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RESUMO DO LIVRO “O QUE É SOCIOLOGIA”

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 3-
49 - (Coleção Primeiros Passos).

Bárbara Júlia Nazário da Silva


Beatriz Silva dos Santos
Fernanda Evellyn Ferreira da Silva
Jade Gomes Costa
Maria Eduarda de Souza Neves
Larissa Rayane Ferreira da Silva

O autor Carlos Benedito Martins em seu livro “O Que é Sociologia” tem o objetivo de
demonstrar o contexto histórico em que houve o surgimento, a formação e o desenvolvimento
da sociologia. Ele busca explicar como ela é uma ciência tensa e contraditória e que sempre deu
margem para diversas interpretações. Nessa obra, é perceptível que Carlos buscou apresentar a
sociologia como resultado das situações causadas pela sociedade capitalista.

Com isso, a sociologia é uma ciência que foi se consolidando ao longo dos anos com
pensadores e suas ideias. Seu surgimento é datado a partir do século XVIII, com a dupla
revolução (industrial e francesa) e suas inúmeras transformações nos campos da política,
economia, e também no âmbito cultural. Transformações essas que ocorreram, dado que a
sociedade saía do período feudal para o início do capitalismo.

Falar do surgimento da sociologia sem mencionar o impacto que as grandes revoluções


trouxeram à população é impossível, já que não foram apenas as máquinas a vapor e os novos
métodos produtivos, como também o crescimento demográfico acelerado e as precárias
condições que os novos trabalhadores das fábricas se encontravam. Tudo isso foi o pontapé
inicial para os primeiros questionamentos e análises dos pensadores, abrindo portas para a
entrada de uma nova ciência.

A situação que a sociedade se encontrava trouxe à tona vários pensamentos e ideias de


como aquilo poderia ser resolvido. Ideias que foram por muito tempo bem controversas e que
se “uniram” com o nascimento do Iluminismo, quando os pensadores franceses defendiam o
uso da razão e maior liberdade nos campos sociais.
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O desmoronamento da civilização capitalista levado a cabo por vários movimentos


revolucionários e pela alternativa socialista fez com que o pensamento científico fosse
submetido aos interesses da ordem. No entanto, a inspiração crítica da sociologia foi ignorada
no meio acadêmico e marginalizada pelos institutos de pesquisa. O desenvolvimento da
sociologia na segunda metade do século XX foi profundamente afetado pela eclosão das duas
guerras mundiais. Já nos anos cinquenta, a sociologia seria envolvida na luta pela contenção da
expansão do socialismo, pela neutralização dos movimentos de libertação das nações
dominadas pelas potências imperialistas e pela manutenção da dependência financeira destes
países em face dos centros metropolitanos.

Esta sociologia tem permitido o entendimento da sociedade capitalista atual, das suas
políticas de dominação e das suas maneiras históricas que buscam modificar a sua ordem
existente. A sociologia tem por vocação criticar a tradição do pensamento socialista, que tem
observado a sociedade capitalista como um acontecimento histórico transitório e passageiro.

Após uma análise sobre o surgimento da sociologia, o autor vai tratar da formação das
tradições sociológicas e vai trazer o pensamento de Henri Poicaré, um matemático francês, o
qual acreditava que, no século passado, a sociologia era uma ciência que apresentava muitos
métodos mas poucos resultados. No entanto, atualmente, Carlos Benedito Martins mostra que
a partir das pesquisas realizadas e da presença da sociologia nas instituições estatais há uma
minoria que duvida dos resultados dessa ciência.

Ademais, Carlos vai reforçar que a sociologia surgiu em um contexto de expansão do


capitalismo e que isso contribuiu para a existência de interesses opostos nessa nova sociedade
que estava se formando. Nesse sentido, não irá ocorrer um entendimento comum na formação
da sociologia, pois enquanto uns prezavam pela conservação da antiga sociedade, outros já
buscavam uma mudança radical da mesma. Esse antagonismo de ideias influenciou as diversas
visões de análise da sociedade, o que resultou no surgimento de diferentes tradições
sociológicas que afetam até hoje as pesquisas dos sociólogos contemporâneos.

Os conservadores (“profetas do passado”) eram intelectuais que buscavam a


conservação da antiga sociedade feudal, porque eles se preocupavam muito com a manutenção
da ordem social mediante as instituições sociais (família, igreja ou grupo social). Por isso, eles
eram totalmente contra os ideais iluministas, visto que acreditavam que a época moderna era
composta pelo caos social, pela desorganização e pela anarquia. O ponto de partida da teoria
dos conservadores foi o impacto da Revolução Francesa sobre a sociedade, uma vez que eles
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julgavam que essa revolução era um castigo divino à humanidade, junto com o Renascimento,
a Reforma Protestante e a Era da Razão que acarretaram no rompimento da unanimidade
religiosa existente no ocidente e em uma mudança da visão teocêntrica para a visão
antropocêntrica.

Apesar desses princípios voltados para a sociedade feudal, os “profetas do passado”


foram uma grande influência para os pioneiros da sociologia que buscavam a manutenção da
atual sociedade e economia capitalista. Entre esses pioneiros estão Saint-Simon, Auguste
Comte e Émile Durkheim.

Dessa forma, Carlos irá apresentar Saint-Simon que foi um sociólogo tanto positivista
quanto socialista e que possuía influência de valores iluministas, revolucionários e também
conservadores. Saint-Simon acreditava que a sociedade francesa no pós-revolução estava
desorganizada e que o problema a ser resolvido era o da restauração da ordem. Destarte, ele
propunha uma aliança entre os industriais (que iriam ocupar o lugar dos senhores feudais) e os
cientistas (que iriam ocupar o lugar da Igreja) a fim de alcançar a ordem e a harmonia.

Saint-Simon buscava a criação de uma “ciência da sociedade” em que a partir da


utilização dos métodos das ciências naturais seria possível descobrir as leis do progresso e do
desenvolvimento social. Para ele, a ciẽncia da sociedade teria a função de descobrir quais eram
as novas normas a fim de guiar a conduta da classe trabalhadora para que não houvessem
revoluções, pois o sociólogo acreditava que a busca por melhorias das condições de vida dos
trabalhadores deveriam ser iniciativa da elite.

Por conseguinte, Auguste Comte foi secretário particular de Saint- Simon, até que se
desentenderam intelectualmente. Na visão de Comte, as sociedades europeias estavam no
estado de caos social. Para ele, a reorganização social não se daria a partir de ideais religiosos,
que haviam perdido a força e também não seria pelos ideais iluministas. Para Auguste, a
propagação de ideias iluministas na sociedade industrial levaria à desunião entre os homens. A
verdadeira filosofia deveria proceder diante da realidade de forma “positiva” e isso era uma
clara reação às tendências dos iluministas.

Para Comte o pensamento positivista no qual era possível elaborar uma ciência capaz
de estudar o comportamento coletivo humano com os métodos das ciências naturais, logo a
filosofia positiva era um claro comportamento as tendências iluminista.
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Comte considerava como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliação entre
a “ordem” e o “progresso”, pregando a necessidade de ambos para a sociedade. Para Auguste
Comte, algumas reformas poderiam ser feitas na sociedade, mudanças que deveriam ser
lideradas por cientistas e industriais, de tal modo que o progresso criaria uma consequência
gradual da ordem.

Outrossim, Émile Durkheim, assim como Comte, se preocupava com a ordem social.
Sua obra foi elaborada em um período de constantes crises econômicas, ocasionando o
aguçamento das lutas de classes, com os operários passando a utilizar a greve como instrumento
de luta e fundando os seus sindicatos. O início do século XX também é marcado por grandes
avanços tecnológicos, o que criava um certo tipo de euforia e de esperança em cima da
economia.

Durkheim discordava de teorias que acreditavam que a raiz dos problemas sociais eram
de natureza econômica, supunha que existia uma fragilidade na moral da época em orientar
adequadamente o comportamento dos indivíduos, pensava que a ciência poderia, através de
suas investigações, encontrar soluções nesse sentido.

Era otimista em relação a sociedade industrial, considerava que a crescente divisão do


trabalho acarretava um aumento da solidariedade entre os homens, consequente do crescimento
da dependência de um com o outro. No entanto, como as mudanças socioeconômicas ocorriam
velozmente nas sociedades europeias, não existia, segundo ele, um novo conjunto de ideias
morais eficientes que pudesse guiar o comportamento dos indivíduos.

As frequentes ondas de suicídios na sociedade industrial foram analisadas por ele como
um indício de que a sociedade estava incapaz de exercer controle sobre o comportamento de
seus membros. Durkheim dedicou-se a esta questão, enfatizando que nenhuma ciência poderia
se constituir sem uma área própria de investigação, e que a sociologia deveria se ocupar com
os fatos sociais que apresentavam aos indivíduos. O seu pensamento marcou decisivamente a
sociologia contemporânea, principalmente as tendências que têm-se preocupado com a questão
da manutenção da ordem social.

Carlos também nos mostra as ideias de Marx e Engels, socialistas, os quais


influenciaram na formação e no desenvolvimento do conhecimento sociológico crítico e
negador da sociedade capitalista. Ambos não objetivaram criar fronteiras com uma disciplina
sólida, em vez disso, interligaram profundamente antropologia, ciência política, economia e
sociologia.
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Teoricamente, o pensamento do socialismo marxista assimila criticamente três


principais correntes da época: socialismo, dialética e economia política. Em meio às revoluções
decorridas de explorações, miséria e opressão, surgiu uma nova maneira de conceber a
sociedade. Tal maneira pregava e reivindicava igualdade entre todos os cidadãos, política e
socialmente, em eliminação de diferenças.

O “socialismo utópico” era uma reação à nova realidade do capitalismo e sua


exploração. Marx e Engels tiveram contato com essa literatura e logo trataram de elaborar
críticas, a fim de aprimorá-la teórica e praticamente. Saint-Simon, Owen e Fourier, que
formaram uma literatura pré-marxista, também tiveram seus pensamentos analisados e suas
limitações apontadas.

Já a dialética hegeliana, considerada idealista por Marx, foi “corrigida” por ele,
recorrendo ao materialismo filosófico (que também apresentava falhas). Como este era
“essencialmente mecanicista”, concebia a realidade como permanente e invariável, algo
inconcebível, visto que o motor da história eram os conflitos e as oposições entre as classes
sociais, que transformavam a sociedade.

Após isso, concluíram que qualquer fenômeno social é influenciado pela estrutura
econômica, seja ele religioso ou artístico e que, ao contrário do que os economistas clássicos
pensavam, a produção dos bens materiais da sociedade não era obra de homens isolados.

Por fim, Marx e Engels concluem que o conhecimento por eles produzido e os
interesses das classes tinham uma relação íntima, o socialismo e o comunismo com o
proletariado e a economia clássica com a burguesia.

Com um estudo mais detalhado de Max Weber, o autor nos mostra que Weber tinha o
objetivo de dar à sociologia uma reputação científica, distinguindo o conhecimento científico
de julgamentos baseados em valores. Acreditava que o cientista, enquanto profissional, não
teria direito à opiniões e preferências políticas e ideológicas, algo que como cidadão lhe era
permitido.

A busca pela neutralidade científica o levou a propor uma divisão rígida entre o
cientista, que era o homem de análises imparciais e frias, do político, homem de ação e decisão
diante das questões práticas da vida social. Ao isolar a sociologia dos movimentos
revolucionários (ao contrário de Marx e Engels), contribuiu para a profissionalização da
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disciplina, criando diversas técnicas neutras que hoje são usadas por quem aderiu a sociologia
como profissão.

A produção da vasta obra de Weber ocorreu num período de grande surto de


industrialização e crescimento econômico, na Alemanha, onde o capitalismo industrial não se
originou da quebra radical com o feudalismo, como foi na França. Os trabalhadores, mais da
metade da população, eram submetidos a longas jornadas de trabalho nas fábricas, o que levou
a uma luta por seus direitos políticos e sociais.

Devido ao contexto de industrialização da Alemanha, para ele o capitalismo era obra


de empresários ousados que tinham uma nova mentalidade econômica, uma nova forma de
conduta orientada por princípios religiosos. Em sua visão, vários pioneiros capitalistas
pertenciam a diversas seitas puritanas e em função disso levavam uma vida pessoal e familiar
bastante rígida. Max weber observou que esse contexto político causava uma preocupação na
burguesia com relação ao surgimento de uma “Ditadura do Funcionário”, que era uma alusão
ao poder conferido aos funcionários prussianos e não à ditadura militar. Ao contrário de Marx,
não via o capitalismo como injusto, anárquico e irracional, em vez disso, ele concebia as
instituições produzidas pelo capitalismo como clara demonstração de organização racional e
desenvolvimento padronizado de precisão e eficiência.

Weber também recebeu influência enorme do contexto intelectual alemão de sua


época, por Kant, Nietzsche, Sombart, Heidelberg e Marx, porém, para ele, não havia
fundamento em admitir que a economia dominasse a sociedade, bastava uma análise detalhada
de um problema para entender que dimensão da realidade condiciona as demais.

Portanto, o alvo de sua sociologia era o indivíduo e suas ações, não classes e grupos
sociais (mas com isso não as anulava), tentando compreender as intenções e motivações dos
indivíduos que vivenciam estas situações sociais. Além disso, as insistências em compreender
as motivações das ações humanas o levaram a rejeitar a proposta do positivismo de transferir
para sociologia a metodologia de investigação utilizada pelas ciências naturais. A obra de
Weber contém uma inegável contribuição à pesquisa sociológica, contendo os mais diversos
temas, como o direito, a economia, a história, a religião, a política, a arte e a música. Nos
trabalhos dele, a análise da religião ocupou um lugar central, pois desejava compreender a sua
influência sobre a conduta econômica dos indivíduos.

Dessa forma, é perceptível que os clássicos da sociologia tiveram o objetivo de


explicar as grandes transformações pelas quais a sociedade européia estava passando, devido
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ao surgimento e à consolidação do capitalismo. Esses estudos contribuíram para o entendimento


da relação entre a sociedade e o contexto histórico, e também para a consolidação da sociologia
que conhecemos atualmente.

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