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Positivismo

O positivismo surgiu no início do século XIX, na França.


Inspirado pelo Iluminismo, Auguste Comte promoveu o
desenvolvimento de
uma teoria filosófica, sociológica e política que defendia um
constante progresso da sociedade baseado no avanço científico.

O positivismo seria, para esse pensador, o terceiro e


mais próspero estágio que a humanidade começava a viver,
tendo sido sua configuração, altamente complexa, estimulada
pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial, dois
grandes marcos que se sucederam na Europa entre os séculos
XVIII e XIX.

Comte ressaltava que o positivismo englobava os campos da


política e da ciência, defendendo que tal teoria formulava um tipo
de doutrina para a ascensão e progresso da sociedade civil.
A ordenação e o avanço das ciências experimentais seriam
responsáveis pelo desenvolvimento social da humanidade.

Mesmo tendo surgido na França, pode-se observar vestígios do


positivismo no Brasil a partir da Primeira República, com o fim
da monarquia liderada pelo militar Marechal Manuel Deodoro da
Fonseca, aspirante diligente dessa doutrina política.

História do Positivismo e a Sociologia do


século XIX
O término do chamado “Antigo Regime”, com
a queda da monarquia na França, foi ocasionado pela ascensão
da Revolução Francesa entre os anos de 1789 e 1799, o que
suscitou no país, por cerca de três décadas, um período de
intensa instabilidade política.
Na Inglaterra, ocorria a primeira fase da Revolução Industrial,
marcada pelo surgimento de inúmeras fábricas de diferentes
ramos que se utilizavam do motor a vapor para a produção de
energia.

Com o início dessa revolução, houve um redelineamento dos


centros urbanos, que passaram a lidar com
uma concentração cada vez maior de pessoas e com o
crescimento desarranjado das cidades, trazendo consigo
inúmeros efeitos colaterais, como a intensa desigualdade social e
a propagação de doenças.

Assim, para buscar compreender as transformações que vinham


ocorrendo no corpo social europeu da época e que
representavam o terceiro e mais complexo estágio de evolução
da humanidade, Auguste Comte preconiza o desenvolvimento de
uma nova ciência voltada ao estudo da sociedade e que serviria
como ferramenta para o positivismo: a Sociologia.

Ressalta-se que Comte não era contrário ao fim da monarquia,


no entanto, reconhecia as consequências negativas que a
Revolução Francesa ocasionou à sociedade e, a seu ver,
somente a ordem política e o rigor civil poderiam retomar a
estabilidade política que fora perdida. Logo, o positivismo, aliado
à Sociologia, seria o meio necessário à solução desse problema.

Em sua doutrina, Comte desenvolve a lei dos Três Estados, que


representam os estágios de desenvolvimento da humanidade
que resultariam na sua fase mais evoluída, vivida no século XIX.
Seriam eles:

1. Estado teológico: esse primeiro Estado da humanidade é


representado pela crença teológica como resposta aos
acontecimentos da vida. Tudo o que acontecia tinha, aos olhos
dos homens, origem divina, mística e sobrenatural. Predominava
a irracionalidade humana.

2. Estado metafísico: nesse segundo Estado, há o predomínio


da racionalidade humana e o surgimento da filosofia em
substituição ao misticismo. O conhecimento verdadeiro e as
respostas aos acontecimentos do mundo passam a ser pautados
em argumentos lógicos e racionais.

3. Estado positivo: o terceiro e mais complexo Estado de


evolução do homem e da sociedade. Busca as respostas do
mundo, antes pautadas no misticismo e na filosofia, na própria
natureza. Parte de uma observação rigorosa e metódica que visa
a promover o avanço científico. É nesse estágio que a Sociologia
aparece para estudar a sociedade e promover o avanço social.

Leia mais: Conheça a escola literária que foi influenciada pelo


positivismo

Características do positivismo
Temos como características principais do positivismo as
seguintes:

1. Doutrina filosófica: o positivismo teve sua inspiração nos


ideais pregados pelo Iluminismo e pelos filósofos que seguiam
essa corrente, que defende que o conhecimento deve estar ao
alcance de todas as pessoas e necessita ser universalmente
incentivado. Somente a educação é capaz de favorecer a
liberdade e a emancipação do homem, e o progresso da
humanidade encontra-se atrelado ao desenvolvimento intelectual.

2. Doutrina sociológica: a Sociologia surge com o intuito de se


estudar e entender o funcionamento da sociedade de uma
maneira ordenada e rigorosa. O desenvolvimento moral do
homem está relacionado ao desenvolvimento da ciência, e o
homem pode e deve agir de uma determinada maneira que leve a
humanidade ao progresso.

3. Doutrina política: a política também está diretamente


relacionada ao desenvolvimento social da humanidade. A
disciplina e ordem sociais pautadas no individual e no coletivo
são necessárias ao progresso e sua articulação ao trabalho
científico e tecnológico é capaz de levar a humanidade ao seu
estado máximo de evolução.
4. Desenvolvimento das ciências e das técnicas: Comte é
perspicaz ao afirmar que o avanço científico é parte determinante
do desenvolvimento da humanidade, mas para garantir o
progresso da sociedade, o avanço científico deve estar
conjugado ao desenvolvimento tecnológico.

5. Religião positiva: a religião tradicional, baseada na


divindade, deve ceder seu lugar a uma religião positiva, cuja
forma de conhecimento respalde-se no cientificismo, na
observação rigorosa e metódica. Para a religião positiva, não há
justificativas sobrenaturais ou divinas para os acontecimentos do
mundo. As respostas encontram-se na própria natureza, e cabe
ao homem, por meio de seu empenho racional, a descoberta da
razão de todas as coisas. A ciência seria o Deus da religião
positiva.

Positivismo no Brasil
A deposição de D. Pedro II, ocorrida em 1889, deve-se a um
movimento fortemente inspirado no republicanismo e positivismo
francês, instaurando no Brasil a forma republicana
presidencialista de governo. A influência do positivismo francês
nos ideais adotados pela Primeira República fica evidente quando
em vista os símbolos nacionais de sua época, como o Hino à
Bandeira e o lema estampado em bandeira nacional brasileira,
“Ordem e Progresso”.

Marechal Manuel Deodoro da Fonseca foi o primeiro presidente


brasileiro, e a república por ele governada fundamenta-se na
autonomia moral, na liberdade individual, na ordem social e no
rigor para se garantir o progresso social, características essas
que compõem o positivismo francês.

Resumo
 Traduz-se como um método sociológico, científico e político.
 Inspirou seus ideais no Iluminismo francês.
 Foi promovido por Auguste Comte, concomitantemente à
criação da Sociologia.
 Corrente filosófica que determinou a disciplina, a ordem e o
rigor sociais e políticos como necessários ao progresso da
humanidade.
 Serviu de inspiração para a promulgação da República no
Brasil e para a formulação de seus ideais políticos.
 Progresso da humanidade aliado ao avanço científico.
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A visão de Edmund
Burke sobre a Revolução
Francesa
A visão de Edmund Burke sobre a Revolução Francesa foi uma
das mais pontuais e continua sendo uma das mais importantes e
atuais para se entender esse acontecimento.
O filósofo irlandês Edmund Burke (1729-1797) é considerado
um dos mais importantes expoentes do chamado “iluminismo
britânico”, cujas ideias políticas estavam mais associadas à
prática da virtude, da prudência e da manutenção dos princípios
tradicionais e morais do que à subversão dessa tradição em prol
de um “Progresso” futuro pretensamente guiado pela “Razão” –
tal como pretendiam outros filósofos do mesmo período.

Por defender os valores morais e tradicionais, Burke foi


reivindicado por pensadores do século XIX e XX como o pai do
“conservadorismo moderno”. Um dos textos mais famosos de
Burke, no qual ele expõe pormenorizadamente suas ideias sobre
política, é “Reflexões sobre a Revolução na França”, publicado
em 1790, quando a referida revolução estava apenas no começo.
Burke acusou nesse livro a contaminação que os revolucionários
franceses receberam da panfletagem de ideias políticas
progressistas e subversivas da ordem moral, como aquelas
propagadas por Rousseau, que afirmavam que o homem era
bom por natureza e que era o convício social que o tornava mau.

Burke defendia que a realidade do homem é imperfeita. O


homem é um ser imperfeito porque é tragicamente paradoxal,
possui os caminhos do bem e do mal à sua disposição e precisa
apostar nas virtudes para traçar uma trajetória razoável. Para
Burke, a Revolução Francesa ignorava essa realidade
contingente do ser humano e apostava em uma ascensão
perfectibilista, em direção a um futuro de bonança para todos os
indivíduos. Essa aposta, para o irlandês, só poderia redundar em
tirania, opressão e terror. Diz Burke que:

“É impossível estimar a perda que resulta da


supressão dos antigos costumes e regras de
vida. A partir desse momento não há bússola
que nos guie, nem temos meios de saber a qual
porto nos dirigimos. A Europa, considerada em
seu conjunto, estava sem dúvida em uma
situação florescente quando a Revolução
Francesa foi consumada. Quanto daquela
prosperidade não se deveu ao espírito de
nossos costumes e opiniões antigas não é fácil
dizer; mas, como tais causas não podem ter
sido indiferentes a seus efeitos, deve-se
presumir que, no todo, tiveram uma ação
benfazeja” [1]

Não é à toa que, três anos depois de escrito esse texto, o rei
francês Luís XVI foi decapitado e o terror revolucionário
espalhou-se pela França sob o comando dos jacobinos. Esse
terror, diga-se de passagem, só foi devidamente “domado”
quando um político habilidoso, porém centralista e com
características despóticas, assumiu o poder. Seu
nome: Napoleão Bonaparte.

https://alunosonline.uol.com.br/historia/a-visao-edmund-burke-sobre-revolucao-
francesa.html

Revolução Francesa
A Revolução Francesa desencadeou-se a partir de 1789 e
transformou radicalmente a estrutura política não apenas da
França, mas da Europa também.
A revolução desencadeada na França a partir do ano
de 1789 figura entre os grandes acontecimentos que moldaram o
mundo contemporâneo – inclusive o
termo “Idade Contemporânea” tem como marco inicial o ano de
1789 por causa da Revolução Francesa. Nos fins do século
XVII, a Inglaterra havia também passado por uma onda
revolucionária, culminando na “Revolução Gloriosa”, que ficou
conhecida como o primeiro grande acontecimento histórico no
qual a burguesia conseguiu representação política significativa.

Sendo assim, a Revolução Francesa insere-se nesse quadro de


“Revoluções Burguesas ”, isto é, um período de transformações
radicais no qual a classe burguesa – que possuía poder
econômico, mas não político – pretendia romper com a estrutura
política do chamado “Antigo Regime”, ou Monarquias
Absolutistas. O rei absolutista era fonte de todo poder político:
legislava, julgava e executava leis. O último rei absolutista
francês foi Luís XVI, que morreu guilhotinado durante o processo
revolucionário.

Na estrutura do Antigo Regime da França vigorava a divisão


estamental em uma hierarquia de três estados: o clero ocupava o
primeiro estado; a nobreza, o segundo; e a burguesia, juntamente
aos camponeses e aos trabalhadores urbanos, ocupava o
terceiro estado. Nessa estrutura, clero e nobreza sempre se
associavam ao rei nos momentos das decisões políticas mais
importantes, desfavorecendo o terceiro estado, que sempre se
encontrava sem representação.

Ao longo do século XVIII, o Estado absolutista francês passou por


guerras, como a “Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763)” e o
auxílio dado aos Estados Unidos da América em sua guerra pela
independência (1765), que avolumaram a crise econômica que já
enfrentava, levando-a ao ponto de saturação. A economia
francesa desse período era essencialmente agrária, o que a
tornava obsoleta, se comparada com a da Inglaterra
industrializada. Somou-se à crise econômica o fato de a
popularização das ideias iluministas ter formado a opinião de
grande parte dos burgueses, que procuravam, a partir de então,
mudar o estado das coisas guiados por ideias iluministas
como “liberdade, fraternidade e igualdade” – que se tornaram
o lema da Revolução.

O então rei Luís XVI fracassou ao tentar contornar a crise


econômica e a insurreição do terceiro estado. A
chamada “Convocação dos Estados Gerais”, em 1788, só
piorou a situação, pois constituiu uma forte afronta aos anseios
da burguesia. Trabalhadores urbanos, mais conhecidos
como sans-cullottes (sem-calções – os cullottes eram trajes
exclusivos de nobres), camponeses e outros membros do terceiro
estado decidiram convocar
uma Assembleia Nacional Constituinte. O rei mostrou-se
resistente a essa proposta e tentou dissuadir o terceiro estado
através da força do exército.

Em 14 de julho de 1789 um fato emblemático veio à tona: a


tomada da Bastilha pelos sans-cullottes. A Bastilha era a prisão
e o símbolo do Antigo Regime. Seguiu-se a esse fato a
elaboração da Constituição Revolucionária, em 1791, que
primeiramente sintetizou as mudanças estruturais que a
burguesia ansiava, pulverizando a antiga estrutura estamental
absolutista. A separação entre os poderes e o direito de
propriedade eram as principais características da nova estrutura.
A partir desse momento, os franceses não mais seriam súditos de
um rei, mas cidadãos de um Estado constitucional.

A primeira forma de governo efetiva da Revolução Francesa foi,


portanto, uma monarquia constitucional, que procurou equilibrar
os interesses de todos os seguimentos, ou facções, da burguesia.
Contudo, as facções mais radicais, como os jacobinos,
procuraram impor uma república revolucionária com formato
ditatorial. Robespierre foi o principal articulador desse processo.
Esse período ficou conhecido como
“Terror Revolucionário”, sobretudo por conta do número de
decapitações pela guilhotina.

Os desdobramentos posteriores da Revolução Francesa


culminaram na ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, que
inaugurou um novo império na Europa: um império nacional com
um exército nacional formado por cidadãos franceses e não mais
por aristocratas da guerra. Esses acontecimentos prepararam a
Europa, em particular, e o mundo, em geral, para uma nova
configuração política: a dos Nacionalismos e Imperialismos que
marcaram o século XIX.

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