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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS


UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO ECONÔMICO
DOCENTE: Profª. MARCELA VAREJÃO

RESUMO DE HISTÓRIA DO DIREITO ECONÔMICO

ANDRÉ LUIZ ANDRADE MENDES


ARISTÓTELES ALVES COIMBRA
APRÍGIO FRANCISCO DA SILVA JÚNIOR
LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA COELHO

SOUSA – PB
2021
O direito como instrumento de disciplinamento de condutas, tem sua
existência desde a antiguidade. Visto como ciência e como forma de
organização do estado e da sociedade, é um fenômeno muito novo. Nesse
mesmo sentido, podemos tratar da economia que desde que a primeira pessoa
conseguiu produzir excedentes e deixando a subsistência, passou a dar os
primeiros passos para geração de excedentes, isto é, produtos destinados à
troca. Também, é bem mais recente a economia no sentido de modo de
produção, ou seja, a coletividade organizada e mais recente ainda o sentido de
economia como ciência.
Nesse mesmo diapasão, podemos tratar o direito econômico como os
regramentos que buscavam disciplinar os fatos ligados à economia são muito
antigos, embora a preocupação de se regular sistematicamente a atividade
econômica das nações e a política econômica dos estados é mais recente.
É verdade que no desenvolvimento da história, a ideologia dominante na
época, não permitia a intervenção do estado na economia, não fazendo sentido
trata de um ramo do direito que abordasse a matéria.
Numa visão mais resumida, a história econômica tem sua origem
europeia, como produto do modo de produção capitalista, passando por etapas
de transformação como a do mercantilismo, da fisiocracia, das corporações de
ofício e do liberalismo, fases que tinham os estado personificado na figura do
rei que ditava a economia ou que não era o estado o responsável para resolver
questões de assunto econômico.
Na etapa mercantilista, tinha o postulado que a riqueza partia da
acumulação de metais preciosos, os reis e a nobreza patrocinavam as grandes
navegações na finalidade do comércio com o oriente e na exploração das
colônias. Já os fisiocratas a riqueza era produto da agricultura e que existia
também o princípio laissez-faire (deixe fazer), não permitindo qualquer tipo de
intervenção no processo produtivo.
No período das corporações de ofício, os grupos de produtores urbanos
se organizaram se a interferência do estado. Por fim, no liberalismo econômico
capitalista que se espalhou para outros países como França, Holanda e
Alemanha, mantinha o mesmo princípio do laissez-faire e não também não
permitia a intervenção do estado na economia, pois entendia que o mercado
era capaz de se autorregular e de funcionar, sem qualquer intervenção. È
importante lembrar que o liberalismo teve seu próprio contexto histórico, tendo
se originado como resultado da reação ao poder estatal, que não acolhia os
direitos individuais, isto é, na perspectiva política e das liberdades individuais,
os estados e a nobreza, eram que possuíam todos esses direitos, restando
quase nada para classe que surgia.
Dessa forma, que se explica e justifica o novo modo de produção que
surgia, modo de produção capitalista, que procura defender os direitos políticos
e sociais da sua classe.
O grande teórico dessa época foi Adam Smith que no seu livro “A riqueza
das nações” traz a teoria da mão-invisível que vem regular o mercado, isto é,
as forças econômicas estão em equilíbrio. A manifestação dos interesses
individuais no mercado traduziria o interesse coletivo, trazendo um equilíbrio de
mercado sem participação do estado.
Também merece sem mencionado David Ricardo que no seu livro
“Princípio de política econômica e tributação”, criou as teorias do valor de
trabalho e das vantagens competitivas que virou as bases teóricas para o
comércio internacional.
Dessa forma, no final do século XIX, o liberalismo serviu para justificar o
funcionamento da economia e prever rumos sem qualquer participação estatal,
onde o papel do estado estava limitado nas conquistas de novas colônias, não
lhe cabendo intervir no processo produtivo interno.
As primeiras preocupações com a intervenção do estado na economia, ou
seja, preocupação com a regulação sistemática da economia vai surgir com o
declínio do liberalismo no final do século XIX nos estados unidos, tudo isso,
como consequência do surgimento de grandes monopólios, que produziram
efeitos negativos na economia com a máxima exploração do trabalhador e
posteriormente com o colapso da economia americana, com a quebra da bolsa
de valores de Nova Iorque.
Já na Europa, que passava por uma crise econômica que veio contribuir
de maneira decisiva para deflagração da I Guerra Mundial. Dos efeitos danosos
produzidos pelos monopólios, veio à lei antitruste, que objetivava garantir a
concorrência, no sentido de combater elevação abusiva de preços, exploração
dos trabalhadores e submissão dos fornecedores.
Já a Europa, passava por uma dependência do seu sistema produtivo das
colônias que eram fornecedoras de matérias primas e consumidores de
produtos finais. Dessa forma, dava início à queda da teoria do liberalismo
econômico, pois com todas as crises surgidas na América do norte e na
Europa, o modelo chegava ao seu limite.
O resultado desse desastre fica evidente que o mercado não era
autorregulatório e que a intervenção do estado na economia, ainda que
regulatória, era essencial. Diante disso, inicia as discussões quanto à
intervenção do estado na economia, surgindo vários estudos e políticas
econômicas sobre a economia do bem-estar, sobre a relação entre moeda e
preço, sobre também estabilidade e o desenvolvimento da economia.
Diante disso tudo ocorre uma formação de grupos de países que buscam
criar princípios e práticas que evitassem as crises internas e os conflitos
mundiais, como produto de problemas econômicos. Na perspectiva acadêmica,
surgi novas teorias econômicas e novas obras que mostravam os defeitos do
mercado e procuravam corrigi-los pela intervenção estatal.
Já nos países menos desenvolvidos, além das preocupações, surgiram
normas de combate à inflação e de promoção do abastecimento interno, bem
como teorias desenvolvimentistas.
Fica evidente que no prisma jurídico o direito privado não tem capacidade
regulatória suficiente para regulares novos fenômenos da sociedade, como o
crescente desemprego e as crises econômicas. No sentido consubstanciado de
propriedade perde força, diante da ideia da função social da propriedade, a
liberdade contratual perdia espaço para os contratos dirigidos, cabendo ao
estado proteger as partes mais fracas da relação, bem como impedir que
contratos provocassem efeitos danosos de contratos relevantes. Quanto aos
direitos dos trabalhadores, passaram a receber tratamento próprio, afastado do
direito civil, no sentido de resguardar o interesse dos empregados.
Quanto ao plano interno, teve uma profusão de leis antitrustes, institutos e
normas para regulamentar o mercado, políticas de proteção dos trabalhadores
e dos consumidores. Já no plano internacional, foram criadas instituições para
favorecer o desenvolvimento, para socorrer nações em dificuldades financeiras
e para regular o comércio mundial.
Diante deste contexto histórico e a partir destas normas de intervenção do
estado nas relações econômica, foram editadas a Constituição Mexicana de
1917 e a Constituição do Império Alemão de 1919 (Constituição de Weimar),
ambas com forte conotação social e interventiva, preocupação com questões
econômicas gerais.
Assim surgia o Direito Econômico. No passo que, pode ter surgido
normas isoladas de economia, como também, encontrar casos temporários e
localizados de intervenção do estado. Todavia, estes casos não podem ser
considerados como ponto de partida do Direito Econômico, pois lhes falta a
sistematização e também, por não mostrar uma política estatal alicerçada
numa preocupação permanente.
No século XX, a intervenção estatal na economia passou a ser constante,
derivando o direito econômico das sucessivas leis que procuraram regular esta
intervenção.
O Direito econômico não vai atuar apenas impondo limites na autonomia
da vontade, mas impõe limites nas relações jurídicas que regula obrigações
baseadas no interesse social. É importante de se notar como um direito que
não vai apenas regular atividades privadas, mas também serviço público seja
prestado diretamente pelo estado ou indiretamente.
Além disso, submete-se ao direito econômico a conduta de instituições
públicas como agências reguladoras. É de se notar, também que a evolução do
direito trouxe normas de ordem pública ao direito privado, bem como ampliou a
discricionariedade no direito público, que muitas vezes conjuga o interesse de
entes público e de particulares, como no instituto da parceria público-privada e
no orçamento participativo.

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO

O Controle de preços corresponde a uma expressão da intervenção do


Estado no domínio econômico, que se se contrapõe ao modelo Liberal. Nesta
forma de estado onde se permite tal intervenção, verifica a presença de uma
constituição dirigente e nela não pode o interprete limitar a sua tarefa. No
modelo liberal, o estado deve atuar como agente normatizador e regulador não
admitindo uma intervenção do estado na economia e nela o interprete deve
valer-se de uma interpretação mais restritiva acerca dos dispositivos
constitucionais, afim de que venha garantir uma liberdade plena de atuação
dos agentes.
A CF/88 contrapõe-se ao modelo libera, na medida em que o legislador
deve pautar suas decisões legislativas pelos princípios e diretrizes do texto
constitucional. O administrador também deve ter um comportamento positivo,
dirigido a consecução de objetivos determinados pela constituição.
O valor social da livre iniciativa um dos fundamentos da ordem econômico
nacional é um principio constitucional positivo, possuindo uma função
integradora, em que todas as normas no campo econômico devem ser
observadas a luz deste princípio. Este princípio deve estar explicitado em
normas adequadas que lhes deem substancia e efetividade.
Esta Liberdade se manifesta sob um duplo aspecto, de um lado garante-
se a livre criação ou fundação de empresas e de outro lado protege-se a livre
atuação as empresas já criadas.
O Controle de preços constitui uma restrição a liberdade de empresa,
visto que limita a atuação das empresas no sentido de fixarem preços abusivos
e que atentem contra uma saudável concorrência.
Este tipo de restrição bem como dos demais tipos são plenamente
constitucionais, já que a constituição em diversos artigos deixa de forma
explicita, como a possibilidade de estabelecimento de valores mínimos e
máximos de preços, objetivando a proteção não só do produtor, mas também
do consumidor. Tal atuação estatal revela a manifestação de suas atividades
normativas e regulatórias que são próprias do poder público haja vista que o
que é meramente indicativo ao setor privado é o planejamento. No que tange a
limitação consubstanciada no controle público de preços no mercado, já se
formou um consenso quanto aos seus limites, que são: Legalidade,
proporcionalidade e Igualdade.
A legalidade exige que todo processo de controle de preços se
desenvolva de acordo com a lei não só por força do principio do art. 5º, II, mas
também da regra contida no art. 114, em que o Estado poderá exercer seu
poder normativo e de policia nos termos da lei.
Assim deve haver lei que fixe limites para a ação estatal no campo da
formação de preços no mercado. E tal lei por conta de seu objeto- regulação de
uma liberdade fundamental- só pode ser por lei complementar. Já a
proporcionalidade exige que tal controle seja apropriado aos fins visados.
Enquanto que a igualdade implica no tratamento aos sujeitos de acordo com as
reais condições de situação econômica de suas respectivas categorias.

INSTITUTO PARA REGULAMENTAR O MERCADO

O Consenso de Washington ficou conhecido como um conjunto de


medidas de ajuste macroeconômico formulado por economistas de instituições
financeiras como FMI e o Banco Mundial, elaborado em 1989.
Entre essas regras que deveriam ser adotadas pelos países para
promover o desenvolvimento econômico e social estavam: disciplina fiscal,
redução dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, câmbio de
mercado, abertura comercial, investimento estrangeiro direto, com eliminação
de restrições, privatização das estatais, desregulamentação e
desburocratização, direito à propriedade intelectual.
Embora tivessem, em princípio, caráter acadêmico, as conclusões do
consenso acabaram tornando-se o receituário imposto por agências
internacionais para a concessão de créditos: os países que quisessem
empréstimos do FMI, por exemplo, deveriam adequar suas economias às
novas regras. Para garantir e "auxiliar" no processo das chamadas reformas
estruturais, o FMI e as demais agências do governo norte-americano ou
multilaterais incrementaram a monitoração, novo nome da velha ingerência nos
assuntos internos.
Em síntese, é possível afirmar que o Consenso de Washington faz parte
do conjunto de reformas neoliberais que apesar de práticas distintas nos
diferentes países, está centrado doutrinariamente na desregulamentação dos
mercados, abertura comercial e financeira e redução do tamanho e papel do
Estado.
No Consenso de Washington prega-se também uma economia de
mercado que os próprios Estados Unidos não praticaram ou praticam. O
modelo ortodoxo de laissez-faire, de redução do Estado à função estrita de
manutenção da lei e da ordem, da santidade dos contratos e da propriedade
privada dos meios de produção, poderia ser válido no mundo de Adam Smith e
David Ricardo, em mercados atomizados de pequenas e médias empresas
gerenciadas por seus proprietários e operando em condições de competição
mais ou menos perfeita; universo em que a mão-de-obra era vista como uma
mercadoria, a ser engajada e remunerada exclusivamente segundo as forças
da oferta e da demanda; uma receita, portanto, de há muito superada e que
pouco tem a ver com os modelos modernos de livre empresa que se praticam,
ainda que de formas bem diferenciadas, no Primeiro Mundo.
Os princípios neoliberais consolidados no Consenso de Washington
batem de frente com alguns dos pressupostos do modelo de desenvolvimento
brasileiro e da política externa que lhe dava apoio.
Golpeado pela crise da divida externa e pela forma como esta foi tratada,
o Brasil, graças a sua base industrial e ao esforço feito pela Petrobras para
aumentar substancialmente a produção nacional de petróleo, conseguiria
acumular substanciais saldos de balança comercial, criando condições para
honrar o serviço daquela divida.
A despeito da vulnerabilidade resultante do endividamento externo e dos
percalços na luta contra a inflação, o Brasil não parou, visto que continuava
com sua política econômica desenvolvimentista. Teria, assim, condições de
resistir às pressões do governo americano e dos organismos multilaterais de
crédito. Resistiria, inclusive, as pretensões americanas no GATT, em matéria
de serviços e de propriedade intelectual, posição que só começaria a ser
erodida ao final do governo Sarney.
Diante disso, o Brasil finalmente aderiu aos postulados neoliberais
reproduzidos no Consenso de Washington, o que levaria ao colapso da política
macroeconômica, pois a partir de então, o Brasil começaria a entrar em um
processo de liberalização do regime de importação, dando execução a abertura
do mercado brasileiro, que acabou por deteriorar sua capacidade de produção,
competição e inovação;

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