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DIREITO ECONÔMICO

CONCEITO
• É o conjunto de princípios, de regras e de instituições que visa
à intervenção do Estado no domínio econômico.

• De acordo com Eros Grau, “sistema normativo voltado à


ordenação do processo econômico mediante a regulação, sob
o ponto de vista macrojurídico, da atividade econômica, de
sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação da
política econômica estatal". Em outras palavras, o Direito
Econômico é a disciplina que cuida das normas que serão
aplicadas pelo Estado na atividade econômica
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

• Desde o contexto da antiguidade já se buscava disciplinar alguns fenômenos


ligados à economia, contudo, apesar do esforço para regular as relações
econômicas entre os agentes econômicos, ainda não existia um código, ou seja,
ainda não existiam leis específicas para se tratar especificamente sobre o Direito
Econômico.

• Com o passar do tempo, foi-se criando a real necessidade de o Estado


regulamentar as normas que fixavam as relações entre os agentes econômicos,
visto que o mercado não era
capaz de se autorregular. Nesse contexto, o Direito Econômico surge associado à
noção moderna de Estado.

• Surgimento do Estado moderno e do desenvolvimento da economia enquanto


ciência, ocasião em que a discussão sobre Estado em relação à atividade
econômica começou a ganhar relevo.
Liberalismo clássico

• A maior característica do liberalismo clássico, correspondia à liberdade.


• Conforme essa doutrina, os agentes econômicos eram livres para exercer suas
atividades havendo um grande apego à propriedade privada e ao individualismo,
posto que se acreditava que o Estado não deveria intervir na economia, pois o
mercado seria capaz de se
autorregular através de suas próprias leis naturais.

• Assim, em um contexto geral, os liberalistas acreditavam que quanto maior fosse o


nível de liberdade dos agentes econômicos, maior seria o crescimento da
economia, pensamento relativo à primazia da famosa livre iniciativa.

• Nesse contexto, dever-se-ia prevalecer a ordem


natural da economia, sendo escusada a interferência estatal para que as relações
entre os agentes econômicos sejam reguladas, necessitando-se apenas da
observação das próprias leis do mercado.
Escola liberalista – O pensamento dos
fisiocratas e Adam Smith.
• 1) - Fisiocratas: a escola fisiocrata surgiu no século XVIII e consiste em uma escola francesa de
pensamento econômico, a partir da qual originou-se uma das primeiras tentativa de se formular
uma teoria científica da economia.
• Cabe destacar que foram os fisiocratas que inauguraram a ideia de que a economia deveria
obedecer às leis naturais, não havendo a necessidade de interferência do Estado. Embora esses
pensadores tenham tido um importante papel na construção do Direito Econômico, Adam Smith
foi consolidado como o teórico mais importante do liberalismo econômico.
• Ideias defendidas: ideia da mão invisível do mercado, pela qual se estabelece o entendimento de que o
mercado seria guiado pelas leis da oferta e da procura, encontrando sua harmonia sem a necessidade
de intervenção do Estado.
• Derrocada do modelo: No começo do século XX, as deficiências do liberalismo clássico
passaram a mostrar que seria necessário, sim, uma maior intervenção do Estado na economia.
• duas conclusões importantes averiguadas nessa época foram:
I) O mercado não é capaz de se regular pelas leis naturais;
II) É necessária a intervenção estatal na economia, mesmo que esta seja apenas
regulatória.

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA
• EUA (Keynes): as teses de John Maynard Keynes, famosas
principalmente em relação ao contexto pós-Crise de 1929, buscavam
corrigir as falhas de mercado por meio da
intervenção estatal. Nesse sentido, o Estado deveria atuar como
indutor da economia para conduzir o país ao pleno emprego.
• Europa (Welfare State): a experiência europeia surgiu por meio da
teoria do Welfare State, ou Estado do bem-estar social, que associou a
promoção social ao crescimento e aceleramento da economia,
principalmente como forma de se contrapor à expansão do socialismo.
Assim, Welfare State europeu estava relacionado à promoção de
políticas
públicas, acreditando-se na fortificação da área social para a
fortificação da economia.
CARACTERISTICAS DA INTERVENÇÃO

• É necessário destacar quatro pontos


importantes do Direito Econômico em relação
às normas aplicadas pelo Estado na prática da
economia:
a) Aplicação de políticas de intervenção no domínio econômico;
b) Fiscalização e participação estatal;
c) Disciplina das relações de dominação;
d) Tutela dos sujeitos das relações
Crítica socialista ao liberalismo econômico

• Karl Marx foi o responsável pelo expoente das críticas


mais duras do socialismo em relação ao liberalismo
econômico. Os países que adotaram essas críticas
acabaram por desenvolver um modelo de economia
planificado, que possuía uma forte intervenção do
Estado e pouco espaço para a autonomia individual.
Cabe destacar, no entanto, que esse modelo não se
sustentou com o passar do tempo.
Crítica dos países em desenvolvimento ao
liberalismo
Os países em desenvolvimento à época também geraram uma forte
crítica ao liberalismo, consistindo, essencialmente, na teoria de
substituição das importações.

A teoria de substituição das importações foi desenvolvida no âmbito


da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) e defendia a
ideia de que os países apenas conseguiriam desenvolver suas
economias se houvesse alguma forma de intervenção do Estado.
Através dessa intervenção, procurava-se permitir o desenvolvimento
da indústria nacional e a diminuição da importação de produtos
manufaturados dos chamados “países do primeiro mundo”.
Insuficiência do direito privado e revisão de dogmas

• A insuficiência do direito privado e a revisão de dogmas apresenta relação direta com a


queda do liberalismo.
• O liberalismo foi perdendo cada vez mais espaço à medida em que se notou a insuficiência
relativa à ideia de que o direito privado poderia regular fenômenos como o desemprego e a
crise econômica, de modo que se entendeu necessária a intervenção do Estado na regulagem
do mercado.
• Assim, foi necessária realizar uma revisão dos dogmas que o liberalismo propunha em
relação à liberdade quase absoluta e à propriedade privada. Nesse sentido, o direito de
propriedade como um direito absoluto foi dando lugar a uma visão mais associada à sua
função social.

Cabe apontar que, nesse contexto, para além dos direitos dos trabalhadores que foram
ganhando cada vez mais espaço, são marcos emblemáticos do período que apresentou um
viés cada vez mais social na economia a Constituição de Weimar, constituição alemã que
propôs vários direitos sociais, e a Constituição Mexicana.
Pós-Segunda Guerra Mundial
• Após a Segunda Guerra Mundial ficou reconhecido que
o mercado é falho e precisa ser regulado, de maneira
que diversas organizações do plano internacional foram
criadas com lastros nessa premissa, tais como o Banco
Mundial, que busca fomentar a economia dos países; o
FMI, que busca socorrer países em dificuldade financeira
e o Acordo Geral de Países e
Comércio, que posteriormente culminou na OMC, que
estabelece regulações entre o comércio internacional.
•  
RAMO DO DIREITO ECONOMICO

• Tema de relevante importância para o Direito Econômico é a inserção


deste dentro Direito Público. Esse entendimento, adotado pela maior
parte da doutrina, advém do fato de a essência do Direito Econômico
advir, justamente, da política econômica estatal. Apesar disso, cabe
destacar que o Direito Econômico também regula algumas relações
privadas, mas sua inserção permanece inerente ao Direito Público.

A inserção do Direito Econômico como ramo do Direito Público abarca os aspectos
listados a seguir:
• a) Política econômica estatal;
• b) Regulação de serviços públicos (prestados direta ou indiretamente pelo Estado);
• b) Regência de condutas de instituições públicas;
• b) Imposição de obrigações fundamentadas no interesse social.
FONTES DO DIREITO ECONOMICO
 
NORMAS DO DIREITO ECONÔMICO

• Força jurídica vinculante: a força jurídica vinculante das normas do Direito Econômico
faz com que sejam revogados os atos normativos anteriores que dispõem em sentido
colidente e que ensejam juízo de inconstitucionalidade;
• b) Aplicação mediata: a aplicação mediata está relacionada à necessidade de outras
leis que a regulamentem para que tenham eficácia plena;
• c) Flexibilidade, mobilidade e mutabilidade: características relacionadas à
dinamicidade da economia, acarretando na necessidade de configuração das normas
de Direito Econômico em conjunto com a constante mudança da realidade social.
• d) Utilização de conceitos indeterminados: a utilização de conceitos indeterminados
com elevado grau de abstração também está relacionada ao cenário de mudanças
constantes na esfera econômica; e
• e) Direito premial: as normas de Direito Econômico oferecem uma recompensa ao
agente que praticar determinada conduta como, por exemplo, a concessão de benefício
fiscal.
• 
PRINCIPIOS DO DIREITO ECONOMICO
ORDEM ECONOMICA NA CF – ART.
24
• Competência para legislar sobre matéria econômica:

• Art. 21 - União

• Art. 25 - Estado

• Art 30 - Municípios e DF
• No âmbito da legislação concorrente, a União, conforme dispõe o artigo
24, parágrafo 2º, estabelecerá as normais gerais sobre a matéria de
Direito Econômico.
• Sobre essa edição de normas pela União, é necessário realizar três
observações:
• A competência da União não exclui a competência suplementar dos
Estados e DF;
• No caso de não existirem normas gerais, os Estados e DF irão exercer a
competência legislativa plena;
• A superveniência da Lei Federal suspenderá a eficácia de Lei Estadual ou
Distrital no que lhe for contrária.
• São competências previstas na Constituição que abordam a matéria
econômica:
1) Competência legislativa concorrente:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
(...)
V – produção e consumo.
2) Competência legislativa privativa:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; Obs.: no que se refere ao inciso IV, cabe mencionar o artigo 21, inciso XI e inciso
XII, alínea
“b”, que determinam que:
Art. 21. Compete à União:
XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de tele- comunicações, nos termos da lei, que disporá
sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam
os potenciais hidroenergéticos.
(...)
VI – sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
(...)
VIII – comércio exterior e interestadual;
IX – diretrizes da política nacional de transportes;
X – regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI – trânsito e transporte;
• Obs.: no que se refere ao trânsito e transporte, tem-se, no artigo 21, inciso XII, alínea “c” e
“f”, a seguinte determinação:
•  
• Art. 21. Compete à União:

XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;

(...)
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres.
• XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
• (...)
XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
• XX – sistemas de consórcios e sorteios.
•  
•  
Intervenção do Estado No Direito Econômico
• Finalidade da intervenção do estado no domínio econômico: Regular o
mercado
• Formas de intervenção:

a) Direta :
• Estado como empresário.
• - Pode se dar na forma de participação (em concorrência) ou absorção
(monopólio).
• - Instrumento: empresa estatal ou de economia mista
b) Indireta:
• Estado enquanto ente político.
• - Pode ser por direção (normas impositivas) ou indução (normas
dispositivas/benefícios)
• - Instrumento: edição de normas jurídicas
PRINCIPIOS

• I - Soberania: Diz respeito à autogestão pelo Estado. Ela e exercida dentro


do território brasileiro;
• II – Propriedade privada: E garantido no inciso XXII do art. 5º da CF.
• III – Função Social do imóvel: para viver e morar com sua família.(5,XXIII);
• IV – Livre Concorrência: e inerente a um sistema capitalista, visando a um
sistema regulador de mercado;
• V – Defesa do Consumidor: Não havia anterior a 5/10/88. Polo mais fraco
da relação de consumo, necessitando de proteção jurídica. Lei 8.078/90.
• VI – Defesa do Meio ambiente: O mesmo deve ser preservado para as
pessoas obterem vida futura (sustentabilidade) geração futura
• VII – Redução de Desigualdade regionais e sociais: É um dos
princípios da republica federativa do Brasil, erradicar a pobreza
e a marginalização(ART. 3º,III).
• VIII – Busca do pleno emprego - pode parecer condição utópica,
inatingível, mas na verdade e uma forma de política econômica
adotada pelos governos com objetivo a ser atendido(170,VIII).
• IX - Tratamento favorecendo empresas de pequeno porte: Lei
123/06.
• A livre iniciativa compreende a liberdade de o individuo
estabelecer seu empreendimento, organizando o capital, e o
trabalho, visando obter um proveito econômico.
CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA - ESTRUTURA

• Título VII – Da Ordem Econômica e


Financeira.
• Estrutura:
• - Princípios Gerais;
• - Política Urbana;
• - Política Agrícola e Fundiária;
• - Sistema Financeiro Nacional
FUNDAMENTOS, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS

• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e


na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (…)

• Fundamento: trabalho e livre iniciativa (ordem econômica material – Art 1°,


IV)
• Objetivo: dignidade da pessoa humana (Art 1°, III)

• Princípios: soberania nacional; propriedade privada; função social da


propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio
ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais; busca do pleno
emprego; tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras (capital nacional)
•  
Cade – Conselho administrativo de defesa
econômica
• Criado pela Lei nº 4.137 de 10 de setembro de 1962
• Lei nº 8.884, de 11 de junho de 94, transforma o CADE em
autarquia vinculada ao MJ; - (posteriormente Lei 9.021/95 – lei
antitrust)
• Passou a ser instrumento de ação do governo e não de
estado, visando implementação de políticas econômicas.
• Motivos da criação: art. 173/CF - § 4º - lei reprimirá o abuso do poder
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros – Eliminar a concorrência seria violar os princípios
da liberdade d iniciativa da livre concorrência.
• Infrações de ordem econômicas – art. 36 Lei
12.529/2011.
• a) Limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou
a livre iniciativa;
• b) Dominar mercado relevante de bens ou serviços;
• c) aumentar arbitrariamente os lucros;
• d) exercer de forma abusica posição dominante.
AGENCIAS REGULADORAS
• Definição – É um órgão do Estado que visa ao controle, à regulamentação
e à fiscalização de serviços públicos transferidos para o setor privado. E uma
autarquia federal.
• ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica – criada pela Lei nº 9.427/96 – inciso
XI do artigo 21 da CF. (órgão regulador nas telecomunicações);
• ANATEL – Agencia Nacional de Telecomunicação – Criada pela Lei nº 9.472/97
• ANP – Agencia Nacional de Petróleo – criada pela Lei nº 9.478/97 – inciso III do §
2º do artigo 177 da CF (regulador monopólio da união sobre petróleo);
• ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – Criada pela Lei nº 9.782/99;
• ANS – Agencia Nacional de Saúde Suplementar – Criada pela Lei nº 9.961/2000;
• ANA – Agencia Nacional de Água – Criada pela Lei nº 9.984/2000.
• OBS. Possuem dotação orçamentária própria e autonomia para aplicação do
numerário - tem poder normativo de estabelecer normas.
• Presidente não e subordinado ao presidente

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