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▪ Direito CONSTITUCIONAL ▪ Caderno de Wantuil Luiz Cândido Holz ▪ ▪ Página 35 ▪

CONTEÚDO: Constituições brasileiras. Estrutura da MATERIAL


Constituição de 1988. Processos formais de alteração DE APOIO
da Constituição.

04
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

▪ Constituição de 1924:

▪ Fato antecedente: Independência do Brasil (07/09/1822).


▪ “Constituição Imperial”.
▪ Começou a ser elaborada democraticamente pela constituinte, até que a
Assembleia Constituinte resolveu subordinar todos à constituição, inclusive o
Imperador. Diante disso, D. Pedro I resolveu outorgar outra constituição.
▪ O Brasil era um Estado com forma unitária e tinha um governo com forma
monárquica (único país da América Latina que, após a independência,
continuou com a monarquia como forma de Governo).
▪ Única constituição semirrígida.
▪ Quadripartição de poderes (modelo do Suíço Benjamin Constant).
▪ Poder Moderador era um fator de equilíbrio destinado a manter a
independência e a harmonia entre os demais poderes.
▪ Religião oficial (Estado Confessional): Católica Apostólica Romana. Única
constituição com religião oficial.
▪ Voto com sufrágio censitário (baseado na renda) e masculino.
▪ Não previa mecanismos de controle de constitucionalidade.
▪ Foi a constituição que mais durou no Brasil, graças a D. Pedro II.

▪ Constituição de 1891:

▪ Fatos históricos:
a) Abolição da escravatura (1888) – fazendeiros foram para oposição.
b) Proclamação da República (1889) – grande relevância dos militares.
▪ O anteprojeto foi feito por Rui Barbosa, que foi aprovado quase na íntegra.
Inspiração na constituição dos EUA.
▪ Adotou o nome “Estados Unidos do Brasil”.
▪ Passou a adotar a forma de Estado Federado (União e Estados).
▪ Passou a adotar a forma de Governo República.
▪ Adotou o sistema de Governo Presidencialista.
▪ Tripartição de Poderes.
▪ Estado laico ou Estado leigo.
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▪ Criação do STF.
▪ Adotou o controle difuso de constitucionalidade.
▪ Amplia os direitos fundamentais e incorpora o “habeas corpus”.
▪ Promulgada (democrática).

▪ Constituição de 1934:

▪ Fatos históricos: Revolução constitucionalista de 1932.


▪ Promulgada (democrática).
▪ Manteve o principal (forma republicana de governo, estado em forma de
federação, sistema de governo presidencialista etc.).
▪ Mudanças: aumento dos poderes da União e diminuição dos poderes
estaduais.
▪ Diminuiu-se a atribuição do Senado, que passou a ser um apêndice da
Câmara dos Deputados.
▪ Influência da Constituição Alemã de Weimar (1919).
▪ Surgimento dos direitos sociais (direitos de segunda dimensão).
▪ Incorpora o voto feminino.
▪ Incorpora o mandado de segurança e a ação popular.

▪ Constituição de 1937:

▪ Fato histórico: Golpe de Estado de Getúlio Vargas.


▪ “A Polaca”: apelido vindo da inspiração polonesa da época.
▪ Outorgada por Getúlio Vargas.
▪ Inventou o “Plano Coehn” para manter-se no poder, uma fraude.
Inclusive o Preâmbulo dessa constituição fazia referência expressa ao risco
de infiltração comunista e fascista e necessidade de medidas extremas.
▪ Concentração do poder no Executivo Federal. Desaparecimento do Senado.
▪ “Federalismo nominal”: no nome era uma federação, mas na prática era um
estado unitário.
▪ Diminuição dos direitos fundamentais.
▪ Desaparecimento do direito de greve.
▪ Desaparecimento do mandado de segurança e da ação popular.
▪ Previsão de pena de morte.
▪ O Brasil era governado por Decreto-Lei.
– EX.: CP e CPP (auge da ditadura Vargas – ler exposição de motivos do
CPP para ter ideia).

▪ Constituição de 1946:

▪ Fatos históricos: Brasil apoiou EUA e aliados na II Guerra (democráticos),


criando um contrassenso, já que o Brasil era autoritário. Vargas deixa o poder.
▪ Foi um resgate da constituição de 1934, principal inspiração.
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▪ Voltou o federalismo real, com aumento dos poderes estaduais em


detrimento do poder federal.
▪ Retorno de direitos fundamentais, como mandado de segurança e ação
popular.
▪ Novidades:
▪ Previsão da capital no Planalto Central.
▪ Surgimento da ADI, na vigência dessa constituição.

▪ Constituição de 1967:

▪ Fatos históricos: Jânio Quadros renunciou (achando que pediriam a volta dele
e ele retornaria com mais força, o que não aconteceu), assumindo o vice João
Goulart, que era da oposição. Militares assumem o Governo, depondo João
Goulart.
▪ Foi outorgada.
▪ Concentração do poder nas mãos do Executivo Federal.
▪ Federalismo volta a ser nominal, a ponto dos governadores estaduais serem
nomeados pelo Presidente.
▪ Aumento da competência da Justiça Militar, que passou a julgar civis.
▪ Brasil era governado por Atos Institucionais.
▪ Teoria da época é de que os atos institucionais não se encaixavam na
pirâmide. O Brasil convivia com duas ordens, a constitucional e a
institucional, sendo que prevalecia a ordem institucional. Os atos
institucionais se sobrepunham à constituição.

▪ EC nº 01/69:

▪ Mudou tanto a CF/67, que chega a ser chamada de Sétima Constituição.


Entretanto, a CF/88 (art. 34, ADCT) chama de EC nº 1 de 1969.
▪ Incorporou os atos institucionais no texto da constituição. AI 5 vedava
“habeas corpus” para crimes contra a segurança nacional.

▪ Constituição de 1988:

▪ Em 01/02/1987 foi instalada a Assembléia Nacional Constituinte, cuja


presidência definitiva ficou a cargo do Deputado Ulysses Guimarães. Diferente
de todas as demais constituintes brasileiras, essa gozou de plena liberdade de
atuação, contando com efetiva participação popular, por meio de 122
emendas, que reuniram doze milhões de assinaturas (dez por cento da
população da época), sem contar as 72.719 sugestões efetivamente
incorporadas ao processo constituinte, e a realização de mais de 400
audiências públicas.
▪ O objetivo do constituinte era pôr um definitivo fim ao Estado burocrático e
autoritário que vigia no Brasil desde os governos militares, perdurando em parte
ou completamente durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, com a finalidade
de resgatar a pretérita democracia e legalidade anunciados nas Constituições
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de 1891, 1934 e 1946, porém não completamente implementadas em razão de


sucessivas crises políticas.
▪ O constituinte de 1988 foi bastante receptivo ao ideário de organização de
um Estado Democrático de Direito e preocupado com a garantia de direitos
fundamentais, razão pela qual esses dois standards tornaram-se o paradigma
da Carta promulgada em 05 de outubro de 1988.
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CONSTITUIÇÃO DE 1988

▪ ESTRUTURA DA CF/88:

▪ A CF/88 é dividida em três partes.

Preâmbulo Parte Permanente ADCT

(1) PREÂMBULO:
▪ Composto de um só parágrafo.
▪ Embora não seja obrigatório, esteve presente em todas as constituições
brasileiras.
▪ É uma carta de vontades, de desejos, de intenções do Constituinte. A
leitura do preâmbulo dá uma ideia do contexto político do país.
– EX.: o preâmbulo da CF/37 dizia “[...] atendendo ao estado de
apreensão criado no país pela infiltração comunista … exigindo
remédios, de caráter radical e permanente [...]”.

▪ Natureza jurídica: Segundo o STF, o preâmbulo não é norma


constitucional, mas tem função de diretrizes interpretativas.
▪ Consequências:
(i) Não é norma de repetição obrigatória pelos estados.
(ii) Não pode ser usado como parâmetro no controle de
constitucionalidade.
(iii) A palavra “Deus” no preâmbulo não fere a Laicidade
(“estado leigo/laico”) do Estado brasileiro.
▪ Do grego “laikós”, laico designava membros da Igreja que
não ocupavam cargos eclesiásticos, ou seja, acreditavam
em Deus mas regiam suas vidas privadas pelos critérios
mundanos.

(2) PARTE PERMANENTE:


▪ Em regra, pode ser objeto de reforma constitucional.

(3) ADCT:
▪ ADCT é norma constitucional (STF).
▪ Consequências:
(i) Pode ser objeto de emendas constitucionais.
– EX.: Arts. 40, 92 e 92-A).
(ii) Pode ser parâmetro de controle de constitucionalidade.
▪ Cuida de assuntos intertemporais.
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▪ O ADCT é um conjunto de normas constitucionais, temporárias (ex.:


CPMF) ou excepcionais (ex.: Plebiscito em 1993, art. 2º, ADCT), sendo essa
a diferença para a parte permanente: Eficácia esgotada ou exaurida.

▪ ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

▪ ELEMENTOS ORGÂNICOS: Organizam a estrutura do Estado.


– EX.: Art. 2º, CF (Poderes).
– EX.: Art. 18, CF (Organização político-administrativa da federação
brasileira).
– EX.: Art. 92, CF (Organização do Poder Judiciário).
– EX.: Orçamento.
– EX.: Art. 144, CF (Segurança Pública).

▪ ELEMENTOS LIMITATIVOS: Limitam o exercício do poder do Estado, fixando


direitos à população.
– EX.: Todas as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais.
– EX.: Corresponde ao não agir do Estado.

▪ ELEMENTOS IDEOLÓGICOS: Fixam uma ideologia estatal.


– EX.: Art. 3º, CF (objetivos fundamentais)
– EX.: Art. 170, CF (princípios da ordem econômica)
– EX.: Direitos Sociais.

▪ ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: Buscam a estabilidade


constitucional em caso de tumulto institucional.
– EX.: Art. 34, CF (intervenção federal).
– EX.: Art. 136, CF (estado de defesa).
– EX.: Art. 137, CF (estado de sítio).
– EX.: Controle de Constitucionalidade.
– EX.: Processo de criação de Emendas Constitucionais.

▪ ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE: “Formais” porque não são


consideradas normas constitucionais, possuindo mera função de diretriz
interpretativa.
– EX.: Preâmbulo.
– EX.: ADCT de eficácia exaurida (ex.: arts. 2º, 3º e 4º do ADCT).

▪ PROCESSOS FORMAIS DE ALTERAÇÃO CONSTITUCIONAL NA CF/88

(A) Revisão Constitucional: art. 3º do ADCT.


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Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados
da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos
membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

▪ A regra estabeleceu que só poderia ocorrer uma vez, cinco anos a partir
da promulgação. Foi realizada em 1993, com a aprovação de seis ECR.
▪ Regras:
▪ Sessão unicameral (as duas casas juntas).
▪ Quórum de maioria absoluta (mais da metade de todos os
membros, portanto, mais fácil que o de EC).

▪ Correntes:
1ªc) Prevalece que as regras de alteração constitucional são
imutáveis, constituindo cláusulas pétreas implícitas. Não pode ser
aprovada uma nova regra de revisão constitucional.
2ªc) Minoritariamente, defende-se a teoria da dupla revisão. face
uma Emenda Constitucional alterando o art. 3º do ADCT, permite-se
novas revisões. Manuel Gonçalves Ferreira Filho, Michel Temer.

(B) Emenda Constitucional: art. 60, CF.

▪ Prevalece que hoje só existe a possibilidade de alterar formalmente a


constituição por meio de Emenda Constitucional.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - a forma federativa de Estado;
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II - o voto direto, secreto, universal e periódico;


III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.

▪ LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMAR A CONSTITUIÇÃO:


(i) Limitações Materiais: matérias que não podem ser suprimidas.
– EX.: Cláusulas pétreas. Forma federativa de Estado. Voto
secreto, universal e periódico.
(ii) Limitações Circunstanciais: circunstâncias nas quais não se pode
emendar a constituição.
– EX.: Durante estado de sítio. Durante estado de defesa.
Durante intervenção federal.
(iii) Limitações Formais ou Procedimentais: procedimento mais
rigoroso para alteração.
– EX.: Quórum de aprovação de 3/5. Duas sessões legislativa de
cada casa.
(iv) Limitações Implícitas: situações reconhecidas pela jurisprudência.
– EX.: não podem ser alteradas as regras de alteração da
constituição (uma EC não pode alterar a sistemática das PEC),
nem o titular do poder constituinte.

▪ INICIATIVA DE PEC.
– 1/3 de deputados federais ou de senadores.
– Presidente da República (desde 1937).
– Mais de ½ das assembleias legislativas, pela maioria simples de
seus membros.
▪ Prevalece o entendimento de que o rol é taxativo, logo, não cabe
iniciativa popular para PEC.

▪ APROVAÇÃO DA PEC:
– Nas 2 casas, em 2 turnos cada.
– Quórum de aprovação de 3/5.
– Não há sanção ou veto presidencial para PEC, sem exceção. Trata-
se de poder constituinte.

▪ PROMULGAÇÃO: atribuição das mesas da Câmara e do Senado (não é a


mesa do Congresso Nacional). Exemplo visual: EC 66.

▪ CIRCUNSTÂNCIAS PROIBITIVAS DE EC:


– Durante intervenção federal num estado ou no DF.
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– Durante estado de defesa (art. 136, CF).


– Durante estado de sítio (art. 137, CF).

▪ PEC REJEITADA: somente poderá ser proposta novamente na próxima


sessão legislativa (ano seguinte).

▪ CLÁUSULAS PÉTREAS (ART. 60 §4º CF): Limites materiais.

I – Forma Federativa de Estado (Federação):


▪ Federação é a união de vários estados, cada qual com uma
parcela de autonomia.
▪ A CF diz que são vedadas emendas constitucionais “tendentes
a abolir” a Federação. Portanto, não é vedada apenas EC que
venha a abolir, mas qualquer uma tendente.
– EX.: uma PEC que reduz excessivamente a competência
dos Estados será inconstitucional.
▪ O sistema de governo presidencialista não é cláusula pétrea.
Pode haver transformação em sistema de governo
parlamentarista.
▪ A forma de governo republicana não é uma cláusula pétrea
expressa na constituição. Segundo a doutrina majoritária e o STF,
a República (forma de Governo) é uma cláusula pétrea implícita
na Constituição.

ELEMENTOS FORMA DE ESTADO FORMA DE SISTEMA DE


DO ESTADO GOVERNO GOVERNO

Povo, Federado. República. Presidencialista.


Território e
Governo Cláusula Pétrea Cláusula Pétrea Norma rígida.
Soberano. Expressa. Implícita.

▪ Soberania brasileira: espaço geográfico, mar territorial


brasileiro (leito e subsolo) e correspondente espaço aéreo.
▪ Espaço geográfico: aproximadamente 8,5 milhões de
quilômetros quadrados.
▪ Mar territorial brasileiro: 12 milhas marítimas, a partir da
linha de baixa-mar do litoral continental e insular.
▪ Zona contígua: das 12 as 24 milhas marítimas. Área de
fiscalização brasileira.
▪ Zona econômica contígua: das 12 as 200 milhas marítimas.
Direitos de soberania para fins de exploração,
aproveitamento, conservação e gestão de recursos
naturais, vivos ou não, das águas sobrejacentes, leito e
subsolo, bem como de estudos científicos e etc.
▪ Plataforma continental: áreas submarinas (leito e subsolo)
que se estendem em prolongamento do espaço terrestre,
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até o limite da zona econômica exclusiva. Direitos de


soberania para fins de exploração, aproveitamento,
conservação e gestão de recursos naturais, vivos ou não,
das águas sobrejacentes, leito e subsolo, bem como
estudos científicos e etc.
▪ Espaço aéreo: sobrejacente ao espaço geográfico e mar
territorial.

II – Voto direto, secreto, universal e periódico:


▪ Voto direto é aquele em que o povo escolhe diretamente seus
representantes. Sem intermediários.
▪ Voto secreto é o voto sigiloso.
▪ Voto universal significa que todos têm o direito de votar.
▪ Voto periódico significa que de tempos em tempos o eleitor
tem o direito de votar.
▪ Voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea (norma rígida).

III – Separação dos Poderes:


▪ Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

IV – Direitos e garantias individuais:

DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIAS FUNDAMENTAIS

▪ São normas de conteúdo ▪ São normas de conteúdo


declaratório. assecuratório.

– EX.: vida, honra, liberdade – EX.: indenização por


de locomoção. danos morais (assegura o
direito à honra); habeas
corpus (assegura liberdade
de locomoção).

▪ Segundo o STF, direitos e garantias individuais não estão apenas


no art. 5º da CF.
– EX.: art. 150, CF: a anterioridade tributária é um direito
individual fundamental do contribuinte.
– EX.: art. 16, CF: a anterioridade eleitoral.
– EX.: Todos os direitos sociais, para o STF, também são
cláusulas pétreas.
▪ Isso é o que o STF chamada de “interpretação ampliativa” ou
“interpretação generosa” das cláusulas pétreas.

▪ Eventual novo direito individual criado por meio de emenda


constitucional é considerado cláusula pétrea?
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– EX.: direito à proteção dos dados pessoais, inclusive


nos meios digitais (art. 5º, LXXIX, CF – EC 115/22).
▪ NÃO. Segundo Gilmar Mendes, devemos ter em mente
que as cláusulas pétreas “se fundamentam na
superioridade do poder constituinte originário sobre o de
reforma”, de maneira que somente o primeiro pode criar
obstáculos à atuação do segundo. Não faria sentido, do
ponto de vista lógico, permitir que o poder reformador crie
limites invencíveis a si mesmo. Assim, conclui Gilmar Mendes
que “não é cabível que o poder de reforma crie cláusulas
pétreas. Apenas o poder constituinte originário pode fazê-
lo”. Caso EC crie um novo direito fundamental, este não
será cláusula pétrea.
▪ É preciso distinguir, contudo, a situação em que uma EC
apenas especifica, detalha ou incrementa um direito
fundamental já criado, sem inovar no rol de direitos. Nesse
caso, ainda que introduzida por EC, a novidade é
considerada cláusula pétrea. Para Gilmar Mendes “é o que
se deu, por exemplo, com o direito à prestação jurisdicional
célere somado ao rol do art. 5º da Constituição pela EC
45/04. Esse direito já existia, como elemento necessário do
direito de acesso à justiça – que há de ser ágil para ser
efetiva – e do princípio do devido processo legal, ambos
assentados pelo constituinte originário”.

▪ PODER CONSTITUINTE DIFUSO / MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL:

▪ Conceito de mutação constitucional: É a mudança da interpretação do texto


constitucional. Muda-se o entendimento (norma) sem alteração do texto
constitucional (dispositivo).
▪ É chamado de “difuso” porque pode ser alterado por qualquer
intérprete, embora o mais importante seja o STF.
▪ É uma modalidade informal de modificação da constituição.
– EX.: Art. 5º, XI, CF: alteração do sentido da palavra “casa”.
Inicialmente era sinônimo de residência; hoje, envolve: residência,
quarto de hotel, trailer, local de trabalho não aberto ao público em
geral.
– EX.: Art. 52, X, CF: participação do Senado no controle difuso de
constitucionalidade. O STF recentemente tem afirmado que se trata
de mera comunicação.
– EX.: ADI 5127 (2015): “contrabando legislativo”. O STF manteve
como válidas todas as inclusões parlamentares sem pertinência
temática com a Medida Provisória de origem até 15/10/2015,
decidindo notificar o Congresso Nacional de que a partir daquela
data o procedimento é considerado inconstitucional.
– EX.: Mudança de entendimento sobre cabimento de execução
provisória de pena (interpretação do art. 5º, LVII, CF). Até 2009, STF
▪ Direito CONSTITUCIONAL ▪ Caderno de Wantuil Luiz Cândido Holz ▪ ▪ Página 46 ▪

admitia execução penal privsória. HC 84.078/STF (J. 05/02/09) proibiu


execução penal provisória. HC 126.292/STF (J. 17/02/16) permitiu
execução penal provisória. ADC’s 43, 44 e 54 (J. 07/11/19) proibiu
execução penal provisória.

▪ PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL: Trata-se de um conceito remodelado de


supremacia, que busca a fonte de validade na cidadania universal, com vontade
de integração e pluralismo de ordenamentos jurídicos.

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