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14 de junho de 2021
Uma das atribuições do Estado é, justamente, o poder de punir, que surge a partir do
momento em que há a violação de uma norma penal.
Tal poder existe a fim de que o Poder Público possa assegurar as condições de existência e
continuidade da organização social.
Mas, nesse cenário, nem sempre ocorre a condenação do agente criminoso. Algumas
hipóteses legais limitam o poder do Estado, por conta de causas que acarretam na extinção
da punibilidade do acusado.
Diante disso, abordaremos, neste artigo, o tema de forma completa, desde conceitos,
função, hipóteses e efeitos da extinção da punibilidade. Confira!
Por sua vez, a extinção da punibilidade é a perda da pretensão punitiva do Estado, de modo
que não há mais a possibilidade de impor uma pena ou sanção ao réu.
A legislação impõe uma série de hipóteses que, quando comprovadas, impedem o Estado
de prosseguir com o processo criminal.
Além disso, vale destacar que o rol do CP é exemplificativo, uma vez que existem leis
esparsas que preveem e regulam crimes não previstos nele, e que podem conter suas
próprias causas de extinção da punibilidade.
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É o caso, por exemplo, da extinção da punibilidade nos crimes tributários previstos na Lei nº
8.137/90, quando o pagamento do tributo for efetuado antes do recebimento da denúncia
(art. 34 da Lei 9.249/95).
Dessa forma, nota-se que a extinção da punibilidade é uma das formas de limitar esse
direito de punir do Estado, criando hipóteses nas quais não poderá mais responsabilizar um
agente pelo fato criminoso cometido.
Por exemplo, se houve o falecimento do réu, para que seja decretada a extinção de sua
punibilidade deve ser apresentada a certidão de óbito do mesmo. Na sequência, a ação
penal deverá ir para análise do juiz, que poderá decretar a extinção.
Desta forma, nas demais hipóteses, deve-se verificar se estão cumpridos os requisitos
autorizativos da medida em cada caso.
Para anistia, graça ou indulto, deve haver uma lei federal ou um decreto que autorize, para
depois passar pela análise do juiz.
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No caso do abolitio criminis, deve existir uma lei que deixa de considerar crime uma
determinada conduta.
Como já dito anteriormente, existem outras causas extintivas, previstas por todo o Código
Penal e em leis esparsas; portanto, elas podem funcionar de forma diversa, precisando do
cumprimento de outros requisitos para alcançar a finalidade almejada.
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A morte é definida legalmente pela Lei nº 9.434/97, a qual entende que, com a cessação da
atividade cerebral, há ocorrência do falecimento. Neste momento, a morte deve ser
declarada e registrada no Cartório de Registro Civil.
Somente com o seu registro é possível comprovar, no processo judicial, que o acusado
faleceu e que não persiste mais o direito do Estado de puni-lo.
Essa causa de extinção da punibilidade está de acordo com o previsto no art. 5º, inciso XLV,
da Constituição Federal, que preconiza que “nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do
valor do patrimônio transferido”.
Assim, somente eventuais obrigações de cunho civil poderão, sim, subsistir e ser
transmitidas aos sucessores do acusado; mas, por conta da sua morte, não há como impor
um cumprimento de pena de natureza criminal a ele.
Além disso, ela pode ser comprovada e aplicada em qualquer momento da persecução
penal, desde a etapa investigativa até o processo criminal e execução da pena.
A anistia, graça ou indulto são formas de extinguir a punibilidade de um agente por meio das
quais o Estado renuncia ao seu direito de punir. A doutrina as compreende como formas de
“clemência soberana”.
1. Anistia: é causa extintiva que se aplica a fatos sociais, e não à pessoa do agente. Por
meio dela, o Poder Público declara que determinados fatos se tornam impuníveis por motivo
de utilidade social.
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Por fim, quando aplicada, a anistia exclui todos os efeitos penais, principais e secundários,
mas não os efeitos extrapenais. Isso quer dizer que, se concedida após a sentença
condenatória, esta ainda poderá ser executada no juízo cível.
Para ser concedida, ela deve ser solicitada por meio de petição. Os interessados que
podem pleiteá-la são: o condenado, o Ministério Público, o Conselho Penitenciário ou a
autoridade administrativa.
A graça pode ser total ou parcial. Sendo total, alcançará toda a sanção imposta ao
condenado; se for parcial, alcançará apenas alguns aspectos da pena, podendo ser
reduzida ou substituída. Neste último caso, também é conhecida como comutação e não
gera a extinção da punibilidade.
3. Indulto: também conhecido como “indulto coletivo”, tem um viés abrangente, uma vez
que, para ser concedido, o Presidente da República delimita, em decreto, uma série de
condições para a concessão do benefício, podendo alcançar várias pessoas.
Conforme entendimento de Guilherme Nucci, para ser aplicado, podem ser estipulados
requisitos subjetivos (tais como primariedade, comportamento carcerário, antecedentes) e
Tal como a graça, o indulto só pode ser concedido quando já houve sentença condenatória
definitiva, da qual não caiba recurso.
Ademais, vale destacar que o decreto emitido pelo Presidente não emite efeito por si só, de
modo que o indulto deve ser analisado pelo juiz da execução penal, que tem competência
para decretar extinta a punibilidade do condenado, se for o caso
A abolitio criminis ocorre quando uma nova lei define que determinado fato não é mais
criminoso. Essa lei, por sua vez, retroagirá e abrangerá todos os fatos realizados até então,
a fim de que não sejam mais considerados crimes.
Esse fenômeno jurídico também é conhecido como “retroatividade da lei penal mais
benéfica” e está previsto no art. 2º e seu parágrafo único do Código Penal:
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Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
Ademais, do fato que deixou de ser crime podem subsistir apenas consequências civis, e
não mais penais.
A prescrição da pretensão punitiva é quando o Estado não pode mais impor uma sanção ao
acusado, e ocorre antes de transitar em julgado a sentença criminal. O prazo para regulá-la
está previsto no art. 109 do Código Penal.
2. Decadência: a decadência, por sua vez, é a perda do direito de ingressar com ação
privada ou de representação por não ter sido exercido no prazo legal.
A regra geral da decadência está prevista no art. 103 do Código Penal, o qual prevê que:
“Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de
representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que
veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3.º do art. 100 deste Código, do dia
em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia”.
Assim, caso o crime não possua uma regra própria de decadência, haverá a extinção da
punibilidade do agente se o ofendido (vítima) não ingressar com a queixa ou representação
no prazo de 6 meses, contados do dia em que descobriu quem era o autor do crime; ou,
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ainda, nos casos que admitem ação penal privada subsidiária da pública, o ofendido não
ingressar com a medida após o encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer a
denúncia.
Assim, ocorrendo alguma das situações acima em uma ação penal privada, poderá ser
declarada, pelo magistrado, a extinção da punibilidade do acusado.
A renúncia envolve a desistência da propositura da ação penal privada pelo ofendido e não
depende da aceitação do acusado.
Ela ocorre antes do ajuizamento da ação, ou seja, pode ser manifestada pelo ofendido em
fase de inquérito policial e abrange todos os acusados, por força do art. 49 do Código de
Processo Penal e do princípio da indivisibilidade da ação penal.
Ele está previsto no art, 51 do CPP e é oferecido pelo particular após o ajuizamento da ação
e se estende a todos os acusados. Para ter valor jurídico e acarretar na extinção da
punibilidade, o querelado/réu deverá aceitar o perdão.
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A retratação ocorre quando o acusado reconhece o erro que cometeu, retirando o que
anteriormente havia dito.
Ele pode ser realizado apenas em alguns crimes, tais como na calúnia, na difamação, nos
Para ter validade, não precisa de aceitação da vítima e, de modo geral, deve ser realizada
nos autos até a sentença. Com isto, será possível extinguir a punibilidade do réu.
Trata-se, portanto, de uma análise discricionária do magistrado, que deve verificar se tais
circunstâncias estão presentes no caso concreto, para, então, conceder o perdão e
acarretar na extinção da punibilidade.
Alguns crimes que permitem perdão judicial são homicídio culposo, lesão corporal culposa e
receptação culposa.
3. Confissão de dívida previdenciária: de acordo com o art. 337-A, §1º, CP, no crime de
sonegação de contribuição previdenciária, se o acusado espontaneamente declara e
confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, antes do início da ação fiscal, terá sua punibilidade declarada extinta.
4. Cumprimento da pena: após a sentença condenatória da qual não cabe mais recurso, o
condenado deverá cumprir a pena imposta. Após o seu cumprimento, a Lei de Execução
Penal (art. 66, inciso II) autoriza a decretação da extinção da punibilidade.
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Comunicabilidade das causas de extinção da punibilidade
Um dos temas interessantes a respeito da extinção da punibilidade é com relação a
possibilidade de ela se estender aos demais coautores e partícipes do crime ou não.
A morte do agente;
O perdão judicial;
A graça, indulto ou anistia (conforme o caso);
A retratação do querelado na calúnia ou difamação;
A prescrição, conforme o caso (ex: se um acusado é menor de 21 anos, a prescrição
do seu crime cai pela metade).
Se a punibilidade for extinta antes da sentença condenatória, não persiste qualquer efeito
penal ou processual. Nesse caso, conforme prevê o art. 397, inciso IV, do CPP, o acusado
deverá ser absolvido sumariamente, não gerando maus antecedentes ou outros efeitos a
ele.
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Para que serve a extinção da punibilidade?
A extinção da punibilidade é uma das formas de limitar esse direito de punir do Estado,
criando hipóteses nas quais não poderá mais responsabilizar um agente pelo fato criminoso
cometido.
– Perdão judicial
Conclusão
Diante do exposto, nota-se que a extinção da punibilidade é um instrumento legal por meio
do qual não é mais possível punir um agente criminoso.
A depender do caso, serão extintos todos os efeitos provenientes de uma sentença penal,
enquanto, em outros, ainda é possível buscar indenizações na justiça cível, por exemplo.
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Autor: Tiago Fachini
Mais de 300 mil ouvidas no JurisCast e Debate Legal
Mais de 1.100 artigos publicados no Jurídico de Resultados
Especialista em Marketing Jurídico
Palestrante, professor e um apaixonado por um mundo jurídico cada vez mais
inteligente e eficiente.
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