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869/2019
Lei de Abuso de Autoridade.
Grupo:
Hugo José De Paula Maranhão, Lucicleide
Vieira Barbosa Da Silva, Renata Da Rosa
Marques, Romulo Luiz Ferreira Gomes
I. INTRODUÇÃO
II. SUJEITOS DO CRIME
Sujeito Ativo
Quem pode cometer crime de abuso de autoridade?
Conceito de Agente público
Sujeito Passivo
Quem são as vitimas do crime de abuso de autoridade?
IMPORTANTE
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal
pública incondicionada.
Em caso de inércia, a vítima poderá
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não ajuizar ação privada subsidiária no
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público prazo de 6 meses, que será contado
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, da data em que o prazo do Ministério
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos Público se esgotou.
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.
Isso não impede, contudo, a
atuação superveniente do Ministério
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6
Público, que poderá intervir em
(seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo todos os termos do processo.
para oferecimento da denúncia.
V. Vedação ao Crime de Hermenêutica
É importante destacar, que foi vedado o parágrafo segundo do
artigo 1º da Lei 13.869/2019, denominado como “crime de
hermenêutica”. Ocorre quando o operador do Direito (agente público)
é responsabilizado criminalmente pelo simples fato de sua intepretação
ter sido considerada errada pelo Tribunal.
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente
público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de Crime de Hermenêutica
exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
E para nós advogados, o que pode mudar? Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 7º-B: (Promulgação partes vetadas)
Para os advogados, a nova LAA visa diminuir a iniciativa de ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado
magistrados, procuradores e policiais que cometem acusações em previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
excesso, sem justificativas plausíveis. Determina, por exemplo, que é
crime interceptar chamadas telefônicas, inserir escutas em escritórios Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’”
ou quebrar segredo de Justiça para prejudicar investigados, com penas
que podem chegar de dois a quatro anos de reclusão. Mais adiante
vermos que os agentes condenados pelos crimes de abuso de
autoridade podem cumprir outros tipos de penas em vez da prisão,
como a prestação de serviços à comunidade ou suspensão do
exercício da função temporariamente.
24 - Constranger um preso a se exibir para a curiosidade pública;
25 - Constranger um preso a se submeter a situação vexatória;
VI. Crimes e Penas 26 - Constranger o preso a produzir provas contra si ou contra outros;
27 - Constranger a depor a pessoa que tem dever funcional de sigilo;
28 - Insistir em interrogatório de quem optou por se manter calado;
29 - Insistir em interrogatório de quem exigiu a presença de um advogado, enquanto
Em seu Capítulo VI – Dos Crimes e das Penas, que vai do art. 9º ao 38º, não houver advogado presente;
estipulou os seguintes tipos penais: 30 - Impedir ou retardar um pleito do preso à autoridade judiciária;
31 - Manter presos de diferentes sexos na mesma cela;
1 - Não comunicar prisão em flagrante ou temporária ao juiz; 32 - Manter criança/adolescente em cela com maiores de idade;
2 - Não comunicar prisão à família do preso; 33 - Entrar ou permanecer em imóvel sem autorização judicial (exceções: flagrante e
3 - Não entregar ao preso, em 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa; socorro);
4 - Prolongar prisão sem motivo, não executando o alvará de soltura ou 34 - Coagir alguém a franquear acesso a um imóvel;
desrespeitando o prazo legal; 35 - Cumprir mandado de busca e apreensão entre 21h e 5h;
5 - Não se identificar como policial durante uma captura; 36 - Forjar flagrante;
6 - Não se identificar como policial durante um interrogatório; 37 - Alterar cena de ocorrência;
7 - Interrogar à noite (exceções: flagrante ou consentimento); 38 - Eximir-se de responsabilidade por excesso cometido em investigação;
8 - Impedir encontro do preso com seu advogado; 39- Constranger um hospital a admitir uma pessoa já morta para alterar a hora ou o
9 - Impedir que preso, réu ou investigado tenha seu advogado presente durante uma local do crime;
audiência e se comunique com ele; 40- Obter prova por meio ilícito;
10 - Instaurar investigação de ação penal ou administrativa sem indício (exceção: 41 - Deixar de substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
investigação preliminar sumária devidamente justificada); conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
11 - Prestar informação falsa sobre investigação para prejudicar o investigado; 42 - Usar prova mesmo tendo conhecimento de sua ilicitude;
12 - Procrastinar investigação ou procedimento de investigação; 43 - Divulgar material gravado que não tenha relação com a investigação que o
13 - Negar ao investigado acesso a documentos relativos a etapas vencidas da produziu, expondo a intimidade e/ou ferindo a honra do investigado;
investigação; 44 - Iniciar investigação contra pessoa sabidamente inocente;
14 - Exigir informação ou cumprimento de obrigação formal sem amparo legal; 45 - Bloquear bens além do necessário para pagar dívidas.
15 - Usar cargo para se eximir de obrigação ou obter vantagem;
16 - Pedir vista de processo judicial para retardar o seu andamento;
17 - Atribuir culpa publicamente antes de formalizar uma acusação;
18 - Decretar prisão fora das hipóteses legais;
19 - Não relaxar prisão ilegal; Todos os crimes previstos na nova lei
20 - Não substituir prisão preventiva por outra medida cautelar, quando couber; são de ação penal pública incondicionada.
21 - Não conceder liberdade provisória, quando couber;
22 - Não deferir habeas corpus cabível;
23 - Decretar a condução coercitiva sem intimação prévia;
VI. Crimes e Penas IMPORTANTE
DECRETAR PRISÃO FORA DAS HIPÓTESES LEGAIS É importante lembrar que além de ser vedado a decretação de prisão se
não baseado em algum tipo penal existente em nosso ordenamento jurídico,
Art. 9.ºDecretar medida de privação da liberdade em manifesta os incisos deste Art. 9º também colocam como conduta típica a omissão do
desconformidade com as hipóteses legais: Pena – detenção, de 1 (um) agente público em não proceder com medidas que relaxem a prisão, altere
a 4 (quatro) anos, e multa. o regime carcerário, substitua o cárcere por alguma pena alternativa cabível
no presente caso ou não conceda Habeas Corpus quando manifestamente
Parágrafo único: Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, cabível.
dentro de prazo razoável, deixar de: I- relaxar a prisão manifestamente
ilegal II- substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de Tal ênfase nessas omissões são importantes pois caso existisse apenas o
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível III – deferir Caput do referido Art. 9º, a autoridade competente para processar o
liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível presente caso poderia se beneficiar da falta de amplitude do texto legal e
acreditar que não é necessário proceder com as medidas legais, que
Além de ser o primeiro crime elencado no capítulo VII da Lei de Abuso de buscam beneficiar o preso após certo tempo cumprindo a pena de
Autoridade, configura-se como crucial pois demais condutas típicas deste lei encarceramento ou do acusado que tenha todas as condições de ser
só podem ocorrer após uma prisão. liberado da prisão por conta de uma Habeas Corpus cabível ao presente
caso.
o descumprimento de tal preceito é uma ofensa grave a direitos básicos
estabelecidos na Constituição Federal, especificamente o abordado no Art. A premissa supracitada é bastante importante pois um dos maiores
5.º, LXI, e no Código de Processo Penal, Art. 283, Caput, uma vez que problemas do nosso judiciário e do sistema carcerário são as situações de
ambas, de uma forma geral consideram como direito fundamental e assim presos que possuem condições de uma progressão de regime ou de uma
buscam defender a liberdade de ir e vir e a autonomia da vontade. pena alternativa no lugar do cárcere e não têm acesso a estas devido a
Isto faz com que os dois dispositivos citados, de uma maneira geral, vedem morosidade dos julgadores e uma certa falta de interesse também É
a prisão de qualquer indivíduo se não em flagrante delito ou após ordem importante lembrar que apesar de elogiado, o referido Artigo também
expressa da autoridade competente (especificamente: após sentença possuem falhas e a principal dele consiste na falta de especificação do que
condenatória transitada em julgado ou por meio dos institutos da prisão seria considerado um tempo razoável. Tal falta de clareza faz com que um
cautelar e prisão preventiva em situações que a manutenção daquele tempo razoável seja diferente na ótica de cada agente público trazendo uma
acusado em liberdade seja prejudicial para a sociedade e também para o certa insegurança jurídica e diminuindo a eficácia do dispositivo legal em
julgamento do crime. questão.
VI. Crimes e Penas
CONSTRANGER UM PRESO A SE EXIBIR PARA A CURIOSIDADE PÚBLICA
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma Vale salientar que há uma distância essencial na Lei 8069/90 e a Lei de
cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em Abuso de Autoridade, por a última somente prever a não possibilidade
ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de de mistura entre menores e maiores de idade num ambiente carcerário.
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
O sujeito passivo será sempre o menor, e há uma ampliação no
Conforme a doutrina de Bitencourt, a implicação de menores em um entendimento da palavra "preso", sendo impossível reconhecer que a
ambiente inadequado seria um elemento normativo do tipo, constituído lei disse menos que pretendia, se estendendo, inclusive, em casos de
em um rol taxativo no texto legal do ECA, Conforme diz Bitencourt: hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, com exceção do caso de
tratamento médico (como se refere na Lei 10216/01).
“São aqueles para cuja compreensão é insuficiente desenvolver uma
atividade meramente cognitiva, devendo-se realizar uma atividade valorativa. São
circunstâncias que não se limitam a descrever o natural, mas implicam um juízo de É importante, também, consolidar que este artigo só estabelece sua
valor. São exemplos característicos de elementos normativos expressões tais forma na modalidade dolosa, podendo ser, também, um crime
como ‘indevidamente’ (arts. 151, §1º, II; 162; 192, I; 316; 317, 319 etc.), ‘sem justa omissivo, a partir do dever jurídico de agir do agente público a partir do
causa’ (arts. 153; 154; 244; 46; 248) ‘sem permissão legal’ (art. 292); ‘sem licença Art. 13 do CP.
da autoridade competente’ (arts. 166 e 253); ‘fraudulentamente’ (art. 177, caput);
‘sem autorização’ (arts. 189; 193; 281 e 282); ‘documento’ (arts. 297; 298 e 299);
‘funcionário público’ (arts. 312; 331 e 333); ‘decoro’ (art. 140); ‘coisa alheia’ (arts.
A consumação do crime se da com a colocação desta pessoa nas
155; 157) etc.” penitenciárias, e, ainda, como crime plurissubsistente, pode ser
praticado na forma de tentativa.
VI. Crimes e Penas
DIVULGAR MATERIAL GRAVADO QUE NÃO TENHA RELAÇÃO COM A INVESTIGAÇÃO
QUE O PRODUZIU, EXPONDO A INTIMIDADE E/OU FERINDO A HONRA DO INVESTIGADO.
Tema muito importante no entendimento deste tipo penal, seria, uma Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de
forte crítica por parte da imprensa que considera tal tipo penal, comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
afastador da possibilidade de liberdade de imprensa, que, de fato, pode concluídas as apurações e formalizada a acusação:
ser considerado a partir de determinado viés lesada por este tipo, pelo Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa
entendimento de parte minoritária da doutrina, porém, a maior parte
entende somente que uma liberdade ilimitada afastaria a autonomia Renato Brasileiro ressalta a suma importância deste artigo, pois, assim
judicial, traria um caráter social muito forte aos julgamentos e, ainda, como a conduta típica de informações falsas relacionadas ao
há a implicação do Ministério Público do Rio Grande do Sul para que julgamento do feito, este artigo busca recorrer uma gravosa
seus membros facilitem o trabalho da imprensa. caracterisitca de nossa sociedade que é de condenar antes de ser
prolatada a sentença penal condenatória transitada em julgado.
VI. Crimes e Penas
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito:
Outro ponto importante a ser levantado é que o juiz criminal pode Diferencia bastante das exigências da regra geral no art. 92, I, CP,
estabelecer o valor mínimo, não obstando a vítima a levar a matéria pois basta que haja reincidência. A perda, diferente da inabilitação ao
ao juízo civil para debater mais amplamente o tema e conseguir um exercício do cargo , é permanente. Agente não só perde as funções,
valor mais elevado. No entanto, se houve uma instrução ampla a mas se torna incapacitado para exercício de outro cargo, função ou
respeito da indenização, o valor fixado no juízo criminal será o valor mandato. Somente por uma reabilitação criminal – art. 93 a 95, CP -
justo e gerará coisa julgada para a seara cível. poderá readquirir capacidade de ocupar, desde que por meio de uma
nova investidura, sendo vedado o restabelecimento da situação
Obrigação de reparar o dano causado pelo seu delito anterior.
II – o réu não for reincidente em crime doloso; II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo
de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
IMPORTANTE
Tais penas provocam a supressão ou a diminuição de um ou mais
direitos do condenado! Além disso, as penas restritivas de direito
possuem como característica: Art. 5º (...) Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas
autônoma ou cumulativamente.
• Autonomia - elas não são penas acessórias, de modo que não podem ser
aplicadas de forma cumulada com a pena privativa de liberdade. Neste caso, o juiz poderá aplicar apenas uma delas (o agente permanece no
cargo, mas prestará serviços à comunidade, por exemplo). Como também
• Substitutividade – preenchidos alguns requisitos, as penas restritivas de poderá suspender o exercício do cargo ao mesmo tempo em que determina
direito substituem as penas privativas de liberdade. que o sujeito preste serviços à comunidade ou a alguma entidade pública!
IX. Resp. penal, civil e administrativa
As penas da Lei de Abuso admitem a possibilidade de aplicação de
três espécies de sanções àquele que comete crime de abuso de
autoridade; Administrativa, Civil e as Penais serão aplicadas
independentemente da aplicação das sanções de natureza cível
ou administrativa, visto que as instâncias civil, penal e
administrativa são independentes entre si.
IMPORTANTE
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas
independentemente das sanções de natureza civil ou
administrativa cabíveis.
Existem algumas exceções - Caso o juízo criminal decida sobre a
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que existência ou a autoria do fato, tais questões não poderão ser
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade discutidas nas esferas civil e administrativa.
competente com vistas à apuração.
No caso, se o agente público conseguir provar a sua inocência no processo
criminal, as instâncias cível e administrativa não poderão responsabilizá-lo tendo
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são como fundamento a sua autoria!
independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre
a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido Faz coisa julgada em âmbito cível, bem como no administrativo-
decididas no juízo criminal. disciplinar, a sentença penal que reconhecer que o ato foi praticado
sob: Estado de necessidade, Legítima defesa, Estrito cumprimento do
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no dever legal, Exercício regular de direito.
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
BRANCO, Emerson Castelo; CAVALCANTE, André Clark Nunes; PINHEIRO, Igor Pereira. Nova
Lei de abuso de autoridade comentada artigo por artigo. Leme, SP: JH Mizuno, 2020
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Lei de abuso de autoridade, partes 1, 2 e 3.
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/leide-abuso-de-
autoridade-parte-1; html;https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/lei-deabuso-de-autoridade-