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Sociologia

Surgimento da Sociologia

Teoria

Sociologia, uma filha das revoluções


Oficialmente, a Sociologia se consolida como ciência no século XIX. Apesar disso, as discussões sobre as
leis e o funcionamento da sociedade ocorrem no rastro das intensas transformações sociais na Europa. Isso
significa dizer que a formação da Sociologia é também resultado da consolidação da sociedade capitalista.
Sua origem se relaciona diretamente com as necessidades sociais do momento de seu nascimento. Quando
afirmamos isso afirmamos, então, que, os eventos que tiveram grande influência no surgimento e
consolidação do sistema capitalista também têm grande influência na formação da nova Ciência. O
questionamento sobre como a sociedade se organiza é intensificado pelas profundas mudanças sociais
causadas pelas Revoluções Francesa e Industrial, e pelo Iluminismo.

A Revolução Industrial alterou profundamente o modo de produção, alterando até a forma como os seres
humanos se relacionam. Alguns fatores históricos determinantes dessa revolução são o aperfeiçoamento
das técnicas e as inovações tecnológicas, a criação da máquina a vapor, a acumulação de capital por parte
da burguesia em ascensão, o domínio inglês do comércio mundial e a liberação da mão de obra para as
cidades, com o cercamento dos campos na Inglaterra. Tudo isso levou a um acelerado crescimento da
população e da produção.

Esses eventos produziram uma intensa urbanização, tanto na demanda por mão de obra, quanto no
impedimento do acesso à terra. Assim o capitalismo se consolidou através da propriedade privada dos meios
de produção e busca incessante pelo lucro. A divisão técnica e social do trabalho não interferiu apenas na
produção de bens, mas na forma como o conhecimento científico era produzido. As transformações de
aspecto produtivo acabaram por ter grande influência na separação e especialização que justifica o
surgimento de diversas ciências de âmbito social, como a Economia, A Antropologia, A Ciência Política e a
própria Sociologia.

O crescente poder econômico da classe burguesa permitiu que esse grupo alçasse voos mais ousados.
Buscando maior participação política, essa classe pressionou o Antigo Regime até culminar na Revolução
Francesa, que se tornou o grande símbolo de transformação social. O pensamento revolucionário introduziu
ideias como liberdade e igualdade, além de organizar a vida social pela primazia da racionalidade lógica. A
sociedade agora estava organizada por motivos racionais e não mais por tradições ou noções
transcendentes, instância transcendente.

Isso se dá pela forte influência do Iluminismo, que elegeu a razão como principal forma de explicar a realidade.
O pensamento do Iluminismo impactou a produção de conhecimento, tanto para as ciências naturais como
para o campo social, resultando desse movimento intelectual, por exemplo, a Declaração dos direitos do
Homem e do Cidadão. O atual modelo político da maioria dos países do Ocidente segue, até hoje, premissas
iluministas, como os direitos civis, a separação dos poderes, a criação do Estado-nação etc.

As consequências da primazia da razão, além de produzir as profundas transformações culturais, políticas,


econômicas, religiosas e artísticas, também influenciou a compreensão do homem sobre como a sociedade
se organiza. Ora, se o mundo pode ser organizado de modo racional e se não estamos sob o jugo de entidades
transcendentes, então somos capazes de mudar a forma como a sociedade funciona, fazê-la evoluir,
aperfeiçoá-la. O sofrimento, as injustiças, os problemas sociais podem ser todos superados em nome de uma
Sociologia

sociedade mais humana. Se o humano fez a sociedade então ele pode modificá-la. Essa ideia, gerada pelo
Iluminismo, culminou não só no avanço tecnológico e político, mas na gestão de uma nova ciência, a ciência
da Sociedade.

Auguste Comte, o pai da Sociologia


Ciência e senso comum. Um debate formado desde o estabelecimento da ciência como principal meio de
conhecimento, seja de fenômenos naturais ou sociais. Há quem considere a ciência como uma forma de
conhecimento superior hierarquicamente, há quem veja os dois conhecimentos como importantes e
indispensáveis.

Quando a ciência alcançou seu status de principal maneira de explicar o mundo e os fenômenos que nos
cercam, ela mudou a interpretação da realidade. Várias transformações são resultado da interferência dessa
interpretação alterada, como a nossa percepção sobre a política ou como organizamos a produção de bens.
Vários dilemas surgiram entre o século XVIII e XIX, como efeito dessas transformações. A ciência foi
ganhando cada vez mais destaque, como ferramenta de solução desses dilemas.

Defendida pelo Iluminismo como imparcial e racional, a ciência era cada vez mais usada como instrumento
de organização social. O senso comum era gradualmente rejeitado, já que se assentava, até então, no Antigo
Regime.

A crítica ao senso comum, e outras formas de conhecimento, e a eleição da ciência como guia do ser humano
foi o terreno fértil para o surgimento de uma corrente filosófica conhecida como Positivismo. Essa corrente
defende uma posição radical: todo conhecimento que não seja científico é inútil. A única forma de produção
do conhecimento digna de ser perseguida é a científica. Os problemas da humanidade só seriam dissolvidos
em plenitude através da ciência.

O surgimento da Sociologia como ciência e o Positivismo estão ligados. E os dois são atribuídos ao filósofo
francês Augusto Comte (1798 – 1857). Como criador e defensor do Positivismo, Comte afirma que o
pesquisador deve ser imparcial, neutro e laico, além de pragmático na sua pesquisa. Buscar leis e princípios
que regem a vida social requer a isenção do investigador para compreensão plena. Tal como um físico
observa as leis do mundo natural, assim deve se comportar o sociólogo. Inclusive, devemos nos valer de
métodos científicos comprovadamente válidos para executar essa empreitada.

Influência das ciências naturais


Comte (e outros pensadores) estavam sob forte influência das ciências naturais, já consolidadas. Buscavam
inspiração na Física e na Biologia para encontrar formas efetivas de analisar a sociedade. Eram
evolucionistas, corrente de pensamento que considera a sociedade e sua cultura resultantes de um
permanente processo de evolução. Todos os grupos humanos estavam destinados pelo progresso ao mesmo
ponto de chegada, passando por diferentes estágios de desenvolvimento e as diferenças entre as sociedades
representavam uma posição mais ou menos evoluída nesse gradual progresso.

A busca por leis invariáveis e independentes da ação humana para a sociedade era própria do pensamento
positivista. Comte não admitia que a mudança social fosse transgressora. Antes, acreditava que ordem era
crucial para haver progresso. Para que esse desenvolvimento (para melhor) fosse efetivo, era preciso
preservar a ordem social. Era comum que os primeiros pensadores da sociedade buscassem conciliar essa
posição: a aceitação das mudanças ocorridas naquela época de intensas transformações e a manutenção da
ordem social.
Sociologia

O próprio sistema capitalista e da burguesia encontrou apoio no positivismo. O capitalismo é um modo de


vida, a princípio, racional e calculista, que encontra respaldo na concepção de organização da sociedade do
positivismo, que privilegia a racionalidade lógica, a experimentação e a evidência.

Do Positivismo vem o lema “prever para prover”. Altamente cientificista, a Sociologia proposta por Comte
estabelece uma conexão teórico-metodológica com as ciências naturais. Temos então ideias como
previsibilidade e regularidade sendo mobilizadas para construir a noção de que mudanças e
aperfeiçoamentos sociais são possíveis, desde que sejam dominadas as leis gerais do funcionamento da
sociedade. Por isso, a questão da ordem.

Teoria dos três estados


Comte foi o primeiro autor a usar o termo Sociologia (sua primeira proposta era Física Social). Instruía que o
estudo da sociedade se realizasse com o mesmo espírito dos cientistas naturais. Era preciso assumir a
neutralidade científica, abandonar os pré-conceitos e juízos de valores. A origem da Sociologia, que se
confunde com o próprio Positivismo, tinha como regra a objetividade do pesquisador. Era preciso alcançar o
estado “positivo”, fundamentado no método científico consolidado durante a Revolução Científica.

Comte dá origem então a Lei dos três estágios (ou estados). Essa lei explica o progresso desenvolvimento
das sociedades, além de as categorizar como mais ou menos evoluída (em comparação a outras sociedades).
Assim a história da humanidade é descrita pela passagem dos estados anteriores ao estado positivo.

O primeiro estado é o teocrático. Caracterizado pela explicação sobre o mundo e os fenômenos baseada em
divindades, entidades de ordem mística e mítica. No segundo estado, o metafísico, temos uma percepção do
mundo menos encantada, como uma transição do misticismo para a ciência. Aqui os fenômenos são
baseados em entidades abstratas, mas não divinas, como a razão ou a natureza. Já no estado positivo há a
busca de leis gerais confirmadas pela verificação através de um método confiável de produção de
conhecimento. Os fenômenos, tanto naturais quanto sociais, podem ser compreendidos por regras universais
que, dominadas, podem ser mobilizadas para o aperfeiçoamento da sociedade. Essa gradação expressa a
noção evolucionista do positivismo, que pressupõe uma universalidade do comportamento humano e, por
consequência, os estados e o progresso.

Clássicos: Os arquitetos da Sociologia


Vimos que muitos pensadores dedicaram seus estudos a compreender como a sociedade funciona, suas
intensas transformações e onde elas nos levariam. Entretanto, três se destacaram na formulação da nova
ciência, criando métodos de análise sociológica e da realidade social que permitiram uma construção de
conhecimento digna de receber o nome de ciência, tal qual se almejava.

O mais próximo das ciências naturais é o método comparativo, ou Funcionalismo, instituído por Durkheim.
Grande defensor do estatuto de ciência dessa nova área do conhecimento (talvez o maior defensor) Durkheim
acreditava que a legitimidade da Sociologia dependia da delimitação clara de seus objetos e métodos de
análise. Não à toa publicou As Regras do Método Sociológico, onde apresenta uma discussão sobre como
fazer Sociologia e qual seu objeto. No funcionalismo há a defesa de que tudo que existe na sociedade tem
uma função, assim como os órgãos de um ser vivo. Nada é irracional ou sem significado.

Sua corrente afirma que todos os elementos de um sistema social são interdependentes. Por isso, a análise
deve ser holística, devemos compreender, a partir do ponto de vista do conjunto, cada fenômeno particular.
Sociologia

Seu método de análise se aproxima bastante do método científico clássico, como observação, formulação de
hipóteses e experimentação.

Já O materialismo histórico e dialético está fortemente baseado na Filosofia da História de Hegel. Marx, um
jovem hegeliano, desenvolve este método de análise combinando uma interpretação materialista da história
e a análise dialética da realidade social. A sociedade então é um conjunto de relações que surgem a partir da
produção dos bens necessários à vida humana. É um método que atribui dinamismo e agência aos humanos
nas transformações históricas, fruto do conflito dos interesses diversos de grupos sociais que fazem surgir
novos modos de produção.

Há dois níveis de formação social, as relações que se constituem na produção, que determinam as formas de
estar no mundo dos humanos envolvidos nesse processo em diferentes hierarquias sociais, a depender de
quem controla os meios de produção; e o nível ideológico, que surge como um sistema de convicções que
apaga ou esconde as contradições contidas nas relações sociais de produção e que dá coesão a sociedade
por meio do exercício da dominação sem que a classe subalterna toma consciência do seu estado de
exploração. Em determinadas condições históricas e materiais a classe oprimida toma consciência de sua
situação e expõe as contradições da realidade, iniciando um conflito pela superação dos antagonismos e
transformação social.

Por fim temos o método compreensivo, um método focado na ação dos indivíduos e no sentido que eles são
a sua agência no meio social. Max Weber é o principal expoente desse método e o responsável por consolidar
a Sociologia como uma ciência ontologicamente diferente das ciências naturais. Não adiantava, para ele,
produzir um conhecimento nos moldes da ciência consolidada, já que agora o objeto de estudo é muito
diferente do anterior. Enquanto a natureza apresenta, em seu aparente caos, regularidade e previsibilidade, o
ser humano e suas interações são de ordem volátil e imprevisível, tanto pela característica do próprio ser
humano, quanto pela quantidade de informações absurda que deve ser coletada para tentar dar alguma
regularidade ao seu comportamento. Sendo assim, o pesquisador só consegue observar uma pequena parte
daquilo que produz o fenômeno social. Por isso, deve expor suas limitações e buscar o significado do que
está estudando.

Weber defende que a ação humana tem intenção e sentido próprios, sendo a Sociologia responsável por
interpretar essa maneira de agir, tornando-a compreensível. Sabendo as motivações, fica muito mais fácil
entender o que, porque e como

uma pessoa está realizando uma ação. Por isso, o método compreensivo weberiano ficou conhecido como
individualismo metodológico, já que tem como ponto de partida o indivíduo como e seus sentidos como
unidade de análise.

Quais são as Ciências Sociais?


É possível afirmar que muitas ciências com foco no estudo e na produção de conhecimento científico sobre
a sociedade surgiram no período a que nos referimos, a Economia é um exemplo destas. No entanto. Dada a
suas especificidades, objetos de estudo e metodologias, costumou-se agrupar dentro da nomenclatura
Ciências Sociais a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política. Essa interação varia conforme sociedade,
cultura e momento histórico. Na França, por exemplo, nas ciências sociais era comum articular pesquisas
sociológicas e antropológicas (Durkheim contribuiu também para Antropologia).
Sociologia

Antropologia
Focada no ser humano, a Antropologia tenta compreender como a humanidade é capaz de produzir formas
de viver tão diferentes. As diversas culturas produzem soluções diferentes para os mesmos problemas e são
capazes de produzir uma maneira de estar no mundo profundamente adaptada a condições extremamente
diferentes. Entre comunidades que vivem no deserto, na floresta e na tundra há, talvez, uma única coisa em
comum, são seres humanos. Procurando identificar o que há de humano nessas profundas diferenças e como
elas são produzidas, podemos dizer que a Antropologia foca na diversidade estonteante da experiência
humana.

Teve início no estudo das sociedades ditas “primitivas”, não oriundas do modo ocidental de viver. Foi usada
amplamente como instrumento de dominação através do colonialismo, ajudando nações dominantes a
compreender os grupos sob seu jugo.

No século XX em diante, a Antropologia passou a advogar em nome do respeito e garantia dos direitos das
sociedades e comunidades consideradas “diferentes”. Também buscou compreender, após uma crise
paradigmática, o funcionamento das sociedades ocidentais, voltando seus olhos para si e para as sociedades
que estabeleceram a Antropologia como ciência.

Sociologia
Busca principalmente entender como as sociedades se estruturam: como produz bens, como os distribui,
como essa distribuição impacta na concentração de poder, como o poder reforça ou combate a injustiça e a
desigualdade, como o acesso à produção e distribuição forma classes etc. Busca entender como as
instituições sociais se formam e interagem para formar a sociedade: Igreja, estado, Educação, Economia são
algumas dessas instituições.

Seu foco é tanto nos padrões que se repetem no interior dos grupos sociais quanto nas grandes
transformações e rupturas, que produzem novas formas de estar no mundo em grupo. Nascida no rastro das
sociedades capitalistas, focou principalmente no funcionamento das sociedades ocidentais.

Ciência Política
Parece óbvio, pelo nome. Mas pode não ser. Antes de ler a definição dessa ciência se pergunte: “O que é
Ciência Política?” Pode-se dizer que o objeto central de estudo da Ciência Política é o poder, como surge,
como é conquistado, como é mantido e suas diferentes formas de manifestação. Daí Ciência Política, porque
podemos definir – com alguma flexibilidade - a Política como a arte de ter poder, de decidir, de impor e de
realizar.

A Ciência Política busca então compreender as diferentes estratégias dos atores políticos na tentativa de
conquistar seus objetivos, limitados pelos inúmeros constrangimentos (sociais, morais e culturais) que esse
ator tem que lidar no interior de um grupo. O objetivo aqui é entender como as limitações operam, quais os
caminhos percorridos para os superar, como os fins são alcançados. Busca entender as interações e
motivações para além da racionalidade, como crenças e desejos de ordem cultural, como a ação da fé e de
tradições na dinâmica da política.
Sociologia

Exercícios de vestibulares

1. A raça é uma realidade natural ou biológica produzida pela diferença dos climas, da alimentação, da
geografia e da reprodução sexual. Quem duvidará disso, se vemos que os africanos são negros, os
asiáticos são amarelos de olhos puxados, os índios são vermelhos e os europeus, brancos? Se formos
religiosos, saberemos que os negros descendem de Caim, marcado por Deus, e de Cam, o filho
desobediente de Noé.

Certezas como essas formam nossa vida e o senso comum de nossa sociedade, transmitido de
geração a geração, e, muitas vezes, transformando-se em crenças religiosas, em doutrina
inquestionável.
(CHAUÍ, 1995, p. 247).

Sobre as relações entre o senso comum e conhecimento sociológico, identifique com V as afirmativas
verdadeiras e com F, as falsas.
( ) O saber sociológico possui disciplina, regras de verificação e um quadro de referências com limites
rigorosos, que funcionam como uma moldura que o diferencia da compreensão que o senso
comum tem do mesmo mundo.
( ) O conhecimento do senso comum é acumulado pelos homens, de forma empírica e teórica porque
se baseia na experiência cotidiana e na experiência científica, o que pressupõe uma postura crítica.
( ) O pensar sociológico se assemelha ao senso comum, pois são autoevidentes, isto é, não
questionam seus preceitos e não precisam de confirmação prática.
( ) O senso comum ou o conhecimento espontâneo é rico, embora desordenado e não sistemático,
geralmente desarticulado e inefável.

A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a


a) V V V F
b) F V V V
c) F V F V
d) V F F V
e) V F F F

2. “O século XVIII constitui um marco importante para a história do pensamento ocidental e para o
surgimento da sociologia. As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir
dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que
ocorriam no ocidente europeu.”
(FERNANDES, Florestan. A herança intelectual da Sociologia. In: FORACHI, M. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e Sociedade:
Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977. p. 11.)

Que realidades daquela época passaram a constituir um problema e um objeto da Sociologia?


Sociologia

3. “Na verdade, a sociologia, desde o seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de
reflexão sobre a sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte
desejo de interferir no rumo desta civilização. Se o pensamento científico sempre guarda uma
correspondência com a vida social, na sociologia esta influência é particularmente marcante.”
(MARTINS, Carlos B. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 8).

Tendo como referência o texto acima e seus conhecimentos sobre o surgimento da sociologia, assinale
o que for correto.
(01) A análise da sociedade moderna se deu a partir de um debate harmonioso e consensual entre
diferentes pensadores.
(02) A sociologia tem uma dimensão política, e seus conceitos e suas teorias contribuem para manter
ou alterar as relações de poder existentes na sociedade.
(04) As duas Revoluções do século XVIII, a Industrial e a Francesa, são marcos importantes para pensar
a instalação definitiva da sociedade capitalista.
(08) As consequências da rápida industrialização e urbanização do capitalismo (prostituição, suicídio,
alcoolismo, infanticídio, criminalidade, violência, epidemias etc.) não são objetos de reflexão
sociológica.
(16) As explicações sociológicas devem buscar a neutralidade científica, evitando interferir nos rumos
escolhidos por determinados grupos sociais.
Soma: ( )

4. Sobre o positivismo, corrente teórica pioneira na sistematização do pensamento sociológico, assinale


o que for correto.

(01) Apesar de reconhecer as diferenças entre fenômenos do mundo físico e do mundo social, o
positivismo busca no método das ciências da natureza a orientação básica para legitimar a
sociologia.
(02) O positivismo enfatiza a coesão e a harmonia entre os indivíduos como solução de conflitos, para
alcançar o progresso social.
(04) O positivismo endereça uma contundente crítica à sociedade europeia do século XIX, sobretudo
em razão das desigualdades sociais oriundas da consolidação do capitalismo.
(08) O positivismo utiliza recorrentemente a metáfora organicista para se referir à sociedade como um
todo constituído de partes integradas e coesas, funcionando harmonicamente, segundo uma
lógica física ou mecânica.
(16) O positivismo defende uma concepção evolucionista da história social, segundo a qual o estágio
mais avançado seria dominado pela razão técnicocientífica.
Soma: ( )

5. Tendo em vista o contexto do surgimento da Sociologia, disserte sobre o significado desta formulação
de Auguste Comte (1798-1857), quanto ao papel que a Sociologia deveria ter:

... ciência, daí previdência, previdência daí ação.


Apud QUINTANEIRO, Tânia & outros, Um toque de clássicos – Marx, Durkheim, Weber. 2 ed., Belo Horizonte: UFMG, 2002,
p. 19.
Sociologia

6. O autor considerado “pai” da sociologia, Augusto Comte, acreditava que a nova ciência das sociedades
deveria igualar-se às demais ciências da natureza que se pautavam pelos fenômenos observáveis e
mensuráveis para que assim fosse possível apreender as regras gerais que regem o mundo social do
indivíduo. Essa perspectiva ideológica é chamada de:
a) Iluminismo.
b) Darwinismo.
c) Dadaísmo.
d) Positivismo.
e) Futurismo

7. (UPE-2018) Leia os textos a seguir:


TEXTO I
Convicto de que a reorganização da sociedade exigiria a elaboração de uma nova maneira de conhecer
a realidade, Comte procurou estabelecer os princípios que deveriam nortear os conhecimentos
humanos. Seu ponto de partida era a ciência e o avanço que ela vinha obtendo em todos os campos de
investigação. (...) O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do
conhecimento científico, já constituído em várias áreas do saber.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 44.

TEXTO II
O conjunto da nova filosofia tenderá sempre a fazer sobressair, tanto na vida ativa como na
especulativa, a ligação de cada um a todos, sob uma série de aspectos diversos, de modo a tornar
involuntariamente familiar o sentimento íntimo da solidariedade social, (...) Não somente a ativa busca
do bem público será sempre privada, será sempre representada como a maneira mais conveniente de
assegurar a felicidade privada; mas, por uma influência (...) dos pendores generosos, se tornará a
principal fonte da felicidade pessoal.
COMTE, August. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Escala, s/d, p. 74.

A Revolução Industrial e a Revolução Francesa impulsionaram o surgimento da Sociologia como


ciência voltada para compreender as novas relações entre as pessoas. Essas relações envolviam agora
um complexo de hábitos e costumes e eram provocadas por causa da maneira de se produzirem e se
consumirem os excedentes na Europa do século XIX. Sobre esse período da Sociologia e com base na
concepção apresentada nos textos I e II, é CORRETO afirmar que
a) a Sociologia foi chamada de física social e deveria utilizar os métodos da filosofia teológica como
instrumento de compreensão da sociedade.
b) as investigações sociológicas deveriam utilizar os mesmos procedimentos das ciências naturais,
ou seja, a observação, a experimentação e a comparação.
c) o positivismo foi a corrente filosófica, que fundamentou o surgimento da Sociologia como ciência
da sociedade, pois tinha uma visão metafísica das relações entre as pessoas.
d) o principal representante da Sociologia nesse período foi August Comte, que tinha uma visão
positiva de sociedade, ou seja, uma reflexão sobre a essência e o significado abstrato das relações
sociais.
e) as ideias de Comte tinham como objetivo encontrar leis universais para explicar as relações sociais,
com base nos princípios de subjetividade e parcialidade, utilizados pelas ciências da natureza.
Sociologia

8. Ciente de que nossa visão é repleta de prenoções e juízos de valor, a construção de um olhar
sociológico principia com o estranhamento, ao se observar a realidade. Tal procedimento confronta o
conhecimento do senso comum e possibilita a construção do conhecimento científico.

Essa reflexão propõe:


a) buscar as suas próprias experiências para a explicação do conhecimento científico.
b) estudar a realidade observada, segundo o critério teórico-metodológico.
c) tomar decisões fundamentadas no conhecimento do cotidiano.
d) fazer diferentes leituras do fato social, tomando por base o senso comum.
e) considerar verdadeiras as explicações biológicas para o comportamento humano em sociedade.
Sociologia

Gabaritos

1. D
2 - falsa. O conhecimento de senso comum não é teórico nem está baseado num postura crítica. Pelo
contrário, o senso comum se propaga irrefletidamente.
3 - falsa. O conhecimento produzido pela Sociologia não é autoevidente. Ele é reconhecido como um
estranhamento e uma desnaturalização dos fatos do cotidiano, aprofundando nossa percepção do
tecido social através do método científico típico das ciências humanas.

2. A sociologia se relaciona ao processo de modernização. Esse processo é caracterizado pelo surgimento


de uma sociedade urbana, industrial, racionalista, capitalista e laica. Isso gerou um novo sistema de
estratificação social e modificou as relações sociais, que passaram a ser objeto de estudo da sociologia.

3. 02+04=06
02: Apesar da proposta de neutralidade da ciência moderna, há de ser reconhecer que uma ciência que
surgiu com a pretensão de aperfeiçoar a sociedade contém uma dimensão política, já que mudanças
sociais interferem na esfera política e vice e versa. Mesmo hoje a Sociologia é mobilizada como
ferramenta de manutenção e de transformação social
04: É impossível imaginar que a sociedade capitalista alcançaria êxito na sua manutenção sem
transformar os modos de produção (que passaram a ser automatizados) e o sistema político (que
impedia a participação da burguesia no exercício do poder)

4. 01 + 02 + 08 + 16 = 27.
Todas as afirmativas sintetizam bem o método positivista utilizado nas ciências sociais, com exceção
da [04] (esta trata do marxismo, e não do positivismo). Foi através do positivismo que a sociologia
ganhou o status de ciência, ao analisar a sociedade como um organismo em desenvolvimento e
constante progresso. O positivismo, ainda que metodologicamente tenha sido em grande parte deixado
de lado, ainda permanece como a forma mais comum de se pensar ciência.

5. A citação apresentada no enunciado da questão evidencia a ideia que Comte possuía acerca da
importância da ciência. Segundo ele, a ciência servia tanto para interpretar a realidade como para prever
fenômenos e oferecer instrumentos eficazes de se agir sobre a realidade no intuito do progresso da
sociedade. É seguindo esse mesmo argumento que Durkheim pensa o papel da sociologia: esta deve ser
uma ciência capaz de não semente interpretar a realidade social, mas de agir sobre ela de forma a evitar
estados de anomia (doença) social.

6. D
Augusto Comte foi um dos principais autores do positivismo, que entendia que o verdadeiro
conhecimento só era construído por meio da experimentação sensível do objeto de estudo. A utilização
do método científico de mensuração, experimentação e observação tinha por finalidade estabelecer leis
e regras fundamentais para o funcionamento dos fenômenos observados.

7. B
Para Auguste Comte apenas a ciência é uma fonte válida de produção de conhecimento. Influenciado
pelas ciências naturais já consolidadas na sua época que produziam contundentes explicações sobre o
funcionamento do mundo, Comte imaginou a nova ciência, a ciência da sociedade, com base nos
preceitos teórico-metodológicos das ciências naturais.

8. B
A sociologia, como toda ciência, busca responder questões de maneira confiável, produzindo um
conhecimento seguro e verificado. No entanto, dada a peculiaridade do objeto de estudo da sociologia (o
ser humano e suas interações sociais), seus métodos diferem dos métodos das ciências da natureza. Daí
a importância do estranhamento como ferramenta metodológica, produzindo uma admiração e um
Sociologia

questionamento frente ao óbvio, ao dado como conhecido pelo senso comum. É preciso enxergar aquilo
que vivenciamos no nosso cotidiano por outra perspectiva, como algo novo, estranho e artificial.

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