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FURTO

“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”

Bem jurídico tutelado: patrimônio (propriedade, posse e detenção).


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer um (crime comum), bem como o
sujeito passivo pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: consiste em apoderar-se o agente, para si ou para outrem, de coisa alheia
móvel, tirando-a de quem a detém (diminuindo-se o patrimônio da vítima) O apoderamento
pode ser direto (apreensão manual) ou indireto (valendo-se de interposta pessoa ou animal).
Voluntariedade: é o dolo, consistente na vontade consciente de apoderar-se
definitivamente de coisa alheia, para si ou para outrem.
Consumação e tentativa: segundo o STF e STJ, a consumação se dá quando a coisa
subtraída para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo,
independentemente de deslocamento ou posse manda e pacífica (ex: empregada doméstica). A
tentativa é possível.

# - há crime no caso do “batedor de carteira” que erra o bolso da vítima, escolhendo o bolso
vazio?

R: no caso de apenas errar o bolso, isto é, escolhendo um bolso sendo que a carteira
se encontra o outro, haverá tentativa de furto, já que o patrimônio da vítima foi colocado em
risco. Entretanto, no caso da vítima não estar portando a carteira, será hipótese de crime
impossível.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada, observada as exceções do art. 182 do
CP.

Majorante: repouso noturno (§1º):

“§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso


noturno”.

O critério para definir repouso noturno é variável, não se identificando com a noite,
mas sim com o tempo em que a cidade ou local costumeiramente recolhe-se para o repouso
diário. Assim, repouso noturno pode ser todo o período em que, à noite, pessoas se recolhem
para descansar.

Questão:

(PC/SP – PERITO CRIMINAL – VUNESP – 2013) O autor do crime de Furto terá sua pena
aumentada de um terço se o delito for praticado

A) mediante emprego de chave falsa.

B) mediante concurso de duas ou mais pessoas.


C) mediante abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza.

D) mediante destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.

E) durante o repouso noturno.

Furto privilegiado (§2º):

“§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode


substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa”.

A coisa subtraída de pequeno valor, segundo a jurisprudência, é aquela que não


ultrapassa a importância de um salário-mínimo (não se leva em consideração o prejuízo
suportado pela vítima, mas apenas o valor do objeto subtraído).

Questão:

(PC/SP – PAPILOSCOPISTA – VUNESP – 2013) Estabelece o art. 155, § 2.º do CP como requisitos
necessários para que, no crime de furto, o juiz aplique somente a pena de multa, ser o criminoso

A) confesso e de insignificante valor a coisa subtraída.

B) primário e de pequeno valor a coisa furtada.

C) não reincidente e portador de condições pessoas favoráveis, como domicílio fixo e ocupação
lícita.

D) menor de 21 (vinte e um) anos ou maior de 70 (setenta) anos e que proceda à restituição
voluntária da coisa subtraída.

E) confesso e que proceda à restituição voluntária da coisa subtraída.

Cláusula de equiparação (§3º):

“§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha


valor econômico”.

Conforme acima, além de se tratar de energia elétrica, deve possuir valor econômico.
Não obstante, a finalidade do agente deve ser a subtração de energia. Nesse sentido, após muita
discussão, o STF entendeu ser atípico (não é crime) a ligação clandestina de sinal de TV a cabo,
vez que o objeto pretendido não seria a energia, tampouco seria esta a finalidade do agente,
mas sim o mero desfrute de canais (vedação de analogia in malam partem).

Qualificadoras (§§ 4º, 5º e 6º):


“§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa:

Trata-se da degradação, arrombamento, rompimento, fratura, demolição, destruição,


total ou parcial, de quaisquer objetos (ex: fechaduras, cadeados, cofres, etc.) ou construções
(muros, tetos, portas, janelas, etc.), que dificultem a subtração da coisa visada pelo agente.

# - e a violência que recai sobre o próprio objeto do furto?


R: ___________________________________________________________________

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza:

No caso do abuso de confiança, exige-se um especial vínculo de lealdade ou de


fidelidade entre a vítima e o agente, sendo irrelevante, por si só, a simples relação de emprego
ou de hospitalidade; já no furto mediante fraude é empregado pelo agente meio enganoso capaz
de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração (ex: o agente se veste
de funcionário de companhia telefônica para ingressar na residência da vítima e subtrair-lhes
bens); o furto mediante escalada qualifica o crime quando cometido por via anormal para
ingressar no local em que se encontra a coisa visada, não necessariamente a subida, podendo
se dar, por exemplo, a penetração via subterrânea. Para o reconhecimento da qualificadora,
exige-se que a escalada seja fruto de um esforço fora do comum, não bastando a mera
transposição facilmente vencível (saltar muro baixo, por exemplo); e no furto mediante destreza
o agente, por meio de peculiar habilidade física ou manual, pratica crime sem que a vítima
perceba que está sendo despojada de seus bens (ex: batedores de carteira).

III - com emprego de chave falsa:

Chave falsa é todo o instrumento, com ou sem forma de chave, destinado a abrir
fechaduras (ex: michas, grampos, pregos, arame, etc.).

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas:

Questão:

(PC/SP – ESCRIVÃO – VUNESP – 2014) Qualifica o crime de furto, nos termos do art. 155, § 4.º
do CP, ser o fato praticado.

A) em local ermo ou de difícil acesso.

B) contra ascendente ou descendente.

C) durante o repouso noturno.

D) com abuso de confiança.

E) mediante emprego de arma de fogo.


Basta que o furto seja praticado por duas ou mais pessoas, coautores ou partícipes.

§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Trata-se do crime de furto capaz de gerar perigo comum à qualquer pessoa que esteja
nas proximidades, diante do emprego de explosivo.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo


automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior:

Aqui, o agente deve conseguir transportar o veículo automotor para outro Estado ou
para o exterior, pois, do contrário, na hipótese de ser interceptado pela polícia antes de
ultrapassar as fronteiras do respectivo Estado, responderá por furto simples (ou qualificado,
dependendo do caso), não sendo hipótese de tentativa da presente qualificadora.

§ 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de


semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração”. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)

Semovente é a definição jurídica dada ao animal criado em grupos (bovinos, suínos,


caprinos etc.) que integram o patrimônio de alguém, passíveis, portanto, de serem objetos de
negócios jurídicos. A lei claramente não abrange os animais selvagens, mas somente os
domesticáveis, mesmo que já abatidos ou divididos em partes. Os animais devem ser, ainda, de
produção, isto é, preparados para o abate e comercialização. Não abrange apenas os
quadrupedes, mas também os bípedes e ápodes (animais desprovidos de membros
locomotores, como répteis).

§ 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for


de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.”
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Diversamente do que ocorre com a qualificadora do §4-A, aqui a finalidade foi punir o
criminoso antes mesmo de utilizar o explosivo para furtar, pois pune-se o próprio furto do
artefato explosivo, objetivando prevenir futura utilização da explosão para a subtração
patrimonial alheia.

Nova qualificadora e majorantes introduzidas pela Lei nº 14.155/2021 (§§ 4º-B e 4º-
C):
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto
mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo
de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.

Trata-se do crime de furto que ocorre de forma eletrônica por meio de invasões (vírus,
acessos não autorizados, programas maliciosos, etc.

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado


gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante
a utilização de servidor mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou
vulnerável.

Questão:

(PC/SP – INVESTIGADOR – VUNESP – 2022) A respeito dos crimes contra o patrimônio, previstos
no Código Penal, assinale a alternativa correta.

A) O furto mediante fraude, cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, é


punido de forma qualificada, com pena idêntica às demais hipóteses qualificadoras.

B) O emprego de arma branca ou de fogo é causa de aumento do crime de roubo, que pode
dobrar a pena, a depender do tipo de arma.

C) São crimes de ação penal pública condicionada à representação o furto de coisa comum, o
esbulho possessório, o de dano e o de estelionato.

D) O crime de dano e o crime de receptação admitem a modalidade culposa.

E) No crime de estelionato, ainda que primário o agente e de pequeno valor o prejuízo, por
expressa vedação legal, não se aplica a redução da pena prevista para o crime de furto.

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