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§ 14º Os crimes patrimoniais.

I. A estrutura do direito penal patrimonial.

CASO nº 14: A desloca-se ao Porto e como tem aí que fazer durante umas horas deixa o
carro numa estação de lavagens e recolhas, perto da Baixa. Depois voltará para pagar e levar o

carro, lavadinho e a reluzir como nos primeiros dias em que andou com ele. A meio da tarde,

B, que sempre se entusiasmou com aquela marca de automóveis, dirige-se à estação de

recolhas, onde é atendido pelo empregado C. Fingindo ser o dono do carro, paga e recebe de

C as chaves da viatura, ausentando-se nela, feliz por ter conseguido dar um golpe bem urdido

e melhor executado.

Responsabilidade de B e C.

A protecção de valores patrimoniais conta com diferentes tipos de ilícito no

direito penal vigente (Título II), desde o furto e o roubo, ao abuso de confiança,

burla, extorsão, infidelidade, receptação, furto de uso e dano. Existem outros

tipos de ilícito que não foram incluídos no título apontado mas que reflectem,

mais ou menos acentuadamente, a lesão ou o pôr em perigo de bens jurídicos

patrimoniais. Os que mais claramente fazem parte desse elenco são as

falsificações (artigos 255º e ss.) e alguns dos crimes de perigo comum (artigos

272º e ss.), que se dirigem a uma pluralidade indeterminada de bens jurídicos,

incluindo de índole patrimonial.

Podem apontar-se diferentes modalidades de acção (subtracção, engano ou

indução em erro, coacção, violação da confiança, etc.) e proceder ao

alinhamento conforme o bem jurídico protegido: crimes contra a propriedade,

crimes contra o património em geral e crimes contra direitos patrimoniais.

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0A criminalidade económica está representada de modo difuso na parte especial do Código

pelas exigências de acentuada autonomização de que gozam os tipos de ilícito do que se

convencionou chamar o direito penal económico (Wirtschaftsstrafrecht). A este propósito,

acentua-se a ideia da subsidiaridade e fragmentaridade do direito penal no domínio

económico, pondo-se por vezes em confronto o direito penal económico com as categorias

e os princípios do direito penal patrimonial. Na parte geral do Código estão abertas vias

para a punição da actuação em nome de outrem, em contacto com a criminalidade ligada

às pessoas colectivas (artigos 11º e 12º). O regime legal das infracções antieconómicas

consta especialmente do Decreto-Lei nº 28/84, de 20 de Janeiro. Na doutrina nacional

revela-se do maior interesse, entre outros, a consulta dos seguintes trabalhos: Jorge de

Figueiredo Dias/Manuel da Costa Andrade, Sobre os crimes de fraude na obtenção de

subsídio ou subvenção e de desvio de subvenção, subsídio ou crédito bonificado, RPCC 4

(1994), p. 337; Jorge de Figueiredo Dias, Sobre o crime antieconómico de açambarcamento,

Rev. de Direito e Economia (1976), p. 153; Eduardo Correia, Introdução ao direito penal

económico, Rev. de Direito e Economia, (1977), p. 3; Jorge de Figueiredo Dias/Manuel da

Costa Andrade, Problemática geral das infracções contra a economia, BMJ-262; Carlos

Codeço, Delitos económicos. Decreto-Lei nº 28/84 (comentado). Legislação complementar,

1986; A. Henriques Gaspar, Relevância criminal de práticas contrárias aos interesses dos

consumidores, BMJ-448-37; Mário Ferreira Monte, Da protecção penal do consumidor,

dissertação de mestrado, 1966. Numa publicação do CEJ, com o título “Direito Penal

Económico”, 1985, reunem-se os textos de algumas conferências sobre o tema, podendo

destacar-se as de José Faria Costa, O direito penal económico e as causas implícitas de

exclusão da ilicitude, e de Manuel da Costa Andrade, A nova lei dos crimes contra a

economia (Dec.-Lei nº 28/84, de 20 de Janeiro) à luz do conceito de “bem jurídico”. Cf.,

por último, Germano Marques da Silva, Notas sobre o regime geral das infracções

tributárias, Direito e Justiça, 2001, tomo 2; e Gabriela Páris Fernandes, O crime de

distribuição ilícita de bens da sociedade, Direito e Justiça, 2001, tomo 2. Ultimamente têm-

se multiplicado os casos de fraude na obtenção de subsídio ou subvenções e de desvio

ilícito dos mesmos, de fraude fiscal, de abuso de confiança fiscal e outros.

II. Crimes contra a propriedade. Crimes contra o património

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São crimes contra a propriedade, entre outros, o roubo (210º), o furto (203º), o

abuso de confiança (205º), mas também o dano (212º). O bem jurídico protegido

é a propriedade sobre uma coisa determinada. “O Código adopta uma

concepção nuclear de crimes contra o património que mantém a propriedade

como bem jurídico principal, na interpretação que a doutrina e a jurisprudência

tradicionalmente deram ao conceito de propriedade para fins criminais” (Cunha

Rodrigues, p. 519). Ihering referia-se à propriedade como a periferia alargada de

uma pessoa e essa ideia pode ainda surpreender-se na sistemática do Código. O

bem jurídico protegido com essas normas incriminadoras é o poder de fruição,

de disposição e de gozo (artigo 1305º do CC), ou seja, o complexo de direitos

que traçam o perfil do direito de propriedade em sentido amplo (Codeço, p.

333).

Relação de propriedade, relação de gozo. Acontece que a questão nem sempre

se esgota na simples relação de propriedade que é ofendida. Por ex., com o

crime de furto acontece coincidirem na vítima "as qualidade de proprietária e

fruidora do gozo (posse e mera posse) atinente à utilidades da coisa", mas em

muitos casos verifica-se "uma separação ou um corte, juridicamente aceite e até

tutelado, entre aquelas duas qualidades. Daí que em termos de lógica material, e

não na base de uma pura e estéril relação jurídica formal, custe a admitir-se que,

se entre o que tem a coisa e a própria coisa existe tão-só uma relação de mera

posse, se diga que o bem jurídico violado tenha sido a propriedade. Quem é

ofendido na fruição das utilidades que da coisa podem ser retiradas é, na

hipótese anterior, o mero possuidor. Daí que a relação jurídico-penalmente

relevante seja a relação de gozo". Cf. José de Faria Costa, Conimbricense, II, p. 31.

Sendo actualmente o crime de furto simples de natureza semi-pública (artigo

203º, nºs 1 e 3, e 113º e ss.), para efeitos de legitimidade quanto ao exercício do

direito de queixa, na questão da titularidade do interesse o que conta é a

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disponibilidade da fruição das utilidades da coisa com um mínimo de

representação jurídica (vd. desenvolvimentos no comentário citado do Prof.

Faria Costa).

O dano e o abuso de confiança são puros crimes contra a propriedade, mas no

roubo viola-se ainda a liberdade de determinação da vítima. A classificação

segundo a modalidade da acção mostra que no dano a lesão da propriedade se

esgota num acto unilateral de feição negativa, enquanto noutros a subtracção

tem por fim a deslocação patrimonial da coisa alheia de que o agente, ao

contrário do que acontece no dano, se quer apropriar. No abuso de confiança, o

agente, a quem a coisa alheia foi entregue por título não translativo da

propriedade, passa a dispor dela animo domini, de tal forma que o crime é,

estruturalmente, a forma de apropriação mais simples. Outra distinção passa

pela punição do furto qualificado, onde se desenham dois escalões de diferente

gravidade, reflectida nas correspondentes molduras penais. A mesma

construção típica espelha-se no abuso de confiança, onde a forma mais grave

goza de um tratamento ainda assim menos severo face à norma homóloga do

furto. As situações de privilégio (artigo 207º), referidas tanto ao furto simples

como ao abuso de confiança simples, não têm expressão própria ao nível da

moldura penal, mas o respectivo procedimento criminal depende de acusação

particular. A restituição da coisa ou a reparação do prejuízo (artigo 206º), se

forem integralmente realizadas, conduzem à especial atenuação da pena, que é

apenas facultativa no caso de restituição ou reparação parcial. O Código prevê

ainda, por um lado, o furto de uso, mas unicamente de veículo (artigo 208º). A

diferença entre uso e apropriação da coisa é importante na prática, porque o

furto de uso não é geralmente punido. A apropriação ilegítima em caso de

acessão ou de coisa achada (artigo 209º) é também sancionada, mas de forma

menos severa do que o furto simples. A receptação (artigo 231º, nºs 1 e 2) é um

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dos crimes contra direitos patrimoniais. Pode estar em causa uma coisa

determinada, mas o decisivo é a perpetuação de uma situação patrimonial

ilegítima. O artigo 259º (danificação ou subtracção de documento ou notação

técnica), pela sua amplitude, poderia estar incluído no capítulo dos crimes

contra direitos patrimoniais, mas, por uma questão de atracção material (razões

sistemáticas), achou-se preferível incluí-lo nas falsificações (Actas, acta da 14ª

sessão). O preceito tem uma grande amplitude, que porém se pode resumir pela

consideração teleológica da protecção da destinação probatória do documento.

Não está em causa o prejuízo resultante da sua destruição ou inutilização

(Actas, acta da 14ª sessão), isto é, uma perspectiva essencialmente económica,

que faria reverter a actuação para o âmbito dos crimes patrimoniais. É neste

domínio que se fala na função de filtro do conceito de documento. Logo se vê

que pode haver subtracção de documento que integre o crime de furto (ou de

roubo) e não o do artigo 259º. O desenho típico do artigo 259º acompanha em

parte o do artigo 212º (dano). O legislador combinou também aí diversas

formulações teóricas, do mais grave ao menos grave, para melhor traduzir o

dano/violação (cf. as palavras do Prof. Faria Costa), igualmente implícito no

crime patrimonial de dano (“quem destruir, danificar ou tornar não utilizável

coisa alheia”). Em suma, se a coisa for descaracterizada, isto é, se não prevalecer

a sua função de documento (ou de notação técnica), a conduta do agente recai

na previsão dos artigos 203º (furto) ou 212º (dano).

CASO nº 14-A. Crime de subtracção de documento do artigo 259º, nº 1; crime

de falsificação de documento do artigo 256º, nº 1, alínea a).

A, tendo-se aproveitado do facto de, por engano, ter sido colocado, na sua caixa do correio

um vale postal dos CTT, destinado a outra pessoa, fica na posse do mesmo, e depois de ter

forjado um falso endosso, apondo no verso do título, pelo seu punho, uma assinatura com o

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nome do beneficiário, depositou-o numa sua conta bancária, onde lhe foi creditado. Acórdão

do STJ de 11 de Outubro de 2001, CJ, 2001, ano IX, tomo III, p. 192.

Nos crimes contra o património em geral já não se trata da coisa

individualizada, como nos crimes contra a propriedade. O exemplo mais

importante dos crimes contra o património em geral é a burla (artigo 217º). É

certo que na burla o objecto da intenção do agente pode bem ser uma coisa

determinada, mas a final o que marca a diferença é a perda patrimonial sofrida.

Na burla são decisivos critérios de valor, não já a determinação da propriedade.

O objecto da extorsão (artigo 222º) pode ser qualquer disposição patrimonial e

isso a distingue do roubo, onde é uma coisa móvel alheia. Na usura (artigo 224º)

estão ainda em causa, por exemplo, a exploração de uma situação de

necessidade, de anomalia psíquica ou de fraqueza de carácter.

Bem jurídico protegido e estrutura dos crimes contra o património em geral.

Como se viu, nos crimes de “apropriação”, como o furto, o abuso de confiança e

o roubo, o objecto da acção é uma coisa determinada. Acontece o mesmo no

crime de dano em coisas — ainda que não deixe de se acentuar que a norma que

prevê e pune o dano visa proteger quem é ofendido na fruição das utilidades

que das coisas pode ser retirada, ou seja, o mero possuidor (acórdão da Relação

de Évora de 26 de Fevereiro de 2002, CJ 2002, tomo I, p. 280). São tipos de ilícito

onde o bem jurídico protegido é a propriedade. Diferente é o caso da burla, da

extorsão ou da infidelidade, que são autênticos crimes patrimoniais, onde está

em causa, não tanto um determinado objecto, mas o património em geral.

Nestes não se pode dizer que a intenção do agente se dirige a uma coisa

determinada, pois as relações de proprietário desempenham neles um papel

menor. O que sobretudo está em causa é a causação de um prejuízo patrimonial

como elemento do crime, opera-se agora com um critério de prejuízo referido à

situação patrimonial do lesado entendida como um todo. Por outro lado, a

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intenção do agente é dirigida a uma vantagem patrimonial: o agente actua com

ânimo de enriquecimento, embora haja excepções, como na "infidelidade", onde

se prescinde deste elemento.

O bem jurídico protegido é o património, o património como um todo, mas na

extorsão (artigo 222º) encontra-se ainda protegida a liberdade de determinação do

sujeito. No auxílio material (artigo 232º) o objecto do auxílio será normalmente

uma vantagem patrimonial, mas na 1ª Comissão revisora reconheceu-se que a

tutela estava igualmente associada a valores de ordem moral ou outros. Na

infidelidade (artigo 224º), há quem descortine a protecção de uma especial relação

de confiança. Na burla (artigo 217º), onde ressalta o elemento engano, pretende-

se que a verdade e a honestidade no tráfico estão também protegidas. É um modo

de ver que entronca na história deste crime, pois a burla já foi vista como um

crime de perfídia, era estelionato, à imagem da salamandra, animal que exposto

aos raios solares toma cores diferentes.

Historicamente, a burla está associada às falsificações (crimen falsi) e ao furto, de que só

começou a distanciar-se nos tempos da Revolução francesa. Na sua conformação actual, a

burla é produto de uma sociedade evoluída, “é filha do século dezanove”. Desprendeu-se a

certa altura de uma específica actuação (por ex., a falsificação de um documento) e fixou-se

num resultado — o prejuízo patrimonial. Reconheceu-se que era essencial agir “con altrui

dano” (cf., por ex., o artigo 640 do Código Penal italiano de 1930). Quando, a seguir, se chegou

à conclusão de que “il danno deve avere indole economica”, o ilícito passou a situar-se

inequivocamente na órbita dos crimes patrimoniais.

III. Os crimes contra o património em geral e o património. Noção jurídica.

Noção económica. Noção mista de património.

“A discussão em torno do conceito jurídico-penal de património foi iniciada pela doutrina

germânica e os termos em que se desenvolveu foram-lhe postos pela tipificação da causação

de um prejuízo patrimonial como elemento do crime de burla (§ 263 do StGB) já que a

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verificação do prejuízo implica, naturalmente, a definição da coisa prejudicada. Em

consequência, a disputa doutrinal centrou-se no crime de burla” (Pedro Caeiro, p. 63). Ainda

assim, o conceito é válido também para a extorsão e a infidelidade. Ora, “quando o BGH

caracterizou o património como “a soma de todos os bens avaliáveis em dinheiro depois de

subtraídas as dívidas” não fez mais do que comprimir numa fórmula um dos possíveis

significados da noção de património” (Eser, p. 100). É a concepção económica, em certa altura

dominante. As outras são a concepção jurídica e a jurídico-económica.

A noção jurídica de património de um sujeito de direito exprime-se na “soma de todos os seus

direitos e obrigações patrimoniais” (Binding, Merkel), sem se ter em atenção o correspondente

valor económico. Prejuízo patrimonial identifica-se com a perda de direitos, conforme a noção

corrente no direito civil. Existem, todavia, situações em que a coisa, ainda que desprovida de

valor económico objectivo, tem um valor de ordem subjectiva para quem a possui. A perda de

um direito, por exemplo, o direito de propriedade sobre uma coisa que não é suceptível de

apreciação pecuniária, justifica a intervenção do direito penal desde que o objecto seja dotado

de um sério valor afectivo, convocando a incriminação do facto e, por acréscimo, a reparação

do dano moral respectivo. Tal objecto não pode, portanto, considerar-se estranho ao

património do lesado (Manso-Preto, p. 547). Além disso, como tratar certas “posições” ou

certos valores económicos ainda não consubstanciados em direitos, como as relações

comerciais, o “know how”, ou uma ideia revolucionária do ponto de vista técnico que não

passou ainda da cabeça do seu inventor? (cf. Blei, p. 216). Por isso, no outro extremo, há quem

sustente que a ideia de património é em primeira linha uma noção da vida económica:

património é poder económico, é tudo aquilo que tem valor do ponto de vista das relações

económicas de uma pessoa, o complexo dos seus bens empiricamente avaliáveis em dinheiro,

ou o conjunto dos bens que estão no seu poder de disposição. Os direitos serão patrimoniais

na medida do seu valor económico, havendo valores económicos de feição patrimonial

independentemente da sua integração jurídica na forma de propriedade, direitos de autor,

etc., isto é, à margem da sua tutela por um direito subjectivo “(expectativas, chances,

titularidades), mas carecidas de tutela penal” (Pedro Caeiro, p. 65).

O conceito estritamente económico mostra-se igualmente pouco satisfatório. Num exemplo

corrente, se alguém se apropria de coisa alheia e no lugar dela deixa o valor correspondente

em dinheiro, não haveria furto, por falta da correspondente diminuição patrimonial. Por

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outro lado, qualquer diminuição de utilidades teria como equivalente necessário um dano

patrimonial. A crítica principal a uma concepção assim moldada é a da protecção que

concede a “posições” patrimoniais ilegítimas, que se encontram “proibidas ou qualificadas

como ilícitas por outros ramos de direito” (Figueiredo Dias, Crime de emissão de cheque sem

provisão, parecer, in CJ, ano XVII (1992), p. 71). Ninguém dirá que faz parte do património um

plano infalível e cuidadosamente elaborado para assaltar um banco ou a posse de uma

quantidade apreciável de dinheiro falso, já que não há maneira de o converter por processos

que não sejam proibidos.

A opinião geralmente acolhida vale-se da noção mista de património: o património é o

conjunto unitário de posições com valor económico (concepção económica), mas cobre-se

com o manto da protecção da ordem jurídica. O património abrange assim o conjunto das

“situações” e “posições” com valor ou utilidade económica, de que é titular uma pessoa,

“protegidas pela ordem jurídica” (Welzel) ou “pelo menos sem serem por ela desaprovadas”

(Gallas). É a soma dos bens economicamente valiosos que uma pessoa detém com a aprovação

do ordenamento jurídico (“unter Billigung der rechtlichen Güterordnung innehat”: Cramer,

apud Harro Otto, p. 207; ainda, Figueiredo Dias, parecer, cit.). Ou, na lição de Blei, “devem

incluir-se no património todas aquelas “posições” com valor económico que pelo menos

possam ser realizadas por vias que não sejam proibidas pelo direito.” Reconhece-se assim a

inclusão no conceito de património, além dos direitos subjectivos patrimoniais (v. g., a

propriedade ou a posse), a que se restringe a tese jurídica, dos "lucros cessantes e demais

expectativas de obtenção de vantagens económicas” (Figueiredo Dias, parecer, cit.;

Dreher/Tröndle, p. 1298). Como tal, são objecto de protecção no âmbito dos crimes

patrimoniais.

A propósito do crime de burla. No plano prático, a jurisprudência em matéria

de burla constituiu desde sempre uma amostra completa e muitas vezes

pitoresca da sociedade. Qualquer sociólogo tenderia a ver nas decisões mais

recentes um reflexo das grandes particularidades da nossa época.

* A, intermediário na venda de uma fracção de imóvel para habitação, celebrou um contrato-

promessa com o comprador (B); fez constar nesse documento como valor de venda o de 2900

contos e que recebera “a título de sinal e princípio de pagamento”, a quantia de 150 contos.

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Todavia, i) o preço para a venda fixado pelo dono (C) fora de 3000 contos e o que A veio a

acordar com o adquirente foi o de 3050 contos; ii) este entregou àquele a quantia de 300 contos

como sinal e princípio de pagamento; iii) o arguido interveio na qualidade de gestor de

negócios do queixoso, bem sabendo que não dispunha de poderes para esse efeito (acórdão

do STJ de 17 de Junho de 1993, BMJ-428-297).

* Cometem o crime de burla dois indivíduos (A e B) que determinam terceiro (C) a entregar-

lhes dinheiro, mediante persuasão de que um deles tinha o poder suposto de fabricar notas e

lhe ia ensinar a fabricá-las (ac. do STJ de 14 de Outubro de 1959, BMJ-90-413).

* "O crime de burla apresenta-se como a forma evoluída de captação do alheio em que o

agente se serve do erro e do engano para que incauteladamente a vítima se deixe espoliar. O

burlado, nas hipóteses de erro, como de engano, só age contra o seu património ou de

terceiros por que tem um falso conhecimento da realidade. Simplesmente esse seu falso

convencimento nasce, no caso do mero engano, da mentira que lhe é dada a conhecer pelo

burlão. A vítima, ao ser induzida em erro toma uma coisa pela outra, pertencendo ao agente a

iniciativa de causar o erro. Na manutenção do erro a vítima desconhece a realidade, o agente,

perante o erro já existente, causa a sua persistência, prolongando-o, ao impedir, com a sua

conduta astuciosa ou omissiva do dever de informar, que a vítima se liberte dele. O segundo

momento do crime de burla é a prática de actos que causem prejuízos patrimoniais. Tem de

existir uma relação entre os meios empregues e o erro e o engano, e entre estes e os actos que

vão directamente defraudar o património de terceiros ou do burlado. Mas se o engano é

mantido ou produzido e se lhe segue o enriquecimento ilegítimo—no sentido civil do termo,

aquele que não corresponde objectiva ou subjectivamente a qualquer direito—em prejuízo da

vítima, não há lugar a indagações sobre a idoneidade do meio empregue, considerado

abstractamente. Da mesma forma não importa apurar se esse meio era suficiente para enganar

ou fazer cair em erro o homem médio suposto pela ordem jurídica, uma vez que uma

eventual culpa da vítima não pode constituir uma desculpa para o agente. O ofendido

entregou ao arguido a quantia de 4.000.000$00, sabendo que este, na altura, aceitava depósitos

em dinheiro, sobre os quais pagava o mesmo juro da Organização D. Branca — 10 % ao mês

— e este aceitou esse depósito comprometendo-se a pagar os juros mensais de 10% sobre ele.

Por sua vez, o réu comprometeu-se perante o ofendido a pagar-lhe juros mensais de 10%

sobre a quantia depositada. Nesta parte do processo causal reside o engano em que o réu fez

cair o ofendido que lhe entregou a aludida importância tão-só por estar convencido de que o

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réu detinha tal quantia e estava em condições de pagar juros mensais de 10 por cento. O

engano utilizado pelo réu, para se apropriar de bens do ofendido, consistiu precisamente no

facto de lhe prometer pagar juros de 10 por cento ao mês, sabendo de antemão que tal lhe era

impossível, estando numa situação económica difícil e tendo vendido muitos dos seus bens de

raiz. A inverosímil ingenuidade do ofendido não pode constituir desculpa para o agente. O

certo é que o arguido pagou ao ofendido tão só 100 contos respeitante a juros, tendo-se

ausentado para fora do país, sabendo o réu que estava a provocar uma diminuição

patrimonial ao ofendido. Tem-se assim verificado: o engano do ofendido, a prática de actos

causadores de prejuízo patrimonial com o consequente enriquecimento ilegítimo" (ac. do STJ,

de 19 de Dezembro de 1991/12/91, BMJ-412-234.

* No crime de burla é necessário que o elemento “agir astuciosamente” se junte

limitativamente ao dolo específico, de tal forma que, mesmo havendo a intenção de

enriquecimento ilegítimo, o modo pelo qual se realiza essa intenção se revele engenhoso,

enganoso, criando a aparência de realidades que não existem, ou falseando directamente a

realidade. O arguido, que obteve um empréstimo com a alegação de que o mesmo se

destinava à compra de um armazém, que, depois, daria de hipoteca ao credor, livre de

quaisquer ónus ou encargos, fazendo-se a prova de que o credor não lhe concederia tal

empréstimo se soubesse que, afinal, ele já tinha, não apenas comprado o armazém, como até

arrendado, comete um crime de burla. Este crime tem como requisitos que o agente: - tenha a

intenção de obter para si, ou para terceiro, um enriquecimento ilegítimo; - com tal objectivo,

astuciosamente, induza em erro ou engano o ofendido sobre factos; - e dessa forma determine

o mesmo ofendido à prática de actos que causem a este, ou a outra pessoa, prejuízos

patrimoniais. Quanto ao elemento “astuciosamente”, estão a doutrina e a jurisprudência de

acordo em que se trata de uma exigência que se vem juntar limitativamente ao dolo específico

(v. Actas da Comissão Revisora do Cód. Penal, 1979, pág. 138, e Cód. Penal Anotado, Maia

Gonçalves, 3ª ed., 464), de tal forma que, “mesmo havendo a intenção de enriquecimento

ilegítimo, o modo pelo qual se realiza essa intenção tem de se revelar engenhoso, enganoso,

criando a aparência de realidades que não existem (dizendo ou fazendo crer que existe o que

não existe) ou falseando directamente a realidade (manifestando expressamente uma

mentira)” (ac. da Relação de Coimbra, de 1 de Junho de 1983, Col. Jur., Ano VIII, t. 3, pág. 98).

* Pratica o crime de burla prevista no artigo 313º, nº 1, do CP-82, aquele que atribui ao veículo

qualidades que este não tem e que ele bem sabia não ter, ao mesmo tempo que oculta defeitos

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graves que conhecia e não revelou, sendo que sem tais falsidades e sem as omissões cometidas

não teria obtido a adesão do comprador (acórdão do STJ de 13 de Janeiro de 1993, BMJ-423-

214) (nota: em sentido contrário, o ac. do STJ de 4.11.87, cit. em Maia Gonçalves, Cód. Penal,

anot. ao artº 313º).

* São elementos constitutivos do crime de burla: o intuito de obter enriquecimento ilegítimo,

através de erro ou engano sobre factos, que astuciosamente determinem outrem à prática de

actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuízos patrimoniais. Integra o elemento

enganoso, o facto de os arguidos após prévio acordo se dirigirem ao ofendido, fazendo-lhe

crer que eram pessoas sérias e de boa capacidade económica, prontificando-se a emitir

cheques e letras, tendo com base nisso obtido a entrega do veículo por parte do ofendido

(acórdão do STJ de 31 de Janeiro de 1996, processo nº 48746 - 3ª Secção, Internet).

* Comete o crime de burla o arguido que induz o ofendido em erro tendo-lhe referido que

mediante a entrega de uma quantia monetária podia falar com o examinando para que este

lhe facilitasse a feitura do exame de condução (ac. do STJ de 14 de Fevereiro de 1996, processo

nº 48597 - 3ª Secção, Internet).

* Comete o crime de burla o arguido que faz publicar um anúncio num jornal para venda de

um terreno, dizendo que este era óptimo para construção, disso convencendo o ofendido, que

lho comprou, quando bem sabia que a construção era ali proibida (acórdão do STJ de 5 de

Junho de 1996, CJ, ano IV (1996, t. 2, p. 191).

* Toda a actuação demonstra um complexo estratagema destinado a enganar o sujeito

passivo, iludindo a sua boa fé e levando-o a uma falsa representação da realidade de que

resultou (e aqui está a chamada relação causa-efeito) agir ela contra o seu património. Nessa

actuação está patente o urdimento com exteriorização enganatória, significante da astúcia. As

manobras foram colimadas a criar junto do ministério a "aparência" de uma determinada

realidade não existente e se o ministério pagou no convencimento dessa realidade (e, portanto,

devido a esse convencimento em que foi induzido por tais manobras), é inegável que existe

uma relação de adequação de meio para fim. Se (primeiro momento), com a intenção de

enriquecimento ilegítimo (e é ilegítimo aquele que não corresponde a qualquer direito), o

agente convence o sujeito passivo de uma falsa representação da realidade (e o erro ou engano

nisso consistem), mediante manobras (e estas podem ser as mais variadas, desde a simples

mentira que as circunstâncias envolventes são de molde a tornar credível perante o homem

médio até aos mais elaborados artifícios) adrede realizadas, e com isso consegue (segundo

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momento) que esse sujeito pratique actos que lhe causem, ou a terceiro, prejuízos

patrimoniais, está perfeito o crime de burla, sendo que o enriquecimento ilegítimo é em regra

concomitante (como duas faces da mesma moeda) com o prejuízo patrimonial causado pelo

acto e que deve existir uma relação de causa-efeito entre o primeiro e o segundo momentos

(acórdão do STJ de 29 de Fevereiro de 1996, BMJ-454-531; também publicado e anotado na

RPCC 6 (1996).

* Pratica o crime de burla o causídico que, tendo sido nomeado patrono oficioso do ofendido

para propor uma acção de divórcio e tendo proposto uma acção de divórcio por mútuo

consentimento no âmbito do patrocínio, obteve do ofendido uma procuração em que este lhe

concedia "amplos poderes forenses", sem lhe dar qualquer explicação sobre a finalidade a que

a destinava e, depois, veio a conseguir que ele lhe entregasse a importância de 10 contos

(acórdão da Relação de Coimbra de 28 de Novembro de 1991, CJ, XVI (1991), t. 1, p. 91); *

Pratica o crime de burla, e não de abuso de confiança, o advogado que, após receber da

seguradora um cheque destinado ao seu cliente, o falsifica e obtém o seu pagamento junto do

Banco (apôs no verso do cheque uma assinatura como se fosse a do ofendido e como se este

lhe tivesse transmitido o título), causando prejuízos ao titular do cheque.

* Comete um crime de burla agravada dos artigos 313º e 314º, c), do CP de 82, o arguido que,

convence a queixosa, sua tia, a transferir todo o seu dinheiro (4.509.050$00) que tinha

depositado, em duas contas a prazo no banco F..., para o balcão do Banco Z..., em Mangualde,

e a colocá-lo em nome dela, dele (arguido) e de sua esposa e dele se apodera depois, através

da execução de um plano, contra a vontade da ofendida (acórdão do STJ de 23-01-1997,

processo n.º 171/90, Internet).

* Praticam um crime de burla os arguidos que, na sequência de contrato-promessa de compra

e venda de fracção de um imóvel realizado com a queixosa, continuamente lhe asseguram a

celebração da escritura do contrato prometido para o mês seguinte, sabendo, no entanto, que

a sociedade não tinha capacidade financeira para distratar a hipoteca e que, por conta de tal

contrato, dela vão recebendo diversas quantias em dinheiro. Acórdão do STJ de 24 de Abril de

1997, BMJ-466-257

* Cometem um crime de burla um sargento e outros militares do exército, os quais, mediante

promessas enganosas, de livrarem mancebos do serviço militar, conseguem que estes lhes

entreguem quantias em dinheiro, que gastam em seu proveito. Oscilando entre os 20.000$00 e

os 180.000$00 as quantias de que os arguidos, astuciosamente, se apropriaram, em prejuízo

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dos ofendidos, a esta última quantia (180.000$00) corresponde a "conduta mais grave" a ter em

conta na punição do crime continuado art.º 30, n.º 2 e 79, ambos do CP, revisto em 1995. Não

sendo a importância de 180.000$00, de valor "consideravelmente elevado", estamos perante

em face de um crime de burla simples.

* É teoricamente enquadrável no crime de burla a conduta de quem, sabedor de que se

encontra em estado de pré-falência, e com o propósito de não efectuar o respectivo

pagamento, consegue obter um empréstimo para financiamento das suas actividades,

mediante a falsa alegação de possuir uma situação financeira desafogada. Acórdão da Rel.

Lisboa de 30 de Janeiro de 1990, CJ, 1990, tomo I, p. 183.

Sendo o erro e o engano elementos do tipo da burla têm que estar em relação,

dum lado, com os meios empregues pelo burlão, do outro, com os actos que vão

directamente defraudar o património do lesado. A conduta astuciosa do burlão

motiva o erro ou engano; em consequência do erro ou engano, a vítima passa ao

acto de que resulta o prejuízo patrimonial.

Outras indicações de leitura.

1Acórdão do TC nº 232/2002 de 28 de Maio de 2002, DR II série de 18 de Julho de 2002: valor

consideravelmente elevado. Unidade de conta processual.

2Acórdão da Relação de Évora de 19 de Fevereiro de 2002, CJ 2002, tomo I, p. 280: crime de

dano; bem protegido; legitimidade do arrendatário. A norma que prevê e pune o crime de

dano visa proteger quem é ofendido na fruição das utilidades que das coisas pode ser

retirada.

3Acórdão do STJ de 27 de Abril de 2000, BMJ-496-51: burla, valor consideravelmente elevado.

4Acórdão do STJ de 6 de Março de 2002, CJ 2002, tomo I, p. 222: burla informática.

5Lopes de Almeida et al., Crimes contra o património em geral, s/d.

6Panchaud et al., Code Pénal Suisse anoté, 1989.

7Actas das sessões da Comissão revisora do Código Penal, PE, ed. da AAFDL, 1979.

8Albin Eser, in Schönke/Schröder, Strafgesetzbuch, Kommentar, 25ª ed., 1997.

9Albin Eser, Strafrecht IV, Schwerpunkt, Vermögensdelikte, 4ª ed., 1983.

10Alfredo José de Sousa, Infracções fiscais (não aduaneiras), 3ª ed., Coimbra, 1997.

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15

11Américo Marcelino, Furto por introdução em casa alheia, Rev. do Ministério Público, ano 10

(1989), nº 39.

12António Miguel Caeiro Júnior, Algumas considerações sobre o objecto jurídico no crime de

furto, BMJ-18-5.

13Bajo Fernández et al., Manual de Derecho Penal, Parte especial, delitos patrimoniales y

económicos, 1993.

14Bajo Fernández, A reforma dos delitos patrimoniais e económicos, RPCC 3 (1993), p. 499.

15Candido Conde-Pumpido Ferreiro, Apropiaciones indebidas, 1997.

16Carlos Alegre, Crimes contra o património, Revista do Ministério Público, 3º caderno.

17Carlos Codeço, O Furto no Código Penal e no Projecto, 1981.

18Cavaleiro de Ferreira, A violência contra as coisas como agravante do crime de furto, in O

Direito, ano 74º.

19Código Penal, Actas e Projecto da Comissão de Revisão, 1993.

20Cunha Rodrigues, Os crimes patrimoniais e económicos no Código Penal Português, RPCC,

3 (1993).

21David Borges de Pinho, Dos Crimes contra o Património e contra o Estado no novo Código

Penal.

22Dreher/Tröndle, Strafgesetzbuch und Nebengesetze, 47ª ed., 1995.

23F. Haft, Strafrecht, BT, 5ª ed., 1995.

24F. Puig Peña, Derecho Penal, Parte especial, vol. IV.

25Fernanda Palma e Rui Pereira, O crime de burla no Código Penal de 1982-95, Revista da

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, volume XXXV, 1996, p. 329.

26Foregger/Serini, StGB, 11ª ed., 1991.

27Francisco Candil Jiménez, En torno al furtum possessionis, in Libro Homenaje al Prof. J.

Anton Oneca, Ed. Universidad de Salamanca, 1982, p. 617 e ss.

28Frederico Isasca, O projecto do novo Código Penal (Fevereiro de 1991) uma primeira leitura

adjectiva, RPCC 1 (1993), p. 67 e ss.

29Frederico Lacerda Costa Pinto, Direito Penal II (1992/93).

30Gabriela Páris Fernandes, O crime de distribuição ilícita de bens da sociedade, Direito e

Justiça, 2001, tomo 2.

31Germano Marques da Silva, Notas sobre o regime geral das infracções tributárias, Direito e

Justiça, 2001, tomo 2.

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16

32G. Stratenwerth, Schweizerisches Strafrecht, BT I, 4ª ed., 1993.

33H. Blei, Strafrecht II, BT, 12ª ed., 1983.

34Harro Otto, Grundkurs Strafrecht, BT, 3ª ed., 1991.

35J. C. Moitinho de Almeida, Publicidade enganosa, Arcádia, s/d [1974].

36J. Figueiredo Dias/M. Costa Andrade, O crime de fraude fiscal no novo direito penal

tributário português (Considerações sobre a Faculdade Típica e o Concurso de

Infracções), RPCC 6 (1996), p. 71.

37J. Wessels, Strafrecht, BT-2, 16ª ed., 1993.

38Joaquim Malafaia, A insolvência, a falência e o crime do artigo 228º do Código Pena, RPCC

11 (2001).

39Jorge de Figueiredo Dias, Algumas notas sobre o crime de participação económica de

funcionário em negócio ilícito, previsto pelo artigo 427º, nº 1, do Código Penal, RLJ, ano

121º, nº 3777, p. 379 e ss.

40José António Barreiros, Crimes contra o património, 1996.

41José de Faria Costa, Conimbricense II, comentário ao art. 203º.

42Kienapfel, Grundriß des österreichischen Strafrechts, BT, II, 3ª ed., 1993.

43Leal-Henriques - Simas Santos, O Código Penal de 1982, vol. 4, Lisboa, 1987.

44Luis Osório, Notas ao Código Penal Português, vol. 4º, 1925.

45M. Delmas-Marty, Droit Pénal des Affaires, 1973.

46M. Maia Gonçalves, Código Penal Português, 8ª ed., 1995.

47Magalhães Noronha, Crimes contra o património, BMJ-138-41.

48Manso-Preto, Novos aspectos da punição do crime de furto segundo o projecto de revisão

do Código Penal de 1982, RPCC 4 (1991).

49Maria Fernanda Palma, Aspectos penais da insolvência e da falência, Rev. da Fac. Dir. da

Univ. de Lisboa, vol. 36, 1995.

50Muñoz Conde, Derecho Penal, Parte especial, 11ª ed. revisada e puesta al día conforme al

Código Penal de 1995, 1995.

51Muñoz Conde, Derecho Penal, Parte especial, 8ª ed., 1990.

52Pedro Caeiro, Sobre a natureza dos crimes falenciais (o património, a falência, a sua

incriminação e a reforma dela), 1996.

53Quintero Olivares/Muñoz Conde, La reforma penal de 1983, 1983.

54Silva Ferrão, Theoria do Direito Penal applicada ao Código Penal Portuguez, vol. VIII, 1857.

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55T.S.Vives, Delitos contra la propiedad, in Cobo/Vives, Derecho Penal, PE, 3ª ed., 1990.

56V. Manzini, Trattato di Diritto Penale Italiano, vol. 9, 1984.

57Volker Krey, Strafrecht, B. T., Band 2, Vermögensdelikte, 10ª ed., 1995.

M. Miguez Garcia. 2000

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