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DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

5º, XL, da CF, estabelece que a lei só retroagirá para beneficiar o


EDITAL acusado. O dispositivo é mais abrangente quando determina que,
mesmo já tendo havido condenação transitada em julgado em
1 Aplicação da lei penal. 1.1 Princípios da legalidade e da razão do crime, cessará a execução ficando também afastados os
anterioridade. 1.2 A lei penal no tempo e no espaço. 1.3 Tempo e efeitos penais da condenação, por isso, se no futuro o sujeito vier a
lugar do crime. 1.4 Lei penal excepcional, especial e temporária. 1.5 cometer novo crime, não será considerado reincidente.
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. 1.6 Pena
cumprida no estrangeiro. 1.7 Eficácia da sentença estrangeira. 1.8 Já o fenômeno da ultratividade da lei, acontecerá quando a lei
Contagem de prazo. 1.9 Frações não computáveis da pena. 1.10 for para beneficiar o réu, que consiste na validade de uma lei já
Interpretação da lei penal. 1.11 Analogia. 1.12 Irretroatividade da lei revogada para aplicação dos atos ocorridos na sua vigência, em
penal. 1.13 Conflito aparente de normas penais. 2 O fato típico e razão de que a lei nova é mais prejudicial ao réu.
seus elementos. 2.1 Crime consumado e tentado. 2.2 Pena da
tentativa. 2.3 Concurso de crimes. 2.4 Ilicitude e causas de
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
exclusão. 2.5 Excesso punível. 2.6 Culpabilidade. 2.6.1 39
Elementos e causas de exclusão. 3 Imputabilidade penal. 4
Concurso de pessoas. 5 Crimes contra a pessoa. 6 Crimes contra o A lei excepcional ou temporária, embora decorrido de sua
patrimônio. 7 Crimes contra a fé pública. 8 Crimes contra a duração ou cessadas as circunstâncias que a determinam, aplica-
administração pública. 9 Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos). 10 se ao fato praticado durante sua vigência.
Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal. 11
A) LEI EXCEPCIONAL: Lei feita para vigorar em épocas
Entendimento dos tribunais superiores acerca dos institutos de
direito penal. especiais, como guerra, calamidade, etc. é aprovada para vigorar
enquanto perdurar o período excepcional.
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B) LEI TEMPORÁRIA: Lei feita para vigorar por determinado
tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a lei traz em
CONCEITO: ramo do direito público encarregado de selecionar
seu texto a data de cessação de sua vigência. Ex: Lei seca.
condutas atentatórias aos mais importantes bens jurídicos,
sancionando-as com uma pena criminal ou medida de segurança
SUJEITOS DO CRIME
PARTE GERAL 1. Sujeito ativo: autor da infração delituosa.
2. Sujeito Passivo: a vitima e/ou estado.
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL
TEMPO DO CRIME E LUGAR DO CRIME
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
TEMPO DO CRIME: considera-se praticado o crime no momento
Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.4
prévia cominação legal. 1
LUGAR DO CRIME: considera-se praticado o crime no lugar em
A) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: por este princípio é
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
necessário que a lei já esteja em vigor quando o fato for praticado,
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 5
pois a relação jurídica é definida pela lei vigente na data do fato
(tempus regit actum). 2
LUTA: lugar do crime ubiqüidade e tempo do crime atividade.
B) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: apenas lei em sentido formal
pode descrever condutas criminosas. É vedado ao legislador PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE E DA
utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas EXTRATERRITORIALIDADE
legislativas para incriminar condutas. 3
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: a lei penal só tem aplicação
LEI PENAL NO TEMPO no território do Estado que a editou, pouco importando a
nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de Embarcações e aeronaves a serviço do Brasil considera-se
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeito extinção do território nacional.
penais da sentença condenatória.
PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE: Ao contrário do
A lei penal começa a vigorar na data nela indicada, ou, na
princípio da territorialidade, cuja regra é a aplicação da lei brasileira
omissão, em 45 dias após a publicação, dentro do País, e em 3
àqueles que praticarem infrações penais dentro do território
meses no exterior. O espaço de tempo compreendido entre a
nacional, incluídos aqui os casos considerados fictamente como
publicação da lei e sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis
sua extensão, o princípio da extraterritorialidade preocupa-se com a
(vacância da lei). Não se destinando à vigência temporária, a lei
aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas além de
terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Não há revogação
nossas fronteiras, em países estrangeiros.
pelo simples desuso da lei.

Na irretroatividade da lei penal, a lei não se aplica a fatos a) contra a vida e liberdade do Presidente da República.
anteriores à sua vigência, sendo, portanto, irretroativa. Contudo, a b) contra o patrimônio e a fé pública.
lei poderá retroagir se for mais benéfica para o réu. A lei posterior, c) contra a administração pública.
que de qualquer modo favorece o agente, aplica-se aos fatos d) genocídio
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado (art. 2º, parágrafo único, do Código Penal). A CUMPRIMENTO DA PENA NO ESTRANGEIRO
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da
Constituição Federal). No caso da retroatividade da lei penal, o art. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.
1 Art. 1º, do Decreto-Lei n. 2.848/40.
2 CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2001, p.39.
4 Art. 4º, do Decreto-Lei n. 2.848/40.
3 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
5 Art. 6º, do Decreto-Lei n. 2.848/40.
Saraiva, 2003, p.23.

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Há situações em que os crimes cometidos fora do Brasil, ainda se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
que já julgados no estrangeiro, serão novamente processados no brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
Poder Judiciário brasileiro. Essa é a regra da extraterritorialidade, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
das hipóteses do art. 7.º do Código Penal, acima descrito. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
Nestes casos, quando houver nova condenação, agora pela lei
vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
brasileira, a pena cumprida no estrangeiro abaterá a pena que for
territorial do Brasil.
imposta no Brasil, na forma deste artigo.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
ÉFICACIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.
Em determinadas hipóteses, o Brasil reconhece em seu Extraterritorialidade
território os efeitos da sentença proferida por outra nação. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
Alguns desses efeitos são incondicionais, já que não I - os crimes:
dependem de qualquer provimento judicial para que se tornem a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
efetivos. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
O objetivo da homologação da sentença deve voltar-se à sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
pretensão de se obrigar o condenado à reparação dos danos civis, Poder Público;
restituições e outros efeitos civis, ou, ainda, quando se pretende c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
sujeitar o condenado à imposição de medida de segurança. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;
Vale destacar que, para ser homologada pelo STJ, a sentença II - os crimes:.
penal estrangeira deve produzir em seu país de origem a mesma a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
eficácia que se pretende obter aqui (reparação de danos civis, b) praticados por brasileiro;
restituições ou outros efeitos civil ou ainda a imposição de medida c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
de segurança). ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
CONTAGEM DE PRAZO § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
Os prazos de direito penal começam sua contagem no mesmo § 2º - Nos casos do inciso
dia em que os fatos ocorreram, independentemente de tratarem-se II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
de dia útil ou feriado, encerrando-se também desse modo. Não se condições: a) entrar o agente no território nacional;
considera se são dias úteis ou não. b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
Contagem dos prazos de direito processual se inicia no d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n ter aí
primeiro dia útil seguinte ao seu marco inicial e, caso se encerrem cumprido a pena;
em feriados ou finais de semana, têm o final de sua contagem e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
prorrogado para o primeiro dia útil subsequente. motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
Na penas privativas de liberdade e restritiva de direito e § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
desprezado as frações de dia (hora) e na pena de multa as de estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
cruzeiro. condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do
LEGISLAÇÃO ESPECIAL Ministro da Justiça.
Pena cumprida no estrangeiro
As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.
Eficácia de sentença estrangeira
CÓDIGO PENAL Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
Anterioridade da Lei homologada no Brasil para:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
sem prévia cominação legal. outros efeitos civis;
Lei penal no tempo II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de homologação depende:
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
penais da sentença condenatória. interessada;
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na
sentença condenatória transitada em julgado. falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Lei excepcional ou temporária Contagem de prazo
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Frações não computáveis da pena
Tempo do crime Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. frações de cruzeiro.
Territorialidade Legislação especial
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de QUESTÕES CEBRASPE
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
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01. (ESCRIVÃO/PC-MA) O Código Penal estabelece como c) A retroatividade de lei mais benéfica somente será cabível no
hipótese de qualificação do homicídio o cometimento do ato caso de haver abolitio criminis.
com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou d) A aplicação da retroatividade da lei é concebível, desde que em
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo benefício do réu como medida de justiça.
comum. Esse dispositivo legal é exemplo de interpretação e) A aplicação da retroatividade da lei é vedada constitucionalmente
a) analógica. em qualquer circunstância, a fim de garantir a segurança jurídica.
b) teleológica. 08. (DELEGADO/PM-AM) Em relação à lei penal no tempo e à
c) restritiva. irretroatividade da lei penal, é correto afirmar que à lei penal
d) progressiva. mais
e) autêntica. a) severa aplica-se o princípio da ultra-atividade.
02. (OFICIAL/PM-RO) A respeito da aplicação da lei penal, b) benigna aplica-se o princípio da extra-atividade.
assinale a opção correta. c) severa aplica-se o princípio da retroatividade mitigada.
a) É possível a aplicação combinada de leis, com vistas à aplicação d) severa aplica-se o princípio da extra-atividade.
do resultado mais benéfico ao acusado, desde que ao fato típico e) benigna aplica-se o princípio da não ultra-atividade.
sobrevenha lei com algumas disposições mais favoráveis ao réu. 09. (ESCRIVÃO/PC-MA) A aplicação do princípio da
b) Para fins de definição da aplicação de lei penal no tempo, deve retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo
ser considerado o momento da ação ou omissão, e não o momento da conduta, o fato é
do resultado. a) típico e lei posterior suprime o tipo penal.
c) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de b) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso
considerar crime, cessando em virtude dela a execução da pena, para outro tipo penal.
ainda que se mantenham os efeitos penais secundários da c) típico e lei posterior aumenta a pena correspondente ao crime.
sentença condenatória. d) típico e lei posterior acrescenta hipótese de aumento de pena.
d) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de e) atípico e lei posterior o torna típico.
sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, 10. (ESCRIVÃO/PC-PE) Um crime de extorsão mediante
aplica-se ao fato praticado antes ou depois de sua vigência. sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal
e) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica- entrou em vigor, prevendo causa de aumento de pena que se
se aos fatos anteriores, salvo se decididos por sentença enquadra perfeitamente no caso em apreço.
condenatória transitada em julgado. Nessa situação hipotética,
03. (OFICIAL/CBM-RO) No que se refere à lei penal no tempo, a) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento
assinale a opção correta. jurídico não admite a novatio legis in pejus.
a) No crime permanente, ocorrendo a sucessão de duas leis penais, b) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve
aplica-se, de regra, somente a mais benéfica ao réu. início durante a sua vigência e a legislação, em relação ao tempo
b) A lei penal pode ser revogada durante o período de vacatio legis. do crime, aplica a teoria da atividade.
c) Lei nova que, de alguma forma, beneficie o réu não é aplicável c) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade
na fase da execução penal. delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova legislação,
d) O emprego da analogia, ainda que desfavorável ao réu, é antes da cessação da permanência do crime.
admitido no direito penal brasileiro. d) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova
e) A lei intermediária possui somente caráter retroativo lei, dada a incidência do princípio da ultratividade da lei penal.
04. (AUDITOR DE TRIBUTOS/PMA-SE) No direito penal e) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior,
brasileiro, a retroatividade de lei nova que deixa de considerar mais branda, em virtude da incidência do princípio da
um fato como criminoso irretroatividade da lei penal.
a) é vedada, conforme a Constituição Federal de 1988.
b) não cessa os efeitos penais da condenação. 2. TEORIA DO CRIME
c) extingue a punibilidade do agente.
d) não se aplica a fatos transitados em julgado.
CONCEITO: crime é um fato típico e antijurídico (ilícito). A
e) torna a lei anterior excepcional ou temporária.
culpabilidade, como veremos, constitui pressuposto da pena. 6
05. (AUDITOR DE TRIBUTOS/PMA-SE) Assinale a opção que
corresponde ao significado da expressão abolitio criminis.
O conceito de contravenção penal, "… em ponto menor,
a) abolição da pena, mediante decreto do presidente da República
podem apresentar todos os característicos do delito. A
b) possibilidade de absolvição do agente quando a norma
contravenção, como se costuma dizer, é um crime anão. Baldados
tipificadora da infração penal tiver caído em desuso
serão os esforços para substancialmente querer diferenciá-los… A
c) supressão da figura criminosa pela superveniência de lei penal
diferença é quantitativa: a contravenção é crime menor, é menos
descriminalizadora
grave que o delito”7, ou seja, não possui diferença qualitativa do de
d) possibilidade de isenção da pena quando as consequências da
crime.
infração atingirem de forma tão grave o agente que a sanção se
torne desnecessária
A) FATO TÍPICO: é o fato material que se amolda perfeitamente
e) possibilidade de aplicação de lei posterior se mais favorável ao
aos elementos constantes do modelo previsto na lei. Os elementos
réu
são: a) conduta dolosa ou culposa; b) resultado (só nos crimes
06. (AUDITOR/SEFAZ-RS) o que tange à aplicação da lei penal,
materiais); c) nexo causal (só nos crimes materiais) e d) tipicidade.
a lei penal nova que 8
a) diminui a pena de crime contra a ordem tributária não retroage.
B) ANTIJURÍDICO (ILÍCITO): é a relação de contrariedade entre o
b) tipifica penalmente a conduta de deixar de cumprir alguma
fato típico e o ordenamento jurídico. A conduta descrita em norma
obrigação fiscal acessória retroage.
penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for
c) torna atípica determinada conduta aplica-se aos fatos anteriores,
expressamente declarada lícita. 9
desde que ainda não decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.
d) estabelece nova hipótese de extinção de punibilidade não se EXCLUDIENTE DE ILICITUDE, CRIMINALIDADE OU
aplica aos fatos anteriores. ANTIJURIDICIDADE - LEEE
e) torna atípica determinada conduta cessa os efeitos penais da
sentença condenatória decorrente dessa prática, ainda que já tenha
transitado em julgado.
07. (CONCILIADOR/TJ-BA) A respeito da aplicação da 6 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo:
retroatividade da lei no direito penal, assinale a opção correta. Malheiros, 2003, p. 151.
a) A aplicação da retroatividade ocorre mesmo em caso de 7 Direito Penal, 1º vol., Saraiva, 1976, p.103.
aumento de pena, como forma de garantir a justiça para o réu que 8
tiver cometido o crime após a entrada em vigor da lei mais severa. CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
b) A retroatividade de lei mais benéfica não pode ser aplicada a 2001, p.96.
9 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo:
medida de segurança.
Malheiros, 2003, p. 155.

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► LEGÍTIMA DEFESA: nos termos do art. 25 do Código Penal, OFENDÍCULOS: são aparatos facilmente perceptíveis destinados à
age em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios defesa da propriedade e de qualquer outro bem jurídico. Exemplo:
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito cacos de vidro ou pontas de lança em muros e portões, telas
seu ou de outrem. Assim, diante de uma injusta agressão, não se elétricas, cães bravios. Como se trata de dispositivos que podem
exige o commodus discessus, ou seja, a simples e cômoda fuga do ser visualizados sem dificuldade, passam a constituir exercício
local. Por isso, se uma pessoa empunha uma faca e vai em direção regular do direito de defesa da propriedade, já que a lei permite até
à outra, e esta, para repelir a agressão, saca um revólver e mata o mesmo o desforço físico para a preservação da posse (CC, art.
agressor, não comete crime, por estar acobertado pela legítima 502). Há quem os classifique como legítima defesa preordenada,
defesa. 10 uma vez que, embora preparados com antecedência, só atuam no
A legítima defesa pressupõe a agressão consistente em um ataque momento da agressão. 16
provocado e praticado por pessoa humana. Ataques de animais
não autorizam legítima defesa. Quem mata animal alheio que ELEMENTO DO FATO TIPICO - CORENTI
contra ele investe age em estado de necessidade. Observe-se,
contudo, que se o animal irracional é instigado por uma pessoa,
pode-se falar em legítima defesa, posto que o animal aí serviu de A. CONDUTA
instrumento para a ação humana. 11
● CONDUTA: para a teoria finalista, atualmente adotada, não se
► ESTADO DE NECESSIDADE: o art. 24 do Código Penal pode dissociar a ação da vontade do agente, já que a conduta é
considera em estado de necessidade quem pratica o fato criminoso precedida de um seu raciocínio que o leva a realizá-la ou não. Em
para salvar de perigo atual (que não provocou por sua vontade, suma, conduta é o comportamento humano voluntário e consciente
nem podia de outro modo evitar) direito próprio ou alheio, cujo (doloso ou culposo) dirigido a uma finalidade. Assim, o dolo e a
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Existe culpa fazem parte da conduta (que é 1º requisito do fato típico) e,
estado de necessidade, portanto, quando alguém, para salvar um dessa forma, quando ausentes, o fato é atípico. 17
bem jurídico próprio ou de terceiro (exposto a uma situação de 1. AÇÃO: comportamento positivo: fazer, realizar algo. Nessa
perigo), sacrifica outro bem jurídico. 12 hipótese, a lei determina um não-fazer e o agente comete o delito
justamente por fazer o que a lei proíbe. 18
 DIFERENÇAS ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA
DEFESA: são inúmeras as diferenças as principais são: a) no estado 2. OMISSÃO: comportamento negativo: abstenção, um não
de necessidade, há um conflito ente bens jurídicos; na legítima fazer. Classificados: a) omissivos próprios ou puros: nos quais
defesa, ocorre uma repulsa contra um ataque; b) no estado de inexiste um dever jurídico de agir, ou seja, não há norma impondo
necessidade, o bem é exposto a risco; na legítima defesa, o bem um dever de fazer. Assim, só existirá essa espécie de delito
sofre uma agressão atual ou iminente; c) no estado de necessidade, omissivo quando o próprio tipo penal descrever uma conduta
o perigo pode ser proveniente de conduta humana ou animal; na omissiva. Ex.: crime de omissão de socorro (art. 135). Nesses
legítima defesa, a agressão deve ser humana; d) no estado de delitos, a simples omissão constitui crime, independentemente de
necessidade, a conduta pode atingir bem jurídico de terceiro qualquer resultado posterior. b) omissivos impróprios ou comissivos
inocente; na legítima defesa, a conduta pode ser dirigida apenas por omissão: são aqueles para os quais a lei impõe um dever de
contra o agressor. 13 agir e, assim, o não-agir constitui crime, na medida em que leva à
produção de um resultado que o agir teria evitado. Esses crimes
► ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: determina o art. 23, não estão previstos na Parte Especial como tipos penais
III, do CP, que não há crime quando o sujeito pratica o fato em autônomos. A verificação deles decorre da norma do art. 13, § 2º,
estrito cumprimento do dever legal. É causa de exclusão da do Código Penal. 19
antijuridicidade. Há casos em que a lei impõe determinado
comportamento, em face do que, embora típica a conduta, não é ● RESULTADO: é a modificação que o crime provoca no mundo
ilícita. Exemplos de dever legal imposto a funcionário ou agente do exterior. Pode consistir em uma morte, como no crime de homicídio
Estado. a) fuzilamento do condenado pelo executor: a conduta do (art. 121), em uma redução patrimonial, como no furto (art. 155) etc.
20
carrasco é típica, uma vez que se enquadra na descrição do crime
de homicídio (art. 121, caput); a antijuridicidade é excluída pelo ► CRIME DOLOSO: o art. 18, I, do Código Penal, diz que há
cumprimento do dever legal; b) morte do inimigo no campo de crime doloso quando o agente quer o resultado (dolo direto) ou
batalha; c) prisão em flagrante realizada pelo policial. A excludente quando assume o risco de produzi-lo (dolo eventual). 21
ocorre quando há um dever imposto pelo direito objetivo. 14
DOLO GERAL: ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado o
► EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: o art. 23, III, parte final, do resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o
CP determina que não há crime quando o agente pratica o fato no provoca. Ex: alguém efetua disparos contra a vítima e, supondo que
exercício regular de direito. A expressão direito é empregada em esta já esteja morta, atira-a o cadáver, o agente acabou matando a
sentido amplo, abrangendo todas as espécies de direito subjetivo vítima e, em razão do dolo geral, responde por homicídio doloso
(penal ou extrapenal). Desde que a conduta se enquadre no consumado (e não por tentativa de homicídio em concurso com
exercício de um direito, embora típica, não apresenta o caráter de homicídio culposo). 22
antijurídica. Ex.: a) prisão em flagrante realizada por um particular;
b) liberdade de censura prevista no art. 142 do CP; c) direito de ► CRIME CULPOSO: no crime culposo, o agente não quer nem
retenção permitido pelo CC; d) direito de correção do pai em assume o risco de produzir o resultado, mas a ele dá causa, nos
relação ao filho. 15

16 CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,


2001, p.246.
10 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 17 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.77-78. Saraiva, 2003, p.36.
11 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 18 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.78. Saraiva, 2003, p.39.
12 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 19 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.74. Saraiva, 2003, p.39.
13 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 20 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.81. Saraiva, 2003, p.36.
14 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: 21 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Malheiros, 2003, p. 397. Saraiva, 2003, p.50.
15 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: 22 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Malheiros, 2003, p. 398. Saraiva, 2003, p.51.

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termos do art. 18, II, do Código Penal, por imprudência, negligência


ou imperícia. 23 ● NEXO CAUSAL: é o elo de ligação concreto, físico, material e
natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado
ESPÉCIES DE CULPA naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou
não causa a este. 32
1. CULPA CONSCIENTE: o agente prevê o resultado, mas espera
que ele não ocorra. Há a previsão do resultado, mas ele supõe que TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES: foi a teoria
poderá evitá-lo com sua habilidade. O agente imagina sinceramente adotada pelo art. 13, caput, do Código Penal no que se refere ao
que poderá evitar o resultado. Difere do dolo eventual, porque neste nexo de causalidade. É também chamada de teoria da conditio sine
o agente que atua com dolo eventual é indiferente que o resultado qua non. Para essa teoria, causa é toda circunstância antecedente,
ocorra ou não. 24 sem a qual o resultado não teria ocorrido. Isso leva à conclusão de
que toda e qualquer contribuição para o resultado é considerada
2. CULPA INCONSCIENTE: o agente não prevê o resultado, que, causa. Todas as causas são igualmente contributivas para a
entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível. 25 produção do resultado. 33

3. CULPA PRÓPRIA: é aquela em que o sujeito não quer e nem Art. 13 [...] § 1º A superveniência de causa relativamente
assume o risco de produzir o resultado. 26 independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
4. CULPA IMPRÓPRIA: também chamada de culpa por extensão, praticou. (Código Penal)
por assimilação, por equiparação. É aquela em que o agente supõe
estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude
ITER CRIMINIS
(descriminante putativa) e, em razão disso, provoca
intencionalmente um resultado ilícito. Apesar da ação ser dolosa, o
agente responde por crime culposo na medida em que sua 1º FASE (COGITAÇÃO): nessa fase o agente está apenas
avaliação acerca da situação fática foi equivocada. 27 pensando em cometer o crime. O pensamento é impunível. No
pensamento não há conduta. 34
► CRIME PRETERDOLOSO: é aquele em que o agente, ao
praticar uma conduta dolosa, acaba por produzir um resultado mais 2º FASE (PREPARAÇÃO): esta fase compreende a prática de
grave do que o desejado, em virtude de uma intensificação culposa. todos os atos necessários ao início da execução. Exs.: alugar uma
Exemplo: um sujeito desfere um soco na vítima, que perde o casa, onde será mantido em cativeiro o empresário a ser
equilíbrio, bate a cabeça e morre. 28 seqüestrado; conseguir um carro emprestado para ser usado em
um roubo a banco etc. São atos que antecedem a execução e,
portanto, não são puníveis. Há casos excepcionais, entretanto, em
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
que o ato preparatório por si só já constitui crime, como, no crime
de quadrilha ou bando (art. 288), em que seus integrantes são
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES SEGUNDO O RESULTADO punidos pela simples associação, ainda que não tenham começado
a cometer os crimes para os quais se reuniram. 35
1. CRIMES MATERIAIS: são aqueles em relação aos quais a lei
descreve uma ação e um resultado, e exige a ocorrência deste para 3º FASE (EXECUÇÃO): começa aqui a agressão ao bem jurídico.
que o crime esteja consumado. 29 Exemplo: art. 171, do CP. Inicia-se a efetiva lesão ao bem tutelado pela lei. O agente começa
a realizar a conduta descrita no tipo (o verbo descrito na lei). 36
2. CRIMES FORMAIS: são aqueles em relação aos quais a lei
descreve uma ação e um resultado, mas a redação do dispositivo 4º FASE (CONSUMAÇÃO): quando todos os elementos (objetivos,
deixa claro que o crime consuma-se no momento da ação, sendo o subjetivos e normativos) do tipo são realizados. 37
resultado mero exaurimento do delito. Ex.: o art. 159 do Código
Penal descreve o crime de extorção mediante seqüestro:
B. RESULTADO
seqüestrar pessoa (ação) com o fim de obter qualquer vantagem
como condição ou preço do resgate (resultado). O crime, por ser
formal, consuma-se no exato momento em que a vítima é CRIME CONSUMADO: é aquele em que foram realizados todos
seqüestrada. A obtenção do resgate é irrelevante para o fim da os elementos constantes de sua definição legal. Exemplo: o crime
consumação, sendo, portanto, mero exaurimento.30 de furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si
ou para outrem, coisa alheia móvel, ou seja, no exato instante em
3. CRIMES DE MERA CONDUTA: são aqueles em relação aos que o bem sai da esfera de disponibilidade da vítima, que, então,
quais a lei descreve apenas uma conduta e, portanto, consumam- precisará agora retomá-lo. Nesse caso, todas as elementares do
se no exato momento em que esta é praticada. tipo do furto foram inteiramente realizadas. 38
Ex.: violação de domicílio (art. 150), no qual a lei incrimina a imples
conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem TENTATIVA: nos termos do art. 14, II, do Código Penal,
autorização do morador.31 considera-se tentado o crime quando o agente inicia a execução,
mas não consegue consumá-lo por circunstâncias alheias à sua
vontade. 39
23 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.51.
24 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 32 CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
Saraiva, 2003, p.55. 2001, p.121.
25 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 33 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.55. Saraiva, 2003, p.41.
26 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 34 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.55. Saraiva, 2003, p.62.
27 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 35 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.55. Saraiva, 2003, p.62.
28 CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 36 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
2001, p.174. Saraiva, 2003, p.62.
29 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 37 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.10. Saraiva, 2003, p.63.
30 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 38 CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
Saraiva, 2003, p.10. 2001, p.191.
31 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 39 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.10. Saraiva, 2003, p.64.

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Há crimes, entretanto, em que o legislador equipara o crime tentado


ao consumado, punindo-os com a mesma pena. É o que ocorre, por 2. Superveniência causal
exemplo, no crime do art. 352 do Código Penal, que pune com
detenção de 3 meses a 1 ano o preso que se evade ou tenta Vem tratada no I.º do art. 13 do Código Penal. Funciona como outra
evadir-se usando de violência contra a pessoa. Quando o legislador restrição à teoria da conditio sine qua non.
pune igualmente o crime tentado e o consumado, a doutrina chama
o delito de crime de atentado. 40 Existem as “causas” absolutamente independentes e as
relativamente independentes.
CLASSIFICAÇÃO
As causas absolutamente independentes não podem ser atribuídas
1. TENTATIVA IMPERFEITA OU INACABADA: quando o agente não ao agente. Elas produzem por si sós o resultado, não tendo
pratica todos os atos executórios. Há interrupção do próprio qualquer relação com a conduta praticada pelo agente. Neste caso,
processo de execução. Ex.: uma pessoa, querendo matar a vítima, o nexo causal é totalmente afastado, uma vez que o resultado
atira contra esta, mas é impedida, por terceiros, de efetuar novos ocorreria de qualquer maneira, independentemente da conduta do
disparos. 41 agente, que não responderá por ele. Dividem-se em preexistentes
(A atira em B, que morre em razoa de veneno que havia tomado, e
2. TENTATIVA PERFEITA, ACABADA OU CRIME FALHO: quando o não em razão do tiro), concomitantes ( A atira em B no exato
agente prática todos os atos executórios e, mesmo assim, não momento em que este sofre um ataque cardíaco, ocorrendo a
consegue consumar o crime. Ex.: o sujeito descarrega sua arma morte por força exclusiva deste) e supervenientes ( A envenena B,
contra a vítima, mas esta não é atingida de forma fatal. 42 que vem a falecer em razão de desabamento, no momento em que
ingeria o veneno.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ: o agente
que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou Já as causas relativamente independentes excluem a imputação,
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já quando por si sós determinarem o resultado. Como assevera
praticados. 43 Damásio de Jesus (op. Cit., p. 256), causa relativamente
independente é a que, funcionando em face da conduta anterior,
Enquanto na desistência voluntária o agente se omite e não conduz-se como se por si só tivesse produzido o resultado
prossegue no iter criminis, no arrependimento eficaz o agente, após (estamos tratando da causa superveniente). É o caso clássico do
ter encerrado o iter (tentativa perfeita), resolve realizar uma nova cidadão que, mortalmente ferido por outro, é transportado para um
ação para evitar a consumação do delito. 44 hospital onde vem a falecer em consequência das queimaduras
provocadas por um incêndio”. A causa provocadora da morte é
ARREPENDIMENTO POSTERIOR: nos crimes cometidos sem relativamente independente em relação à conduta anterior: se a
violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou vítima não tivesse sido ferida, não seria levada ao hospital.
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por Dividem-se, também, em preexistentes ( A fere B, hemofílico, que
ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. vem a falecer em razão dos ferimentos e também em razão dessa
45 condição fisiológica), concomitantes (A atira em B no momento em
que este sofre um ataque cardíaco – provando-se que o tiro
CRIME IMPOSSÍVEL: ocorre crime impossível quando a conduta contribuiu para o evento morte) e supervenientes (A colide com um
do agente jamais poderia levar o crime à consumação, quer pela poste de energia elétrica. Seu acompanhante, ileso, desce do
ineficácia absoluta do meio, quer pela impropriedade absoluta do veículo para constatar os danos e vem a ser atingido por um dos
objeto. 46 fios que se desprenderam, vindo a falecer em razão da descarga
elétrica).
C. NEXO CAUSAL
Neste último caso, surge outro processo causal que, isoladamente,
produz o evento, não obstante a causa seja relativamente
Nexo de causalidade, também chamado de nexo causal ou relação independente, pois ela “por si só” causou o resultado (art. 13 I.º, do
de causalidade, é o elo que existe entre a conduta e o resultado. È CP).
a relação de causa e efeito existente entre a ação ou omissão do
agente e a modificação produzida no mundo exterior.
D. TIPICIDADE
O nexo de causalidade integra o fato típico, pois existe a
necessidade de se verificar se o resultado é ou não imputável ao ● TIPICIDADE: é o nome que se dá ao enquadramento da
agente, ou seja, se foi este que deu causa ao resultado criminoso. conduta concretizada pelo agente na norma penal descrita em
abstrato. Em suma, para que haja crime é necessário que o sujeito
realize, no caso concreto, todos os elementos componentes da
1. Teoria da equivalência dos antecedentes descrição típica. Quando ocorre esse enquadramento, existe a
tipicidade. 47
Também chamada de teoria da “conditio sine qua non”, foi a
adotada pelo nosso Código Penal, no art. 13. COMPONENTES DO TIPO
De acordo com essa teoria, tudo quanto concorre para o resultado 1. ELEMENTARES: são os componentes fundamentais da figura
é causa. Todas as forças concorrentes para o evento, no caso típica sem os quais o crime não existe. As elementares estão
concreto, apreciadas, quer isolada, quer conjuntamente, equivalem- sempre no caput do tipo incriminador, que, por essa razão, é
se na causalidade. chamado de tipo fundamental. 48

2. CIRCUNSTÂNCIAS: são todos os dados acessórios da figura


40 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: típica, cuja ausência não a elimina. Sua função não é constituir o
Saraiva, 2003, p.64. crime, mas tão somente de influir no montante da pena. 49
41 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.64. MANEIRAS DA ADEQUAÇÃO TÍPICA
42 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.64.
43 Art. 15, do Decreto-Lei n. 2.848/40. 47 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
44 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003, p.45.
Saraiva, 2003, p.68. 48 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
45 Art. 16, do Decreto-Lei n. 2.848/40. Saraiva, 2003, p.46.
46 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 49 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.64. Saraiva, 2003, p.46.

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DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

1. IMEDIATA OU DIRETA: quando houver uma perfeita O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta
correspondência total da conduta ao tipo. Ela decorre da autoria de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
(realização da conduta descrita no tipo) e da consumação do ilícito qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
penal. 50 queria praticar o crime. ( art. 20, § 3º, Código Penal)

2. MEDIATA OU INDIRETA: quando a materialização da tipicidade ► ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS): ocorre quando o
exige a utilização de uma norma de extensão, sem a qual seria agente, querendo atingir determinada pessoa, efetua o golpe, mas,
absolutamente impossível enquadrar a conduta no tipo. É o que por má pontaria ou por outro motivo qualquer (desvio do projétil,
ocorre nas hipóteses de participação (art. 29) e tentativa (art. 14, II). desvio da vítima), acaba atingindo pessoa diversa da que pretendia.
51
57

ERRO DE TIPO Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
CONCEITO: é o que incide sobre as elementares ou ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado
circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20
uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o
incriminadora. 52 agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL: há erro de tipo essencial quando a ► RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO CRIMINIS): o
falsa percepção impede o sujeito de compreender a natureza agente quer atingir um bem jurídico, mas atinge bem de natureza
criminosa do fato. Ex.: matar um homem supondo tratar-se de diversa. Ex.: uma pessoa, querendo cometer crime de dano, atira
animal bravio. Recai sobre elementos ou circunstâncias do tipo uma pedra em direção ao bem, mas, por erro de pontaria, atinge
penal ou sobre os pressupostos de fato de uma excludente da uma pessoa que sofre lesões corporais. Nesse caso, o agente só
ilicitude. Apresenta-se sob duas formas: a) erro invencível (ou responde pelo resultado provocado na modalidade culposa, e,
escusável); b) erro vencível (ou inescusável). Há erro invencível ainda assim, se previsto para a hipótese (art. 74), ou seja, responde
(escusável ou inculpável) quando não pode ser evitado pela normal por crime de lesões culposas, que absorve a tentativa de dano.
diligência. Qualquer pessoa, empregando a diligência ordinária Veja-se, entretanto, que, se não existir previsão legal de crime
exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o culposo para o resultado provocado, não se aplica a regra da
sujeito, incidiria em erro. Há erro vencível (inescusável ou culpável) aberracio criminis, respondendo o sujeito pela tentativa de dano
quando pode ser evitado pela diligência ordinária, resultando de (pois, caso contrário, o fato ficaria sem punição). 58
imprudência ou negligência. Qualquer pessoa, empregando a
prudência normal exigida pela ordem jurídica, não cometeria o erro
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou
em que incidiu o sujeito. O erro essencial invencível exclui o dolo e
erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do
a culpa. Na verdade, não há propriamente “exclusão” de dolo e
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
culpa. Quando incidente o erro de tipo essencial invencível, o
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se
sujeito não age dolosamente ou culposamente. Daí não responde
a regra do art. 70 deste Código. (Código Penal)
por crime doloso ou culposo. O erro essencial vencível exclui o dolo,
mas não a culpa, desde que previsto em lei o crime culposo. 53
CÓDIGO PENAL
2. ERRO DE TIPO ACIDENTAL: erro de tipo acidental é o que não
versa sobre elementos ou circunstancias do crime, incidindo sobre Relação de causalidade
dados acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
Não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
comportamento. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
seria antijurídica. O sujeito age com consciência do fato, Superveniência de causa independente
enganando-se a respeito de um dado não essencial ao delito ou § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui
quanto à maneira de sua execução. O erro não exclui o dolo. 54 a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
► ERRO SOBRE O OBJETO (ERROR IN OBJECTO): o agente Relevância da omissão
imagina estar agindo um objeto material, mas atinge outro. Ex.: uma § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e
pessoa, querendo furtar um aparelho de videocassete, entra na podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
casa da vítima e, por estar escuro o local, acaba pegando um quem:
aparelho de som. O erro é irrelevante e o agente, conforme já a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
mencionado, responde pelo crime. 55 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
► ERRO SOBRE A PESSOA (ERROR IN PERSONA): o agente com a c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
conduta criminosa visa a certa pessoa, mas por equívoco atinge resultado.
outra. Ex.: querendo matar João, o sujeito efetua um disparo contra Art. 14 - Diz-se o crime:
Antonio, que muito se assemelha fisicamente a João. Nesse caso, Crime consumado
o sujeito responde pelo homicídio. 56 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
50 circunstâncias alheias à vontade do agente.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Pena de tentativa
Saraiva, 2003, p.46.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
51 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
Saraiva, 2003, p.47. diminuída de um a dois terços.
52 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Malheiros, 2003, p. 304. Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
53 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: execução ou impede que o resultado se produza, só responde
Malheiros, 2003, p. 304. pelos atos já praticados.
54 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo:
Malheiros, 2003, p. 357.
55 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 57 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.60. Saraiva, 2003, p.60-61.
56 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 58 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.60. Saraiva, 2003, p.61.

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Arrependimento posterior 11. (ESCRIVÃO/PC-RN) Em relação à infração penal, assinale a


Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à opção correta.
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento a) Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena reclusão, de detenção ou prisão simples, quer isoladamente, quer
será reduzida de um a dois terços. alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
Crime impossível b) Considera-se contravenção penal a infração penal a que a lei
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do comina pena máxima não superior a dois anos de reclusão.
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível c) No ordenamento jurídico brasileiro, a diferença entre crime e
consumar-se o crime. delito está na gravidade do fato e na pena cominada à infração
Art. 18 - Diz-se o crime: penal.
Crime doloso d) A infração penal é gênero que abrange como espécies as
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de contravenções penais e os crimes, sendo estes últimos também
produzi-lo; identificados como delitos.
Crime culposo e) Os crimes apenados com reclusão se submetem aos regimes
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por fechado e semi-aberto, enquanto os apenados com detenção se
imprudência, negligência ou imperícia. submetem aos regimes aberto e prisão simples.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode 12. (PERITO/PCI-PB) A respeito da infração penal no
ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção correta.
dolosamente. a) Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos.
Agravação pelo resultado b) Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença entre crime,
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só delito e contravenção.
responde o agente que o houver causado ao menos c) Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as condutas
culposamente. puníveis dividem-se em crimes ou contravenções (como sinônimos)
Erro sobre elementos do tipo e delitos.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime d) O critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto natureza da pena privativa de liberdade cominada.
em lei. Descriminantes putativas e) A expressão infração penal abrange apenas crimes e delitos.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 13. (TÉCNICO TRIBUTÁRIO/SEFAZ-RS) Considerando-se o
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a conceito analítico de crime, exclui-se a conduta quando
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de a) presente doença mental do agente da conduta.
culpa e o fato é punível como crime culposo. b) presente coação física, seja resistível, seja irresistível.
Erro determinado por terceiro c) presente embriaguez preordenada.
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. d) presente coação moral irresistível.
Erro sobre a pessoa e) presentes caso fortuito e força maior
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não 14. (PAPILOSCOPISTA/PCI-PB) Os elementos do fato típico
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou incluem
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente a) conduta, resultado, nexo causal e tipicidade.
queria praticar o crime. b) dolo, nexo de causalidade, resultado e antijuridicidade.
Erro sobre a ilicitude do fato c) culpa, resultado, tipicidade e culpabilidade.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a d) culpa, dolo, nexo causal e imputabilidade.
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá e) dolo, nexo causal, tipicidade e potencial consciência da ilicitude.
diminuí-la de um sexto a um terço. 15. (OAB) Constitui conduta criminosa
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou a) deixar o pai de prover, sem justa causa, a instrução primária do
se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era filho em idade escolar.
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. b) cometer adultério.
Coação irresistível e obediência hierárquica c) emitir cheque pré-datado, sabendo-o sem provisão de fundos.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita d) destruir culposamente a vidraça de prédio pertencente ao
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior departamento de polícia civil.
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 16. (ADVOGADO/AGU) Considere as situações hipotéticas
Exclusão de ilicitude apresentadas nos seguintes itens.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I Um motorista envolveu-se em um acidente de trânsito e saiu
I - em estado de necessidade; do local sem prestar socorro.
II - em legítima defesa; II Uma filha, maior de idade e capaz, deixou de cuidar da
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular própria mãe gravemente enferma.
de direito. III Um funcionário público tomou conhecimento de um crime
Excesso punível praticado em repartição onde não trabalha e deixou de
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, comunicar tal fato à autoridade pública.
responderá pelo excesso doloso ou culposo. IV O diretor de uma instituição financeira responsável pelo
Estado de necessidade cumprimento dos deveres de comunicação estabelecidos na
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o Lei n.º 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro) e com
fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, atribuição específica, determinada em estatuto, de evitar
nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo prática delituosa deixou de fazê-lo.
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. São situações possíveis de responsabilização do agente por
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever omissão imprópria, nos termos do Código Penal, apenas as
legal de enfrentar o perigo. apresentadas nos itens
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito a) I e III.
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. b) II e IV.
Legítima defesa c) III e IV.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando d) I, II e III.
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, e) I, II e IV.
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 17. (DELEGADO/PC-RJ) Durante a pandemia, Tadeu
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste descumpriu levianamente regras determinadas pelas
artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de autoridades sanitárias, tendo frequentado festas e deixado de
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a usar equipamentos de proteção individual em diversos
vítima mantida refém durante a prática de crimes. momentos. Depois de apresentar sintomas de covid-19,
buscou atendimento hospitalar. Ao ser avaliado pelo médico,
QUESTÕES CEBRASPE Geraldo, verificou-se a necessidade de internação de Tadeu,
com o uso de respirador artificial. Havia apenas um respirador

RENATO FERREIRA PINHEIRO 8


DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

na região, o qual foi disponibilizado a Tadeu. De acordo com o b) conduta humana involuntária, violação de um dever objetivo de
prognóstico médico, caso não fizesse uso do aparelho, Tadeu cuidado, resultado naturalístico voluntário e previsível, e nexo
provavelmente morreria, mas com o tratamento adequado causal
poderia obter plena recuperação em algumas semanas. Nesse c) conduta humana involuntária, representação clara da vontade do
mesmo dia, deu entrada no hospital, também vítima de covid- agente, resultado naturalístico previsível e nexo causal
19, o paciente Jeferson, que havia adotado todas as d) conduta humana involuntária, violação de um dever objetivo de
precauções necessárias para evitar a contaminação, mas ainda cuidado, resultado naturalístico imprevisível e nexo causal
assim contraíra o vírus. Seu quadro clínico é idêntico ao de e) conduta humana voluntária, violação de um dever objetivo de
Tadeu e o prognóstico é o mesmo. No entanto, não havia outro cuidado e assunção de um risco permitido que gera um resultado
respirador artificial no hospital nem em unidades de saúde naturalístico previsível
próximas, não existindo possibilidade de transferi-lo. A única 22. (MAGISTRATURA/TJ-MA) O agente que imagina já ter
solução seria retirar Tadeu do aparelho e submeter Jeferson ao obtido o resultado pensado por ele, sem tê-lo alcançado, e, por
tratamento, o que Geraldo se negou a fazer, oferecendo outros isso, pratica outra conduta que efetivamente alcança o objetivo
cuidados a Jeferson. Não obstante os esforços de Geraldo, primário realiza a conduta em dolo
Jeferson morreu em algumas horas, o que poderia ser evitado a) geral.
pelo uso do respirador. b) de segundo grau.
Nessa situação hipotética, Geraldo c) eventual.
a) responderá pelo resultado morte, pois a ponderabilidade da vida d) alternativo.
deve levar em consideração o contexto em que ocorreu a e) cumulativo.
contaminação. 23. (TÉCNICO TRIBUTARIO/SEFAZ-RS) Um indivíduo agiu
b) não responderá pelo resultado morte, pois o dever de omissão prevendo o resultado naturalístico adverso de sua ação, mas
prepondera sobre o dever de ação. esperava que este não viesse a ocorrer. Nesse caso, a conduta
c) não responderá pelo resultado morte, pois agiu sem potencial do indivíduo corresponde ao conceito jurídico de
consciência da ilicitude de seu comportamento. a) dolo eventual.
d) não será punido pelo resultado morte, pois há uma hipótese de b) dolo de segundo grau.
escusa absolutória determinada pela inevitabilidade do resultado c) culpa presumida.
em relação a um dos pacientes. d) dolo de perigo.
e) responderá pelo resultado morte, pois a pessoa salva realizou a e) culpa consciente.
autocolocação em risco, devendo ter sido priorizado o atendimento 24. (ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/SEFAZ-RS) Em relação a
ao outro paciente. crime culposo, assinale a opção correta.
18. (ESCRIVÃO/PC-PB) Lucas, com 15 anos de idade, conheceu a) O agente de conduta culposa assume o risco do resultado
Lívia, com 13 anos de idade, na escola onde estudavam. Com o produzido por sua conduta.
tempo, ambos se apaixonaram e começaram a namorar. Após b) A conduta culposa é dirigida à prática de um fim ilícito.
terem a primeira relação sexual, Lívia comunicou o fato aos c) O agente com culpa consciente prevê, mas não aceita, a
seus pais, os quais, por gostarem de Lucas, convidaram-no a superveniência do resultado de sua conduta.
morar junto com Lívia, na casa da família. Lucas, ainda com 15 d) O agente de crime culposo não tem previsibilidade objetiva do
anos de idade, aceitou prontamente o convite e imediatamente resultado de sua conduta.
passou a conviver com Lívia, que ainda tinha 13 anos de idade, e) A conduta negligente admite, em regra, tentativa no crime
como marido e mulher, na casa dos pais dela, mantendo, culposo.
continuamente, relação sexual consentida por Lívia e com a 25. (AGENTE/PC-RN) Manoel dirigia seu automóvel em
ciência dos pais desta. velocidade compatível com a via pública e utilizando as
Considerando essa situação hipotética e o conceito tripartite cautelas necessárias quando atropelou fatalmente um pedestre
de crime, assinale a opção correta. que, desejando cometer suicídio, se atirou contra seu veículo.
a) Apenas os pais de Lívia responderão por crime de estupro de Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção
vulnerável, na forma da omissão imprópria, por serem autores correta.
mediatos do delito. a) Manoel praticou homicídio culposo, uma vez que, ao dirigir
b) Apenas Lucas cometeu crime de estupro de vulnerável, pois os veículo automotor, o condutor assume o risco de produzir o
pais de Lívia não tiveram conhecimento prévio da primeira relação resultado, nesse caso o atropelamento.
sexual dos menores. b) Manoel praticou lesão corporal seguida de morte, pois, ao dirigir,
c) Lucas é autor do crime de estupro de vulnerável e os pais de assumiu o risco de atropelar alguém, mas, como não tinha intenção
Lívia são partícipes pela omissão própria, e cada um deles de matar, não responde pelo resultado morte.
responderá na medida de sua culpabilidade. c) Manoel praticou o crime de auxílio ao suicídio, posto que
d) Lucas é autor do crime de estupro de vulnerável e os pais de contribuiu para a conduta suicida da vítima.
Lívia são partícipes pela omissão imprópria, e cada um deles d) Manoel não praticou crime, posto que o fato não é típico, já que
responderá na medida de sua culpabilidade. não agiu com dolo ou culpa em face da excludente de ilicitude.
e) O fato é atípico, em razão do princípio da adequação social, que e) Manoel não praticou crime, na medida em que não houve
suprime a tipicidade material. previsibilidade na conduta da vítima.
19. (AGENTE/PC-PB) Considera-se crime omissivo próprio 26. (DATIPOSCOPISTA/PCI-RO) No que diz respeito às
a) a corrupção passiva. excludentes de ilicitude e à imputabilidade, assinale a opção
b) a violação de sigilo funcional. correta.
c) o emprego irregular de verbas ou rendas públicas. a) Não responde por excesso doloso o agente que age em legítima
d) a condescendência criminosa. defesa ou estrito cumprimento do dever legal.
e) a concussão. b) É isento de pena o agente que, por doença mental ao tempo da
20. (AGENTE/PC-PB) Quando o agente pratica o crime com ação, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
determinado dolo, mas, por culpa sobressai um resultado mais fato.
grave do que o esperado, ocorre c) Descaracteriza a legítima defesa o agente de segurança pública
a) erro de tipo. que repele agressão a vítima mantida refém durante a prática de
b) erro de execução. crimes.
c) crime preterdoloso. d) Sendo razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado no
d) concorrência de culpa. estado de necessidade, a pena será agravada.
e) erro de proibição. e) O agente que tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode
21. (PROMOTOR/MPE-SE) Assinale a opção que apresenta os alegar estado de necessidade.
elementos do crime culposo. 27. (AGENTE/PC-RO) Em relação às excludentes de ilicitude,
a) conduta humana voluntária, violação de um dever objetivo de assinale a opção correta.
cuidado, resultado naturalístico involuntário e previsível, e nexo a) A legítima defesa sucessiva é a que se origina após a agressão
causal inicial e excede a causa.
b) Os ofendículos são artefatos utilizados para defesa do bem
jurídico e configuram estado de necessidade.

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c) O Código Penal não admite a legítima defesa real recíproca. Presume a lei, portanto, que todos são culpáveis. Ocorre,
d) Na legítima defesa, o excesso será punido apenas na entretanto, que o mesmo art. 21, em sua 2ª parte, determina que o
modalidade dolosa. erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena, e, se
e) Na legítima defesa putativa, o agente responderá pelo crime evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3. 62
doloso na modalidade tentada.
28. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-AL) Com relação à ilicitude e às Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
causas de exclusão, julgue os itens a seguir. ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
I As causas de exclusão de antijuridicidade previstas no CP diminuí-la de um sexto a um terço.
são taxativas. Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou
II As fontes das causas de justificação são a lei, a necessidade se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
e a falta de interesse. possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
III Os efeitos das causas excludentes de antijuridicidade se
estendem à esfera extrapenal. C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: consiste na expectativa
IV O consentimento do ofendido é causa de exclusão de social de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo
ilicitude expressa no CP. agente. Somente haverá exigibilidade de conduta diversa quando a
Estão certos apenas os itens coletividade podia esperar do sujeito que tivesse atuado de outra
a) I e III. forma. 63
b) I e IV.
c) II e III.
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
d) II e IV.
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
e) III e IV.
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

3. IMPUTABILIDADE PENAL
CÓDIGO PENAL
CULPABILIDADE: é a reprovação da ordem jurídica em face de
estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico. Inimputáveis
Reprovabilidade que vem recair sobre o agente, ensinava Aníbal Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
Bruno, porque a ele cumpria conformar a sua conduta com o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
mandamento do ordenamento jurídico, porque tinha a possibilidade ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
de fazê-lo e não o fez, revelando no fato de não o ter feito uma ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
vontade contrária àquela obrigação. 59 entendimento.
Redução de pena
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE: para essa teoria, a Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
culpabilidade, que não é requisito do crime, mas simples o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
pressuposto da aplicação da pena, possui os seguintes elementos: desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
a) imputabilidade; b) potencial de consciência da ilicitude; c) inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
exigibilidade de conduta diversa. 60 determinar-se de acordo com esse entendimento.
Menores de dezoito anos
A) IMPUTABILIDADE: é a possibilidade de se atribuir a alguém a Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
responsabilidade por algum fato, ou seja, o conjunto de condições inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
pessoais que dá ao agente a capacidade para lhe ser juridicamente legislação especial.
imputada a prática de uma infração penal. O Código Penal não Emoção e paixão
define a imputabilidade. Ao contrário, enumera apenas as hipóteses Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
de inimputabilidade. Em princípios, todos são imputáveis, exceto I - a emoção ou a paixão;
aqueles abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade Embriaguez
enumeradas na lei, que são as seguintes: a) doença mental ou II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância
desenvolvimento mental incompleto ou retardado; b) menoridade; c) de efeitos análogos.
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior; d) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
dependência de substância entorpecente. 61 proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
entendimento.
esse entendimento.
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial. QUESTÕES CEBRASPE
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão; 29. (AGENTE/PC-PE) Acerca das questões de tipicidade,
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância ilicitude (ou antijuridicidade) e culpabilidade, bem como de
de efeitos análogos. suas respectivas excludentes, assinale a opção correta.
§ 1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, a) A inexigibilidade de conduta diversa e a inimputabilidade são
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação causas excludentes de ilicitude.
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do b) O erro de proibição é causa excludente de ilicitude.
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. c) Há excludente de ilicitude em casos de estado de necessidade,
legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no
B) POTENCIAL DE CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: estabelece o art. exercício regular do direito.
21 do Código Penal que o desconhecimento da lei é inescusável. d) Há excludente de tipicidade em casos de estado de necessidade,
legítima defesa, exercício regular do direito e estrito cumprimento
do dever legal.
59 JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo:
Malheiros, 2003, p. 155.
60 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 62 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.86. Saraiva, 2003, p.92.
61 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: 63 CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
Saraiva, 2003, p.86. 2001, p.275.

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e) A inexigibilidade de conduta diversa e a inimputabilidade são b) Segundo a teoria finalista de crime, a exigibilidade de conduta
causas excludentes de tipicidade. diversa é um elemento subjetivo da culpabilidade, que deve ser
30. (MAGISTRATURA/TRF-DF) No que diz respeito às causas analisado, diante do caso concreto, com base na hipótese de o
de exclusão da ilicitude e de culpabilidade, assinale a opção agente poder agir em conformidade com o direito.
correta. c) O erro mandamental exclui a culpabilidade, se inescusável, uma
a) Para o reconhecimento da causa de exclusão de ilicitude, há vez que não se pode exigir conduta diversa do agente que não tem
necessidade da presença dos pressupostos objetivos e da o necessário discernimento para ato.
consciência do agente de agir acobertado por uma excludente, de d) A embriaguez completa e preordenada isenta o réu de pena, por
modo a evitar o dano pessoal ou de terceiros, admitindo-se as constituir causa legal de exclusão da culpabilidade.
causas supralegais de justificação. e) Incorre em erro de validade o agente que pratica um fato proibido,
b) A legislação extravagante prevê, entre as causas de exclusão de supondo acreditar que o STF tenha declarado a
culpabilidade, a que assegura, na Lei de Entorpecentes, a isenção inconstitucionalidade de uma lei penal incriminadora.
de pena do agente que, em razão da dependência de droga, seja, 35. (PERITO/PCI-PB) A potencial consciência de ilicitude é
ao tempo da ação ou da omissão, incapaz de entender o caráter elemento da
ilícito do fato, incidindo, apenas, no delito de portar ou trazer a) voluntariedade.
consigo drogas para uso pessoal. b) tipicidade.
c) A condição de silvícola e a surdo-mudez completa são c) ilicitude.
consideradas causas de exclusão da imputabilidade absoluta, por d) punibilidade.
presunção legal expressa, com fulcro no critério biopsicológico, de e) culpabilidade.
as pessoas nessas condições demonstrarem incapacidade de 36. (PROMOTOR/MPE-PI) Em relação à estrutura analítica do
entender o que seja ilicitude e de se autodeterminar de acordo com crime, o juízo da culpabilidade avalia
esse entendimento. a) a prática da conduta.
d) As causas de exclusão de ilicitude são taxativas e estão b) as condições pessoais da vítima.
previstas na parte geral do CP, tendo o legislador pátrio fornecido o c) a existência do injusto penal.
conceito preciso de cada uma delas, de modo a evitar d) a reprovabilidade da conduta.
interpretações não previstas na norma, em benefício do autor da e) a contrariedade do fato ao direito.
conduta. 37. (TÉCNICO TRIBUTÁRIO/SEFAZ-RS) É causa de exclusão da
e) As causas de exclusão de ilicitude e de culpabilidade têm os culpabilidade
mesmos efeitos jurídicos, reconhecem a conduta como infração a) o erro de tipo invencível.
penal e, em nenhuma hipótese, acarretam a imposição de pena ao b) o agir sob violenta emoção.
agente. c) a embriaguez culposa.
31. (OAB) Assinale a opção incorreta, levando em d) o erro de proibição escusável.
consideração os elementos da culpabilidade. e) a embriaguez preordenada.
a) O Código Penal brasileiro adotou o critério biopsicológico para 38. (AUDITOR FISCAL/SEFAZ-ES) cerca da culpabilidade e da
aferição da imputabilidade do agente. imputabilidade penal, assinale a opção correta.
b) É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, a) São causas excludentes de culpabilidade, a obediência
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação hierárquica e a coação moral irresistível.
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do b) O erro inevitável sobre a ilicitude do fato é causa excludente de
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. antijuridicidade.
c) A emoção ou a paixão não excluem a imputabilidade penal. c) São causas excludentes de ilicitude a legítima defesa, o estado
d) O erro de proibição, ainda que evitável, exclui a potencial de necessidade e a inimputabilidade por doença mental.
consciência da ilicitude, isentando de pena, por consequência, o d) A embriaguez fortuita completa não exclui a culpabilidade do
agente. agente.
32. (PERITO/PC-PB) André, verificando que sua esposa e) A conduta motivada pela emoção ou pela paixão interfere na
Francisca estava correndo risco de morte, invadiu, munido de imputabilidade penal.
faca, o posto de saúde local e de lá subtraiu ataduras, gazes e
medicamentos. Configurada a ação típica, o juiz o absolveu por 5. CONCURSO DE PESSOAS
entender presente uma das causas excludentes de ilicitude,
que é
a) a legítima defesa. CONCEITO: ocorre o concurso de pessoas (ou concurso de agentes,
b) o estado de necessidade. co-delinqüência quando uma infração penal é cometida por duas ou
c) o consentimento do ofendido. mais pessoas. 64
d) o exercício regular de direito.
e) o estrito cumprimento de dever legal. CLASSIFICAÇÃO
33. (ANALISTA/DPE-RO) Foi atribuída a um cidadão a autoria
A) MONOSSUBJETIVOS OU DE CONCURSO EVENTUAL: que podem
de um homicídio, não se encontrando o agente acobertado por
nenhuma justificativa. ser cometidos por uma só pessoa. Ex.: homicídio. Nesse caso não
Nessa situação hipotética, conforme a teoria da culpabilidade há concurso de agentes. É possível, entretanto, que várias pessoas
adotada pelo ordenamento jurídico penal brasileiro, o fato será matem a vítima, hipótese em que haverá o concurso. O homicídio é,
a) culpável se demonstrado o dolo ou a culpa do agente, principais portanto, um crime de concurso eventual. 65
elementos da culpabilidade.
B) PLURISSUBJETIVOS OU DE CONCURSO NECESSÁRIO: que só
b) considerado culpável se o agente, ao tempo do crime, tiver agido
sob influência de violenta emoção provocada por ato injusto da podem ser praticados por duas ou mais pessoas. São, portanto,
vítima. crimes de concurso necessário. Ex.: crime de quadrilha (art. 288),
c) culpável se demonstrada a ilicitude da conduta do agente, que pressupõe a união de pelo menos quatro pessoas; crime de
elemento intrínseco da culpabilidade. rixa (art. 137), que exige pelo menos três pessoas. 66
d) culpável se o agente, ao tempo do crime, fosse imputável,
detivesse potencial consciência da ilicitude e não lhe fosse exigido 1. AUTOR: só pode ser considerado autor aquele que pratica o
outro comportamento. verbo do tipo, ou seja, a conduta principal nele descrita. Mandante
e) considerado culpável se o agente tiver atuado sem a consciência
da ilicitude do fato, sem que lhe fosse possível ter ou atingir esse
conhecimento.
34. (ESCRIVÃO/PC-PB) Com base na análise da culpabilidade, 64
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
assinale a opção correta.
Saraiva, 2003, p.94.
a) Exclui-se a culpabilidade do agente que, em virtude de 65
perturbação da saúde mental, não tenha sido inteiramente capaz de GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar conforme o Saraiva, 2003, p.94.
66
direito. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo:
Saraiva, 2003, p.94.

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e autor intelectual não são autores, mas partícipes, pois não iniciativa exclusiva da vítima, em que não há nenhum interesse
realizam o núcleo da ação típica. 67 estatal, apenas do ofendido.
40. (PERITO/PCI-PB) Em relação aos sujeitos ativo e passivo da
Autoria colateral: duas pessoas querem praticar um crime e agem infração penal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a
ao mesmo tempo sem que uma saiba da intenção da outra e o opção incorreta.
resultado decorre da ação de apenas uma delas, que é identificada a) A pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de infração penal.
no caso concreto. b) Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na
Autoria mediata: na autoria mediata, o agente serve-se de pessoa lei.
sem discernimento para executar para ele o delito. O executor é c) Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado ou
usado como mero instrumento por atuar sem vontade ou sem ameaçado pela conduta criminosa.
consciência do que está fazendo e, por isso, só responde pelo d) O conceito de sujeito ativo da infração penal abrange não só
crime o autor mediato. 68 aquele que pratica a ação principal, mas também quem colabora de
alguma forma para a prática do fato criminoso.
2. CO-AUTOR: todos os agentes, em colaboração recíproca e e) Parte da doutrina entende que, sob o aspecto formal, o Estado é
visando ao mesmo fim, realizam a conduta principal [...] a sempre sujeito passivo do crime.
contribuição dos co-autores no fato criminoso não necessita, 41. (PROMOTOR/MPE-TO) Autor é aquele que realiza ação típica
contudo, ser materialmente a mesma, podendo haver uma divisão ou alguns de seus elementos previstos na lei penal. A contribuição
dos atos executivos. Exemplo: no delito de roubo, um dos co- causal deve estar subsumida ao conteúdo descritivo do tipo. A
autores emprega violência contra a vítima contra a vítima e o outro autoria é determinada pelo momento de execução de uma ação
retira dela um objeto; no estupro, um constrange, enquanto o outro típica, enquanto as formas de participação são entendidas como
mantém conjugação carnal com a ofendida, e assim por diante. 69 causas de extensão da punibilidade.
Considerando-se as teorias aplicáveis ao concurso de pessoas, é
3. PARTÍCIPE: partícipe é quem concorre para que o autor ou correto afirmar que o texto precedente trata do conceito
co-autores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem a) subjetivo de autor.
praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a b) residual ou extensivo de autor.
produção do resultado. 70 c) finalista ou objetivo-subjetivo de autor.
d) restritivo ou objetivo-formal de autor.
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E e) unitário ou monista de autor.
CIRCUNSTÂNCIAS: não se comunicam as circunstâncias e as 42. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PA) Os agentes A e B
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. praticaram um assalto contra a vítima X, que tinha dezessete
71 anos de idade na data do fato. Durante o assalto, A aproveitou-
se da situação de coação da vítima X e, contra a vontade desta,
com ela praticou conjunção carnal, enquanto B, sabendo da
CÓDIGO PENAL
intenção de A, ficou vigiando o local, sem, entretanto, assistir
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas ao ato sexual.
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade Nessa situação hipotética,
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser a) A praticou roubo circunstanciado e estupro simples, enquanto só
diminuída de um sexto a um terço. responderá por roubo circunstanciado.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos b) A praticou roubo circunstanciado e estupro qualificado, enquanto
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada B só responderá por roubo circunstanciado.
até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais c) A e B responderão por roubo circunstanciado e estupro simples.
grave. d) A e B responderão por roubo circunstanciado e estupro
Circunstâncias incomunicáveis qualificado, mas B responderá apenas como partícipe do crime de
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de estupro.
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. e) A e B responderão por roubo circunstanciado e estupro
Casos de impunibilidade qualificado.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo 43. (DELEGADO/PC-PB) A, B e C são atores. Pelo fato de B
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não obter o papel de personagens de maior destaque,
chega, pelo menos, a ser tentado. secretamente A o inveja e despreza. No intuito de livrar-se de B,
A troca as balas de festim por munição real do revólver de C,
QUESTÕES CEBRASPE que, ao disparar em cena de novela contra B, causa sua morte.
Nesse caso,
39. (DELEGADO/PC-RN) Acerca da sujeição ativa e passiva da a) segundo a teoria objetivo -material, C poderá ser enquadrado na
infração penal, assinale a opção correta. autoria imprópria em relação ao homicídio de B.
a) Doentes mentais, desde que maiores de dezoito anos de idade, b) com base na teoria objetivo- formal, A poderá ser considerado
têm capacidade penal ativa. autor mediato do homicídio de B.
b) É possível que os mortos figurem como sujeito passivo em c) conforme a teoria do domínio do fato, C seria considerado
determinados crimes, como, por exemplo, no delito de vilipêndio a partícipe do homicídio de B.
cadáver. d) A e C agiram em autoria colateral, sendo que A será considerado
c) No estelionato com fraude para recebimento de seguro, em que mandante e C responderá culposamente.
o agente se auto lesiona no afã de receber prêmio, é possível se e) houve autoria incerta, e A e C responderão por tentativa de
concluir que se reúnem, na mesma pessoa, as sujeições ativas e homicídio, pois, quanto à tentativa, existia certeza, mas, quanto à
passiva da infração. ocorrência do resultado, havia dúvida.
d) No crime de autoaborto, a gestante é, ao mesmo tempo e em 44. (ESCRIVÃO/PC-PB) Acerca do sujeito ativo e concurso de
razão da mesma conduta, autora do crime e sujeito passivo. agentes, assinale a opção correta.
e) O Estado costuma figurar, constantemente, na sujeição passiva a) Para conceituar autor, o atual Código Penal adotou a teoria
dos crimes, salvo, porém, quando se tratar de delito perquirido por unitária, definindo-o como aquele que concorre, de qualquer modo,
para a realização de um resultado penalmente relevante.
b) Para a devida punição, como regra geral, a conduta do partícipe
67
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, será penalmente relevante e punível, ainda que o autor não execute
2001, p.290. o delito planejado.
68
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: c) O concurso absolutamente negativo não faz do omisso um
Saraiva, 2003, p.98-99. partícipe do delito, por não estar ligado ao crime nem ter o dever
69 legal de agir.
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2001, p.291-292.
d) Para a punição do partícipe, o direito penal brasileiro adota a
70 teoria da acessoriedade mínima, com base na ideia de que, se o
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
autor der início ao fato típico, o partícipe deverá ser penalmente
2001, p.292.
71 responsabilizado.
Art. 1º, do Decreto-Lei n. 2.848/40.

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e) Havendo desvio subjetivo de coagente, todos os que cooperaram b) Flávia é coautora de Leonardo no crime de roubo e Júlio não
para a prática criminosa responderão pelo mesmo crime, mas a cometeu crime.
pena do não aderente será diminuída, caso o resultado não seja c) Júlio e Flávia são igualmente partícipes do crime de Leonardo.
previsível. d) Flávia é autora mediata do crime de Leonardo e Júlio não
45. (OFICIAL/PM-RO) O concurso de agentes é caracterizado cometeu crime.
como a reunião de pessoas para cometimento de um crime e) Flávia é partícipe do crime de Leonardo e Júlio não cometeu
com unidade de desígnios (crime como fato coletivo) e pode se crime.
dar de modo eventual ou necessário, mediante condutas
paralelas, convergentes ou contrapostas dos agentes. PARTE ESPECIAL
Considerando as informações apresentadas, assinale a opção
correta em relação às condições que caracterizam os crimes
plurissubjetivos de condutas paralelas. 6. CRIMES CONTRA A PESSOA
a) Há concurso de agentes necessário e os agentes visam à
produção do mesmo resultado.
b) Há concurso de agentes necessário e o resultado pressupõe o Crimes contra a vida
encontro (reunião física) dos agentes. Lesões corporais
c) Há concurso de agentes necessário e os agentes executam Periclitação contra a vida e saúde
condutas que se desenvolvem umas contra as outras. Rixa
d) Há concurso de agentes eventual e os agentes executam Crimes contra a honra
condutas que se desenvolvem umas contra as outras. Crimes contra liberdade individual
e) Há concurso de agentes eventual e os agentes visam à produção
do mesmo resultado CRIMES CONTRA A VIDA
46. (OFICIAL/CBM-RO) A caracterização do concurso de
pessoas prescinde de 1. HOMICÍDIO: é a assassinato da vida humana extrauterina
a) pluralidade de participantes. praticada por outra pessoa.
b) ajuste prévio entre os agentes.
c) pluralidade de condutas. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.
d) relevância causal de cada conduta. SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa. (quando o sujeito
e) liame subjetivo entre os agentes. passivo for o Presidente da República, Presidente da
47. (OFICIAL/CBM-RO) Assinale a opção correta acerca da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, o
figura do partícipe no ordenamento penal brasileiro. delito configura crime contra a Segurança Nacional – Lei n.
a) Exige-se do partícipe apenas o seu envolvimento objetivo com o 7.170/83).
resultado delituoso.
b) É admissível a caracterização jurídica de participação dolosa em EXECUÇÃO: o crime pode ser executado por ação ou omissão (é
crime culposo. admitida a tentativa de homicídio).
c) A conivência ou participação negativa, de regra, é punida CONSUMAÇÃO: com a morte (a pessoa é considerada
penalmente. juridicamente morta com a cessão da atividade encefálica –
d) Em caso de induzimento, o arrependimento do partícipe, durante Lei n. 9.434/97).
a execução do crime, somente adquire relevância se o autor não ELEMENTO SUBJETIVO: é o dolo que consiste no animus necandi
concretizar o delito. ou animus occidendi (intenção de matar).
e) No caso de tentativa delituosa, a participação será tipificada
como crime autônomo. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: se o agente comete o crime impelido
48. (AGENTE/PC-RO) De acordo com o que o Código Penal por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
estabelece quanto ao concurso de pessoas, assinale a opção violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
correta. juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (causa especial de
a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas diminuição da pena).
penas a este cominadas, na medida de sua punibilidade.
b) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter HOMICÍDIO QUALIFICADO: no crime de homicídio simples a pena
pessoal, salvo quando elementares do crime. é de reclusão de 6 a 20 anos, todavia, quando homicídio é
c) Em regra, a participação na modalidade de instigação é punida, qualificado a pena será reclusão de 12 a 30 anos. O homicídio é
ainda que o crime não seja sequer tentado. qualificado quando cometido:
d) A mesma pena é aplicável a todos os coautores, ainda que a 1. mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
participação seja de menor importância. motivo torpe; 2. por motivo fútil; 3. com emprego de veneno, fogo,
e) No caso de concorrente que quis participar de crime menos explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
grave, o juiz pode deixar de aplicar a pena. que possa resultar perigo comum; 4. à traição, de emboscada, ou
49. (ANALISTA/TJ-RJ) Em tema de concurso de pessoas, mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
a) comunicam-se as circunstâncias objetivas ainda que o coautor impossível a defesa do ofendido; 5. para assegurar a execução, a
delas não tivesse conhecimento. ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
b) considera-se partícipe aquele que, sem realizar diretamente a
conduta prevista no tipo, comete o crime por meio de outra pessoa HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO: o privilégio pode
não culpável, usada como seu instrumento. concorrer com as qualificadoras de natureza objetiva, mas não com
c) a pluralidade de agentes figura como elementar dos delitos de as de natureza subjetiva. Ex.: o pai que mata usando fogo o
concurso necessário. estuprador da filha.
d) caracteriza-se o concurso delitivo quando dois agentes, com
conversão de vontades para a prática de um mesmo crime, atuam HOMICÍDIO CULPOSSO: se o homicídio é culposo, ou seja,
sem que um saiba da conduta do outro. quando o agente não queria o resultado, porém este poderia ser
e) responde pelo resultado em concurso de agentes quem, sem o previsível ou o agente agiu com imprudência, imperícia ou
dever de impedi-lo, mas podendo fazê-lo, se omitiu, assentindo com negligência a pena será de detenção de um a três anos.
sua produção.
50. (ANALISTA LEGISLATIVO/ALE-CE) Júlio, com posse legal CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
de arma de fogo de uso permitido, é marido de Flávia, que, sem A) no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o crime
consentimento ou ciência de seu cônjuge, emprestou a referida resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
arma a seu amigo, Leonardo, que havia planejado crime de ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorre à vítima,
roubo, chegando a consumá-lo. Considerando essa situação não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
hipotética e as disposições acerca de concurso de pessoas, evitar a prisão em flagrante.
assinale a opção correta. B) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 se o
a) Flávia e Júlio são partícipes do crime de Leonardo, mas Júlio crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60
responderá como partícipe na modalidade culposa. anos.

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b) A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o efeito a qualquer tempo, para corrigir ou complemente ar laudo
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação anterior, ou logo após um ano da data da lesão, objetivando
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. pesquisar permanência da mesma.

Perdão judicial: na hipótese do homicídio culposo, o juiz poderá Perigo de vida: é a probabilidade concreta e objetiva de morte (não
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem pode nunca ser suposto, nem presumido, mas real, clínica e
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne obrigatoriamente diagnosticado); é a situação clínica em que
desnecessária. resultará a morte do ofendido se não for socorrido adequadamente,
em tempo hábil; ele se apresenta como um relâmpago, num átimo,
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO ou no curso evolutivo do dano, desde que seja antes do trintídio -
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para ex.: hemorragia por seção de vaso calibroso, prontamente coibida;
que o faça. traumatismo cranioencefálico, feridas penetrantes do abdome,
lesão de lobo hepático, comoção medular, queimaduras em áreas
CONSUMAÇÃO: Se o suicídio se consuma ou se da automutilação extensas corporais, colapso total de um pulmão etc.
resulta morte
TENTATIVA: Se dá automutilação ou da tentativa de suicídio Debilidade permanente de membro, sentido (são as funções
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, perceptivas que permitem ao indivíduo contatar os objetos do
mundo exterior) ou função (é o modo de ação de um órgão,
Aumento de pena: a pena é duplicada: a) se o crime é praticado aparelho ou sistema do corpo) ? é a lesão conseqüente à fraqueza,
por motivo egoístico, torpe ou fútil e b) se a vítima é menor ou tem à debilitação, ao enfraquecimento duradouro, mas não perpétuo ou
diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. impossível de tratamento ortopédico, do uso da energia de membro,
A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio sentido ou função, sem comprometimento do bem-estar do
da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo organismo, de origem traumática; por permanente entende-se a
real. fixação definitiva da incapacidade parcial, após tratamento rotineiro
que não logra o resultado almejado, resultando, portanto,
INFANTICIDIO verdadeira enfermidade; a ablação ou inutilização de um órgão
Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante duplo, mantido o outro íntegro e não abolida a função, constitui
o parto ou logo após: lesão grave (debilidade permanente); a ablação ou inutilização de
um órgão duplo e debilitação da forma do órgão remanescente,
ABORTO trata-se de lesão gravíssima (perda de membro, sentido ou função);
Provocado pela gestante (auto-aborto) Art. 124, CP a eliminação ou inutilização otal de um órgão ímpar que tenham
Com o consentimento da gestante Art. 124,CP suas funções compensadas por outros órgãos, bem como a
Provocado por terceiro com o consentimento da gestante diminuição da
Art. 126, CP função genésica peniana conseqüente a um traumatismo, tratam-se
Provocado por terceiro sem o consentimento da gestante Art. 125, de lesão grave (debilidade permanente); a perda de dente, em
CP Qualificado Art. 127, CP princípio, não é considerada lesão grave, nem gravíssima, compete
Legal Art. 128, CP aos peritos odontólogos apurar e afirmar, de forma inconteste, a
debilidade da função mastigadora; a perda de dente poderá
LESÕES CORPORAIS eventualmente integrar a qualificadora deformidade permanente se
complexar o ofendido a ponto de interferir negativamente em seu
relacionamento econômico e social.
Lesão corporal é resultado de atentado bem sucedido à
integridade corporal ou psíquica do ser humano. aceleração de parto: consiste na antecipação quanto à data ou
ocasião do parto, mas necessariamente depois do tempo mínimo
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem para a possibilidade de vida extra-uterina e desencadeada por
LEVES: são as lesões corporais que não determinam as traumatismos físicos ou psíquicos; na aceleração do parto, o
consequências previstas nos §§ 1°, 2° e 3°, do art. 129 do CP; são concepto deve nascer vivo e continuar com vida, dado o seu grau
representadas frequentemente por danos superficiais de maturação; no aborto, o concepto é expulso morto, ou sem
comprometendo a pele, a hipoderme, os vasos arteriais e venosos viabilidade, se sobreviver.
capilares ou pouco calibrosos - ex.: o desnudamento da pele ou
escoriação, o hematoma, a equimose, ferida contusa, luxação, GRAVÍSSIMAS: são os danos corporais resultantes das
edema, torcicolo traumático; choque nervoso, convulsões ou outras conseqüências previstas pelo § 2°:
alterações patológicas congêneres obtidas à custa de reiteradas Incapacidade permanente para o trabalho ? é caracterizada pela
ameaças. inabilitação ou invalidez de duração incalculável, mas não perpétua,
GRAVES: são os danos corporais resultantes das consequências para todo e qualquer trabalho.
previstas no § 1°: Enfermidade incurável ? é a ausência ou o exercício imperfeito ou
- incapacidade para as ocupações habituais por + de 30 dias ? é irregular de determinadas funções em ndivíduo que goza de
quando o ofendido não pode retornar a todas as suas comuns aparente saúde.
atividades corporais antes de transcorridos 30 dias, contados da Deformidade permanente ? é o dano estético irreparável pelos
data da lesão; a incapacidade não precisa ser absoluta, basta que a meios comuns, ou por si mesmo, capaz de provocar sensação de
lesão caracterize perigo ou imprudência no exercício das repulsa no observador, sem contudo atingir o aspecto de coisa
ocupações habituais por mais de 30 dias. horripilante, mas que causa complexo ou interfira negativamente na
vida social ou econômica do ofendido; se o portador de
- exame complementar ? é um segundo exame pericial que se faz deformidade permanente se submeta, de bom grado, à cirurgia
logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime e plástica corretora, a atuação do réu, amiúde, será considerada
não da respectiva lavratura do corpo de delito, para avaliar o tempo gravíssima, todavia, será desclassificada para lesão corporal menos
de duração da incapacidade; quando procedido antes do trintídio é grave, se ainda não foi prolatada a sentença.
suposto imprestável, pois aberra do texto legal; se realizado muito
tempo depois de expirado o prazo de 30 dias ele será imprestável, Lesão corporal seguida de morte: reclusão, de quatro a
impondose, doze anos.
Diminuição de pena: Se o agente comete o crime impelido por
por isso, a desclassificação para o dano corporal mais leve motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
(exceção: quando os peritos puderem verificar permanência da violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
incapacidade da vítima para as suas ocupações habituais - ex.: juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
detecção radiológica de calo de fratura assestado em osso longo,
posto que essa modalidade de lesão traumática sempre demanda Lesão corporal culposa: quando o agente não tem a intenção.
mais de 30 dias para consolidar); existe outras formas de exame
complementar que não a que se faz para verificar a permanência
da nabilitação por mais de 30 dias, como a investigação levada a

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Violência Doméstica: se a lesão for praticada contra ascendente, § 3º Se o homicídio é culposo:


descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem Pena - detenção, de um a três anos.
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente Aumento de pena
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
pena em 1/3 (um terço). para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
deficiência. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código desnecessária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime
CRIMES CONTRA HONRA for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de
serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
A calúnia consiste em atribuir , falsamente , à alguém a § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
responsabilidade pela prática de um fato determinado metade se o crime for praticado:
definido como crime . Na jurisprudência temos “a calúnia I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
pede dolo específico e exige três requisitos : imputação de parto;
um fato + qualificado como crime + falsidade da imputação” II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
( RT 483/371 ) . com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou
de vulnerabilidade física ou mental;
A difamação, por sua vez, consiste em atribuir a alguém III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente
fato determinado ofensivo à sua reputação. da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
A injúria, de outro lado, consiste em atribuir a alguém previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da lei 11.340/06.
qualidades negativas, que ofenda sua dignidade ou decoro. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
automutilação
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
CÓDIGO PENAL
automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
CAPÍTULO I Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
DOS CRIMES CONTRA A VIDA § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão
Homicídio simples corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e
Art. 121. Matar alguém: 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Caso de diminuição de pena § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante morte:
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a § 3º A pena é duplicada:
pena de um sexto a um terço. I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
Homicídio qualificado II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
§ 2° Se o homicídio é cometido: capacidade de resistência.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por
torpe; meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em
II - por motivo futil; tempo real.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo coordenador de grupo ou de rede virtual.
comum; § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
vantagem de outro crime: ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
Feminicídio Código.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Infanticídio
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos durante o parto ou logo após:
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: Pena - detenção, de dois a seis anos.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem
quando o crime envolve: lho provoque:
I - violência doméstica e familiar; Pena - detenção, de um a três anos.
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Aborto provocado por terceiro
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
aumentada de: Pena - reclusão, de três a dez anos.
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; Pena - reclusão, de um a quatro anos.
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante
tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se
empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
sobre ela. violência
Homicídio culposo
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Forma qualificada CAPÍTULO III


Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos Perigo de contágio venéreo
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve
dessas causas, lhe sobrevém a morte. saber que está contaminado:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aborto necessário § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro § 2º - Somente se procede mediante representação.
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de Perigo de contágio de moléstia grave
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave
representante legal. de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
CAPÍTULO II Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
DAS LESÕES CORPORAIS Perigo para a vida ou saúde de outrem
Lesão corporal Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
Lesão corporal de natureza grave crime mais grave.
§ 1º Se resulta: Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
dias; transporte de pessoas para a prestação de serviços em
II - perigo de vida; estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; normas legais.
IV - aceleração de parto: Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
Pena - reclusão, de um a cinco anos. vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de
§ 2° Se resulta: defender-se dos riscos resultantes do abandono:
I - Incapacidade permanente para o trabalho; Pena - detenção, de seis meses a três anos.
II - enfermidade incuravel; § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; Pena - reclusão, de um a cinco anos.
IV - deformidade permanente; § 2º - Se resulta a morte:
V - aborto: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Aumento de pena
Lesão corporal seguida de morte § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. ou curador da vítima.
Diminuição de pena III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante Exposição ou abandono de recém-nascido
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena própria:
de um sexto a um terço. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Substituição da pena § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a Pena - detenção, de um a três anos.
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos § 2º - Se resulta a morte:
de réis: Pena - detenção, de dois a seis anos.
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; Omissão de socorro
II - se as lesões são recíprocas. Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
Lesão corporal culposa sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
§ 6° Se a lesão é culposa: pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
Pena - detenção, de dois meses a um ano. perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Aumento de pena Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão
hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. morte.
Violência Doméstica Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, emergencial
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: administrativos, como condição para o atendimento médico-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. hospitalar emergencial:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa
pena em 1/3 (um terço). de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de triplo se resulta a morte.
um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de Maus-tratos
deficiência. Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
nos arts. 142 e 144 da CF, integrantes do sistema prisional e da tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
a pena é aumentada de um a dois terços. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da Pena - reclusão, de um a quatro anos.
condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste § 2º - Se resulta a morte:
Código: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

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CAPÍTULO IV Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a


DA RIXA calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a
Rixa retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: meios em que se praticou a ofensa.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir
grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério
detenção, de seis meses a dois anos. do juiz, não as dá satisfatórias, responde ela ofensa.
CAPÍTULO V Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede
DOS CRIMES CONTRA A HONRA mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da
Calúnia violência resulta lesão corporal.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da
como crime: Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste
propala ou divulga. Código.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. CAPÍTULO VI
Exceção da verdade DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: SEÇÃO I
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; Constrangimento ilegal
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
do art. 141; ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
absolvido por sentença irrecorrível. fazer o que ela não manda:
Difamação Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua Aumento de pena
reputação: § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há
Exceção da verdade emprego de armas.
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de violência.
suas funções. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
Injúria I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. perigo de vida;
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: II - a coação exercida para impedir suicídio.
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a Ameaça
injúria; Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena Perseguição
correspondente à violência. Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a
religião ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência: capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
Disposições comuns Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
terço, se qualquer dos crimes é cometido: I – contra criança, adolescente ou idoso:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos
estrangeiro; termos do § 2º-A do art. 121 deste Código;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o
os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou emprego de arma.
do Supremo Tribunal Federal; § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a correspondentes à violência.
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. § 3º Somente se procede mediante representação.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de Violência psicológica contra a mulher
deficiência, exceto no caso de injúria. Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que
recompensa, aplica-se a pena em dobro. vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
das redes sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em humilhação, manipulação, isolamento, chantagem,
triplo a pena. ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
Exclusão do crime outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: autodeterminação:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa,
por seu procurador; se a conduta não constitui crime mais grave.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, Sequestro e cárcere privado
salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em cárcere privado:
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do Pena - reclusão, de um a três anos.
ofício. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
pela difamação quem lhe dá publicidade. companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Retratação II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata de saúde ou hospital;
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

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IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos: Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. fechada, dirigida a outrem:
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Sonegação ou destruição de correspondência
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º - Na mesma pena incorre:
Redução a condição análoga à de escravo I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia,
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou
sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, telefônica
por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
com o empregador ou preposto: abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
correspondente à violência. III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: número anterior;
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; observância de disposição legal.
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em
retê-lo no local de trabalho. serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: Pena - detenção, de um a três anos.
I – contra criança ou adolescente; § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou casos do § 1º, IV, e do § 3º.
origem. Correspondência comercial
Tráfico de Pessoas Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte,
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a
violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: estranho seu conteúdo:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; Pena - detenção, de três meses a dois anos.
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; SEÇÃO IV
IV - adoção ilegal; ou DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
V - exploração sexual. Divulgação de segredo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: documento particular ou de correspondência confidencial, de que é
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a
funções ou a pretexto de exercê-las; outrem:
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil
idosa ou com deficiência; réis a dois contos de réis.
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, § 1º Somente se procede mediante representação.
de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou
autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas
emprego, cargo ou função; ou de informações ou banco de dados da Administração Pública:
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nacional. § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário penal será incondicionada.
e não integrar organização criminosa. Violação do segredo profissional
SEÇÃO II Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja
Violação de domicílio revelação possa produzir dano a outrem:
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de um conto a
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa dez contos de réis.
alheia ou em suas dependências: Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Invasão de dispositivo informático
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio, conectado
com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais ou não à rede de computadores, com o fim de obter, adulterar ou
pessoas: destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena do usuário do dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter
correspondente à violência. vantagem ilícita:
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
ou em suas dependências: § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de
efetuar prisão ou outra diligência; permitir a prática da conduta definida no caput.
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se da
sendo ali praticado ou na iminência de o ser. invasão resulta prejuízo econômico.
§ 4º - A expressão "casa" compreende: § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
I - qualquer compartimento habitado; comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou
II - aposento ocupado de habitação coletiva; industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:
profissão ou atividade. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a
enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
SEÇÃO III praticado contra:
DOS CRIMES CONTRA A I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
Violação de correspondência

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III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de e) Nas hipóteses de homicídio, o juiz poderá deixar de aplicar a
Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito pena se as consequências da infração atingirem o agente de forma
Federal ou de Câmara Municipal; ou tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, 56. (AGENTE/PC-RO) A e B desejam a morte de C e ambos,
estadual, municipal ou do Distrito Federal. sem saber da intenção do outro e sem combinação prévia,
Ação penal atiram contra a vítima. A vítima morre em decorrência de um
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede dos tiros; o outro tiro, conforme verificado em exame pericial,
mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a atingiu a vítima de raspão. Não foi possível identificar a autoria
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da do tiro mortal. Na situação hipotética apresentada, A e B
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas podem responder por
concessionárias de serviços públicos. a) homicídio culposo.
b) lesão corporal seguida de morte.
QUESTÕES CEBRASPE c) homicídio doloso tentado, com concurso de pessoas.
d) homicídio doloso consumado, sem concurso de pessoas.
e) homicídio doloso tentado, sem concurso de pessoas.
51. (PROMOTOR/MPE-AC) Gabriel, lutador profissional de boxe 57. (SOLDADO/PM-TO) Em relação ao crime de homicídio,
na categoria peso pesado, assistia a um jogo de futebol em um previsto no Código Penal brasileiro, assinale a opção correta.
bar. Em determinado momento, inconformado com a derrota de a) Em qualquer situação, sendo doloso o homicídio, a conduta do
seu time, desferiu um soco na cabeça de uma mulher que agente será tipificada como crime hediondo.
estava ao seu lado e que também lamentava o resultado b) O perdão judicial é possível tanto no homicídio culposo quanto
negativo, causando-lhe a morte. no homicídio doloso, se as consequências do crime atingirem o
Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência dos próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
tribunais superiores, desnecessária.
a) caracterizado o dolo eventual, Gabriel deverá responder por c) O feminicídio tem como sujeito ativo exclusivamente o homem e
homicídio qualificado por motivo torpe. como sujeito passivo uma pessoa necessariamente do sexo
b) Gabriel deverá responder por homicídio simples, sendo afastada feminino, em contexto caracterizado por relação de poder e
a qualificadora relacionada ao motivo fútil, pela sua submissão.
incompatibilidade com o dolo eventual. d) As formas privilegiadas de homicídio geram a diminuição da
c) caracterizada a violenta emoção, Gabriel deverá responder por pena e estão relacionadas à motivação do crime.
homicídio privilegiado. e) A qualificadora do homicídio funcional cometido contra integrante
d) por se tratar de vítima do sexo feminino, Gabriel deverá do sistema prisional no exercício de sua função não se estende ao
responder por feminicídio. homicídio de cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo de
e) caracterizado o dolo eventual, Gabriel deverá responder por até 3.º grau desse integrante, em razão da função por ele exercida.
homicídio qualificado por motivo fútil. 58. (PROMOTOR/MPE-AP) Tiago, movido por um sentimento de
52. (DELEGADO/PM-PB) O feminicídio – crime cometido contra posse, disparou dois tiros contra sua companheira, Laura, que
a vida da mulher devido à sua condição de sexo feminino – tem morreu em razão dos ferimentos causados pelos disparos.
aumento de pena se praticado Laura estava grávida de seis meses e, quando da prática do
a) contra vítima menor de dezoito anos de idade. crime, Tiago sabia da gravidez dela.
b) contra vítima portadora de doença degenerativa que acarrete Nessa situação hipotética, Tiago praticou
condição limitante. a) o crime de feminicídio apenas.
c) durante a gestação ou nos seis meses após o parto. b) os crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, feminicídio e
d) na presença física ou virtual de descendente, ascendente ou aborto.
irmão da vítima. c) o crime de feminicídio em concurso com o de aborto.
e) contra vítima com idade maior ou igual a sessenta e cinco anos. d) os crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e feminicídio
53. (AGENTE/PC-PB) B é um adolescente de 13 anos com apenas.
sérios problemas de autoestima, o que o conduz a um estado e) o crime de feminicídio em concurso com o de aborto na
de depressão. A, maior de idade, sabendo das condições de B modalidade culposa.
e interessado na fortuna de que este é destinatário, instiga-o a 59. (DELEGADO/PC-RJ) Desolados após a morte dos pais em
se matar, convencendo-o de que o paraíso seria muito melhor um acidente de trânsito, os irmãos Paulo e Roberto, com 21
para ele do que a situação atual. B, em razão disso, suicida-se. anos e 19 anos de idade, respectivamente, fizeram um pacto de
Nessa situação hipotética, a conduta de suicídio a dois em 20/2/2022: fecharam as portas e janelas do
a) é considerada A homicídio simples apartamento, e Paulo abriu a válvula de gás. Após poucos
b) induzimento ao suicídio na forma simples. minutos, ambos desmaiaram. Os vizinhos sentiram o forte odor
c) atípica, haja vista não ter praticado nenhum ato executório. de gás e arrombaram o apartamento, evitando o óbito dos
d) induzimento ao suicídio na forma qualificada. irmãos. Em decorrência da queda da própria altura, Paulo
e) homicídio qualificado. sofreu lesão corporal leve, e Roberto, lesão corporal
54. (TÉCNICO EM PERICIA/PCI-PB) João, logo após ter sido gravíssima.
provocado injustamente por Francisco, sob o domínio de Acerca dessa situação hipotética, é correto afirmar que
violenta emoção, desferiu golpes de faca contra o peito de a) Paulo e Roberto não poderão ser responsabilizados
Francisco, que faleceu em razão desse ato. Diante dessa criminalmente, por se tratar de autolesões.
situação hipotética, é correto afirmar que João b) Paulo deverá responder pelo crime de homicídio na forma
a) responderá por homicídio consumado na modalidade simples. tentada (art. 121 c/c art. 14, inc. II, do Código Penal), e Roberto,
b) responderá por homicídio privilegiado. pelo crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
c) responderá por homicídio consumado por motivo fútil. automutilação na forma simples (art. 122, caput, do Código Penal).
d) não responderá por crime, uma vez que agiu em legítima defesa. c) Paulo deverá responder pelo crime de induzimento, instigação ou
e) responderá por homicídio consumado por motivo torpe. auxílio a suicídio ou a automutilação na forma qualificada (art. 122,
55. (AGENTE CRIMINALÍSTICO/PCI-RO) Assinale a opção § 1.º, do Código Penal), e Roberto não poderá ser responsabilizado
correta, no que se refere às regras previstas no Código Penal criminalmente.
relativamente ao crime de homicídio. d) Paulo deverá responder pelo crime de induzimento, instigação ou
a) Em caso de homicídio qualificado, o juiz poderá aumentar a pena auxílio a suicídio ou a automutilação na forma qualificada (art. 122,
de um sexto a um terço, tal como ocorre no caso de crime praticado § 1.º, do Código Penal), e Roberto, pelo crime de induzimento,
por motivo fútil. instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação na forma simples
b) No caso de homicídio culposo, a pena deve ser aumentada de (art. 122, caput, do Código Penal).
um terço se o crime resultar da inobservância de regra de profissão. e) Paulo deverá responder pelo crime de homicídio na forma
c) Consideram-se qualificados tanto o homicídio cometido contra tentada (art. 121 c/c art. 14, inc. II, do Código Penal), e Roberto não
policial militar no exercício de sua função quanto o praticado com o poderá ser responsabilizado criminalmente.
emprego de arma de fogo. 60. (PERITO CRIMINAL/PCI-RO) À luz do Código Penal,
d) Todos os homicídios praticados contra mulheres são assinale a opção correta acerca dos crimes contra a pessoa.
classificados como feminicídio.
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a) A mulher que, sob a influência do estado puerperal, matar o e) crime de lesão corporal qualificado, descrito no art. 129, § 9.º, do
próprio filho durante o parto responderá por aborto provocado pela CP e para o qual a pena prevista é a de detenção de três meses a
gestante. três anos, bem como crime de ameaça, previsto no art. 147 do CP,
b) A gravidade da lesão corporal será equivalente se ocorrer tanto a os quais exigem a representação da vítima
debilidade permanente quanto a perda ou a inutilização de membro, 65. (POLICIAL PENAL/SERES-PE) Suponha que um indivíduo
sentido ou função. tenha provocado lesão na filha de um policial penal estadual,
c) O aborto necessário — quando não há outro meio de salvar a em razão da função pública exercida pelo pai da vítima. Nessa
gestante — e o aborto no caso de gravidez decorrente de estupro hipótese, o indivíduo cometeu
excluem a ilicitude por inexigibilidade de conduta diversa. a) lesão corporal simples.
d) O agente que induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a b) lesão corporal qualificada, por ser a vítima do sexo feminino.
praticar automutilação responderá por crime doloso contra a vida, c) lesão corporal com causa de aumento de pena, em razão de a
punido com reclusão. vítima ser familiar de agente de segurança pública.
e) A circunstância de o crime de feminicídio ser praticado durante a d) lesão corporal simples e desacato.
gestação ou nos seis meses após o parto é qualificadora desse e) lesão corporal qualificada, pela prevalência de relações
crime. domésticas da vítima.
61. (DATILOSCIPISTA/PCI-RO) Lisa está sendo investigada 66. (PROMOTOR/MPE-AM) Todos os crimes de periclitação da
pelo crime de instigação à prática de automutilação por meio vida e da saúde são
da Internet e, ao ser ouvida como indiciada, recusou-se a falar. a) dolosos.
Nessa situação hipotética, b) processados mediante ação penal pública incondicionada.
a) a conduta de Lisa é atípica se dela não resultar lesão corporal de c) da modalidade qualificada pelo resultado morte.
natureza grave ou gravíssima. d) comissivos.
b) caso Lisa seja denunciada e condenada, a pena será aumentada e) de perigo concreto.
até o dobro se for constatado que sua conduta foi transmitida pela 67. (PERITO QUIMICO/PCI-PB) Maria, estudante de 18 anos de
Internet em tempo real. idade, engravidou de um colega de escola e manteve toda a
c) o fato de Lisa ter ficado em silêncio durante a oitiva policial é gestação em segredo. Após o parto, abandonou o recém-
fundamento para uma eventual condenação pelo juiz, nascido na portaria de um prédio residencial para ocultar a
posteriormente, na sentença. própria desonra, não desejando nem assumindo o risco pela
d) o delegado pode arquivar o inquérito policial se não reunir morte do seu filho. Dois transeuntes que passavam pelas
indícios suficientes de autoria contra Lisa. proximidades, ouvindo o choro da criança, encaminharam-na
e) caso Lisa seja denunciada e condenada, a pena será aumentada ao hospital municipal, onde ele recebeu cuidados médicos e
em até um terço se ficar comprovada sua liderança em grupo virtual. passa bem.
62. (PAPILOSCOPISTA/PCI-PB) A mãe que, em depressão Nessa situação hipotética, Maria
decorrente do estado puerperal, mata seu filho durante o parto a) não cometeu ilícito penal, pois não houve danos à integridade
comete o crime de física da criança.
a) aborto. b) cometeu o crime de abandono de incapaz.
b) homicídio privilegiado. c) cometeu o crime de abandono de recém-nascido.
c) homicídio qualificado em razão do parentesco com a vítima. d) cometeu o crime de tentativa de infanticídio.
d) homicídio qualificado em razão da idade da vítima. e) cometeu o crime de tentativa de homicídio.
e) infanticídio. 68. (OAB) A respeito do crime de omissão de socorro, assinale
63. (PROMOTOR/MPE-PA) Na saída de uma festa, após uma a opção correta.
discussão, Francisco, motivado por ciúmes, desferiu um único a) A omissão de socorro classifica-se como crime omissivo próprio
soco em José. Este, surpreendido, não esboçou reação e caiu e instantâneo.
no chão, bateu a cabeça no meio-fio da calçada e faleceu em b) A criança abandonada pelos pais não pode ser sujeito passivo
seguida. Iniciado e instruído o processo, o laudo do IML de ato de omissão de socorro praticado por terceiros.
apontou que José tinha morrido em decorrência de um c) O crime de omissão de socorro é admitido na forma tentada.
aneurisma cerebral, fato desconhecido de ambos. d) É impossível ocorrer participação, em sentido estrito, em crime
Nessa situação hipotética, a conduta de Francisco é de omissão de socorro.
considerada crime de 69. (PROMOTOR/MPE-TO) No interior de um bar, iniciou-se
a) lesão corporal simples. uma briga entre integrantes de duas torcidas. Júlio, que a tudo
b) lesão corporal seguida de morte. assistia, passou a desferir socos e pontapés nos contendores,
c) lesão corporal na forma qualificada. sendo que um deles veio a sofrer ferimentos de natureza grave,
d) homicídio simples. causados por outro contendor.
e) homicídio qualificado. Nessa situação hipotética, a conduta praticada por Júlio
64. (ESCRIVÃO/PC-PB) Em 23 de julho de 2021, Manuel chegou caracteriza-se como
a sua casa embriagado e, sem qualquer motivo, disse à sua a) participação em rixa qualificada.
companheira, Maria, que iria socá-la. Ato contínuo, Manuel b) crime de lesão corporal grave.
desferiu um soco na região orbital esquerda do rosto de Maria, c) participação em rixa simples.
que, imediatamente, chamou a polícia. Manuel foi preso e d) contravenção de vias de fato.
conduzido à delegacia de polícia. e) tentativa de homicídio.
Nessa situação hipotética, Manuel praticou 70. (AGENTE/PC-PB) A comenta a vida sexual de B com
a) crime de lesão corporal qualificado, que, descrito no art. 129, § diversas pessoas, expondo fatos que B entende como
9.º, do CP e para o qual a pena prevista é a de detenção de três reprováveis socialmente. Entretanto, os fatos são verdadeiros,
meses a três anos, não exige a representação da vítima, e crime de podendo A, inclusive, prová-los. Nessa situação hipotética,
ameaça, que, previsto no art. 147 do CP, exige a representação da a) A não praticou conduta imputável alguma, em razão de os fatos
vítima. serem verdadeiros.
b) crime de lesão corporal qualificado, descrito no art. 129, § 13, do b) praticou calúnia.
CP e para o qual a pena prevista é a de reclusão de um a quatro c) praticou difamação.
anos, e crime de ameaça, previsto no art. 147 do CP, os quais d) praticou injúria.
dispensam a representação da vítima. e) praticou importunação sexual.
c) crime de lesão corporal qualificado, que, descrito no art. 129, §
13, do CP e para o qual a pena prevista é a de reclusão de um a
quatro anos, dispensa a representação da vítima, e crime de 7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
ameaça, que, previsto no art. 147 do CP, exige a representação da
vítima. Considera-se patrimônio de uma pessoa, os bens, o poderio
d) crime de lesão corporal qualificado, descrito no art. 129, § 9.º, do econômico, a universalidade de direitos que tenham expressão
CP e para o qual a pena prevista é a de detenção de três meses a econômica para a pessoa.
três anos, sendo o crime de ameaça absorvido pelo de lesão
corporal. FURTO: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia

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móvel: pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa ROUBO: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes palavras: furto mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem sem a la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
pratica de violência ou de grave ameaça ou de qualquer espécie de pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa
constrangimento físico ou moral à pessoa. Significa pois o Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido também a
assenhoramento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo integridade física ou psíquica da vítima.
definitivo. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato do crime é o
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressaltar uma patrimônio, e tutela-se também a integridade corporal, a saúde, a
divergência na doutrina: entende-se que é protegida diretamente a liberdade e na hipótese de latrocínio a vida do sujeito passivo.
posse e indiretamente a propriedade ou, em sentido contrário, que Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia, mas
a incriminação no caso de furto, visa essencial ou principalmente a faça-se necessário que o agente se utilize de violência, lesões
tutela da propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo corporais, ou vias de fato, como grave ameaça ou de qualquer
protege não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou outro meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito
indireta além da própria detenção passivo
1. A primeira hipótese é se a violência ou ameaça é exercida com
Furto de Uso: Que é a subtração de coisa apenas para usufruí-la emprego de arma.
momentaneamente, está prevista no art. 155 do Código Penal Neste caso é necessário o efetivo emprego da arma, seja para
Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e não o furto caracterizar a ameaça, seja para a violência. O fundamento da
comum, é necessário que a coisa seja restituída, devolvida, ao agravante reside no maior perigo que o emprego da arma
possuidor, proprietário ou detentor de que foi subtraída, isto é, que proporciona.
seja reposta no lugar, para que o proprietário exerça o poder de 2. A Segunda hipótese é se há o concurso de duas ou mais
disposição sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus pessoas.
furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. Ocorre aqui a mesma relevância da situação já estudada no
Furto Noturno: É furto agravado ou qualificado o praticado durante crime de furto, ou seja, agindo os agentes entre duas ou mais
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a razão da pessoas, quando praticado nestas circunstâncias, pois isto revela
majorante está ligada ao maior perigo que está submetido o bem uma maior periculosidade dos agentes, que unem seus esforços
jurídico diante da precariedade de vigilância por parte de seu titular. para o crime.
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que, dormindo, Roubo em que o co-partícipe não tenha sido identificado e
não poderá efetivá-la com a segurança e a amplitude com que a denunciado, mesmo assim aplica-se a qualificadora.
faria, caso estivesse acordada, para que se configure a agravante 3. se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
do repouso noturno. agente conhece tal circunstância, é a terceira hipótese.
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é variável, Nítida esta aqui a intenção da lei penal em proteger o transporte de
dependendo do local e dos costumes. dinheiro, jóias, ouro, etc. O ofendido deve estar transportando
Furto privilegiado ou mínimo: O furto privilegiado está expresso valores de outrem, e não próprios.
no § 2º do artigo 155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno Apenas incide a qualificadora quando o agente tem consciência de
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela que a vítima está em serviço de transporte de valores.
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa”. Roubo e lesão corporal grave: Da violência resulta lesão
Furto qualificado: corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar
1. se o crime é cometido com destruição ou rompimento de superior ao fixado anteriormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15
obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da destruição, (quinze) anos, além da multa.
isto é, fazer desaparecer em sua individualidade ou romper, É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não
quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou imóvel a apreensão e estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispositivo em
subtração da coisa. estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte,
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com abuso de choque ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo
confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. simples seguido de lesões corporais de natureza grave em
2. Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de concurso formal.
qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do furto. A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro
Qualifica o crime de furto quando o agente se serve de algum Roubo e morte o chamado “latrocínio”: A segunda parte
artifício para fazer a subtraçãoi. do § em estudo, comina-se pena de reclusão de 20 à 30
3. A terceira hipótese é o emprego de chave falsa: constitui chave anos se resulta a morte, as mesmas considerações
falsa qualquer instrumento ou engenho de que se sirva o agente referentes aos crimes qualificados pelo resultado, podem ser aqui
para abrir fechadura e que tenha ou não o formato de uma chave, aplicadas.
podendo ser grampo, pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em
exame pericial da chave ou desse instrumento é indispensável para conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal
a caracterização da Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
qualificadora Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte seja
4. A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante concurso desejado pelo agente, basta que ele empregue violência para
de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstâncias, roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado o
pois isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que unem delito.
seus esforços para o crime. É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida para o fim
No caso de furto cometido por quadrilha, responde por da subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do crime
quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido ou a detenção da coisa subtraídaiii .
de furto simples, ficando excluída a qualificadoraii, Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá no entanto
qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra um só crime com dois sujeitos passivos.
como agravante comum.
Extorsão: Constranger alguém, mediante violência ou grave
Furto de coisa comum: Este crime está definido no art. 156 do ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
Código Penal Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer
ou sócio, para si ou para outrem, a alguma coisa
quem legitimamente a detém, a coisa comum: pena – detenção, de
6 (seis) meses à 2 (dois) anos, ou multa”. Extorsão mediante seqüestro: Seqüestrar pessoa com o
A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa que fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
pertença também a outrem. Este crime constitui caso especial de como condição ou preço do resgate
furto, distinguindo-se dele apenas as relações existentes entre o
agente e o lesado ou os lesados.

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Extorsão indireta: Exigir ou receber, como garantia de dívida, Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou
abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
Dano: Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo
Dano qualificado valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Se o crime é cometido: CAPÍTULO II
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; DO ROUBO E DA EXTORSÃO
II - com emprego de substância inflamável ou Roubo
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
mista Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
correspondente à violência assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.
Apropriação indébita: Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
tem a posse ou a detenção. I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Estelionato: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante conhece tal circunstância.
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior;
Receptação: Adquirir, receber, transportar, conduzir ou V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser liberdade
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios
adquira, receba ou oculte: que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
CÓDIGO PENAL montagem ou emprego.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
CAPÍTULO I I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de
DO FURTO fogo;
Furto II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. comum.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado § 3º Se da violência resulta:
durante o repouso noturno. I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa (dezoito) anos, e multa;
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer Extorsão
outra que tenha valor econômico. Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
Furto qualificado ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
é cometido: alguma coisa:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
coisa; § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
destreza; § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. no § 3º do artigo anterior§ 3o Se o crime é cometido mediante a
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6
perigo comum. (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e
se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo
3o, respectivamente.
eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança Extorsão mediante sequestro
ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
fraudulento análogo.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a resgate:
relevância do resultado gravoso: Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
nacional; anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
contra idoso ou vulnerável. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro § 3º - Se resulta a morte:
Estado ou para o exterior. Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá
abatido ou dividido em partes no local da subtração. sua pena reduzida de um a dois terços.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se Extorsão indireta
a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem situação de alguém, documento que pode dar causa a
ou emprego. procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Furto de coisa comum Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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CAPÍTULO III pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do


DA USURPAÇÃO público;
Alteração de limites II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em produtos ou à prestação de serviços;
parte, de coisa imóvel alheia: III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: previdência social.
Usurpação de águas § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,
alheias; importâncias ou valores e presta as informações devidas à
Esbulho possessório previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante do início da ação fiscal.
concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para
o fim de esbulho possessório. § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde
cominada. que:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
somente se procede mediante queixa. oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
Supressão ou alteração de marca em animais previdenciária, inclusive acessórios; ou
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
CAPÍTULO IV suas execuções fiscais.
DO DANO § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos
Dano casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
Dano qualificado fiscais.
Parágrafo único - Se o crime é cometido: Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; natureza
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder
não constitui crime mais grave por erro, caso fortuito ou força da natureza:
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de Apropriação de tesouro
serviços públicos; I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena Apropriação de coisa achada
correspondente à violência. II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de
consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: quinze dias.
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico no art. 155, § 2º.
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela CAPÍTULO VI
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
ou histórico: Estelionato
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
Alteração de local especialmente protegido prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
de local especialmente protegido por lei: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. réis a dez contos de réis.
Ação penal § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
art. 164, somente se procede mediante queixa. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
CAPÍTULO V Disposição de coisa alheia como própria
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
Apropriação indébita coisa alheia como própria;
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
ou a detenção: II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
Aumento de pena vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a sobre qualquer dessas circunstâncias;
coisa: Defraudação de penhor
I - em depósito necessário; III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
testamenteiro ou depositário judicial; objeto empenhado;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Fraude na entrega de coisa
Apropriação indébita previdenciária IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições deve entregar a alguém;
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
convencional: ( V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância Fraude no pagamento por meio de cheque
destinada à previdência social que tenha sido descontada de VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.

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§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II,
economia popular, assistência social ou beneficência. ou dá falsa informação ao Governo.
Estelionato contra idoso § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
idoso. outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.
Duplicata simulada Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, desacordo com disposição legal:
ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
anos, e multa. Fraude à execução
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou
ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. danificando bens, ou simulando dívidas:
Abuso de incapazes Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade CAPÍTULO VII
mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato DA RECEPTAÇÃO
suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de Receptação
terceiros: Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou
Induzimento à especulação influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência oculte:
ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou Receptação qualificada
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
Fraude no comércio de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber
adquirente ou consumidor: ser produto de crime:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
deteriorada; § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo
II - entregando uma mercadoria por outra: anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. inclusive o exercício em residência.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. penas.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de
Outras fraudes pena o autor do crime de que proveio a coisa.
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,
utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
efetuar o pagamento: Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 155.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do
juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
por ações concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, prevista no caput deste artigo.
em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, Receptação de animal
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
fraudulentamente fato a ela relativo: depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
constitui crime contra a economia popular. abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra crime:
a economia popular: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em CAPÍTULO VIII
prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público DISPOSIÇÕES GERAIS
ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de
em parte, fato a elas relativo; 2003)
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, ilegítimo, seja civil ou natural.
em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime
sem prévia autorização da assembléia geral; previsto neste título é cometido em prejuízo:
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja
com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
fictícios; II - ao estranho que participa do crime.
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou superior a 60 (sessenta) anos.
parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;

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QUESTÕES CEBRASPE 74. (PROMOTOR/MPE-SE) Segundo o STF, é atípico o furto, em


razão da proibição da analogia in malam partem, de
a) cabos elétricos.
71. (MAGISTRATURA/TJ-DFT) João, maior de idade e capaz, e b) água tratada.
José, com 15 anos de idade, previamente acertados, c) energia elétrica.
adentraram em um ônibus e, enquanto José distraía Maria, d) sinal de TV a cabo.
João subtraiu da bolsa dela um telefone celular. De posse do e) animais.
celular, João dirigiu-se à porta de saída do ônibus, quando foi 75. (DELEGADO/PC-RO) João arrombou a loja onde trabalha, e
detido por Manoel, que, tendo observado tudo, recuperou o que pertence à sua mãe de 60 anos de idade, levando
celular de Maria e entregou João e José para uma viatura da mercadorias avaliadas em milhares de reais. Na situação
polícia que por ali passava. Apurou-se que João e José hipotética apresentada, pode-se afirmar que João
praticavam tal conduta rotineiramente em ônibus pela cidade. a) praticou furto com rompimento de obstáculo à subtração da coisa.
A partir da situação hipotética anterior, assinale a opção b) cometeu a infração penal de dano qualificado com prejuízo
correta. considerável para a vítima.
a) A conduta de João enquadra-se como furto tentado, porque ele c) responderá por furto de coisa comum por sua condição de
não teve a posse mansa e pacífica do celular. herdeiro necessário.
b) O crime de corrupção de menores é crime formal, portanto sua d) não responderá por crime contra o patrimônio, visto ser
configuração depende de prova da corrupção. amparado por isenção de pena.
c) A comprovação da menoridade, para efeitos de configuração do e) responderá pelo crime de apropriação indébita com aumento de
crime de corrupção de menores, requer a juntada de certidão de pena em razão do emprego que exercia.
nascimento do corrompido. 76. (PROMOTOR/MPE-PA) Renato, munido de uma faca, deu
d) O prontuário civil de José não é prova suficiente de sua voz de assalto a Carolina, que informou não ter nenhum bem
menoridade. de valor. Ele, como não acreditou em Carolina, exigiu que esta
e) O furto foi consumado, por ter o celular saído da esfera de esvaziasse os bolsos, momento em que Renato percebeu que
vigilância da vítima. ela realmente só trazia consigo o documento de identificação,
72. (DELEGADO/PC-RJ) Depois de assistir a um filme na última o que o levou a sair do local sem levar nada.
sessão do cinema local, Renata dirigiu-se à sua casa. Durante Nessa situação, a conduta de Renato, conforme o Superior
o trajeto, ela notou que havia esquecido um equipamento Tribunal de Justiça (STJ), caracteriza-se como
eletrônico sobre a poltrona da sala de cinema, então retornou a) roubo simples consumado.
ao local. Lá, foi impedida pelo porteiro de entrar. Ela b) atípica, já que houve crime impossível.
apresentou a ele o ingresso, no qual constava a poltrona que c) roubo simples tentado.
ocupava, pedindo-lhe que buscasse o equipamento deixado no d) roubo tentado com causa de aumento de pena.
local. Enquanto a conversa entre o porteiro e Renata ocorria, e) roubo com causa de aumento de pena consumado.
Estela, funcionária do cinema, encontrou o equipamento sobre 77. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PA) É considerado(a) como
a poltrona da sala de cinema e, percebendo que alguém o crime formal
esquecera, levou-o consigo, com intenção de incorporação a) o roubo simples.
patrimonial. Logo em seguida, o porteiro entrou na sala, foi à b) o furto simples.
poltrona indicada no ingresso apresentado por Renata, e nada c) a extorsão simples.
encontrou. Disse, então, a Renata para retornar no dia seguinte, d) a fraude à execução.
pois existia no local um setor de achados e perdidos, onde os e) a apropriação indébita simples.
empregados do cinema deviam deixar coisas alheias 78. (ESCRIVÃO/PC-PB) José, mediante simulacro de arma de
porventura localizadas no estabelecimento. fogo e com animus rem sibi habendi, ameaçou o frentista de
Chegando à sua casa com o equipamento, Estela mostrou-o ao um posto de gasolina e determinou-lhe que lhe entregasse
seu marido, Alexandre, que descobriu seu valor: R$ 3.000. todo o dinheiro que estava em seu bolso. Ao surrupiar todo o
Visando ao lucro, Alexandre decidiu anunciá-lo à venda em um dinheiro e começar a fugir, José visualizou uma viatura da
site da Internet, pelo valor de R$ 1.500. Policia Militar do outro lado da rua. Nesse momento, José
No dia seguinte, Renata, após não encontrar o objeto no setor devolveu o dinheiro ao frentista, pediu-lhe desculpas e
de achados e perdidos do cinema, resolveu pesquisar na informou-lhe que a arma era de brinquedo. Imediatamente, o
Internet por produtos idênticos expostos à venda. Assim frentista imobilizou José, que foi preso por um policial militar.
acabou localizando seu pertence. Como o equipamento Com base nessa situação hipotética, é correto afirmar que
apresentava características únicas, ela o identificou sem José praticou
nenhuma dúvida. Passando-se por compradora, Renata a) tentativa de roubo simples, pois não consumou o delito por
marcou um encontro com Alexandre, para ver o equipamento. circunstâncias alheias à sua vontade.
Em seguida, ela foi à delegacia de polícia local e pediu auxílio b) crime de ameaça consumado, pois houve arrependimento eficaz.
para recuperar a coisa, o que efetivamente ocorreu, sendo c) crime consumado de ameaça, visto que ele desistiu
certo que Alexandre estava em seu poder. Alexandre foi voluntariamente da empreitada criminosa.
conduzido à delegacia, aonde pouco depois chegou Estela. d) crime de roubo, cabendo majoração da pena pelo emprego
Ouvidos formalmente na presença de um advogado, ambos consumado de arma de fogo.
confessaram o ocorrido. e) crime de roubo simples consumado, pois a arma de brinquedo
Com base nessa situação hipotética, é correto afirmar que não tem a lesividade necessária para a majoração da pena.
a) Estela praticou furto, e Alexandre cometeu receptação. 79. (OAB) Com relação aos crimes contra o patrimônio,
b) Estela praticou crime de apropriação de coisa achada, e assinale a opção correta.
Alexandre cometeu receptação qualificada. a) A conduta da vítima não é fator de distinção entre os delitos de
c) Estela praticou crime de furto, e Alexandre cometeu receptação roubo e extorsão.
qualificada. b) O crime de extorsão mediante sequestro consuma-se no
d) Estela praticou crime de furto, e Alexandre não cometeu crime. momento em que o resgate é exigido, independentemente do
e) Estela praticou crime de apropriação de coisa achada, e momento da privação da liberdade da vítima.
Alexandre cometeu receptação. c) Ocorre crime de extorsão indireta quando alguém, abusando da
73 (AGENTE/PC-PB) A, com 35 anos de idade, em razão de seu situação de outro, exige, como garantia de dívida, documento que
vício, entra na casa de B, seu pai, que tem 62 anos de idade, pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro.
arrombando a porta, utilizando violência contra o objeto e d) No crime de apropriação indébita, o fato de o agente praticá-lo
levando a televisão que se encontra no interior da residência. em razão de ofício, emprego ou profissão não interfere na
Nessa situação hipotética, a conduta de imposição da pena, por se tratar de elementar do tipo.
a) A é punível por furto simples. 80. (AGENTE/PC-PB) Quanto aos crimes contra a pessoa e
b) é punível por furto qualificado. contra o patrimônio, assinale a opção correta.
c) é punível por furto em concurso com dano. a) O crime de constrangimento ilegal é caracterizado pela ausência
d) não é punível em razão da relação de parentesco entre A e B. de violência ou grave ameaça por parte de quem o comete.
e) é punível por roubo.

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b) Bens imóveis podem ser objetos de crime de apropriação


indébita. Emissão de título portador sem permissão legal é
c) O indivíduo que introduz animais em propriedade alheia, sem previsto pelo artigo 292 do código penal, o qual afirma que emitir,
consentimento de quem de direito e fora das situações que excluem sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que
a ilicitude, não comete fato criminoso, ainda que resulte prejuízo contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a
econômico significativo para o dono do imóvel. que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago, e na
d) Aquele que acha coisa alheia perdida e dela se apropria, sua forma privilegiada incorre em tal forma do delito quem recebe
deixando de restituí-la ao dono ou de entregá-la à autoridade ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos no
competente no prazo de 15 dias não comete infração penal, mas, caput.
tão-somente, ilícito civil.
e) O delito de ameaça pode ser praticado de forma verbal, escrita
ou gestual. CÓDIGO PENAL
81. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RO) Será necessária TÍTULO X
representação para que se proceda à ação penal no crime de DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
a) receptação, cuja vítima seja o irmão do agente. CAPÍTULO I
b) roubo praticado pelo filho contra o pai. DA MOEDA FALSA
c) extorsão praticado pelo pai contra o filho homem. Moeda Falsa
d) furto praticado por sobrinho contra o tio que possua, à época dos Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou
fatos, sessenta e dois anos de idade. papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
e) estelionato praticado contra o cônjuge na constância da Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
sociedade conjugal. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia,
82. (ESCRIVÃO/PC-MA) Por estar com problemas financeiros, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda
Lara convidou um colega para subtrair bens do patrimônio de ou introduz na circulação moeda falsa.
Jair. O colega aceitou o convite e o ilícito foi cometido. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda
Nessa situação, haverá isenção de pena se falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a
a) Jair for genitor de Lara, ainda que não tenha reconhecido falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
formalmente a paternidade. multa.
b) Jair for avô de Lara e tiver idade superior a sessenta anos. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o
c) Lara for mãe dos filhos de Jair, mesmo que ambos estejam funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de
divorciados. emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
d) o crime tiver sido praticado sem violência física, mesmo que sob I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
grave ameaça. II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
e) o colega dela não tiver vínculo familiar com Jair, ainda que saiba § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda,
da existência de parentesco entre este e aquela. cuja circulação não estava ainda autorizada.
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda
8. CRIMES CONTRA FÉ PÚBLICA com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir,
em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
Os crimes considerados praticados contra a fé pública, circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação
são aqueles que violam o sentimento coletivo de veracidade de cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o
determinadas informações, atos, símbolos, e documentos, gerando fim de inutilização:
uma insegurança jurídica nas relações jurídicas, e são expostos no Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
título X da parte especial do código penal brasileiro, o qual expõe Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e
crimes de moeda falsa, de crimes assimilados ao de moeda falsa, multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na
de petrechos para falsificação de moeda e de emissão de título ao repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
portador sem permissão legal. ingresso, em razão do cargo.
Petrechos para falsificação de moeda
O crime de moeda falsa é previsto no art.289, caput Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito,
do Código penal o qual afirma “Falsificar, fabricando-a ou alterando- possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer
a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
estrangeiro, e possui pena de reclusão, de três a doze anos, e Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
multa”. Na sua forma privilegiada o agente tendo recebido de boa- Emissão de título ao portador sem permissão legal
fé, como verdadeira , moeda falsa ou alterada, a restitui à Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou
circulação (repassar de novo ou retransmitir a outrem como moeda título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
verdadeira), depois de conhecer a falsidade, e possui pena de portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
detenção de seis a dois anos, e multa, já na forma qualificada a ser pago:
pena passa a ser de reclusão, de três a quinze, tendo que o Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
condutado do funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer
banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção,
emissão de moeda com título ou peso inferior ao determinado em de quinze dias a três meses, ou multa.
lei, ou de papel -moeda em quantidade superior à autorizada. CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
Os crimes assimilados ao de moeda falsa, descreve Falsificação de papéis públicos
fraudes usadas para montar ou revalidar cédulas, notas ou bilhetes Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
imprestáveis ou já recolhidos para inutilização. O crime prevê as I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer
seguintes condutas típicas: Formar cédula, nota ou bilhete papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo;
representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
bilhetes verdadeiros, em nota, cédula ou bilhetes recolhidos, para o III - vale postal;
fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização, e IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica
à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público;
recolhidos para o fim de inutilização. Sendo previsto pelo artigo 290 V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo
do código penal. a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que
o poder público seja responsável;
Petrechos de falsificação de moeda, são atos VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte
preparatórios do crime de falsificação de moeda, com o objetivo de administrada pela União, por Estado ou por Município:
prevenir tal conduta o legislador antecipa sua repressão punindo Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
condutas que constituem verdadeiros atos de preparação daquele § 1o Incorre na mesma pena quem:
delito, o qual é previsto pelo artigo 291 do código penal.

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I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou
que se refere este artigo; alterar documento particular verdadeiro:
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle Falsificação de cartão
tributário; Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em documento particular o cartão de crédito ou débito.
depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de Falsidade ideológica
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
tributário, falsificado; direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária relevante:
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil
o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. ]
de sua inutilização: Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. parte.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, Falso reconhecimento de firma ou letra
qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função
este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou pública, firma ou letra que o não seja:
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
ou multa. público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do Certidão ou atestado ideologicamente falso
§ 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função
o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
residências. público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
Petrechos de falsificação qualquer outra vantagem:
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto Pena - detenção, de dois meses a um ano.
especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis Falsidade material de atestado ou certidão
referidos no artigo anterior: § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público,
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
CAPÍTULO III vantagem:
DA FALSIDADE DOCUMENTAL Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Falsificação do selo ou sinal público § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: pena privativa de liberdade, a de multa.
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Falsidade de atestado médico
Estado ou de Município; Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a falso:
autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - detenção, de um mês a um ano.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: se também multa.
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
órgãos ou entidades da Administração Pública. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Uso de documento falso
Falsificação de documento público Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
alterar documento público verdadeiro: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Supressão de documento
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o verdadeiro, de que não podia dispor:
emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é
transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
livros mercantis e o testamento particular. particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: CAPÍTULO IV
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que DE OUTRAS FALSIDADES
seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa Falsificação do sinal empregado no contraste de metal
que não possua a qualidade de segurado obrigatório; precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal
em documento que deva produzir efeito perante a previdência empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza,
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento falsificado por outrem:
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação cumprimento de formalidade legal:
de serviços. Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
Falsificação de documento particular Falsa identidade

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Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter 85. (AUDITOR FISCAL/SEFAZ-RS) De acordo com o Código
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a Penal, o agente que altera selo destinado a controle tributário
outrem: comete crime
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não a) de reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica.
constitui elemento de crime mais grave. b) de falsificação de selo ou sinal público.
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, c) de falsidade ideológica.
caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade d) de falsificação de papéis públicos.
alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento e) contra a ordem tributária.
dessa natureza, próprio ou de terceiros: 86. (MÉDICO LEGISTA/PCI-PE) o que se refere aos crimes
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato contra a fé pública, assinale a opção correta.
não constitui elemento de crime mais grave. a) O agente que insere declaração incorreta acerca de seu estado
Fraude de lei sobre estrangeiro civil por desatenção e falta de cuidado comete crime de falsidade
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no ideológica.
território nacional, nome que não é o seu: b) O indivíduo que falsifica, para posterior utilização, bilhete ou
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. passe de trânsito concedido por empresa de transporte coletivo
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para municipal pratica os crimes de falsificação de documento público e
promover-lhe a entrada em território nacional: de uso de documento falso.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. c) A conduta do agente que fabrica notas de real, por meio da
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de falsificação de papel-moeda, é apenada com mais gravidade que a
ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a conduta do agente que introduz a moeda falsa em circulação.
este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: d) A falsificação de cartão de crédito ou de débito é equiparada,
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. para fins penais, ao crime de moeda falsa.
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor e) O agente que faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal símbolos identificadores de órgãos da administração pública
identificador de veículo automotor, de seu componente ou comete crime de falsificação de selo ou sinal público.
equipamento: 87. (AUDITOR FISCAL/SEFAZ-RR) Assinale a opção que indica
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. o crime praticado por quem insere declaração falsa em
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública documento contábil relacionado a obrigação de empresa para
ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. com a Previdência Social.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui a) falsidade ideológica
para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou b) falsificação de documento público
adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação c) crime contra a ordem tributária consistente em suprimir ou reduzir
oficial. tributo (art. 1.º da Lei n.º 8.137/1990)
CAPÍTULO V d) falsificação de documento particular
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO e) sonegação de livro ou document
Fraudes em certames de interesse público 88. (ANALISTA/TJ-RJ) Configura crime de falsificação de
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de documento público a conduta do agente que falsamente altere
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do a) notas fiscais.
certame, conteúdo sigiloso de: b) testamento particular.
I - concurso público; c) cartão de débito bancário expedido por autarquia federal.
II - avaliação ou exame públicos; d) contrato social de empresa privada.
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou e) fotocópia de carteira de identidade sem autenticação.
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 9. CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
informações mencionadas no caput.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração
pública: 1. PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por Peculato: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
funcionário público. qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio. (admiti-se culpa)
QUESTÕES CEBRASPE Peculato mediante erro de outrem: Apropriar-se de dinheiro ou
qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
83. (ANALISTA LEGISLATIVO/ALE-CE) Com relação ao crime outrem
de moeda falsa, assinale a opção correta. Inserção de dados falsos em sistema de informações: Inserir ou
a) A conduta do agente pode recair sobre moeda estrangeira, ainda facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar
que não tenha curso legal no país de origem. ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
b) O crime é compatível com o instituto do arrependimento posterior, informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com
desde que o agente repare monetariamente o dano causado. o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para
c) O tipo penal não admite a modalidade culposa, mas é punível a causar dano.
modalidade tentada.
d) O crime, em qualquer de suas hipóteses, consuma-se no Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
momento em que a moeda é colocada em circulação, desde que a informações: Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
falsificação seja convincente. informações ou programa de informática sem autorização ou
e) Caracteriza o crime, em sua forma tentada, a guarda ou a solicitação de autoridade competente.
aquisição de maquinário destinado à falsificação de moeda.
84. (ASSESSOR/PGMN-RN) João, comerciante estabelecido em Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento:
determinado município, falsificou várias cédulas de dólar Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda
norte-americano, sendo certo que a quantia falsificada em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.
corresponde a R$ 100.000,00. Nessa situação hipotética,
a) a conduta de João é atípica. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas: Dar às verbas
b) João praticou, em tese, o crime de moeda falsa. ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.
c) João praticou, em tese, o crime de falsificação de papéis públicos.
d) João praticou, em tese, o crime de falsidade ideológica.

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DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

Concussão: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, Contrabando ou descaminho: Importar ou exportar mercadoria
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
vantagem indevida. imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria.
Excesso de exação: Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência: Impedir,
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta
autoriza. pública, promovida pela administração federal, estadual ou
municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
Corrupção passiva: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de fraude ou oferecimento de vantagem.
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem. Sonegação de contribuição previdenciária: Suprimir ou reduzir
contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante
Facilitação de contrabando ou descaminho: Facilitar, com as seguintes condutas.
infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (art. 334): 3. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA
Prevaricação: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para Corrupção ativa em transação comercial internacional:
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem
indevida a funcionário público estrangeiro.
Condescendência criminosa: Deixar o funcionário, por
indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração Tráfico de influência em transação comercial internacional:
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou
fato ao conhecimento da autoridade competente. indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no
Advocacia administrativa: Patrocinar, direta ou indiretamente, exercício de suas funções, relacionado a transação comercial
interesse privado perante a administração pública, valendo-se da internacional.
qualidade de funcionário.
Funcionário público estrangeiro: Considera-se funcionário
Violência arbitrária: Praticar violência, no exercício de função ou a público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que
pretexto de exercê-la. transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública em entidades estatais ou em representações
Abandono de função: Abandonar cargo público, fora dos casos diplomáticas de país estrangeiro.
permitidos em lei.
Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo,
Violação de sigilo funcional: Revelar fato de que tem ciência em emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou
razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em
a revelação. organizações públicas internacionais.
Violação do sigilo de proposta de concorrência: Devassar o
4. CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo:
Contratação direta ilegal: Admitir, possibilitar ou dar causa à
Funcionário público: Considera-se funcionário público, para os contratação direta fora das hipóteses previstas em lei:
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Frustração do caráter competitivo de licitação: Frustrar ou
Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o caráter
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução competitivo do processo licitatório:
de atividade típica da Administração Pública, ainda que sem .
remuneração e com prazo determinado. Patrocínio de contratação indevida: Patrocinar, direta ou
indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública,
dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato
2. PRATICADOS POR PARTICULARES
cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
.
Usurpação de função pública: Usurpar o exercício de função Modificação ou pagamento irregular em contrato
pública. administrativo: Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em
Resistência: Opor-se à execução de ato legal, mediante violência favor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe com a Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da
esteja prestando auxílio. licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda,
pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
Desobediência: Desobedecer a ordem legal de funcionário público. exigibilidade:
Desacato: Desacatar funcionário público no exercício da função ou Perturbação de processo licitatório: Impedir, perturbar ou fraudar
em razão dela. a realização de qualquer ato de processo licitatório:
Tráfico de Influência Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Violação de sigilo em licitação: Devassar o sigilo de proposta
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de apresentada em processo licitatório ou proporcionar a terceiro o
influir em ato praticado por funcionário público no exercício da ensejo de devassá-lo:
função.
Afastamento de licitante: Afastar ou tentar afastar licitante por
Corrupção ativa: Oferecer ou prometer vantagem indevida a meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar vantagem de qualquer tipo
ato de ofício.
Fraude em licitação ou contrato: Fraudar, em prejuízo da
Administração Pública, licitação ou contrato dela decorrente,
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. Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete


Contratação inidônea: Admitir à licitação empresa ou profissional ou testemunha.
declarado inidôneo:
Violência ou fraude em arrematação judicial: Impedir, perturbar
Impedimento indevido: Obstar, impedir ou dificultar injustamente a ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar
inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça,
promover indevidamente a alteração, a suspensão ou o fraude ou oferecimento de vantagem.
cancelamento de registro do inscrito:
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de
Omissão grave de dado ou de informação por projetista: Omitir, direito: Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de
modificar ou entregar à Administração Pública levantamento que foi suspenso ou privado por decisão judicial.
cadastral ou condição de contorno em relevante dissonância com a
realidade, em frustração ao caráter competitivo da licitação ou em CÓDIGO PENAL
detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública, em contratação para a elaboração de TÍTULO XI
projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse: CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
5. CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
Reingresso de estrangeiro expulso: Reingressar no território qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
nacional o estrangeiro que dele foi expulso posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
Denunciação caluniosa: Dar causa à instauração de investigação Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
policial, de processo judicial, instauração de investigação § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre
contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção: Provocar a Peculato culposo
ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
contravenção que sabe não se ter verificado. outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Auto-acusação falsa: Acusar-se, perante a autoridade, de crime § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
inexistente ou praticado por outrem. precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
Falso testemunho ou falsa perícia: Fazer afirmação falsa, ou Peculato mediante erro de outrem
negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
inquérito policial, ou em juízo arbitral. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações
Coação no curso do processo: Usar de violência ou grave Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção
ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração
chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
ou em juízo arbitral. outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Exercício arbitrário das próprias razões: Fazer justiça pelas Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo informações
quando a lei o permite. Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização ou
Favorecimento pessoal: Auxiliar a subtrair-se à ação de solicitação de autoridade competente:
autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
reclusão: Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
Favorecimento real: Prestar a criminoso, fora dos casos de co- metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o Administração Pública ou para o administrado.
proveito do crime. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
Exercício arbitrário ou abuso de poder: Ordenar ou executar a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais parcialmente:
ou com abuso de poder. Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime
mais grave.
Arrebatamento de preso: Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei:
Motim de presos: Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
disciplina da prisão. Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
Patrocínio infiel: Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, vantagem indevida:
lhe é confiado. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Excesso de exação
Patrocínio simultâneo ou tergiversação: o advogado ou § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
sucessivamente, partes contrárias. cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
autoriza:
Exploração de prestígio: Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do

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DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Corrupção passiva Funcionário público
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal emprego ou função pública.
vantagem: § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar execução de atividade típica da Administração Pública.
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
influência de outrem: administração direta, sociedade de economia mista, empresa
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. pública ou fundação instituída pelo poder público.
Facilitação de contrabando ou descaminho CAPÍTULO II
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de DOS CRIMES PRATICADOS POR
contrabando ou descaminho (art. 334): PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Usurpação de função pública
Prevaricação Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Resistência
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com esteja prestando auxílio:
outros presos ou com o ambiente externo: Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Condescendência criminosa Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, correspondentes à violência.
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da Desobediência
autoridade competente: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Advocacia administrativa Desacato
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de em razão dela:
funcionário: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Tráfico de Influência
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato
Violência arbitrária praticado por funcionário público no exercício da função:
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
exercê-la: Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
correspondente à violência. funcionário.
Abandono de função Corrupção ativa
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
lei: público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Descaminho
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, mercadoria
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
substituído ou suspenso: § 1o Incorre na mesma pena quem:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em
Violação de sigilo funcional lei;
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
não constitui crime mais grave. atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de parte de outrem;
dados da Administração Pública; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
ou a outrem: ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
Violação do sigilo de proposta de concorrência artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

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DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é CAPÍTULO II-A


praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
Contrabando ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Corrupção ativa em transação comercial internacional
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
§ 1o Incorre na mesma pena quem: vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa relacionado à transação comercial internacional:
de registro, análise ou autorização de órgão público competente; Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
exportação; razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de funcional.
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei Tráfico de influência em transação comercial internacional
brasileira; Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
pela lei brasileira. estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste comercial internacional:
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. estrangeiro.
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência Funcionário público estrangeiro
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os
venda em hasta pública, promovida pela administração federal, efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: estrangeiro.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro
pena correspondente à violência. quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas,
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.
Inutilização de edital ou de sinal CAPÍTULO II-B
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar ADMINISTRATIVOS
selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de Contratação direta ilegal
funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. fora das hipóteses previstas em lei:
Subtração ou inutilização de livro ou documento Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, Frustração do caráter competitivo de licitação
processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou
razão de ofício, ou de particular em serviço público: para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime licitação, o caráter competitivo do processo licitatório:
mais grave. Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
Sonegação de contribuição previdenciária Patrocínio de contratação indevida
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: perante a Administração Pública, dando causa à instauração de
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser
informações previsto pela legislação previdenciária segurados decretada pelo Poder Judiciário:
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; Modificação ou pagamento irregular em contrato
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da administrativo
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da
contribuições sociais previdenciárias: licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara exigibilidade:
e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei Perturbação de processo licitatório
ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente ato de processo licitatório:
a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
que: Violação de sigilo em licitação
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.
suas execuções fiscais. Afastamento de licitante
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência,
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer
e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade tipo:
ou aplicar apenas a de multa. Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado pena correspondente à violência.
nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou
benefícios da previdência social. desiste de licitar em razão de vantagem oferecida.
Fraude em licitação ou contrato

RENATO FERREIRA PINHEIRO 32


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Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
ou contrato dela decorrente, mediante: ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade verificado:
ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
instrumentos contratuais; Auto-acusação falsa
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou
falsificada, deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de praticado por outrem:
validade vencido; Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
III - entrega de uma mercadoria por outra; Falso testemunho ou falsa perícia
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
mercadoria ou do serviço fornecido; testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
para a Administração Pública a proposta ou a execução do Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
contrato: § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter
Contratação inidônea prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declarado processo civil em que for parte entidade da administração pública
inidôneo: direta ou indireta.
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa. § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade
inidôneo: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa. vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
declarado inidôneo, venha a participar de licitação e, na mesma depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
contratar com a Administração Pública. Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço,
Impedimento indevido se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição de produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover parte entidade da administração pública direta ou indireta.
indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de Coação no curso do processo
registro do inscrito: Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
Omissão grave de dado ou de informação por projetista qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pública processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo correspondente à violência.
da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a
vantajosa para a Administração Pública, em contratação para a metade se o processo envolver crime contra a dignidade
elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em sexual.
diálogo competitivo ou em procedimento de manifestação de Exercício arbitrário das próprias razões
interesse: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e os Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
levantamentos suficientes e necessários para a definição da correspondente à violência.
solução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
sondagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais procede mediante queixa.
e demais elementos ambientais impactantes, considerados Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se
requisitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
orientam a elaboração de projetos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou Fraude processual
indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em dobro a pena prevista Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou
no caput deste artigo. administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste de induzir a erro o juiz ou o perito:
Capítulo seguirá a metodologia de cálculo prevista neste Código e Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em
licitado ou celebrado com contratação direta. processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em
CAPÍTULO III dobro.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Favorecimento pessoal
Reingresso de estrangeiro expulso Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele de crime a que é cominada pena de reclusão:
foi expulso: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
expulsão após o cumprimento da pena. Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
Denunciação caluniosa § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de Favorecimento real
processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de
improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
inocente: Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
anonimato ou de nome suposto. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática Exercício arbitrário ou abuso de poder
de contravenção. Art. 350 - revogado.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa
ou submetida a medida de segurança detentiva:

RENATO FERREIRA PINHEIRO 33


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Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma legislatura
pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois
a seis anos. últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou,
a pena correspondente à violência. caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
internado. Ordenação de despesa não autorizada
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
multa. Prestação de garantia graciosa
Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência da garantia prestada, na forma da lei:
contra a pessoa: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena Não cancelamento de restos a pagar
correspondente à violência. Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o
Arrebatamento de preso cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o superior ao permitido em lei:
tenha sob custódia ou guarda: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena Aumento de despesa total com pessoal no último ano do
correspondente à violência. mandato ou legislatura
Motim de presos Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
da prisão: anteriores ao final do mandato ou da legislatura:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
correspondente à violência. Oferta pública ou colocação de títulos no mercado
Patrocínio infiel Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem
profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em
confiado: sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou QUESTÕES CEBRASPE
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou
sucessivamente, partes contrárias.
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório 89. (AUDITOR DE CONTAS/TCE-PB) Para fins penais,
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, considera-se funcionário(a) público(a)
documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade a) o tutor.
de advogado ou procurador: b) o inventariante.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. c) o dirigente sindical.
Exploração de prestígio d) a esposa pensionista de servidor público falecido.
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a e) o estagiário de defensoria pública.
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, 90. (TÉCNCO TRIBUTÁRIO/SEFAZ-RS) Para efeitos penais, o
funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: conceito de funcionário público
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. a) abrange empregado de empresa prestadora de serviço público
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente contratada pelo poder público.
alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a b) não abrange aquele que exerce função pública de forma
qualquer das pessoas referidas neste artigo. transitória.
Violência ou fraude em arrematação judicial c) não abrange aquele que exerce função pública de forma gratuita,
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar sem remuneração.
ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, d) não abrange ocupante de cargo eletivo.
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: e) engloba somente os empregados públicos regidos pela CLT das
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além empresas públicas.
da pena correspondente à violência. 91. (ANALISTA/DPE-RO) Um servidor público foi processado e
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de julgado por crime de peculato culposo, todavia, antes do
direito trânsito em julgado da sentença, ele ressarciu o erário do
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, prejuízo causado.
de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Nessa situação hipotética, a reparação do dano pelo servidor
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. constitui
CAPÍTULO IV a) causa excludente da culpabilidade.
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS b) causa supralegal de antijuridicidade.
Contratação de operação de crédito c) causa atenuante da pena.
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, d) causa extintiva de punibilidade.
interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: e) excludente de ilicitude.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 92. (AGENTE/PC-PB) X, servidor público, pega, da repartição
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou pública em que trabalha, cinco caixas com 50 canetas
realiza operação de crédito, interno ou externo: esferográficas, cujo valor é de R$ 40,00 cada uma, antes de
I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido encerrar o expediente, aproveitando-se de que era o último a
em lei ou em resolução do Senado Federal; sair da sala e de que não havia mais ninguém no local.
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite Nessa situação hipotética, a conduta praticada por X é
máximo autorizado por lei. caracterizada como
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar a) concussão.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de b) peculato.
despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que c) atípica, em razão da insignificância da conduta.
exceda limite estabelecido em lei: d) furto.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. e) corrupção ativa.

RENATO FERREIRA PINHEIRO 34


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93. (PROCURADOR/PE-PA) Caio, funcionário público estadual, 98. (DELEGADO/PC-PB) O filho de um tesoureiro furtou certa
no exercício regular de sua função pública, valendo-se das quantia em dinheiro da associação em que o pai trabalha. O
facilidades que o cargo lhe proporcionava, dirigiu-se ao setor tesoureiro, sabendo do fato, atribuiu a autoria do delito ao
público de arrecadação e pagamento de valores, sob o pretexto faxineiro da associação após, por insistência da diretoria, ter
de tratar de assunto funcional com seu colega Técio, servidor registrado a ocorrência policial e solicitado instauração do
público responsável pela conferência e guarda do dinheiro que inquérito policial. Considerando-se as informações
os contribuintes recolhiam àquele órgão. Enquanto apresentadas, é correto afirmar que, nesse caso, o tesoureiro
conversavam, Caio, aproveitando-se de ligeira distração de responderá por
Técio, subtraiu uma cédula de R$ 200 que estava sobre a mesa a) calúnia.
do colega e que era relativa a um pagamento de débito feito b) favorecimento real.
por um contribuinte. Caio, posteriormente, confessou que c) falso testemunho.
subtraíra esse dinheiro porque precisava pagar uma dívida d) comunicação falsa de crime.
vencida. e) denunciação caluniosa.
Na situação hipotética apresentada, a conduta de Caio, em tese, 99. (ESCRIVÃO/PC-PB) O carro de Pedro foi apreendido por
a) configura o crime de peculato-apropriação. força de mandado de busca e apreensão expedido por juízo
b) configura o crime de peculato-desvio. cível competente, para servir de garantia a uma dívida
c) não configura nenhum crime, haja vista o princípio da executada judicialmente. Conforme ordenado, o veículo
insignificância, de acordo com súmula do Superior Tribunal de apreendido foi levado para o pátio aberto do DETRAN, onde
Justiça. deveria ficar até ulterior decisão judicial que nomeasse a
d) configura o crime de peculato-estelionato. pessoa do diretor da referida instituição como depositário.
e) configura o crime de peculato-furto. Contudo, inconformado com a apreensão do veículo, Pedro foi
94. (AUDITOR FICAL/SEFAZ-RR) Admite a forma culposa o ao local e, utilizando uma chave mestra, retirou-o de lá sem
crime de que os funcionários percebessem.
a) uso de documento público falso. Nessa situação hipotética, Pedro praticou
b) fraude em certames de interesse público. a) crime de furto de coisa comum, previsto no art. 156 do CP, pois
c) condescendência criminosa. subtraiu o veículo de quem legitimamente o detinha.
d) peculato. b) uma forma especial do crime de exercício arbitrário das próprias
e) supressão de documento público. razões, tipificado no art. 346 do CP, pois resolveu fazer justiça com
95. (ANALISTA LEGISLATIVO/ALE-CE) O ato de subtrair bem as próprias mãos.
da administração pública, a que não tenha posse, mas possua c) crime de desobediência a decisão judicial, previsto no art. 359 do
acesso facilitado em decorrência da qualidade de servidor CP, pois exerceu direito do qual estava suspenso.
público, constitui crime de peculato d) delito contra a administração da justiça, tipificado no art. 358 do
a) mediante erro de terceiro. CP, pois impediu arrematação judicial.
b) na modalidade apropriação. e) crime de furto qualificado pelo emprego de chave falsa e pela
c) na modalidade desvio. destreza com que ludibriou os funcionários do DETRAN.
d) na modalidade furto. 00. (TÉCNICO EM PERÍCIA/PC-PB) De acordo com o Código
e) culposo. Penal brasileiro, a conduta de solicitar dinheiro a pretexto de
96. (SOLDADO/PM-AL) A respeito dos crimes contra a influir em ato praticado por perito judicial caracteriza o crime
administração pública, assinale a opção correta. de
a) Pratica crime de denunciação caluniosa aquele que registra a) exploração de prestígio.
ocorrência policial de crime que sabe não ter sido cometido, b) corrupção passiva.
provocando a autoridade policial a instaurar inquérito policial. c) corrupção ativa.
b) A pena prevista para o crime de falsa perícia, quer em processo d) tráfico de influência.
cível, quer em processo criminal, é a mesma, sem incidência de e) advocacia administrativa.
agravante. O fato deixa de ser punível se, antes da sentença, no
processo referente ao ilícito, o perito se retratar ou declarar a 10. CRIMES HEDIONDOS
verdade.
c) O agente penitenciário que deixa de cumprir o seu dever de
proibir ao preso o acesso de aparelho telefônico que lhe permita a Uma definição para qualificar o crime como hediondo, é quando,
comunicação com o ambiente externo não pratica crime, mas deve por sua natureza, ele causa repulsa. A lei prevê que o crime
responder por infração administrativa prevista em lei. hediondo não tem fiança e é insuscetível de graça, indulto, anistia.
d) Considera-se funcionário público, para efeitos penais, quem
exerça cargo, emprego ou função pública, excluídos os que O crime hediondo é passível de pena severa no Brasil e não
trabalhem para empresa prestadora de serviço contratada ou possui direito à progressão de pena. O termo é definido pela Lei
conveniada para a execução de atividade típica da administração 8.072 de 1990 como sendo todo crime praticado contra o cidadão
pública. ou a propriedade com intenção de agredir a moral, a segurança, a
e) Constitui crime oferecer, ainda que indiretamente, dinheiro a saúde e a vida do cidadão. Esta lei elenca 16 tipos diferentes de
funcionário público estrangeiro para que ele pratique ato de ofício crimes hediondos. A punição é progressiva, sendo que a lei prevê
relacionado a transação comercial internacional. que qualquer crime cometido com violência ou grave ameaça, pode
97. (OFICIAL/PM-RO) Em relação aos crimes em licitações e ser enquadrado na definição de crime hediondo e sofrerá uma pena
contratos administrativos, inseridos no Capítulo II-B do Título severa. Uma vez condenado de um crime hediondo, o réu não
XI do Código Penal pela Lei n.º 14.133/2021, assinale a opção poderá recorrer à progressão de pena, definida pela Lei de
correta. Execução Penal.
a) As penas aplicadas aos fatos anteriores à nova lei e julgados
com base na Lei n.º 8.666/1993 devem ser extintas, ante a LEI 8.072/90
revogação de todos os tipos penais dela constantes, que foram
objeto de abolitio criminis pela nova lei. Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
b) Não há possibilidade de punição dos crimes da nova lei a título tipificados no Decreto-Lei no 2.848/40, Código Penal, consumados
culposo. ou tentados:
c) O condenado terá direito a progressão de regime no I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de
cumprimento da pena independentemente da reparação do dano ou grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e
da devolução do produto do ilícito, ante a independência das homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII,
instâncias criminal, civil e administrativa. VIII e IX);
d) A pena de multa se submete ao teto de dois por cento do I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e
contrato licitado ou celebrado com contratação direta. lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas
e) Não é admissível acordo de não persecução penal por força de contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
vedação legal expressa. Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em

RENATO FERREIRA PINHEIRO 35


DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente Art. 223. ...............................................................
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; Pena - reclusão, de oito a doze anos.
II - roubo: Parágrafo único. ........................................................
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
2º, inciso V); Art. 267. ...............................................................
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou Art. 270. ...............................................................
restrito (art. 157, § 2º-B); Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. Art. 7º Ao art. 159 do CP fica acrescido o seguinte parágrafo:
157, § 3º); "Art. 159. § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços."
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art.
159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e terrorismo.
4o); Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados
1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677/98 nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213,
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
caput, e §§ 1º e 2º). único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade,
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a
análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou Código Penal.
consumados: Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte redação:
2.889/56; "Art. 35. Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso serão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos
proibido, previsto no art.16 a Lei n. 10.826/03. arts. 12, 13 e 14."
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art.17 Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
a Lei n. 10.826/03. Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, previsto no art.18 a Lei n. 10.826/03. QUESTÕES CEBRASPE
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática
de crime hediondo ou equiparado.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 01. (DELEGADO/PC-PB) Considerando as disposições penais e
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: processuais penais estabelecidas na Lei n.º 8.072/1990 (Lei de
I - anistia, graça e indulto; Crimes Hediondos) e a jurisprudência dos tribunais superiores
II - fiança. acerca da matéria, assinale a opção correta.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida a) Os crimes hediondos e equiparados estão listados na
inicialmente em regime fechado. Constituição Federal, não dispondo o legislador ordinário de
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá liberdade para ampliar tal rol.
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. b) O prazo de prisão temporária para os crimes hediondos e
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n. 7.960/89, nos equiparados é de 30 dias, não sendo admitida prorrogação, porque
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, ele já é ampliado em relação ao regramento da Lei n.º 7.960/1989.
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada c) Se associação criminosa destinada à prática de crimes
necessidade. hediondos for desmantelada em razão de informações fornecidas
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança por participante ou associado do grupo criminoso, este receberá
máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a perdão judicial.
condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios d) O rol de crimes hediondos inclui o roubo qualificado por lesão
estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. corporal grave, porém não abrange o homicídio simples, salvo se
Art. 5º Ao art. 83 do CP é acrescido o seguinte inciso: praticado em atividade típica de grupo de extermínio.
"Art. 83. V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de e) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça, indulto,
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de liberdade provisória e fiança.
entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for 02. (AGENTE/PC-PB) A respeito dos crimes hediondos e dos
reincidente específico em crimes dessa natureza." crimes a eles equiparados, assinale a opção correta.
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; 214; a) O recrudescimento da resposta penal aos crimes hediondos e
223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, todos do aos a eles equiparados decorre de mandado de criminalização que
CP passam a vigorar com a seguinte redação: pode ser classificado como norma constitucional de eficácia contida.
"Art. 157. § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena b) Embora o ordenamento jurídico brasileiro tenha adotado o
é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta sistema legal de definição dos crimes hediondos, a Lei n.º
morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 13.964/2019 inseriu na legislação pátria a chamada cláusula
Art. 159. salvatória, em atenção à crítica doutrinária à redação original da Lei
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. n.º 8.072/1990.
§ 1º ................................................................. c) Os crimes hediondos têm como elemento comum o emprego de
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. violência ou grave ameaça à pessoa, o qual não está previsto,
§ 2º ................................................................. contudo, para os crimes equiparados aos hediondos.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. d) Consideram-se hediondos os crimes de genocídio, associação
§ 3º .............................................................. ... para o genocídio e incitação ao genocídio.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. e) Os crimes tipificados no Código Penal Militar com equivalente na
........................................................................ legislação penal comum (crimes militares impróprios) estão
Art. 213. ............................................................... incluídos no rol de crimes hediondos.
Pena - reclusão, de seis a dez anos. 03. (OFICIAL/PM-RO) Considerando os crimes hediondos,
Art. 214. ............................................................... assinale a opção correta.
Pena - reclusão, de seis a dez anos. a) O crime de estupro praticado com violência presumida não é
considerado hediondo.
RENATO FERREIRA PINHEIRO 36
DIREITO PENAL SOLDADO PMSC

b) A pena pela prática de crime hediondo será cumprida em regime 10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJ-PE) A Lei n.º 7.960/1989 prevê a
integralmente fechado. chamada prisão temporária. Em relação aos crimes tidos por
c) A posse ou o porte ilegal de arma de fogo de uso proibido é hediondos, o prazo para prisão temporária é de
considerado crime hediondo. a) dez dias, prorrogáveis por igual período.
d) O partícipe de crime hediondo praticado por pluralidade de b) cinco dias, podendo ser prorrogado por até trinta dias.
pessoas que denunciar os comparsas à autoridade judicial, de c) noventa dias, improrrogáveis.
modo a possibilitar o desmantelamento da organização, terá sua d) trinta dias, improrrogáveis.
pena reduzida, desde que não seja reincidente. e) trinta dias, prorrogáveis por igual período.
e) O crime de associação para o tráfico é considerado hediondo.
04. (AUDITOR DE TRIBUTOS/PMA-SE) A Lei n.º 8.072/1990
considera crime hediondo GABARITO
a) a posse ou o porte ilegal de arma de fogo de uso proibido. 01 A 02 B 03 B 04 C 05 C
b) o aborto provocado sem o consentimento da gestante. 06 E 07 D 08 E 09 A 10 C
c) o homicídio simples. 11 D 12 D 13 E 14 A 15 A
d) a concussão e as corrupções ativa e passiva. 16 B 17 B 18 A 19 D 20 C
e) a moeda falsa. 21 A 22 A 23 E 24 C 25 E
05. (MAGISTRATURA/TJ-PA) Conforme a Lei n.º 8.072/1990, é 26 E 27 C 28 C 29 C 30 A
considerado hediondo o crime de
31 D 32 B 33 D 34 E 35 E
a) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
36 D 37 D 38 A 39 A 40 A
sexual de mulheres.
41 D 42 D 43 B 44 C 45 A
b) infanticídio.
c) extorsão qualificada por qualquer resultado. 46 B 47 D 48 B 49 C 50 E
d) lavagem de dinheiro. 51 E 52 B 53 E 54 B 55 B
e) epidemia com resultado morte. 56 E 57 D 58 B 59 B 60 D
06. (ESCRIVÃO/PC-MA) Conforme a legislação pertinente, 61 B 62 E 63 A 64 A 65 C
considera-se crime hediondo 66 A 67 C 68 A 69 A 70 C
a) o favorecimento da exploração sexual de pessoas adultas. 71 E 72 D 73 B 74 D 75 A
b) o estupro de vulnerável tentado. 76 D 77 C 78 E 79 C 80 E
c) a lesão corporal dolosa de natureza grave. 81 A 82 A 83 C 84 B 85 D
d) o sequestro. 86 E 87 B 88 C 89 E 90 A
e) a extorsão simples. 91 D 92 B 93 E 94 D 95 D
07. (MÉDICO LEGISTA/PCI-PE) A respeito do que dispõe a 96 E 97 B 98 E 99 B 00 A
Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 8.072/1990, assinale a 01 D 02 D 03 C 04 A 05 E
opção correta. 06 B 07 A 08 B 09 D 10 E
a) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou tentado,
não comete crime hediondo.
b) A prática de racismo constitui crime hediondo, inafiançável e Todos os direitos reservados. É vedada a reprodução
imprescritível. total ou parcial desta apostila, sem a autorização do
c) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de autor, sob as penas da lei.
graça ou anistia.
d) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é
hediondo quando praticado contra parente consanguíneo até o
quarto grau de agente da segurança pública, em razão dessa
condição.
e) A lei penal e a processual penal retroagem para beneficiar o réu.
08. (OAB) cerca dos crimes hediondos, assinale a opção
correta.
a) O rol dos crimes enumerados na Lei n.º 8.072/1990 não é
taxativo.
b) É possível o relaxamento da prisão por excesso de prazo.
c) O prazo da prisão temporária em caso de homicídio qualificado é
igual ao de um homicídio simples.
d) Em caso de sentença condenatória, o réu não poderá apelar em
liberdade, independentemente de fundamentação do juiz.
09. (AGENTE DE PROTEÇÃO/TJ-RR) A Lei n.º 8.072/1990,
conhecida como Lei dos Crimes Hediondos, além de definir os
delitos dessa natureza, trouxe diversas inovações de cunho
penal e processual penal, que repercutiram na esfera da
liberdade individual do cidadão. Acerca dos delitos e do
procedimento preceituados nessa Lei, assinale a opção
incorreta.
a) Nos crimes hediondos é cabível, na execução da pena, o
benefício do livramento condicional, desde que sejam preenchidos
os requisitos necessários à sua concessão.
b) O instituto da delação inserido na Lei dos Crimes Hediondos
impõe a redução da pena de um a dois terços para o delator,
quando sua delação possibilita o desmantelamento de associações
criminosas ou de quadrilhas formadas para prática de crimes
hediondos dos quais o delator fez parte.
c) A prisão temporária, nos crimes considerados hediondos, tem
prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
d) A lei em referência veda a concessão de liberdade provisória,
com ou sem fiança, o que equivale a dizer que a autoridade
judiciária, em nenhuma hipótese, poderá proceder ao relaxamento
da prisão em tais crimes.

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