De acordo com o art. 225, § 3º, da Constituição Federal, as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Assim, de acordo com o art. 3º da Lei n. 9.605/98, as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto na referida lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
9.2. Teoria da dupla imputação
Ocorre quando, para a punição da pessoa jurídica por um crime ambiental, se condiciona também a punição da pessoa física responsável pela conduta delituosa. O STF afastou a necessidade de dupla imputação.
9.3. Penas restritivas de direitos (art. 8º)
São as seguintes: I – prestação de serviços à comunidade; II – interdição temporária de direitos; III – suspensão parcial ou total de atividades; IV – prestação pecuniária; V – recolhimento domiciliar.
9.4. Atenuantes (art. 14)
As atenuantes são: I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II – arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III – comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV – colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.
9.5. Penas aplicáveis às pessoas jurídicas (art. 21)
São as seguintes: I – multa; II – restritivas de direitos; III – prestação de serviços à comunidade.
9.6. Ação penal (art. 26)
Nas infrações penais previstas na Lei n. 9.605/98, a ação penal é pública incondicionada.
9.7. Transação penal (art. 27)
Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo (pena máxima não superior a 2 anos), a transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/95) somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
9.8. Suspensão condicional do processo (art. 28)
As disposições do art. 89 da Lei n. 9.099/95 aplicam-se aos crimes ambientais com algumas modificações, ficando a declaração de extinção da punibilidade condicionada a um laudo de constatação de reparação do dano ambiental. 9.9. Princípio da insignificância É possível a sua incidência nos crimes ambientais quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado (equilíbrio ecológico que faz possíveis as condições de vida no planeta).
9.10. Crimes ambientais em espécie
I. Crimes contra a fauna (arts. 29 a 37) a) a Súmula 91 do STJ (“Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”) foi cancelada; b) o delito de caça proibida está no art. 29; c) o crime de maus-tratos a animais está no art. 32. A Lei 14.064, de 29/09/2020, incluiu o seguinte § 1º-A: “Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda”; d) o delito de pesca proibida está no art. 34; e) o art. 36 define “pesca”; f) o art. 37 traz causas especiais de exclusão da ilicitude, afirmando, por exemplo, não ser crime o abate de animal quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família (inciso I).
II. Crimes contra a flora (arts. 38 a 53)
a) pune-se a conduta de destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente (art. 38), inclusive na forma culposa; b) é crime causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação (art. 40), que são as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre; c) pune-se a conduta de soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano (art. 42).
III. Crimes de poluição (arts. 54 a 61)
a) pune-se a conduta de causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora (art. 54), inclusive na forma culposa; b) quando o delito é doloso, as penas são aumentadas: I – de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; II – de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem; III – até o dobro, se resultar a morte de outrem (art. 58); c) as majorantes previstas no item anterior somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.
IV. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural
(arts. 62 a 65) a) pune-se a conduta de pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano (art. 65); b) não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional (art. 65, § 2º).
V. Crimes contra a Administração Ambiental (arts. 66 a 69-A)
a) fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental constitui crime com pena reclusiva de 1 a 3 anos e multa; b) pune-se a conduta de obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais (art. 69); c) é crime elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão (art. 69-A).