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Auguste Comte

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Auguste Comte

Nascimento 19 de Janeiro de 1798


Montpellier, França
Morte 5 de setembro de 1857 (59 anos)
Paris, França
Escola/tradição Sociologia, Positivismo
Ideias notáveis Lei dos Três Estados, Sociologia, síntese
subjetiva, humanismo
Influências
Influências[Expandir]
Influenciados
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Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (Montpellier, 19 de janeiro de 1798


— Paris, 5 de setembro de 1857) foi um filósofo francês, fundador da Sociologia e do
Positivismo.

Índice
[esconder]

 1 Biografia
 2 Teorias
o 2.1 A filosofia positiva
o 2.2 A lei dos três estados
o 2.3 A Religião da Humanidade
 3 Obras
 4 Ver também
 5 Bibliografia
 6 Ligações externas

[editar] Biografia
Em 1814, aos 16 anos, com interesse pelas ciências naturais, conjugado às questões
históricas e sociais, ingressou na Escola Politécnica de Paris. No período de 1817-1824
foi secretário do conde Henri de Saint-Simon, expoente do socialismo utópico. São
dessa época algumas fórmulas fundamentais: "Tudo é relativo, eis o único princípio
absoluto" (1819) e "Todas as concepções humanas passam por três estádios sucessivos -
teológico, metafísico e positivo -, com uma velocidade proporcional à velocidade dos
fenômenos correspondentes" (1822) - "lei dos três estados".

Em 1824 rompeu com Saint-Simon ao discordar das idéias deste sobre as relações entre
a ciência e a reorganização da sociedade. Comte estava convicto que o mestre priorizava
auxílio à elite industrial e científica do período com sacrifício da reforma teórica do
conhecimento.

Em 1826 sofreu um colapso nervoso enquanto trabalhava na criação de uma filosofia


positiva, supostamente desencadeado por "problemas conjugais". Recuperado, iniciou a
redação de Curso de filosofia positiva (renomeado para Sistema de filosofia positiva em
1848), trabalho que lhe tomou doze anos.

Em 1842 perdeu o emprego de examinador de admissão à Escola Politécnica por criticar


a corporação universitária francesa. Começou a ser ajudado por admiradores, como o
pensador inglês John Stuart Mill (1806-1873). No mesmo ano separou-se de Caroline
Massin, após 17 anos de casamento. Em 1845 apaixonou-se por Clotilde de Vaux, que
morreria no ano seguinte por tuberculose.

Entre 1851 e 1854 redigiu o Sistema de política positiva, no qual expôs algumas das
principais consequências de sua concepção de mundo não-teológica e não-metafisica,
propondo uma interpretação pura e plenamente humana para a sociedade e sugerindo
soluções para os problemas sociais; no volume final da obra apresentou as instituições
principais de sua Religião da Humanidade.

Em 1856 publicou o primeiro volume de Síntese Subjetiva, projetada para abarcar


quatro volumes, cada um a tratar de questões específicas das sociedades humanas:
lógica, indústria, pedagogia, psicologia. Não pôde concluir a obra ao falecer,
possivelmente de câncer, em 5 de setembro de 1857, em Paris. Sua última casa, na rua
Monsieur-le-Prince, n. 10, foi posteriormente adquirida por positivistas e transformada
no Museu Casa de Augusto Comte.

[editar] Teorias
Ver artigo principal: Positivismo e Sociologia

[editar] A filosofia positiva

A filosofia positiva de Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim
como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos fatos abandona a
consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza) e pesquisa suas leis, vistas
como relações abstratas e constantes entre fenômenos observáveis.

Adotando os critérios histórico e sistemático, outras ciências abstratas antes da


Sociologia, segundo Comte, atingiram a positividade: a Matemática, a Astronomia, a
Física, a Química e a Biologia. Assim como nessas ciências, em sua nova ciência
inicialmente chamada de física social e posteriormente Sociologia, Comte usaria a
observação, a experimentação, da comparação e a classificação como métodos -
resumidas na filiação histórica - para a compreensão (isto é, para conhecimento) da
realidade social. Comte afirmou que os fenômenos sociais podem e devem ser
percebidos como os outros fenômenos da natureza, ou seja, como obedecendo a leis
gerais; entretanto, sempre insistiu e argumentou que isso não equivale a reduzir os
fenômenos sociais a outros fenômenos naturais (isso seria cometer o erro teórico e
epistemológico do materialismo): a fundação da Sociologia implica que os fenômenos
sociais são um tipo específico de realidade teórica e que devem ser explicados em
termos sociais.

Em 1852 Comte instituiu uma sétima ciência, a Moral, cujo âmbito de pesquisa é a
constituição psicológica do indivíduo e suas interações sociais.

Pode-se dizer que o conhecimento positivo busca "ver para prever, a fim de prover" - ou
seja: conhecer a realidade para saber o que acontecerá a partir de nossas ações, para que
o ser humano possa melhorar sua realidade. Dessa forma, a previsão científica
caracteriza o pensamento positivo.

O espírito positivo, segundo Comte, tem a ciência como investigação do real. No social
e no político, o espírito positivo passaria o poder espiritual para o controle dos
"filósofos positivos", cujo poder é, nos termos comtianos, exclusivamente baseado nas
opiniões e no aconselhamento, constituindo a sociedade civil e afastando-se a ação
política prática desse poder espiritual - o que afasta o risco de tecnocracia (chamada,
nos termos comtianos, de "pedantocracia").

O método positivo, em termos gerais, caracteriza-se pela observação. Entretanto, deve-


se perceber que cada ciência, ou melhor, cada tipo de fenômeno tem suas
particularidades, de modo que o método específico de observação para cada fenômeno
será diferente. Além disso, a observação conjuga-se com a imaginação: ambas fazem
parte da compreensão da realidade e são igualmente importantes, mas a relação entre
ambas muda quando se passa da teologia para a positividade. Assim, para Comte, não é
possível fazer ciência (ou arte, ou ações práticas, ou até mesmo amar!) sem a
imaginação, isto é, sem uma ativa participação da subjetividade individual e por assim
dizer coletiva: o importante é que essa subjetividade seja a todo instante confrontada
com a realidade, isto é, com a objetividade.
Dessa forma, para Comte há um método geral para a ciência (observação subordinando
a imaginação), mas não um método único para todas as ciências; além disso, a
compreensão da realidade lida sempre com uma relação contínua entre o abstrato e o
concreto, entre o objetivo e o subjetivo. As conclusões epistemológicas a que Comte
chega, segundo ele, só são possíveis com o estudo da Humanidade como um todo, o que
implica a fundação da Sociologia, que, para ele, é necessariamente histórica.

Além da realidade, outros princípios caracterizam o Positivismo: o relativismo, o


espírito de conjunto (hoje em dia também chamado de "holismo") e a preocupação com
o bem público (coletivo e individual). Na verdade, na obra "Apelo aos conservadores",
Comte apresenta sete definições para o termo "positivo": real, útil, certo, preciso,
relativo, orgânico e simpático.

"A gênese do Positivismo ocorreu no século XIX, num momento de transformações


sociais e econômicas, políticas e ideológicas, tecnológicas e científicas profundas
decorrentes da consolidação do capitalismo, enquanto modo de produção, através da
propagação das atividades industriais na Europa e outras regiões do mundo. Portanto, o
“século de Comte” e sua amada França mergulharam de corpo e alma, numa “deusa”
chamada razão, colocando sua fé numa “Nova Religião”, caracterizada pela junção
entre a ciência e a tecnologia, tidas como a panacéia da humanidade, no contexto da
expansão, pelo Globo, do Capitalismo Industrial." (VALENTIM 2010)

[editar] A lei dos três estados

O alicerce fundamental da obra comtiana é, indiscutivelmente, a "Lei dos Três Estados",


tendo como precursores nessa idéia seminal os pensadores Condorcet e, antes dele,
Turgot.

Segundo o marquês de Condorcet, a humanidade avança de uma época bárbara e mística


para outra civilizada e esclarecida, em melhoramentos contínuos e, em princípio,
infindáveis - sendo essa marcha o que explicaria a marcha da história.

A partir da percepção do progresso humano, Comte formulou a Lei dos Três Estados.
Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade, Comte percebeu
que essa evolução passa por três estados teóricos diferentes: o estado 'teológico' ou
'fictício', o estado 'metafísico' ou 'abstrato' e o estado 'científico' ou 'positivo', em que:

 No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, por entidades


cuja vontade arbitrária comanda a realidade. Assim, busca-se o absoluto e as
causas primeiras e finais ("de onde vim? Para onde vou?"). A fase teológica tem
várias subfases: o fetichismo, o politeísmo, o monoteísmo.
 No segundo, já se passa a pesquisar diretamente a realidade, mas ainda há a
presença do sobrenatural, de modo que a metafísica é uma transição entre a
teologia e a positividade. O que a caracteriza são as abstrações personificadas,
de caráter ainda absoluto: "a Natureza", "o éter", "o Povo", "o Capital".
 No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam
progressivamente. Neste, os fatos são explicados segundo leis gerais abstratas,
de ordem inteiramente positiva, em que se deixa de lado o absoluto (que é
inacessível) e busca-se o relativo. A par disso, atividade pacífica e industrial
torna-se preponderante, com as diversas nações colaborando entre si.
É importante notar que cada um desses estágios representa fases necessárias da
evolução humana, em que a forma de compreender a realidade conjuga-se com a
estrutura social de cada sociedade e contribuindo para o desenvolvimento do ser
humano e de cada sociedade.

Dessa forma, cada uma dessas fases tem suas abstrações, suas observações e sua
imaginação; o que muda é a forma como cada um desses elementos conjuga-se com os
demais. Da mesma forma, como cada um dos estágios é uma forma totalizante de
compreender o ser humano e a realidade, cada uma delas consiste em uma forma de
filosofar, isto é, todas elas engendram filosofias.

Como é possível perceber, há uma profunda discussão ao mesmo tempo sociológica,


filosófica e epistemológica subjacente à lei dos três estados - discussão que não é
possível resumir no curto espaço deste artigo.

[editar] A Religião da Humanidade

Capela Positivista em Porto Alegre

Os anseios de reforma intelectual e social de Comte desenvolveram-se por meio de sua


Religião da Humanidade. Para Comte, "religião" e "teologia" não são termos sinônimos:
a religião refere-se ao estado de unidade humana (psicológica, espiritual e social),
enquanto a teologia refere-se à crença em entidades sobrenaturais. Considerando o
caráter histórico e a necessidade de unidade do ser humano, a Religião da Humanidade
incorpora nela a teologia e a metafísica - respeitando, reconhecendo e celebrando o
papel histórico desempenhado por esses estágios provisórios, absorvendo o que eles têm
de positivo (isto é, de real e de útil).

A Religião da Humanidade encontrou em Pierre Laffitte seu principal dirigente na


França após a morte de Comte, especialmente na III República francesa. No Brasil, o
Positivismo religioso encontrou grande aceitação no século XIX; embora com menor
intensidade no século XX, o Positivismo religioso brasileiro teve grande importância:
por exemplo, durante a campanha "O petróleo é nosso!", cujo vice-Presidente era o
positivista Alfredo de Moraes Filho, e durante o processo de impeachment do ex-
Presidente Fernando Collor de Mello, em que o Centro Positivista do Paraná também
solicitou, assim como a Ordem dos Advogados do Brasil e Associação Brasileira de
Imprensa, o afastamento do Presidente da República.
A Igreja Positivista do Brasil, fundada por Miguel Lemos e Teixeira Mendes em 1881,
em cujos quadros estiveram Benjamin Constant Botelho de Magalhães, o Marechal
Rondon e o diplomata Paulo Carneiro, continua ativa no Rio de Janeiro.

[editar] Obras

O Wikiquote possui citações de ou sobre: Auguste Comte

 Opúsculos de Filosofia Social (1816-1828) (republicados em conjunto, em 1854,


como apêndice ao volume IV do Sistema de política positiva)
 Curso de filosofia positiva, em 6 volumes (1830-1842) (em 1848 foi renomeado
para Sistema de filosofia positiva)
 Discurso sobre o espírito positivo (1848)
 Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1851) (Introdução geral ao Sistema
de política positiva)
 Sistema de política positiva, em 4 volumes (1851-1854)
 Catecismo positivista (1852)
 Apelo aos conservadores (1855)
 Síntese subjetiva (1856)
 Correspondência, em 8 volumes (1816-1857)

[editar] Ver também


 Positivismo
 Religião da Humanidade
 Lei dos Três Estados
 Espírito positivo
 Clotilde de Vaux
 Museu Casa de Augusto Comte
 Igreja Positivista do Brasil

[editar] Bibliografia

Você também pode gostar