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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Título VIII – Crimes Contra a Incolumidade Pública������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I – Dos Crimes de Perigo Comum�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Incêndio (Art. 250, CP)������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Explosão (Art. 251, CP)������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������7
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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1 INCÓLUME. In: DICIONÁRIO online Caldas Aulete. Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital Ltda, 2008. Disponível em:
<http://www.aulete.com.br/inc%C3%B3lume>. Acesso em: 9 jan. 2018.
2 Art. 18, Parágrafo único, CP: Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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Cumpre observar que tal Capítulo versa exclusivamente em referência aos crimes de perigo
coletivo (perigo comum), os quais possuem indeterminação do alvo, isto é, possuem como alvo um
número indeterminado de pessoas. Em sua maioria, são também de perigo concreto (necessitam
de prova da materialidade). Diferentemente dos crimes de periclitação da vida e da saúde (Arts. 130
a 136 do CP), os quais preveem delitos de perigo individual, abstrato ou concreto, como o perigo de
contágio venéreo (Art. 130, CP).
Segundo Masson (2016):
No Capítulo III do Título I da Parte Especial (arts. 130 a 136), no campo dos crimes contra a pessoa, o
Código Penal previu os delitos de perigo individual, nos quais uma pessoa, ou então um número deter-
minado de pessoas, tem sua vida ou sua saúde submetida a uma situação perigosa. Agora, em seus arts.
250 a 259, inaugurando o rol dos crimes contra a incolumidade pública, o legislador elencou os delitos
de perigo comum, caracterizados pela exposição ao perigo de um número indeterminado de pessoas,
ameaçadas não apenas no tocante à vida e à saúde, mas também na esfera patrimonial.3 (grifo nosso)
˃˃ Conduta: causar (provocar) incêndio, gerando situação de perigo efetivo (crime de perigo
concreto) a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem (número indeterminado de
pessoas), por meio de ação ou de omissão.
Ainda leciona Nélson Hungria:
O crime pode ser praticado tanto por ação quanto por omissão (ex.: deixar o agente, de propósito, pro-
pagar-se o fogo que ele mesmo provocara por acidente, quando podia tê-lo facilmente extinto).5
˃˃ Prova da materialidade: é imprescindível a prova pericial do delito de incêndio (Art. 173,
CPP)6, pois deixa vestígios materiais (crime não transeunte), não podendo ser suprida pela
confissão do acusado (Art. 158, CPP)7. Caso os vestígios tenham desaparecido, então poderá a
prova testemunhal supri-la (Art. 167, CPP)8.
˃˃ Consumação e tentativa: consuma-se no momento específico (crime instantâneo) em que
ocorre o fogo gerando o perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de terceiros. A tenta-
tiva é admissível (crime plurissubsistente).
Majorantes (§1º): as causas de aumento de pena possuem percentual fixo de 1/3 (um terço) e ocorrem,
ou porque o agente cometeu o crime pela motivação financeira (Art. 250, §1º, I, CP), ou porque praticou o
incêndio em locais de maior risco (Art. 250, §1º, II, CP). Tratando-se de um rol taxativo e, por isso, não se
comporta ampliação. Igualmente, tais majorantes não se aplicam à forma culposa.
Caso o incêndio seja provocado em mata ou em floresta, por força do princípio da especialidade,
será crime ambiental (Art. 41, Lei nº 9.605/98)9; ressalta-se, porém, que somente haverá o crime am-
biental se não gerar perigo comum, caso o incêndio seja provocado em mata ou em floresta gerando
perigo comum, será delito de incêndio majorado (Art. 250, §1º, II, “h”, CP), cuja pena é mais grave.
Majorantes decorrentes do resultado (Art. 258, CP): tanto na forma dolosa, quanto na culposa,
se do efetivo incêndio atingir a vida humana gerando lesão corporal (de natureza grave, se doloso;
ou de qualquer natureza, se culposo) ou morte, então haverá aumento de pena de acordo com o
quantum previsto no artigo em referência.
→→ Fique ligado!!
Ao delito de incêndio é aplicável o Art. 258 do CP, que prevê outras causas de aumento de pena nos
crimes de perigo comum2, quando for agravado pelo resultado, lesão corporal ou morte, exclusivamente,
preterdolosos (dolo + culpa); uma vez que, se o agente possuir a finalidade de crime mais grave, respon-
derá pelo que ele queria fazer.
˃˃ Por exemplo: imaginemos que “A”, com desejo de homicídio, tenha ateado fogo na casa de “B”, mas
este conseguiu sobreviver, sofrendo queimaduras de diversos graus pelo corpo, havendo a de 6º grau
em sua mão direita, que estava totalmente carbonizada. Nessa situação hipotética, o agente respon-
derá pelo crime hediondo (Art. 1º, caput, I, Lei nº 8.072/90) de homicídio tentado qualificado com
emprego de fogo (Art. 121, §2º, CP) — pena de 12 a 30 anos — com redução de pena entre 1/3 (um
terço) e 2/3 (dois terços) por ter ficado na esfera da tentativa (Art. 14, parágrafo único, CP), desde que
o incêndio não afete outras pessoas.
Formas qualificadas de crime de perigo comum
Art. 258, CP: Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena priva-
tiva de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do
fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao
homicídio culposo, aumentada de um terço. (grifo nosso)
5 HUNGRIA, N. Comentários ao Código Penal. 9. vol. Rio de Janeiro: Forense, 1958, p. 23.
6 Art. 173, CPP: No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver
resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à
elucidação do fato.
7 Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado.
8 Art. 167, CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.
9 Art. 41, Lei nº 9.605/1998: Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo
único – Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
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Caso o incêndio, com o intuito de homicídio (Art. 121, §2º, CP), também gere perigo concreto à
coletividade (perigo comum), então o agente responderá pelos dois delitos em concurso formal de
crimes.
Nesse sentido, Cunha (2016):
[…] cometido o incêndio com o propósito de danificar coisa alheia, é possível, se o alastramento do fogo
acaba por expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de indeterminadas pessoas, o
concurso formal de crimes.
De igual forma, caso alguém provoque incêndio para receber indenização ou valor de seguro, nada
impede o concurso formal entre o crime de perigo comum e o estelionato, observando-se, no entanto,
que, punido autonomamente o propósito de obter a vantagem, o incêndio não será majorado nos
moldes do §1º, inciso I, de forma a que se evite o ‘bis in idem’.10 (grifo nosso)
Classificações doutrinárias: comum (qualquer pessoa pode cometê-lo), vago (o sujeito passivo
é a coletividade), doloso, culposo, comissivo (regra), omissivo (exceção), de perigo concreto, de
perigo comum, unissubjetivo (de concurso eventual), instantâneo (consuma-se em momento
certo), admite a tentativa (plurissubsistente), nas formas dolosas é crime de alto potencial ofensivo
(pena mínima superior a 1 ano e pena máxima superior a 2 anos) e não admite a fiança em sede
policial (pena máxima superior a 4 anos)11.
→→ Conflito de normas:
1) Estatuto do Desarmamento: o incêndio (Art. 250, CP) não se confunde com o crime previsto no
Estatuto do Desarmamento (Art. 16, parágrafo único, III, Lei nº 10.826/03)12, uma vez que este
delito é de perigo abstrato (mera posse de artefato incendiário) o qual não exige a efetiva expo-
sição de perigo à vida, à integridade física ou ao patrimônio de terceiros, enquanto que aquele
(incêndio) é de perigo concreto.
2) Crime Ambiental: se o incêndio for provocado em mata ou floresta, então incorrerá no Art. 41 da Lei
dos Crimes Ambientais – LCA (Lei nº 9.605/98), desde que não gere perigo à coletividade, do contrá-
rio (gerar perigo comum) será crime de incêndio majorado, que possui pena mais grave.
3) Crime Contra a Segurança Nacional: se houver incêndio por inconformismo político ou para
obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subver-
sivas, então incorrerá em crime contra a segurança nacional (Art. 20, Lei nº 7.170/83)13.
10 CUNHA, R. S. Manual de Direito Penal: Parte Especial. 8. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 562.
11 Art. 322, caput, CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
12 Art. 16, Parágrafo único, III, Lei nº 10.826/03: possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
13 Art. 20, Lei nº 7.170/1983: Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar,
provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destina-
dos à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena – reclusão, de 3 a 10 anos. Parágrafo único – Se do fato
resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.
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4) Crime Militar: caso o incêndio seja em local sujeito à administração militar, com perigo concreto à
vida, à integridade ou ao patrimônio de outrem, então haverá crime militar (Art. 268, CPM)14.
Explosão (Art. 251, CP)
Art. 251, CP: Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão,
arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa.
§1º. Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§2º. As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no §1º, nº I, do artigo
anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade culposa
§3º. No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção,
de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano.
˃˃ Objetividade jurídica: incolumidade pública.
˃˃ Sujeito ativo: comum (qualquer pessoa pode cometer) e unissubjetivo (de concurso eventual
de agentes).
˃˃ Sujeito passivo: imediatamente é a coletividade (crime vago); e mediatamente, as vítimas pro-
priamente ditas do delito (vida das pessoas ou proprietárias dos patrimônios).
˃˃ Objeto material: dinamite — material explosivo à base de nitroglicerina, misturada a uma
substância inerte —15 ou outro material semelhante à dinamite.
São exemplos de substâncias análogas à dinamite, segundo Nélson Hungria:
Há grande variedade de substâncias explosivas com efeitos idênticos ao da dinamite: os derivados da
nitrobenzina (belite), do nitrotolueno (trotil ou tolite), do nitrocresol (cresilite), da nitronaftalina (sch-
neiderite), a chedite, a sedutite, a ruturite, a grisulite, a melinite, as gelatinas explosivas, os explosivos
TNT, os explosivos à base de ar líquido, etc.16
Não sendo esses casos, os demais explosivos se adequam à forma privilegiada (Art. 251, §1º, CP).
»» Granada de gás lacrimogênio/pimenta: não possui potencialidade lesiva à destruição,
assim, o objeto material é impróprio, tanto para o crime de explosão, quanto para a posse de
artefato explosivo (Art. 16, parágrafo único, III, Lei nº 10.826/03), mas poderá incorrer em
outro delito. Consoante a jurisprudência do STJ:
• Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que pode se decompor
rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é denominado de explosão e é
acompanhado por uma intensa liberação de energia, que pode ser feita sob diversas formas
e gera uma considerável destruição decorrente da liberação dessa energia.
• Não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete
e nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não pos-
suindo, portanto, considerável potencial de destruição.
14 Art. 268, CPM: Causar incêndio em lugar sujeito à administração militar, expondo a perigo a vida, a integridade física ou
o patrimônio de outrem: Pena – reclusão, de três a oito anos. §1º. A pena é agravada: I – se o crime é cometido com intuito de obter
vantagem pecuniária para si ou para outrem; II – se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público
ou qualquer construção destinada a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; c) em navio, aeronave, comboio ou
veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária, rodoviária, aeródromo ou construção portuária; e) em estaleiro, fábrica
ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; g) em poço petrolífero ou galeria de mineração; h) em lavoura,
pastagem, mata ou floresta. §2º. Se culposo o incêndio: Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
15 DINAMITE. In: DICIONÁRIO online Caldas Aulete. Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital Ltda, 2008. Disponível em:
<http://www.aulete.com.br/dinamite>. Acesso em: 14 jan. 2018.
16 HUNGRIA, N. Comentários ao Código Penal. 9. vol. Rio de Janeiro: Forense, 1958, p. 36.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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• Para a adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual
seja, o artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser tipifica-
do neste crime a posse de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo
eventual tipificação em outro crime.17
»» Explosão: violento arrebentamento ou expansão, normalmente causado por detonação ou
deflagração de um explosivo, ou, ainda, pela súbita liberação de pressão de um corpo com
acúmulo de gases.18
»» Explosivo: tipo de matéria que, quando iniciada, sofre decomposição muito rápida em
produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão.19
»» Engenho: o engenho a que se refere o texto legal é a bomba, aparelho, máquina infernal ou
qualquer artefato formado ou combinado com substância explosiva. É irrelevante o modo pelo
qual possa produzir-se a explosão: se por combinação química, percussão ou acendimento.20
»» Trem explosivo: nome dado ao arranjamento dos engenhos energéticos, cujas características
de sensibilidade e potência determinam a sua disposição de maneira crescente com relação à
potência e decrescente com relação à sensibilidade.21
˃˃ Conduta: explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância
de efeitos análogos, gerando situação de perigo efetivo (crime de perigo concreto) à vida, à inte-
gridade física ou ao patrimônio de outrem (número indeterminado de pessoas).
˃˃ Prova da materialidade: é imprescindível a prova pericial do delito de explosão, pois deixa
vestígios materiais (crime não transeunte), não podendo ser suprida pela confissão do acusado
(Art. 158, CPP)22. Caso os vestígios tenham desaparecido, então poderá a prova testemunhal
supri-la (Art. 167, CPP)23. Do mesmo modo, haverá necessidade de exame pericial para se verifi-
car a natureza e eficiência dos instrumentos utilizados no crime (Art. 175, CPP)24, uma vez que
o delito em tela poderá ser privilegiado a depender do objeto material (Art. 251, §1º, CP).
˃˃ Consumação e tentativa: consuma-se no momento específico (crime instantâneo) em que
ocorre a explosão, o arremesso ou a simples colocação de engenho de dinamite ou de substância
de efeitos análogos, gerando o perigo à vida, à integridade física ou ao patrimônio de terceiros.
Ainda que seja difícil, a tentativa é possível (crime plurissubsistente).
˃˃ Forma privilegiada (§1º): se o explosivo não for dinamite ou outro material semelhante à
dinamite, então a pena abstrata será diminuída nos limites mínimo e máximo: reclusão, de 1
(um) a 4 (quatro) anos, e multa. Ressalta-se que é imprescindível o exame pericial para deter-
minar se a substância não era análoga à dinamite. Na forma privilegiada, é de crime de médio
potencial ofensivo (pena mínima de até um ano), em que se admite sursis processual — sus-
pensão condicional do processo (Art. 89, Lei nº 9.099/95). Na forma privilegiada, também se
admite fiança em sede policial (Art. 322, CPP).
˃˃ Majorantes (§2º): aplicam-se as mesmas causas de aumento de pena do incêndio (Art. 250, §1º,
CP), as quais possuem percentual fixo de 1/3 (um terço) e ocorrem, ou porque o agente cometeu
o crime pela motivação financeira (Art. 250, §1º, I, CP), ou porque praticou a explosão em locais
de maior risco (Art. 250, §1º, II, CP). Trata-se de um rol taxativo e, por isso, não comporta am-
pliação. Igualmente, tais majorantes não se aplicam à forma culposa.
17 STJ, REsp 1.627.028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017, 6ª Turma, DJe 03/03/2017.
18 Art. 3º, L, do Regulamento R-105, do Exército Brasileiro (Decreto Presidencial nº 3.665/2000).
19 Art. 3º, LI, do Regulamento R-105, do Exército Brasileiro (Decreto Presidencial nº 3.665/2000).
20 HUNGRIA, N. Comentários ao Código Penal. 9. vol. Rio de Janeiro: Forense, 1958, p. 37.
21 Art. 3º, LXXVII, do Regulamento R-105, do Exército Brasileiro (Decreto Presidencial nº 3.665/2000).
22 Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado.
23 Art. 167, CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.
24 Art. 175, CPP: Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a
natureza e a eficiência.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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˃˃ Majorantes decorrentes do resultado (Art. 258, CP): aplicam-se as mesmas hipóteses já co-
mentadas, no delito de incêndio.
Caso a explosão, com intuito de homicídio (Art. 121, §2º, CP), também gere perigo concreto à
coletividade (perigo comum), então o agente responderá pelos dois delitos em concurso formal de
crimes.
˃˃ Classificações doutrinárias: comum (qualquer pessoa pode cometê-lo), vago (o sujeito passivo é a
coletividade), doloso, culposo, comissivo (regra), omissivo (exceção), de perigo concreto, de perigo
comum, unissubjetivo (de concurso eventual), instantâneo (consuma-se em momento certo),
admite a tentativa (plurissubsistente), nas formas simples (Art. 251, caput, CP) e majoradas (Art.
251, §2º, CP) é de alto potencial ofensivo (pena mínima superior a 1 ano e pena máxima superior a 2
anos) e não admite a fiança em sede policial (pena máxima superior a 4 anos).25
→→ Conflito de normas:
1) Estatuto do Desarmamento: a explosão (Art. 251, CP) não se confunde com o crime previsto no
Art. 16, parágrafo único, III, Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)26, uma vez que este
delito é de perigo abstrato (mera posse de artefato explosivo), o qual não exige a efetiva exposi-
ção de perigo à vida, à integridade física ou ao patrimônio de outrem, enquanto aquele (explosão)
é de perigo concreto.
2) Crime Ambiental: se o agente utilizar explosivos na pesca, então incorrerá no Art. 35 da Lei dos
Crimes Ambientais – LCA (Lei nº 9.605/98)27, desde que não gere perigo à coletividade, do contrário
(gerar perigo comum) haverá crime de explosão, que possui pena mais grave, por exemplo, a explosão
para pesca de peixes com exposição de perigo à embarcação próxima ocupada por terceiros.28
3) Contravenção Penal: em se tratando de fogos de artifício ou sem perigo comum, por exemplo,
explosão em local deserto e inóspito, não há que se falar em crime de explosão, senão de defla-
gração perigosa de fogos de artifício (Art. 28, parágrafo único, LCP).
CRIME. EXPLOSÃO. FOGOS. ARTIFÍCIO. O crime de explosão (de perigo comum), tal como descrito
no art. 251 do CP, exige, como circunstância elementar, a comprovação de que a conduta perpetrada
causou efetivamente afronta às vidas e integridade física das pessoas, ou mesmo concreto dano ao pa-
trimônio de outrem. Daí que o arremesso de fogos de artifício em local ocasionalmente desabitado (no
caso, a bilheteria de um cinema), que sequer causou danos ao ambiente, não pode denotar o crime de
explosão. Poderia, no máximo, mostrar-se como a contravenção penal do art. 28, parágrafo único, do
DL n. 3.688/1941, […].29
25 Art. 322, caput, CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
26 Art. 16, Parágrafo único, III, Lei nº 10.826/03: possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
27 Art. 35, Lei nº 9.605/1998: Pescar mediante a utilização de: I – explosivos ou substâncias que, em contato com a água,
produzam efeito semelhante; II – substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente. Pena – reclusão de um ano
a cinco anos.
28 Pratica o delito do art. 251, do CP, quem explode bombas para abater peixes, perto de outras embarcações ocupadas por ter-
ceiros. (TRF, AC 8016, Min. Rel. William Paterson, JTFR, Lex 77/137).
29 STJ, Informativo nº 383 (HC 104.952/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/2/2009, 6ª Turma, DJe
02/03/2009).
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