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RESUMO: ARTIGO- Estado, sociedade civil e educação

FARIAS, M. S. NASCIMENTO, C. M. Estado, sociedade civil e educação. In: I JOINGG –


JORNADA INTERNACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ANTONIO GRAMSCI e
VII JOREGG- JORNADA REGIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ANTONIO
GRAMSCI. 2016, Fortaleza. Práxis, Formação Humana e a Luta por uma Nova
Hegemonia. Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação. ISSN 2526-6950.

O papel do Estado e da Sociedade, partindo do princípio das suas conceitualizações,


tornou-se o objeto de estudo e discussão de inúmeras correntes de pensamentos, dos mais
diversos pensadores e filósofos, ao longo da história. As mestres e autoras do artigo em questão,
Maisa Farias e Cícera Nascimento, buscam evidenciar as diferentes perspectivas filosóficas
acerca do venha a ser a Sociedade Civil e o Estado e suas características, bem como,
explicitando a Educação como mecanismo de transformação da realidade social inserida.
As autoras iniciam a discussão apresentando os fatores que levaram a transformação
da sociedade do antigo regime feudal, passando pela desconstrução do poder baseado na
vontade divina, a origem da base ideológica da burguesia, a mudança no “perfil social”, o
surgimento do sistema capitalista e, posteriormente, a classe proletariada e a transição do Estado
Medieval para o Estado Moderno. A ideia central abordada no artigo parte da análise da
interrelacionalidade do Estado e a Sociedade Civil e a Educação, enquanto função política,
fundamentada nos preceitos filosóficos de Antonio Gramsci, um dos principais pensadores da
corrente marxista no século XX.
Ao desenvolver sobre o tema de Estado e sociedade, Farias e Nascimento revelam que
não havia distinção entre os termos por parte dos antigos filósofos e teólogos medievais. Foi
somente com Nicolau Maquiavel, através da ciência política, que passou-se a conceber a
diferenciação dos mesmos dando alicerce para outros estudiosos, como Friedrich Hegel que
estabeleceu concretamente a discriminação da sociedade civil em relação ao Estado, em sua
obra Princípios da Filosofia do Direito. Outros filósofos como Karl Marx e Antonio Gramsci
partiram da concepção estabelecida de Hegel e elaboraram estudos voltados as características
da relação sociedade civil e Estado. Marx acreditava que as relações sociais resultantes do
sistema capitalista era demasiadamente conflitantes, uma vez que a sociedade civil capitalista
existia como uma unidade enganosa e o Estado era visto como um mecanismo de controle e
força da burguesia dominante para garantir a continuidade da sua dominância sobre a classe
proletária. Gramsci, por sua vez, compreende a sociedade civil a partir da análise das relações
sociais capitalista, porém o poder e o domínio advêm do campo da cultura através da capacidade
para governar, intelectual e moralmente, a sociedade por meio de consenso em torno da mesma.
Segundo o filósofo, o Estado não é somente um meio de domínio a disposição das classes
sociais dominante, mas um instrumento no consenso e coerção acompanhado de hegemonia.
Mesmo com as definições teóricas acerca da sociedade e Estado apresentado pelos
filósofos acima, as autoras salientam a dificuldade de se conceitualizar esses termos, sobretudo,
sociedade civil, devido a complexidade e as discordâncias no campo do marxismo que se
manifestam no âmbito político e teórico, visto que a sociedade civil surgiu através do
pensamento liberal “[...]para o liberalismo, a sociedade civil é impensável sem o Estado e deve
manter-se separada dele [...] enquanto para Marx a desalienação da sociedade civil deve levar
à extinção do Estado [...]” (ACANDA, 2006 apud FARIAS, NASCIMENTO, 2016, p. 7-8).
O termo sociedade civil foi posto de lado nas contribuições científicas sociais em
meados do século XIX e resgatado por Gramsci durante o século XX, quando este colocou-o
como elemento central de sua teoria social, porém apresentando sob uma perspectiva diferente
do pensamento liberal, de maneira crítica e reflexiva da sociedade. Um dos pontos de destaque
no trabalho do filósofo é a constante crítica da realidade social por meio de um panorama
positivista que busca resolver os conflitos sociais por meio da exaltação da coerção resultando
em uma hegemonia, característica que recebeu o nome de hegemonia cultural de Gramsci e
tenta descrever o tipo de dominação ideológica de uma classe social sobre outra. Aqui o
conceito de sociedade civil dando através da noção política e o Estado é definido a partir das
relações entre a sociedade política e a sociedade civil.
Gramsci desenvolveu teorias sociais centradas na educação. Ele considerava que a
superestrutura do sistema capitalista possuía grande influência sobre a estrutura da sociedade,
os princípios e ideais capitalista transformaram a forma como os homens se relacionam com a
política e com os meios de produção. Assim, para o proletariado ascender a revolução, tinha
que alcançar, inclusive, a hegemonia das ideias, o qual denominou-se hegemonia-cultura
proletária. Gramsci encara a educação como um fator de transformação política e idealiza um
método educacional que proporcione substanciar práticas e processos que possibilite a classe
trabalhadora sair da posição de subalternidade.
De acordo com as autoras, Gramsci entendeu que a educação é de suma importância
no levante das classes oprimidas para a transformação da sociedade. Este apresentou a educação
como fator estratégico e consistente na organização da cultura na sociedade capitalista, através
do projeto da escola unitária. Para o filósofo, o princípio educativo unitário relaciona-se
diretamente a luta para equidade social e para a superação das divisões de classes que
desmembra a sociedade entre governantes e governados.

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