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LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO

1) O que é o liberalismo?
 
O Liberalismo surgiu como uma doutrina que serviu de fundamento ideológico para as revoluções anti-
absolutistas que ocorreram na Europa aos longos dos séculos XVII e XVIII e a luta pela independência dos
Estados Unidos, correspondendo aos anseios do poder da burguesia, que consolidava sua força econômica, frente
a uma aristocracia decadente. O Liberalismo defendia: a mais ampla liberdade individual, a independência
entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, a livre iniciativa e a concorrência como princípios básicos,
capazes de harmonizar os interesses individuais e coletivos, enfim, promover o progresso social.
Adam Smith, um economista escocês que viveu durante o século XVIII, foi um dos mais importantes
teóricos da economia clássica. Ele afirmava que a economia funcionaria de forma autônoma, sem a menor
interferência do Estado, através da iniciativa privada. Na sua teoria econômica, Smith coloca em relevo
mecanismos que ele descobre no capitalismo: “O interesse egoísta que, traduzido em lucro, é o motor da
iniciativa privada.” A força motriz da atividade econômica se encontra no egoísmo humano. “A competição do
mercado é que regula o apetite desenfreado do lucro.” Surgem novos produtores dos mesmos artigos e, diante
do crescimento da oferta, baixam os preços de forma natural, e, se estabelece um nível razoável que beneficia o
consumidor, impedindo a especulação abusiva.
O liberalismo baseou-se na ideia defendida por Adam Smith. Segundo o mesmo, o próprio capitalismo
continha mecanismos racionais e eficientes de autorregulação das condições socioeconômicas de uma sociedade.
Desta forma, o papel do Estado deveria se limitar a duas coisas: cumprir os contratos e garantir a propriedade
privada. Esta “mão invisível” do capitalismo começou a ser criticada no final do século XIX, pois na verdade, a
realidade vista era muito diferente do que os liberalistas pregavam. Os mecanismos do capitalismo não estavam
sendo racionais e eficientes no sentido de uma regulação social.
 A lei da oferta e da procura: Os artigos oferecidos ao consumidor mantêm seus preços enquanto houver
procura. Quando as necessidades do consumidor são satisfeitas, diminui a procura e os industriais passam a
fabricar outros produtos.
A acumulação e a população: As utilidades de uma empresa determinam o crescimento do capital que
serve para expandir a atividade econômica. Esta expansão cria um aumento de procura de trabalhadores, fazendo
com que os salários subam, até o ponto de fazer desaparecer as utilidades. Neste ponto é que entra o papel da
população, porque na medida em que melhoram os salários melhoram também as condições de vida do operário
e baixa o índice de mortalidade infantil. Como resultado, haverá mais trabalhadores. Isto fará com que aumente a
oferta de trabalho e baixem novamente os salários. Tais mecanismos formam a base do chamado liberalismo
selvagem.
As crises econômicas dos anos 1970 alteram de maneira fundamental a perspectiva de intervenção do
Estado. Do ponto de vista de que o Estado era a solução para os problemas de crises econômicas, atribuía-se o
excesso de intervenção do Estado, a inflação, o desemprego, a deficiência de crescimento, o que vem a preparar a
crítica da intervenção estatal nos assuntos econômicos. Voltou-se então à ideologia do liberalismo, com algumas
modificações, porém, com os mesmos objetivos. Foi a partir daí, sendo implantado o estado de direito, que
significa que todas as ações do governo são regidas por normas previamente estabelecidas e divulgadas, as quais
tornam possível prever com razoável grau de certeza de que modo a autoridade usará seus poderes coercitivos em
dadas circunstâncias, permitindo a cada um planejar suas atividades individuais.

2) O que é o Keynesianismo?

O capitalismo mostrou-se incapaz de frear a ganância de lucro e, portanto, a produção e o mecanismo


regulador tornaram-se demasiado lentos. Sobreveio a crise e o Estado teve de intervir. Em 1929, com a queda da
Bolsa de Valores de Nova York, o capitalismo sofreu sua maior crise. Nesse período, o economista John
Maynard Keynes (1883-1946), afirmando que a crise é inerente ao próprio sistema capitalista. O Estado deve
impulsionar a economia, sem substituir a iniciativa privada. Keynes aceita, portanto, um intervencionismo
estatal.
A mão invisível do mercado: No conceito de mão invisível do mercado a relação de oferta e procura de
produtos é equilibrada, assim como custos de produção e valores dos produtos. Porém, devido à formação de
monopólios e cartéis, o mercado se desregula, oferecendo salários baixos para os trabalhadores e produtos caros
para os consumidores.
O pensamento Keynesiano implica a generalização do Estado do bem-estar, entendido como um conjunto
de ações públicas que tende a garantir a todo cidadão um acesso mínimo de serviços que melhore suas condições
de vida. Nesse contexto não significa dizer que no pensamento keynesiano o Estado deixe de lado o
desenvolvimento econômico, para cuidar apenas da questão social de uma nação. Mas a grande linha de
abordagem de Keynes era de que o Estado deveria intervir na economia para garantir o pleno emprego, e depois
um desenvolvimento econômico.
Oferecendo uma saída para a crise vivenciada, Keynes, em 1926, postulou uma teoria que rompia
totalmente com a ideia liberalista do Laissez-faire, isto é, “deixai fazer”, afirmando que o Estado deveria sim,
interferir na sociedade, na economia e em quais áreas achasse necessário. O modelo do Estado intervencionista
Welfare State, isto é, “estado de bem-estar” social foi adotado por muitos países após o fim da Segunda Guerra
Mundial, já que a interferência estatal parecia essencial para a recuperação do mundo no pós-guerra.
A partir dos anos 60, com a crise dos países centrais, ocasionada pela acumulação intensiva e por uma
regulação monopolista, o keynesianismo também foi questionado, pois problemas como inflação e instabilidade
econômica tornaram-se reais. Foi assim que nasceu um novo modelo de liberalismo: o neoliberalismo, o qual
estabelecia certo limite ao Estado e afirmava que as garantias da liberdade econômica e política estavam
ameaçadas pelo intervencionismo. Conforme o neoliberalismo, Estado e Mercado são formas de organizações
antagônicas e irreconciliáveis.

3) O que é neoliberalismo?

O Neoliberalismo defende a idéia de que o mercado, e não o Estado, deveria ser o único alocador de
salários e capital. Defende a desregulamentação total, a derrubada das barreiras comerciais e a livre circulação de
bens, de trabalho e de capital. A política neoliberal prevê uma ampla desregulamentação e liberalização das
regras de comércio e alocação de capitais internacionais, a quebra de barreiras, a abertura das bolsas e de todos
os setores da economia às multinacionais.
O sistema econômico neoliberal quer um Estado sem projeto e sem espaço nacional, totalmente submisso
às leis de mercado. Não quer um Estado preocupado com o bem comum de toda a população e empenhado em
garanti-lo, inclusive porque não acredita nele. Pretende reduzi-lo a um mero policial, encarregado tão somente de
vigiar e fazer cumprir as normas estabelecidas. É parte essencial do projeto neoliberal uma reestruturação do
Estado, visando privatizações em massa, a redução de impostos e tributos sobre o capital e o desmanche do
chamado Estado de bem-estar social. Nos países dependentes, a ofensiva do neoliberalismo nesse campo
constitui séria ameaça à própria existência do Estado nacional.
A política do neoliberalismo implica ainda, em patamar muito mais elevado, a subordinação do Estado
aos interesses dos grandes monopólios, particularmente do segmento financeiro. Nos países subdesenvolvidos o
capitalismo monopolista de Estado manifesta-se com força através da transferência de parte crescente da renda
nacional para pagamento das enormes dívidas públicas, cujos credores são os grandes monopólios do capital
financeiro.
O neoliberalismo dirige uma ofensiva avassaladora contra os trabalhadores, objetivando uma nova
repartição do produto entre o lucro e o salário, revelando de maneira cristalina que a velha e perversa base em
que se sustenta o sistema capitalista, a extração da mais-valia continua a mesma. A perda do salário real não é
alheia ao modelo neoliberal, muito pelo contrário: corresponde exatamente à sua concepção utilitarista e egoísta
da economia. Os Programas de Reformas Estrutural, impulsionados pelo neoliberalismo consideram o salário
como uma variável cuja curva descendente permite baixar a inflação e melhorar a competitividade dos bens
comerciais no exterior, ao reduzir os custos da mão-de-obra.
Medidas que resultam na redução drástica do padrão de vida dos trabalhadores são ingredientes comuns
da receita neoliberal, observadas em todos os países em que são adotadas. São iniciativas que implicam a
revogação de legislações trabalhistas e previdenciárias, conquistadas com heróicas lutas da classe operária. A
elevação do nível de desemprego, bem como o desmanche da rede de seguridade social e a degradação das
condições de trabalho. Seu objetivo é a busca da maximalização dos lucros das multinacionais e redução brutal
do custo fixo das organizações (que constituem a essência econômica do neoliberalismo).
As potências imperialistas, agrupadas no G-7, grupo dos sete países desenvolvidos, (Estados Unidos,
Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Canadá), têm um razoável consenso e unidade na aplicação da
política neoliberal, que para as economias nacionais dos países dependentes adquire sentido destrutivo, pois as
regras das políticas econômicas neoliberais são impostas num quadro em que as condições de competição e
comércio são bastante desiguais.  

Prof. Giovane

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