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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE

PEDAGOGIA LICENCIATURA À DISTÂNCIA


ELEMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
POLO UNIVERSITÁRIO DE SAPIRANGA

RESUMO INTRODUÇÃO E CAPÍTULO I


O QUE É SOCIOLOGIA?

ALUNA: PATRÍCIA RAMOS DA ROSA

SAPIRANGA
2023
A sociologia pode ser definida como o resultado de uma tentativa de
compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas por uma sociedade
capitalista, definindo assim também, a trajetória desta ciência. Ainda que muito
importante, a sociologia constitui uma ideia contraditória, sendo para alguns a
representação de uma arma poderosa dos interesses dominantes, e para outros,
uma expressão teórica dos movimentos revolucionários.
Desde 1968, quando os coronéis gregos acusavam a sociologia de ser um
disfarce do marxismo, e os estudantes de Paris escreviam em muros que não teriam
mais problemas apenas quando o último sociólogo fosse morto, essa ciência luta
contra a oposição. Partindo do pensamento científico, até as ideias políticas, todas
sofrem certa influência dos ideais sociológicos, dessa forma, a reflexão acerca da
compreensão das diferentes avaliações dirigidas ao estudo da sociologia se faz de
grande importância.
O século XVIII foi fundamental para o surgimento da sociologia devido às
transformações econômicas, políticas e culturais, especialmente com a Revolução
Industrial e a Revolução Francesa, que consolidaram a sociedade capitalista. A
revolução industrial foi o principal período para o desenvolvimento da sociologia
como ciência, visto que ela introduziu avanços tecnológicos, mas também marcou a
ascensão da indústria capitalista, concentrando o controle dos meios de produção
nas mãos dos empresários. Esse fato resultou na exploração dos trabalhadores,
com a transição de uma vida artesanal para o trabalho fabril, com longas jornadas e
salários mínimos, levando a mudanças intensas, responsáveis por transformar a
paisagem rural em centros urbanos industriais, resultando em condições de vida
desfavoráveis para muitos.
O período da revolução industrial também deu origem ao proletariado, uma
classe trabalhadora oprimida que começou a se organizar em sindicatos e
associações para lutar por melhores condições de trabalho e uma mudança na
sociedade, levando a uma conscientização dos interesses dessa classe e ao
surgimento de críticas ao sistema capitalista, inclinando-se para ideias socialistas
como alternativa. A importância desses eventos para a sociologia reside no fato de
que colocaram a sociedade como objeto de análise e investigação. Os pensadores
daquela época não eram sociólogos profissionais, mas sim indivíduos envolvidos
em debates políticos e ideológicos, com desejo de influenciar mudanças na
sociedade, orientando a ação social, refletindo e participando ativamente das
questões de suas sociedades.
Ainda que discutida desde muito cedo, a sociologia apenas foi se
desenvolver como campo de estudo no século XVIII, por meio de pensadores como
Owen, William Thompson e Jeremy Bentham, que apesar de discordarem em suas
opiniões sobre as mudanças trazidas pela Revolução Industrial, concordavam que
esses acontecimentos produziram fenômenos novos e dignos de análise. Além da
ligação com a revolução, a sociologia também sofreu grande impacto da evolução
de pensamentos, pois desde o século XVI, as mudanças na sociedade já
começaram a transformar a maneira de enxergar e agir dos indivíduos. Desse
modo, o uso sistemático da razão e da observação libertou o conhecimento do
controle teológico e da tradição, promovendo uma nova atitude intelectual diante
dos fenômenos naturais e culturais.
A partir do século XVIII, pensadores que eram conhecidos como iluministas,
questionaram não apenas as formas tradicionais de conhecimento, mas também a
sociedade feudal. Eles buscavam transformar a sociedade, atacando os
fundamentos da estrutura feudal, destacando a importância do conhecimento
baseado na observação e na experimentação, em oposição à dedução. Esse
movimento intelectual analisou vários aspectos da sociedade e criticou as
instituições existentes por serem irracionais e injustas, o que acabou ampliando
ainda mais o campo do que era realmente a sociologia e qual o papel dela diante da
sociedade.
A racionalização crescente da vida social levou as pessoas a questionarem
as instituições e normas sociais como produtos da atividade humana, passíveis de
serem conhecidos e transformados. A crítica intensa às instituições feudais por
parte dos iluministas refletia a luta política da burguesia contra a dominação feudal,
causando a abolição de corporações, limitação dos poderes patriarcais na família,
confiscos de propriedades da Igreja, entre outras medidas.
Já no século XIX, começou, principalmente na França, uma revolta da
população em relação à exploração dos trabalhadores pela burguesia. A classe
trabalhadora respondeu às condições precárias de trabalho com manifestações e
destruição de máquinas, enquanto a burguesia, detentora do poder político e
econômico, reprimia esses movimentos. Percebeu-se que a filosofia iluminista não
seria capaz de resolver o caos social e criar uma ordem estável. Neste cenário,
surge a necessidade de aumentar e aprofundar o campo de estudo em torno da
sociologia, para que fosse possível compreender a sociedade, promovendo a
estabilidade social.
A sociologia inicial tinha um viés estabilizador, associado a movimentos de
reforma conservadora da sociedade. Os primeiros sociólogos enfatizaram a
importância de instituições como autoridade, família e hierarquia social na coesão
social. Alguns, como Le Play, defendiam a restauração da autoridade do chefe de
família para resolver a desorganização gerada pela industrialização. Auguste
Comte, um dos fundadores da sociologia, propôs uma abordagem positivista da
disciplina, buscando leis imutáveis da vida social e evitando discussões sobre
igualdade, justiça e liberdade.
Essa sociologia positivista, ao se inspirar nas ciências naturais, separou-se
da filosofia negativa e da economia política, buscando estabelecer o estudo
autônomo do social, desvinculado do econômico. No entanto, essa abordagem não
questionava os fundamentos da sociedade capitalista nem fornecia orientações
teóricas para o proletariado.
E dessa forma, as lutas do proletariado foram encontradas no pensamento
socialista, não na sociologia positivista, que se aproximou do socialismo, pois este
fornecia uma teoria crítica da sociedade alinhada aos interesses da classe
trabalhadora. Portanto, desde seu início, a sociologia esteve envolvida nas disputas
entre as classes sociais e suas explicações continham intenções práticas de
interferir na civilização para manter ou alterar seus fundamentos.

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