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MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 3-
49 - (Coleção Primeiros Passos).
O autor Carlos Benedito Martins em seu livro “O Que é Sociologia” tem o objetivo de
demonstrar o contexto histórico em que houve o surgimento, a formação e o desenvolvimento
da sociologia. Ele busca explicar como ela é uma ciência tensa e contraditória e que sempre deu
margem para diversas interpretações. Nessa obra, é perceptível que Carlos buscou apresentar a
sociologia como resultado das situações causadas pela sociedade capitalista.
Com isso, a sociologia é uma ciência que foi se consolidando ao longo dos anos com
pensadores e suas ideias. Seu surgimento é datado a partir do século XVIII, com a dupla
revolução (industrial e francesa) e suas inúmeras transformações nos campos da política,
economia, e também no âmbito cultural. Transformações essas que ocorreram, dado que a
sociedade saía do período feudal para o início do capitalismo.
Esta sociologia tem permitido o entendimento da sociedade capitalista atual, das suas
políticas de dominação e das suas maneiras históricas que buscam modificar a sua ordem
existente. A sociologia tem por vocação criticar a tradição do pensamento socialista, que tem
observado a sociedade capitalista como um acontecimento histórico transitório e passageiro.
Após uma análise sobre o surgimento da sociologia, o autor vai tratar da formação das
tradições sociológicas e vai trazer o pensamento de Henri Poicaré, um matemático francês, o
qual acreditava que, no século passado, a sociologia era uma ciência que apresentava muitos
métodos mas poucos resultados. No entanto, atualmente, Carlos Benedito Martins mostra que
a partir das pesquisas realizadas e da presença da sociologia nas instituições estatais há uma
minoria que duvida dos resultados dessa ciência.
julgavam que essa revolução era um castigo divino à humanidade, junto com o Renascimento,
a Reforma Protestante e a Era da Razão que acarretaram no rompimento da unanimidade
religiosa existente no ocidente e em uma mudança da visão teocêntrica para a visão
antropocêntrica.
Dessa forma, Carlos irá apresentar Saint-Simon que foi um sociólogo tanto positivista
quanto socialista e que possuía influência de valores iluministas, revolucionários e também
conservadores. Saint-Simon acreditava que a sociedade francesa no pós-revolução estava
desorganizada e que o problema a ser resolvido era o da restauração da ordem. Destarte, ele
propunha uma aliança entre os industriais (que iriam ocupar o lugar dos senhores feudais) e os
cientistas (que iriam ocupar o lugar da Igreja) a fim de alcançar a ordem e a harmonia.
Por conseguinte, Auguste Comte foi secretário particular de Saint- Simon, até que se
desentenderam intelectualmente. Na visão de Comte, as sociedades europeias estavam no
estado de caos social. Para ele, a reorganização social não se daria a partir de ideais religiosos,
que haviam perdido a força e também não seria pelos ideais iluministas. Para Auguste, a
propagação de ideias iluministas na sociedade industrial levaria à desunião entre os homens. A
verdadeira filosofia deveria proceder diante da realidade de forma “positiva” e isso era uma
clara reação às tendências dos iluministas.
Para Comte o pensamento positivista no qual era possível elaborar uma ciência capaz
de estudar o comportamento coletivo humano com os métodos das ciências naturais, logo a
filosofia positiva era um claro comportamento as tendências iluminista.
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Comte considerava como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliação entre
a “ordem” e o “progresso”, pregando a necessidade de ambos para a sociedade. Para Auguste
Comte, algumas reformas poderiam ser feitas na sociedade, mudanças que deveriam ser
lideradas por cientistas e industriais, de tal modo que o progresso criaria uma consequência
gradual da ordem.
Outrossim, Émile Durkheim, assim como Comte, se preocupava com a ordem social.
Sua obra foi elaborada em um período de constantes crises econômicas, ocasionando o
aguçamento das lutas de classes, com os operários passando a utilizar a greve como instrumento
de luta e fundando os seus sindicatos. O início do século XX também é marcado por grandes
avanços tecnológicos, o que criava um certo tipo de euforia e de esperança em cima da
economia.
Durkheim discordava de teorias que acreditavam que a raiz dos problemas sociais eram
de natureza econômica, supunha que existia uma fragilidade na moral da época em orientar
adequadamente o comportamento dos indivíduos, pensava que a ciência poderia, através de
suas investigações, encontrar soluções nesse sentido.
As frequentes ondas de suicídios na sociedade industrial foram analisadas por ele como
um indício de que a sociedade estava incapaz de exercer controle sobre o comportamento de
seus membros. Durkheim dedicou-se a esta questão, enfatizando que nenhuma ciência poderia
se constituir sem uma área própria de investigação, e que a sociologia deveria se ocupar com
os fatos sociais que apresentavam aos indivíduos. O seu pensamento marcou decisivamente a
sociologia contemporânea, principalmente as tendências que têm-se preocupado com a questão
da manutenção da ordem social.
Já a dialética hegeliana, considerada idealista por Marx, foi “corrigida” por ele,
recorrendo ao materialismo filosófico (que também apresentava falhas). Como este era
“essencialmente mecanicista”, concebia a realidade como permanente e invariável, algo
inconcebível, visto que o motor da história eram os conflitos e as oposições entre as classes
sociais, que transformavam a sociedade.
Após isso, concluíram que qualquer fenômeno social é influenciado pela estrutura
econômica, seja ele religioso ou artístico e que, ao contrário do que os economistas clássicos
pensavam, a produção dos bens materiais da sociedade não era obra de homens isolados.
Por fim, Marx e Engels concluem que o conhecimento por eles produzido e os
interesses das classes tinham uma relação íntima, o socialismo e o comunismo com o
proletariado e a economia clássica com a burguesia.
Com um estudo mais detalhado de Max Weber, o autor nos mostra que Weber tinha o
objetivo de dar à sociologia uma reputação científica, distinguindo o conhecimento científico
de julgamentos baseados em valores. Acreditava que o cientista, enquanto profissional, não
teria direito à opiniões e preferências políticas e ideológicas, algo que como cidadão lhe era
permitido.
A busca pela neutralidade científica o levou a propor uma divisão rígida entre o
cientista, que era o homem de análises imparciais e frias, do político, homem de ação e decisão
diante das questões práticas da vida social. Ao isolar a sociologia dos movimentos
revolucionários (ao contrário de Marx e Engels), contribuiu para a profissionalização da
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disciplina, criando diversas técnicas neutras que hoje são usadas por quem aderiu a sociologia
como profissão.
Portanto, o alvo de sua sociologia era o indivíduo e suas ações, não classes e grupos
sociais (mas com isso não as anulava), tentando compreender as intenções e motivações dos
indivíduos que vivenciam estas situações sociais. Além disso, as insistências em compreender
as motivações das ações humanas o levaram a rejeitar a proposta do positivismo de transferir
para sociologia a metodologia de investigação utilizada pelas ciências naturais. A obra de
Weber contém uma inegável contribuição à pesquisa sociológica, contendo os mais diversos
temas, como o direito, a economia, a história, a religião, a política, a arte e a música. Nos
trabalhos dele, a análise da religião ocupou um lugar central, pois desejava compreender a sua
influência sobre a conduta econômica dos indivíduos.