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Auguste Comte

Auguste Comte foi um dos mais importantes filósofos e sociólogos franceses. Atribui-se a ele a
criação da disciplina Sociologia, bem como a corrente filosófica, política e científica conhecida
como Positivismo.

Sua contribuição teórica ainda é importante, com o conceito político da "Lei dos Três
Estados".

Em 1848, criou uma "Sociedade Positivista" e entre 1851 e 1854, redigiu o “Sistema de Política
Positiva”, no qual propõe uma interpretação para a sociedade humana.

Principais Ideias

É importante salientar que Comte viveu sob a égide da Revolução Francesa, bem como da
ciência moderna e da Revolução Industrial.

Portanto, seus ditos e escritos são referentes as intensas transformações sociais, econômicas,
políticas, ideológicas, tecnológicas e científicas decorrentes da consolidação do capitalismo.

Nesse contexto, ele percebeu que os fenômenos sociais deveriam ser percebidos como os
outros fenômenos da natureza.

Isso porque eles eram apenas um tipo específico de realidade teórica, o que implica que
devem ser enunciadas em termos sociais.

Ele cunha o termo "sociologia", para designar uma doutrina social baseada em princípios
científicos, dividindo-a em dois campos:

 Os estudos das estatísticas sociais para a compreensão das forças que mantêm a
coesão social;
 As dinâmicas sociais em si, para os estudos das causas das mudanças sociais.

Portanto, a "Física Social" ou "Sociologia", partiria dos princípios da observação,


experimentação, comparação e classificação enquanto métodos.

Ela tinha como finalidade tudo o que é "positivo", ou seja, o real, o útil, o certo, o preciso, o
relativo, o orgânico e o simpático.

Daí surge a outra contribuição de Comte: o Positivismo. Ou seja, a visão pela qual a análise dos
fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos e pesquisa suas leis, uma vez que
são fenômenos observáveis.

O positivismo pregava um modelo de sociedade organizada, na qual o poder espiritual não


mais prevaleceria, ficando o governo a cargo dos sábios e cientistas.

Este novo método geral para a ciência caracteriza-se pela observação em aliança com a
imaginação. Estão sistematizadas, por sua vez, segundo princípios adotados pelas ciências
exatas e biológicas.
Contudo, vale notar também, o fato de Comte perceber que cada tipo de fenômeno possui
suas particularidades. Isso implica dizer que há um método específico de observação para cada
fenômeno.

Outra importante criação de Auguste Comte foi a "Religião da Humanidade", com bases
teológicas e a metafísicas. Isso tudo, reconhecendo a preponderância do papel histórico
desempenhado pelos estágios provisórios da Humanidade, previsto na "Lei dos Três Estados".

Lei dos Três Estados

A "Lei dos Três Estados" representam as fases necessárias para a evolução humana, onde cada
uma delas teria suas abstrações, suas observações e sua imaginação próprias.

A observação da evolução das concepções intelectuais da humanidade seguiria o estado


'teológico' ou 'fictício', o estado 'metafísico' ou 'abstrato' e o estado 'científico' ou 'positivo'.

No primeiro, os fatos observados seriam explicados pelo sobrenatural, ou seja, entidades


(Deus ou deuses), as quais comandariam os fatores que compõem a realidade.

No segundo estágio, a realidade seria pesquisada diretamente, mas ainda haveria a presença
do sobrenatural (a natureza, o éter, o Povo, o capital).

No terceiro e último estágio evolutivo, o apogeu da humanidade, os fatos seriam explicados


segundo leis gerais abstratas, de ordem inteiramente positiva.

Nesse viés, o fator absoluto é substituído pelo fator relativo, pois tudo seria relativo, exceto
a lei absoluta da relatividade.

Positivismo

O Positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no início do século XIX.

Ela defende a ideia de que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento
verdadeiro.

A partir desse saber, pode-se explicar coisas práticas como das leis da física, das relações
sociais e da ética.

É notável, no positivismo, duas orientações:

 A orientação científica, que busca efetivar uma divisão das ciências;


 A orientação psicológica, uma linha teórica da sociologia, a qual investiga toda a
natureza humana verificável.

A corrente positivista promove o culto à ciência, o mundo humano e o materialismo em


detrimento da metafísica e do mundo espiritual.
Características do Positivismo

Enquanto doutrina filosófica, sociológica e política, o positivismo tem a Matemática, a Física, a


Astronomia, a Química, a Biologia e também a Sociologia como modelos científicos. Isso
porque estas se destacam segundo seus valores cumulativos e transculturais.

Por outro lado, podemos dizer que o positivismo é a “romantização da ciência”. Ele deposita
sua fé na omnipotência da razão, apesar de estabelecer os valores humanos como
diametralmente opostos aos da teologia e a metafísica.

É também uma classificação totalmente cientificista do conhecimento e da ética humana,


onde se desconfia da introspecção como meio de se atingir o conhecimento.

Assim, não há objetividade na informação obtida, tal como nos fenômenos não observáveis.
Estes seriam inacessíveis à ciência, uma vez que ela somente se fundamenta em teorias
comprovadas por métodos científicos válidos.

Desse modo, a experiência sensível seria a única a produzir dados concretos (positivos), a
partir do mundo físico ou material.

A metodologia básica positivista é a observação dos fenômenos. Dela, se privilegia a


observação à imaginação dos fatos, desconsiderando completamente todo conhecimento que
não possa ser comprovado cientificamente.

Por fim, vale dizer que a ideia-chave do Positivismo Comtiano é a "Lei dos Três Estados", a
saber:

 O Teológico, onde o ser humano busca explicação para a realidade por meio de
entidades supranaturais;
 O Metafísico, do qual os deuses são substituídos por entidades abstratas, como "o
Éter", para explicar a realidade;
 O Positivo da humanidade, onde não se explica o "porquê" das coisas, mas sim o
"como", a partir do domínio sobre as leis de causa e efeito.

O Positivismo enquanto Religião

Com a obra “Sistema de Política Positiva” (1851-1854), Auguste Comte criou a Religião da
Humanidade, ou a religião positiva.

Desse modo, busca "viver às claras" e "viver para outrem", onde o altruísmo é a palavra de
ordem.

Para tanto, a unidade espiritual é estabelecida pela ciência, a religião da humanidade, única
capaz de regeneração social e moral.

Essa religião também possui um "Ser Supremo". Ele seria a "Humanidade Personificada" e sua
força emana do conjunto de inteligências convergentes de todas as gerações, passadas,
presentes e futuras, as quais irão aperfeiçoar o gênero humano.
É curioso notar que a religião positivista também utilizava símbolos, sinais, estandartes, vestes
litúrgicas, dias de santos (grandes tipos humanos), sacramentos e comemorações cívicas com
um calendário próprio. O calendário positivista é de base lunar e com 13 meses de 28 dias.

O Positivismo no Brasil

Essa corrente filosófica se espalhou pela Europa durante a segunda metade do século XIX.

Já no Brasil, ela chegará apenas no Século XX, quando as ideias de Comte, serão propagadas
pelos pensadores:

 Miguel Lemos (1854-1917)


 Teixeira Mendes (1855-1927)
 Benjamin Constant (1836-1891)
 Deodoro da Fonseca (1827-1892)
 Floriano Peixoto (1839 -1895)
 Tobias Barreto (1839-1889)
 Sílvio Romero (1859-1914)

Curiosidades

 Existem correntes de outras disciplinas que se denominam "positivistas" sem ter


nenhuma relação com o positivismo de Comte.
 O Positivismo é uma reação radical ao Transcendentalismo Idealista alemão e ao
Romantismo.
 Auguste Comte foi o criador da palavra "altruísmo" para resumir o ideal de sua Nova
Religião.
 Os termos “Ordem e Progresso” na bandeira do Brasil são de inspiração positivista.
 Os precursores do positivismo na França foram Mostesquieu (1689-1755) e Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778).
 As teorias de Comte foram criticadas pela tradição sociológica e filosófica marxista,
especialmente pela Escola de Frankfurt.

Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um sociólogo e filósofo polonês e britânico.

Foi o autor do conceito modernidade líquida o qual expressa que estamos vivendo tempos de
instabilidade e volatilidade.

Modernidade Líquida

Para entender o conceito de modernidade líquida, precisamos recordar quais são as


propriedades dos líquidos. Estes se caracterizam pela instabilidade, falta de coesão e de uma
forma definida.
A modernidade líquida, portanto, se caracteriza por uma sociedade e um tempo onde tudo é
volátil e adaptável. Se contrapõe à década anterior, a modernidade sólida, onde a sociedade
era ordenada, coesa, estável e previsível.

Nada está fixo, parado ou inalterado na modernidade líquida. Ela é mutante e instável ou em
outras palavras, caótica. Tudo pode ser adaptável sejam a profissão, os relacionamentos, a
religião, etc.

O que teria provocado esta mudança? Bauman aponta algumas razões:

 As empresas são cada vez mais poderosas, mais ainda que os governos. As grandes
transnacionais tem o poder de mudar leis, economia, o meio-ambiente, etc.
 A velocidade das mudanças tecnológicas cada vez mais rápidas com a Internet.
 A migração de pessoas que se deslocam rapidamente impactando de forma abrupta os
lugares onde se instalam e geram impactos culturais e socioeconômicos.

Amor Líquido

Se todos os aspectos da nossa vida se viram afetados pela sociedade de consumo e pela
tecnologia, os relacionamentos também o foram.

Na chamada sociedade sólida, normalmente, o casamento durava para sempre. Escorados no


ideal do amor romântico, criou-se a crença que o ser humano só era capaz de apaixonar-se
uma única vez.

No entanto, com o advento das tecnologias, conectar-se com as pessoas é muito fácil. Por
outro lado, desconectar-se dessas mesmas pessoas também é igualmente fácil.

Assim, as relações, ao invés de serem duradouras, passam a ser seriadas e constituem um


acúmulo de experiências. O que contaria é a quantidade e a satisfação, tal como sucede nos
produtos que consumimos.

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