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POSITIVISMO

Por Camila Betoni


Mestrado em Sociologia Política (UFSC, 2014)
Graduação em Ciências Sociais (UFSC, 2011)

No início do século XIX, a Europa vivia um momento de transição para a modernidade,


tornando-se cada vez mais urbana e industrial. É nesse contexto que nasce a corrente filosófica
do positivismo, formulada pelo francês Auguste Comte.
Ainda que a ciência, a indústria e o capitalismo ganhassem cada vez mais espaço, seria
equivocado pensar que as ligações com o antigo regime estavam completamente rompidas.
Apesar das reformas políticas e econômicas, no campo das ideias o iluminismo ainda não era
hegemônico e a Igreja continuava detendo imenso poder em definir o entendimento dos homens
sobre o mundo. Comte vivia em Paris e, portanto, observava essas transformações desde de um
ponto de vista privilegiado. Enquanto a maioria dos filósofos se empenhava em colaborar com
a reformulação das instituições modernas, Comte estava convencido de que antes disso era
necessária uma completa reforma intelectual dos homens, que fosse capaz de imputá-los uma
nova forma de pensar condizente com o progresso científico. A essa nova forma de pensar,
Comte deu o nome de positivismo.
Em 1830, Comte publica o Curso de Filosofia Positiva. Segundo ele, a visão positiva
era aquela buscava explicar os fenômenos – naturais ou humanos – através de sua observação
e da elaboração das leis imutáveis que os regiam. Para Comte, a perspectiva positivista vinha
se estabelecendo em diferentes campos de conhecimento, cada qual em seu próprio ritmo. A
procura de leis imutáveis teria acontecido pela primeira vez na Grécia Antiga, com a criação
da astronomia e da matemática. Alguns séculos depois o mesmo aconteceria com outras
disciplinas, como a biologia e a química.
Em um último estágio, Comte acreditava que era possível elaborar uma ciência capaz
de estudar o comportamento humano coletivo seguindo os mesmos métodos das ciências
naturais. O positivismo funda, então, a Sociologia, que a princípio recebeu o nome de “física
social”. Sua função seria compreender as condições constantes e imutáveis da sociedade (a
ordem) e também as leis que regiam seu desenvolvimento (o progresso). Não é coincidência
que sejam exatamente estes os termos que aparecem hoje na bandeira do Brasil. Comte teve
grande influência no mundo todo e suas ideias ganharam muitos seguidores no Brasil,
especialmente entre intelectuais e militares, como Benjamin Constant e Luís Pereira Barreto.
A presença dos positivista brasileiros foi notável no movimento republicano e na elaboração
da Constituição de 1891. Nosso sistema de ensino também teve influências positivista.
Resumidamente, podemos dizer que o pensamento positivista fundado por Comte
estabelece a ciência como o estudo das leis, do que é invariável, determinado e útil para o
progresso humano. O positivismo trazia consigo um projeto político, que pretendia colocar a
gestão da sociedade nas mãos de sábios e cientistas. Ainda tenha entrado em decadência no
século XX, o positivismo influenciou obras importantes, como as de Émile Durkheim e John
Stuart Mill.
A título de curiosidade, vale lembrar que nos últimos anos de sua vida Comte se dedicou
a elaborar uma religião positivista. Com a razão e o conhecimento em seu centro, essa religião
buscaria a unidade humana em nome da ordem e do progresso. Comte chegou a elaborar um
calendário próprio, onde os meses ganhariam o nome de pensadores notáveis, que também
seriam celebrados em feriados comemorativas. No Brasil, a Igreja Positivista ainda possui uma
sede no Rio de Janeiro.
Referência bibliográfica:
COMTE, Auguste. Comte, vida e obra; seleção de textos de José Arthur Giannotti. Coleção
Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
Fonte: BETONI, Camila. Positivismo. InfoEscola. Disponível em:
https://www.infoescola.com/sociologia/positivismo/; Acesso em: 31/05/2020

POSITIVISMO

Auguste Comte, o idealizador do positivismo, atesta que o progresso social é obtido por meio
da ordem e do avanço das ciências.

Publicado por: Francisco Porfírio

O positivismo é uma teoria de desenvolvimento social que afeta o campo das


ciências, pois aposta nelas como fator de desenvolvimento social, e o campo da política,
pois desenvolve uma teoria que promove uma espécie de doutrina para a promoção do
progresso civil.
Essa teoria foi elaborada pelo filósofo Auguste Comte (1798-1857), que,
influenciado pelo iluminismo francês, elaborou uma teoria política, social e científica que
apostou em uma marcha progressiva constante da sociedade. Segundo o seu pensamento, a
humanidade teria passado por dois estágios de desenvolvimento e, no século XIX, teria
entrado no terceiro e mais aprimorado estágio, o positivo.
Para Comte, a Europa estaria vivendo uma nova configuração, demasiadamente
complexa, por conta das duas grandes revoluções ocorridas: a Revolução Francesa e a
Revolução Industrial.
No Brasil, pudemos ver reflexos dessa teoria política com o fim da monarquia e a
Primeira República, comandada pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, militar
fortemente inspirado pelo positivismo.

História do positivismo e a Sociologia do Século XIX

A Revolução Francesa pôs fim ao chamado “Antigo Regime”, ou seja, acabou com
a monarquia no território francês. Esse fato desencadeou um período de instabilidade
política que durou cerca de trinta anos. A Inglaterra acumulava cada vez mais fábricas,
inaugurando a primeira fase da Revolução Industrial, que no século XVIII utilizava,
principalmente, o motor a vapor como forma de energia produtiva.
O efeito colateral negativo dessa primeira fase da Revolução Industrial foi a
explosão demográfica dos centros urbanos, que ocasionou um crescimento desordenado
das cidades, acirrando a desigualdade social, a miséria, a fome e as doenças.
Como maneira de entender as complexas mudanças sociais, Comte propôs o
desenvolvimento de uma nova ciência, a Sociologia. Segundo o filósofo, esse período seria
o mais intenso na cadeia evolutiva da humanidade, que utilizaria a Sociologia e a Biologia
para compreender os campos fisiológicos e sociais de atuação do ser humano na natureza.
O positivismo seria uma saída para resolver o problema deixado pela instabilidade
política. Comte era favorável ao fim da monarquia, porém, o caos que sucedeu a Revolução
Francesa, para ele, era perigoso e, segundo o filósofo, somente a ordem política e o rigor
civil poderiam mudar esse quadro. Por meio de um estudo sistemático da sociedade
(Sociologia) e da ordem política e social aliada ao cientificismo (positivismo), haveria
avanço para a humanidade.
Para fixar uma marcha de desenvolvimento da humanidade que culminaria na sua
fase mais evoluída, aquela que era vivida no século XIX, Comte elaborou a Lei dos Três
Estados, que foi organizada desta maneira:

1. Metafísico: a Filosofia surge para substituir as explicações teológicas por


especulações baseadas em argumentos lógicos e racionais, impulsionando a busca
pelo conhecimento verdadeiro.

2. Religioso e Teológico: momento primitivo em que os seres humanos procuravam


respostas para os dilemas da vida em elementos sobrenaturais e irracionais, como
a atuação dos deuses, seres místicos e forças sobrenaturais.
3. Positivo: quando a ciência baseada na observação rigorosamente metódica seria
a responsável por elaborar o conhecimento humano sobre a natureza, buscando
respostas na própria natureza.

Características do positivismo

A. Doutrina filosófica: a inspiração política do positivismo estava no Iluminismo. Os


primeiros filósofos iluministas defendiam que o conhecimento deveria ser
universalmente estimulado, mediante uma educação emancipadora para levar a
autonomia social a um nível em que a humanidade progrediria moralmente pelos
frutos do progresso intelectual. Esse progresso somente seria pleno, no momento
em que todos se juntassem em prol da busca pelo conhecimento esclarecedor
sobre o mundo.

B. Doutrina sociológica: a ordem social estaria intimamente ligada ao


desenvolvimento moral e ao desenvolvimento científico. Portanto, seria
necessário, além de entender a natureza, entender o funcionamento da sociedade,
levando em conta a atuação dos seres humanos e criando teorias doutrinárias que
ditassem um modo de agir que levasse ao progresso. O rigor e a ordem eram
imperativos nessas teorias, pois eram eles que garantiriam o pleno desenvolvimento
humano.

C. Doutrina Política: a disciplina, o rigor e a ordem social eram requisitos políticos


para a garantia do avanço social na visão de Comte. Somente com ações voltadas
para o desenvolvimento de uma disciplina pessoal e coletiva, cultivada juntamente
com o aprendizado das ciências e com o trabalho sociológico, a política poderia
render um estágio de progresso capaz de levar a humanidade ao seu ápice.

D. Desenvolvimento das ciências e das técnicas: a tecnologia e a ciência eram partes


importantíssimas da teoria de Auguste Comte. Segundo o filósofo, nenhum
progresso seria possível no estágio positivo sem o alto grau de aperfeiçoamento
científico aliado ao alto desenvolvimento tecnológico, o que impulsionaria a
humanidade sempre adiante.

E. Religião Positiva: a religião sempre foi característica comum da humanidade. Os


seres humanos sempre buscaram o culto a algum tipo de divindade para explicar o
inexplicável. Como a busca por explicações mais elaboradas é marca comum do
estágio positivo, a religião tradicional daria lugar, segundo o pensamento
positivista, a um novo tipo de religião, o cientificismo. O cientificismo seria o ato
de depositar nas ciências toda a fé em relação ao conhecimento e ao
desbravamento do mundo, entendendo que não há sobrenatural, mas somente
natureza. As ciências ocupariam, para os positivistas, o lugar que Deus ocupou nas
religiões desenvolvidas até então.

Positivismo no Brasil - “Ordem e Progresso”

Em 1889, D. Pedro II sofreu um golpe que culminou em sua deposição. O


movimento responsável pelo ato era fortemente influenciado pelo republicanismo e pelo
positivismo francês, o que fez com que os primeiros anos da Primeira República forjassem
um período de grande notoriedade de símbolos nacionais inspirados pelos elementos
positivistas.
O marechal Manuel Deodoro da Fonseca (o primeiro presidente brasileiro) e os
militares de seu círculo de influências trouxeram para o Brasil uma república inspirada no
modelo francês, baseada na liberdade individual, na autonomia moral, na ordem social
e no rigor, para o progresso da sociedade.
Nesse período, o Brasil viu nascer símbolos, como o Hino à Bandeira e a própria
bandeira nacional, com elementos característicos do pensamento positivista. As palavras
escritas na faixa central que cobre o círculo azul da Bandeira Nacional, “ordem e
progresso”, compõem um lema positivista que coloca a responsabilidade pelo progresso
social na ordem e na disciplina individual e social.
Marechal
Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil, tinha fortes inspirações positivistas.

Resumo
• O positivismo foi uma corrente teórico-filosófica que afirmou a necessidade da
ordem e do rigor sociais e políticos para o progresso;
• Surgiu junto com a Sociologia, idealizada por Auguste Comte;
• Era um método sociológico, científico e político;
• Teve como inspiração o Iluminismo francês;
• Disciplina, rigor e ordem eram essenciais para o crescimento moral e social;
• Inspirou a Proclamação da República brasileira.
Monumento ao filósofo francês Auguste Comte na Praça Sorbonne, Paris – França.

*Creditos da imagem: Nadiia_foto / Shutterstock


*Creditos da imagem: Sergey Kohl / Shutterstock

Fonte:
PORFÍRIO, Francisco. Positivismo. Sociologia. Mundo Educação. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/positivismo.htm; Acesso em: 31/05/2020

SELEÇÃO NATURAL DE DARWIN E A


SOBREVIVÊNCIA DO MAIS ADAPTADO.

[Na Inglaterra] A Teoria da Evolução de Charles Darwin (1809-1882) é considerada


uma das mais poderosas e populares inovações do século XIX, tendo exercido grande
influência sobre a psicologia. Em 1859, Darwin publica a obra Origem das espécies, na
qual desenvolve a tese da seleção natural (Boeree, 2006a). Segundo ela, na briga pelos
escassos recursos da natureza, somente as espécies com maior capacidade de adaptação às
variações da natureza conseguiram sobreviver e reproduzir- se. Darwin acreditava, portanto,
que o ser humano constitui- se como o produto final de um processo evolucionista que
envolveu todos os organismos vivos, ou seja, um animal social que desenvolveu maior
capacidade de se adaptar física, social e mentalmente às mudanças ambientais e sociais.
Para ele, então, haveria uma continuidade entre as espécies humanas e não humanas.
Tempos depois, Herbert Spencer (1820-1903), fundamentando-se na teoria da seleção
natural, converte-se em um dos principais líderes do movimento conhecido como Darwinismo
Social, sendo dele a expressão “sobrevivência do mais adaptado”. No livro Princípios de
psicologia, publicado em 1870, ele aplica as ideias de Darwin sobre o desenvolvimento da
espécie humana ao desenvolvimento de grupos, sociedades e culturas, enfatizando a existência
de uma continuidade entre ambos (Boeree, 2006a). Seu principal argumento era o de que as
nações e os grupos étnicos podiam ser classificados na escala evolucionista de acordo com
o seu grau de desenvolvimento, organização, poder e capacidade de adaptação. Desse
modo, os povos mais civilizados e avançados em termos culturais eram hierarquicamente
superiores aos povos mais atrasados no que tange à escala evolucionista. As abordagens de
Darwin e Spencer exerceram forte influência na psicologia dos instintos, praticada ao início do
século XX por alguns psicólogos sociais, conforme se verá mais à frente. (pp.14)

Fonte:
FERREIRA, M. C. Breve história da moderna Psicologia Social. In: TORRES, C. V.; NEIVA,
E. R. (Orgs.). Psicologia social: principais temas e vertentes. Porto alegre: Artmed, 2011,
pp: 13-30

ESTUDO DOS PROCESSOS MENTAIS BÁSICOS E


SUPERIORES

[Na Alemanha] Wilhelm Wundt (1832-1920) é o principal representante da Psicologia dos


Povos, que surgiu na esteira do movimento de reunificação da Alemanha e que tinha como
foco o estudo dos principais atributos em comum que definiam o caráter nacional ou o
pensamento coletivo do povo alemão (Mcgarty e Haslam, 1997). Suas ideias, entretanto,
sofreram uma considerável evolução ao longo de sua carreira. Assim é que, inicialmente, ele
defendia que a psicologia científica deveria ser vista como uma ciência natural que se
ocupava do estudo da mente, isto é, dos processos mentais básicos (sensação, imagem e
sentimentos). Para Wundt, esse tipo de investigação deveria ser conduzido por meio da
introspecção, ou seja, mediante a auto-observação rigorosa e controlada do modo pelo qual
esses fenômenos ocorriam (Álvaro e Garrido, 2007).
Em virtude dessas preocupações, Wundt criou em 1879, na cidade de Leipizig, o
primeiro laboratório de psicologia do mundo, tendo ali realizado uma série de experimentos
com o objetivo de estudar os processos mentais básicos, além de ter fundado o primeiro
periódico de psicologia experimental. Tais ações levaram-no a ser considerado o fundador da
psicologia experimental.
Com o passar do tempo, porém, Wundt sentiu necessidade de estudar os processos
mentais mais complexos ou superiores, como a memória e o pensamento, tendo constatado
que o método experimental não era adequado a tal estudo. Assim, propôs uma distinção entre
a psicologia experimental, responsável pelo estudo dos processos mentais básicos, e a
Völkerpsychologie (psicologia dos povos), dedicada ao estudo dos processos mentais
superiores por meio do método histórico-comparativo. Com isso, ele estabelece uma clara
distinção entre os fenômenos psicológicos mais externos, que estariam na periferia da mente,
e os fenômenos mais profundos, que constituiriam a mente propriamente dita (Álvaro e
Garrido, 2007).
Em sua Völkerpsychologie, Wundt toma a mente como um fenômeno histórico, um
produto da cultura e da linguagem de um determinado povo, que não poderia ser
explicada em termos individuais, mas sim em termos coletivos. Por essa razão, detém-se no
estudo da língua, da arte, dos mitos e dos costumes, como forma de compreender a mente. Em
síntese, haveria uma íntima relação entre a mente humana e a cultura, entre o indivíduo e o
contexto cultural no qual ele se desenvolve. Desse modo, a psicologia deveria estudar as
produções mentais coletivas originadas das ações de conjuntos de indivíduos se quisesse chegar
à mente humana (Farr, 1999). A psicologia dos povos de Wundt exerceu influência
principalmente sobre a psicologia social sociológica, em virtude da ênfase atribuída à questão
da determinação sócio-histórica do indivíduo e ao uso da metodologia não experimental. (pp.
14 e 15)

Fonte:
FERREIRA, M. C. Breve história da moderna Psicologia Social. In: TORRES, C. V.; NEIVA,
E. R. (Orgs.). Psicologia social: principais temas e vertentes. Porto alegre: Artmed, 2011,
pp: 13-30

BEHAVIORISMO (COMPORTAMENTALISMO)
RADICAL

Em 1945, Burrhus Skinner publicou o livro “The Operational Analysis of


Psychological Terms” [Os Termos das Análises Operacionais], como uma tentativa de
responder às correntes internalistas do comportamentalismo e também influenciado pelo
behaviorismo filosófico. Com a publicação desse livro foi marcada a origem da corrente
comportamentalista denominada de Behavorismo Radical, que foi desenvolvido não como
uma área de pesquisa experimental, mas como uma proposta de reflexão sobre o
comportamento humano. A 1) realização de pesquisas empíricas constitui o campo da análise
experimental do comportamento, enquanto a 2) implementação prática faz parte da análise
aplicada do comportamento. Nesse sentido, o behaviorismo radical é uma filosofia da
ciência do comportamento.
Skinner era radicalmente anti-mentalista, uma vez que considerava não
pragmáticas as noções internalistas (elementos mentais como origem do comportamento)
que compõem as variadas teorias psicológicas existentes. Apesar disso, Skinner nunca negou
em sua teoria a existência dos processos mentais, apenas defendeu que é improdutivo procurar
nessas variáveis a motivação das atitudes humanas.
Segundo o pensamento de Skinner ao se analisar um comportamento (cognitivo,
emocional ou motor) é preciso considerar o contexto em que ele ocorre e os
acontecimentos envolvidos nessa conduta. O behaviorismo skinneriano nega a importancia
científica de indicadores mediacionais, uma vez que para Skinner o ser humano é uma entidade
única e uniforme, opondo-se à ideia de homem [ser humano] como ser composto de corpo e
mente, pois para ele não é possível dissociar ou distinguir elementos humanos.
Os princípios do condicionamento operante foram elaborados por Skinner, além de ter
sistematizado o modelo de seleção por consequências a fim de se explicar um comportamento.
A teoria do condicionamento operante segue o princípio de que a ocorrência de um estímulo
chamado de estímulo discriminativo aumenta a probabilidade de ocorrência de uma resposta,
e após a resposta segue-se um estímulo reforçador, podendo ser um reforço (positivo ou
negativo) que estimule o comportamento (aumentando sua probabilidade de ocorrência), ou
uma punição que iniba a ocorrência do comportamento posteriormente em situações
semelhantes.
Além do exposto sobre o comportamento humano, o behaviorismo radical propõe-
se a explicar o comportamento animal por meio do paradigma de seleção por
consequências. O behaviorismo radical propõe, dessa forma, um paradigma de
condicionamento não-linear e estatístico, em oposição ao paradigma linear e reflexo das linhas
teóricas precedentes do comportamentalismo. Em suma, Skinner defende que a maioria dos
comportamentos humanos são condicionados de modo operante [ou seja, são aprendidos] .
Arquivado em: Comportamento, Filosofia, Psicologia (Palavras-Chaves)

Fonte:
VESCE, Gabriela E. Possolli. Behaviorismo Radical. InfoEscola. Disponível em:
https://www.infoescola.com/comportamento/behaviorismo-radical/; Acesso em: 30/05/2020

O BEHAVIORISMO (1)
O ESTUDO DO COMPORTAMENTO

O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo


publicado em 1913, que apresentava o título “Psicologia: como os behavioristas a vêem”. O
termo inglês behavior significa “comportamento”; por isso, para denominar essa tendência
teórica, usamos Behaviorismo — e, também, Comportamentalismo, Teoria Comportamental,
Análise Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento.
Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a
consistência que os psicólogos da época vinham buscando — um objeto observável,
mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos.
Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência,
rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica. Watson também defendia uma
perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como
função de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas
respostas e isso ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de
equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. Watson buscava a construção de uma
Psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e
que tivesse a capacidade de prever e controlar.
Apesar de colocar o “comportamento” como objeto da Psicologia, o Behaviorismo foi,
desde Watson, modificando o sentido desse termo. Hoje, não se entende comportamento como
uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e
o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao estudo das
interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e
o ambiente (as estimulações).
Os psicólogos desta abordagem chegaram aos termos “resposta” e “estímulo” para se
referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito.
Para explicar a adoção desses termos, duas razões podem ser apontadas: uma metodológica e
outra histórica.
A razão metodológica deve-se ao fato de que os analistas experimentais do
comportamento tomaram, como modo preferencial de investigação, um método experimental
e analítico.
Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade de dividir o objeto para efeito
de investigação, chegando a unidades de análise.
A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram mantidos
posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso generalizado.
Comportamento, entendido como interação indivíduo-ambiente, é a unidade básica de
descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. O homem [ser
humano]começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado como
produto e produtor dessas interações.

A ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO

O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F. Skinner (1904-1990).


O Behaviorismo de Skinner tem influenciado muitos psicólogos americanos e de vários
países onde a Psicologia americana tem grande penetração, como o Brasil. Esta linha de estudo
ficou conhecida por Behaviorismo radical, termo cunhado pelo próprio Skinner, em 1945, para
designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender) por meio
da análise experimental do comportamento.
A base da corrente skinneriana está na formulação do comportamento operante. Para
desenvolver este conceito, retrocederemos um pouco na história do Behaviorismo,
introduzindo as noções de comportamento reflexo ou respondente, para então chegarmos ao
comportamento operante. Vamos lá. [pg. 46]

O COMPORTAMENTO RESPONDENTE

O comportamento reflexo ou respondente é o que usualmente chamamos de “não-


voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas (“produzidas”) por estímulos antecedentes
do ambiente. Como exemplo, podemos citar a contração das pupilas quando uma luz forte
incide sobre os olhos, a salivação provocada por uma gota de limão colocada na ponta da
língua, o arrepio da pele quando um ar frio nos atinge, as famosas “lágrimas de cebola” etc.
Esses comportamentos reflexos ou respondentes são interações estímulo-resposta
(ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais confiavelmente
eliciam certas respostas do organismo que independem de “aprendizagem”. Mas interações
desse tipo também podem ser provocadas por estímulos que, originalmente, não eliciavam
respostas em determinado organismo. Quando tais estímulos são temporalmente pareados com
estímulos eliciadores podem, em certas condições, eliciar respostas semelhantes às destes. A
essas novas interações chamamos também de reflexos, que agora são condicionados devido a
uma história de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não
respondia. Para deixar isso mais claro, vamos a um exemplo: suponha que, numa sala aquecida,
sua mão direita seja mergulhada numa vasilha de água gelada. A temperatura da mão cairá
rapidamente devido ao encolhimento ou constrição dos vasos sangüíneos, caracterizando o
comportamento como respondente. Esse comportamento será acompanhado de uma
modificação semelhante, e mais facilmente mensurável, na mão esquerda, onde a constrição
vascular também será induzida. Suponha, agora, que a sua mão direita seja mergulhada na água
gelada um certo número de vezes, em intervalos de três ou quatro minutos, e que você ouça
uma campainha pouco antes de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da
campainha com a água fria, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas
pelo som, isto é, sem necessidade de imergir uma das mãos. (2)
Neste exemplo de condicionamento respondente, a queda da temperatura da mão,
eliciada pela água fria, é uma resposta incondicionada, enquanto a queda da temperatura,
eliciada pelo som, é uma resposta condicionada (aprendida): a água é um estímulo
incondicionado, e o som, um estímulo condicionado.
No início dos anos 30, na Universidade de Harvard (Estados Unidos), Skinner começou
o estudo do comportamento justamente pelo comportamento respondente, que se tornara a
unidade básica de análise, ou seja, o fundamento para a descrição das interações indivíduo-
ambiente. O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre um outro tipo de relação
do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise de sua ciência: o
comportamento

O COMPORTAMENTO OPERANTE

O comportamento operante abrange um leque amplo da atividade humana — dos


comportamentos do bebê de balbuciar, de agarrar objetos e de olhar os enfeites do berço aos
mais sofisticados, apresentados pelo adulto.
Como nos diz Keller, o comportamento operante “inclui todos os movimentos de um organismo dos
quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O
comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer indiretamente ”. (3)

A leitura que você está fazendo deste livro é um exemplo de comportamento operante,
assim como escrever uma carta, chamar o táxi com um gesto de mão, tocar um instrumento etc.
Para exemplificarmos melhor os conceitos apresentados até aqui, vamos relembrar um
conhecido experimento feito com ratos de laboratório. Vale informar que animais como ratos,
pombos e macacos — para citar alguns — foram utilizados pelos analistas experimentais do
comportamento (inclusive Skinner) para verificar como as variações no ambiente interferiam
nos comportamentos. Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que
chamaram de leis comportamentais.
Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat, certamente manifesta algum comportamento
que lhe permita satisfazer a sua necessidade orgânica. Esse comportamento foi aprendido por
ele e se mantém pelo efeito proporcionado: saciar a sede. Assim, se deixarmos um ratinho
privado de água durante 24 horas, ele certamente apresentará o comportamento de beber água
no momento em que tiver sede. Sabendo disso, os pesquisadores da época decidiram simular
esta situação em laboratório sob condições especiais de controle, o que os levou à formulação
de uma lei comportamental.

Um ratinho foi colocado na “caixa de Skinner” — um recipiente fechado no qual


encontrava apenas uma barra. Esta barra, ao ser pressionada por ele, acionava um mecanismo
(camuflado) que lhe permitia obter uma gotinha de água, que chegava à caixa por meio de uma
pequena haste.
Que resposta esperava-se do ratinho? — Que pressionasse a barra. Como isso ocorreu
pela primeira vez? — Por acaso. Durante a exploração da caixa, o ratinho pressionou a barra
acidentalmente, o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma gotinha de água, que, devido à sede,
fora rapidamente consumida. Por ter obtido água ao encostar na barra quando sentia sede,
constatou-se a alta probabilidade de que, estando em situação semelhante, o ratinho a
pressionasse novamente.
Neste caso de comportamento operante, o que propicia a aprendizagem dos
comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante — a
satisfação de alguma necessidade, ou seja, a aprendizagem está na relação entre uma ação e
seu efeito.
Este comportamento operante pode ser representado da seguinte maneira: R —► S, em
que R é a resposta (pressionar a barra) e S (do inglês stimuli) o estímulo reforçador (a água),
que tanto interessa ao organismo; a flecha significa “levar a”.
Esse estímulo reforçador é chamado de reforço. O termo “estímulo” foi mantido da
relação R-S do comportamento respondente para designar-lhe a responsabilidade pela ação,
apesar de ela ocorrer após a manifestação do comportamento. O comportamento operante
refere-se à interação sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de relação fundamental à
relação entre a ação do indivíduo (a emissão da resposta) e as consequências. É considerada
fundamental porque o organismo se comporta (emitindo esta ou aquela resposta), sua ação
produz uma alteração ambiental (uma consequência) que, por sua vez, retroage sobre o sujeito,
alterando a probabilidade futura de ocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em
função das consequências criadas pela nossa ação. As consequências da resposta são as
variáveis de controle mais relevantes.
Pense no aprendizado de um instrumento: nós o tocamos para ouvir seu som
harmonioso. Há outros exemplos: podemos dançar para estar próximo do corpo do outro, mexer
com uma garota para receber seu olhar, abrir uma janela para entrar a luz etc

Notas de Rodapé:

1. Os autores agradecem à Profª Drª Maria Amália Andery, do


Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade de Psicologia da PUC -
SP, a contribuição na revisão deste capítulo.

2. F. S. Keller. Aprendizagem: teoria do reforço, p. 12-3. operante.


Esse tipo de comportamento caracteriza a maioria de nossas interações com o
ambiente.

3. F. S. Keller. Op. cit. p. 10.

[Até a página 50, mas o capítulo continua...]

Fonte:
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; e TEIXEIRA, M. de L. T. O Behaviorismo. In:
Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva,
2002, pp. 45 – 58.

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

UMA ÁREA DA PSICOLOGIA


Esta área de conhecimento da Psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano em
todos os seus aspectos: físicomotor, intelectual, afetivo-emocional e social — desde o
nascimento até a idade adulta, isto é, a idade em que todos estes aspectos atingem o seu mais
completo grau de maturidade e estabilidade.
Existem várias teorias do desenvolvimento humano em Psicologia. Elas foram
construídas a partir de observações, pesquisas com grupos de indivíduos em diferentes faixas
etárias ou em diferentes culturas, estudos de casos clínicos, acompanhamento de indivíduos
desde o nascimento até a idade adulta.
Dentre essas teorias, destaca-se a do psicólogo e biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),
pela sua produção contínua de pesquisas, pelo rigor científico de sua produção teórica e pelas
implicações práticas de sua teoria, principalmente no campo da Educação. Jean Piaget produziu
uma das mais importantes teorias sobre o desenvolvimento humano. A teoria deste cientista
será a referência, neste capítulo, para compreendermos o desenvolvimento humano, para
respondermos às perguntas como e por que o indivíduo se comporta de determinada forma, em
determinada situação, neste momento de sua vida.

O DESENVOLVIMENTO HUMANO
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento
orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo
aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade
mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas elas, estando
plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos
da inteligência, vida afetiva e relações sociais.
Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida. Por exemplo,
a motivação está sempre presente como desencadeadora da ação, seja por necessidades
fisiológicas, seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas mentais que
permanecem garantem a continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas são substituídas
a cada nova fase da vida do indivíduo. Por exemplo, a moral da obediência da criança pequena
é substituída pela autonomia moral do adolescente ou, outro exemplo, a noção de que o objeto
existe só quando a criança o vê (antes dos 2 anos) é substituída, posteriormente, pela capacidade
de atribuir ao objeto sua conservação, mesmo quando ele não está presente no seu campo
visual.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO


A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características próprias de sua
idade. Compreender isso é compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano.
Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e
se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação
progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodação das estruturas mentais a este novo
dado do mundo exterior.
Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de
uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais aptos
para a observação e interpretação dos comportamentos.
Todos esses aspectos levantados têm importância para a Educação. Planejar o que e
como ensinar implica saber quem é o educando. Por exemplo, a linguagem que usamos com a
criança de 4 anos não é a mesma que usamos com um jovem de 14 anos.
E, finalmente, estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é
determinado pela interação de vários fatores.
OS FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO
Vários fatores indissociados e em permanente interação afetam todos os aspectos do
desenvolvimento. São eles:
• Hereditariedade — a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não
desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No
entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das
condições do meio que encontra.
• Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização
do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não
existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar
e depois a andar, em relação a quando esta criança estava no berço com alguns dias de vida.
• Maturação neurofisiológica — é o que torna possível determinado padrão de
comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para
segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a
criança de 2, 3 anos não tem. Observe como ela segura o lápis.
• Meio — o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de
comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma
criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de
sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque
esta situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida.

ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO


O desenvolvimento humano deve ser entendido como uma globalidade, mas, para efeito
de estudo, tem sido abordado a partir de quatro aspectos básicos:
• Aspecto físico-motor — refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à
capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Exemplo: a criança leva
a Chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, porque já
coordena os movimentos das mãos.
• Aspecto intelectual — é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança de
2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel
ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário.
• Aspecto afetivo-emocional — é o modo particular de o indivíduo integrar as suas
experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que
sentimos em algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido.
• Aspecto social — é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem
outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível observar algumas
que espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permanecem sozinhas.
Se analisarmos melhor cada um desses exemplos, vamos descobrir que todos os outros
aspectos estão presentes em cada um dos casos. E é sempre assim. Não é possível encontrar
um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos relacionam-se permanentemente. Por
exemplo, uma criança tem dificuldades de aprendizagem, repete o ano, vai-se tornando cada
vez mais “tímida” ou “agressiva”, com poucos amigos e, um dia, descobre-se que as
dificuldades tinham origem em uma deficiência auditiva. Quando isso é corrigido, todo o
quadro revertesse. A história pode, também, não ter um final feliz, se os danos forem graves.
Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses
quatro aspectos são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar
o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por exemplo,
estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo emocional, isto é, do desenvolvimento da
sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual.

[Até a página 100, mas o capítulo continua...]

Fonte:
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; e TEIXEIRA, M. de L. T. A Psicologia do
Desenvolvimento. In: Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2002, pp. 97 – 113.

Henrri Wallon

“Movimento, emoção, inteligência e personalidade foram os grandes temas pesquisados por


Wallon. “Mas o grande eixo é a questão da motricidade; os outros surgem porque Wallon não
consegue dissocia-lo do conjunto do funcionamento da pessoa” (DANTAS, 1992, p. 37).
Segundo Wallon, o desenvolvimento da inteligência vai do ato motor ao ato mental, por meio
de processos de internalização ativa da criança, que é concebida como um ser inicialmente
fisiológico que com as interferências do social e da cultura passará a ter seu desenvolvimento
biológico e psíquico intimamente ligado à interação com o meio.” (pp. 315)
Fonte:
LEPRE, Rita Melissa. Contribuições das Teorias Psicogenéticas à construção do conceito de
infância: Implicações Pedagógicas. Revista Teoria e Prática da Educação. v.11, n.3, p.309-
318, set./dez. 2008. Disponível em:
https://www.aedi.ufpa.br/parfor/letras/images/documentos/ativ1_2014/abaetetuba/tomeacu20
11/contribuies%20das%20teorias%20psicogenticas.pdf; Acesso em: 30/05/2020.

FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA TEORIA


WALLONIANA: CONCEITOS DE CAMPOS FUNCIONAIS
Na intenção de explicar o desenvolvimento cognitivo da criança, Wallon criou o
conceito de “campos funcionais” que seriam categorias de atividades cognitivas especificas.
Como Campos/Conjuntos/Domínios funcionais, Prandini entende que “são constructos
de que se lança mão para analisar o homem [ser humano] como objeto de estudo, por meio do
agrupamento de funções em categorias, de acordo com suas características predominantes”
(PRANDINI, 2004, p.30).
Na concepção de Wallon, existe quatro campos funcionais – movimento (ato motor ou
motricidade), afetividade, inteligência e pessoa (formação do eu).
Convém ressaltar que apesar de distinguir quatro campos funcionais, Wallon trabalha
com a ideia de integração funcional desses campos, afirmando que esses são complementares
e atuam de forma totalizante. Aliás, o autor é um dos poucos teóricos da época que considera
a criança em sua totalidade, pensando-a de uma forma holística.

1. Movimento: Sendo um dos primeiros a se desenvolver, é o movimento que dá apoio a


evolução dos outros campos funcionais. Está intimamente ligado às emoções, pois são estes
que mobilizam a afetividade em suas mais variadas facetas. Segundo Wallon, o movimento é
a tradução da vida psíquica, antes do surgimento da palavra (WALLON, 1975, p.75).
O movimento possibilita ás crianças situações que lhe proporcionarão aprendizado e é
isso que fará a individualização entre a criança e o meio, ou seja, o movimento e as emoções,
irão de forma complementar, ajudar no processo de formação do eu, criando na criança um
senso de particularização, de singularidade entre ela e o ambiente que a cerca.

2. Afetividade: É a fase mais primitiva do desenvolvimento, antecedendo a cognitividade.


A afetividade, para Wallon, é entendida como um conjunto funcional que responde
pelos estados de bem-estar e mal-estar quando o homem [ser humano] é atingido e afeta o
mundo que o rodeia (DÉR, 2004, p. 64). Podendo ser conceituada, também como todo o
domínio das emoções, dos sentimentos das emoções, das experiências sensíveis e,
principalmente, da capacidade de entrar em contato com sensações, referindo-se às vivências
dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente humanas (BERCHT,
2001, p.59).
De acordo com Wallon, afetividade são manifestações de dimensões tanto psicológicas
como biológicas. Onde as manifestações psicológicas são representadas pelos sentimentos e
desejos, e as manifestações biológicas são representadas pelas emoções, (WALLON,1968).
Das manifestações afetivas, a emoção é a mais destacada por Wallon. Afirmando que
estas “consistem essencialmente em sistemas de atitudes que correspondem, cada uma, a uma
determinada espécie de situação” (WALLON, 1968, p. 140). É considerada uma manifestação
afetiva de ordem biológica, que afeta diretamente os batimentos cardíacos, a respiração e tônus
muscular, ou seja, a emoção imprime sua resposta na musculatura. Daí a relação de
mutualidade e complementaridade, feita por Wallon, entre a emoção e o movimento.
3. Inteligência: Segundo a teoria psicogenética de Wallon, o surgimento da inteligência está
vinculado tanto a fatores biológicos como sociais. Daí a afirmação de que a gênese da
inteligência é genética e organicamente social”. Os fatores biológicos referem-se ás emoções
que tem o papel de estabelecer “uma relação imediata dos indivíduos entre si” (WALLON,
1995, p.135). Já os fatores sociais correspondem ao meio social que contribui
significativamente com dois aspectos: o sistema d e símbolos e a linguagem, ambos
desenvolvidos mutuamente aumentando o poder de abstração do indivíduo. (WALLON, 1971,
p.71; WALLON, 1975, p.45). Dessa forma, entende-se as palavras de Dantas ao afirmar que
"o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura
para se atualizar" (DANTAS, 1992).

4. Pessoa (Formação do eu): A pessoa, na concepção walloniana, é um campo funcional ao


mesmo tempo que se constitui dos outros campos como afetividade, ato motor, e a inteligência.
(GALVÃO, 1995).
Num primeiro momento, as atividades cognitivas infantis encontram-se não claramente
distintas. Nesse momento o bebe não se vê como um indivíduo singular (diferenciado) ou seja,
há uma indiferenciação do eu - outro e do eu – ambiente. O bebe confunde-se com o meio.
Embora em Wallon haja essa indiferenciação, o bebe não deixa de existir como ser social, pois
este sabe comunicar-se desde o seu nascimento, como forma de sobrevivência. Na verdade,
essa indiferenciação seria uma espécie de simbiose (MENDES, 2002).
A construção da personalidade acontece por volta do primeiro ano pós-nascimento, e
acontece senão por intermédio do outro, que é imprescindível para a ocorrência desse
personalismo. (MENDES, 2002).

AS CONTRIBUIÇÕES DE WALLON NO ÂMBITO EDUCACIONAL


As contribuições de Wallon para as Ciências da Psicologia e da Pedagogia são
inegáveis. Suas ideias a respeito das emoções, do ato motor, da cognitividade e da formação
da personalidade são passiveis de aplicação nos mais diversos da ciência. A respeito de suas
contribuições, no tocante a educação, apontaremos o que consideramos de destaque na obra de
Wallon.
Compreensão da criança enquanto ser completo: A teoria do desenvolvimento criada por
Wallon está alicerçada nos fundamentos da “psicogênese da pessoa completa”. Essa concepção
psicogenética pregada por Wallon afirma que a criança deve ser compreendida de forma
completa, integral. Logo, deve ser percebida em seus aspectos afetivos, biológicos e
intelectuais. O entendimento da criança enquanto ser completo põe por terra a clássica
dicotomia corpo/mente pregada pelo Dualismo cartesiano (DESCARTES, 2000; OLIVEIRA,
ESPERIDIÃO, SORIA, 2012)
(...)
Enfoque na motricidade: Wallon acredita que o ato motor propriamente dito vai além de
executar as ações pensadas pelo sujeito. O ato motor também tem o papel de garantir a
expressão da afetividade, seja por gestos ou expressões faciais. Destacando ainda que este
apresenta significados diferentes de acordo com os estágios de desenvolvimento, ou seja,
quanto maior o domínio dos signos culturais e aspectos cognitivos, traduzindo, assim
aprimorarão e qualificação motora (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010). Nesse sentido, essa
ênfase na motricidade oferece subsídios para uma educação globalizante e voltada para
interdisciplinaridade.
(...)

Fonte:
DAUTRO, Grazziany Moreira; LIMA, Welânio Guedes Maias de. A Teoria Psicogenética
de Wallon e sua aplicabilidade na educação. CONEDU. 5ª ed. Paraíba: V Congresso
Nacional de Educação, 2018. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV117_MD1_SA
4_ID392_10092018225535.pdf; Acesso: 30/05/2020

DETERMINISMOS (AMBIENTAL E GENÉTICO) x


INTARACIONISMO

DESENVOLVIMENTO HUMANO: INATISMO, AMBIENTALISMO e


INTERACIONISMO

Existem pelo menos três concepções do desenvolvimento humano que começaram a ser
estudadas pela psicologia, a partir do século XIX. Os pesquisadores foram em busca de
respostas, logicamente, por conta de perguntas. As pessoas se perguntavam: "Como acontece
o desenvolvimento humano durante a vida de um indivíduo?", e foram lá eles, em busca das
respostas.
A partir disso nasceram três concepções do desenvolvimento humano: a) o inatismo, b)
o ambientalismo e o c) interacionismo. Vamos ver as diferenças entre essas visões e qual delas
a ciência acredita ser a mais racional.

Inatismo

Nessa teoria, acredita-se que o indivíduo carrega desde seu nascimento traços que irão
determinar o que ele será profissionalmente e que habilidades terá futuramente. Geralmente
quem defende essa ideia costuma usar expressões como: "Esse rapaz recebeu esse dom de
Deus" ou "Esse menino puxou ao pai" e outras frases que são fundamentadas em crenças e
"achismos".

Exemplo: Certo dia, em uma escola particular, a mãe de uma aluna da 5ª série procurou a
coordenadora do ensino fundamental para fazer a seguinte reclamação: - Não entendo porque
minha filha está tirando notas baixas em português. Eu e o pai dela, sempre fomos ótimos
alunos, principalmente em português e acompanhamos a vida escolar dela de perto
incentivando no que for preciso. Deve haver alguma coisa errada com a professora de
português.

Argumento: Esse acontecimento serve de exemplo Inatista, porquê a mãe da criança acha que
por ela e o pai terem sido ótimos alunos em português, a filha também teria que ser. Ou seja, a
filha teria que “puxar” a eles e não poderia ter dificuldades em português.

Ambientalismo

Defende a ideia de que o indivíduo constrói habilidades apenas pelo ambiente, em que
ele é inserido, na vida social. Tudo depende apenas do ambiente. Quando citamos ambiente
nos referimos aos espaços sociais, históricos e culturais. Essa teoria vê o homem [ser humano]
como ser passivo, que pode ser manipulado e controlado pela simples alteração do ambiente
ou situação em que se encontra. Não há na concepção ambientalista a preocupação em explicar
os processos pelos quais a criança raciocina e se apropria do conhecimento.

Exemplo: Há dois anos atrás, em uma escola particular, chegaram dois alunos novos que
vieram da zona rural. Eles estudavam em uma escola pública que ficava próxima da fazenda
que eles moravam, mas devido a separação dos pais, vieram morar na cidade com o pai que
tinha melhor condição financeira.

Inicialmente a adaptação foi muito difícil, pois eles não conseguiam acompanhar os conteúdos
das disciplinas e o ritmo da classe. Também sofriam com a discriminação dos colegas que os
julgavam “burros”, principalmente quando faziam uma leitura ou iam ao quadro negro resolver
alguma questão.

No final da 1ª unidade, os pais foram chamados na escola pela coordenadora do ensino


fundamental e ela explicou a situação das crianças e até mencionou a possibilidade deles serem
matriculados na série anterior.

Os pais, por sua vez, ouviram atentamente, mas não aceitaram a sugestão da coordenadora,
pois achavam que seria traumatizante para os filhos a regressão para a série anterior.
Desta forma, a menina continuou na sala da 5ª série e o menino na sala da 4ª série, mas ao se
aproximar o final de ano letivo já sabiam que seriam reprovados.

No ano seguinte, nada mudou, as dificuldades continuaram e as críticas também; a menina


chegou a ponto de dizer nas provas finais da 4ª unidade que ela era realmente “burra” e não
conseguia aprender, como afirmava os colegas e o pai, que só se preocupou com o dinheiro
que pagava na escola e não com as suas reais dificuldades.

A menina foi aprovada para a série seguinte com a ajuda do conselho de classe, mas o menino
foi reprovado mais uma vez. Ele se tornou um adolescente frustrado devido às críticas e
cobranças impostas pelos pais, escola e colegas. Chegou até a pedir que o tirasse daquela escola
e o matriculasse novamente na escola que ele estudava, pois lá, ele era mais feliz. Afinal, nunca
tinha recebido tantas cobranças, nem havia sido reprovado. E assim foi feito.

Interacionismo

O desenvolvimento humano é fruto da interação de fatores biológicos e ambientais


(quando citamos ambiente nos referimos aos espaços sociais, históricos e culturais). Nessa
concepção, podemos então afirmar que somos sujeitos ativos e temos a capacidade de construir
nossas características de acordo com a relação que estabelecemos com o meio físico, social e
cultural. Portanto, o desenvolvimento acontece por meio das relações socioculturais. É nessa
concepção que o desenvolvimento produz aprendizagem e aprendizagem produz
desenvolvimento.

Considerações Finais

O homem [ser humano] é um ser social e histórico e é a satisfação de suas necessidades


que o leva a trabalhar e transformar a natureza, estabelecer relações com seus semelhantes,
produzir conhecimentos, construir a sociedade e fazer a história. As duas primeiras visões do
ponto de vista científico são extremamente radicais e preconceituosas. A inatista determina o
que o indivíduo será afirmando que ao nascer ele carrega com si uma série de habilidades. A
ambientalista também determina quais habilidades o ser humano terá, só que no caso quem
determinará isso é apenas o ambiente social. A visão mais racional é a interacionista, que nada
mais é que a mistura [dialética] das duas outras teorias.

Fonte:
AUGUSTINHO, Wallace. Desenvolvimento humano: Inatismo, ambientalismo e
interacionismo. Blog do Wallace. 07 de março de 2013. Disponível em:
https://wallaceaug.blogspot.com/2013/03/desenvolvimento-humano-inatismo.html; Acesso
em 30/05/2020

Diferenças entre Inatismo, Ambientalismo e


Interacionismo.

O inatismo é uma ideologia que acredita que o conhecimento de um indivíduo nasce


junto com ele, não levando em conta o ambiente social do indivíduo, pois seu poder cognitivo
somente é visto pelo lado biológico, descartando que o indivíduo também possui sua cultura
e que sua mente está em constante transformação agregando valores a todo tempo.
Essa teoria qualifica as pessoas, como pessoas capacitadas e não capacitadas, ou
seja, algumas já nascem para vencer e outras para serem submissas, desconsiderando a
capacidade de que “todos” temos para executar e cumprir as mesmas metas, objetivos e
aprendizagens.
Empirismo, behaviorismo, ambientalismo, essa teoria se difere totalmente do
inatismo, pois o homem [ser humano] é considerado como um ser plástico, podendo ser
moldado para o que for estimulado, não acreditando na espontaneidade de um conhecimento
gerado por si próprio, pois, nessa concepção o papel do professor se torna excessivamente
valorizado, acreditando que somente por meio de sua intervenção o aluno [a pessoa] possa
se apossar de conhecimentos, sendo ele, “o professor”, o único capaz de transmiti-lo,
dispensando toda e qualquer possibilidade do indivíduo agregar conhecimentos durante o
seu dia-a-dia com a interação com o meio, valorizando somente o que lhe foi passado a partir
do momento em que acessa [a família,] a escola, no caso o “ensino formal”, [e a sociedade].
A concepção interacionista se associa à ideia de interação entre organismos e meio,
a partir de experiências onde criamos relações positivas (bagagens e aprendizados), como
nas relações negativas (situações ruins, decepções), aonde essas aprendizagens ao longo
da vida vão formando o “ser”, no caso da criança sem saber ao certo diferenciar as situações,
porém com os adultos vão se formando as lições de vida.
Logo as experiências anteriores servem como base para a construção de nossas
novas experiências, sendo elas “boas ou ruins”, e assim tomamos base para o novo a partir
das experiências passadas, cientes que sempre haverá mudanças tanto positivas quanto
negativas, em cada nova relação com o meio que a vida há de nos proporcionar.
Conclusão
Tornando-se claro as discordâncias [diferenças] entre as teorias, pois o inatismo
acredita que o ser já nasce com seus conhecimentos prontos, necessitando apenas que eles
os despertem.
Já a concepção empirista, ambientalista e/ou behaviorista desconsidera qualquer
conhecimento que venha a partir da interação com o meio, alegando que somente com a
interação de um professor “dono dos conhecimentos” e do acesso ao ensino formal, “escola”
é possível o indivíduo adquirir conhecimentos.
E a concepção interacionista, acredita que o conhecimento possa sim partir do meio
social e biológico que estamos inseridos, nos trazendo experiências boas e ruins,
considerando que não somos somente fruto da razão e sim da interação com o meio social,
físico e biológico para a nossa formação como um ser completo.

Fonte:
FREITAS, Paula. Diferenças entre Inatismo, Ambientalismo e Interacionismo. Passei Direto.
São Paulo, Faculdade de Pedagogia da Universidade Guarulhos (UNG)
https://www.passeidireto.com/arquivo/63116037/diferencas-entre-inatismo-ambientalismo-e-
interacionismo; Acesso em 30/05/2020.
EPIGENÉTICA, GENE, DNA e MUTAÇÃO

"Os genes se modificam sob influência do meio".


(Ms. Mayra Antonelli-Ponti, 2017)

O que é a Epigenética:

Epigenética consiste nas modificações das funções genéticas que são herdadas, mas
que por sua vez não alteram a sequência do DNA do indivíduo. Em suma, representa as
variações não-genéticas que são transmitidas de uma geração para outra.
Como todas as células do corpo contêm os mesmos genes, a epigenética serve como
meio de controle das funções de cada gene, de acordo com a célula. Por exemplo, no coração
existem células com o gene da proteína responsável pela produção do espermatozoide, no
entanto este foi "inativado", visto que não há a necessidade desta função naquele órgão.
No entanto, de acordo com os hábitos de vida e o ambiente social em que o indivíduo
está inserido, podem ocorrer algumas alterações químicas no DNA e nas proteínas que o
envolvem, afetando as funções de alguns genes. Desta forma, acontecem alterações
epigenéticas que podem ser transmitidas para os descendentes desta pessoa, por exemplo.
A alimentação, a exposição à poluição, o uso de drogas, a prática de exercícios, dentre
outros fatores ambientais também podem servir para alterar algumas funções dos genes,
deixando "marcas epigenéticas" que poderão ser herdadas pelas gerações futuras daquele
indivíduo.

Herança epigenética

Consiste nas alterações não-genéticas que podem ser transmitidas para as gerações
futuras. Durante a formação de um embrião, por exemplo, as marcas epigenéticas deixadas
em alguns genes dos pais são passadas para seus filhos. Essas marcas podem provocar
mudanças nas funções de alguns desses genes.

Data de atualização: 18/08/2017.

O que é Gene:

O significado de gene na genética clássica é a unidade funcional da hereditariedade


onde estão presentes os ácidos nucleicos, portadores de informações genéticas que
proporcionam a diversidade entre os indivíduos. A palavra gene foi criada em 1909, pelo
botânico dinamarquês Wilhelm Ludvig Johannsen.
Gene é uma sequência de nucleotídeos distintos que fazem parte de um cromossomo.
Cada gene codifica uma determinada sequência de uma cadeia polipeptídica (união de
aminoácidos que formam a proteína). O gene é formado por uma sequência de DNA (ácido
desoxirribonucleico) e RNA (ácido ribonucleico), sendo este último responsável pela síntese
de proteínas da célula.
Genética é a ciência que estuda os genes. Os genes são classificados em: gene
dominante (responsável pela atribuição de determinada característica no descendente), gene
recessivo (manifesta-se na ausência de gene dominante), gene estrutural (contém a informação
que determina a estrutura dos seres vivos), gene operador (atua no funcionamento de outros
genes) e gene regulador (controla a síntese e transcrição de outros genes).
Genoma é o conjunto de genes de um indivíduo. Cada ser humano possui um único
genoma, estimando-se que seja composto por cerca de 25 000 genes. Esse resultado foi obtido
através de um trabalho conjunto denominado Projeto Genoma Humano, que tem a função de
mapear o genoma humano, ou seja, identificar todos os nucleotídeos que o compõem.
Data de atualização: 22/11/2018.

O que é DNA:

DNA ou ADN em português, é a sigla para ácido desoxirribonucléico, que é um


composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o
desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus.
O principal papel do DNA é armazenar as informações necessárias para a
construção das proteínas e RNA.
O DNA se encontra no núcleo das células de um organismo, no interior dos
cromossomos, menos nas hemáceas (glóbulos vermelhos), que não possuem núcleo.
Os segmentos de DNA que contêm a informação genética são denominados genes,
o resto da sequência tem importância estrutural ou está envolvido na regulação do uso da
informação genética.
A estrutura da molécula de DNA foi descoberta conjuntamente pelo norte-americano
James Watson e pelo britânico Francis Crick, em 1953, e nove anos depois foram agraciados
com o Prêmio Nobel de Medicina.
Com exceção de gêmeos univitelinos, o DNA de cada indivíduo é exclusivo, cada
ser humano possui duas formas de cada gene, uma que recebe da mãe outra que recebe
do pai. Mesmo sendo a maioria dos genes iguais entre as pessoas, algumas sequências do DNA
variam de pessoa para pessoa. Para saber a paternidade de uma criança, faz-se o teste de DNA,
que vai confirmar sua origem genética.
Ver também: cromatina e proteínas.

DNA mitocondrial

Existe também o DNA mitocondrial, que não se encontra no núcleo das células, e sim
na mitocôndria. O material genético mitocondrial é herdado exclusivamente da parte
materna.
Muitas vezes o DNA mitocondrial permite obter informação sobre um ser, mesmo que
estejam em estado avançado de degradação.
Veja também:

• Desenvolvimento Embrionário
• RNA
• DNA e RNA
Data de atualização: 28/01/2019.

O que é Mutação:

Mutação é o nome dado para o efeito ou ação de mudar, alterar ou transformar algo;
uma metamorfose ou evolução.
No ramo da biologia, a mutação é um termo que define o fenômeno da alteração
brusca e inesperada do material genético (DNA) de um ser vivo, podendo, a partir de então,
ser transmitido para os seus descendentes.
O conceito de mutação na biologia surgiu a partir de observações feitas pelo biólogo
Hugo de Vries, no começo do século XX.
Ao analisar um grupo de plantas e sua hereditariedade, o biólogo percebeu que às vezes
surgiam algumas características novas e inéditas em algumas espécies, que não eram visíveis
em seus antepassados. Assim, Hugo descobriu que se tratavam de alterações aleatórias e
inesperadas no gene dessas plantas, que poderiam, a partir de então, ser retransmitidas para os
seus descendentes.
Essa descoberta foi de grande ajuda para compreender melhor o esquema de evolução
e o surgimento de novas variações genéticas entre os organismos.

Mutação genética

Nas moléculas de DNA encontram-se as características particulares que formam cada


ser vivo. As mutações genéticas podem ocorrer em qualquer célula do organismo, visto que
todas contém DNA, sejam elas somáticas (células da pele, do coração, do fígado e etc.) ou as
chamadas células germinativas (os gametas).
A principal diferença entre uma mutação somática e uma mutação germinativa está
no impacto que causam para a evolução da espécie. Um organismo que sofre uma alteração em
suas células somáticas, não transmitirá essas mudanças para os seus descendentes; enquanto
que os seres que tiverem as suas células germinativas (gametas, ou seja, espermatozoides e
óvulos) modificados, poderão transmitir esse novo material genético para as suas gerações
futuras.
O que caracteriza uma mutação genética é a sua não hereditariedade, ou seja, não é
um fator que está relacionado com o DNA dos antepassados, mas sim uma transformação
independente do material genético, modificando determinada característica fisiológica ou no
funcionamento do organismo do ser vivo, diferenciando-o dos demais da sua espécie. Esta
modificação, no entanto, poderá estar presente nos seus descendentes.
As mutações são causadas por fatores denominados mutagênicos, que podem ser de
origem radioativa ou química, como a exposição ao raio x, raios gama e demais radiações
ionizantes (que formam íons dentro das células), alterando a sua estrutura.
As mutações genéticas também podem surgir de maneira espontânea, como a partir de
um defeito no processo de multiplicação dos cromossomos que compõe o DNA ou na alteração
da sequência de pares de um determinado gene.

Tipos de mutação

Existem dois tipos principais de mutações: mutações gênicas e mutações cromossomiais.


As mutações gênicas são alterações de apenas alguns trechos das moléculas de DNA, enquanto
que as mutações cromossomiais são mudanças em sequências inteiras do cromossomo, que
podem ser estruturais (alteração na sequência dos genes) ou numéricas (na quantidade de
cromossomos).
Data de atualização: 05/06/2015.

Fonte: SIGNIFICADOS. Epigenética, Gene, DNA e Mutação. Disponível em:


https://www.significados.com.br/ Acesso em: 31/05/2020
VÍDEOS MOTIVACIONAIS

TV SENADO. MALUF, Maria Regina. A influência ambiental e genética na definição do


comportamento humano. Cidadania. Brasília: Senado Federal, 2015. 28’19’’. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=GFwUkiN6rWk. Acesso em: 02/05/2020.

ANTONELLI-PONTI, Mayra. Genética do Comportamento Humano: Conceitos, Crenças


e Consequências. Psicobio em Rede. São Paulo: Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
Paulista (FFCLRP-USP), 2017. 146’. Disponível em:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLOlWSJS9pEnwUT8lEM53-h_9uONbdCNLj.
Acesso em: 02/05/2020.

GENÉTICA DO COMPORTAMENTO HUMANO:


Conceitos, Crenças e Consequências

Por Ms. Mayra Antonelli-Ponti


Transcrições e pequenas adaptações por
Ms. Patrick Thiago Bomfim

Reflexões propostas:

• Qual é a origem dos nossos comportamentos?


• Nascemos com todas as nossas características comportamentais? Com talentos,
habilidades, dificuldades e predisposições? Se nascemos com comportamentos
definidos, ou comportamentos, podemos mudar? Ou, se não nascemos com
comportamentos, podemos adquirir e modelar ao longo dos anos, com a influência
ambiental?
• Como explicar os comportamentos dos bebês?
• Qual a influência mais importante: genética ou ambiente?
• A interação entre os fatores responde as questões e é válida para qualquer
comportamento?
• Qual o Patrimônio Genético da humanidade?
• O que aprendemos com os Cruzamentos Geracionais e Experimentos de Ratos e
Raposas (e também com Pit Bull; Gado de leite, corte etc.
O que estuda a genética do comportamento?

• Se existem genes que influenciam comportamentos...


• Quantos e quais são esses genes que influenciam nos comportamentos...
• Como ocorre essa influência genética no comportamento...
• Influência genética e ambiental nos comportamentos. Como o ambiente pode interagir
com a genética?

Módulo 01: Natureza (genético) x Criação (ambiental) ou Natureza + Criação


Módulo 02: Genes e Ambiente – Parte 1
Módulo 03: Genes e Ambiente – Parte 2
Módulo 04: As 10 maiores descobertas em Genética do Comportamento Humano
Módulo 05: Percepções e Consequências Sociais - Como as pessoas percebem as influencias
genéticas e ambientais nos comportamentos humanos

Debate Natureza – Relaciona-se ao material genético que nos formou, que carregamos, como
resultado de toda a nossa evolução e ancestralidade. Todas as nossas características vantajosas,
que nos fizeram chegar, com sucesso, ao momento atual da humanidade; que, também, nos
torna humanos e garantem a nossa permanência na população. Características genéticas que
herdamos dos nossos pais e ascendentes – Patrimônio Genético); e
Criação (Tudo que é externo à natureza) – Todos os ambientes aos quais somos submetidos,
aos quais, por sua vez, são diversos e numerosos. Aborda desde os estímulos ultra uterinos, os
estímulos na infância e vida adulta, considerando o ambiente familiar, o ambiente escolar, a
alimentação e as experiências possíveis que são vivenciadas. Nossos comportamentos e
diferenças individuais são submetidos às influencias genéticas e/ou ambientais.

Principais Conceitos:

Herdabilidade: se refere às características que têm variações entre as populações, das mesmas
espécies. São traços comuns, mas com alterações individuais.

Exemplos: a) Altura - é estimulada ou influenciada, decorrente alimentação e atividades físicas.


Também depende da população (acerca dos diferentes traços herdados, em função da
nacionalidade geopolítica) e do tempo (fases do desenvolvimento e ciclos da vida); b)
Criatividade - Representa níveis diferentes e relativizados por área de atuação; c) Todos têm
personalidade, mas uma é diferente da outra.

Hereditariedade: características que não possuem variações dentro da mesma espécie. Mas,
podem alterar ou serem modificadas, devido ocorrências de doenças e acidentes. No caso dos
comportamentos, decorrem de variações individuais. Então, é importante compreender que a
ativação de genes específicos, aqueles que participam de processos específicos, serão
influenciados geneticamente pelo ambiente, colaborando para expressão genética da leitura
e/ou outras habilidades.

Os genes necessitam de estímulos externos para ativação, decorrente da


possibilidade de alguns permanecerem inativos durante muitos anos, sendo marcados ou
classificados pelos conceitos de “Inovação e Ampliação Genética”, como no caso dos genes
relacionados à leitura e outras habilidades ou capacidades.

Inovação Genética: Crescimento ou possibilidade de crescimento da herdabilidade, resultado


da ativação de genes, até então, inativos, causando novidades ao organismo. Por isso, destaca-
se que recebe o nome de inovação.

Exemplos: Fase relacionada à 1ª Infância, quando o ser humano esta suscetível aos primeiros
estímulos, como no caso da aprendizagem de novos idiomas e da plasticidade cerebral, diante
da riqueza de estímulos, condizentes ao que é esperado em casa fase do desenvolvimento
humano. Outro exemplo é a fase da puberdade, durante a adolescência.

Ampliação (Amplificação) Genética: Possibilidade do aumento da amplitude de ação de um


gene. Ou seja, o gene já ativado, estimulado, tem a sua ação ampliada com o passar dos tempos
e a constância de estimulações.

Curiosidade: Ambientes geneticamente modificados – Se o contexto não favorecer o uso dos


genes específicos, será diminuída a sua ação.

Observação: A seleção dos ambientes ocorre também por afinidades e interesses, igualmente,
relacionados à alguma pré-disposição genética.

Os Traços Ambientais, considerando as possíveis subclassificações, são mais


visíveis na infância, quando observamos a importância da inovação genética; e no caso
jovens/adultos, observação a maior frequência da ampliação (ou amplificação). O certo é
que, independente da fase de desenvolvimento, ambos necessitam de motivação e
empenho ambientais.

Ambiência: Medida que busca conhecer a influência ambiental nos traços que tem variações
dentro de uma população, diante de determinado ponto ou episódio ao longo do tempo.
Resultado da interação com as determinações diversas. Os ambientes são classificados como
a) compartilhado e b) não-compartilhado.

Herdabilidade Perdida: Assim como os fatores genéticos que estão relacionados ao campo da
ambiência, a herdabilidade também apresenta influencias genéticas que possuem
características, que não sabemos de onde surgiram.
As 10 maiores descobertas em Genética do Comportamento Humano, surgiram em
resposta às perguntas clássicas, por meio das replicações de estudos, alcançando
resultados muito próximos:

1. Todos os Traços Comportamentais têm influência genética (substancial e


significativa). Nenhum traço é exceção. Desconsiderar o gene é desconsiderar a
natureza e a evolução da espécie humana (destaque).
2. Nenhum traço é 100% herdado. Todos os traços também têm influências ambientais
(destaque).
3. A herdabilidade é causada por muitos genes de pequeno efeito. Um só traço recebe
influência de muitos genes, expressa na soma, equação ou Modelo ACE (A = Influência
Genética Aditiva, C = Influência Ambiental Compartilhada e E = Influência Ambiental
Não-Compartilhada) (destaque)

4. Correlações fenotípicas entre traços psicológicos têm mediações genéticas. Apesar


do estudo sobre os Genes Candidatos, ou seja, com aparente pré-disposição aos
transtornos, como ocorre no caso da dislexia, a verdade é que até o momento não foram
encontrados os genes específicos para os comportamentos. A conclusão adotada é que
o efeito da influência genética para os comportamentos representa a junção de vários
genes (Poligenia).

• Correlações fenotípicas entre traços psicológicos e com mediações genéticas.


Influência mediadoras quando se relaciona aos fenótipos (características observáveis
num organismo). Exemplo: Gêmeos. Os genes de gêmeos mediando as relações
comportamentais
• Também ocorrem pelo fenômeno dos Genes Generalistas, em que um conjunto dos
mesmos genes influenciam várias habilidades comportamentais diferentes. A estrutura
fenotípica desses domínios é muito semelhante às estruturas genéticas. Exemplo:
Ansiedade e Depressão são dois distúrbios que são influenciados pelos mesmos genes
(sobreposição genética de transtornos), apesar das diferentes respostas
comportamentais, observadas na descrição internacional dos transtornos.

Genótipos se tornam fenótipos:


5. A herdabilidade da inteligência aumenta com o passar dos anos (entre crianças,
adolescentes e jovens adultos). Inteligência ou Habilidade Cognitiva Geral.
Conhecimento, sabedoria e cultura não são abordados para a pesquisa e compreensão
da Habilidade Cognitiva Geral.
6. Estabilidades fenotípicas (especialistas) são, em grande parte, devidas à genética.
Estabilidade fenotípica dos comportamentos ao longo da vida, de idade em idade. Altas
correlações revelam semelhanças e estabilidade fenotípica quando não há alteração ao
longo dos anos.

7. Medidas ambientais mostram influências genéticas (mais uma correlação entre gene
e ambiente ativa). Se tenho uma medida que mostra influencia ambiental, deve-se
considerar que nem sempre esse ambiente é imposto. Na maioria das vezes, as pessoas
selecionam, escolhem e moldam seus ambientes a partir da pré-disposição genética.
8. Associação entre medidas comportamentais e ambientais são mediadas
geneticamente. As medidas mediadas, quando associada, resulta no ciclo da mediação
genética, novamente, por meio da Correlação Gene-Ambiente, seja Passiva ou Ativa.

Exemplo - Estilo de criação: a) Pais exigentes com a educação dos filhos, provavelmente
terão filhos com boas notas. Mas, é importante considerar que o resultado das notas não
será efeito apenas do ambiente criado pelos pais, mas também pelas pré-disposições
genéticas dos filhos, ainda que herdadas pelos pais e evocando comportamentos dos pais.
Logo, trata-se de uma relação gene-ambiente evocativa ou reativa. b) No caso da correlação
passiva, não há necessidade de esforço, pois os comportamentos dos pais são influenciados
pela própria pré-disposição genética e os genes dos filhos são influenciados em seus
comportamentos, e também fazendo com que os pais reajam, naturalmente ou
espontaneamente, retroalimentando o ciclo de variáveis e resultados.

9. Sobre o Ambiente. Trata dos dois tipos de ambiente (compartilhado ou não). A maioria
dos efeitos ambientais não é compartilhada por crianças que crescem na mesma
família.
10. O anormal é normal. Traços comportamentais sempre vão existir nas pessoas em
maior ou menor magnitude, ou, ainda, uma magnitude média dos comportamentos, a
partir de uma curva normal de um determinado fenômeno, medida na população.
Mesmo fora da maior frequência exposta na curva, os traços estão presentes em algum
ponto da reta, logo, também são consideradas como humanas. Assim, também ocorre
com as altas e baixas habilidades e talentos. São extremos dentro da mesma curva, mas
também estão presentes na reta gráfica. Logo, são possibilidades humanas igualmente
consideradas.

Percepções e Consequências Sociais

Como as pessoas percebem as influencias genéticas e ambientais nos comportamentos humanos:

• As percepções afetam as reações e comportamentos individuais ou coletivas e


desenvolvimento da sociedade, demonstrando o que se compreende como certo ou
errado, possível ou impossível.
• Em 1987, especialistas da Psicologia e da Educação foram entrevistados sobre o tema
inteligência. Em 2015, replicaram o mesmo questionário, alcançando respostas
parecidas. Consideraram que a herdabilidade da inteligência está entre 57% e 60% entre
a compreensão dos fatores considerados como mais deterministas.
• Outra pesquisa, em 2001, com entrevista voltada ao público em geral, com questões
relacionadas à genética e comportamento, observando resultados balanceados entre os
fatores. Entre os entrevistados, 62% acreditam na influência genética sobre a
inteligência.
• Em 2005, pais e professores do Reino Unido, acreditam que a Inteligência,
Personalidade e Doenças Mentais, sofrem maior influência genética (correlacionando
aos aspectos cognitivos). Diferente dos problemas de comportamento (socialização e
personalidade), correlacionando mais ao determinismo ambiental.
• Em 2016, no Brasil, a pesquisa com pais e professores chegou a resultados parecidos,
mas com destaque aos fatores de maneiras aditivas, observando os mesmos pesos aos
fatores, observando a interação genético-ambiental (inato-adquirido), presentando
possibilidade quebra de paradigma, por meio de novo modelo de sociedade, saindo do
modelo aditivo e partindo para o modelo interativo dos fatores que influenciam os
comportamentos.
• Utilidade do conhecimento sobre o tema: Compreensão das atitudes e desenhos sociais.
• Infelizmente, as crenças nos determinismos inatistas são fatalistas e versam sobre a
crença equivocada da imutabilidade de todos os traços. Parecem servir de justificativa
entre diferenças por grupos. Já o determinismo ambiental carrega a crença de que só o
ambiente pode mudar e modelar o comportamento humano, causando pressões e
transtornos, na fé de que qualquer indivíduo pode alcançar e/ou desenvolver qualquer
talento e habilidade, sem considerar as pré-disposições e aptidões pessoais. Ou seja,
negam e desconsideram a própria natureza, se sujeitando aos treinamentos intensivos,
por exemplo, como no esporte, entre outros riscos, desenvolvendo traumas e transtornos
psicossomáticos e/ou psicomotores. Há outras formas de determinismos, como o caso
do Geográfico ou ambiental e Determinismo Social.
• Salientou-se sobre a importância de ofertar múltiplos estímulos, com iguais
diversidades de domínios, de riquezas e áreas afins para que as pessoas possam
descobrir seus limites, se esforçando mais (na medida das suas realidades e limitações)
e seus interesses individuais, pois ser diferente é normal.

Nota do Professor: O fato é que, com base na Teoria das Representações Sociais (TRS),
de Serge Moscovici, as representações sociais possibilita desenhos, gráficos, tabelas ou
demais configurações sociais, que perpassam pelas percepções, crenças, valores e
atitudes (visões de mundo das pessoas); que, por sua vez, orientam os comportamentos
individuais, sociais e coletivos (em interação e movimento dialético); também
observados, as demais influências, entre outros fatores, como a comunicação, cultura,
história, geopolítica e religiosidade; agregando, ainda, a importância em se conhecer o
senso comum, para realização de intervenções mais produtivas, eficazes e eficientes.

Considerações Finais da Palestrante: Influência Genética não é Determinismo Genético.


Não é imutabilidade dos traços. Assim como, influencia ambiental não é exclusividade
do ambiente. Cada pessoa traz consigo as suas individualidades, pré-disposições
genéticas, as suas respectivas naturezas, bem como toda as suas experiências
particulares de vida. Assim, poderemos observar melhor todos os motivos das pessoas
serem como são, podendo fomentar estratégias e meio adequados para promover o
desenvolvimento individual e da sociedade, reagindo d e forma muito mais positiva [e
afirmativa, promovendo saúde e bem-estar biopsicossociocultural]

Fonte:
ANTONELLI-PONTI, Mayra. Genética do Comportamento Humano: Conceitos, Crenças e
Consequências. Psicobio em Rede. São Paulo: Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade Paulista (FFCLRP-USP), 2017. 146’.
Disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=PLOlWSJS9pEnwUT8lEM53 -h_9uONbdCNLj .
Acesso em: 02/05/2020.
Outros assuntos abordados nos vídeos motivacionais, que serão retomados após a N1:

• Linguagem, Aprendizagem e Fases do Desenvolvimento (Maria Helena Maluf)


Psicologia da Educação, Psicologia da Aprendizagem e Psicologia do Desenvolvimento
• Inteligência (Mayra Antonelli-Ponti)
• Fatores que influenciam a Aprendizagem (Tânia, Rodrigo e Naiana)

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