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O PENSMAENTO POSITIVISTA DE AUGUSTO COMTE

A filosofia positiva surge na França no século XIX, tendo como principal


representante Auguste Comte (1798-1857) e uma de suas principais
obras, publicada em 1830, o “Curso de Filosofia Positiva”.
O contexto histórico é o da revolução francesa e da crescente industrialização
da sociedade, fator que trouxe à tona novos problemas e novas formas
observáveis de processos de mudanças profundas na vida da sociedade
tradicional da época. Comte buscava a criação de uma ciência da sociedade
capaz de explicar e compreender todos esses fenômenos, e que pudesse
contribuir para modificar a “desorganização social” da época.

A filosofia de Auguste Comte tem como ideia principal a reorganização da


sociedade por meio de uma reforma intelectual do homem. Acreditava que era
necessário que os homens tivessem novos hábitos de pensar que estivessem
de acordo com a razão e a ciência, substituindo o pensamento feudal baseado
na religião e no sobrenatural.

O pensador sofreu influência de Condorcet, principalmente por meio de seu


estudo intitulado “Quadro Histórico dos progressos do Espírito Humano”, na
qual o autor faz um esboço do desenvolvimento da humanidade por meio dos
descobrimentos e invenções da tecnologia, que levaria o homem a caminhar
para uma era de organização social e política, produto da razão.

Outro pensador da época que influenciou Comte foi Saint-Simon, preocupado


com a reforma das instituições do feudalismo.
Veja nesta imagem acima uma representação sobre a dúvida do Homem, entre
pensar o mundo a partir da estrutura dogmática das Religiões, ou fazer a leitura
do mundo através das ferramentas da Ciência, da Observação, da
Experimentação, e da Verificação.

Auguste Comte acreditava que a filosofia da história obedecia ao que o autor


chamou de lei dos três estados. Esta lei corresponderia ao desenvolvimento da
ciência e do espírito humano, os quais passaram por três fases (teológica,
metafísica e a positiva) até chegar ao estado mais evoluído (positivo).

Na fase teológica o homem só consegue explicar a natureza por meio de


crenças sobrenaturais, de deuses e espíritos, fato que explicaria todos os
fenômenos.

Este tipo de pensamento desempenhou um papel de coesão social, já que os


homens confiando em poderes imutáveis e sobrenaturais, confiavam também,
sem contestar, no sistema político monarquista aliado ao militarismo.

No estado metafísico, um pouco mais evoluído, o homem acredita que


diferentes “forças” (física, química, vital) explicaria os fenômenos naturais, em
substituição das divindades, destruindo a ideia teológica de subordinação da
natureza ao sobrenatural.

No plano político corresponderia a substituição dos reis por juristas, e o Estado


baseado na soberania do povo.

O último estado, em que o homem alcança sua excelência, é o positivo,


caracterizado pela subordinação da imaginação (teológico) e da argumentação
(metafísico) à observação dos fenômenos.

A Filosofia Positiva
No pensamento positivo cada ideia deve corresponder a um fato, particular ou
universal. O conhecimento se dá por meio da pesquisa das leis
imutáveis relativas àquele fenômeno. Até mesmo os fenômenos psicológicos
devem ser explicados como os relacionados a física, por meio de relações que
são imutáveis.

Ao contrário dos estados teológicos ou metafísico, no estado positivo a


explicação dos fenômenos não se dá por um só princípio, como os deuses,
mas por uma relação entre as ciências por meio de uma metodologia comum,
uma unidade de conhecimento coletiva. Esta metodologia universal
possibilitaria a fraternidade entre os homens, já que todos estariam sujeitos as
mesmas leis.

Este conhecimento, das relações constantes entre os fenômenos, tornaria


possível determinar o desenvolvimento destes fenômenos, permitindo sua
previsibilidade científica.

Este conhecimento aplicado à sociedade poderia explicar as leis que regem o


mundo social, ajudando a compreender os processos sociais e dando
controle aos homens sobre os rumos que as sociedades tomariam. Comte
acreditava ser possível prever e tratar os males sociais que afligiam a
sociedade tal como se trata de um corpo enfermo.

Este conhecimento também beneficiaria o desenvolvimento da indústria,


permitindo o desenvolvimento de técnicas em que o homem poderia utilizar
para explorar a natureza.

Sociologia como Ciência


O conhecimento da sociedade por meio de leis intrínsecas aos fenômenos
sociais, atribui a Sociologia cientificidade. Para Comte a Sociologia é a ciência
que mais se aproxima da filosofia positiva, uma vez que estuda a sociedade.
As outras ciências, a matemática, astronomia, física, química e biologia
alcançaram o estado positivo antes da sociologia, mas estão fragmentadas em
parcelas da realidade. A totalização do saber só poderia ser alcançada por
meio da sociologia, a qual traria um sistema indivisível, em que relaciona-se
com a humanidade, única concepção universal. Comte entende
a Sociologia em sentido mais amplo, incluindo a psicologia, a economia
política, a ética e a filosofia da história.

Um aspecto fundamental que Comte atribuía a sociologia é


a distinção entre estática e dinâmica sociais. A estática relaciona-se as
condições constantes da sociedade, tendo como ideia fundamental a ordem. A
dinâmica estuda as leis do desenvolvimento da sociedade e relaciona-se ao
progresso. A dinâmica estaria subordinada a estática, uma vez que o progresso
proveria da ordem e aperfeiçoa os elementos permanentes na sociedade como
a família, a religião, a propriedade, a linguagem.

PREMISSAS DO POSITIVISMO:

1) A sociedade é regida por leis naturais, isto é, leis invariáveis,


independentes da vontade e da ação humanas; na vida social, reina
uma harmonia natural.
2) A sociedade pode, portanto, ser epistemologicamente assimilada
pela natureza (o que classificaremos como “naturalismo é
positivista¨) e ser estudada pelos mesmos métodos démarches1, e
processos empregados pela ciências da natureza.
3) As ciências da sociedade, assim como as da natureza, devem
limitar-se à observação e à explicação causal dos fenômenos, de
forma objetive, neutra, livre de julgamentos de valor ou ideologias,
descartando previamente todas as prenoções e preconceitos.

Influência do Positivismo

Figura 4 – Influência do Positivismo no Brasil

Fonte: http://www.universoracionalista.org

1
Dérmarche, no original francês, de uso relativamente corrente no Brasil. O sentido aproximado em
que é usada aqui é o método, modo de evolução, trejatória.
Figura 5 – Capela Positivista de Porto Alegre

Fonte: https://pt.wikipedia.org

Figura 5 – Bandeira Nacional. Influência do Positivismo no Brasil

Fonte: http://aprovadonovestibular.com

O positivismo exerceu influência na Europa e Inglaterra, contudo nos países


carentes de ideologia, como os da América latina encontrou campo fértil. Em
1876 foi fundada a primeira sociedade positivista do Brasil e no ano seguinte a
Sociedade Positivista do Rio de Janeiro. O positivismo teve forte influência
no movimento republicano em 1889 e na Constituição de 1891, tanto que a
bandeira brasileira tem como lema “ordem e progresso”. No século XX o
entusiasmo pelo positivismo perdeu forças no país.

Fontes:
LÖWY, Michael. As Aventuras de Karl Marx contra o Barão de
Münchhausen. Marxismo e Positivismo na Sociologia do Conhecimento.
4ª ed. São Paulo – SP. Ed. Busca Vida, 1990
https://pt.lifeder.com/caracteristicas-positivismo-auguste-comte/, acesso em
04/04/2019

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