1 a 4 anos, aplicando-se, por analogia, a lei penal mais favorável ao réu.

d) 2 a 5 anos, em virtude da ultratividade da lei temporária.

e) 1 a 5 anos, por se tratar de lei excepcional.

A: Incorreta. Mário, se condenado, estará sujeito à pena de reclusão de dois a cinco anos, em razão da ultratividade
da lei temporária mais gravosa, vigente à época do cometimento do furto, conforme previsão do art. 3º do Código
Penal. Caso assim não fosse, a lei temporária seria inócua, não havendo razão para sua edição e publicação. Assim,
as leis temporárias e excepcionais não se sujeitam aos efeitos da retroatividade da lei penal mais benéfica.

B: Incorreta. Veja-se que a lei mais gravosa foi publicada em 10/04/2020, tendo como vigência o período de
01/05/2020 até 31/12/2020. Assim, trata-se de lei temporária. Já Mário cometeu o delito de furto no dia 18/07/2020,
após o início da vigência da nova lei. Em razão da teoria da atividade adotada pelo Código Penal (art. 4º), conside-
ra-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão. Portanto, ainda que a nova lei não fosse temporária,
e fosse publicada com caráter definitivo, não há que se falar em irretroatividade da lei penal mais gravosa, tendo
em vista que Mário cometeu o crime quando da sua vigência. Ademais, sendo a nova lei temporária, também é
aplicada à conduta de Mário, por força da previsão do art. 3º do CP.

C: Incorreta. A analogia é a forma de integração da lei penal, sendo utilizada quando “não existe” uma lei para
tutelar determinado bem jurídico ou sancionar certa conduta. Assim, não há que se falar na aplicação da analogia,
uma vez que na data do crime existia lei certa que tipificava a conduta de Mário.

D: Correta. A lei editada com vigência entre o período de 01/05/2020 até 31/12/2020 é lei temporária, prevista
no art. 3º do CP: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. Assim, o referido artigo
trata sobre a ultratividade da lei penal, que é a característica que possibilita que a norma seja aplicada mesmo
depois da sua revogação ou cessação de efeitos. Desta forma, Mário, se for condenado nas disposições do crime
de furto, estará sujeito à pena de reclusão de 2 a 5 anos, em virtude da aplicação da lei temporária vigente à
época do fato.

E: Incorreta. O caso narrado no enunciado não se trata de lei excepcional, mas, sim, de lei temporária. Veja-se
que a lei foi editada com um período determinado (01/05/2020 até 31/12/2020), devendo, ao término do período
estipulado, voltar a ser aplicado a previsão anterior em vigência. Seria o caso de lei excepcional se não houvesse
uma data definida para o término da vigência, vigorando a norma pelo período que fosse necessário para atender
um evento transitório, como o estado de guerra, calamidade ou qualquer outra necessidade social.

GABARITO: D.

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7. (FGV – 2022 – PC/RJ – INVESTIGADOR)

Insatisfeito com uma disputa acirrada num jogo de futebol, Ares, que contava com 17 anos e 11 meses de vida,
aguarda a saída de Príapo de um curso preparatório, sequestrando seu desafeto, mantendo-o em cárcere privado
por dois meses, quando o cativeiro é descoberto pela polícia e a vítima é resgatada.

De acordo com o Código Penal, Ares deverá:

a) responder pelo crime, em razão da teoria do resultado.

b) responder pelo crime, em razão da teoria mista.

c) responder pelo crime, em razão da teoria da ação.

d) não responder por crime, em razão da teoria da ubiquidade.

e) não responder por crime, em razão da teoria da atividade.

A: Incorreta. O Código Penal não adotou a teoria do resultado a qual determina que o tempo do crime será o da
ocorrência efetiva do resultado.

B: Incorreta. A teoria mista/ubiquidade determina que o tempo do crime será tanto o da ação ou omissão, como
também o do resultado.

C: Correta. De acordo com a situação hipotética, Ares, menor de idade, comete um crime permanente, mas
atinge a maioridade enquanto não cessada a permanência do delito. Isto é, a ação criminosa de Ares se pro-
longou durante os dois meses de cárcere, tornando-se imputável durante a prática do delito. Sendo assim, ele
responderá pelo crime em razão da teoria da ação/atividade, a qual determina que o tempo do crime será o da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

D e E: Incorretas. Afirmam que Ares não responderá por crimes.

GABARITO: C.

8. (IADES – 2021 – PM/PA – SOLDADO)

No que diz respeito ao tempo do crime, é correto afirmar que o Código Penal brasileiro adotou, expressamente,
como regra, em sua parte geral, a denominada teoria:

a) do resultado.

b) mista ou da ubiquidade.

c) da atividade.

d) da retroatividade da lei penal mais gravosa.

e) da vedação das leis penais temporárias ou excepcionais.

A: Incorreta. A teoria do resultado é utilizada pelo ordenamento jurídico para dirimir conflitos quanto ao local do
crime e não ao tempo do crime. É empregada no CPP nos casos de crimes plurilocais, em que a conduta e o
resultado ocorrem em comarcas diversas. A referida teoria considera lugar do crime aquele em que se produziu
ou deveria produzir-se o resultado, pouco importando o local da prática da conduta (ação ou omissão).

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B: Incorreta. A teoria mista ou da ubiquidade é adotada pelo Código Penal quanto ao local do crime, sendo uti-
lizada para dirimir conflitos internacionais de jurisdição quanto à prática de crimes. O art. 6º, do CP, prevê que
considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

C: Correta. De acordo com a teoria da atividade, adotada pelo art. 4º do Código Penal, considera-se praticado
o crime no momento da conduta (ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado.

D: Incorreta. A retroatividade ou irretroatividade refere-se à sucessão de leis no tempo, sendo que o ordenamento
jurídico veda a retroatividade da lei penal mais gravosa. Admite-se somente a retroatividade da lei penal que de
qualquer modo for mais benéfica para o acusado.

E: Incorreta. As leis penais temporárias ou excepcionais são admitidas pelo Direito Penal, sendo utilizadas para
regular situações específicas na sociedade. Estão previstas no art. 3º, do CP: “a lei excepcional ou temporária,
embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência”.

GABARITO: C.

9. (AOCP – 2019 – PC/ES – ESCRIVÃO)

O Direito Penal brasileiro considera como momento do cometimento do crime:

a) desde o seu planejamento.

b) quando atingido o resultado pretendido.

c) o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

d) quando chega ao conhecimento das autoridades competentes.

e) o momento do cometimento do crime é irrelevante para o Direito Penal.

No que diz respeito à lei penal no tempo, o ordenamento jurídico brasileiro adotou, no art. 4º do CP, a teoria da
atividade/ação, a qual considera como momento do cometimento do crime o momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado. Logo, a alternativa correta é a C. Observe o texto da norma penal.

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.

GABARITO: C.

10. (FGV – 2018 – TJ/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO)

Disposições constitucionais e disposições legais tratam do tema aplicação da lei penal no tempo, sendo certo que
existem peculiaridades aplicáveis às normas de natureza penal.

Sobre o tema, é correto afirmar que:

a) a lei penal posterior mais favorável possui efeitos retroativos, sendo aplicável aos fatos anteriores, desde que até
o trânsito em julgado da ação penal.

b) a abolitio criminis é causa de extinção da punibilidade, fazendo cessar os efeitos penais e civis da condenação.

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c) a lei penal excepcional, ainda que mais gravosa, possui ultratividade em relação aos fatos praticados durante
sua vigência.

d) os tipos penais temporários poderão ser criados através de medida provisória.

e) a combinação de leis favoráveis, de acordo com a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é admitida
no momento da aplicação da pena.

A: Incorreta. Segundo o Código Penal:

Art. 2º Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

B: Incorreta. Conforme o art. 2º do Código Penal:

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

C: Correta. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência (art. 3º, Código Penal).

D: Incorreta. De acordo com o art. 62:

Art. 62 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

b) direito penal, processual penal e processual civil.

E: Incorreta. É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo
vedada a combinação de leis (Súmula 501, STJ).

GABARITO: C.

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