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Crimes de perigo comum

Direito Penal III (Universidade Regional do Cariri)

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Descarregado por Eliseu Armando Botão (eliseuboston3012@gmail.com)
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA


CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA
DEPARTAMENTO DE DIREITO

"crimes de perigo comum"

CRATO – CE
2022

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Se no crime de ano, há lesão ao bem jurídico tutelado, no crime de perigo existe


apenas probabilidade de dano ao bem jurídico. Assim, se alguém desfere um soco
no rosto da vítima, causando um corte no supercílio, a integridade física sofreu um
dano, uma lesão. Já se uma pessoa transporta um trabalhador na carroceria de um
caminhão, em um estrada, em alta velocidade, por não ter ocorrido acidente, não
houve lesão nem à integridade física nem à vida do trabalhador transportado.
Todavia, sua vida e integridade física foi colocada em risco, pois havia uma
probabilidade de dano.

No crime de perigo individual, é o bem jurídico de uma pessoa determinada que é


colocado em perigo, como no exemplo do art. 132, CP, que estaria configurado na
hipótese do caso acima do trabalhador transportado na carroceria do caminhão. Já
no crime de perigo coletivo, o tipo descreve um ato que expõe a um número
indeterminado de pessoas, como na hipótese do incêndio (art. 250, CP)

Para o aluno identificar se o crime é de perigo individual ou coletivo, é importante,


além da redação do tipo, fazer a interpretação sistemática, observando a localização
do tipo no código penal. É o que se vê abaixo, comparando-se os arts. 132 e 250,
CP.

Independentemente da efetiva invasão das águas em determinado local. Se vier a


se concretizar, estarão caracterizados dois crimes, em concurso formal próprio ou
perfeito: perigo de inundação e inundação culposa.

Heleno Fragoso citado por Nucci: <a tentativa do crime de inundação pode
corresponder materialmente ao crime de perigo de inundação consumado (por
exemplo, na forma de destruição de diques ou barragens). A diferença entre um e
outro caso reside no elemento subjetivo, pois no perigo de inundação o agente não
quer o alagamento, nem assume o risco de produzi-lo. Sendo o dolo genérico, é
irrelevante o fim do agente. O propósito de salvar a sua propriedade ou bens (a
menos que se configure o estado de necessidade) não descriminará a ação=.

Preterdoloso, havendo dolo de perigo, na conduta antecedente, que somente se


compatibiliza com a culpa, na conduta consequente. Portanto, havendo inicialmente
dolo de perigo, apenas se aceita, quanto ao resultado qualificador, culpa.

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No tocante à conduta antecedente culposa, é natural que o resultado mais grave


possa ser, também, imputado ao agente a título de culpa, pois inexiste
incompatibilidade.

Crime comum: é aquele que não exige nenhuma qualidade específica do sujeito

ativo para sua prática.

São exemplos os delitos de homicídio, de furto e de estupro.

Crime próprio: é aquele que exige determinada qualidade do sujeito ativo para sua

prática. A doutrina admite a autoria mediata, a coautoria e a participação nos crimes

próprios.

São exemplos o peculato, no qual se exige a qualidade de funcionário público (crime

funcional); o autoaborto, que só pode ser praticado pela própria grávida; e o delito de

entrega de filho menor a pessoa inidônea, o qual só pode ser praticado pelos

genitores.

Crime de mão própria: é aquele que somente pode ser praticado pela própria

pessoa, por si mesma. Só se admite a participação em crime de mão própria,

ressalvado o caso de perícia assinada por dois profissionais, caso em que a doutrina

entende excepcionalmente cabível a coautoria. Também denominado de delito de

conduta infungível.

Crime material: é aquele que prevê um resultado naturalístico como necessário para

sua consumação. São exemplos o delito de aborto e o crime de dano. Há quem o

chame de crime de resultado.

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Crime formal: é aquele que descreve um resultado naturalístico, cuja ocorrência é

prescindível para a consumação do delito. Também denominado de delito de tipo

incongruente. É o caso da extorsão mediante sequestro e o do descaminho.

Crime de mera conduta: é aquele cujo resultado naturalístico não pode ocorrer,

porque sequer há a sua descrição. Podemos tomar como exemplo o crime de ato

obsceno, assim como o de violação de domicílio.

Se tomada como critério a necessidade ou não de efetiva lesão ao bem jurídico,

temos a classificação dos delitos em crimes de dano e crimes de perigo. Esta forma

de classificação toma como base o resultado jurídico do delito.

Crime de dano: é aquele em que se exige, para sua configuração, a efetiva

ocorrência de lesão ou de dano ao bem jurídico protegido pela norma penal.

São exemplos o crime de dano, o crime de vilipêndio a cadáver, o próprio crime de

dano e o infanticídio.

Crime de perigo: é aquele que, para que se considere consumado, exige apenas

que o bem seja exposto a perigo. Portanto, a efetiva ocorrência de dano ao bem

jurídico protegido pela lei penal é desnecessária para que o crime se consume.

De perigo abstrato de <perigosidade= ou periculosidade real: cuida-se de

denominação nova trazida por alguns doutrinadores. Seria o crime de perigo

em que deve ser demonstrado o risco, mas não a pessoa certa e

determinada. Não é uma denominação utilizada pela maioria da doutrina, que

só distingue os crimes de perigo, quanto à demonstração do risco, em

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concretos e abstratos. Este Professor entende que esta classificação em

nada se diferencia como a seguinte, de crimes de potencial perigo. Para

muitos doutrinadores, seria uma mistura indevida de categorias, relacionando

o perigo comum ao perigo concreto. Seria exemplo o crime de embriaguez ao

volante, em que bastaria a demonstração de perigo ao tráfego de pessoas e

veículos, sem necessidade de se comprovar que determinada pessoa foi

colocada em risco.

De perigo comum ou coletivo: é aquele cujo perigo de dano atinge um número

indeterminado de pessoas. Temos como exemplos o crime de fabrico,

fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou

asfixiante (artigo 253 do CP) e o de incêndio (artigo 250 do CP).

De perigo atual: é aquele cujo perigo causado é contemporâneo à conduta do

agente. O crime de desabamento ou desmoronamento do artigo 256 do CP

tende a ser de perigo atual, pois o desabamento de um prédio, no momento

em que ocorre, já coloca em perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio

de outrem.

De perigo iminente: é aquele cujo perigo está prestes a acontecer. O

abandono de incapaz, do artigo 133 do CP, na prática, pode se mostrar um

crime de perigo iminente, já que, ainda que a pessoa sob cuidado não fique

em perigo imediatamente, pode ficar depois de algum tempo sem cuidado.

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De Perigo futuro ou mediato: é aquele que produz um risco futuro. Os

exemplos são a associação criminosa ou o porte de munição de uso

permitido.

Na Alemanha, há a denominação de crimes de aptidão, de perigo hipotético

ou de crime de perigo abstrato-concreto. Referida teoria buscaria trazer uma

nova classificação entre os quatro tipos de delitos acima descritos. Crimes de

aptidão[2] seriam aqueles em que o perigo seria parte do tipo, e não uma

fundamentação da própria incriminação. Por isso, seriam diferentes dos

crimes de perigo abstrato. Além disso, não exigiriam a demonstração de um

perigo concreto, razão pela qual se diferenciariam dos crimes de perigo

concreto. Referidos delitos seriam assim denominados por exigirem a aptidão

da produção do resultado, ou seja, a potencialidade de causar o dano ao bem

jurídico. Exigir-se-ia, assim, a idoneidade para a produção do resultado, sem

exigir sua comprovação caso a caso, mas a demonstração de que, pelo que

ordinariamente acontece, a conduta era idônea para colocar o bem jurídico

em risco.

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