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A ordem econômica nas Constituições Brasileiras:

Constituição de 1924:

1. Contexto Histórico: Brasil Império.

2. Pontos Importantes no que se refere ao Direito Econômico

2.1 Influência de Ideias Liberais: Prevaleciam nessa época as constituições liberais (Adam
Smith, Estado Mínimo, Auto-regulação do mercado), que se limitavam a descrever a
estrutura do Estado e assegurar os direitos individuais dos cidadãos (vida, liberdade,
igualdade, propriedade, segurança), sem prescrever normas que pudessem embaraçar a
dinâmica natural do sistema econômico.

2.2 Preponderância da vontade do imperador e dos economicamente mais fortes.

2.3 Aborda o direito de propriedade de forma absoluta: usar, gozar e dispor do bem
jurídico ao seu livre-arbítrio, sem nenhuma restrição por parte do Estado, apresentando o
liberalismo econômico, isto é, o Estado não deve interferir na atividade econômica.

2.4 A ordem econômica não é tratada também de forma individualizada, ou seja, os


dispositivos constitucionais responsáveis pelo desenvolvimento da atividade econômica do
Estado estão espalhados em alguns dos seus títulos.

2.5 Poder Moderador do Imperador (Ponto Controvertido): Do ponto de vista


econômico há quem entenda que representou um importante papel, permitindo através da
estabilidade que proporcionou ao regime o desenvolvimento adequado da vida econômica
durante o século XIX.

2.6 Embora com características liberais, a Constituição de 1824 se preocupava com a


intervenção na economia para resguardar as tarifas alfandegárias, negociadas nos
Tratados, expressas no artigo 102, inciso VIII, que atribuiu ao Imperador, na condição de
Chefe do Poder Executivo, a possibilidade de fazer tratado de subsídio e comércio.

2.7 Nada se estabeleceu sobre normatização do trabalho, que na época, era


predominantemente escravocrata. Os poucos assalariados eram regidos por contratos
individuais, sem regulamentação do setor público.

Constituição de 1891:

1. Contexto Histórico: Federalismo.

2. Pontos Importantes no que se refere ao Direito Econômico

2.1 A Constituição de 1891 manteve a ideologia liberal da Constituição de 1824,


entretanto, agora em regime Republicano Federativo. Ou seja, a alteração na forma de
governo e estado não teve qualquer influência no modelo econômico, que continuou inspirado
no liberalismo econômico.

2.2 O regime político da época, baseado na economia liberal, foi refletir na constituição de
1891, mantendo o Estado, como na constituição anterior, ausente das atividades econômicas,
com raras exceções: Ficou reconhecida a competência privativa da União para a instituição de
bancos emissores, (art 7º, § 1º), relembrando-se que, à época, a emissão de moeda era cometida
a vários bancos, pois vigorava o padrão ouro. Obviamente considerando que se tratava afinal de
política monetária, nada mais normal que a competência privativa fosse da União.

2.3 As reformas constitucionais realizadas em 1926 não surtiram os efeitos desejados,


repercutindo apenas nos aspectos políticos de maior fortalecimento da União. O governo na
época não tinha uma política econômica efetiva, e não dava à classe empresarial e à sociedade
respostas aos problemas econômicos vivenciados.

2.4 A década de 1920 foi marcada por uma crise econômica mundial, que atingiu seu cume em
1929 com a quebra da Bolsa de Nova York. Isso fez com que a atividade cafeeira brasileira,
basicamente exportadora, entrasse em colapso, onde o País não conseguiu manter uma taxa de
câmbio favorável. Esses momentos turbulentos culminaram na revolução de 1930, onde o
presidente eleito Júlio Prestes é impedido de tomar posse, assumindo, através de Golpe Militar,
Getúlio Vargas.

2.5 Os anos de 1930, com a grande crise internacional, conhecida como a Grande Depressão,
surgem as ideias da escola econômica Keynesiana defendida por John Keynes, que preconizava
a intervenção do governo na economia para garantir o pleno emprego e a estabilidade
econômica.

Constituição de 1934:

1. Contexto Histórico: Transformações sociais pós Primeira Guerra Mundial

2. Pontos Importantes no que se refere ao Direito Econômico:

2.1 Crise das ideias econômico-liberais e enfraquecimento de seus princípios.

2.3 Novo constitucionalismo: racionalização democrática através da concretização dos


direitos sociais.

2.4 Estado de Bem Estar Social: Keynes.

2.1 A constituição de 1934 teve grande influência das cartas magnas que estavam em vigor
na época: a Alemã, de Weimer em 1919, e a do México de 1917, que instituem o Estado
Social, consagrando os direitos sociais de segunda geração, relativo às relações de produção
e trabalho, à educação, à cultura, à previdência e reorganização do Estado em função da
sociedade e não mais do indivíduo.

2.2 Questão social: exploração do operário na relação com o detentor dos meios de
produção. Karl Marx: estrutura econômica do capitalismo derivou da estrutura econômica da
sociedade feudal; fomento à ideia da luta de classes.

2.4 Diferente das Cartas Magnas anteriores, a Constituição de 1934 trata de forma explícita
da ordem econômica e social, onde separa um capítulo específico para o tema, em seu Título
IV- Da Ordem Econômica e Social, compreendendo os artigos que vão do número 115 até o
143.
2.5 Direito a propriedade individual ainda é protegido, entretanto o trato passa a ser
diferente: o interesse social ou coletivo é previsto como limitador ao direito de propriedade.

2.6 A intervenção do Estado no domínio econômico se dá de forma direta, expressa nos


artigos 115 e 121 da Constituição Federal garantindo a liberdade econômica com amparo à
produção, condições de trabalho e os interesses econômicos.

2.7 Com a imposição de normas claras, é imposto nos artigos 117, 118 e 119 que as minas e
jazidas minerais, bem como as quedas de água deveriam ser nacionalizadas, assim como os
bancos e corretoras de seguros, sendo proibido a usura.

2.8 A seara trabalhista é enfocada nos artigos que vão do 120 ao 123, sendo aprovadas
medidas que beneficiavam os trabalhadores, através de normatização das relações de
trabalhado com a criação da Justiça do trabalho e garantia de direitos trabalhista, com a
instituição do salário mínimo, a jornada de trabalho de 8 (oito) horas diárias, férias anuais
remuneradas e repouso semanal remunerado e a criação de sindicatos por categoria
profissional.

2.9 A constituição de 1934 teve grandes méritos com a introdução de princípios


constitucionais vigentes até hoje: a instituição da dignidade da pessoa humana, como
finalidade a ser alcançada; a garantia a todos de condições dignas de trabalho; a proteção
social do trabalho e os interesses econômicos, com a determinação da ordem econômica que
passa a ser abordada de forma explícita e ordenada, conforme os princípios de justiça e
interesse social.

Constituição de 1937:

1. Contexto Histórico: Estado Novo

2. Pontos Importantes no que se refere ao Direito Econômico:

2.1 A Constituição de 1937 teve influência na Constituição da Polônia, daí ser apelidada de
polaca. Com características ditatoriais, a constituição enfraqueceu os Estados-membros,
atribuindo superpoderes à União.

2.2 A Ordem econômica foi tratada num capítulo próprio. Ocupou os artigos 135 a 155, e,
formalmente, muitos de seus dispositivos ficaram semelhantes à Constituição anterior de
1934. Com efeito, a preocupação do Estado Novo era o controle político.

2.3 A valorização da iniciativa individual acabou por se fragilizar porque o poder político do
Presidente acabou por determinar intervenção na economia, principalmente, no setor de
indústrias de base.

2.4 A Constituição de 1937, assim, tentou organizar a economia do país em torno das
corporações. A previdência social que veio a ser criada, por exemplo, não era universal, mas
abrangia a cada segmento dos trabalhadores. De observar como relevante para a política
econômica foi a criação do Conselho de Economia Nacional, que tinha como uma de suas
atribuições “promover a organização corporativa da economia nacional”.
2.5 O fato de a Constituição de 1937 apontar a intervenção do Estado no domínio econômico
como justificável só para suprir as deficiências da iniciativa individual e coordenar os fatores
de produção não impediu que se implantasse no país um Estado Intervencionista e
Empreendedor, até porque, esse foi um modelo de desenvolvimento adotado em muitos
países.

2.6 As duas Constituições (1934/1937) direcionaram, para o bem e para o mal, o Estado
como o real agente da economia, o impulsionador do seu desenvolvimento quer pela ótica da
intervenção quer pela ótica da regulação.

Constituição de 1946:

1. Contexto Histórico: Fim da Segunda Guerra Mundial e restauração da democracia no Brasil.


2. Pontos Importantes no que se refere ao Direito Econômico:
2.1 A Constituição de 1946 começou a temperar o regime liberal com os novos ingredientes
sociais produzidos nos processos de intervenção do Estado no domínio econômico – o que
foi intitulado de um novo liberalismo, no qual a autonomia da vontade passa a ser limitada
pela função social dos institutos de direito privado, em especial, nos contratos e na
propriedade.
2.2

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