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PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
Sumário
Leonardo Castro
Introdução......................................................................................................................................... 3
Pacote Anticrime.............................................................................................................................. 3
Demais Reflexos do Pacote Anticrime........................................................................................ 4
Legislação.......................................................................................................................................... 5
Comentários à Legislação.............................................................................................................. 6
Sinopse..............................................................................................................................................21
Quadro Sinótico.............................................................................................................................. 28
Jurisprudência e Súmulas............................................................................................................ 30
Legislação........................................................................................................................................42
Comentários à Legislação............................................................................................................ 43
Sinopse............................................................................................................................................. 45
Quadro Sinótico.............................................................................................................................. 47
Legislação........................................................................................................................................48
Comentários à Legislação............................................................................................................48
Sinopse.............................................................................................................................................48
Quadro Sinótico.............................................................................................................................. 50
Legislação........................................................................................................................................ 50
Comentários à Legislação.............................................................................................................51
Sinopse............................................................................................................................................. 53
Quadro Sinótico.............................................................................................................................. 56
Legislação........................................................................................................................................ 57
Sinopse............................................................................................................................................. 62
Quadro Sinótico.............................................................................................................................. 65
Questões de Concurso.................................................................................................................. 67
Gabarito............................................................................................................................................ 93
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
Leonardo Castro
Introdução
Olá, amigo(a)!
Neste primeiro encontro, veremos os crimes contra a vida e a lesão corporal (arts. 121/129).
Para que a experiência seja proveitosa, sugiro: comece a leitura pela lei seca. De uns tempos
para cá, as bancas têm cobrado com frequência a literalidade do texto legal. Caso tenha algu-
ma dúvida, a resposta provavelmente estará no tópico denominado comentários à legislação.
Para um estudo rápido, sem tanto aprofundamento, leia o tópico sinopse, onde são encon-
trados os destaques de cada delito. Ademais, não deixe de estudar a jurisprudência selecio-
nada e de resolver as questões trazidas – muitas são inéditas, com base no Pacote Anticrime.
Em relação ao crime de homicídio, especificamente, há um tópico extra: o homicídio e a Parte
Geral do CP.
Se quiser conversar, fale comigo no Instagram ou por e-mail (endereço ao final).
Um abraço!
Leo.
@leonardocastroprofessor
contato@leonardocastroprofessor.com
Pacote Anticrime
Em sua redação original, a Lei n. 13.964/19 tornou qualificado o homicídio quando prati-
cado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. O Presidente da República, no
entanto, vetou a nova qualificadora em virtude de possível violação ao princípio da proporcio-
nalidade entre o tipo penal descrito e a pena cominada, argumento que, de certa forma, com-
partilho. Explico: a partir da entrada em vigor do Pacote Anticrime, o crime de porte ou posse
ilegal de arma de fogo de uso restrito (Lei n. 10.826/03, art. 16, caput e § 1º) foi extirpado do
rol dos crimes hediondos (Lei n. 8.072/90, art. 1º, parágrafo único). Em seu lugar, ficou apenas
a conduta praticada com arma de fogo de uso proibido (art. 16, § 2º). Portanto, não parece co-
erente a inclusão de forma qualificada do homicídio quando a arma de fogo for de uso restrito.
Outro argumento sustentado no veto foi o risco de punição mais severa de agentes de
segurança pública que, no exercício das suas funções, para defesa pessoal ou de terceiro,
ou em situações extremas para a garantia da ordem pública, provoquem a morte de alguém.
Em uma primeira leitura, a motivação não parece fazer sentido, afinal, o agente de segurança
pública estaria amparado por causa excludente da ilicitude (CP, art. 23). Contudo, o exemplo
trazido no teor do veto permite compreender o que se buscou evitar: o agravamento da pena
imposta ao agente de segurança pública que, em conflito armado contra facções criminosas,
pratique homicídio em hipótese que não caracteriza a legítima defesa. Embora o argumento
seja questionável, a verdade é que o Congresso Nacional derrubou o veto, fazendo com que a
nova qualificadora fosse incluída ao rol do § 2º do artigo 121 do CP.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Há mais uma importante alteração produzida pelo Pacote Anticrime, mas no Código de Pro-
cesso Penal, em seu artigo 492. A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.964/19, em caso
de condenação pelo Tribunal do Júri, o juiz-presidente da sessão determinará a execução
provisória das penas, com expedição de mandado de prisão, se necessário. No entanto, essa
regra vale apenas para condenações com pena igual ou superior a quinze anos de reclu-
são. De constitucionalidade duvidosa, o dispositivo permanecia válido até o fechamento des-
te material.
Adicionou nova qualificadora ao homicídio (art. 121, § 2º, VIII). É punido com pena de
reclusão, de doze a trinta anos, o homicídio praticado com emprego de arma de fogo de
uso restrito ou proibido. Como o Código Penal não conceitua o que seria uma e outra,
trata-se de norma penal em branco. Ademais, é crime hediondo, como ocorre com todas
as demais qualificadoras do homicídio (Lei n. 8.072/90, art. 1º, I).
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Alterou o artigo 9º-A da LEP, que obriga o condenado à identificação do perfil genético.
Antes do Pacote Anticrime, obrigava apenas os condenados por crimes hediondos – dos
crimes contra a vida, apenas o homicídio qualificado ou o praticado em atividade típica
de grupo de extermínio. Pela atual redação, a identificação é obrigatória a crime contra a
vida, desde que doloso. Logo, quase todos aqueles dos artigos 121 a 126 do CP.
Estabeleceu novos parâmetros para a progressão de regime, no artigo 112 da LEP, com
percentuais de dezesseis a setenta por cento. No mesmo artigo, vedou a concessão de
livramento condicional ao condenado por crime hediondo ou equiparado com resultado
morte.
Vedou a concessão de saída temporária ao condenado que cumpre pena por praticar
crime hediondo com resultado morte (LEP, art. 122, § 2º).
Legislação
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA1
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA2
Homicídio simples3-4
Art. 121. Matar5-6-7 alguém8-9-10:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena11-12
§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo13 de relevante valor social14 ou
moral15, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da víti-
ma16-17-18-19-20-21, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.22
Homicídio qualificado23-24
§ 2º. Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga25 ou promessa de recompensa26, ou por outro motivo torpe27;
II – por motivo fútil28;
III – com emprego de veneno29, fogo30, explosivo31, asfixia32, tortura33 ou outro meio insi-
dioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum34;
IV – à traição35, de emboscada36, ou mediante dissimulação37 ou outro recurso que dificul-
te ou torne impossível a defesa do ofendido38;
V – para assegurar a execução39, a ocultação40, a impunidade41 ou vantagem42 de ou-
tro crime43:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Comentários à Legislação
1. O Título I da Parte Especial do Código Penal tem por objeto os crimes contra a pessoa
(CP, arts. 121/154-B). Neste material, veremos os crimes contra a vida (Capítulo I) e as lesões
corporais (Capítulo II).
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Homicídio (art. 121); induzimento, instigação
ou auxílio a suicídio ou a automutilação (art.
122); infanticídio (art. 123); aborto provocado
CAPÍTULO I pela gestante ou com seu consentimento
DOS CRIMES Arts. 121/128.
(art. 124); aborto provocado por terceiro
CONTRA A VIDA sem o consentimento da gestante (art.
125); aborto provocado por terceiro com o
consentimento da gestante (art. 126).
CAPÍTULO II
DAS LESÕES Art. 129. Lesão corporal (art. 129).
CORPORAIS
Perigo de contágio venéreo (art. 130); perigo
de contágio de moléstia grave (art. 131);
perigo para a vida ou saúde de outrem
CAPÍTULO III (art. 132); abandono de incapaz (art. 133);
DA PERICLITAÇÃO Arts. 130/136. exposição ou abandono de recém-nascido
DA VIDA E DA SAÚDE (art. 134); omissão de socorro (art. 135);
condicionamento de atendimento médico-
hospitalar emergencial (art. 135-A); maus-
tratos (art. 136).
CAPÍTULO IV Art. 137. Rixa (art. 137).
DA RIXA
CAPÍTULO V Calúnia (art. 138); difamação (art. 139); injúria
DOS CRIMES Arts. 138/145.
(art. 140).
CONTRA A HONRA
Seção I
(dos crimes contra a liberdade pessoal):
constrangimento ilegal (art. 146); ameaça
(art. 147); perseguição (art. 147-A); sequestro
e cárcere privado (art. 148); redução a
condição análoga à de escravo (art. 149);
tráfico de pessoas (art. 149-A). Seção II
CAPÍTULO VI (dos crimes contra a inviolabilidade
DOS CRIMES do domicílio): violação de domicílio (art.
Arts. 146/154-B.
CONTRA A 150). Seção III (dos crimes contra a
LIBERDADE inviolabilidade de correspondência):
INDIVIDUAL violação de correspondência (art. 151);
correspondência comercial (art. 152). Seção
IV (dos crimes contra a inviolabilidade
dos segredos): divulgação de segredo (art.
153); violação do segredo profissional (art.
154); invasão de dispositivo informático (art.
154-A).
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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2. Em seu Capítulo I, o Título I traz os crimes contra a vida. No entanto, duas ressalvas:
(a) no homicídio, é típica a modalidade culposa do delito. Portanto, nem todos os crimes do
Capítulo I são dolosos contra a vida e de competência do Tribunal do Júri; (b) Com a entrada
em vigor da Lei n. 13.968/19, o artigo 122 passou a tipificar conduta que não pode ser consi-
derada crime contra a vida: a participação em automutilação.
3. Estrutura do tipo penal.
Homicídio Simples
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Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a trans-
plante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e regis-
trada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utiliza-
ção de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
6. O homicídio é delito de forma livre, que admite qualquer meio de execução. Em regra,
crime comissivo – que se dá por ação, por fazer algo -, mas é possível a prática por omissão
(omissão imprópria), nos termos do artigo 13, § 2º, do CP. É o que ocorre no exemplo do salva-
-vidas que, ao presenciar alguém se afogando, podendo fazer algo para evitar o resultado, se
omite, e, em virtude disso, ocorre a morte.
Sendo imputada a prática de homicídio doloso praticado por omissão imprópria, necessá-
ria a descrição do comportamento omissivo voluntário, a consciência de seu dever de agir
e da situação de risco enfrentada pelo ofendido, a previsão do resultado decorrente de sua
omissão, o nexo normativo de evitação do resultado, o resultado material e a situação de
garantidor nos termos do artigo 13, § 2º, do Código Penal, o que se verificou no caso dos
autos. Logo, observados os parâmetros do artigo 41 do CPP. (STJ, RHC 46.823/MT)
7. Embora seja crime de forma livre, devem ser excluídos os meios que, por ineficácia
absoluta, não são suficientes para a produção do resultado (crime impossível; CP, art. 17).
Exemplo: agindo com vontade de matar, o pretenso homicida faz com que a vítima ingira
todos os medicamentos que encontrou em sua casa (ao todo, trinta comprimidos de remé-
dios diversos). Embora a vítima tenha sentido mal-estar, os medicamentos ingeridos jamais
provocariam a morte, mesmo em superdosagem. Todavia, cuidado: se a substância é capaz
de matar, mas o agente emprega quantidade suficiente, deverá ser responsabilizado pelo ho-
micídio na forma tentada.
8. O homicídio consiste em matar alguém, outro ser humano, condição presente a partir do
início do trabalho de parto. Na hipótese de vida intrauterina, quem atenta contra o feto deve
ser responsabilizado por aborto (CP, arts. 124/128).
Iniciado o trabalho de parto, não há crime de aborto, mas sim homicídio ou infanticídio
conforme o caso. Para configurar o crime de homicídio ou infanticídio, não é necessário
que o nascituro tenha respirado, notadamente quando, iniciado o parto, existem outros
elementos para demonstrar a vida do ser nascente, por exemplo, os batimentos cardía-
cos. (STJ, HC 228.998/MG)
9. Obviamente, não se fala em homicídio contra quem já morreu. Exemplo: agindo com
vontade de matar, Mariana dispara um tiro contra Luciano, que aparentava estar dormindo.
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Contudo, em verdade, Luciano estava morto no momento do disparo – faleceu segundos an-
tes, vítima de ataque cardíaco. Ou seja, nem mesmo a mais mortal das armas poderia provo-
car qualquer mal à vida de Luciano, devendo ser reconhecido o crime impossível por absoluta
impropriedade do objeto (CP, art. 17). Acerca do moribundo, aquele que está diante de morte
certa e iminente, é possível tê-lo por vítima de homicídio, afinal, ainda há vida.
10. Pode acontecer de o sujeito atentar contra a vida humana sem saber que o está fa-
zendo. Exemplo: no ano passado, em Itanhandu, Minas Gerais, dois amigos saíram para caçar
juntos, mas um acabou matando o outro. O motivo: o homicida confundiu a vítima com um
javali. Nesse caso, a conduta do atirador deve ser avaliada como hipótese de erro de tipo es-
sencial, nos termos do artigo 20, caput, do CP.
No erro sobre elementos do tipo ou erro de tipo essencial, o agente tem uma falsa percep-
ção da realidade. Seus sentidos captam uma fantasia. Foi o que ocorreu com o caçador, que
imaginou estar efetuando disparo de arma de fogo contra um javali. Não se trata de erro na
execução (CP, art. 73), quando o agente conhece a realidade, mas não consegue executar o
crime como planejou – por exemplo, atinge pessoa errada por erro de pontaria. Também não
é hipótese de erro de proibição (CP, art. 21), em que não há falsa percepção da realidade, mas
erro em relação à ilicitude da conduta. Se o homicida conhecesse a realidade, não teria feito o
disparo, mas seus sentidos o enganaram, fazendo com que matasse uma pessoa sem querer.
Homicídio Privilegiado
11. O § 1º do artigo 121 dispõe sobre causa de diminuição de pena, e não privilégio. No
entanto, embora equivocada, a expressão homicídio privilegiado é muito popular, devendo ser
adotada em concursos públicos.
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12. O homicídio privilegiado jamais será considerado hediondo. Ainda que aplicada alguma
qualificadora – homicídio qualificado-privilegiado ou híbrido -, a hediondez ficará afastada.
13. O criminoso que age motivado por relevante valor social ou moral pode ser beneficia-
do por circunstância atenuante (CP, art. 65, III, “a”). Naturalmente, não é possível a aplicação
concomitante da atenuante e da causa de diminuição de pena do homicídio.
14. O relevante valor social diz respeito à relação entre a conduta homicida e a coletivi-
dade, fazendo com que seja reduzida a reprovabilidade do delito. É o que ocorre na prática
do delito por patriotismo, altruísmo, sentimento de justiça ou outro motivo considerado rele-
vante para a sociedade. Exemplo: matar criminoso que aterroriza moradores de determinada
localidade.
15. O relevante valor moral tem a ver com padrões éticos afetos ao homicida – a aná-
lise é subjetiva. A conduta é, de certa forma, aceita, afinal, em seu lugar, e tendo por parâ-
metro o homem médio, qualquer pessoa faria o mesmo. É o clássico exemplo do pai que
mata aquele que estuprou sua filha. Está errado? Sim, afinal, não se pode aceitar a ação de
justiceiros. Todavia, considerado o limite do aceitável, é possível compreender a conduta
do homicida.
16. Para que seja reconhecida a causa de diminuição em razão do domínio de violenta
emoção (homicídio emocional), devem estar presentes: (a) a precedente e injusta provo-
cação da vítima; (b) o domínio de violenta emoção; (c) o liame causal e temporal entre
um e outro.
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17. Provocação injusta é aquela desmotivada, que não encontra amparo no sentimento
comum de justiça. Deve ser grave a ponto de provocar o domínio de violenta emoção. Algu-
mas pessoas são mais sensíveis, mas devemos ter por parâmetro o homem médio (figura em
desuso, mas decidi aplicá-la por razões didáticas) ao aferir a provocação.
18. Para que seja reconhecida a causa de diminuição de pena, o homicida deve agir sob
o domínio de violenta emoção. Em choque emocional que se sobrepõe à razão, o indivíduo
perde o controle e age por ímpeto, sem pensar. Ele entende a gravidade do que faz, sabe das
consequências – perderá sua liberdade, causará o fim de uma vida -, mas nada mais importa.
Não há mais freios inibitórios. É o caso daquele que mata após ofensa ou por ciúme presen-
cial, desde que o mal causado seja suficiente para provocar a reação – a causa de diminuição
não ampara reações desproporcionais.
19. Para que seja reconhecida a causa de diminuição de pena, deve o homicida agir domi-
nado por violenta emoção. Se houver mera influência, não estará caracterizado o homicídio
privilegiado, devendo incidir a atenuante do artigo 65, III, “c”. Ademais, a atenuante fala em ato
injusto, e não em injusta provocação.
20. A violenta emoção não é causa de inimputabilidade. Em verdade, o Código Penal en-
tende imputáveis aqueles que agem por emoção, violenta ou não, ou paixão (CP, art. 28, I).
21. O artigo 121, § 1º, tem por lapso temporal a expressão logo em seguida. No entanto,
questiono: qual seria o limite de tempo para o reconhecimento do homicídio privilegiado?
Uma hora? Duas? Um dia? Não é possível dizer. Isso porque, para que seja aplicável a causa
de diminuição de pena, tem de existir a relação causal entre a injusta provocação, a duração
do domínio da violenta emoção e a reação homicida. Para não deixar a pergunta sem respos-
ta, considere que a reação deve ser imediata (incontinenti), sem lacunas temporais (ex inter-
vallo). A emoção é súbita, como fogo em pólvora. Difere da paixão, sentimento duradouro, não
compatível com o homicídio privilegiado.
22. O § 1º traz causa de diminuição de pena, e não forma privilegiada do delito. Se o dispo-
sitivo fixasse pena, por exemplo, de quatro a dez anos – o homicídio simples tem pena de seis
a vinte anos -, teríamos verdadeiro homicídio privilegiado. No entanto, o dispositivo fala em
diminuição, de um sexto a um terço. Portanto, causa de diminuição de pena, e não privilégio.
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23. O § 2º do artigo 121 traz várias circunstâncias qualificadoras do homicídio doloso, pu-
níveis com pena de reclusão, de doze a trinta anos – o homicídio simples é punido com pena
de seis a vinte anos. Não são aplicáveis, portanto, ao homicídio culposo. O artigo também
possui algumas causas de aumento de pena (§ 4º, § 6º e § 7º).
Homicídio Qualificado
24. O homicídio qualificado é quase sempre hediondo (Lei n. 8.072/90, art. 1º, I), consu-
mado ou tentado. A exceção: não será hediondo quando reconhecida a causa de diminuição
do § 1º do artigo 121, hipótese denominada homicídio qualificado-privilegiado ou homicídio
híbrido. A coexistência da causa de diminuição de pena é possível somente quando a quali-
ficadora for de natureza objetiva (meio ou modo de execução). Exemplo: por relevante valor
social, o homicida executa o delito com emprego de veneno.
25. Mediante paga é o homicídio mercenário, qual o homicida age por dinheiro ou outra
vantagem auferida para matar a vítima. É crime hediondo, consumado ou tentado. Por se
tratar de circunstância de caráter pessoal (CP, art. 30), não se comunica com os demais en-
volvidos na prática delituosa – nem mesmo com o mandante, aquele que paga pela prática
do homicídio.
26. Difere da paga apenas quanto ao momento em que o homicida recebe a vantagem. Na
promessa, o pagamento depende da prática do delito.
27. O inciso I do § 2º encerra com fórmula genérica (por outro motivo torpe), dando azo
à interpretação analógica. Torpe é o motivo que causa nojo, repulsa, asco (ex.: matar por
dinheiro). Não se confunde com o motivo fútil, desproporcional (ex.: matar alguém por ouvir
música em volume excessivo). O dispositivo inicia dando dois exemplos de torpeza: a paga e
a promessa de recompensa.
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A vingança, por si só, não consubstancia o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não
basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do
contexto do fato. (STF, HC 83.309/MS)
Esta Corte possui jurisprudência no sentido de que, a depender do contexto, o ciúme pode
caracterizar o motivo torpe que qualifica o crime de homicídio, cabendo ao Tribunal do Júri
tal valoração, caso a caso. (STJ, AgRg no AREsp 1.134.833/SP)
28. O motivo fútil é aquele desproporcional, insignificante, que em hipótese alguma po-
deria justificar a prática do homicídio. Exemplo: matar o vizinho por ouvir música em volume
excessivo. Não há como confundir com o motivo torpe, vil, desprezível.
Anotou-se, por último, que este Superior Tribunal já assentou a tese de o reconhecimento
do ciúme como motivo fútil, ou mesmo torpe, depender do caso concreto. (Informativo n.
417/STJ)
(...) o acusado praticou o crime de homicídio motivado por ciúmes da ex-mulher, que havia
dançado com a vítima durante uma festa de vaquejada (motivo fútil), levando a efeito
o delito no momento que a vítima estava sentada, esfaqueando-a (crime executado de
maneira que impossibilitou a defesa). (STJ, RHC 120.962/AL)
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33. No homicídio qualificado pela tortura, o sujeito age com vontade de matar (animus
necandi). No entanto, a morte não é suficiente: ele quer que a vítima sofra até sucumbir. Por
outro lado, no crime de tortura (Lei n. 9.455/97), não há intento homicida. O sofrimento é o
resultado buscado. Caso ocorra a morte (crime preterdoloso), o torturador deverá ser respon-
sabilizado pela forma qualificada do delito, nos termos do artigo 1º, § 3º, da Lei de Tortura.
34. Da mesma forma como acontece no § 2º, I, o legislador traz, após dar alguns exem-
plos, fórmula genérica. Além do veneno, do fogo, do explosivo, da asfixia e da tortura, será
qualificado o homicídio quando empregado outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum.
É o meio de execução do
crime que impõe sofrimento
além do necessário. Sádico, É o meio que expõe a perigo
É o meio traiçoeiro. A o homicida não se contenta um número indeterminado
depender do caso, pode em dar fim à vida. Ele de pessoas. É o exemplo do
caracterizar a qualificadora quer que a vítima sofra. sujeito que, com o objetivo
do inciso IV. Para o STJ, a reiteração de de matar alguém, dispara
golpes em região vital pode tiros em local público.
caracterizar a qualificadora
(REsp 1.241.987/PR).
35. O traidor é aquele que goza da confiança da vítima (ex.: homicida e vítima mantêm
relação de amizade). O crime é qualificado em razão do elemento surpresa – o ofendido não
tem chance de se defender, afinal, não espera o ataque.
36. Na emboscada, o algoz executa o homicídio de modo a dificultar ou impedir que a
vítima se defenda. É o exemplo da tocaia. Embora a premeditação, em si, não qualifique o ho-
micídio, pode fazer com que seja reconhecida a qualificadora do inciso IV.
37. Na dissimulação, o sujeito oculta suas reais intenções. Ex.: para matar um comercian-
te, o homicida se passa por cliente. É punida com maior rigor por dificultar ou impedir que a
vítima se defenda.
38. Ao fechar o inciso IV, o legislador adotou fórmula genérica, compatível com interpreta-
ção extensiva, ao dizer que a qualificadora é aplicável quando empregado recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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O golpe dado pelas costas da vítima qualifica o homicídio por emprego de recurso que dificul-
ta ou impede a defesa? Depende. Lembre-se, adotamos a Teoria Finalista (Welzel). Portanto,
toda ação típica deve ser voltada às elementares do delito (consciência somada à vontade).
Ou seja, o simples fato de a vítima estar de costas, por si só, não é suficiente para a incidência
da qualificadora. Deve ficar demonstrado que o homicida, de forma consciente, aproveitou a
situação para facilitar a execução do delito.
Qualificadoras de Finalidade
39. Para a prática de um outro delito, o indivíduo tem de praticar o homicídio. Deve existir,
portanto, conexão teleológica (futura) entre o homicídio e o delito desejado pelo sujeito. To-
davia, atenção à morte – ainda que dolosa – praticada no contexto do crime de roubo, quando
ficará caracterizado o latrocínio (CP, art. 157, § 3º, II).
40. É qualificado o homicídio praticado com o objetivo de impedir que um outro delito seja
descoberto (conexão consequencial). Ex.: após a prática de um furto, o sujeito para testemu-
nha que pode reconhecê-lo.
41. O inciso V qualifica o homicídio praticado com o objetivo de assegurar a impunidade
de outro crime (conexão consequencial). Ex.: ao receber voz de prisão em flagrante, o sujeito
mata quem o está pretendo, com o objetivo de evitar ser capturado pela prática de crime an-
terior – que pode ser, até mesmo, outro homicídio.
42. É qualificado o homicídio quando o agente o pratica com o objetivo de assegurar a
vantagem de um outro delito (ex.: furto). Também decorre de conexão consequencial.
43. O inciso V do § 2º fala em crime, e não em infração penal. Portanto, não é aplicável a
qualificadora quando conexo o homicídio a contravenções penais.
Qualificadora Funcional
44. Da mesma forma como ocorre no feminicídio (inciso VI), o inciso VII torna qualificado
o homicídio quando praticado contra algumas pessoas específicas: membros das Forças Ar-
madas e integrantes dos órgãos de segurança pública. Para melhor compreender a incidência
da qualificadora, veja o esquema a seguir.
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45. O homicídio praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido é
novidade trazida pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19). Inicialmente, a nova qualificadora
havia sido vetada pelo Presidente da República, mas o Congresso Nacional derrubou o veto.
O Código Penal não conceitua o uso restrito ou proibido, matéria reservada a decreto – por-
tanto, norma penal em branco heterogênea. De natureza objetiva, pois diz respeito ao meio
de execução adotado, é possível a aplicação conjunta com o homicídio privilegiado (CP, art.
121, § 1º).
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Feminicídio
46. A qualificadora do feminicídio foi adicionada pela Lei n. 13.104/15, quase dez anos
após a Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha). Embora não concorde, o STJ a considera de nature-
za objetiva. Portanto, nada impede a incidência conjunta com o homicídio privilegiado ou com
a qualificadora do motivo torpe ou do motivo fútil (CP, art. 121, § 1º e § 2º, I e II).
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo tem de ser,
necessariamente, do sexo feminino.
47. O inciso I do § 2º-A fala em violência doméstica e familiar, de forma cumulativa. Contu-
do, errou o legislador, pois nem toda relação doméstica se dá entre familiares, e a convivência
não é condição para a existência da relação familiar. Melhor seria a alternatividade.
48. O homicídio motivado por menosprezo ou discriminação à condição de mulher é outra
hipótese de feminicídio. O homicida mata a mulher por tê-la por ser inferior. Não se exige a
violência doméstica e familiar contra a mulher – os incisos do § 2º-A não são cumulativos.
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HOMICÍDIO CULPOSO – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (CP, ART. 121, § 4º, 1ª PARTE)
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício
Não configura bis in idem, a incidência conjunta da causa de aumento da pena definida
pelo art. 121, § 4º, do Código Penal, relativa à inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, no homicídio culposo cometido com imperícia médica. (STJ, AgRg nos EDcl no
AREsp 1.686.212/SE)
Deixar de prestar socorro à vítima
No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de
pena prevista no art. 121, § 4º, do CP – deixar de prestar imediato socorro à vítima -, a não
ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. (Informativo 554/STJ)
Não procura diminuir as consequências do seu ato
Fugir para evitar prisão em flagrante
Muito se questiona sobre a constitucionalidade dessa causa de aumento de pena,
pois pune aquele que busca evitar ser preso. O STF, no entanto, entendeu pela
constitucionalidade do artigo 305 do CTB, que tipifica a conduta daquele que afasta do
local do acidente de trânsito para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser
atribuída. (ADC 35/DF)
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53. Na parte final do § 4º do artigo 121, a pena é aumentada de um terço se o crime for
praticado contra pessoa menor de catorze anos (treze ou menos) ou maior de sessenta anos
(igual ou superior).
54. No § 5º, o artigo 121 do CP tem por objeto o perdão judicial na hipótese de crime cul-
poso, quando a consequência do delito atinge o agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária. Basta imaginar o exemplo em que, ao manobrar um automóvel, o pai
atropela e mata seu filho. Seja qual for a pena aplicável, nenhuma será mais dura do que a dor
provocada pela perda e/ou pelo mal por ele causado. O perdão judicial tem natureza jurídica
de causa de extinção da punibilidade – portanto, o crime não deixa de existir. A aplicação do
dispositivo independe de consentimento do homicida.
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora atingido moralmente de forma grave
pelas consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu
sequelas físicas gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão judicial. (Informativo
542/STJ)
55. Com fundamento no § 6º, a pena deve ser aumentada de um terço até metade se o
homicídio doloso for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.
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Sinopse
Conduta
O homicídio consiste em matar alguém. Para que fique caracterizado o delito, a vida tem
de ser extrauterina – se intrauterina, o crime será o de aborto (CP, arts. 124/128). Crime de
forma livre, admite qualquer meio de execução capaz de produzir a morte da vítima.
Bem Jurídico
O bem jurídico tutelado é a vida humana extrauterina, que tem por início o trabalho de parto.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum, o homicídio pode ser praticado por qualquer pessoa, desde que iniciada a
vida extrauterina. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, mas algumas vítimas
influenciam na forma como o homicida deve ser punido, podendo, até mesmo, caracterizar
outro delito.
VÍTIMA CONSEQUÊNCIA
HOMICÍDIO CONTRA A
Torna o homicídio qualificado pelo feminicídio (§ 2º, VI). As
MULHER POR RAZÕES
razões da condição do sexo feminino estão no § 2º-A do
DA CONDIÇÃO DO SEXO
artigo 121 do CP.
FEMININO.
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HOMICÍDIO CONTRA
Se praticado homicídio doloso contra o Presidente
O PRESIDENTE DA
da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos
REPÚBLICA, DO SENADO
Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, se a
FEDERAL, DA CÂMARA
motivação for política, o crime será o do artigo 29 da Lei n.
DOS DEPUTADOS OU DO
7.170/83.
SENADO FEDERAL.
Elemento Subjetivo
É o dolo, direto ou eventual. É típica a modalidade culposa (art. 121, § 3º), algo a se observar
em questões sobre o erro de tipo essencial ou descriminantes putativas (art. 20, caput e § 1º).
Consumação e Tentativa
Ação Penal
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Hediondez
Em regra, o homicídio simples não é hediondo, salvo quando praticado em atividade típi-
ca de grupo de extermínio. Por outro lado, o homicídio qualificado é crime hediondo, exceto
se reconhecida a causa de diminuição de pena denominada homicídio privilegiado (CP, art.
121, § 1º).
Art. 1º (...)
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
(Lei dos Crimes Hediondos)
Homicídio Privilegiado
Incomunicabilidade do Privilégio
Por ter natureza subjetiva, a causa de diminuição de pena não se comunica entre os en-
volvidos na prática do homicídio (CP, art. 30). Portanto, é possível que, em um mesmo homicí-
dio, um coautor seja punido por homicídio qualificado enquanto outro é responsabilizado por
homicídio privilegiado, afinal, como dito, a causa de diminuição não se comunica.
Hediondez
O homicídio privilegiado jamais será hediondo. Ainda que presente alguma qualificadora,
a hediondez permanecerá afastada.
Homicídio Qualificado-Privilegiado
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O relevante valor social é aquele que desperta interesse da coletividade. Exemplo: matar
criminoso que tirava a paz dos moradores de uma cidade.
Homicídio Qualificado
GLOSSÁRIO
• Homicídio híbrido: quando presentes, concomitantemente, a causa de diminuição de pena
do § 1º (homicídio privilegiado) e circunstância qualificadora de natureza objetiva (§ 2º).
• Homicídio mercenário: é o praticado em troca de recompensa (§ 2º, I).
• Venefício: homicídio praticado com emprego de veneno (§ 2º, III).
• Homicídio procustiano: homicídio praticado pelo emprego de traição (§ 2º, IV).
• Homicídio teseuniano: homicídio motivado por vingança. Pode qualificar o delito, mas
não é regra (§ 2º, I).
• Feminicídio: homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Homicídio funcional: é aquele previsto no § 2º, VII.
No homicídio simples, do caput, a pena é de reclusão, de seis a vinte anos. Na forma qua-
lificada, a pena começa em doze anos, podendo alcançar trinta anos, o antigo limite máximo
de cumprimento de pena privativa de liberdade em nosso país – atualmente, o limite é de
quarenta anos (CP, art. 75). Provavelmente, em breve, a pena máxima do homicídio qualificado
será modificada para o novo teto. As qualificadoras estão no § 2º do artigo 121, melhor vistas
no esquema a seguir.
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QUALIFICADORA DESCRIÇÃO
Na primeira parte, temos a figura do mercenário, (sicário,
assassino de aluguel etc.), aquele que mata em troca de
Mediante paga recompensa (recebida ou prometida). Para essa relação, temos,
ou promessa de no mínimo, três pessoas: o mandante, o assassino e a vítima.
recompensa, ou por Nem sempre a qualificadora alcançará o mandante – pode
outro motivo torpe (§ parecer injusto, mas expliquei no tópico sobre o homicídio
2º, I). hediondo. Em seguida, o legislador traz fórmula genérica. Torpe
é o motivo repugnante, que causa nojo. Por exemplo, matar por
herança.
É importante não confundir o motivo fútil com o torpe. O motivo
fútil é o desproporcional, em que há total desequilíbrio entre
Por motivo fútil (§ 2º, ação/reação. Por exemplo, matar alguém em discussão sobre
II). futebol. Em casos reais, pode ser difícil a distinção, mas não há
diferença prática, afinal, ambas fazem com que o homicídio seja
qualificado.
Da mesma forma como ocorre no inciso I, o legislador usa
Com emprego fórmula genérica, mas traz alguns exemplos concretos. Meio
de veneno, fogo, insidioso é o traiçoeiro, aquele em que a vítima tem sua vida
explosivo, asfixia, atingida por golpe dissimulado (ex.: veneno na bebida). O meio
tortura ou outro meio cruel é o que causa na vítima sofrimento desnecessário, que
insidioso ou cruel, ou ultrapassa o necessário para causar a morte. Se disparo tiros
de que possa resultar contra alguém, evidentemente, a crueldade está presente, mas
perigo comum (§ 2º, a qualificadora é aplicável ao excesso. Exemplo: morte por
III). empalamento. Por fim, o meio que resulte em perigo comum, a
exemplo do explosivo.
Mais uma vez, fórmula genérica acompanhada de exemplos.
O homicídio deve ser punido com mais rigor quando a vítima
À traição, de
não tem a chance de se defender. Ou seja, temos no inciso IV a
emboscada,
tipificação da covardia. É o exemplo da emboscada, quando o
ou mediante
homicida fica em tocaia, aguardando a passagem da vítima pelo
dissimulação ou outro
local. Quanto à traição, uma informação importante: a condição
recurso que dificulte
de traidor é exclusiva de quem goza, de alguma forma, de
ou torne impossível a
confiança da vítima. O traidor frustra a expectativa da vítima, que
defesa do ofendido (§
esperava outro comportamento. Por isso, o homicídio qualificado
2º, IV).
pela traição é crime próprio, pois exige qualidade especial do
criminoso.
É a qualificadora aplicável, por exemplo, ao indivíduo que mata
Para assegurar a
testemunha de um crime anteriormente praticado, ou que
execução, a ocultação,
pratica o homicídio para assegurar a execução de um delito
a impunidade ou
ou para ocultar vantagem dele obtida. Importante destacar
vantagem de outro
que o inciso V fala em crime. Ou seja, não se fala em homicídio
crime (§ 2º, V).
qualificado quando se busca ocultar uma contravenção penal.
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HIPÓTESES AUMENTO
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HIPÓTESES AUMENTO
Homicídio Qualificado-Privilegiado
Homicídio Culposo
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que se dá por omissão, por deixar de agir e; (c) pela imperícia, a culpa profissional, ligada ao
exercício de arte, ofício ou profissão.
Se o homicídio culposo for praticado na direção de veículo automotor, deve o indivíduo ser
punido pelo crime do artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97), em razão
do princípio da especialidade. De qualquer forma, tanto em uma hipótese (homicídio culposo
do CP) quanto em outra, o crime não será de competência do Tribunal do Júri, que deve julgar
apenas os crimes dolosos contra a vida.
Perdão Judicial
Há alguns dias, em um noticiário, li a respeito de uma mãe que, ao dar ré em seu automóvel
na garagem de casa, por acidente, atropelou a filha de três anos, causando a sua morte. Se-
gundo a matéria, a mãe sempre tomava cuidado ao sair, pois a criança, vez ou outra, gostava
de brincar atrás do veículo. No entanto, no dia da tragédia, por estar atrasada para o trabalho,
não se lembrou de olhar atrás do automóvel e acabou matando a criança. Considerando os
objetivos de imposição de pena – a punição do agente, por exemplo -, questiono: há alguma
função em se aplicar uma pena de detenção, de um a três anos, para essa mãe? É evidente
que não. Provavelmente, a punição a ela imposta pelo mal causado é pior do que qualquer
sanção penal. A respeito do tema, importante saber: (a) trata-se de causa de extinção da pu-
nibilidade. Logo, o delito continua a existir, só não é punível; (b) o perdão judicial independe
de aceitação do réu.
HIPÓTESES AUMENTO
Quadro Sinótico
HOMICÍDIO
Crime comum, simples, material, de dano, de forma livre, não transeunte, comissivo ou
omissivo (exceção), progressivo, instantâneo com efeitos permanentes, unissubjetivo,
plurissubsistente.
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O homicídio simples está previsto no caput do artigo 121 do CP. Punido com pena de
reclusão, de seis a vinte anos, em regra, não é hediondo.
De acordo com o artigo 1º, I, da Lei n. 8.072/90, são hediondos, simples ou consumado,
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
só agente, e homicídio qualificado, exceto quando qualificado-privilegiado.
Embora bem aceita a expressão homicídio privilegiado, o artigo 121, § 1º, do CP trata
de causa de diminuição de pena – diminui a pena de um sexto a um terço -, e não de
privilégio. O dispositivo é aplicável quando o homicídio decorre de:
Motivo de relevante valor social;
Motivo de relevante valor moral;
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
O homicídio culposo é punido com pena de detenção, de um a três anos. Não se trata de
crime de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima ultrapassa dois anos, mas admite
suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61 e 89).
NATUREZA OBJETIVA
• Emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixiam tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou que NATUREZA SUBJETIVA
possa resultar perigo comum;
• Mediante paga ou promessa de recompensa, ou
• À traição, de emboscada, ou por outro motivo torpe;
mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne • Por motivo fútil;
impossível a defesa do ofendido; • Homicídio funcional.
• Emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido;
• Feminicídio.
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APENAS DO FEMINICÍDIO
• Aumento de um terço até metade
A pena do feminicídio é aumentada de um terço
GERAIS até a metade se o crime for praticado:
• Aumento de um terço (a) durante a gestação ou nos 3 (três) meses
Homicídio praticado contra pessoa posteriores ao parto;
menor de quatorze ou maior de (b) contra pessoa menor de 14 (catorze) anos,
sessenta anos. maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência
Homicídio praticado por milícia ou portadora de doenças degenerativas
privada, sob o pretexto de prestação que acarretem condição limitante ou de
de serviço de segurança, ou por vulnerabilidade física ou mental;
grupo de extermínio. (c) na presença física ou virtual de descendente ou
de ascendente da vítima;
(d) em descumprimento das medidas protetivas de
urgência.
Jurisprudência e Súmulas
Homicídio
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O juiz na pronúncia não pode decotar a qualificadora relativa ao meio cruel (art. 121, § 2º,
III, do CP) quando o homicídio houver sido praticado mediante efetiva reiteração de golpes em
região vital da vítima. (Informativo n. 537/STJ)
A anterior discussão entre a vítima e o autor do homicídio, por si só, não afasta a qualifi-
cadora do motivo fútil. (Informativo n. 525/STJ)
É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP no
caso de homicídio culposo cometido por médico e decorrente do descumprimento de regra
técnica no exercício da profissão. Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. (Infor-
mativo n. 520/STJ)
Aborto
Lesão Corporal
A lesão corporal contra irmão configura o § 9º do art. 129 do CP não importando onde a
agressão tenha ocorrido. (Informativo n. 609/STJ)
A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art.
129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). A perda de dois dentes pode
até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior da mastigação,
mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV). (Informativo n. 590/STJ)
A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV,
do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a
deformidade na vítima. (Informativo n. 562/STJ)
A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais
cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. (STJ, RHC 27.622/RJ)
Exemplo (caso real): no ano passado, em Itanhandu, Minas Gerais, dois amigos saíram para
caçar juntos, mas um acabou matando o outro. O motivo: o homicida confundiu a vítima com
um javali. O erro cometido pelo homicida é objeto do caput do artigo 20 do CP, a seguir trans-
crito.
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No erro sobre elementos do tipo ou erro de tipo essencial, o agente tem uma falsa per-
cepção da realidade. Seus sentidos captam uma fantasia. Foi o que ocorreu com o caçador,
que imaginou estar efetuando disparo de arma de fogo contra um javali. Não se trata de erro
na execução (CP, art. 73), quando o agente conhece a realidade, mas não consegue executar
o crime como planejou – por exemplo, atinge pessoa errada por erro de pontaria. Também
não é hipótese de erro de proibição (CP, art. 21), em que não há falsa percepção da realidade,
mas erro em relação à ilicitude da conduta. Se o homicida conhecesse a realidade, não teria
feito o disparo, mas seus sentidos o enganaram, fazendo com que matasse uma pessoa
sem querer.
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Exemplo (caso real): no dia 19 de maio de 2010, policiais do BOPE faziam uma operação
no Morro do Andaraí, no Rio de Janeiro. Eles estavam à procura de traficantes que estariam
escondidos na região. Perto dali, morava Hélio, que estava no terraço de casa pregando uma
lona com uma furadeira. Infelizmente, por equívoco, um dos policiais confundiu a ferramenta
com uma arma de fogo e, para repelir a possível agressão, disparou contra o morador, que
morreu imediatamente.
Sempre que se deparar com questão em que o agente vive uma fantasia, uma falsa reali-
dade, abra seu vade-mécum no artigo 20 do CP, pois é onde sua resposta estará. No caput, o
dispositivo traz o erro de tipo essencial, tema tratado no exemplo anterior, do amigo confun-
dido com um javali. Nesse caso da furadeira confundida com arma de fogo, deve ser feita a
leitura do § 1º do artigo 20, que trata das descriminantes putativas.
Descriminantes putativas
§ 1º. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo.
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No caso real, o policial do BOPE foi absolvido. Para tomar essa decisão, uma pergunta
teve de ser respondida: ele podia ter evitado o erro? Se sim, deveria ter sido condenado por
homicídio culposo (CP, art. 121, § 3º). Caso contrário, se escusável o erro, estaria caracteriza-
da a atipicidade da conduta – aparentemente, foi o que aconteceu no exemplo mencionado.
Apesar de muitos confundirem o erro de proibição com o erro de tipo, este tem uma ca-
racterística que o diferencia daquele: a falsa percepção da realidade. No artigo 20 do CP, são
descritas hipóteses em que o agente vive uma fantasia – os exemplos do javali e da furadeira.
No erro de proibição, o sujeito conhece a realidade. Seus sentidos não o enganam. Todavia,
ele erra quanto à ilicitude da conduta.
Exemplo: dois indivíduos foram a um hospital para matar membro de facção rival. Segundo
informações por eles obtidas, o alvo estaria no leito “14-F” da ala leste do hospital. Ocorre
que, na data dos fatos, houve um remanejamento dos pacientes, e Carlos, que nada tinha a ver
com a história, estava no mencionado leito. Os homicidas, que desconheciam as mudanças
ocorridas, mataram Carlos por equívoco.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Conforme explicado anteriormente, sempre que o sujeito não conhece a realidade, a res-
posta estará no artigo 20 do CP. Foi o que aconteceu na tragédia de São Leopoldo, no Rio
Grande do Sul, e no exemplo anterior, criado a partir do caso concreto. Na cabeça dos crimino-
sos, eles dispararam tiros contra “X”, o alvo desejado, mas o ataque foi direcionado a “Y”. Não
foi erro de pontaria ou algo semelhantes, mas interpretação errada da realidade. O assunto é
tratado no § 3º do artigo 20 do CP.
Ocorre erro sobre a pessoa (error in persona) quando o homicida faz confusão entre o alvo
real, desejado, e outra pessoa – há um erro de representação quanto à vítima. Para puni-lo,
não seria justo adotar a regra do erro de tipo essencial (art. 20, caput), em que, na pior das
hipóteses, a punição será por homicídio culposo. Em vez disso, o § 3º determina que não se-
jam consideradas as condições ou qualidades da vítima efetivamente atingida, mas daquela
pretendida. No exemplo do homicídio no hospital, se os criminosos agiram por motivo torpe,
a eles será imposta a qualificadora do artigo 121, § 2º, I, do CP, ainda que tenham tirado a vida
de pessoa diversa.
Exemplo: agindo com vontade de matar, João dispara tiros contra Carlos. No entanto, por erro
de pontaria, atinge Rui, médico, causando-lhe a morte.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Erro na execução
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também
atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Também conhecido como aberratio ictus, o erro na execução ocorre quando, por acidente
ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa (CP, art. 73). Perceba, diferentemente do que acontece no erro
sobre a pessoa (CP, art. 20, § 3º), não há erro do homicida em relação à identidade da vítima,
mas vício na execução do delito. A consequência é a mesma do erro sobre a pessoa (art. 20,
§ 3º): o homicida é punido como se tivesse atingido a pessoa pretendida. Contudo, uma res-
salva deve ser feita: se atingida a vítima pretendida e também pessoa diversa, o sujeito deverá
ser responsabilizado pelos dois delitos, em concurso formal (CP, art. 70).
Exemplo: com o objetivo de praticar o crime de dano, Lucas atirou pesada pedra contra a
vidraça de uma casa. No entanto, além de quebrar a janela, objetivo pretendido, ele atingiu
acidentalmente Jorge, morador do imóvel, causando-lhe a morte.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Resultado diverso do pretendido
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime,
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Homicídio e Tentativa
Exemplo: agindo com vontade de matar, Carlos apontou arma de fogo contra Pedro. No entan-
to, naquele mesmo instante, policiais que passavam pelo local perceberam o ocorrido e, ime-
diatamente, renderam o homicida, antes que pudesse efetuar o primeiro disparo.
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Se pudesse, Carlos teria matado Pedro. Não o fez porque os policiais não permitiram, de-
vendo ser responsabilizado pelo crime de homicídio, mas na forma tentada – a tentativa faz
com que a pena do delito seja diminuída de um a dois terços (CP, art. 14, II, parágrafo único).
Como Pedro não foi atingido, podemos dizer que se trata de tentativa incruenta – o oposto
é a cruenta, quando alguma lesão é provocada na vítima. Ademais, Carlos não esgotou os
meios de execução disponíveis – sua munição sequer foi utilizada -, situação denominada
tentativa imperfeita.
Em algumas situações, por mais que o indivíduo tenha empregado todos os esforços para
matar a vítima, a consumação não tem como ser alcançada. Para tais hipóteses, dizemos ser
impossível o crime, nos termos do artigo 17 do CP, causa de atipicidade da conduta. Duas
situações são capazes de provocar a impossibilidade de consumação:
a) Ineficácia absoluta do meio: quando o meio de execução adotado não é capaz de pro-
duzir o resultado desejado. Exemplo: agindo com vontade de matar, o pretenso homicida faz
com que a vítima ingira todos os medicamentos que encontrou em sua casa (ao todo, trinta
comprimidos de remédios diversos). Embora a vítima tenha sentido mal-estar, os medica-
mentos ingeridos jamais provocariam a morte, mesmo em superdosagem. Todavia, cuidado:
se a substância é capaz de matar, mas o agente emprega quantidade suficiente, deverá ser
responsabilizado pelo homicídio na forma tentada;
b) Absoluta impropriedade do objeto: para a consumação do homicídio, é imprescindí-
vel que a vítima esteja viva, afinal, o bem jurídico tutelado pelo tipo penal é a vida. Exemplo:
agindo com vontade de matar, Mariana dispara um tiro contra Luciano, que aparentava estar
dormindo. Contudo, em verdade, Luciano estava morto no momento do disparo – faleceu se-
gundos antes, vítima de ataque cardíaco. Ou seja, nem mesmo a mais mortal das armas po-
deria provocar qualquer mal à vida de Luciano, devendo ser reconhecido o crime impossível.
Acerca do moribundo, aquele que está diante de morte certa e iminente, é possível tê-lo por
vítima de homicídio, afinal, ainda há vida.
Exemplo n. 1 (desistência voluntária): agindo com vontade de matar, Mário efetuou um único
disparo de arma de fogo contra João. O projétil atingiu a vítima na perna, em região não letal.
O agressor possuía mais munição, e João, lesionado, não mais podia correr. Contudo, ao vê-lo
no chão, sangrando, Mário não quis dar continuidade à execução.
Exemplo n. 2 (arrependimento eficaz): agindo com vontade de matar, Mário efetuou diversos
tiros contra João, a ponto de esgotar a munição. A vítima foi atingida em região letal. Quando
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estava prestes a deixar o local do crime, Mário sentiu pena de João, e decidiu levá-lo ao hos-
pital mais próximo. Graças ao socorro prestado pelo agressor, a vítima sobreviveu, embora
tenha sofrido lesão corporal de natureza gravíssima.
Na tentativa, o agente quis, até o fim, a consumação, mas não a alcançou por motivos que
fugiram do seu controle – a polícia apareceu, a arma quebrou, a vítima correu etc. Na desis-
tência voluntária e no arrependimento eficaz, o agente também queria a consumação, como a
tentativa, mas mudou de ideia em algum momento. Entenda:
a) Desistência voluntária: iniciada a execução, o agente a abandona, voluntariamente, an-
tes de conclui-la. O instituto se assemelha, quanto ao momento, à tentativa imperfeita, em
que não há esgotamento dos atos executórios. Como consequência, o sujeito responde ape-
nas pelo que tiver efetivamente feito (ex.: lesão corporal).
b) Arrependimento eficaz: esgotada a execução, mas ainda não consumado o crime, o
sujeito age, voluntariamente, e a impede (ex.: leva a vítima ao hospital). Portanto, em relação
ao momento, se assemelha à tentativa perfeita, em que o agente esgota os atos executórios.
A consequência é a mesma: o arrependido responde apenas por aquilo que tiver efetivamente
feito (ex.: disparo de arma de fogo).
Imagine o seguinte exemplo: agindo com vontade de matar, Carlos disparou três tiros contra
Francisco. Apenas um dos projéteis atingiu a vítima, imobilizando-a e impedindo qualquer re-
sistência. Carlos tinha mais três munições intactas, podendo matar Francisco, mas, ao vê-lo
no chão, ensanguentado, desistiu e abandonou a execução. Nesse caso, ocorreu desistência
voluntária, pois não houve o esgotamento dos atos executórios. Em provas de concursos pú-
blicos, para evitar questionamentos, as bancas sempre dizem ter havido um único golpe ou
disparo. O motivo: quando se fala em apenas um ataque, quem elaborou a questão quer que
o candidato conclua ter havido o abandono da execução antes de conclui-la.
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Ambas são causas de exclusão da ilicitude, mas uma não se confunde com a outra. No es-
tado de necessidade, não há injusta agressão. É o que ocorre no exemplo do navio afundando
sem que haja botes salva-vidas para todos. Se João mata José para assegurar sua vaga em
um dos botes, a ilicitude será afastada. Se uma vida tiver de ser sacrificada para salvar outra,
quem ganhar essa disputa não poderá ser punido pelo homicídio praticado.
Na legítima defesa, há injusta agressão de uma parte e movimento de defesa da outro.
Se, sem um justo motivo, João ataca José, José poderá contra-atacar, mas a força por ele
empregada tem de ser apenas a necessária para repelir a agressão. Pode acontecer, no en-
tanto, de o agredido ter de usar força excessiva, além da mínima suficiente, para repelir a in-
justa agressão, quando não houver outra disponível, hipótese em que a legítima defesa será
mantida. Portanto, esqueça fórmulas objetivas. A legítima defesa não será automaticamente
afastada se disparados dois ou três tiros, ou se empregada arma de fogo contra ataques de
arma branca. A aferição do excesso é possível apenas quando avaliado o caso concreto.
Em provas de concursos públicos, a bancas podem adotar apenas situação indiscutíveis.
Alguns exemplos:
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a) Para não ser morto por José, que o está atacando injustamente, João dispara tiro con-
tra o agressor, causando-lhe a morte. Está presente, portanto, a legítima defesa;
b) Sem um justo motivo, João aponta arma de fogo contra José. Em autodefesa, José
agride João e consegue desarmá-lo. Ato contínuo, quando João havia desistido do ataque,
José o atinge com um tiro, matando-o. Nesse caso, não há o que se falar em exclusão da ili-
citude pela legítima defesa, mas em homicídio.
O Pacote Anticrime adicionou o parágrafo único do artigo 25 do Código Penal, com a se-
guinte redação:
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a víti-
ma mantida refém durante a prática de crimes.
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Apesar de toda a polêmica a respeito do parágrafo único do artigo 25 do CP, não há motivo
para preocupação em relação a concursos públicos. Como ainda não existe uma posição da
jurisprudência sobre o novo dispositivo, as bancas poderão cobrar apenas a literalidade do
texto, sem qualquer interpretação. Portanto, se cair em sua prova questão em que um sniper
da polícia matou um criminoso, a resposta será a transcrição do parágrafo único do artigo 25
do CP. Pode confiar! :)
Em um caso real, não é fácil distinguir o dolo eventual de culpa consciente. Se bebo um
litro de cachaça e decido dirigir – se é que isso é possível -, é evidente que assumi o risco de
causar um acidente (logo, dolo eventual). No entanto, se bebo um copo de cerveja, a situação
já não é tão simples. Para a legislação, estou embriagado. Entretanto, é possível dizer que,
após um copo de cerveja, assumi o risco de matar alguém? Ademais, se dirijo a 150 km/h em
uma via de limite máximo de 50km/h, não é difícil apontar pelo dolo eventual. Todavia, e se
a velocidade for de 70km/h? Por ter excedido em 20km/h a velocidade permitida, assumi o
risco de matar alguém? Não por outro motivo, em homicídios causados por acidente de trân-
sito, a briga entre a acusação e a defesa costuma girar em torno do dolo eventual e da culpa
consciente.
Em concursos, as bancas não podem pedir exemplos duvidosos. Na hipótese em que ex-
cedi a velocidade em 20km/h acima do limite, quem pode dizer, de forma objetiva, que houve
dolo eventual? Ninguém! É algo a ser analisado no caso concreto – deve ser questionado, por
exemplo, a qualidade do asfalto, a extensão da via, a largura do trecho onde ocorreu o aci-
dente, se era área de grande fluxo de pessoas etc. Se cair em sua prova, o enunciado poderá
trazer duas hipóteses:
(a) Alguém com uma habilidade especial (o exemplo do motorista profissional), que acre-
dita ter capacidade de evitar o resultado – hipótese de culpa consciente.
(b) Alguém em situação extrema, absurda, como o exemplo de quem bebeu um litro de
cachaça, quando não há o que se discutir, em tese, a respeito do dolo eventual.
Legislação
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação1-2
Art. 122. Induzir3 ou instigar4 alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou pres-
tar-lhe auxílio material5 para que o faça:
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.6-7
§ 1º. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:8
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.9
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Comentários à Legislação
1. Embora exista um nomen juris expresso em lei, é comum a adoção dos termos partici-
pação em suicídio e participação em automutilação.
2. Até a entrada em vigor da Lei n. 13.968/19, o artigo 122 do CP tipificava apenas a parti-
cipação em suicídio. A participação em automutilação foi resposta legislativa à Baleia Azul e
outros jogos semelhantes, em que os participantes devem se submeter ao autoflagelo e, até
mesmo, ao suicídio.
3. Quem induz cria a ideia. Exemplo: sugerir o suicídio a alguém que relata estar vivendo
alguma dificuldade.
4. Instigar é o mesmo que estimular, reforçar a ideia. Ou seja, o agente incentiva a vítima
a dar continuidade ao plano suicida ou de automutilação.
5. O auxílio material consiste em fornecer meios para a prática do suicídio ou da automu-
tilação (ex.: fornecer arma de fogo). No entanto, o auxílio não pode se dar por conduta apta
a provocar o resultado. Exemplo: por estar fisicamente debilitada, a vítima pede ajuda para
empurrar o êmbolo de seringa contendo veneno, hipótese em que o sujeito será responsabi-
lizado por homicídio.
6. Crime de menor potencial ofensivo, compatível com os institutos despenalizadores da
Lei n. 9.099/95 – composição civil dos danos, transação penal e suspensão condicional do
processo (arts. 74, 76 e 89).
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7. Na antiga redação, a ocorrência de lesão corporal grave ou morte era condição para
a existência do delito. Se uma pessoa instigasse outra ao suicídio, e da conduta resultasse
lesão corporal leve, não ficaria caracterizado o delito – a conduta era atípica. Atualmente,
após a reforma do dispositivo (Lei n. 13.968/19), a participação em suicídio passou a ser
crime formal, cuja existência e consumação independem da produção de qualquer resultado
naturalístico.
8. Se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º
ou § 2º), o crime será qualificado. Se, no entanto, provocar lesão corporal leve (art. 129, caput),
a conduta permanecerá típica, mas punida em sua forma simples, com pena de reclusão, de
seis meses a dois anos.
9. Com pena máxima de três anos, a qualificadora faz com que o crime deixe de ser de me-
nor potencial ofensivo. No entanto, permanece possível a suspensão condicional do processo
(Lei n. 9.099/95, arts. 61 e 89).
10. Forma qualificada do delito, a participação em suicídio ou em automutilação será pu-
nida com pena de reclusão, de dois a seis anos, se a vítima morrer. Não se fala mais, portan-
to, em suspensão condicional do processo, pois a pena mínima é superior a um ano (Lei n.
9.099/95, art. 89).
11. O § 3º traz causas de aumento de pena, aplicáveis na terceira fase do cálculo da pena,
fazendo com que a pena seja duplicada nas hipóteses a seguir analisadas.
Se o crime for praticado por motivo egoístico: o sujeito pratica o delito motivado por
interesse próprio, que em nada aproveita para a vítima. Exemplo: em um concurso de
beleza, um concorrente estimula o outro à automutilação, com o objetivo de provocar-lhe
dano estético.
Se o crime for praticado por motivo torpe ou fútil: o crime é praticado por razão vil ou
desproporcional. Exemplo: instigar alguém ao suicídio com o objetivo de obter herança.
Se a vítima for menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência:
na primeira parte do dispositivo, a participação tem por vítima pessoa com idade de
catorze a dezessete anos. Se a idade for inferior a catorze anos (treze ou menos), deverá
ser aplicado o disposto no artigo 122, § 7º. Na parte final, a pena é duplicada quando,
por qualquer causa, a vítima maior de dezoito anos tiver diminuída a capacidade de
resistência (ex.: pessoa embriagada). Caso inexista a possibilidade de resistência, deverá
incidir o disposto no § 7º.
12. O § 4º do artigo 122 traz outra majorante, quando a pena será aumentada até o dobro
se o delito for praticado por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em
tempo real. Note, o dispositivo fala em até o dobro, permitindo variação não admitida no § 3º,
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que afirma que a pena será duplicada. Embora nada seja dito, devemos considerar por varia-
ção mínima a fração de um sexto, a menor prevista no Código Penal – ou seja, a pena será
aumentada de um sexto até o dobro.
13. Desde a eclosão do jogo conhecido por Baleia Azul, vozes pediram a responsabilidade
penal dos envolvidos em participação em automutilação e suicídio de milhares de pessoas –
jovens, principalmente – ao redor do mundo. Em razão da maior reprovabilidade da conduta,
o legislador impôs aumento de metade da pena (fração fixa) caso o envolvido na prática deli-
tuosa seja coordenador ou líder de grupo ou rede virtual.
14. De acordo com o § 6º e o § 7º, algumas características da vítima e o resultado natu-
ralístico produzido podem fazer com que o crime do artigo 122 seja afastado, dando espaço à
responsabilidade penal por lesão corporal qualificada ou homicídio (CP, arts. 129, § 2º, e 121,
respectivamente).
Sinopse
Condutas
Participação em Suicídio
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Participação em Automutilação
A conduta consiste em induzir, instigar ou prestar auxílio material para que a vítima pra-
tique automutilação, mas sem a intenção de provocar o suicídio. Um triste e real exemplo: as
crianças e adolescentes que provocavam cortes em seus braços no jogo conhecido por Baleia
Azul. Quanto ao auxílio material, vale o que foi dito na participação em suicídio: não pode ser
a prática do ato de lesionar a vítima, ainda que ela consinta.
Bem Jurídico
Após a reformulação produzida pela Lei n. 13.968/19, o artigo 122 passou a ter por bem
jurídico tutelado, além da vida humana, na participação em suicídio, a incolumidade física, na
participação em automutilação.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
Crime comum em todas as modalidades, pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujei-
to passivo pode ser, a princípio, qualquer pessoa. Contudo, merece cuidado o § 3º, II, o § 6º e
o § 7º do artigo 122, conforme tabela a seguir.
Elemento Subjetivo
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Consumação e Tentativa
Ação Penal
Quadro Sinótico
PARTICIPAÇÃO EM AUTOMUTILAÇÃO OU SUICÍDIO
1. Crime comum, simples, formal, de dano, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo e
plurissubsistente.
2. Na forma simples, é crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado
Especial Criminal (rito sumaríssimo), compatível com a transação penal e com a suspensão
condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).
3. Na forma qualificada pela produção de lesão corporal grave ou gravíssima, deixa de
ser crime de menor potencial ofensivo – a pena máxima é de três anos -, mas permanece
compatível com a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89), pois tem
pena mínima de um ano.
4. Se tiver por resultado a morte, o delito será qualificado, com pena de dois a seis anos,
incompatível com qualquer instituto despenalizador da Lei n. 9.099/95.
5. Se praticadas as condutas contra pessoa com menos de catorze anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
provocada lesão corporal gravíssima ou morte, o agente responderá por lesão corporal
qualificada (CP, art. 129, § 2º) ou homicídio (CP, art. 121), respectivamente, devendo ser
afastada a incidência do artigo 122 do CP.
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Legislação
Infanticídio
Art. 123. Matar1, sob a influência do estado puerperal2, o próprio filho3, durante o parto ou
logo após: 4
Pena – detenção, de dois a seis anos.5
Comentários à Legislação
1. O verbo nuclear é o mesmo do homicídio: matar. Ou seja, suprimir a vida humana ex-
trauterina. Se praticada a conduta antes de iniciado o trabalho de parto, o crime será o de
aborto (CP, arts. 124 a 126).
2. Para a prática do infanticídio, deve a mãe agir sob a influência do estado puerperal, fase
iniciada a partir da dequitação da placenta. Na literatura médica, muito se debate sobre o
estado mental das parturientes nesse momento, que não se confunde com problemas mais
graves, a exemplo da denominada psicose toxinfecciosa puerperal, que pode fazer com que
se conclua pela inimputabilidade (CP, art. 26, caput). Para fins de incidência do artigo 123 do
CP – e considerando que este material tem por foco os concursos públicos -, basta saber que
o estado puerperal a que se refere o dispositivo consiste em alterações físicas e psíquicas
naturais do parto, razão pela qual se dispensa perícia para comprová-lo.
3. O crime deve ser praticado, necessariamente, pela mãe. Isso não impede, contudo, a
responsabilidade penal de quem eventualmente a auxiliar a cometer o crime (CP, art. 30, in
fine). A vítima é o filho, nascente ou recém-nascido (neonato).
4. A conduta deve ser praticada durante o parto ou logo após. O dispositivo não especifica
o período em que o infanticídio poderá ser reconhecido – em horas ou dias -, o que deve ser
aferido quando da análise caso concreto. Quando falado em durante o parto, considere, até
mesmo, o momento anterior à expulsão do nascente do corpo da mãe.
5. Punido com pena de detenção, o infanticídio não é compatível com institutos despe-
nalizadores da Lei n. 9.099/95 (composição, transação ou suspensão do processo). Por ser
crime violento, também não é possível o acordo de não persecução penal (CPP, art. 28-A).
Sinopse
Conduta
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
Leonardo Castro
Bem Jurídico
O bem jurídico tutelado é a vida humana extrauterina, que tem por início o trabalho de parto.
Objeto Material
Sujeitos do Crime
O infanticídio é crime próprio, pois a lei prevê que será praticado pela mãe da vítima. A
condição de mãe é pessoal, mas elementar do delito. Por esse motivo, é possível a coau-
toria e a participação na prática do crime, por força do que dispõe o art. 30 do CP: “não se
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime”. Por isso, é possível que o pai, por exemplo, ao auxiliar a mãe à prática do delito,
também seja responsabilizado por infanticídio. O sujeito passivo, é nascente (durante o par-
to) ou o recém-nascido ou neonato (logo após o parto), filho da mulher que pratica a condu-
ta de matar.
Imagine a hipótese em que, sob influência do estado puerperal, a mãe vai até o berçário e,
pensando estar matando seu filho, mata outra criança – ela confundiu as crianças no berçário
da maternidade. Na hipótese, ela deve ser responsabilizada por homicídio ou por infanticídio?
Segundo o art. 20, § 3º, do CP, que trata do erro sobre a pessoa ou error in persona, o agente
deve ser punido pela vítima pretendida, e não pela efetivamente atingida. Logo, deve ser pu-
nido por infanticídio a mãe que, pretendendo matar o próprio filho, sob a influência do estado
puerperal, confunde as crianças e mata o filho de outra pessoa.
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
Ação Penal
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
Leonardo Castro
Quadro Sinótico
INFANTICÍDIO
1. Crime próprio, comissivo ou omissivo, material, de forma livre, instantâneo com efeitos
permanentes, progressivo, de dano, unissubjetivo, plurissubsistente.
4. A prática do delito é possível a partir do início do trabalho de parto, quando tem início a
vida extrauterina.
Legislação
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento1-2
Art. 124. Provocar aborto em si mesma3 ou consentir que outrem lho provoque: 4
Pena – detenção, de um a três anos.5
Aborto provocado por terceiro
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:6
Pena – reclusão, de três a dez anos.7
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:8
Pena – reclusão, de um a quatro anos.9
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quator-
ze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência.10
Forma qualificada11
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço,
se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe so-
brevém a morte.12
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:13-14-15
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;15
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal.17
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
Leonardo Castro
Comentários à Legislação
1. O aborto consiste em atentar contra vida intrauterina, quando ainda não iniciado o
trabalho de parto. Muito se discute acerca do momento inicial da gestação, quando o delito
pode ser praticado. Alguns falam que a gestação tem início com a fecundação, quando o es-
permatozoide se une ao óvulo. Outros dizem que seria com a nidação, fenômeno verificado
no instante em que o óvulo fecundado é implantado no útero. Há quem sustente que, se com-
preendido como momento inicial a fecundação, haveria o crime de aborto pelo uso da pílula
do dia seguinte, expressão popular adotada em referência a medicamentos que impedem a
nidação do óvulo fecundado. No entanto, a reflexão não é correta, afinal, ainda que a fecunda-
ção seja o termo inicial da gravidez, o uso da pílula estaria amparado por causa excludente da
ilicitude – o exercício regular de direito (CP, art. 23, III).
2. O STF, em julgado isolado, entendeu ser atípico o aborto praticado no primeiro trimestre
da gestação (HC 123.306/RJ). Para concursos públicos, não deve ser considerado, salvo se o
enunciado deixar clara a excepcionalidade da decisão.
3. O crime do artigo 124 do CP tem por sujeito ativo a gestante. Na primeira conduta des-
crita, ela própria realiza o procedimento para abortar. Crime de mão própria, quem a oferece
auxílio material poderá ser punido na condição de partícipe (CP, art. 30, in fine). Exemplo de
participação: custear a compra de medicamento abortivo.
4. A gestante também será punida quando consentir para que alguém realize o procedi-
mento, hipótese em que o terceiro será responsabilizado pelo crime do artigo 126 do CP, e não
como partícipe no delito do artigo 124.
5. Crime punido com detenção, a pena mínima de um ano faz com que seja admita a sus-
pensão condicional do processo, embora não se trate de crime de menor potencial ofensivo
(Lei n. 9.099/95, arts. 61 e 89).
6. No crime do artigo 125 do CP, o sujeito ativo age com dolo, direto ou eventual. Das três
condutas típicas, é a mais grave, pois provoca o aborto contra a vontade da gestante. É im-
prescindível que o agente conheça a condição de gestante, quando provocado o aborto em
concurso com outro delito. Exemplo: com o objetivo de matar a mulher, o homicida também
provoca a morte do feto, devendo ser punido tanto pelo homicídio quanto pelo aborto.
7. Punido com pena de reclusão, de três a dez anos, não é possível a aplicação dos ins-
titutos despenalizadores da Lei n. 9.099/95. Por ser crime violento, também não se admite o
acordo de não persecução penal (CPP, art. 28-A).
8. O artigo 126 do CP tipifica a conduta daquele que, com o consentimento da gestante,
nela emprega meios suficientes para provocar o aborto (ex.: injetar-lhe medicamento abor-
tivo). Não se confunde com a conduta de quem dá auxílio material à gestante para a prática
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
Leonardo Castro
do autoaborto, hipótese em que ambos (ela e quem auxilia) devem ser punidos pelo crime do
artigo 124 do CP. O artigo 126 traz exceção à teoria monista (teoria pluralista), que impõe a
todos os envolvidos em um resultado a responsabilidade por um mesmo delito. Fenômeno
idêntico ocorre nos crimes de corrupção ativa e corrupção passiva (CP, arts. 333 e 317, res-
pectivamente).
9. Punido com pena de reclusão, de um a quatro anos, o crime do artigo 126 do CP é com-
patível com a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
10. O parágrafo único descreve hipóteses em que o consentimento da gestante é irrele-
vante. Verificada alguma daquelas situações, o sujeito será responsabilizado pelo delito do
artigo 125, quando o aborto é provocado por terceiro sem consentimento.
11. Embora o Código Penal fale em forma qualificada, o artigo 127 descreve majorantes,
aplicáveis na terceira fase do cálculo da pena.
12. A pena do aborto provocado por terceiro, com ou sem consentimento da gestante,
deve ser aumentada de um terço, caso provoque lesão corporal grave na gestante (CP, art.
129, § 1º e § 2º), ou duplicada, se causar a morte.
13. O artigo 128 do CP prevê causas especiais de exclusão da ilicitude – portanto, têm
a mesma natureza jurídica das hipóteses elencadas no artigo 23 do CP (legítima defesa,
por exemplo).
14. O aborto em caso de anencefalia não encontra amparo no artigo 128 do CP, que, como
já dito, traz causas de exclusão da ilicitude. Em verdade, diagnosticada a anencefalia, não
haverá aborto, mas extração de feto inviável, sem vida. Não há crime em razão da atipici-
dade, afinal, o bem jurídico, vida, não existe (nesse sentido, a ADPF 54/DF, julgada em 2012
pelo STF).
15. O aborto deve ser realizado por médico. Quando praticado por outros profissionais da
saúde (enfermeiros, fisioterapeutas etc.), pode ser excluída a ilicitude em razão do estado de
necessidade (CP, art. 24), se necessária a intervenção imediata para salvar a vida da gestante.
16. No aborto necessário ou terapêutico, não há outro meio para salvar a vida da gestante.
O perigo não precisa ser atual. Basta que exista e que se conclua não haver outro meio para
assegurar que a gestante sobreviva. O médico não depende de autorização judicial para fazer
o procedimento.
17. No inciso II, temos o denominado aborto sentimental ou humanitário, quando a gravi-
dez resulta de estupro (CP, arts. 213 e 217-A). Diferentemente do que ocorre no aborto neces-
sário (inciso I), o aborto sentimental depende de consentimento da gestante – se incapaz, de
seu representante legal.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Sinopse
Condutas
Em todos os três artigos – 124, 125 e 126 -, o aborto consiste em eliminar vida intrau-
terina, aquela que subsiste até o início do trabalho de parto. Pode ser praticado pela própria
gestante, com ou sem auxílio, ou por terceiro, com ou sem consentimento.
Bem Jurídico
Objeto Material
É o feto.
Sujeitos do Crime
No crime do artigo 124, estamos diante de hipótese de crime de mão própria, pois apenas
a gestante pode praticar o autoaborto ou consentir que alguém o faça. Por esse motivo, não
é compatível com coautoria, mas é possível a participação (ex.: quem presta auxílio material
à gestante). Nos demais crimes, dos artigos 125 e 126, qualquer pessoa pode praticá-los
(crimes comuns).
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Penas
A pena mínima de um
ano permite a suspensão
condicional do processo A pena mínima de um ano
A pena mínima não admite
(Lei n. 9.099/95, art. 89). torna o delito compatível
suspensão condicional do
Todavia, não se trata de com a suspensão
processo (Lei n. 9.099/95,
crime de menor potencial condicional do processo (Lei
art. 89).
ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. n. 9.099/95, art. 89).
61). Logo, não é possível a
transação penal.
Forma Qualificada
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Exclusão da Ilicitude
O artigo 128 do CP é cobrado com muita frequência em provas. É preciso ter cuidado, pois
o dispositivo esconde algumas pegadinhas. Por segurança, fique atento às principais, a se-
guir trazidas:
a) Na hipótese do aborto do feto anencéfalo, tema da ADPF 54/DF, não estamos diante de
mais uma causa de exclusão da ilicitude, não trazida no artigo 128 do CP, mas de atipicidade
da conduta em razão de o crime ser impossível (CP, art. 17) – também denominado crime de
ensaio ou tentativa inidônea. Logo, não se fala em aborto.
b) O aborto eugênico ou eugenésico não é amparado pela exclusão da ilicitude do artigo 128
do CP. Portanto, ainda que comprovado que o feto sofre de grave deformidade física, o aborto
não será permitido – salvo, é claro, na hipótese de anencefalia ou de outra enfermidade que
inviabilize a vida extrauterina.
c) Em posicionamento isolado, há decisão do STF que considerou atípico o aborto praticado
no primeiro trimestre de gestação (HC 124.306-RJ). Em prova, não o adote como regra.
d) O aborto terapêutico ou sentimental deve ser realizado por médico. Na hipótese em que
outro profissional (ex.: enfermeiro) realiza o aborto para salvar a vida da gestante, a ilicitude
poderá ser excluída em razão do estado de necessidade (CP, art. 24), mas não com fundamen-
to no artigo 128, I, do CP.
e) O médico não precisa de autorização judicial para o aborto nas situações descritas no artigo
128 do CP.
f) O aborto sentimental ou humanitário deve ser precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal, o que não ocorre no aborto terapêutico ou
necessário.
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Quadro Sinótico
ABORTO
Sujeito ativo: a
gestante. É possível
Sujeito ativo: a
o concurso de
gestante. O terceiro Sujeito ativo: Sujeito ativo:
pessoas, quando
que pratica o aborto qualquer pessoa qualquer pessoa
terceiro fornece
responde pelo crime (crime comum). (crime comum).
auxílio material à
do artigo 126 do CP.
prática da conduta
(CP, art. 30, in fine).
As penas cominadas nos artigos 125 e 126 são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a morte.
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Legislação
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS1
Lesão corporal2
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:3
Pena – detenção, de três meses a um ano.4-5
Lesão corporal de natureza grave6
§ 1º. Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;7
II – perigo de vida;8
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;9
IV – aceleração de parto:10
Pena – reclusão, de um a cinco anos.11
§ 2º. Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;12
II – enfermidade incurável;13
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;14
IV – deformidade permanente;15
V – aborto:16
Pena – reclusão, de dois a oito anos.17
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado,
nem assumiu o risco de produzi-lo:18
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.19
Substituição da pena
§ 5º. O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:20
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II – se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º. Se a lesão é culposa:21
Pena – detenção, de dois meses a um ano.22
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Aumento de pena
§ 7º. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e
6º do art. 121 deste Código.23
§ 8º. Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.24
Violência Doméstica
§ 9º. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou com-
panheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:25
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.26
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indica-
das no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for
cometido contra pessoa portadora de deficiência.27
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de
um a dois terços.28-29
1. A lesão corporal se assemelha, em muitos aspectos, ao homicídio (CP, art. 121). A prin-
cipal diferença reside na ausência de animus necandi, o intento homicida.
2. A lesão corporal pode ser leve (caput), grave (§ 1º), gravíssima (§ 2º), seguida de morte
(§ 3º), privilegiada (§ 4º), culposa (§ 6º), circunstanciada (§ 7º, § 10, § 11 e § 12) ou qualifi-
cada (§ 9º).
3. A lesão corporal não se limita a ofensa à integridade corporal. Portanto, não se pratica
o delito apenas ao se esmurrar ou chutar alguém, mas também por meio de ofensa à saúde.
Exemplo: forçar a vítima a ingerir medicamento que provoque desmaios. Não se confunde com
o homicídio, em que a conduta tem por objetivo provocar a morte da vítima, ou com a contra-
venção penal de vias de fato (LCP, art. 21), em que não há intenção de lesionar (animus laedendi).
4. Punido com pena de detenção, de três meses a um ano, a lesão corporal é crime de
menor potencial ofensivo, que deve ser processado e julgado pelo Juizado Especial Criminal.
É compatível com todos os institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/95 (composição civil
dos danos, transação penal e suspensão condicional do processo), mas não com o acordo de
não persecução penal, pois se trata de delito violento (CPP, art. 28-A).
5. Em regra, a lesão corporal leve é crime de ação penal pública condicionada à represen-
tação (Lei n. 9.099/95, art. 88), salvo se praticado contra mulher, em hipótese de violência
doméstica ou familiar, quando a ação será incondicionada (Lei n. 11.340/06, art. 41).
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6. No § 1º e no § 2º, o artigo 129 traz formas qualificadas da lesão corporal (há outra no §
9º). Embora o Código Penal fale apenas em lesão corporal de natureza grave ao se referir aos
dois parágrafos, é comum a adoção da seguinte classificação: no § 1º, as lesões são graves
e, no § 2º, gravíssimas. O legislador adota essa divisão, como se pode constar em vários dis-
positivos (ex.: CP, art. 122, § 1º).
7. A lesão corporal é qualificada quando a lesão afaste a vítima, por mais de trinta dias, de
suas ocupações habituais. Não precisa ser ocupação profissional. Trata-se de crime a prazo,
pois a materialidade somente se verifica quando, passados os mais de trinta dias, laudo peri-
cial comprove o impedimento de exercício das ocupações (CPP, art. 168, § 2º).
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 2º. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal,
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
8. Embora não seja crime contra a vida, a lesão corporal pode, evidentemente, provocar a
morte da vítima, quando o delito será qualificado (CP, art. 129, § 3º). Caso a vítima sobreviva,
mas fique caracterizado o perigo à vida – depende de comprovação por perícia -, o sujeito
ativo será punido pela forma qualificada do crime.
9. A debilidade consiste na diminuição da capacidade, e não na total perda da funcionali-
dade de membro, sentido ou função (veja o § 2º, III). Para que qualifique a lesão corporal, deve
ser permanente. Na hipótese de perda ou inutilização de órgão duplo (rins, olhos etc.), adota-
-se a seguinte regra: (a) se perdido ou inutilizado um, mas mantido outro, a lesão corporal é
grave (§ 1º, III); (b) se perdidos ambos, a lesão é gravíssima (§ 2º, III).
A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art.
129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). Com efeito, deformidade,
no sentido médico-legal, ensina doutrina, “é o prejuízo estético adquirido, visível, indelé-
vel, oriundo da deformação de uma parte do corpo”. Assim, a perda de dois dentes, muito
embora possa reduzir a capacidade funcional da mastigação, não enseja a deformidade
permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do CP e, sim, debilidade permanente (configu-
radora de lesão corporal grave). (Informativo 590/STJ)
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18. Crime preterdoloso, em que a morte resulta de culpa, mas dolo na prática da lesão
corporal. Em razão disso, não é possível a tentativa, afinal, o resultado agravador não foi de-
sejado pelo agressor.
19. Em verdade, causa de diminuição de pena. Para melhor compreender o tema, leia o
que foi dito ao comentar o artigo 121, § 1º, do CP (homicídio privilegiado).
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Substituição da Pena
20. Não sendo graves as lesões, pode o juiz substituir a pena de detenção pela de multa
quando: (a) verificada hipótese de lesão corporal privilegiada (art. 129, § 4º); (b) as lesões fo-
rem recíprocas, ressalvada a legítima defesa (CP, art. 25), quando um indivíduo lesiona outro
ao repelir injusta agressão.
21. Sobre as lesões corporais culposas, leia o que foi dito em relação ao homicídio culpo-
so (CP, art. 121, § 3º).
22. Delito de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, com-
patível com todos os institutos despenalizadores do rito sumaríssimo (Lei n. 9.099/95, arts.
61, 64, 76 e 89). Em regra, é crime de ação penal pública condicionada à representação, salvo
quando verificada violência doméstica ou familiar contra mulher (Lei n. 11.340/06, art. 41).
23. Leia o que foi comentado a respeito do artigo 121, § 4º, do CP.
24. Leia os comentários sobre o artigo 121, § 5º, do CP.
Violência Doméstica
25. É qualificada a lesão corporal quando for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, pre-
valecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Tenha
cuidado, pois a vítima pode ser do sexo masculino, quando deverá ser afastada a incidência
da Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha).
26. A pena é de detenção, de três meses a três anos. Portanto, embora não seja cri-
me de menor potencial ofensivo, é possível a suspensão condicional do processo (Lei n.
9.099/95, art. 89).
27. Na hipótese de violência doméstica, a lesão corporal que resulte em lesão grave, gra-
víssima ou morte terá sua pena aumentada de um terço. A pena também será aumentada de
um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
28. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de
um a dois terços.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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29. Se a vítima vier a sofrer lesão corporal gravíssima ou morrer (art. 129, § 2º ou § 3º), o
crime será hediondo (Lei n. 8.072/90, art. 1º, I-A).
Sinopse
Conduta
Bem Jurídico
Objeto Material
Elemento Subjetivo
Consumação e Tentativa
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Substituição da Pena
Não sendo graves as lesões, o juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa,
quando: (a) o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima; (b) as
lesões são recíprocas.
Ação Penal
Na lesão corporal leve e na culposa (CP, art. 129, caput e § 3º), a ação penal é pública con-
dicionada à representação (Lei n. 9.099/95, art. 88), exceto quando se tratar de vítima do sexo
feminino em hipótese de violência doméstica ou familiar (Lei n. 11.340/06, art. 41). Para todo
o restante do artigo 129, o crime é de ação penal pública incondicionada.
Punida com pena de reclusão, de dois a oito anos, essa qualificadora está presente quan-
do a lesão corporal resulta em: (a) incapacidade permanente para o trabalho; (b) enfermidade
incurável; (c) perda ou inutilização do membro, sentido ou função; (d) deformidade perma-
nente; (d) aborto.
Majorantes
Crime preterdoloso (a lesão é dolosa, mas a morte resulta de culpa), pune-se com pena de
reclusão, de quatro a doze anos.
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Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Hipótese idêntica à do homicídio privilegiado
(CP, art. 121, § 1º).
Pouco importa o grau da lesão, se leve, grave ou gravíssima. Quando culposa, deve ser
punida com pena de detenção, de dois meses a um ano.
Perdão Judicial
Violência Doméstica
É qualificada a lesão corporal quando for praticada contra ascendente, descendente, ir-
mão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Tenha cui-
dado, pois a vítima pode ser do sexo masculino – quando deverá ser afastada a incidência da
Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha). A pena é de detenção, de três meses a três anos.
Causas de aumento de pena: na hipótese de violência doméstica, a lesão corporal que resul-
te em lesão grave, gravíssima ou morte terá sua pena aumentada de um terço. A pena também
será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
Se praticada a lesão contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Cons-
tituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
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Quadro Sinótico
LESÃO CORPORAL
2. A lesão corporal leve e a lesão corporal culposa são crimes de menor potencial
ofensivo, compatíveis com todos os institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/95. Ambos
são de ação penal pública condicionada à representação. No entanto, há uma exceção,
que afasta tudo o que foi dito neste item: os crimes com violência doméstica ou familiar
contra a mulher, nos termos da Lei Maria da Penha, em razão do disposto no artigo 41 da
Lei n. 11.340/06.
5. A lesão corporal com resultado morte é crime preterdoloso. Logo, não admite tentativa.
6. Na lesão corporal dolosa, se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
7. O juiz, não sendo graves as lesões (§ 1º e § 2º), pode substituir a pena de detenção pela
de multa: ocorre qualquer das hipóteses do item anterior; (b) se as lesões são recíprocas.
8. A lesão corporal culposa é compatível com o perdão judicial, da mesma forma como
acontece no homicídio culposo.
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§ 4º. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo do-
loso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
11. Na hipótese de violência doméstica, a lesão corporal que resulte em lesão grave,
gravíssima ou morte terá sua pena aumentada de um terço. A pena também será
aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
12. Se praticada a lesão contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a
pena é aumentada de um a dois terços. É a única hipótese em que a lesão corporal pode
ser considerada crime hediondo, desde que produza lesão corporal gravíssima ou morte.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/2019) João ministra veneno a Maria, em dose apta a causar-lhe a morte, pois
ela iria informar à autoridade policial que João havia mantido relação sexual incestuosa e
consentida com a filha dele, de 16 anos. Antes que o resultado se efetive, João socorre Maria,
levando-a a um pronto-socorro. Lá, o médico de plantão deixa de atender Maria, sob a única
razão de estar almoçando. Maria, que seria salva caso o médico interviesse, morre.
Diante desse cenário, que admite múltiplas qualificações jurídicas, assinale a alternativa que
melhor se adeque à espécie.
a) João cometeu homicídio; o médico cometeu lesão corporal seguida de morte.
b) João cometeu homicídio qualificado; o médico cometeu omissão de socorro com pena
triplicada pelo resultado morte.
c) João será beneficiado pelo arrependimento posterior e não sofrerá qualquer reprimenda
penal; o médico cometeu homicídio culposo, na modalidade negligência.
d) João cometeu lesão corporal seguida de morte; o médico cometeu omissão de socorro em
concurso com homicídio culposo, na modalidade negligência.
e) João cometeu homicídio duplamente qualificado; o médico cometeu omissão de socorro,
com a pena duplicada pelo resultado morte.
João praticou o crime de homicídio qualificado pelo emprego de veneno (CP, art. 121, § 2º,
III). Embora tenha havido o arrependimento, a vítima faleceu, não sendo possível o reconhe-
cimento do arrependimento eficaz (CP, art. 15). Quanto ao médico, a conduta bem se amolda
ao disposto no artigo 135, parágrafo único, do CP, que trata, em sua parte final, da omissão de
socorro com resultado morte.
Letra b.
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Caso esteja se questionando sobre a prática do delito em virtude de defeito na piscina, perce-
ba que a conduta de Caio não se deu por não o informar, mas por conhecê-lo e, mesmo assim,
convidar a vítima para brincar de caça ao tesouro próximo ao ralo. Além disso, aumentou a
potência do equipamento de sucção para assegurar o plano homicida. Em resumo: ele queria
matar e adotou meio indireto para alcançar o resultado inicialmente desejado. A motivação
foi torpe: Caio quis eliminar a concorrente (CP, art. 121, § 2º, I). Quanto ao arrependimento, foi
em vão, afinal, a vítima morreu, não sendo possível a incidência do artigo 15 do CP (arrepen-
dimento eficaz).
Letra c.
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c) o crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que
indica meios e modos de execução desse crime.
d) o agente que matar sua empregadora por ter sido dispensado sem justa causa responderá
por feminicídio, haja vista a vítima ser mulher.
O enunciado descreve hipótese de aberratio ictus (CP, art. 73), devendo ser considerada a
vítima pretendida, e não a efetivamente atingida. É a mesma consequência do erro sobre a
pessoa (CP, art. 20, § 3º).
Letra b.
005. (VUNESP/2015) Em relação aos crimes contra a vida, é correto afirmar que
a) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá por
homicídio duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por meio
insidioso.
b) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1º, do Código Penal,
basta que o agente cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
c) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensa-
ção de culpas.
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d) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja
praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência do-
méstica ou familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
e) o agente que pratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação
da pena de 1/3 a 2/3, a depender da natureza da lesão.
006. (FCC/2018) O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando praticado contra ser-
vidores públicos, no exercício de atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, ser
vítimas do crime
a) integrantes do sistema prisional, da Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de
bombeiros militares.
b) policiais civis, policiais federais e promotores de justiça criminais.
c) policiais rodoviários federais, policiais militares e juízes com competência criminal.
d) policiais civis, policiais federais e promotores ou procuradores que atuam no combate ao
crime organizado.
e) policiais civis e militares na ativa ou aposentados.
Todas as alternativas podem ser confrontadas por meio do inciso VII do § 2º (CP, art. 121).
Letra a.
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008. (CEBRASPE/2018) No que se refere aos crimes contra a pessoa, assinale a opção correta.
a) Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da con-
dição de sexo feminino, como quando o crime envolve a violência doméstica e familiar ou o
menosprezo ou a discriminação à condição de mulher.
b) A pena pela prática do homicídio doloso simples será aumentada de um terço se o agente
deixar de prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as consequências do seu
ato ou fugir para evitar a prisão em flagrante.
c) Em se tratando de homicídio doloso simples, o juiz poderá deixar de aplicar a pena caso as
consequências da infração atinjam o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária.
d) A pena do feminicídio poderá ser aumentada se o crime for praticado durante a gestação
ou nos seis meses posteriores ao parto.
e) Se o agente cometer o crime de homicídio qualificado sob violenta emoção, logo após
injusta provocação da vítima, o juiz deve considerar essa circunstância como atenuante ge-
nérica na aplicação da pena.
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c) traição.
d) surpresa.
e) emboscada.
As demais alternativas estão fundamentadas no artigo 121, § 2º, III e IV, do CP.
Letra b.
A asfixia é qualificadora, e não causa de aumento de pena (CP, art. 121, § 2º, III). Deve tam-
bém ser aplicada a agravante do artigo 61, II, “l”, do CP em razão da embriaguez preordenada.
Quanto à ocorrência do crime de dano (CP, art. 163), note que o acidente de trânsito se deu por
culpa, e não dolo. Logo, fato atípico.
Letra c.
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O crime de disparo de arma de fogo é expressamente subsidiário (Lei n. 10.826/03, art. 15), de-
vendo ser absorvido pelo homicídio, quando as condutas ocorrem em um mesmo contexto fático.
Errado.
014. (CEBRASPE/2019) Com relação aos delitos tipificados na parte especial do Código Pe-
nal, julgue o item subsecutivo.
A circunstância do descumprimento de medida protetiva de urgência imposta ao agressor,
consistente na proibição de aproximação da vítima, constitui causa de aumento de pena no
delito de feminicídio.
O feminicídio consiste na prática de homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino (CP, art. 121, § 2º, VI), tema melhor tratado no § 2º-A, que traz por exigência, para
que fique caracterizada a qualificadora, a violência doméstica e familiar e o menosprezo ou
discriminação à condição de mulher, como afirmado na alternativa correta. É crime hediondo,
como todas as demais qualificadoras do homicídio (Lei n. 8.072/90, art. 1º, I), e foi incluído ao
CP por meio da Lei n. 13.104/15, e não pela Lei n. 11.340/06 (Maria da Penha). Crime doloso,
não há o que se falar em modalidade preterdolosa.
Letra c.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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016. (CEBRASPE/2017) Jonas descobriu, na mesma semana, que era portador de doença ve-
nérea grave e que sua esposa, Priscila, planejava pedir o divórcio. Inconformado com a inten-
ção da companheira, Jonas manteve relações sexuais com ela, com o objetivo de lhe trans-
mitir a doença. Ao descobrir o propósito de Jonas, Priscila foi à delegacia e relatou o ocorrido.
No curso da apuração preliminar, constatou-se que ela já estava contaminada da mesma
moléstia desde antes da conduta de Jonas, fato que ela desconhecia.
Nessa situação hipotética, considerando-se as normas relativas a crimes contra a pessoa, a
conduta perpetrada por Jonas constitui
a) tentativa de perigo de contágio venéreo.
b) crime impossível, em razão do contágio anterior.
c) delito putativo de contágio por moléstia grave.
d) perigo de contágio por moléstia grave consumado.
e) tentativa de lesão corporal, devido ao perigo de contágio venéreo.
O crime do artigo 130 do CP tipifica a conduta de expor alguém a contágio de moléstia grave.
Portanto, como Priscila já estava contaminada anteriormente, estamos diante de tentativa
inidônea ou crime impossível (CP, art. 17). Em relação à alternativa “C”, falar-se-ia em delito
putativo se Jonas praticasse a conduta sem estar contaminado pela moléstia, embora imagi-
nasse o contrário. Por fim, quanto à lesão corporal – que poderia ser, até mesmo, qualificada
(CP, art. 129, § 2º, II) -, seu afastamento decorre da aplicação do princípio da especialidade.
Letra b.
017. (UFMT/2016) A lesão corporal se enquadra nas hipóteses expressas no art. 129, § 2º do
Código Penal, doutrinariamente denominada gravíssima, se ocorrer
a) aceleração de parto.
b) enfermidade incurável.
c) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias.
d) debilidade permanente de membro, sentido ou função.
e) perigo de vida.
O Código Penal não adota a classificação gravíssima em seu artigo 129. É falado apenas em
lesão corporal grave, tanto no § 1º quanto no § 2º. Por lesão corporal gravíssima, considere
as hipóteses elencadas no § 2º.
Letra b.
018. (CEBRASPE/2016) Júlio foi denunciado em razão de haver disparado tiros de revólver,
dentro da própria casa, contra Laura, sua companheira, porque ela escondera a arma, adqui-
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rida dois meses atrás. Ele não tinha licença expedida por autoridade competente para pos-
suir tal arma, e a mulher tratou de escondê-la porque viu Júlio discutindo asperamente com
um vizinho e temia que ele pudesse usá-la contra esse desafeto. Raivoso, Júlio adentrou a
casa, procurou em vão o revólver e, não o achando, ameaçou Laura, constrangendo-a a de-
volver-lhe a arma. Uma vez na sua posse, ele disparou vários tiros contra Laura, ferindo-a
gravemente e também atingindo o filho comum, com nove anos de idade, por erro de pontaria,
matando-o instantaneamente. Laura só sobreviveu em razão de pronto e eficaz atendimento
médico de urgência.
Com referência à situação hipotética descrita no texto anterior, assinale a opção correta de
acordo com a jurisprudência do STJ.
a) Júlio cometeu homicídio doloso contra Laura e culposo contra o filho, porque não teve in-
tenção de matá-lo.
b) Júlio deverá responder por dois homicídios dolosos, sendo um consumado e o outro ten-
tado, e as penas serão aplicadas cumulativamente, por concurso material de crimes, já que
houve desígnios distintos nos dois resultados danosos.
c) A hipótese configura aberractio ictus, devendo Júlio responder por duplo homicídio doloso,
um consumado e outro tentado, com as penas aplicadas em concurso formal de crimes, sem
se levar em conta as condições pessoais da vítima atingida acidentalmente.
d) O fato configura duplo homicídio doloso, consumado contra o filho, e tentado contra Laura,
e, em razão de aquele ter menos de quatorze anos, a pena deverá ser aumentada em um terço.
e) Houve, na situação considerada, homicídio privilegiado consumado, considerando que Jú-
lio agiu impelido sob o domínio de violenta emoção depois de ter sido provocado por Laura.
Embora extensa, a questão não guarda mistério: trata-se de inegável hipótese de aberratio
ictus (CP, art. 73). Pela pluralidade de resultados produzidos, Júlio deve ser punido na forma
do artigo 70 do CP (CP, art. 73, in fine). Ademais, não ficou caracterizado o denominado ho-
micídio privilegiado, causa de diminuição de pena, como afirmado na alternativa “E” (CP, art.
121, § 1º).
Letra c.
019. (CEBRASPE/2015) Dalva, em período gestacional, foi informada de que seu bebê sofria
de anencefalia, diagnóstico confirmado por laudos médicos. Após ter certeza da irreversibi-
lidade da situação, Dalva, mesmo sem estar correndo risco de morte, pediu aos médicos que
interrompessem sua gravidez, o que foi feito logo em seguida.
Nessa situação hipotética, de acordo com a jurisprudência do STF, a interrupção da gravidez
a) deve ser interpretada como conduta atípica e, portanto, não criminosa.
b) deveria ter sido autorizada pela justiça para não configurar crime.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Ao julgar a ADPF 54, o STF entendeu pela atipicidade do aborto na hipótese de feto anencé-
falo, independentemente da existência de decisão judicial que o autorize. O fundamento: a
inviabilidade da vida desse feto faz com que o crime seja impossível (CP, art. 17).
Letra a.
020. (MPDFT/2015) Quanto aos crimes contra a vida, assinale a opção CORRETA:
a) A expressão “durante ou logo após o parto” impede a caracterização do infanticídio se a
conduta for praticada mais de 24h após o parto ter sido concluído.
b) Para a realização do aborto com o consentimento da gestante, em caso de gravidez resul-
tante de estupro, o médico precisa de autorização judicial.
c) Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante va-
lor social.
d) Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino
da vítima aplica-se circunstância qualificadora.
a) Errada. Não existe previsão nesse sentido no artigo 123 do CP. O lapso temporal deve ser o
mínimo possível, mas é algo a ser aferido no caso concreto.
b) Errada. As excludentes da ilicitude elencadas no artigo 128 do CP independem de prévia
autorização judicial.
c) Errada. O valor apontado é o moral, pois desperta interesse particular, e não coletivo.
d) Certa. A alternativa encontra amparo no artigo 121, § 2º, VI, do CP.
Letra d.
021. (FUNDEP/2019) Sobre os crimes dolosos contra a vida, analise as afirmativas a seguir.
I – De acordo com o STJ, a qualificadora do feminicídio pode coexistir com a qualificadora do
motivo torpe, pois o feminicídio tem natureza objetiva, o que dispensa a análise do animus do
agente, enquanto o motivo torpe tem natureza subjetiva, já que de caráter pessoal.
II – O homicídio qualificado-privilegiado, nos termos da jurisprudência predominante do STJ,
é considerado crime hediondo, porque a qualificadora prepondera sobre o privilégio, pois este
é mera causa de diminuição da pena.
III – De acordo com entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, responde por ho-
micídio simples aquele que pratica o delito sem motivo, não se admitindo a incidência da
qualificadora do motivo fútil pelo simples fato de o delito ter sido praticado com ausência
de motivos.
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I – O STJ entende que a qualificadora do feminicídio tem natureza objetiva (ex.: AgRg no
AREsp 1.166.764/MS). Logo, não há incompatibilidade com a qualificadora do motivo torpe
(CP, art. 121, § 2º, I).
II – O homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo. O motivo principal: não está no rol
do artigo 1º da Lei n. 8.072/90. Ademais, não seria coerente considerar uma conduta privile-
giada e, ao mesmo tempo, hedionda.
III – A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil (STJ, HC 152.548/MG).
IV – Parece mentira, mas é real: o legislador tratou apenas dos parentes consanguíneos na
qualificadora do artigo 121, § 2º, VII, do CP.
V – O raciocínio está correto. É possível a coexistência harmoniosa entre o privilégio (CP, art.
121, § 1º) e as qualificadores (art. 121, § 2º), desde que tenham natureza objetivo – ou seja,
digam respeito ao meio ou modo de execução do crime (ex.: asfixia).
Letra b.
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a) Certa. Ao se falar em ou por outro motivo torpe, o próprio artigo dá azo à interpretação ana-
lógica (CP, art. 121, § 2º, I).
b) Errada. Embora exista a agravante (CP, art. 61, II, “h”), há causa de aumento próprio para a
hipótese de vítima idosa (CP, art. 121, § 4º), não sendo possível a aplicação de ambas.
c) Certa. De fato, não há problema para que seja reconhecida a mencionada atenuante (CP,
art. 65, III, “a”). Por outro lado, não é possível a coexistência entre o homicídio qualificado por
motivo torpe e o denominado homicídio privilegiado.
d) Certa. É possível, sim, o homicídio qualificado-privilegiado ou híbrido, desde que a qualifi-
cadora tenha natureza objetiva (meio ou modo de execução).
e) Certa. Alternativa de acordo com o artigo 121, § 2º, V, do CP.
Letra b.
023. (FCC/2016/ADAPTADA) Sobre os crimes contra a pessoa, é correto afirmar que o com-
portamento da vítima é incapaz de influenciar a pena no crime de lesão corporal.
O comportamento da vítima tem peso em mais de um momento do cálculo da pena. Pode re-
fletir na pena-base, no reconhecimento de causa excludente da ilicitude (ex.: CP, art. 25) e, na
lesão corporal, especificamente, pode fazer com que a pena seja diminuída, da mesma forma
como acontece no homicídio privilegiado (CP, art. 129, § 4º), ou substituída (art. 129, § 5º).
Errado.
025. (INÉDITA) Segundo jurisprudência firmada no STJ, no crime de lesão corporal, não afasta
a qualificadora da deformidade permanente a posterior cirurgia estética reparadora que elimine
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ou minimize a deformidade na vítima. O agressor deverá ser punido pela prática da lesão cor-
poral grave (CP, art. 129, § 2º, III).
A deformidade permanente não é aquela incorrigível, mas a que, sem intervenção, não se des-
faz com o tempo. Ademais, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não
o afetando providências posteriores, não usuais e promovidas a critério exclusivo da vítima
(STJ, HC 306.677/RJ).
Certo.
026. (INÉDITA) É atípica a conduta de induzir, instigar ou auxiliar alguém ao suicídio quando
a vítima sofrer apenas lesões corporais de natureza leve. Isso porque, trata-se de crime con-
dicionado, que depende, para que seja típica a conduta, da ocorrência de lesão corporal de
natureza grave ou morte.
A situação descrita no enunciado era correta até dezembro de 2019, quando a Lei n. 13.968/19
modificou completamente a redação do artigo 122 do CP. Hoje, no entanto, não se exige a
ocorrência de lesão corporal grave ou morte para que a conduta seja típica, resultados que
atualmente qualificam o delito.
Errado.
a) Errada. Aumenta a pena do feminicídio, de um terço até metade, se a vítima for gestante
(CP, art. 121, § 7º, I).
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028. (VUNESP/2019) Hércules havia cometido um crime de roubo e ficou sabendo que Medu-
sa foi testemunha ocular desse delito. Assim, resolve tirar a vida de Medusa, crime este que
veio a executar, pessoalmente, mediante disparo de arma de fogo. Nessa situação hipotética,
considerando apenas essas informações, segundo o Código Penal, é correto afirmar que Hér-
cules cometeu o crime de
a) homicídio simples.
b) homicídio simples, com atenuante, por ter agido sob o domínio de violenta emoção.
c) feminicídio em razão de a vítima ser mulher.
d) homicídio qualificado, por ter agido para assegurar a impunidade de outro crime.
e) homicídio qualificado, em razão de a vítima ser mulher.
Para o reconhecimento do denominado homicídio privilegiado (CP, art. 121, § 1º), a violenta
emoção deve decorrer de injusta provocação da vítima, o que não se verifica na situação des-
crita. Ademais, o enunciado não traz elementos que apontem para a prática do feminicídio,
pois a vítima não foi atacada em virtude da condição de sexo feminino. Por fim, tem de ser
reconhecida a qualificadora do artigo 121, § 2º, V, do CP em razão da motivação do delito:
assegurar a impunidade de outro crime.
Letra d.
029. (INÉDITA) A partir da entrada em vigor do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), nos crimes
dolosos contra a vida, de competência do Tribunal do Júri, se condenado o réu a uma pena
igual ou superior a quinze anos de reclusão, o juiz que presidiu a sessão determinará a exe-
cução definitiva das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo
do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos.
O enunciado transcreve o artigo 492, I, “e”, do CPP, exceto em um único trecho: o dispositivo
fala em execução provisória das penas. Nesses primeiros meses de retorno dos concursos
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públicos, o Pacote Anticrime será cobrado de forma literal, por mera transcrição da legislação.
Portanto, procure memorizar cada palavra da Lei n. 13.964/19.
Errado.
030. (INÉDITA) Com fundamento no Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), na Lei Maria da Pe-
nha (Lei n. 11.340/06) e na Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei n. 9.099/95), as duas
afirmações a seguir estão corretas: (1) a lesão corporal leve é compatível com a suspensão
condicional do processo e com o acordo de não persecução penal, salvo se qualificado o de-
lito (lesão corporal grave ou gravíssima); (2) a lesão corporal culposa é crime de ação penal
pública condicionada à representação, exceto na hipótese de violência doméstica e familiar
contra a mulher, na forma da Lei Maria da Penha.
O acordo de não persecução penal não é admitido em crimes praticados com violência (CPP,
art. 28-A). Além disso, por ter pena mínima inferior a um ano, a lesão corporal leve é compa-
tível com a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89), exceto na hipótese
de violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n. 11.340/06, art. 41, e Súmula 536 do
STJ). Por fim, a lesão corporal culposa é, sim, crime de ação penal pública condicionada à
representação (Lei n. 9.099/95, art. 88), exceto se a violência for daquelas descritas na Lei
Maria da Penha.
Errado.
031. (VUNESP/2020) Com relação aos crimes contra a pessoa, previstos no Código Penal, é
correto afirmar que
a) o homicídio praticado contra parente consanguíneo até terceiro grau da esposa será con-
siderado violência doméstica em razão dessa condição.
b) a lesão corporal praticada contra o cônjuge do Guarda Civil Municipal, em razão dessa con-
dição, terá a pena aumentada.
c) crime doloso contra a vida de mulher é feminicídio e contra a vida do homem é homicídio.
d) a omissão de socorro é considerada um crime essencialmente doloso que, excepcional-
mente, admite a modalidade culposa.
e) violência doméstica é crime doloso contra a vida ou a integridade exclusivamente da espo-
sa em razão dessa condição.
a) Errada. O Código Penal não traz qualquer circunstância limitadora em relação ao conceito
de violência doméstica.
b) Certa. O artigo 121, § 2º, VII faz remissão ao artigo 144 da CF, dispositivo que faz menção
às guardas municipais em seu § 8º. Portanto, deve ser reconhecida a qualificadora.
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c) Errada. O homicídio tem por sujeito passivo tanto o homem quanto a mulher. O feminicídio,
no entanto, é forma qualificada do delito, quando praticado contra mulher em razão de condi-
ção de sexo feminino (CP, art. 121, § 2º, VI). Curiosidade: alguns manuais falam em femicídio,
quando o homicídio é praticado contra mulher, mas sem que fique caracterizado o femini-
cídio. Todavia, de acordo com a última edição do VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa), a palavra não faz parte do nosso vernáculo.
d) Errada. A omissão de socorro é crime doloso (CP, art. 135).
e) Errada. Não há um crime de violência doméstica. Em relação ao reconhecimento do femi-
nicídio, da lesão corporal qualificada (CP, art. 129, § 9º) ou da incidência da Lei n. 11.340/06
(Maria da Penha), a violência combatida não se limita à esposa.
Letra b.
a) Errada. O § 1º do artigo 121 prevê, em verdade, causa de diminuição de pena, e não forma
privilegiada do delito – o privilégio possui penas próprias (ex.: CP, art. 317, § 2º). Entretanto, a
expressão é tão bem aceita que não é a razão de a alternativa estar errada. O problema está
em influência provocada por ato injusto da vítima, situação que enseja o reconhecimento de
circunstância atenuante (CP, art. 65, III, “c”), e não de homicídio privilegiado, quando deve es-
tar presente o domínio em virtude de injusta provocação da vítima.
b) Certa. O STJ entende que o feminicídio é qualificadora de natureza objetiva. Logo, não há
óbice à coexistência com a qualificadora do motivo torpe, de natureza subjetiva (CP, art. 121,
§ 2º, I e VI).
c) Errada. A violência descrita pode fazer com que o delito se torne qualificado (CP, art. 121, §
2º, VII). No entanto, não há elementos suficientes no enunciado que apontem nesse sentido.
Ademais, não existe a majorante descrita.
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033. (CEBRASPE/2019) Márcio e Pedro eram amigos havia anos. Tendo descoberto que Pedro
estava saindo com a sua ex-esposa, Márcio planejou matar Pedro durante uma pescaria que
fariam juntos. Durante uma tempestade, em alto-mar, Márcio aproveitou-se de um deslize de
Pedro para de fato matá-lo. Logo após a conduta, Márcio percebeu que na canoa onde esta-
vam só havia um colete salva-vidas e que, em razão disso, a eliminação de Pedro foi sua única
chance de sobreviver. A canoa afundou e Márcio sobreviveu ao naufrágio.
Nessa situação hipotética, Márcio
a) cometeu crime de homicídio qualificado.
b) não cometeu crime, porque agiu em legítima defesa da honra.
c) cometeu crime, mas sua conduta será justificada pelo estado de necessidade putativo.
d) não cometeu crime, porque agiu em estado de necessidade.
e) cometeu crime, mas sua pena será diminuída porque agiu em estado de necessidade.
a) Certa. Márcio deve ser responsabilizado por homicídio doloso, não sendo possível o re-
conhecimento da excludente da ilicitude do estado de necessidade (CP, art. 24). Isso porque,
embora a situação de perigo existisse no momento da conduta, nenhum dos dois a conhecia
– posteriormente, quando Pedro já estava morto, foi descoberto que havia um único colete
salva-vidas. Portanto, o homicida não cometeu o crime para salvar a própria vida, mas mo-
tivado pelo sentimento nele despertado ao saber do relacionamento amoroso descrito no
enunciado.
b) Errada. A denominada legítima defesa da honra não exclui a ilicitude da conduta. A de-
pender do contexto, a pessoa traída que flagra o cônjuge no momento do adultério pode ser
alcançada pelo denominado homicídio privilegiado, do § 1º do artigo 121 do CP, mas não foi
o caso do exemplo trazido. Em relação ao tema, atenção à decisão do STF na ADPF 779, que
proibiu que seja sustentada a tese da legítima defesa da honra.
c) Errada. Em momento algum passou pela cabeça de Márcio a falta de colete salva-vidas
para ambos. Ademais, a situação de perigo era real, e não facultativa.
d) Errada. A conduta não é amparada pela excludente da ilicitude do artigo 23 do CP, o estado
de necessidade, como já explicado.
e) Errada. Não existe previsão legal nesse sentido – sobre o tema, leia o § 2º do artigo 23 do CP.
Letra a.
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034. (VUNESP/2019) Considere o seguinte caso hipotético: “A”, por motivo egoístico, induz
uma pessoa do sexo feminino a suicidar-se.
Nos termos do Código Penal, “A” responderá pelo crime de
a) homicídio simples.
b) induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, com a pena duplicada.
c) responderá pelo crime de feminicídio, com aumento de pena.
d) homicídio qualificado.
e) infanticídio, se a pessoa do sexo feminino possuir menos de 12 anos.
Na hipótese trazida no enunciado, é irrelevante o fato de a vítima ser do sexo feminino. Hou-
ve a prática da participação em suicídio, crime do artigo 122 do CP, que tem por majorante a
conduta motivada por motivo egoístico (art. 122, § 3º, I).
Letra b.
035. (FCC/2018) Ficou comprovado que houve assassinato, pela única razão de menosprezo
à condição de mulher, praticado por Samuel contra sua vizinha Maria de Fátima, de trinta anos
de idade, que possuía um filho ao qual deu à luz dois meses exatos antes do crime. Com base
nas disposições da Lei n. 13.104/2015 (Lei do Feminicídio), nesse caso, o crime de feminicídio
a) está caracterizado e a pena prevista em lei será aumentada de um terço até a metade.
b) não está caracterizado, pois não houve violência doméstica.
c) está caracterizado em sua modalidade simples, não havendo aumento de pena.
d) está caracterizado e a pena prevista em lei será aumentada de um a dois terços.
e) está caracterizado e a pena prevista em lei será aumentada de um sexto a um terço.
As causas de aumento do feminicídio estão dispostas no artigo 121, § 7º, do CP. Uma delas é
a prática do delito nos três meses posteriores ao parto (CP, art. 121, § 7º, I).
Letra a.
036. (CEBRASPE/2018) Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, con-
siderando o entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.
Situação hipotética: João, penalmente imputável, dominado por violenta emoção após injusta
provocação de José, ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a falecer em decorrência
das graves queimaduras sofridas. Assertiva: Nessa situação, João responderá por homicídio
na forma privilegiada-qualificada, sendo possível a concorrência de circunstâncias que, ao
mesmo tempo, atenuam e agravam a pena.
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037. (CEBRASPE/2018) Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou in-
justamente Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita
raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver per-
tencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta
minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de
ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso
haja vínculo familiar entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de
feminicídio não caracterizará bis in idem.
O STJ entende que o feminicídio é qualificadora de natureza objetiva. Logo, não há incompa-
tibilidade em relação à qualificadora do motivo torpe, de natureza subjetiva.
Certo.
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No entanto, o que qualifica o delito não é a premeditação, mas a emboscada (CP, art. 121,
§ 2º, IV).
Certo.
a) Errada. Na tortura, a morte da vítima decorre de culpa (Lei n. 9.455/97, art. 1º, § 3º).
b) Errada. O enunciado não traz elementos suficientes para entender pela culpa (CP, art.
121, § 3º).
c) Certa. A situação descrita corresponde à qualificadora do artigo 121, § 2º, VII, do CP.
d) Errada. Não há nada no enunciado que nos faça concluir pela qualificadora do feminicídio
(CP, art. 121, § 2º, VI, e § 2º-A).
e) Errada. O enunciado aponta a presença da qualificadora do artigo 121, § 2º, VII, do CP.
Letra c.
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041. (FUNDATEC/2018) Vitalina quer matar o marido Aderbal, envenenado. Coloca veneno
no café com leite que acabou de preparar para ele. Enquanto aguardava o marido chegar na
cozinha, para tomar a bebida, distraiu-se e não percebeu que a filha Ritinha entrou no local e
tomou a bebida, preparada para o pai. Ritinha, socorrida pela mãe, morre a caminho do hospi-
tal. Nessa hipótese, considerando o Código Penal e a doutrina, assinale a alternativa correta.
a) Vitalina deverá responder por homicídio culposo, já que não teve a intenção de matar a filha.
b) Na hipótese de Vitalina vir a ser condenada, o juiz sentenciante poderá aplicar a ela o per-
dão judicial.
c) Vitalina deverá responder por homicídio doloso, restando configurada situação denomina-
da de aberratio ictus por acidente.
d) Vitalina não responderá por homicídio, em razão de ter havido aberratio ictus.
a) Errada. Houve aberratio ictus (CP, art. 73). Embora Vitalina não desejasse matar sua filha,
Ritinha, temos de considerar o ataque à vítima pretendida, Aderbal. Ou seja, ela deve ser res-
ponsabilizada pela prática de homicídio doloso qualificado pelo emprego de veneno (CP, art.
121, § 2º, III), e não por homicídio culposo (CP, art. 121, § 3º).
b) Errada. O perdão judicial é possível apenas no homicídio culposo (CP, art. 121, § 5º).
c) Certa. Houve, de fato, aberratio ictus (CP, art. 73), hipótese em que, para punir o homicida,
deve ser considerada a vítima pretendida, e não a efetivamente atingida.
d) Errada. Vitalina deve ser punida por homicídio qualificado (CP, art. 73).
Letra c.
042. (FCC/2017) Maria, foi morta por seu companheiro Gilmar motivado por razões de sua
condição de sexo feminino, com o menosprezo e discriminação à condição feminina e violên-
cia doméstica e familiar. A tipificação penal para este crime é
a) homicídio culposo.
b) homicídio qualificado à traição, por se tratar de companheiro.
c) feminicídio.
d) genocídio.
e) homicídio simples.
a) Errada. Por ter apontado a motivação do crime, o enunciado nos faz concluir pelo dolo.
b) Errada. A qualificadora da traição ocorre quando o sujeito ativo tira proveito da confiança
depositada pela vítima, que jamais imaginou que poderia ser por ele morta. No entanto, além
de o enunciado não trazer elementos suficientes nesse sentido, a relação doméstica serve, no
exemplo trazido, para caracterizar o feminicídio (CP, art. 121, § 2º, IV e VI, e § 2º-A, I).
c) Certa. O enunciado corresponde à qualificadora do feminicídio (CP, art. 121, § 2º, VI, e § 2º-A).
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d) Errada. Não houve a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial
ou religioso. Logo, não se pode falar em genocídio (Lei n. 2.889/56).
e) Errada. Ficou caracterizada a qualificadora do feminicídio.
Letra c.
043. (INÉDITA) Com o fim de obter informação, por meio de tortura, Carlos submeteu Alberto a
sofrimento físico. Todavia, após desferir diversos chutes contra a vítima, o agressor percebeu,
surpreso, que a havia matado. Nesse caso, deve Carlos ser condenado por homicídio qualifi-
cado pelo emprego de tortura.
Para que fique caracterizada a qualificadora do artigo 121, § 2º, III, do CP, a tortura deve ser
adotada como meio de execução para a prática do homicídio. Ou seja, o agente quer matar a
vítima, mas se vale da tortura para provocar-lhe sofrimento desnecessário. Caso, no entanto,
o objetivo seja a prática de tortura, mas a vítima morre em virtude da violência empregada,
deve o sujeito ser punido pela forma qualificada da tortura (crime preterdoloso), com funda-
mento no artigo 1º, § 3º, in fine, da Lei n. 9.455/97.
Errado.
044. (INÉDITA) De acordo com posicionamento do STJ, embora a qualificadora do meio cruel
tenha natureza objetiva, não é possível compatibilizá-la com o dolo eventual.
Para o STJ, não há falar em incompatibilidade entre o dolo eventual e a qualificadora do meio
cruel (CP, art. 121, § 2º, III). O dolo do agente, seja direto ou indireto, não exclui a possibilidade
de o homicídio ter sido praticado com o emprego de meio mais reprovável, tais quais aqueles
descritos no tipo penal relativo à mencionada qualificadora (REsp 1.829.601/PR).
(...) a jurisprudência desta Corte, segundo a qual não há falar em incompatibilidade entre
o dolo eventual e a qualificadora do meio cruel (art. 121, § 2º, III, do CP). O dolo do agente,
seja direto ou indireto, não exclui a possibilidade de o homicídio ter sido praticado com
o emprego de meio mais reprovável, tais quais aqueles descritos no tipo penal relativo à
mencionada qualificadora. (STJ, REsp 1.829.601/PR)
Errado.
045. (INÉDITA) João foi condenado pela prática de homicídio doloso consumado contra Car-
los. Ao fixar a pena, o magistrado decidiu pela exasperação da pena-base com fundamento
na tenra idade da vítima, que tinha apenas dezesseis anos de idade na época dos fatos. Com
fundamento na jurisprudência do STJ, agiu corretamente o juiz.
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Segundo o STJ (REsp 1.851.435/PA), a tenra idade da vítima é fundamento idôneo para a
majoração da pena-base do crime de homicídio pela valoração negativa das consequên-
cias do crime.
O fato de a prática delitiva tornar órfã a filha da vítima, de tenra idade, por extrapolar as
consequências intrínsecas do crime de homicídio, é justificativa idônea para a exaspe-
ração da pena-base. (AgRg no HC 598.134/RS)
Certo.
Somada a outros fatores, a embriaguez do agente condutor do automóvel pode fazer com que
se conclua pelo dolo eventual. Isoladamente, não. Nesse sentido, REsp 1.689.173/SC (STJ).
Dica: não há, na jurisprudência do STJ, em relação a crimes de trânsito, fórmulas exatas para
distinguir dolo eventual de culpa consciente.
Certo.
047. (INÉDITA) O homicídio qualificado pelo emprego de arma de fogo de uso restrito ou proi-
bido tem natureza objetiva. Portanto, é compatível com o denominado homicídio privilegiado,
causa de diminuição de pena, devendo ser afastada a hediondez quando aplicados conjunta-
mente (homicídio qualificado-privilegiado ou híbrido).
De fato, a nova qualificadora tem natureza objetiva – trata do meio utilizado para a prática do
delito, e não da motivação. Portanto, compatível com a causa de diminuição popularmente
conhecida como homicídio privilegiado (CP, art. 121, § 1º).
Certo.
048. (INÉDITA) Qualifica o homicídio o emprego de arma de fogo de uso restrito. No entanto, a
partir do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), o porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso
restrito (Lei n. 10.826/03, art. 16, caput) deixou de ser crime hediondo, razão pela qual deve
ser afastada a hediondez quando presente a mencionada qualificadora do homicídio.
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Em redação confusa, o Pacote Anticrime parece ter, de fato, afastado a hediondez do crime do
artigo 16, caput e § 1º, do Estatuto do Desarmamento – há, inclusive, decisão recente do STJ
confirmando essa reflexão (AgRg no HC 625.762/SP). No entanto, isso não atinge a qualifica-
dora do homicídio praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, cuja
hediondez está expressamente prevista no artigo 1º, inciso I, da Lei n. 8.072/90.
Errado.
049. (INÉDITA) João foi condenado definitivamente pela prática do crime de roubo simples
(CP, art. 157, caput). Caso venha a ser condenado por crime hediondo ou equiparado, por se
tratar de reincidência genérica, a nova condenação terá por tempo de progressão de regime o
parâmetro de 40% (quarenta por cento) de cumprimento da pena.
Certo.
050. (INÉDITA) No dia 10 de fevereiro de 2021, João Alberto praticou o crime de homicídio
qualificado por motivo torpe contra Samuel (CP, art. 121, § 2º, I). Se condenado, João Alberto
não terá direito à saída temporária quando estiver em regime aberto.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
Leonardo Castro
A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.964/19, passou a ser vedada a concessão de saída
temporária ao condenado que cumpre pena pela prática de crime hediondo com resultado
morte (LEP, art. 122, § 2º). Dica: não confunda saída temporária com permissão de saída (LEP,
art. 120).
Certo.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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GABARITO
1. b 18. c 35. a
2. c 19. a 36. C
3. c 20. d 37. C
4. b 21. b 38. C
5. d 22. b 39. E
6. a 23. E 40. c
7. a 24. E 41. c
8. a 25. C 42. c
9. b 26. E 43. E
10. c 27. d 44. E
11. c 28. d 45. C
12. c 29. E 46. C
13. E 30. E 47. C
14. C 31. b 48. E
15. c 32. b 49. C
16. b 33. a 50. C
17. b 34. b
Leonardo Castro
Especialista. Professor de Direito Penal e de Prática Penal em cursos de graduação, de pós-graduação e
em preparatórios para concursos públicos e Exame de Ordem. Escritor com mais de dez livros publicados
pelas editoras Saraiva, Rideel e Impetus – alguns deles estão entre os mais vendidos do país, com
milhares de cópias vendidas. Funcionário público concursado, obteve aprovação, dentro das vagas, em
mais de um concurso – dentre eles, analista judiciário e delegado de polícia. Advogou pela Defensoria
Pública. Instagram: @leonardocastroprofessor. Email: contato@leonardocastroprofessor.com.
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